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Setor vitivinícola do Centro procura ‘selo nacional de sustentabilidade’

CVRs da Bairrada, Beira Interior, Dão, Lisboa e Tejo reuniram em Viseu

A sustentabilidade é um dos temas mais prementes da atualidade, nomeadamente na área da vitivinicultura, face às crescentes exigências dos mercados internacionais e ao impacto das alterações climáticas. Nesse sentido, decorreu no Politécnico de Viseu um encontro que teve como mote a “Caracterização e os Caminhos para a Sustentabilidade Multirregional”, numa ação conjunta das Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR) da Bairrada, Beira Interior, Dão, Lisboa e Tejo.

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A criação de selo nacional de sustentabilidade é o objetivo final, segundo adiantou o presidente da ViniPortugal. Frederico Falcão “considera essencial haver um sistema único nacional”, defendendo que “é importante estamos envolvidos nestas matérias e termos um sistema único, inclusivo e nacional, porque não é possível para nós, enquanto país, irmos aos monopólios dos vários mundos ou às cadeias de supermercados e apresentarmos 14 sistemas e regras diferentes”, defendeu o dirigente. Já a ministra da Agricultura salientou “a importância da ligação dos produtores ao referencial nacional da sustentabilidade, que é, para muitos consumidores, um fator de diferenciação”. Maria do Céu Antunes frisou o quão importante é “juntar os operadores e as entidades regionais do setor vitivinícola, que têm desenvolvido um projeto notável no âmbito da sustentabilidade, componente que queremos reforçar, através da certificação de âmbito nacional”. Para a governante “são os viticultores e o setor que, de forma proactiva, começam a falar sobre estas questões e nos pedem para as abordarmos, porque estão conscientes da sua crescente procura e interesse dos consumidores”, porque, lembrou Maria do Céu Antunes, “a sustentabilidade é hoje considerada como um instrumento de diferenciação e oportunidade para avalização dos produtos”.

Pedro Rodrigues, vice-presidente do Instituto Politécnico de Viseu, explicou que “a importância de um projeto de sustentabilidade tem a ver com a definição de práticas e medidas que cada uma das explorações e viticultores deverá adotar para o caminho da sustentabilidade económica, social e ambiental, e ela incorpora todas estas vertentes”. “O que me parece é que houve uma oportunidade das várias CVRs do Centro se reunirem e estabelecerem o ponto de partida para este plano”, exaltou Pedro Rodrigues.

conjunto de práticas que são mais amigas do meio ambiente”, nomeadamente, e entre outros, o “uso eficiente da água, a utilização de

O grupo de trabalho criado pelas cinco CVRs do produtos agressivos para o ambiente ou a eficiência energética nas Centro auscultou inúmeros agentes económicos e adegas”. produtores da fileira do vinho, aferindo o ponto de Para Arlindo Cunha, os grandes operadores da região centro já situação, as boas práticas já implementadas e os manifestaram interesse em avançar com este processo. O dirigente desafios e necessidades dos produtores nesta ma- lembrou que “mesmo os pequenos produtores têm uma atividade téria. exportadora muito importante e se no futuro esta exigência se tor-

Desse modo, o cumprimento do conjunto de nor- nar moda, todos temos que nos preparar para ela”. Arlindo Cunha mas que os operadores económicos e produtores vi- lembrou que a adesão a esta certificação é facultativa, mas lembra tivinícolas vão ter de cumprir, se assim o entenderem, a sua importância no futuro. vai permitir-lhes obter o selo de certificação em sus- Contudo, e lembrando que este não é um processo imediato, o tentabilidade das produções, que será atribuído pela presidente da CVR do Dão admite que este processo terá custos Vini Portugal. para as empresas e que terá de haver apoios. Para Arlindo Cunha

O presidente da CVR do Dão considera importante “as CVRs e as organizações agrícolas, terão de ser mobilizadas este passo e defende “uma certificação nacional, que para ajudar a financiar este trabalho”, nomeadamente o Instituvai implicar um trabalho de sapa muito denso a nível to da Vinha e do Vinho (IVV), “que recebe taxas de coordenação das regiões, do terreno”. Para Arlindo Cunha agora vem e controlo, também tem que dar algum retorno aos produtores o trabalho de campo. “É preciso esclarecer as pessoas, através do cofinanciamento destas despesas de certificação dar-lhe formação e ajudá-las a adaptarem-se às exigên- para a sustentabilidade”, defende o dirigente. cias do referencial para a sustentabilidade”, refere o pre- Em termos nacional, a Comissão Vitivinícola do Alentejo já sidente da CVR do Dão, explicando que “este é um guião, avançou neste processo, com cerca de uma dezena de proum diagnóstico nas cinco comissões, sobre o que temos dutores já certificados. O Programa de Sustentabilidade dos de fazer para podermos ser certificados como produtores Vinhos do Alentejo foi galardoado na décima edição do “The e adegas sustentáveis”. Drinks Business Green Awards”, prémios internacionais que

Arlindo Cunha mostra-se consciente de que esta não é distinguem a liderança de organizações ou empresas no munuma tarefa fácil, mas diz também que “esta ferramenta do do vinho e bebidas espirituosas no que concerne a boas vai facilitar o trabalho dos produtores e das adegas, caso práticas ambientais e de sustentabilidade. estes apresentem candidaturas ao selo de sustentabilida- Recorde.se que as CVRS do Dão, Bairrada, Beira Interior, de”. No fundo, e em termos práticos, os produtores terão Lisboa e Tejo representam cerca de 38% da produção de vide “justificar que, na sua atividade vitivinícola, seguem um nho em Portugal.

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