4 minute read
Largo de São Bernardo recebe XV Feira do Míscaro de Sátão
from Gazeta Rural nº 419
by Gazeta Rural
No próximo domingo, dia 20 de novembro
Advertisement
O Largo de São Bernardo, em Sátão, recebe no dia 20 de novembro, domingo, a XV Feira do Míscaro, certame que promove e divulga um produto que é a marca do concelho. A ‘Capital do Míscaro’ vai estar em festa e à espera de milhares de visitantes, ávidos de degustar uma das iguarias desta época, que é o míscaro amarelo.
De cebolada, estufados, em ovos mexidos, com arroz ou em açorda, o míscaro é um produto versátil na gastronomia, que pode acompanhar outros produtos. Na Feira do Míscaro de Sátão um dos pontos altos do programa é um show coocking, pelo chef Paulo Cardoso, que mostrará outras formas de confecionar o míscaro amarelo.
O presidente da Câmara de Sátão admite que este não é um ano bom para o míscaro, admitindo alguma quebra de produção devido ao ano seco, para além dos efeitos que o nemátodo tem tido na floresta da região. Acredita, contudo, que haverá muito míscaro na feira. Quanto a uma eventual regulamentação da apanha, Alexandre Vaz, em conversa com a Gazeta Rural, diz que mais do que legislar é necessário “sensibilizar” quem anda nesta atividade para as boas práticas da apanha dos cogumelos silvestres.
Gazeta Rural (GR): Que expetativa tem para a feira, num ano em que há menos míscaro?
Alexandre Vaz (AV): Sim, provavelmente teremos menos míscaro, porque o tempo foi muito seco. Temos já muitos vendedores inscritos e julgo que a Feira do Míscaro, que também é uma festa, irá decorrer normalmente e só esperamos que o São Pedro não nos iluda e nos dê um domingo com tempo bom.
A festa vai decorrer nos moldes de anos anteriores. Durante a manhã irá atuar a Contituna, de Contige, do nosso concelho. Ao final da
manhã haverá o show cooking com o Chef Paulo e conheça o nosso concelho. Há, depois o aspeto económico, pois Cardoso, que irá confecionar o míscaro de forma esta atividade da apanha dos cogumelos tornou-se num complediferente daquilo a que estamos habituados. mento que compõe o orçamento familiar.
De tarde, depois da prova do míscaro, a que seguirá a atuação da Romana, terminando com um GR: Uma das questões que tem sido bastante abordada tem a magusto convívio. ver com a apanha dos cogumelos, pois há quem entenda que é
Espero que tenhamos bastante gente na feira, urgente regular para esta atividade. Que opinião tem? como é habitual. Aliás, muita gente tem ligado para a AV: Ao longo de diversas edições da Feira do Míscaro procuráCâmara Municipal a perguntar pela realização da fei- mos sensibilizar as pessoas para as boas práticas da apanha dos ra, o que mostra não só o interesse, mas também a cogumelos. Penso que esta é o caminho. É preciso formação e importância da mesma. Os restaurantes do concelho sensibilização da forma como se deve apanhar o míscaro, bem aderiram à iniciativa e vão ter nas suas ementas pra- com o recipiente que devem usar para o transportar. Não devem tos à base deste cogumelo, nomeadamente o arroz usar sacos plásticos ou baldes de plástico, mas sim, por exemplo, ou a açorda de míscaro. cestos de vime, que já deixando cair os esporos enquanto se faz a
Estamos expectantes quanto ao míscaro que estará apanha, permitindo desse modo deixar ‘sementes’ para os anos à venda na feira, mas vamos esperar para ver, pois nos seguintes. últimos dias têm chovido bastante e isso pode ajudar a Esta é a regulamentação que deve ser feita, sobretudo de forprodução. Pode haver menos míscaro, até porque cho- ma pedagógica, para que continuemos a ter míscaros. Quanto veu pouco, para além de que o nemátodo está a afetar a haver legislação sobretudo à impossibilidade de proceder à bastantes pinhais, que os proprietários têm cortado, apanha em matas privadas é um pouco difícil, pois esta é uma facto provoca alterações nos ecossistemas e que pro- atividade que tem muitas décadas ou séculos. Se um pinhal duzem os cogumelos silvestres, como o míscaro. Ainda estiver vedado, a situação é diferente, contudo sabemos tamassim, já notámos nos últimos muita gente a deslocar- bém que 90 ou 95% dos pinhais não estão vedados, pelo que -se para as áreas florestais do concelho para a apanha será muito difícil regulamentar e dizer que ali não se podem de míscaro. Acredito que haverá produto suficiente para apanhar míscaros. De outra maneira o Estado Central teria de quem se deslocar à feira, que lhes permita provar o mís- ter muitos meios para fiscalizar esta atividade e fazer com caro de Sátão, que tem um paladar diferente dos outros. que isso não acontecesse. Repito. Sou defensor da sensibilização de quem se dedi-
GR: O que representa a feira para o concelho? cam à apanha dos cogumelos e à forma como devem apa-
AV: A Feira do Míscaro é um evento que contribuiu para nhados e transportados, bem como o tipo de utensílios que que o Sátão, como Capital do Míscaro, seja mais conheci- devem utilizar nesta atividade. do, para além de que faz com que muita gente se desloque