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Adega de Penalva vai lançar vinho comemorativo dos 60 anos da Cooperativa

Um vinho comemorativo dos 60 anos da Adega e um Pét-Nat são as novidades da Adega Cooperativa de Penalva, que deverão chegar ao mercado em breve. Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da Adega, José Frias Clemente, diz que o vinho comemorativo dos 60 anos mostra que o setor cooperativo também pode produzir vinhos excecionais. Quanto ao Pét-Nat, o dirigente diz que é “uma inovação”, que deve chegar ao mercado ainda este mês.

Gazeta Rural (GR): A Adega vai lançar um vinho tinto comemorativo dos 60 anos, festejados em 2022. Que vinho é este?

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José Frias Clemente (JFC): Comemoramos os 60 anos da Adega em 2022 e quisemos fazer um vinho especial para festejarmos esta bonita idade. É um vinho de grande qualidade, para ser vendido a um preço adequado, bastante superior em relação aos outros vinhos que produzimos. A ideia de que as adegas só vendem vinhos baratos está ultrapassada. Este é um vinho que está num patamar bastante superior, que mostra o potencial das uvas dos nossos associados, comemorando uma data tão significativa para nós. É um vinho que pretendemos vá de encontro aos grandes apreciadores e estamos com boas expectativas sobre as vendas do mesmo.

GR: É um blend tinto?

JFC: Sim. Para comemorarmos os 60 anos tínhamos de produzir um vinho de grande qualidade, feito com as melhores castas tintas da nossa região.

GR: A aposta em monovarietais brancos e tintos, que tão bons resultados têm dado, é para manter?

JFC: Dentro do possível temos que, de vez em quando, fazer algo de diferente. Temos vindo a colocar no mercado, nos últimos anos, monocastas de grande qualidade, como Tinta Pinheira, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Jaén e a Baga, nos tintos, o Encruzado, uma casta que está na moda, Malvasia Fina, Cerceal e Bical, nos brancos.

A Baga é uma casta em vias de extinção no Dão, mas nós ainda temos na região uma vinha centenária, que dá uvas excecionais. O Cerceal é outra casta em vias de extinção. O último que fizemos esgotou, mas devemos lançar um novo Cerceal durante o próximo mês. Já o Bical é um vinho bastante importante para nós e que tem tido uma excelente saída.

Penso que, de um modo geral, temos feito muito bons vinhos e o mercado tem reconhecido isso. A prova são os muitos prémios que os nossos vinhos têm obtido em concursos nacionais e internacionais.

GR: O branco Maceração Pelicular e o Clarete são vinhos para continuar?

JFC: O Maceração Pelicular é um vinho que tem tido boa saída, especialmente para exportação, nomeadamente para o Canadá e Estados Unidos. Não é um vinho consensual. No mercado nacional teve uma boa saída, especialmente para quem gosta de provar coisas diferentes, mas é muito apreciado na América do Norte.

O Clarete é outro vinho pouco consensual. Não é, de todo, um vinho para a generalidade dos consumidores. Foi uma das nossas apostas, mas não teve a saída que esperávamos. Todas as outras referências de monovarietais são para manter.

GR: Mas há algo de novo na calha?

JPC: Temos para sair um Pét-Nat (*), que deve chegar ao mercado ainda este mês. É algo de novo. Quanto ao produto, o feedback que temos tido é muito bom, mas o rótulo não nos agrada. Vamos ver. Este Pét-Nat é uma inovação aqui na Adega.

GR: Neste ano de 2023 a vida voltou à normalidade. Tem notado isso nas vendas?

JFC: Tivemos o regresso à normalidade no que toca à pandemia, mas no resto isso não se verificou, como consequência da guerra da Ucrânia. Aliás, os dois anos de pandemia não foram os piores para a Adega de Penalva. Tivemos uma ligeira quebra nas vendas, bem mais pequena do que no último ano e meio com a guerra no leste europeu. Não temos vendido o que queríamos,e isso poucos conseguem - mas vamos com um ano de 2023 razoavelmente bom.

Temos vinhos em stock, não tanto quanto alguns operadores da região, e esperamos chegar a dezembro ao nível de anos anteriores. Diria que, nesta altura, as nossas preocupações vão para o que pode acontecer até à vindima.

GR: A esse propósito, que perspetiva tem, tendo em conta o momento atual das vinhas, com temperaturas anormalmente elevadas para a época?

JFC: O ciclo da vinha, até agora, tem sido muito bom. A nascença foi muito boa e se as uvas que neste momento estão nas videiras chegarem à vindima vamos ter um grande ano de vinhos. É verdade que as condições climatéricas estão um pouco fora do normal e já tivemos na região uma pequena ‘queima’, em meados de abril, que, estimamos, possa provocar uma quebra de produção de 15 a 20%. Contudo, como foi cedo, as videiras estão a recuperar, mas o cacho pode ser mais pequeno.

Embora tenhamos temperaturas um pouco elevadas para a época, o ciclo vegetativo da videira está normal, mas temos de esperar para ver que tempo teremos até à vindima. A continuar assim, será um grande ano de vinho, mas o tempo o dirá.

(*) O Pét-Nat é produzido no método ancestral, também conhecido como “rurale”, “artesanal” ou “gaillacoise”. O vinho é engarrafado antes de completar totalmente sua primeira fermentação, permitindo que o dióxido de carbono seja produzido pelos açúcares naturais encontrados nas uvas. Têm uma sensação na boca leve e efervescente e geralmente têm baixo teor alcoólico. São vinhos geralmente ligeiramente doces, embora existam exemplos de secos. Os vinhos podem beneficiar de alguns anos em garrafa, embora não evoluam com o envelhecimento. As garrafas apresentam-se frequentemente turvas, devido à presença de borras remanescentes e à falta de filtração.

A Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal (ARVP) homenageou Pedro Machado, presidente da Entidade Turismo Centro de Portugal, no jantar de encerramento do Concurso das Cidades com Vinho, que decorreu em São João da Pesqueira, promovido pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho. Na ocasião, o presidente da ARVP, Jorge Sampaio, destacou o papel de Pedro Machado no arranque da Rota dos Vinhos da Bairrada e do enoturismo na região, numa altura em que pouco ou nada se falava disso. Em entrevista à Gazeta Rural, Pedro Machado disse que a homenagem o “comoveu e sensibilizou”, numa altura em que está prestes a deixar a liderança do Turismo Centro de Portugal.

Gazeta Rural (GR): Que significado teve a homenagem da ARVP?

Pedro Machado (PM): Foi um momento que me comoveu e que me sensibiliza. O facto de, no final destes anos todos, podermos perceber que o fruto do nosso trabalho é reconhecido é muito gratificante. Talvez por isso, na minha intervenção, fiz o elogio à amizade, que está na base das nossas relações.

Depois, perceber o caminho que foi feito até aqui. Em 2006 iniciámos os primeiros trabalhos daquilo que é hoje a estruturação de um produto, que é o enoturismo. Na Região Centro, que conta com cinco regiões vitivinícolas, fez-se um trabalho de qualificação extraordinário, e de evolução também, pois hoje, além da produção, os produtores já pensam também na comercialização e no enoturismo, este, hoje, cada vez mais um produto competitivo, com que Portugal se pode afirmar, não só em termos nacionais, mas, sobretudo, internacionalmente.

Somos hoje o segundo destino do mundo em termos de enoturismo e temos margem de crescimento. Estamos atrás da Itália e à frente da Fran-

No jantar de encerramento do Concurso das Cidades com Vinho

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