3 minute read

Produtores de castanha admitem quebra de produção na região da Padrela

Chuva ajudou a recuperar castanheiros, no concelho de Valpaços

Os produtores de castanha da região da Padrela, inserida na serra que lhe dá o nome, no concelho de Valpaços, viveram dias difíceis este verão, que lhes trouxe grandes preocupações.

Advertisement

10 toneladas de castanha. “Eu costumo dizer que o castanheiro já tem os problemas todos. É a vespa das galhas do castanheiro, são a doenças da tinta e do cancro, a septoriose quando as condições cli“O verão extremamente quente não ajudou. A fase da floração foi favorável, mas a polinização não vingou muito bem. Ou seja, temos muitos castanheiros com ouriços que não têm frutos e isso vai levar a uma quebra de produção”, afirmou o agricultor, que falava à margem de uma feira agrícola, inserida na iniciativa “Judia com Futuro II”, que decorreu na aldeia de Rio Bom. No entanto, os ouriços que têm castanha “foram beneficiados” com as chuvas dos últimos dias, que “vão ajudar no crescimento do fruto”, o qual “vai ter a qualidade de sempre”. Também Lino Sampaio, da associação Agrifuturo, promotora do evento “Judia Com Futuro”, destacou as chuvas que caíram recentemente que espera que ajudem a recuperar a cultura. “São Pedro conseguiu ser nosso amigo e presenteou-os com alguma humidade”, frisou. Por causa da seca e do calor intenso, alguns ouriços não se desenvolveram, pelo que a região terá “menos castanha garantidamente”, no entanto, o responsável acredita que “este será um ano muito interessante relativamente às castanhas”. “Eu estou convencido que os ouriços que vingaram vão compensar. Como há menos ouriços, os calibres vão ser maiores. Penso que vamos ter uma queda em quantidade, mas vamos ter a compensação em qualidade”, acrescentou Dinis Pereira, produtor e proprietário da Agromontenegro, uma unidade de transformação, embalagem e comercialização de castanha. A pouco mais de um mês do arranque da apanha da castanha, os produtores não arriscam adiantar números relativamente à produção de 2022 na serra da Padrela, onde se situa a maior mancha de castanha judia da Europa, o fruto que é a principal fonte de rendimento para muitas famílias. No ano passado, Ercílio Meireles colheu máticas são favoráveis para o fungo desenvolver. Tem uma série de problemas”, apontou o produtor. A falta de mão-de-obra é um outro problema que se tem intensificado de ano para ano, tornando-se em mais uma “praga” a afetar o souto, pelo que, cada vez mais, os produtores olham para a solução da mecanização. “Eu considero que a apanha das castanhas acaba por ser também uma praga na cultura e isto porque nós temos uma janela de 15 dias a um mês para poder fazer a colheita da castanha e, sem gente, não conseguimos”, afirmou Lino Sampaio. Na feira agrícola mostraram-se soluções para o setor: máquinas de recolha de castanha, acopladas em tratores ou autónomas, e ainda pulverizadores mecânicos, com ventilador redondo ou com canhão, sendo este usado para atingir a copa das árvores com maior dimensão. “Temos uma novidade de uma máquina com ‘kit’ gerador de ozono. É uma máquina que cria ozono, que é misturado na água, para fazer tratamentos naturais às plantas, para não usar produtos químicos. É preventivo e não curativo para qualquer árvore, planta, para regas”, afirmou Francisco Patrício, proprietário da Stagric, fabricante de equipamentos agrícolas. O empresário exemplificou com o caso de um agricultor, na zona de Torres Vedras, que em “três hectares de vinha poupou quatro mil euros de produto químico”. Nesta época de castanha, a Agrifuturo vai “espalhar castanha pelo país”, ou seja, vai colocar cinco carrinhos, assadores de rua, nas zonas de Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve, para a promoção da variedade Judia.

This article is from: