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Adega de Favaios celebra 70 anos e lança livro sobre história desta vila do Douro
from Gazeta Rural nº 419
by Gazeta Rural
Memórias pelo futuro do povo do Moscatel
A história de Favaios confunde-se com a da adega cooperativa que deu vida própria ao Moscatel mais vendido em Portugal. Esta aldeia vinhateira do Douro tem uma longa história e diversificados patrimónios que agora se resgatam em livro.
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A aldeia vinhateira do Douro, onde nasce o Moscatel de Favaios, tem muita história para contar. Povoada desde tempos pré-romanos, foi importante centro económico na Idade Média e tem tido um papel fundamental no território duriense, nomeadamente pela intervenção de vários dos seus líderes na defesa do planalto e desta região vinhateira Património da Humanidade.
“A riqueza de património da nossa comunidade”, entendeu a Adega de Favaios, deveria ficar registada “para memória futura”, justificou Rui Paredes, membro da direção da cooperativa, no lançamento do livro “Favaios, História e Património”, na Adega de Favaios. “Este livro representa também o sentido de responsabilidade social” da adega, uma das primeiras cooperativas do Douro, lembrou igualmente o historiador Gaspar Martins Pereira, coordenador do livro: “A mais importante empresa de Favaios quis oferecer à população de Favaios um livro sobre a sua história, sobre os seus patrimónios e sobre si, enquanto integradora, ela própria, do património e da economia de Favaios”.
Gaspar Martins Pereira elogiou igualmente “o forte envolvimento dos viticultores de Favaios na cooperativa” e lembrou a importância que a participação coletiva pode ter para o futuro sustentável da freguesia, também ela marcada pelo despovoamento e envelhecimento da população que afeta o interior de país. Se Favaios soube manter “aspetos identitários com dois mil anos de história”, só podemos concluir que estamos perante “um povo com futuro”, concluiu o reputado historiador.
O lançamento do livro insere-se nas celebrações dos 70 anos da Adega Cooperativa de Favaios, as quais incluem o lançamento, em
dezembro próximo, de um Moscatel comemorativo, uma edição limitada que integra as melhores sete colheitas das últimas sete décadas de Moscatel guardado na Adega.
Líder nacional em moscatéis
Reconhecida pelos seus moscatéis, a Adega de Favaios é o principal produtor deste tipo de vinho fortificado na Região Demarcada do Douro (80%) e líder no mercado nacional (52%).
Para esta boa prestação contribuem os investimentos realizados nos últimos 20 anos na modernização do centro de vinificação e a criação de uma equipa coesa e estável. O pagamento da uva aos sócios, 481 no total, a um preço superior à média da região tem contribuído também para o crescimento sustentado da cooperativa.
A par do património de Moscatéis, a Adega produz vinhos DOC Douro, rosé, brancos, tintos e espumantes, estando atualmente a preparar investimentos para a ampliação das instalações, a pensar nestas gamas, nomeadamente nos brancos que beneficiam das condições mais frescas do planalto.
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Bravos do Douro
A casta Moscatel tem um percurso no Douro muito ligado ao do Vinho do Porto, sendo o processo de vinificação idêntico. Desde cedo, no entanto, a casta terá revelado excelente adaptação ao planalto duriense, dado que o Moscatel de Favaios era considerado um vinho do Porto especial, de uma única casta, particularidade que as grandes casas do Douro destacavam, a partir do século XIX, em garrafas rotuladas com o nome Moscatel.
A distinção do Moscatel face ao Vinho do Porto aconteceu a partir da crise provocada pelo excesso de produção de vinho no Douro, no início do século XIX, e que culminou por decretar a interdição de aguardentar mostos de uvas vindimadas acima dos 500 metros de altitude. Por força desse decreto de 1935, Favaios ficou proibido de produzir vinho fortificado, o único que tinha valor económico à época.
Esta limitação de produção – e de comercialização, uma vez que só as casas exportadoras do Porto e Gaia podiam vender o vinho fortificado do Douro – motivou a criação da Adega Cooperativa de Favaios, em 1952. A partir de então, Favaios adquire uma capacidade reivindicativa que, a par da persistência, acaba em bom porto para os seus viticultores. Em 1967, a direção da cooperativa regista a marca Moscatel de Favaios, ficando sua única proprietária. Em 1982, a denominação Moscatel do Douro passa a ser reconhecida e protegida.
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