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A Feira de São Mateus é “uma marca distintiva” na região e do país

Pedro Alves, presidente da Viseu Marca, em entrevista à Gazeta Rural

A edição 2022 da Feira de São Mateus foi a maior de sempre. Registou o maior número de entradas, fixando-se em 1.271.848, houve um aumento de 40% no volume total de vendas, sendo que 25% da faturação de bilheteira foi realizada online e com vendas efetuadas em mais de dez países da Europa e da América do Sul.

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O presidente da Viseu Marca faz um balanço “bastante positivo” do certame, que teve um cartaz atrativo e foi uma boa oportunidade de negócio. Em entrevista à Gazeta Rural, Pedro Alves admitiu a realização de feira agrícola, se os agentes económicos do setor estiverem dispostos a tal, admitindo que “é um desafio que agrada e que tem um potencial extraordinário”.

Gazeta Rural (GR): A edição deste ano da Feira de S. Mateus foi diferente, com 49 dias. Que balanço faz?

Pedro Alves (PA): Faço um balanço muito positivo, sobretudo porque foi o regresso da feira à normalidade, onde a expectativa das pessoas se reencontrarem era muito elevava, o que só por si já é bastante positivo. Depois, relativamente a indicadores e números que temos da feira deste ano, também estamos muito satisfeitos, pois venderam-se mais bilhetes que em qualquer outra edição anterior e tivemos uma afluência superior a um milhão e duzentas mil pessoas, o que, em termos de indicador de consumo, nos satisfaz, o que quer dizer também que foi uma boa oportunidade de negócio, pois as pessoas vieram para se divertir e fizeram as suas compras. Percebemos que o cartaz foi de encontro às expetativas de quem nos visitou.

Por outro lado, nesta edição, quisemos também acoplar-lhe uma componente desportiva forte, o que também é um sucesso, pois to-

dos os eventos que fizemos nas manhãs de domingo tiveram uma boa adesão, envolvendo diversas associações de modalidades. Além disso, tivemos grandes eventos desportivos, com os torneios de Andebol e Futsal feminino, a meia maratona, que regressou à feira organizada por clubes de Viseu e que foi um grande sucesso. Na vertente desportiva coroamos com ouro a Feira de S. Mateus com o regresso do desporto motorizado, com a realização da nona edição do ‘Constálica Vouzela-Viseu Rali, mas sobretudo porque permitiu perceber que o concelho de Viseu estava ansioso por ver novamente uma prova automobilística de competição, que foi um grande sucesso.

“A realização de feira agrícola é um desafio que agrada, porque tem um potencial extraordinário”

GR: Nos últimos anos falou-se muito da Feira e da sua GR: Há uns anos falou-se na possibilidade de Viseu, e importância, em termos económicos, para Viseu? da Viseu Marca, ter uma grande feira virada para o setor

PA: Conseguimos projetar, em termos económicos, al- primário. Em 2007, o atual presidente da Câmara, Dr. Ferguns indicadores, que são recolhidos através do Instituto nando Ruas, admitiu a possibilidade da sua realização. Nacional de Estatística e do Turismo, ao nível da ocupação Está nos vossos horizontes essa realização? hoteleira durante este mês, e os dados indicam um aumen- PA: O setor primário é muito importante para o distrito de to em relação a 2019. Para termos uma noção, a equipa da Viseu e para a nossa região. Mais do que nós termos esta RTP que veio fazer o “Aqui Portugal” no último fim de sema- iniciativa, é preciso perceber se os agentes económicos na da Feira teve de ficar alojada em Fornos de Algodres, pois que vivem do setor primário querem participar neste denão havia disponibilidade hoteleira mais perto. Isto mostra safio. Nós não a podemos impor, se não houver vontade a dinâmica que a feira traz à região, o que quer dizer que, do de quem é agente do setor. próprio ponto de vista económico, é efetivamente uma ân- Não tivemos ainda nenhuma iniciativa de ouvir os cora regional. agentes do setor nesse sentido. Agora, um distrito que

Este ano não fizemos nenhum estudo a este nível, pois tem três regiões demarcadas de vinho, que é um granchegámos tarde e não houve tempo para nos prepararmos de produtor de fruta, nomeadamente de maçã, que tem de outra maneira. O importante era que a feira acontecesse na cereja e na castanha produtos de excelência, que no tempo certo, o que veio a acontecer e correu bem. Temos, tem na floresta um grande ativo económico, que tem contudo, a consciência do impacto económico que a feira no turismo de natureza, e que também está ligada ao tem. Em termos diretos, no último estudo que temos dispo- setor primário, um potencial extraordinário tem todas nível, de 2018, feito pelo Instituto Politécnico de Viseu, era de as condições para podermos aproveitar tudo o que se 55 milhões de euros na Feira e indiretamente de 82 milhões. desenvolve no nosso território. Não tenho dúvidas que a Feira de S. Mateus deste ano gerou, no Costumo dizer que temos de saber retirar valor do mínimo, mais 20% de mais valias, o que é um impacto extraor- território, porque ele não sai daqui. A maçã de altitudinário. de, a maçã Bravo de Esmolfe, a castanha Soutos da Lapa, a cereja, os vinhos de excelência, que temos

GR: A Feira de S. Mateus foi um exemplo de que as pessoas nas diferentes regiões, são do nosso território e não estavam ávidas de um regresso à normalidade? se produzem noutros locais. Por isso temos de sa-

PA: Sim. Esse motivo também era importante, mas a Feira de ber potenciar e aproveitar tudo o que temos de bom São Mateus é um evento que vai para além de todos os outros na região e promovê-lo. Se é através de uma feira que conhecemos deste tipo na região e do país. É uma marca dis- agrícola, tem de haver também da parte de quem é tintiva. Para termos noção, tivemos expositores de 16 distritos do agente económico o compromisso de connosco se país, em 18, o que quer dizer que a marca da Feira de São Mateus, abalançar nesse desafio. do ponto de vista económico, é elevadíssima e chega a esta distância. A feira foi atrativa, a começar pelo cartaz, mas porque foi GR: Mas a Viseu Marca está disposta a avançar? um evento capaz de atrair não apenas uma região ou uma faixa PA: É um desafio que me agrada, porque que tem etária, mas sim um país inteiro e é transversal e intergeracional. um potencial extraordinário.

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