Gazeta Rural nº 229 - 10 anos

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Director: José Luís Araújo | N.º 229 | 31 de Julho de 2014 | Preço 2,00 Euros

ANOS


2004 Edição 0

25 Ovar lança feira agrícola anual para divulgar raça marinhoa 27 Feira do Pinhal aposta na inovação e na diferenciação da floresta

29 Portugal Agro chega à FIL em Novembro 31 Autarca de Sever do Vouga voltou a reclamar ligação rápida à A25 32 Qualidade da Feira Medieval de Mões reconhecida

Sumário

35 Criação do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos formalizada em Bragança 04 a 17 Opinião: 10 anos antes e depois 18

ADDLAP comemorou 20 anos e prepara próximo Quadro Comunitário

19 Almeida Henriques: “Vai demorar dois a três anos

até a reposicionarmos a Feira de S. Mateus no segmento que queremos”

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Santamaria são cabeça de cartaz nas Festas de S. Bernardo 24 Adega do Fundão comemora 65º aniversário a apresenta novos vinhos

36 IV Concurso de Vinhos Engarrafados da Região de Trás-os-Montes 2014

37 Adraga e Casa Santos Lima foram os vencedores do Concurso de Vinhos de Lisboa 38 Pampilhosa da Serra recebe XVII Feira de Artesanato e Gastronomia

41 Confraria de Saberes e Sabores da Beira: 12 anos em prol da cultura tradicional beirã



EDITORIAL

10 anos… é muito tempo! Passaram 10 anos sobre o aparecimento da Gazeta Rural. Uma década de grandes transformações, de muitas decisões, de muitos sacrifícios, de muitas dores de cabeça e muitos quilómetros de estrada. Mas, valeu a pena. Em 10 anos muita coisa mudou. Porém, a essência mantem-se. Aquilo que prometemos, e com que nos comprometemos, quando lançámos a edição 0 a 1 de Agosto de 2004, temos procurado cumprir: O rigor, a transparência e um olhar diferente que o mundo rural exige. Para que não restem dúvidas: O Gazeta Rural é um projecto jornalístico, independente, que se pauta pela pluralidade de opiniões, aberta à participação de todos, desde que os temas se enquadrem na linha editorial definida. A Gazeta Rural acompanhou todas as mudanças. Falar de agricultura em 2004 era algo que não fazia parte dos cânones da comunicação vigente. Assumimos o risco, procurando definir uma linha editorial que se enquadrasse na defesa do mundo rural, da nossa herança cultural, dos nossos produtos endógenos, da nossa gastronomia, dos nossos vinhos e dos elevados valores que norteiam as gentes do campo. Não fomos os primeiros, mas procurámos fazer o nosso caminho e por isso aqui estamos hoje prontos para mais uma década, a fazer… Gazeta. Há 10 anos dizia-se que trabalhar no campo era a maneira de empobrecer alegremente. Hoje ser agricultor tornou-se moda. Porém, a distância entre as duas situações pouco mudou. A agricultura em Portugal continua a viver de modas e não de caminhos traçados. Há que mudar mentalidades e corrigir assimetrias. Há que definir um plano estratégico para a agricultura, de modo a que o futuro seja assegurado. E quando falo de futuro refiro-me à necessidade de produzir mais para alimentar a população mundial dentro de 30 a 40 anos. As últimas estimativas indicam ser necessário aumentar a produção de alimentos em cerca de 60% naquele período. Ora, esta é uma enorme oportunidade, mas urge começar já a preparar o futuro, sem medos e sem modas. Desde logo, que tipo de alimentos é necessário produzir e quais os que melhor se adaptam aos nossos solos e ao nosso clima. Um exemplo prático: Hoje vive-se na moda dos pequenos frutos e basta viajar pelo país para perceber a quantidade de novos pomares, nomeadamente de mirtilo, que existem. Os efeitos são notórios, verificando-se este ano a pior campanha de sempre, com preços abaixo do que seria expectável, com o rendimento dos produtores a cair significativamente e já com pomares votados ao abandono. “Pintar Portugal de Azul” não é, de todo, solução. Repito o que tenho dito muitas vezes: Há que diversificar culturas, procurando perceber em cada região quais as características

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dos terrenos disponíveis e que culturas melhor se adaptam às condições edafoclimáticas que ali se verificam. Há apostas que podem ser soluções de futuro e rentáveis. Portugal importa a quase totalidade de avelã que consome. Pergunto: Há ou não uma oportunidade para marcar a diferença e produzir avelã? Claro que nem tudo é mau e há sectores que mostram ser competitivos no mercado global. Garantidamente temos os melhores azeites do mundo, os melhores vinhos do mundo, as melhores frutas do mundo, os melhores queijos do mundo, os melhores produtos endógenos do mundo, alguns únicos, mas que carecem de maior promoção. Esse trabalho tem sido feito, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Temos sectores na agricultura portuguesa capazes de competir com os melhores, desde a cortiça, aos cereais, aos azeites, aos vinhos, entre outros. Se na cortiça dominamos o mercado e somos líderes mundiais, noutros sectores há ainda muito que fazer. Não basta produzir bem, há que competir em capacidade produtiva, e em preço, ou conseguir valorizar o produto em nichos de mercado, distinguindo-o pela qualidade. A aposta na agricultura é um desígnio nacional, mas tem que haver políticas que incentivem o regresso à terra, que levem as pessoas para o interior, onde há enormes potencialidades, desde que se defina o que melhor se pode produzir em cada região. O sector primário tem sido, nos últimos tempos, um dos que mais contribuiu para ajudar o país a sair da crise em que mergulhou. Porém, em que medida isso se reflectiu no rendimento de quem trabalha a terra? Urge aproximar o consumidor do produtor, de modo que o valor final do produto seja repartido e a ‘grande fatia’ não fique no meio da cadeia. Este equilíbrio é necessário, de outro modo o tal desígnio nacional deixa de fazer sentido.

Uma década de notícias Esta é uma edição especial comemorativa dos 10 anos, uma década de notícias, em que procurámos sempre um olhar positivo, nem sempre consensual, para a terra e para o mundo rural. Estamos satisfeitos com o que produzimos, mas com a noção de que poderíamos ter feito melhor. Lá isso podíamos! Para comemorar os 10 anos desafiámos um conjunto de personalidades, a quem agradecemos publicamente, de diferentes áreas e sectores, a partilharem a sua visão dos últimos 10 anos, mas também uma antevisão do que poderá ser a próxima década. O resultado é o que pode ler nas páginas seguintes. Para completar as comemorações, renovámos o nosso site, que aparece com uma nova cara, mas mantendo os traços que nos marcaram na última década. Por fim os agradecimentos. Aos colaboradores da Gazeta Rural, pelo seu empenho e determinação; à Sá Pinto Encadernadores, pelo excelente trabalho de paginação e impressão; aos nossos patrocinadores, sem os quais não teríamos chegado até aqui; e aos nossos leitores, sempre críticos e atentos. José Luís Araújo (Director)


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Parabéns Gazeta Rural Parabéns, antes de mais, pelo caminho que trilharam neste sector de actividade tão importante, mas tão esquecido durante décadas. Convosco, a agricultura e a floresta da região ganharam outra vida e, gradualmente, a comunidade abraçou o sector primário e os trabalhadores rurais com uma nova visão e com a atenção que lhes é devida. Nesta senda já com 10 anos, foi uma honra acompanhar de perto a evolução da vossa publicação e poder participar, mesmo que parcamente, no vosso esforço de difusão da importância da floresta no tecido empresarial local e, naturalmente, nacional. O vosso projecto, que abracei desde o início, tinha todos os requisitos para se tornar numa aposta ganha. A qualidade, o know how, o envolvimento e o esforço ímpar de todos quantos trabalham e colaboram com a Gazeta Rural, numa região com um grande empreendedorismo no sector agrícola e florestal, só poderia culminar na excelência desta publicação. Espero que continuem por muitos mais anos. Votos de felicidades. António Loureiro (Presidente da Camara Municipal de Albergaria-a-Velha)

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OPINIÃO

Produzir, Vender, Comunicar Portugal é um país com uma centenária história de produção de produtos agrícolas e agro-alimentares de reconhecida qualidade. Junte-se-lhe a pesca e a silvicultura e ter-se-á um retracto amplo do nosso complexo agro-alimentar nacional. Este sector, considerado tradicional e, por vezes, algo arcaico, sofreu uma profunda metamorfose com a adesão, em 1986, de Portugal à União Europeia e, mais recentemente, com toda a conjuntura socioeconómica que o país tem vindo a atravessar. A desaparição das fronteiras que confortavam o nosso isolamento económico a que se adicionou a perda dos mercados das ditas ex-colónias, a crescente urbanização do país e a terciarização da economia, obrigou a abandonar uma agricultura, em larga medida, vocacionada para a satisfação de necessidades próprias e pouco virada para o mercado. O mercado, também ele, deu uma profunda cambalhota, com o advento da moderna distribuição e com a propagação de um consumo alimentar diferenciado, com o aumento da procura de produtos não produzidos (e, nalguns casos, não passíveis de ser produzidos) em Portugal, com a adesão a novos hábitos alimentares, com um alheamento crescente aos ciclos da sazonalidade produtiva e com, acima de tudo, um galopante distanciamento entre quem produz e quem consome. A última década, a esse nível, corresponde, de alguma forma, ao encerrar de um ciclo – de menorização do complexo agro-alimentar, de reforço brutal das importações alimentares e de alheamento dos consumidores relativamente à origem dos alimentos que consome – e à entrada num novo ciclo, mais positivo, com maior atenção dos políticos e das políticas ao sector, com o reforço de investimentos, com uma séria tentativa de multiplicação das exportações e um esforço de substituição de importações e com uma preocupação crescente dos consumidores quanto à origem dos produtos e na opção pela compra de produtos nacionais. Hoje, a perspectiva é mais optimista e a algum ‘modismo’, apesar de tudo inevitável nestes períodos, adiciona-se uma visão mais economicista da agricultura, um maior apport de conhecimento científico e apostas em produções qualificadas, valorizadas e diferenciadas. Contudo, parece-me continuar a haver três erros que vêm de trás, que são muito próprios de uma maneira luso-portuguesa de tratar das coisas e que podem constituir obstáculos a um maior êxito no processo evolutivo do complexo agro-alimentar nacional. Desde logo, a muito escassa cooperação entre produtores, entre produtores e transformadores e entre transformadores, o que considerando a menor dimensão da generalidade das produções nacionais, é um obstáculo na relação com o mercado nacional e, mais ainda, na conquista e consolidação da presença nos mercados internacionais. A cooperação e mesmo o cooperativismo são pouco valorizados, as entidades de matriz cooperativa não são construídas numa lógica empresarial, os seus associados não se sentem ‘accionistas’ e posicionam-se, geralmente, como meros fornecedores ou compradores, havendo uma tentativa de diluir o risco e não de partilhar o risco. Depois, a ausência de uma estratégia de fileira, de adequação entre oferta e procura, onde se produza o que for mais adequado para transformação/valorização e se transforme/ valorize aquilo que se produz. São muitos os exemplos de aumentos exponenciais de produção, que pouco tempo depois vivem os achaques das crises de sobreprodução, assim como os de unidades industriais em Portugal que continuam a importar 6

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matérias-primas que facilmente poderiam adquirir em Portugal, apenas e só porque não encontram interlocutores capazes. Há bons exemplos dessas estratégias em Portugal, mas continuam a ser apenas isso: bons exemplos. Finalmente, continua presente um primado da produção sobre o mercado. Produzir bem deixou, há muito, de ser suficiente. A valorização da produção faz-se no momento da sua comercialização e precisamos de vender mais e, acima de tudo, de vender melhor. Temos que vender aos nossos actuais consumidores, mas também em novos mercados. Temos que conquistar novos clientes e temos que fidelizar os que conquistamos. Temos que fazê-los preferir os nossos produtos aos dos nossos concorrentes. Não basta, pois, produzir bons vinhos, bons azeites, bons queijos, boas conservas ou boas frutas, é necessário identificá-los, é necessário conseguir mostrar as suas diferenças e vantagens, torná-los necessários aos olhos dos consumidores. E só teremos sucesso a colocar os nossos produtos se os associarmos à construção de marcas fortes. Marcas comerciais ou marcas colectivas. São essas marcas que dão as garantias adicionais de qualidade numa situação de dúvida. São as essas marcas que criam as necessidades, que marcam as tendências. São essas marcas que mostram ao consumidor a diferença e a especialização, são elas que convidam à experimentação. Criem-se condições para uma efectiva cooperação empresarial no seio do sector, reenquadre-se e renove-se a estrutura cooperativa, faça-se o esforço de colocar os interesses de produtores e transformadores em linha com o mercado, criem-se marcas fortes para os produtos nacionais, aposte-se na comunicação continuada de Portugal como país especialista do sector alimentar, utilize-se o turismo e a gastronomia como embaixadores, dentro e fora de portas, dos nossos produtos… e o futuro da agricultura em Portugal poderá ser risonho! Pedro Pimentel Director Geral da Centromarca


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A agricultura na região Centro – 10 anos

Nos últimos anos, temos assistido a uma alteração profunda no sector agrícola na região centro. Ser agricultor, mais do que uma moda é hoje uma actividade empresarial reconhecida pela sociedade. Subjacente a questões estruturais (de capacidade dos solos, de dimensão da exploração, idade dos agricultores,…) coexistem na região vários tipos de agricultura e de agricultores, que potenciam de forma diferente o desenvolvimento da actividade produtiva. Esta especificidade tem condicionado as mudanças que se têm verificado nos últimos anos. Com o apoio do PRODER, do Programa de Reestruturação da Vinha e do Programa Apícola Nacional foram feitos importantes investimentos na modernização do sector, quer ao nível da produção primária, quer ao nível da transformação com uma forte componente na agro-indústria, que potenciam as condições produtivas para acesso aos mercados locais, nacionais e internacionais. O rejuvenescimento do tecido produtivo, com a instalação de jovens agricultores, foi muito significativo na região. Muitos destes jovens, têm formação académica de nível superior e são responsáveis pela implementação de projectos inovadores no produto (aromáticas, cogumelos, apicultura, pequenos frutos,…), na forma de produção (em vaso, hidroponia, estufas,…) e na comercialização (novas formas de apresentação dos produtos e de acesso ao consumidor). Temos verificado uma forte resposta dos empresários agrícolas nos sectores tradicionais de produção como o vinho, o azeite, as frutas e hortícolas, os queijos, a avicultura com investimento vocacionado para a melhoria das condições de produção, tendo como objectivo o acesso diferenciado ao mercado, nuns casos apostando mais na vertente da qualidade e noutros da quantidade. Gostaria ainda de salientar que a actividade agrícola é complexa, cujos resultados dos investimentos, na maioria dos casos, não são visíveis de imediato, pelo que a dinâmica e resiliência que os agricultores têm demonstrado, associada ao grau de risco da actividade, evidencia a necessidade de acompanhamento técnico especializado durante os primeiros anos, fundamental-

mente no caso dos jovens agricultores e para que não possui experiência no sector. Existe ainda grande dificuldade de escoamento da produção e acesso aos mercados por parte dos nossos empresários agrícolas de menor dimensão, por isso é fundamental que se organizem em Agrupamentos/Organizações de Produtores. Estas entidades devem ter massa crítica que, numa óptica de optimização de resultados económicos, promova, concentre e oriente a produção dos associados para a obtenção de características diferenciadoras e de eficiência produtiva. Só assim será possível criar economias de escala ao nível da produção, maior capacidade competitiva, maior acesso aos mercados e maior capacidade de negociação face às grandes empresas industriais e de distribuição. O sucesso da nossa produção agrícola, com a diversidade de culturas que temos e a dimensão produtiva de algumas delas, tem elevadíssimo potencial, que no entanto tem que ser estudado e avaliado através de experimentação/investigação aplicada. É fundamental estudar e melhorar espécies e variedades autóctones, adequando as produções às características da região e às condições de produção possibilitando aos nossos agricultores utilizar melhor os factores de produção e obter melhores resultados aumentando assim a nossa competitividade. Nos últimos anos assistimos a uma mudança fundamentalmente de paradigma das políticas agrícolas, que teve génese na crise de produção de bens essenciais que ocorreu em 2008. Desde a reforma da PAC ocorrida em 1992, que as políticas agrícolas desincentivavam a produção incentivando a qualidade. Tendo nós como objectivo atingir a autosuficiência do sector agro-alimentar em 2020, o grande desafio que se coloca aos empresários agrícolas é o de produzir em quantidade, optimizando a utilização de recursos disponíveis como a água e com muita qualidade de forma inovadora. A reforma da PAC e o nosso Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), que foi submetido no passado 5 de Maio e se encontra em fase de análise pela Comissão, assenta em dois pilares e possui algumas medidas que são particularmente importantes para a região Centro, como por exemplo a aplicação do regime da pequena agricultura estabelecendo um valor uniforme de 500€/exploração; a diferenciação positiva ao investimento no caso dos jovens agricultores com majoração do prémio de instalação e da taxa de apoio caso se pertencer a uma OP; atribuição de pagamentos ligados aos sectores dos ovinos e caprinos, leite e arroz. Assim, daqui a 10 anos, acredito que estejamos a produzir mais e melhor. Penso que temos condições potenciais para melhorar aquilo que já fazemos e fazemos bem, como é o caso do sector do vinho, das frutas e hortícolas, do milho, do azeite, do arroz, das aves, dos queijos e também para vender melhor. Finalmente, é com grande satisfação que felicito a equipa da “Gazeta Rural”, por mais um aniversário, fazendo votos de continuação do maior sucesso profissional para que possamos continuar a ler por muitos anos esta magnífica revista!

Adelina M. M. Martins Directora Regional de Agricultura do Centro www.gazetarural.com

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A evolução do sector dos vinhos nos últimos 10 Anos Dez anos passados da criação da Gazeta Rural, é tempo para podermos fazer um ponto de situação sobre a evolução desse período no mundo dos vinhos dentro do panorama nacional. Evidentemente, esta evolução foi muito motivada pelas tendências económicas e comerciais a nível mundial. O vinho português jamais poderá ser considerado numa estatística à parte, é sempre analisado dentro do cenário europeu e mundial para todos os exercícios estatísticos. Seguramente, as evoluções mais notórias nos vinhos assentam na sua internacionalização, nas modificações criadas pelas políticas vitivinícolas, nas alterações dos estilos de vinho, na crítica jornalística e no desempenho empresarial dos agentes económicos. A crise dos mercados internos e as políticas vitivinícolas europeias impulsionaram a criação de mecanismos para fomentar a exportação do nosso vinho em valor e em quantidade. De facto, as modificações da política da organização comum de mercado vitivinícola no seio das políticas europeias, a nova OCM, criou directrizes para o desenvolvimento da exportação, para a divulgação de uma imagem de qualidade dos vinhos europeus como sendo os mais emblemáticos, para a simplificação das designações vitícolas com a criação dos vinhos IGP – identificação geográfica protegida e DOP – denominação de origem protegida, para além de defender o registo mundial das denominações de origem asseguradas pela União Europeia. A nova OCM veio travar os apoios à produção, nomeadamente os subsídios ao armazenamento, utilização de mosto concentrado, destilação de crise, etc., canalizando essas habituais verbas para os programas de promoção de vinhos em países terceiros. Estas políticas promoveram o aumento da participação dos agentes económicos nos vários certames internacionais do vinho em todo Mundo, nomeadamente nos EUA, China, Canadá, Brasil, Angola, Suíça, Rússia e Japão. O resultado de tais programas manifesta-se pelo aumento claro das exportações de vinhos nesses países, onde os vinhos portugueses estão no palco do mundo da globalização, designadamente a competir junto dos vinhos mais exportados do Novo Mundo com são os da Austrália, África do Sul, Chile, Argentina e EUA, e do Velho Mundo como a Itália, França e Espanha. A competitividade impõe-se pela qualidade e pelo preço, sendo imperativo um excelente desempenho comercial, comunicação e capacidade de resposta aos mercados. Trata-se de uma mudança de paradigma vivida por muitos agentes económicos que significou, para muitos, uma mudança comercial que passou dos 10% para os 70% de exportação em volume de negócios. A culminar com esta evolução de exportação, felizmente a crítica jornalística internacional tem dado valor à qualidade dos vinhos nacionais, como é o caso da Wine Spectator, Decanter, Wine Enthusiast, Jancis Robinson, Sarah Ahmed, Charles Metcalfe, Jamie Goode, Paul White, entre outros. Segundo estes críticos, os vinhos portugueses são tesouros muito bem guardados que terão de ser bem revelados. No decorrer destes 10 anos, assistimos continuamente a uma alteração dos estilos de vinho. Progressivamente, vai-se perdendo o conceito do vinho elaborado da “melhor qualidade possível”, sem defeitos, sendo um estilo definido pelas suas características, para dar lugar ao conceito de estilo que é definido, à partida, pelo marketeer + enólogo, onde as operações do processo são planeadas de acordo com o estilo pretendido e a concepção do produto é organizada desde a uva até à garrafa. Neste novo conceito, o vinho tornou-se um bem de consumo de movimentação rápida. A maioria dos consumidores procura vinhos para consumo imediato e não para envelhecer em cave. Cada vez mais, os consumidores têm maior disponibilidade para provar vinhos diferentes. Os países do Novo Mundo estão muito determinados e têm condições e meios financeiros para produzir bons vinhos. O va-

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lor e o volume das vendas mostram que os vinhos do estilo “Novo Mundo” são preferidos pelos consumidores. Desta alteração de estilo de vinho resulta evidentemente uma homogeneização, com a criação de um estilo internacional, e surge uma maior aproximação entre vinhos de categorias diferentes. A mudança sensorial destes vinhos traduz-se em vinhos menos ricos em taninos, de consumo imediato, elaborados com uvas muito maduras, com altos teores de açúcar e etanol, aromas intensos de frutas maduras, madeira intensa, vinhos mais “tecnológicos”, uniformes e com maior expressão das características varietais, de cor intensa, suaves no paladar e com alguma sensação de doçura. Esse estilo contrasta notoriamente com o estilo tradicional definido por vinhos com teores baixos de açúcar e etanol, elaborado com uvas menos maduras, aromas complexos (frutas, especiarias), com menor intensidade a madeira, concentração de taninos elevada, vinhos de guarda, vinhos menos “tecnológicos”, mais diferenciados e com expressão do carácter das uvas e do terroir. Nesta mudança de estilo de vinho, o consumidor atribui uma cada vez maior importância à opinião jornalística especializada. Vinhos elaborados de acordo com os gostos dos jornalistas, especialmente do Robert Parker. Na verdade, a maioria dos jornalistas está cada vez mais interessado em vinhos “excitantes”, com terroirs distintos e não em vinhos comuns para consumo regular. A par desta inovação do conceito geral do estilo de vinhos, os vinhos biológicos e os biodinâmicos demonstraram um significativo crescimento de notoriedade e de volume de negócios. O aparecimento de legislação comunitária e nacional constituiu um enorme passo para a regulamentação e reconhecimento dos vinhos biológicos. Para além das inovações, constatamos fortes progressos no campo da comunicação e rotulagem, com a criação de imagens atraentes e simpáticas associadas a vinhos de convívio e, acima de tudo, de fácil acesso aquisitivo. Podemos dizer que nunca houve tanto vinho de qualidade a preços tão acessíveis. Assistimos a uma democratização no acesso fácil aos vinhos. Durantes estes 10 anos verificamos uma crescente competitividade imposta pelos mercados, o que obriga a uma gestão vitivinícola muito profissional, onde não há lugar para amadorismos. Em consequência deste facto, várias explorações vitivinícolas que não conseguiram dar resposta às leis de mercado foram desaparecendo. Felizmente, surgem outros projectos com investimentos interessantes, mas sempre bem assessorados para os desafios. Cada vez mais competitivo, mais exigente, o sector apenas apresenta espaço para quem seja realmente forte, dinâmico e audaz. Carlos Silva Enólogo


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Últimos 10 anos do sector cooperativo do Dão Trata-se de um desafio importante que me foi colocado pela Gazeta Rural, tendo em conta que nestes últimos 10 anos vários acontecimentos ocorreram que me parecem dignos de registo e que espero conseguir resumir, mas principalmente no que respeita aquilo que vivi e que gravei na minha memória. A minha abordagem passa pela Adega Cooperativa de Silgueiros e pela UDACA, principalmente, por serem as duas organizações que melhor conheci e conheço. Melhor que eu, os dirigentes das outras Adegas poderão falar sobre as suas próprias.

Adega Cooperativa de Silgueiros De facto, 10 anos passados apontam para 2004 e, no que me diz respeito, tinha acabado de fazer três anos à frente dos destinos da Adega Cooperativa de Silgueiros, que liderei e lidero, conjuntamente com os meus dois colegas de direcção. Muito trabalho nos esperava pela frente, quer em termos económico-financeiros, porque a Adega estava tecnicamente falida quando tomamos posse; quer em termos de recuperação de instalações, que estavam extremamente degradada; quer em termos de imagem da marca Silgueiros, que se tinha vindo a perder; quer em termos de marketing, quer em termos de conseguir convencer os associados da Adega de que era possível “dar a volta” aos graves problemas com que nos deparámos. Hoje, decorridos 14 anos, podemos considerar que a situação da Adega de Silgueiros se encontra muito melhor e todos os problemas que foram equacionados, quando começamos e que atrás descrevemos, foram ultrapassados. Foi duro, mas conseguimos! – Um agradecimento especial em primeiro lugar aos Associados que acreditaram, aos nossos Clientes e Consumidores que colocaram de novo a marca SILGUEIROS no topo das suas preferências, às Instituições Financeiras e aos nossos Fornecedores que acreditaram no projecto de recuperação No entanto, hoje a Adega de Silgueiros depara-se com uma situação, que é transversal a toda a região, que tem a ver com a idade média dos viticultores e o abandono por essa razão e por outras que se prendem com questões laterais, como sejam as questões fiscais. Não se vislumbram jovens viticultores que assumam a continuidade desejada. Mas como estamos “vivos”, iremos dar a volta por outra forma, para combater o abandono, a desertificação e a fixação de pessoas à vinha.

A União das Adegas Cooperativas do Dão No que respeita à UDACA, a direcção actual assumiu os destinos da mesma em Maio de 2007. A situação que encontramos também não foi aquela que esperávamos. Deparamo-nos com uma situação económica e financeira muito grave, que carecia de medidas drásticas para conseguir dar a volta a um problema que tudo indicava seria a insolvência. Essas medidas passaram pela reestruturação e negociação da dívida a bancos e a fornecedores, com planos de pagamento viáveis, análise real da situação de mercado e definição de uma estratégia para o futuro que desse sustentabilidade à empresa, dado que a notoriedade da marca também tinha sido em parte perdida. Passou também pela reavaliação do património imobiliário e consequente melhoria da situação de Balanço e dos rácios financeiros, para que tornasse credível essa sustentabilidade face ao futuro. A estratégia definida passou por um conjunto de políticas e objectivos sectoriais que se resumem: • Uma aposta nos mercados internacionais como forma de conseguir melhores margens de comercialização e expansão mais rápida, dados os constrangimentos sentidos no mercado nacional, quer pela concorrência feroz, quer pela situação económica e financeira que se adivinhava;

• Uma aposta na qualidade dos vinhos produzidos, fruto do contributo das Adegas associadas e do seu departamento de Enologia, para que, participando em Concursos Nacionais e Internacionais (principalmente estes), se desse notoriedade à marca UDACA, facilitando dessa forma a conquista daqueles mercados; • Uma aposta na credibilidade da gestão, face aos nossos parceiros: Bancos, Fornecedores, Clientes e outras entidades; • Uma aposta na União das Adegas. É que o projecto que presidiu à constituição da UDACA foi-se degenerando ao longo dos tempos, assim como o processo de fusão tentado não resultou por falta de meios financeiros para o projecto e por falta de ajudas no âmbito do ProDeR. A aposta no crescimento da UDACA e, por essa forma, absorvendo progressivamente mais vinhos das suas Adegas Associadas, foi uma forma de caminharmos para a desejada UNIÃO. O pagamento atempado e devidamente acordado com as Adegas e o preço justo negociado e estabelecido entre todos, foi também uma forma de consolidarmos a UNIÂO. Exemplos concretos são as participações conjuntas em eventos levados a cabo e a criação de uma marca INVULGAR, fruto da participação de todos os enólogos das adegas, com coordenação do enólogo da UDACA, resultando num produto de excelência. Hoje pensamos estar no caminho certo! Para comprovar isso, basta apenas referir: um crescimento em 4 anos de 57,6% no volume de negócios e uma composição do volume de negócio, passando por 69% nos mercados internacionais e 31% no mercado nacional.

As Adegas Associadas Infelizmente foram-se perdendo algumas Adegas associadas da UDACA, por razões diversas e sobejamente conhecidas: Tondela, Nogueira do Cravo, Nelas e recentemente Santa Comba Dão, neste caso não pelas mesmas razões das anteriores, mas por se ter afastado dos princípios definidos pelo Código Cooperativo e pelos regulamentos que estabelecem as relações entre as Adegas e a UDACA. Fazem parte da UDACA e compõem o sector cooperativo, as Adegas de Ervedal da Beira, Mangualde, Penalva do Castelo, São Paio, Silgueiros e Vila Nova de Tazem. Se bem que com capacidades e dimensões distintas, apenas queremos referir que estão todas de boa saúde e que continuam a ter um papel primordial na Economia Social nas áreas geográficas da sua influência. O “mau tempo” do Sector Cooperativo pensamos todos que já passou!

A qualidade dos vinhos das Cooperativas A imagem que se pretende passar de que vinho de cooperativas igual a vinho de pouca qualidade é completamente distorcida da realidade e interessa que ela seja passada dessa forma. As pessoas esquecem-se que as Cooperativas foram durante muito tempo as fornecedoras de grandes marcas do mercado, que construíram a sua notoriedade, com base nos vinhos adquiridos ao sector cooperativo a granel, dado que ou não tinham produção própria ou a que tinham não era suficiente para as suas necessidades. Grandes marcas com a referência “DÃO” foram construídas daquela forma. Isto para dizer que hoje, depois de anos de reestruturação das vinhas, de aposta na qualidade, de remuneração aos viticultores/ cooperantes com base na qualidade e nas castas e com base nas tecnologias que foram sendo adquiridas para equipar os laboratórios das Adegas, os vinhos produzidos pelo sector cooperativo ombreiam com os melhores que se produzem na Região do Dão, em Portugal e no estrangeiro, não fora as castas Touriga Nacional, nos tintos, e o Encruzado, nos brancos, aquelas que nos distinguem dos outros e que produzimos em quantidades substanciais. Para além de tudo, hoje o sector cooperativo orgulha-se de ter uma equipa de técnicos especializados na enologia, das melhores do país! Finalmente: ESTEJAMOS TODOS ATENTOS AOS PRÉMIOS E DISTINÇÕES QUE OS VINHOS DO SETOR COOPERATIVO DO DÃO TEM CONQUISTADO NOS CONCURSOS NACIONAIS E NOS MAIS IMPORTANTES INTERNACIONAIS. Falta-nos apenas conquistar um “MELHOR VINHO MUNDIAL”. Depois disso ninguém segura o SETOR COOPERATIVO! www.gazetarural.com

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O desafio dos próximos 10 anos

A Gazeta Rural, uma publicação de prestígio sobre questões da agricultura portuguesa, pede-me uma análise sobre o que foi a agricultura portuguesa nos últimos 10 anos e aquilo que estimo que seja nos próximos 10. É uma tarefa de risco que assumo com todo o prazer. A primeira parte do desafio é relativamente fácil. Basta fazer uma pequena investigação nos relatórios elaborados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística e encontra-se facilmente o cenário daquilo que foi a última década agrícola em Portugal. A percentagem dos agricultores portugueses sem qualquer instrução diminuiu significativamente (47% para 29%), a dimensão média das explorações aumentou, de 6,7 ha para 11,4 ha, os agricultores cujo rendimento depende exclusivamente da exploração agrícola também aumentou, de 7% para 11%. Tudo isto são (foram) boas notícias, mas será que a realidade agrícola portuguesa mudou assim tanto nos últimos 10 anos? A resposta a esta pergunta é essencial para preparar a próxima década da agricultura nacional. E a resposta é: sim, mudou. Mas mudou mais a forma do que o conteúdo. Isto é, mudou mais a percepção que as pessoas, a sociedade e os “media” tinham da agricultura, do que a realidade mais profunda do sector, ao nível económico e social. Hoje, a agricultura está na moda. Uns dizem que isso acontece por causa da crise. Outros por causa do interesse que subitamente a comunicação social começou a dedicar ao sector. Uma causa e outra estão umbilicalmente ligadas. Muitos jovens agricultores olharam para a agricultura como 10

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a fonte de todas as soluções: da perda de emprego à baixa de rendimentos. Os nossos políticos, por seu lado, anunciaram a agricultura como o pilar fundamental da nossa economia. A questão central é que os problemas de fundo mantêm-se. Um exemplo: há dias, milhares de jovens agricultores foram confrontados com a suspensão das candidaturas ao ProDeR, que está no seu último ano de execução. A medida apanhou todos de surpresa, até porque governantes com responsabilidade no sector tinham afirmado o contrário. Este é um paradigma que tem de ser mudado. A agricultura e os agricultores não podem viver na incerteza. É por isso que tem de ser definido, pelos partidos de poder, um quadro estável de duas legislaturas (8 anos) sobre como deve funcionar a nossa agricultura. Deixo aqui o meu contributo para a agricultura portuguesa dos próximos 10 anos. Temos de implementar um sistema de ajudas ao investimento que privilegie quem trate a agricultura como um negócio, criando valor e emprego, e não como um mero hobby. Essa diferenciação é crucial. Ela permitirá fazer uma triagem desses apoios, com benefícios para quem faça agricultura de mercado, para quem invista na aquisição de competências e conhecimento. Esta deve ser uma alteração fundamental dos próximos 10 anos. Os actores políticos devem reflectir sobre a necessidade de apoiar (estamos a falar de recursos públicos, limitados e de todos, pelo que a sua gestão rigorosa é obrigatória) quem quer assumir o seu perfil e vocação de agricultor, constituindo a sua própria empresa, com capitais próprios e fundo de maneiro. Esse é um sinal incontornável sobre o novo modelo agrícola que é preciso construir para os próximos 10 anos. Um modelo que terá de estimular o arranque efectivo da Bolsa de Terras, através de uma maior participação empresarial; o reforço do sector associativo, mais forte e organizado; um Ministério da Agricultura que seja fonte dos melhores quadros técnicos e que possa ir ao mercado contratá-los. Uma boa parte destas premissas deve ser assumida e plasmada em propostas pelo GPP (Gabinete de Planeamento e Políticas), caracterizando o que existe e lançando as bases de um novo modelo, com objectivos concretos. Temos fazer com que os apoios públicos ao investimento sejam efectivamente reproduzidos na agricultura nacional. Isso só se consegue com uma alteração de um modelo baseado numa ideia sociológica para um modelo de mercado. Estou convencido de que só assim poderemos ambicionar obter um PIB agrícola que atinja os 10% do PIB nacional. Esse é o desafio que se coloca nos próximos 10 anos a todos os agentes que trabalham no sector agrícola. Espero dar o meu contributo para atingir esse desiderato.

José Martino (empresário e consultor agrícola) Josemartino.blogspot.pt


OPINIÃO

10 anos é muito tempo....! Os últimos dez anos não foram fáceis para os produtos e para os produtores tradicionais portugueses! Tal como nos últimos 20, 30 ou … tantos mais anos! Apesar da sua qualidade e tipicidade – que a frase seguinte bem resume: “Os produtos tradicionais portugueses têm forçosamente que ter qualidade. Se a não tivessem, há muito tempo que teriam desaparecido do mercado”. O que é facto é que não têm a vida nada facilitada. Os últimos 10 anos então têm sido bem difíceis! Não se aproveitaram devidamente as derrogações previstas na legislação comunitária e que bem podiam ter sido aproveitadas para permitir a manutenção dos espaços e dos locais tradicionais de produção. Em vez disso, todos nos lembramos da sanha persecutória contra os pequenos produtores que atingiu o pleno em 2006/2007 e 2008, a célebre guerra de certos corpos inspectivos contra a “colher de pau” - mais tarde ingloriamente desmentida a primeira e tacitamente aceite a segunda, a fúria contra os mercados de proximidade e contra os produtores locais e tantos outros desmandos…. Mas a verdade é que desapareceram muitos produtos, muitos produtores foram obrigados a fazer investimentos dispensáveis e vultuosos em instalações e equipamentos, ainda por cima atentatórios do património e da tipicidade e que noutros países da Europa não foram tornados obrigatórios, com grande júbilo de produtores e consumidores! Mas, entretanto, e com o tempo ocupado com estas minudências, não foram fiscalizados devidamente os mercados nem o abuso da posição dominante de muitos contratos com pequenos produtores. Mas para estes as licenças, os registos, as burocracias, as inscrições como “entrepostos alfandegários”… lá foram aumentando! O mercado crescente dos produtos com DOP ou com IGP tem vindo sistematicamente a decrescer face ao desapoio dos serviços oficiais, ao esmorecimento dos agrupamentos, à pouca ou nenhuma fiscalização no mercado e aos excessos dos custos de “certificação” que parecem não ser regulados por ninguém, nem obedecer a planos de controlo razoáveis. E os processos “jazem em sossego” nas gavetas sem que quem deveria fazê-los andar se rale muito! Mas os nossos produtores são bravos e não parecem querer desistir! Digo eu, e eles demonstram que os produtos tradicionais portugueses transportam para o futuro o que de melhor tem o passado. E pode ser que nos próximos dez anos, sendo este o ano da Agricultura Familiar, se perceba que os tradicionais são, maiori-

tariamente, fruto de tal agricultura… e que fazem bem à saúde de quem os come! E que portanto mereceriam melhor e mais atento olhar! Mereceriam um quadro mais definidor que esclarecesse de uma vez por todas o que é um produto tradicional! Que os apoiasse, fiscalizando a concorrência desleal que lhes é feita em todo o tipo de mercados, incluindo os locais! Que os promovesse nacional e internacionalmente, tendo em conta a sua qualidade e não a sua quantidade! Que os louvasse, face à capacidade de atracção turística e à criação de emprego estável! Que os “medalhasse” pelo seu trabalho contra o despovoamento e contra os fogos florestais! “Que os “doutorasse” face à preservação do nosso Património Cultural material e imaterial! E então sim… podíamos considerar que os tradicionais teriam nos próximos 10 anos um futuro mas feliz e proveitoso para todos nós! Ana Soeiro Secretária geral da QUALIFICA

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O sector florestal - passado, presente e futuro Há dez anos, o país ainda fazia o rescaldo de um verão singular de incêndios florestais, que trouxe para a sociedade civil o debate sobre a floresta portuguesa e os problemas que a afetam. Sucederam-se mesas redondas, seminários e colóquios que procuraram encontrar explicações e apontar soluções para debelar o flagelo dos incêndios florestais, de longe a principal ameaça à sustentabilidade da nossa floresta. O drama dos incêndios florestais, que desde 2003 afectou mais de 15 por cento do território de Portugal continental, constitui um dos aspetos marcantes do balanço da última década. O aumento da incidência dos problemas fitossanitários, com destaque para o Nemátodo da Madeira do Pinheiro, constitui um outro aspeto que marcou o sector florestal. No meu ponto de vista, os últimos dez anos têm no ano de 2006 uma importante referência, com a aprovação em sede de Conselho de Ministros do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios e da Estratégia Nacional para as Florestas, a qual viria a influenciar a preparação das medidas florestais inscritas no Plano de Desenvolvimento Rural – ProDeR 2007-2013. Com a publicação entre 2006 e 2007 dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, foram criadas as bases para “reformar” a floresta portuguesa. Neste período também importa sinalizar a publicação do diploma habilitante das ZIF – Zonas de Intervenção Florestais em Agosto de 2005, cuja primeira ZIF viria a ser formalmente constituída pela CAULE no final de 2006, abrindo caminho para um processo que no final de 2013 contabilizava mais de 800 mil hectares. Não obstante a abordagem preconizada para o desenvolvimento do sector florestal, o desenho desajustado das medidas florestais do ProDeR e o seu arranque tardio, comprometeram irremediavelmente a capacidade de mobilização dos recursos financeiros pelos agentes do sector. De uma verba inicialmente orçamentada de 441milhões de euros de despesa pública, no final do primeiro semestre deste ano estavam contabilizados 212 milhões de euros de execução financeira. E, neste balanço, importa, sobretudo, sinalizar as dificuldades encontradas pelas ZIF para acederem aos fundos comunitários para projetos de investimento produtivo – melhoria dos ativos florestais e novas arborizações, condicionando aquele que era um dos principais objetivos da política florestal – a agilização da gestão integrada e com escala da pequena propriedade florestal através das ZIF. Mas, no balanço dos últimos dez anos importa, sobretudo, sinalizar a instabilidade institucional que afetou a concretização da linha de rumo preconizada para o fomento de uma política florestal sustentável. Neste período foram várias as estruturações e reestruturações a que os Serviços Florestais foram sujeitos, e que viriam a culminar com a sua extinção administrativa na fusão com o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade determinada pelo actual Governo. Enfim, um processo de liquidação da Administração Florestal do Estado que viria a culminar na originalidade da criação de um departamento governamental que obedece a uma “Tutela bicéfala” de dois Ministérios – Agricultura e Ambiente… Um processo análogo de liquidação sucedeu com a ex-Estação Florestal Nacional, o principal laboratório de investigação florestal do Estado, que tem vindo a definhar ano após ano, cada vez mais descapitalizado de recursos humanos e de capacidade de investigar os problemas que afetam a floresta portuguesa. A concluir este balanço, importa, no entanto, deixar uma nota positiva para o investimento realizado no planeamento florestal,

com a aprovação dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal e dos planos de gestão florestal e também para a certificação florestal, que no final de 2013 compreendia mais de 300 mil hectares de povoamentos florestais com gestão certificada. Num país que deve ter na valorização dos recursos endógenos a sua principal âncora para o desenvolvimento económico e para a coesão territorial, o sector florestal deve assumir um papel central. E, é nesse prisma que encaro o futuro deste sector com optimismo moderado. Apesar dos sinais positivos evidenciados pela industria transformadora de base florestal, materializados no crescimento das exportações de produtos florestais, nomeadamente no segmento da indústria papeleira onde a entrada em funcionamento em 2009 da nova fábrica do Grupo Portucel-Soporcel constitui uma importante alavanca, a produção florestal continua assente num reticulado de centenas de milhares de nano, mini e micro proprietários florestais que não conseguem garantir o nível de sustentabilidade de abastecimento de matéria-prima à industria que é necessário (e exigido) para afirmar Portugal e o sector florestal na economia global, mesmo tendo em consideração o esforço significativo e meritório que foi feito nos últimos dez anos para a certificação da gestão florestal. Assim, ao perspectivar o futuro vejo, como preocupação primordial, o desafio de assegurar a rentabilidade do investimento na floresta. Mesmo no caso do eucalipto, uma cultura de ciclo curto, em que cada rotação ocorre em 10 a 12 anos, o retorno do investimento não está garantido! Mas, há que encarar o futuro com algum optimismo. Em 2015 teremos um novo Programa de Desenvolvimento Rural e uma nova Estratégia Nacional para as Florestas. Conforme foi recentemente anunciado pela Tutela, o sector florestal irá dispor até 2020 de mais 540 milhões de euros de fundos públicos. Este é um dado relevante para encarar o desenvolvimento do sector florestal. Todavia, persiste uma dúvida fundadora – a capacidade das ZIF concretizarem o objectivo da gestão agrupada e com escala da pequena propriedade florestal e, desse modo, inverter o ciclo de desinvestimento florestal. Sem essa capacidade de intervenção das ZIF e sem uma política florestal estável, integradora e com objectivos concretos, a cultura do pinho continuará o processo de marginalização a que tem sido votada nas últimas duas décadas (a valorização económica da resina e da biomassa florestal poderá constituir uma solução regeneradora, mas são intermitentes os sinais que o Governo dá nesse sentido). No mesmo sentido, o sobreiro e a azinheira prosseguirão o caminho do declínio e do consequente abandono e desertificação do território. O eucalipto, por seu turno, irá consolidar (e até reforçar) o seu papel de principal espécie do coberto florestal nacional, dado o risco menor de perda do investimento pelos incêndios e a crescente procura de matéria-prima pela indústria papeleira. O pinheiro manso e, nalguns territórios, também o castanheiro, irão aumentar a sua área em resultado da valorização do fruto, embora sem o mesmo ímpeto a que se assistiu nos anos mais recentes em resultado da aplicação das políticas comunitárias de florestação de terras agrícolas. Em suma, sem a mitigação dos riscos que incidem sobre a floresta portuguesa, sem a consolidação do movimento associativo florestal no terreno, sem um regime fiscal ajustado à realidade da produção florestal (e dos proprietários florestais), sem a valorização dos serviços prestados pelos espaços florestais e, sobretudo, sem uma política florestal estável e uma Administração Florestal forte e bem implantada no território, a perspectiva de uma evolução positiva e sustentável do sector florestal nacional na próxima década será uma projecção de realidade virtual. Miguel Galante Eng.º Florestal www.gazetarural.com

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“Olival Tradicional – Um futuro a preservar”

O olival tradicional é o mais representativo de Portugal, quer em termos de área, quer em termos de explorações agrícolas, encontrando-se disseminado de norte a sul do País. Nos últimos anos o panorama olivícola nacional tem sofrido alterações profundas, associadas sobretudo às novas plantações de regadio, efectuadas maioritariamente no Alentejo, mas também nas outras regiões do País, continuando mesmo assim o denominado de “olival tradicional”, com idade superior a 30 anos, a ter uma grande representatividade no panorama nacional. Este tipo de olival, para além da sua função produtiva, apresenta também algumas características que deverão ser consideradas como essenciais para a sua manutenção e apoio: a) Diminuição do efeito poluente da agricultura. Grande parte deste olival tradicional é conduzido com muitos poucos inputs externos à exploração, nomeadamente com o uso reduzido dos fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos; b) Extensificação e/ou manutenção dos sistemas agrícolas tradicionais extensivos. Este tipo de olivais é conduzido na sua quase totalidade em regime extensivo de sequeiro, segundo práticas tradicionais de agricultura, contribuindo para a manutenção do “mosaico” agrícola na paisagem portuguesa, caracterizada pela sua heterogeneidade de culturas agrícolas praticadas; c) Conservação dos recursos e da paisagem rural. Estes olivais são sobretudo caracterizados por apresentarem cultivares tradicionais, muitas delas hoje em dia praticamente inexistentes 14

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nas novas plantações, pelo que apresentam um enorme potencial genético que urge preservar. São ainda uma característica intrínseca da paisagem rural portuguesa. Este tipo de olivais, encontram-se hoje ameaçados a nível da sua sustentabilidade, pois apresentam grandes custos de produção, sobretudo no que concerne à forte limitação de mecanização, mas também por se encontrarem em regime de sequeiro, estão condicionados a baixas produtividades e a fenómenos de safra e contra-safra mais ou menos acentuados, pelo que estes factores aliados aos preços que o azeite tem neste momento representam uma forte ameaça à “sobrevivência” destes olivais, podendo mesmo levar ao seu abandono, com graves consequências a nível social e ambiental de muitas regiões do interior de Portugal. As denominações de origem protegida assentam sobretudo as suas bases neste tipo de olivais, quer pela sua grande representatividade em termos de área, mas sobretudo por preservarem as cultivares regionais, o que aliadas às características edafoclimáticas das regiões onde se encontram inseridos se traduzem na identidade única e singular dos azeites produzidos sob esta denominação. Contudo, as denominações de origem protegida por diversas vicissitudes, mas sobretudo pelo seu fraco conhecimento por parte do consumidor, têm ainda muito pouca representatividade nacional, pelo que não poderão elas ser o único sustento do olival tradicional. A região de Trás-os-Montes é a segunda região produtora nacional, hoje em dia com uma produção bastante distante do Alentejo, mas há uns anos atrás bastante próxima, ainda que com significativamente menor área de olival. Nesta região, preservou-se e potenciou-se a plantação das cultivares autóctones (cobrançosa, verdeal transmontana e madural), ainda que uma delas, a cobrançosa, representa mais de 60% da área de novas plantações. A região possui ainda uma estrutura fundiária caracterizada sobretudo por pequenas explorações (< 2 ha), o que motiva custos elevados de exploração, sobretudo pela difícil mecanização das operações. Outro aspecto a ter ainda em conta é que a grande maioria do olival regional, mesmo o referente às novas plantações, é explorado em sistema de sequeiro, advindo daí constrangimentos a nível da produção. O futuro do olival transmontano terá que obrigatoriamente passar pela obtenção de azeites de qualidade superior, com características organolépticas que lhe permitam ser diferenciado dos demais azeites. Deverá ser ainda ser associada a este tipo de olival uma valorização diferenciadora, atendendo ao seu potencial genético (diferentes cultivares), à diversidade biológica existente no olival e ao seu contributo socioeconómico. Os azeites comercializados sob a menção DOP “Azeite de Trás-os-Montes” são “marca” diferenciadora que os azeites desta região apresentam sob os demais, sendo que neste momento e, em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, está a ser desenvolvido trabalho no sentido de ser definida uma Denominação de Origem Protegida para o “Azeite do Douro”, como forma de potenciar e valorizar os azeites produzidos dentro desta região, património mundial da humanidade.

Francisco Pavão Olivicultor Transmontano


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Uma década ao serviço do mundo rural

Associo-me, com prazer, à sinalização da passagem do 10º aniversário da “Gazeta Rural”. Uma década, consoante as perspectivas, pode ser muito ou pouco tempo. É muito tempo para a vida de uma publicação deste tipo, dadas as dificuldades que a imprensa tem conhecido nos últimos anos. Notável mesmo, se tivermos em conta que se trata de um órgão de comunicação social centrado na problemática difícil da ruralidade, num mundo que se urbaniza aceleradamente. Felicito por isso a sua direcção e todos os colaboradores que, ao longo de uma década, tornaram possível a sua regular publicação, com a qualidade que os seus leitores reconhecem. Dez anos será, contudo, pouco tempo, se tivermos em conta os ciclos da natureza, por norma lentos, onde a actividade agrícola, base de sustentação do mundo rural, se desenvolve. A década que coincide com a vida da “Gazeta” foi a da consolidação da integração da agricultura portuguesa na agricultura comunitária. Um processo heróico e penoso que a realidade actual comprova que os agricultores venceram. Costumo comparar a adesão da nossa agricultura na Europa a uma corrida de automóveis, em que os nossos competidores conduziam “Ferraris” e nós “Fiat Pandas”. Contudo, conseguimos não só aguentar a corrida como até encurtar a distância. O último decénio, graças a uma certa continuidade das políticas e aos apoios da PAC, permitiu consideráveis avanços em sectores como o vinho, as frutas e legumes, o leite, o tomate para indústria ou o azeite, por exemplo. Estes progressos contribuíram para a manutenção da ocupação dos territórios rurais e resistir con-

tra a desertificação. Os próximos dez anos, pese embora as dificuldades que Portugal atravessa, são do meu ponto de vista esperançosos. Uma nova PAC, que enquanto deputado europeu ajudei a construir, entrou parcialmente em vigor, e garante um conjunto de regras estáveis e de meios financeiros consideráveis, mais de 8 mil milhões de euros, até 2020. A nova PAC, como a generalidade do sector agrícola reconhece, é a mais favorável de sempre a Portugal, pela introdução de novos instrumentos e condições. Destaco o “greening”, a discriminação positiva dos pequenos agricultores, o alargamento dos pagamentos por hectare a todas as culturas, o regime dos jovens agricultores, a continuidade dos apoios ao investimento nas explorações, na agro-indústria, nas florestas e em infra-estruturas, incluindo o regadio, a convergência dos apoios ente Estados-membros e, dentro destes, entre os agricultores. A nova PAC, que contém praticamente todos os apoios de que agricultura portuguesa beneficiará no futuro próximo, é a política agrícola mais “verde” e mais equitativa que a UE conheceu ao longo da sua história de mais de 50 anos. A “Gazeta Rural” terá, assim, na vertente agrícola, motivos de interesse suficientes para lhe garantir e reforçar, num futuro que desejo muito longo, o sucesso que conheceu na década de vida que agora comemora. Luís Capoulas Santos

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Saber donde se vem e para onde se vai! Os últimos dez anos foram verdadeiramente ciclópicos para o universo gastronómico português, quase valendo por cem. Não estávamos tão mal quanto se pensa ou ouve hoje dizer, mas o nosso acordar para os novos tempos tardou em chegar. Ao mesmo tempo, os chefs e os restaurantes que saltaram para a ribalta nessa altura parecem-nos hoje ser de sempre. Uso como caso mais gritante o do restaurante DOP, o primeiríssimo a propor uma mesa de luxo sobre o rio Douro, com uma cozinha em sintonia com a tendência emergente da cozinha de raízes e proximidade. Depois desse, o superchef e superempresário Rui Paula abriu o DOP no Porto, o Rui Paula no Vidago Palace e acaba de abrir o novo espaço de Leça da Palmeira, onde era a Casa de Chá da Boa Nova, um projecto arquitectónico de Siza Vieira que se salvou da ruína. Tudo isto aconteceu de 2007 para cá apenas. Foi fundador de uma nova forma de estar e servir Miguel Castro e Silva, hoje radicado em Lisboa. Começou mais tarde do que é normal, mas iniciou uma senda lúcida que deixará marcas para sempre na cozinha portuguesa, por um lado pelo trabalho significativo de levantamento de património nacional de ervas aromáticas e respectiva utilidade culinária, por outro pela introdução da tecnologia de vácuo em Portugal. Duas coisas indispensáveis hoje - ervas aromáticas e vácuo - praticamente inexistentes há 10 anos. Vítor Sobral, Joaquim Figueiredo e Fausto Airoldi completam o leque dos grandes fundadores da nova cozinha, curiosamente todos eles com projectos sólidos fora de Portugal. Sobral mantém-se firme, contudo, em Portugal. Desenvolvemos o nosso próprio “star system”, nivelando com as tendências internacionais, o que não é necessariamente mau, se soubermos preservar as nossas características e tradições. Gosto de saber que nomes como Ricardo Costa (Yeatman, Gaia), Vítor Matos (Casa da Calçada, Amarante), José Avillez (Belcanto, Lisboa) e Miguel Laffan (L’And Resort, Montemor-o-Novo) alcançaram o galardão da estrela Michelin e, mais, de ir aos seus restaurantes e isso ser um prazer para os sentidos. Não concordo que se trabalhe para chegar à estrela, mas é reconfortante saber que o crivo internacional entende os nossos autores, reconhecendo-lhes méritos. No fundo, trabalhar diariamente de acordo com princípios importantes e duradouros, sobre o reduto inefável da proximidade. Juntamente com a cozinha de raízes, é a caminho mais genuíno a seguir ao longo da próxima década. Trata-se de conhecer os produtos locais e aplicar-lhe talento e técnica. Desde o porco bísaro transmontano até à lagosta de Sagres, passando pela profusão de carnes, peixes, queijos e legumes absolutamente locais e de grande qualidade que está hoje disponível - e a clamar por conhecimento e atenção, acrescente-se -, cami-

nho é coisa que não falta. Espero que nunca desapareçam as pequenas casas que nos oferecem as grandes receitas portuguesas de sempre, tantas vezes criando os seus próprios produtos, da capoeira à horta. Gosto de encontrar os jovens cozinheiros sentados a estas mesas, absorvendo a que é a verdadeira cultura gastronómica regional de Portugal. Por muita tecno-emoção, requinte de sala e complexidade culinária que se queira introduzir, é por aqui que teremos de ir. E é por aqui também que nos diferenciaremos do resto do mundo.

Fernando Melo Crítico de Vinhos e Comida

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No próximo dia 8 de Agosto

Adega do Fundão comemora 65 anos e apresenta novos vinhos GR: Quando olha para trás o que vê? AN: Diria que a Adega evoluiu muito nos últimos anos, nomeadamente desde a última década do século XX, em todos os parâmetros, quer em qualidade, quer em quantidade. Evoluímos no número de clientes e ao nível das exportações também. Neste momento, temos um problema complicado que se prende com as dificuldades de cobrar nalguns clientes, o que torna a gestão do dia-a-dia, por vezes, complicada. GR: O mercado está a mexer outra vez? AN: Poderei dizer-lhe que, para nós, o mercado nacional se tem mantido estável. Nas exportações o ano passado crescemos cerca de 15%.

morar os 65 anos e apresenta novos vinhos? Albertino Nunes (AN): Precisamente. Temos andado a protelar as comemorações do 65º aniversário por diversas razões, nomeadamente a emissão de rótulos alusivos a essa comemoração e na escolha de um vinho especial para essa altura. Queremos aproveitar a efeméride para apresentar ao mercado alguns vinhos premiados, mas também o lançamento de um novo e a reformulação de alguns rótulos, nomeadamente do “Cova da Beira” e do “Alcambar”, no âmbito de um projecto de internacionalização, que foi contemplado. Não vamos fazer uma grande festa, mas vamos receber bem os convidados e os Gazeta Rural (GR): No próximo nossos associados, com um lanche regadia 8 de Agosto, a Adega vai come- do com os nossos vinhos. A Adega Cooperativa do Fundão vai comemorar o seu 65º aniversário, a 8 de Agosto, numa festa que vai juntar dirigentes, associados e convidados. A ocasião vai ser aproveitada para o lançamento de um vinho alusivo à efeméride, assim como dar a conhecer os novos rótulos de algumas marcas da Adega e outros néctares premiados. À Gazeta Rural, o presidente da Cooperativa lembra a evolução da adega nas duas últimas décadas, salientando o crescimento das vendas no último ano. Albertino Nunes traça, todavia, um quadro cinzento sobre o futuro, lamentando os preços que estão a ser praticados, nomeadamente na venda de vinhos a granel.

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GR: Isso reflecte-se nos associados? AN: Há uma maneira muito engraçada de explicar. São precisos, na prática, três quilos de uvas para fazer dois litros de vinho. Pergunto, se as pessoas sabem quanto custa, em média, um litro de vinho? Vende-se o bag-in-box de cinco litros a cerca de 4 euros. Agora, tirando a caixa, os tratamentos, a mão-de-obra e outras despesas associadas, será fácil de perceber quanto fica para os pobres dos agricultores, que cada vez são menos, por via de algumas situações complicadas que todos conhecemos. GR: A Adega como está em termos económicos? AN: O relatório e contas foi aprovado em Assembleia-geral, em fins de Março, com o parecer favorável do Conselho Fiscal, e diz que a situação da Adega é estável. GR: Como vê a próxima campanha? AN: Por aquilo que ouço e pelos preços do vinho que estão a ser praticados a granel, nomeadamente a nível internacional, acho que isto vai morrer a curto prazo. É mais um factor de destabilização dos agricultores. No entanto, vamos resistindo. Acredito que haverá dias melhores.


Almeida Henriques em entrevista à Gazeta Rural

“Vai demorar dois a três anos até a reposicionarmos a Feira de S. Mateus no segmento que queremos”

A realização da Feira de S. Mateus, que vai decorrer de 8 de Agosto a 14 de Setembro, foi o mote para a conversa com António Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu. Uma feira renovada, mas que só daqui a dois a três anos terá o posicionalmente que o autarca pretende para o maior certame que se realiza na região e que atrai cerca de um milhão de pessoas. Almeida Henriques vai inaugurar o certame, juntamente com outros autarcas da região, num acto simbólico, mas que se insere no novo posicionamentos da autarquia viseense, nos diferentes aspectos, em relação à região que a envolve. Aspecto de particular importância é o facto do Vinho do Dão assumir no certame um papel central, o de ‘vinho oficial’. Nesta conversa, o autarca viseense lança também um olhar sobre as freguesias e o meio rural. O efeito “vereador para as Freguesias e Desenvolvimento Rural” é para levar a sério. “Não queremos que mais pessoas saiam das freguesias rurais para virem viver para a cidade”, diz Almeida Henriques. Gazeta Rural (GR): “Viseu, Cidade, Região” é o novo posicionamento de Viseu, assumido desde que tomou posse. O que pretende com isto?

fomos o primeiro município, neste novo ciclo, que assumiu claramente ter um vereador para as Freguesias e para o Desenvolvimento Rural. Sei que outros municípios entretanto já seguiram essa filosofia. Agora, a designação do vereador não foi porque era bonito colocar lá o ‘desenvolvimento rural’, mas com a assunção de uma prioridade. Se criticamos as assimetrias existentes no país, também temos que estar atentos às assimetrias que temos dentro do nosso território. A existência de um vereador dedicado às questões do desenvolvimento rural visa também esbater as assimetrias entre as freguesias mais distantes, de caris mais rural. No fundo ter uma estratégia que possa aproximar essas freguesias da sede do concelho, da própria cidade, e ao mesmo tempo promover o seu desenvolvimento para a fixação das pessoas. A base da nossa estratégia para o desenvolvimento rural passa primeiro por uma assunção: não queremos que mais pessoas saiam das freguesias rurais para vir viver para a cidade. Queremos que, cada vez mais, as pessoas se fixem no local onde viAntónio Almeida Henriques (AAH): vem, até para evitar a desertificação. Este é o posicionamento que resulta do pro“Se não criarmos valor grama que apresentámos para este novo ciclo. Viseu, hoje, não pode viver fechado dentro nas freguesias não conseguimos das fronteiras do concelho. Viseu é muito mais fixar pessoas” que isso. É uma cidade/região que interage GR: De que forma o vai conseguir? não só com os concelhos à volta, mas tamAAH: Em primeiro lugar facilitando bém com o Douro. Viseu está posicionada no contexto da região Centro, mas não deixa de acessibilidade das pessoas. Estamos a ter uma relação, também, privilegiada com o trabalhar para melhorar cada vez mais os transportes públicos, para que as pessoas Porto. possam chegar mais facilmente a cidade. Estamos a equacionar um transporte para o GR: Porquê? AAH: Porque Viseu se posiciona nos fim-de-semana e para a noite, que permidiferentes sectores. A economia tem um ta às pessoas não sentirem esta diferença aspeto central na nossa estratégia: Econo- de viverem na cidade ou fora dela. Passa mia é indústria, é comércio, é agricultura, é também por um incentivo à reabilitação das pecuária e é floresta. Desse ponto de vista, suas casas na aldeia. Muitas vezes as pesesta interacção faz todo sentido, pois Viseu soas optam por viver na cidade, num bloco posiciona-se exactamente nesta lógica re- de apartamentos, quando tem boas casas gional e não de pensar só nas 100 mil pes- na aldeia. Quando definimos que a coesão soas que vivem no concelho. Hoje posicio- territorial eram as aldeias e o centro hisnamos para uma área de influência de meio tórico, tem muito a ver com esta lógica da reabilitação urbana. milhão de pessoas. Por outro lado, estamos muito empenhaGR: Há uma outra viragem, mais dos na dinamização da economia em meio centrada no sector primário do con- rural. E não estamos só a pensar na agrocelho. Essa estratégia pode também -indústria, na agricultura, na pecuária e na alavancar os produtos de excelência floresta. Por um lado, estamos a procurar em cada uma das freguesias ir buscar às suas oridesta região? AAH: Antes de mais há que referir que gens a especialização que ela tem. Se olharmos para a freguesia de Cota estamos a falar www.gazetarural.com

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mais de floresta e agricultura. Se formos para São Pedro de France e Cavernães já podemos pensar mais numa logica de desenvolvimento da pecuária. A nossa perspectiva é conseguirmos, em cada um das freguesias, procurar aquilo que as distingue e os seus sectores mais tradicionais, não deixando de criar dinâmicas que permitam fixar novos povoadores, novos empreendedores no sector das tecnologias, no comércio ou na indústria. Se não criarmos valor nas freguesias não conseguimos fixar pessoas. A nossa prioridade é criar valor e, para isso, criar estruturas. Estamos, neste momento, a desenvolver uma rede de empreendedorismo de base rural, que vai ser um dos programas fortes que estamos a preparar para o próximo quadro comunitário de apoio, que visa inclusivamente criar espaços físicos do apoio à actividade no meio rural, tipo incubadoras ou ninhos de empresas, onde o empresário, ao fixar-se naquela freguesia rural, terá ali um centro de apoio para o ajudar a preparar candidaturas a fundos comunitários, na organização contabilística e na procura de mercados. Poderemos chegar ao ponto, e é uma hipótese que estamos a equacionar, de nalguns destes pontos ter alfaias agrícolas que possam ser usufruídas colectivamente pelos vários agricultores da freguesia ou de um conjunto de freguesias. Estas incubadoras poderão ser instaladas em escolas desactivadas, em casas de cantoneiros, ou noutros edifícios que não tenham utilização, e criar uma rede onde fisicamente as pessoas se sintam apoiadas, até para ter a sede da sua empresa, de uma forma apoiada mas alicerçada numa equipa de técnicos que possam ajudar estas pessoas a dinamizar a economia. Há claramente uma assunção do meio rural como uma prioridade do Município para os próximos anos, para a próxima década, mas que não tem de ser forçosamente assente na agricultura, na pecuária ou na floresta. Pode ser assente noutros sectores, porque hoje as tecnologias de informação permitem isso. Uma empresa de programação pode instalar-se no meio rural. Temos uma negociação em curso, que poderá permitir que um centro de formação internacional se venha instalar em Viseu. Se isso acontecer, a nossa escolha vai recair numa freguesia rural. GR: Esse desenvolvimento passa também pelo turismo. Sendo Viseu uma cidade que recebe muitos visitantes, é preciso levá-los a conhecer o que de melhor temos no meio rural, onde há inúmeros polos de interesse. Potenciar isso é , também, uma aposta no que de melhor o meio rural do concelho tem? AAH: Viseu nunca se posicionará no sector do turismo de massas. Não tem ca-

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racterísticas para isso, nem nós queremos. Viseu tem que se posicionar num turismo de experiências, de histórias, de património, físico e imaterial, proporcionando a quem nos visita vivências diferentes das que teria noutros locais. Obviamente que o mundo rural encaixa-se neste posicionamento que nem uma luva, não só pelo património que temos, espalhado pelas várias freguesias, mas também pelas nossas paisagens. Por exemplo, Viseu tem uma rota de circuitos pedestres muito interessante, com passagem por sítios fantásticos, que permitem o contacto com a natureza, com o património e com os nossos produtos. Aliás, temos produtos de excelência, desde a fruticultura, passando pelo queijo, pelos nossos enchidos e pelo vinho do Dão, que é claramente uma das nossas mais-valias. Há um conjunto de factores de diferenciação que Viseu tem em relação a outros territórios, que também são um fator que nos permite fixar as pessoas. A questão não é só captar turistas, mas fixá-los o maior número de dias. GR: Qual é posicionamento da autarquia em relação à Estação Agrária de Viseu? AAH: Criamos uma rede informal com tudo o que mexe no território no domínio do setor primário. A Estação Agrária é claramente uma mais-valia e nós precisamos de ter técnicos especializados que ajudem a suportar esta estratégia que estamos a desenvolver e Viseu quer ser o concelho modelo do ponto de vista da aposta no desenvolvimento rural. Esta aposta faz-se com a Estação Agrária, com uma boa parceria com a Escola Superior Agrária de Viseu, faz-se com outros parceiros que estão no terreno, com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Por exemplo, a abertura do Gabinete de Apoio ao Agricultor é feita com a CAP e com a Associação de Criadores de Gado da Beira Alta e está instalado no Mercado 2 de Maio. O trabalho em rede é uma filosofia nova.

Em vez de ser o município a criar as estruturas, alicerça-se em quem conhece o terreno para o poder fazer. GR: Essa filosofia é implementada nos vários eventos que a autarquia está a promover? AAH: Quando falamos nesta lógica de parcerias, falamos também nas dinâmicas que estamos a procurar criar. Com o Mercado de Lavradores não pretendemos só ter um mercado na cidade, mas sim ter alguns nas freguesias rurais. Criar uma rede, num conjunto de datas ao longo do ano, que permita aos habitantes desta área de influência de meio milhão de pessoas, com que Viseu interage, saber que em determinados dias do mês pode comprar produtos de qualidade e com melhor preço, directamente do produtor. As feiras de lavradores têm esse objetivo. A dinamização do nosso Mercado Municipal tem como objetivo sensibilizar as pessoas para a compra direta ao produtor, pela qualidade e também pelo preço. Aliás, temos vindo a fazer um grande esforço para habituar as pessoas a voltarem a fazer compras no Mercado Municipal. O Viseu Prove Dão Lafões, em articulação com a Comunidade Intermunicipal, foi um grande evento de promoção dos produtos endógenos, da nossa gastronomia e dos nossos vinhos. GR: É nesse novo olhar para o sector primário que se insere a recuperação da Agrobeiras? AAH: Está nos nossos planos recuperar a Agrobeiras, um certame que teve lugar há mais de duas décadas. É um dos nossos objetivos fixar um certame, que pode não ser anual, que vá buscar outra vez as nossas raízes rurais, para promover os diferentes sectores de actividade. Para algumas pessoas isto não estará nas competências da autarquia. O que dizemos é que a autarquia tem que estar em todos os


vamos tapar a visibilidade para a Sé. Vamos ter a silhueta da cidade bem presente na Feira de São Mateus. GR: O Viriato vai voltar a ter o seu dia na Feira de S. Mateus? AAH: Sim, o que não acontecia há 85 anos.

GR: O que nunca tinha feito? setores que possam puxar pela economia da AAH: Nunca se tinha assumido. Viseu asregião, sempre na perspectiva de não se querer sume-se como capital vinhateira do Dão, nas substituir a quem está no terreno. diferentes vertentes da sua acção, na própria Dão será o vinho oficial forma como vai decorrer o “Entre Aduelas” na da Feira de S. Mateus Feira de São Mateus. O desafio que lançamos a CVR Dão foi que, ao invés de ter a exposiGR: Por falar em feiras, temos este ano uma Feira de São Mateus renova- ção habitual, vir para fora de portas. O “Entre da. Sentiu que havia necessidade des- Aduelas” vai estar ao ar livre e todos os dias um produtor do Dão vai promover o seu vinho. sa mudança? Portanto, há aqui a assunção de ajudar a proAAH: A Feira de São Mateus ainda não será aquela que eu quero que seja. Estamos moção dos cerca de 200 produtores de vinho a dar os primeiros passos, mas vai demorar na nossa região, assumindo o Dão como o dois a três anos até a reposicionarmos no vinho da Feira de São Mateus e esta é uma segmento que queremos. Neste plano, este atitude completamente diferente. A Feira assumirá outra roupagem do ano vamos fazer um estudo, feito pelo Insponto de vista da iluminação. Reconciliatituto Politécnico de Viseu, sobre o impacto que a Feira de São Mateus tem no terreno, remos as duas margens do rio Pavia, com iluminação na parte aquática. Vamos fazer mas também perceber quem nos visita. Sabemos que o laço afectivo só por si uma abertura apoteótica, com um grande a alimenta, mas nós não queremos que ve- envolvimento de associações locais. A Feira será inaugurada por mim e com nham a Feira de São Mateus só as pessoas outros presidentes de câmara que são que vivem em Viseu ou que, nalgum moparceiros da câmara de Viseu no desenmento da sua vida, tiveram uma boa experiência pela passagem da Feira. Queremos volvimento desta região. É simbólico que fixar o público que habitualmente vai à Feira, inaugure a primeira feira da minha responmas também ir buscar novos públicos. Para sabilidade e opte por fazê-lo com os meus isso vamos fazer uma promoção que leve colegas das diferentes câmaras da Comunias pessoas a virem partilhar novas expe- dade Intermunicipal e de outros municípios riencias à Feira de São Mateus. Há também que interagem diretamente com Viseu. Há, portanto, um reposicionar da feira o retomar das tradições, com uma mostra na feira do artesanato de Viseu e dos con- e também uma estratégia de comunicação diferente, mais interactiva. O pavilhão da celhos limites, na tal perspectiva de Viseu, câmara será completamente diferente, inCidade, Região. Mas há outras coisas tão simples, como teractivo e onde serão feitas perguntas às o reassumir do Dão como aspecto central e pessoas, procurando testar os seus conheque será o vinho oficial, que vai ser servido cimentos sobre Viseu. Vamos ter vários palcos, não só na feira em todas as áreas da restauração instalamas fora dela, e vamos procurar fazer uma lidas na Feira de S. Mateus. As pessoas vão estar a trabalhar vestidas com a identifi- gação entre a feira e a cidade. A cidade não se cação do Dão e os menus terão uma carta pode mudar para o largo da Feira.

GR: Como olha para o sector primário do concelho? AAH: A agricultura voltou a estar na moda, felizmente. Eu acho que as pessoas perceberam que o país não pode crescer, não pode evoluir sem bens transaccionáveis, que vêm da produção industrial. A nossa região tem um forte peso na agroindústria, mas também na produção do setor primário. Há uma cosia que me dá muito gozo, neste momento, que é andar por essas aldeias fora e ver que as pessoas estão a voltar à terra, não só na lógica da agricultura de subsistência, que ajuda a completar o rendimento familiar, tendo acesso a produtos de qualidade, mas também mais jovens agricultores a desenvolverem projectos, alguns já com dimensão. Obviamente, que há um aspeto que é preciso tratar e onde as juntas de freguesias podem ter um papel importante, que é o emparcelamento. Temos que fazer crescer a dimensão da nossa propriedade. Acredito que os bancos de terras possa resultar, mas só se envolvemos as juntas de freguesia nisto, porque tem de ser um trabalho de proximidade.

GR: Nesta edição vamos fazer um balanço do que foi o sector rural na última década. O que espera que Viseu seja daqui a 10 anos? AAH: Gostaria que daqui a 10 anos esta Cidade-Região voltasse a reencontrar a sua vocação agrícola, como um grande sector dinâmico e produtor de valor para fixar pessoas. Porque a fixação destas pessoas dar-se-á nas freguesias, que têm vindo a sofrer a sangria da saída e, portanto, quando mais pessoas conseguirmos fixar, mais coesão conseguimos introduzir. Do ponto de vista do sector primário, espero que daqui a 10 anos, forçosamente, estaremos melhor do que estamos hoje. Isso também implicará um reposicionamento das estruturas, numa lógica de funcionamento em rede e uma maior interacção. Por outro lado idealizo Viseu com mais investimento industrial e este é um reposicionamento da autarquia. Criamos o Gabinete do Investidor, chefiado pelo meu chefe de gabinete, que é transversal para todos os sectores de atividade. Criamos uma espécie de via verde, uma via rápida para o investidor. Estamos a assumir claramente a prioridade da captação de investimento com vinhos da nossa terra, da nossa região. GR: O palco principal vai ficar de e do desenvolvimento da nossa economia Há aqui claramente a assunção de Viseu costas para a Sé de Viseu? por essa via. como capital vinhateira. AAH: Não. Essa é outra opção. Não www.gazetarural.com

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De 16 a 20 Agosto, em Sátão

Santamaria são cabeça de cartaz nas Festas de S. Bernardo Programa: Sábado, 16 de agosto: 21h30 – Espectáculo de Rua A Viagem do Elefante, em frente à Câmara Municipal Domingo, 17 de agosto: 15h00 – Perícia automóvel 19h00 – Festival da Sopa (escola do 1.º Ciclo de Sátão) 22h00 – Festival de Folclore e Música Popular 00h00 – kayene Show Segunda-feira, 18 de agosto: 21h00 – Grupo Omega 22h00 – Leandro 00h00 – Grupo Omega O Sátão vai ter muita animação, de 16 a 20 Agosto, com as tradicionais Festas de S. Bernardo, que oferecem um programa que pretende ir ao encontro dos mais variados gostos. Será apresentado um leque de actividades e artistas para assinalar as Festas, que atraem milhares de visitantes ao certame, dinamizando toda a vila de Sátão. Os Santamaria, que actuarão no dia 20 de Agosto, feriado municipal, são cabeça de cartaz do programa, que conta com o já habitual Festival da Sopa, que terá lugar no domingo, 17 de Agosto, na escola do 1.º Ciclo de Sátão. A entrada no recinto do Largo de S. Bernardo é gratuita.

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Terça-feira, 19 de agosto: 21h00 – Desfile de Moda 22h00 – Banda Republika Quarta-feira, 20 de agosto: 09h00 – Feira anual e concurso de gado 15h00 – Garraiada (largo da antiga Escola Primária de Sátão) 21h00 – MF Music Marcos Frias e Júlia 22h00 – Santamaria 00h00 – MF Music Marcos Frias e Júlia Júlia


Aljubarrota Medieval decorre de 14 a 17 de Agosto

Recriação da Batalha de Aljubarrota é o ponto alto Uma grandiosa recriação da Batalha de Aljubarrota é o ponto alto da “Aljubarrota Medieval”, evento que vai decorrer de 14 a 17 de Agosto, promovido pelo município de Alcobaça. Centenas de participantes oriundos de vários os pontos de Portugal vão recriar, a 16 de Agosto, a batalha que marcou o destino da nacionalidade, garantindo a independência. Durante quatro dias, os visitantes terão a oportunidade de descobrir um pouco mais da História de Portugal, vivendo-a no local que deu o nome à batalha ocorrida há 626 anos no Campo Militar de S. Jorge. As ruas estreitas, que caracterizam Aljubarrota, vestem-se a rigor para recordar os tempos medievais. Aqui, encontra tudo como dantes, como o afamado pão da padeira, queijos, enchidos, mel, compotas, olaria, tecelagem e bordados, cartomantes, tendas árabes, tavernas, muita música e malabarismo. Música, poesia, feiticeiras, cartomantes, banquetes e serões… foram inventadas muitas formas de passar o tempo, no tempo em que o tempo ainda não tinha ponteiros de horas, minutos e segundos.

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Já foram alavancados projectos de mais de 30 milhões de euros

ADDLAP comemorou 20 anos e prepara próximo Quadro Comunitário GR: Tem acentuado a tónica de que a agricultura faz parte do desenvolvimento rural? JPG: Embora a área de actuação da ADDLAP seja um território bastante heterogéneo é, todavia, muito marcado pela ruralidade, que precisa de apoios, que precisa de ser enquadrada e que, ao mesmo tempo, precisa também de ser mais desenvolvida. Mas dizia que, de facto, a agricultura, na maioria dos casos, apoderou-se do que é o desenvolvimento rural. Porém, nós intendemos que desenvolvimento rural é muito mais que agricultura, sendo por isso esta uma parte apenas do que é desenvolvimento rural. Portanto, vemos estes territórios de uma forma abrangente, mais integrada do que é apenas a agricultura.

A Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva (ADDLAP) comemorou 20 anos. João Paulo Gouveia, actual presidente da Associação em representação do município de Viseu, faz um balaço positivo das duas décadas em que a ADDLAP alavancou investimentos que ultrapassaram os 30 milhões de euros, num total de mais 560 projectos aprovados em todos os cinco municípios. João Paulo Gouveia, à Gazeta Rural, diz que a Associação tem que “dar um salto em frente no modelo e nas prioridades da intervenção”. Nesse âmbito, e na preparação do novo Quadro Comunitário, a ADDLAP contratou o gabinete do professor Oliveira das Neves para a apoiar na definição da estratégia 14-20. Gazeta Rural (GR): Que balanço faz dos 20 anos da ADDLAP? 24

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João Paulo Gouveia (JPG): Fazemos um balanço do passado, mas colocam o nosso olhar no futuro. Queremos, efectivamente, dar um salto em frente no modelo e nas prioridades da intervenção. Queremos reforçar a nossa matriz, mas actuando em áreas como a economia e também a área social que é para nós fundamental. Em termos do balanço, ao fim destes 25 anos, nos vários processos do segundo quadro comunitário, a ADDLAP alavancou investimentos que ultrapassaram os 30 milhões de euros, num total de mais 560 projetos aprovados em todos os cinco municípios. Portanto, fazemos um balanço muito positivo. Entendemos que a ADDLAP é um instrumento fundamental para o desenvolvimento e para a coesão territorial.

GR: Que projectos tem previstos a ADDLAP para o próximo quadro comunitário? JPG: Nós contratamos o gabinete do professor Oliveira das Neves para nos apoiar na definição da nossa estratégia 14-20. Não há nenhum projecto em concreto, mas vamos apostar na economia e no desenvolvimento económico destas áreas, dando a muitas delas sustentabilidade, e contribuindo para a coesão territorial. Estamos a estudar a melhor forma de nos enquadramos com o gabinete do professor Oliveira das Neves, estamos a fazer não só o estudo e avaliação daquilo que foi feito, mas estamos a projetar o que vamos fazer e, portanto, a definir a estratégia. Iremos ter muitas reuniões temáticas, com os actores do território, de forma a podermos efetivamente preparar a estratégia 20-20 com muita clareza e com objetividade. Contudo, não nos podemos divorciar da estratégia do país e, por isso, estamos atentos ao acordo de parceria que o governo estabeleceu com Bruxelas. Estamos atentos aos planos estratégicos da Comissão de Coordenação da Região Centro e da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. E, portanto, integrando todos estes planos estratégicos, naturalmente que a ADDLAP se saberá enquadrar de forma a conseguir cumprir a sua função no território.


De 14 a 17 de Agosto

Ovar lança feira agrícola anual para divulgar a raça marinhoa A primeira edição da OVARURAL - Feira Agrícola e da Raça Marinhoa, arranca em Ovar a 14 de agosto, propondo-se promover o sector primário e a qualidade da carne criada nas marinhas locais, mas “praticamente desconhecida” no concelho. Resultando de uma parceria entre a Câmara Municipal e a Cooperativa Agrícola de Ovar, o certame irá decorrer até 17 de agosto na freguesia de Válega e deverá ter periodicidade anual. “O sul do município tem um cariz agrícola e pecuário mais vincado, com um sector leiteiro muito forte, e era tempo de proporcionar aos empresários desta área uma oportunidade de promoverem melhor o seu trabalho e darem a conhecer à generalidade do público a qualidade da raça marinhoa”, declarou o presidente da autarquia, Salvador Malheiro. Manuel Guerra, presidente da Cooperativa, reconheceu que essa estirpe bovina é criada em toda a faixa litoral entre o município vareiro e a Figueira da Foz, mas garantiu que “a raça é genuína das marinhas de Ovar”. “O problema é que, enquanto de Aveiro para sul toda a gente sabe o que é a raça marinhoa, no concelho que lhe deu origem ela é praticamente desconhecida”, garantiu. “Não é falada, nem confeccionada e por isso é que queremos demonstrar que Ovar não é só pão-de-ló e Carnaval”, acentuou. Em termos culinários, Salvador Malheiro descreveu a carne

dos animais criados junto à ria vareira como “de qualidade excepcional”, mas evitou adjectivá-la porque “é preciso experimentar para se perceber mesmo a diferença”. Nessa perspectiva de degustação, autarquia e cooperativa estão, aliás, a desenvolver esforços no sentido de os restaurantes do concelho apostarem na gastronomia marinhoa e reforçarem com ela as suas ementas - como irá acontecer no recinto da nova feira agrícola de Válega. O programa de estreia da OVARURAL integra ainda um concurso nacional dessa espécie certificada, exposições permanentes sobre a temática agrícola, diversos expositores com produtos regionais e cooperativos, e um colóquio sobre fundos comunitários disponíveis para a agricultura local. Salvador Malheiro realçou que toda essa oferta se enquadra na actual estratégia da autarquia para o sector primário, que, “no cumprimento de uma das promessas eleitorais, é uma forte aposta deste executivo”. É nesse contexto que o presidente da Câmara anunciou também a criação de um Gabinete de Apoio ao Agricultor, cuja missão será a de acompanhar esses empresários em processos como o licenciamento de instalações agrícolas, o acesso a fundos comunitários e a formação certificada de jovens agricultores.

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Revela Associação Nacional de Produtores

Pêra Rocha do Oeste com produção superior à de 2013 A Pêra Rocha do Oeste, que começa a ser colhida em Agosto, vai ter este ano uma produção maior do que em 2013, estimou a associação do sector, a uma semana de começar no Bombarral um certame dedicado àquele fruto. A Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP) estima para este ano uma produção a rondar as 176 mil toneladas, acima de 2013, com 170 mil, e de 2012, com 92 mil. “Este aumento da produção deve-se, por um lado, às condições climatéricas muito favoráveis, sobretudo ao nível da temperatura e da pouca chuva, na fase do vingamento, e por outro ao facto de os produtores terem aplicado técnicas que, além de aumentar a produção, favoreceram também a existência de calibres maiores”, disse Catarina Rosário, técnica coordenadora da ANP. Na terça-feira, dia 5 de Agosto, começa no Bombarral o 31.º Festival do Vinho Português e a 21.ª Feira Nacional da Pêra Rocha. O certame tem este ano como novidades a existência de um espaço onde os visitantes podem adquirir o fruto e degustar vários produtos seus derivados e de outro onde chefes de cozinha vão confeccionar ao vivo pratos com produtos da região. No dia 08, a organização do certame, que decorre na Mata Municipal até dia 10, promove uma conferência sobre “Pêra Rocha, vinha e vinho”, para debater o futuro dos sectores da fruticultura e vitivinicultura, no Teatro Eduardo Brazão. O festival tem este ano como cabeças-de-cartaz do programa de animação os concertos dos UHF (dia 06), Jorge Palma (07), Projeto “Alfama”, com Lenita Gentil e António Pinto Basto (08), Bruna (09) e o espectáculo de “Tributo aos ABBA”, pela banda Companhia Limitada (10). O evento conta também com provas de vinho e de doçaria, cursos de provas de vinhos, actuações de bandas filarmónicas e grupos de música popular, animação infanto-juvenil, corso etnográfico e agrícola, torneio de xadrez e tourada.

Governo estuda soluções para conservação da pêra rocha A utilização de extractos de algas é umas das alternativas aos conservantes usados na pêra rocha do Oeste, mas a minis26

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tra da Agricultura assegurou que estão a ser investigadas outras soluções para garantir todo o ciclo de conservação. “Há várias hipóteses para a conservação da pêra rocha do oeste a ser estudadas”, revelou Assunção Cristas, destacando a “utilização de algas” ou outros processos relacionados “com a forma como se trabalha dentro da atmosfera”. Em causa está a legislação comunitária que impede a utilização de antioxidantes na conservação da pêra rocha já a partir de Agosto, o que pode pôr em causa a próxima campanha do fruto, cuja produção se destina em cerca de 50 por cento à exportação. A pêra rocha contou nos últimos três anos com um regime de adaptação, em que o sector deveria encontrar alternativas eficazes ao uso de antioxidantes. Contudo, o Parlamento Europeu alterou para a taxa zero o limite de uso de resíduos, impedindo os produtores de pedir autorizações especiais aos respectivos Estados-membros, e deverá publicar legislação proibitiva desse produto para entrar em vigor em Janeiro de 2015. Os antioxidantes são aplicados na fruta com o intuito de aumentar o seu tempo de conservação e, em consequência, de venda nos mercados sem perecer, pelo que a proibição está a preocupar os produtores, que temem não conseguir escoar toda a produção, grande parte da qual é conservada em frio para ser vendida de inverno a melhores preços. Assunção Cristas assegurou que está a ser feito “um trabalho de investigação nesta matéria, em conjunto os agricultores”, para permitir o cumprimento das regras comunitárias e, em simultâneo, “continuar a ter a conservação da pêra rocha durante um período que permita ter praticamente o ciclo fechado, desde uma campanha até à outra”. A fileira da pêra rocha dá trabalho a 4.700 pessoas, empregando diariamente 13 mil trabalhadores na altura da colheita, e produz cerca de 200 mil toneladas, metade das quais vai para exportação. A pêra rocha nacional é produzida 99 por cento nos concelhos da zona oeste de Lisboa entre Mafra e Leiria numa área de 11 mil hectares.


Em Oleiros de 6 a 9 de Agosto

Feira do Pinhal aposta na inovação e na diferenciação da floresta A “inovação associada a reafectação dos recursos florestais” é o tema central da XIV Feira do Pinhal, que irá decorrer em Oleiros de 6 a 9 de Agosto. Assumindo-se como uma feira temática em que o pinhal é a marca dominante, o evento aposta na inovação e na diferenciação. O mote desta edição pretende promover a sensibilização para novas formas de exploração florestal, como é o caso de mobiliário feito a partir de paletes. Neste sentido, para esta edição houve um esforço em levar ao evento os diversos agentes ligados ao sector florestal, nomeadamente, as empresas locais. “Esta edição dará primazia à fileira florestal e assume-se definitivamente como uma feira temática de capital importância socioeconómica, à escala nacional, em que a floresta é a marca dominante”, afirmou o presidente da Câmara de Oleiros na apresentação do certame. Para o efeito, adiantou Fernando Marques, “o município investiu cerca de 200 mil euros na Feira, que nesta edição tem reforçada a componente do pinhal, na qual participam mais empresas ligadas à economia florestal em detrimento do comércio e da indústria”. Para o autarca “este é um evento já consolidado, que se tem superado, e que atrai a Oleiros milhares de pessoas”. Fernando Marques afirmou ainda que “a aposta desta edição foca-se na qualidade e diferenciação da oferta”. “Recebemos este ano 165 inscrições, das quais 59 correspondem a novos pedidos de participação. Destes, aceitámos 41 expositores, que se vão estrear no certame”, referiu o autarca, adiantando que “houve uma rigorosa e criteriosa selecção” ao nível dos expositores. Também o recito da feira foi repensado, com a criação de áreas temáticas, com a concentração de todos os espaços no recinto, como exposições, os palcos e o espaço de animação infantil, e a recriação de outras áreas existentes como o espaço destinado à restauração.

Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, vai inaugurar a edição 2014 da Feira do Pinhal, a 6 de Agosto, pelas 18,30 horas. Evidenciam-se assim as preocupações do município no que se refere a um eficaz e fundamental planeamento do sector florestal. Esta será, certamente, uma ocasião de excelência para realçar o papel do sector florestal no âmbito da competitividade regional, dando enfoque a questões como o ordenamento do território, a inovação, a diferenciação e o desenvolvimento sustentável.

Rui Veloso e Os Azeitonas são cabeças de cartaz Um apelativo cartaz é outro dos pontos fortes que caracterizam este evento, este ano com a actuação de Rui Veloso (dia 6), Adriana Lua (dia 7) e Os Azeitonas (dia 11). A feira encerra este ano com chave de ouro, a 9 de Agosto, num dia mediático para o concelho. Para além da presença da RTP1 com o “Verão Total”, a partir de Oleiros arranca IX etapa da 76.ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta, um Contra-relógio Individual (CRI), porventura a mais desafiante etapa de toda a competição, com toda a adrenalina e emoção que traz ao território.

Pirotecnia Oleirense apresenta espectáculo multimédia “Noite de Estrelas”

A Pirotecnia Oleirense irá apresentar a 8 de Agosto, em frente ao edifício dos Paços do Concelho, a “Noite de Estrelas”, um espectáculo integrado de multimédia com orquestra ao vivo, video mapping, iluminação e pirotecnia. A temática do espectáculo recai sobre a Sétima Arte, com a interpretação de grandes temas musicais cinematográficos, a cargo da Lisbon Film Orchestra, a qual se alia à mais recente “ferramenta multimédia”: o video mapping. A projecção de imagens vídeo/estáticas, aliadas à vertente de iluminação, resultam num Miguel de Castro Neto inaugura o certame novo conceito de produção. A vertente pirotécnica será um dos elementos integrantes neste espectáculo e numa sincronização O secretário de estado do Ordenamento do Território e da ímpar, este irá encher o céu com o brilho das “estrelas”.

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De 13 a 17 de Agosto, em Portimão

Festival da Sardinha oferece cartaz musical para todos os gostos Em contagem decrescente para a edição deste ano, o Festival da Sardinha promete aliar o mais afamado pitéu gastronómico de Portimão a um cartaz musical para todas idades e gostos, numa festa de cariz popular que entre 13 e 17 de Agosto vai atrair milhares de visitantes à cidade algarvia. Durante cinco dias, e das 19 à 1 hora da manhã, a animação será uma constante no eixo da zona ribeirinha que liga o Museu de Portimão ao espaço entre pontes, com artesanato, doçaria, humor e sonoridades várias, que vão do folclore à música portuguesa, tendo sempre presente a boa sardinha assada. José Cid (13 de agosto), Os Azeitonas (14 de agosto), Quim Roscas & Zeca Estacionâncio e Baile da Sardinha com a artista local Rosa Martins (15 de agosto), Banda Pau d’Arara (16 de agosto) e as bandas algarvias Sabrosas Funk e La Plante Mutante (17 de agosto), são os nomes mais sonantes do cartaz de animação do Festival da Sardinha. Para além de todas estas propostas musicais, haverá a participação diária de ranchos folclóricos e acordeonistas, que animarão o eixo dos restaurantes aderentes e o espaço da zona ribeirinha de Portimão entre o coreto e a área entre pontes. Experiência que promete muitas surpresas e boas emoções, o Festival da Sardinha é uma organização da Câmara de Portimão/Portimão Urbis, que conta com o patrocínio de várias empresas e marcas de prestígio.

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De 20 a 23 de Novembro

Portugal Agro chega à FIL em Novembro Portugal Agro é o novo projecto da Fundação AIP, organizado através da AIP – Feiras Congressos e Eventos, para os sectores ligados à agricultura. De 20 a 23 de Novembro a primeira edição do evento vai dar a conhecer, para profissionais e público, a essência de Portugal e o que de bom se produz por cá, do campo até à mesa. Na apresentação a ministra da Agricultura e do Mar revelou que acarinhou a ideia deste projecto desde da primeira hora “por ser um evento que nasce da terra e a homenageia, porque mostra a agricultura portuguesa na sua diversidade e na sua riqueza e porque tem uma forte vocação empresarial a que não é alheia a dimensão internacional”, enaltecendo igualmente o facto da Fundação AIP, através da AIP – Feiras Congressos e Eventos, “trilhar novos caminhos, juntando actores de várias proveniências e abrindo ao público uma mostra que convida a várias experiências para to-

das as idades e perspectivas”, afirmou Assunção Cristas. Mais do que um evento de produtos agrícolas das regiões, o Portugal Agro trata-se de um projecto transversal a todas as fileiras do sector, que promove a capacidade produtiva nacional, os vários operadores económicos, a excelência dos produtos, dos recursos nacionais, e da tradição aliados à ino-

vação e dos vários eventos sectoriais dispersos pelo país. O Portugal Agro tem como objectivo aumentar a visibilidade de um sector que apresenta um enorme potencial de internacionalização e que é hoje fundamental para a da economia do país, pretendendo ser um reflexo do país tal como pode ser projectado internamente e para o exterior, com todas as suas regiões, características, potencialidades e raízes. O evento promoverá a mostra e venda dos produtos e raças autóctones das várias regiões de Portugal, distribuindo-se em espaços como o Passeio dos Sabores, Passeio da Horta, Espaços Pedagógicos, e Gastronomia, onde serão realizadas diversas degustações, provas e divulgação dos vários eventos do sector espalhados pelo país. O evento contará também uma completa programação lúdico-cultural, com a realização de diversas animações e espectáculos.

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Milhares de pessoas visitaram o certame

I Expo Montemuro foi “um sucesso” A Expo Montemuro – Feira Regional, certame promovido pela Câmara de Cinfães, revelou-se uma aposta ganha, tornando numa referência para o investimento e diversificação da economia local. Milhares de pessoas visitaram o certame que se realizou pela primeira vez tendo resultado da experiência/apreensão ao longo das 17 edições da Feira de Artesanato, Gastronomia e Vinho Verde. Para a I Expo Montemuro, o município alargou as áreas de aposta. Além da gastronomia e vinhos, artesanato e música, o evento deu também especial destaque à agroindústria e ao desporto aventura. No total mais de 100 expositores mostraram o que de melhor existe na região, duplicando o número de stands relativamente a anos anteriores.

Certame juntou mais de três dezenas de produtores daquele fruto

Festival da Melancia em Idanha-a-Nova comercializou mais de 40 toneladas O X Festival da Melancia, que juntou em Ladoeiro, no concelho de Idanha-a-Nova, 32 produtores daquele fruto e comercializou em dois dias mais de 40 toneladas de melancia. “Em dois dias, mais de 40 toneladas de melancia foram comercializadas no festival”, destacou Joaquim Soares, vereador da Câmara de Idanha-a-Nova e dirigente da Hortas D`Idanha, uma empresa participada pelo município. “Só a Hortas D’Idanha esteve presente no festival com 22 produtores de melancia. Além destes, mais 12 produtores se juntaram ao certame”, adiantou. O 10.º Festival da Melancia, que decorreu em Ladoeiro, recebeu milhares de visitantes e consolidou-se entre os melhores eventos gastronómicos da região. Um dos momentos altos do certame foi o concurso para a eleição da melancia mais pesada, prémio que foi ganho por um exemplar de 19,28 quilos, oriundo da Quinta do Aboiz. 30

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Realizadas em Novos Moldes

Festas de S. Tomé 2014 ultrapassaram as expectativas da Câmara de Mira As tradicionais Festas de S. Tomé, em Mira, ultrapassaram as expectativas da Câmara local, que este ano fez algumas alterações no formato e na disposição dos expositores. “Tínhamos algum receio que algumas coisas não corressem tão bem, mas estamos muito satisfeitos, pois as pessoas aderiram e gostaram das mudanças que efectuámos”, afirmou a vereadora da Cultura da Câmara de Mira. Dulce Cainé salientou o cariz religioso das Festas, que “atraem muitos milhares de pessoas”, para além de que oferecem “um cartaz de espectáculos gratuito e de qualidade”. A presença do programa Verão Total da RTP, com Herman José, foi também um atractivo. A parte gastronómica foi outro dos atractivos. “Convidamos as associações locais a explorarem os palheiros, mas nem todas aderem, por falta de condições logísticas para servirem refeições”, referiu a vereadora da Cultura, satisfeita, contudo, com as que estiveram presentes e com a adesão do público. Dulce Cainé adiantou que as atenções da autarquia, no mês de Agosto, se centram na animação da época balnear na praia de Mira, que “irá contar com vários momentos musicais, para todos os gostos”, de quem ali se desloca para um merecido descanso, mas também se possa entreter e divertir, aproveitando também a realização da Feira do Livro para pôr a leitura em dia.

Na inauguração da Ficavouga

Autarca de Sever do Vouga voltou a reclamar ligação rápida à A25 O presidente da Câmara de Sever do Vouga, António Coutinho, voltou a reclamar uma ligação rápida da Vila à A25, de forma a permitir que as empresas do concelho, nomeadamente na área da metalomecânica, possam expandir-se. O autarca de Sever do Vouga aproveitou a presença do presidente da Câmara de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios Portugal, Manuel Machado, para que use a sua influência para que seja cumprida aquela pretensão, há muito reclamada pelas gentes de Sever do Vouga, junto do Governo. A inauguração da edição deste ano da Ficavouga ficou marcada por ter juntado na mesma cerimónia três presidentes de Câmara naturais de Sever do Vouga. Desde logo o autarca de Sever, António Coutinho; Manuel Machado, presidente da Câmara de Coimbra, e António Loureiro, presidente de Câmara de Albergaria-a-Velha. A estes juntou-se Manuel Soares, ex-presidente da Camara e actual presidente da Assembleia Municipal de Sever do Vouga. António Coutinho realçou o espaço “renovado e mais atractivo” em que este ano decorreu a Ficavouga, à entrada da Vila, num certame que “pretendeu valorizar e promover alguns dos produtos do concelho, mas também a natureza, o património e a gastronomia, assim como o que de melhor se faz nas empresas, colectividades e associações” do concelho. www.gazetarural.com

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Certame recebeu milhares de visitantes

Qualidade da Feira Medieval de Mões reconhecida Mões regressou aos tempos de outrora, com a XI Feira Medieval, que este ano voltou a atrair a esta localidade do concelho de Castro Daire muitos milhares de visitantes. O evento que se realiza desde 2004, numa encosta soalheira junto ao rio Paiva, é organizado pela Sociedade Filarmónica de Mões. A Vila foi, na Idade Média, terra senhorial de Dom Egas Moniz e de seu herdeiro Dom Moço Viegas. A azáfama foi muita e os responsáveis pela organização andaram num rodopio. “É preciso muito trabalho e o esforço de muita a gente, para conseguimos manter este evento”, afirmou Tiago Ferreira, da Sociedade Filarmónica de Mões. A feira começou com uma caminhada nocturna e uma representação do Teatro Montemuro, que teve “mais gente do que esperávamos”, refere o dirigente. A adesão foi grande, naquele que é “o maior evento”, que se realiza na Vila de Mões, e que “já é do concelho de Castro Daire”. Este ano a Feira contou com 92 expositores e envolveu cerca de 70 pessoas na animação. A edição deste ano sofreu um atraso propositado de duas semanas, que Tiago Ferreira justificou com a vinda de muitos imigrantes nesta altura do ano. O responsável da Sociedade Filarmónica de Mões realça o facto de a Freira já ter pergaminhos a nível nacional. “Contamos com gente” que normalmente participa nas Feiras de Óbidos, Santa Maria da Feira, de Buarcos, entre outras. “Temos pessoas que fazem a Feira Medieval de Santa Maria da Feira, mas que es32

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tão aqui neste fim-de-semana, o que quer dizer que já temos um grau de qualidade elevado”, refere Tiago Ferreira. Apesar dos custos elevados da Feira, que conta com o apoio da Câmara de Castro Daire, Junta de Mões e patrocinadores privados, o que deixa na terra é muito mais que isso. “A economia local ganha com a Feira, mas a Sociedade Filarmónica de Mões não recebe nada, por que é uma associação sem fins locativos. “Todo o dinheiro que recebemos é gasto na feira e o pouco que sobra é para a manutenção das barracas”, refere Tiago Ferreira.


Sedeado em Coruche

Constituído o Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça Foi formalizado o protocolo de constituição do Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça (CCSC), que se localizará no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em CorucheEste cento é um fórum de partilha e articulação de conhecimentos, capacidades e competências, que congrega os agentes económicos envolvidos na fileira da cortiça, produtores e industriais, com os agentes das áreas da investigação, da divulgação e da transferência de conhecimento potenciando a cooperação e o reforço da qualidade da produção de matéria-prima e dos processos industriais. O CCSC pretende ter uma acção determinante na fileira promovendo mais investigação aplicada, inovação e boas práticas suberícolas e garantindo a transferência e divulgação do conhecimento. O CCSC tem como membros fundadores o Ministério da Agricultura, a Câmara de Coruche, a Universidade de Évora, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Superior de Agronomia, a AIFF - Associação para a Competitividade das Indústrias da Fileira Florestal, a FILCORK - Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça, a APCOR – Associação Portuguesa de Cortiça, o Centro Tecnológico da Cortiça, a UNAC – União da Floresta Mediterrânica, a Companhia das Lezírias, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Portugal renova, assim, uma aposta de qualidade no futuro de uma fileira da qual é líder incontestado, convocando o que de melhor existe a nível mundial em termos de conhecimento, tecnologia e experiência.

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OPINIÃO

Produtos biológicos: crescimento do mercado impõe mais rigor na certificação. Os números são esmagadores e a tendência parece imparável. A produção por modo biológico é hoje uma realidade tão marcante no sector agrícola, que o desconhecimento desta forma de produção nos remete para um passado longínquo. Em paralelo e em consequência assistimos, por isso, a uma revolução completa nos hábitos alimentares dos consumidores mais informados, à qual a produção de produtos biológicos responde da melhor forma possível, com a oferta de alimentos saudáveis e de excelente qualidade. O mercado de consumidores biológicos europeus representa hoje o segundo maior mercado a nível mundial, depois dos Estados Unidos. Se olharmos para os números, o cenário é impressionante. Em 2012, quase 6% da área agrícola da União Europeia, que representa cerca de 10 milhões de hectares, foi cultivada por métodos de produção biológica. Estamos a falar de um crescimento, relativamente a 2011, de 5,4%, representando um valor do mercado dos produtos biológicos de 20,8 mil milhões de euros. Actualmente, na maioria dos produtos, a procura excede a oferta. Para quem está a trabalhar no sector, esta realidade actual representa uma responsabilidade acrescida. Uma responsabilidade que envolve todos os agentes no processo, até chegar à fase final: à mesa do consumidor. Em todo este processo, uma das fases mais importantes e decisivas é a da certificação. É um processo que obriga a um rigor total do produtor e do organismo de

certificação. Esta fase obriga a que ambas as partes possuam os seguintes requisitos: confiança, credibilidade, competência. O modo de produção biológico obriga a uma conjunto de requisitos e critérios que têm de estar assegurados para que o produtor possa valorizar o seu produto no mercado, e a garantia de cumprimento desses critérios é dada pelo organismo de certificação. Os consumidores europeus olham para os produtos biológicos como produtos de alta qualidade e produzidos tendo em atenção um caderno de encargos de normas que respeitam a saúde do consumidor, o ambiente e o bem-estar animal. Os pro-

dutores têm de certificar os seus produtos tendo em atenção os elevados padrões de exigência dos consumidores. Esta expansão dos produtos de origem biológica obrigou a Comissão Europeia a olhar com atenção para este fenómeno e a produzir legislação que visa acautelar os interesses dos consumidores, evitando que sejam cometidas fraudes. A defesa da confiança dos consumidores é um ponto-chave. Nesse sentido, foram elaborados diversos regulamentos europeus que visam assegurar a boa conformidade dos produtos, e o seu processo de produção, com os critérios de produção biológica e a segurança alimentar. É por isso essencial, face a uma exigente e nova gama de legislação e regulamentos, que os produtores sejam bem informados e esclarecidos sobre as condições para colocar no mercado produtos certificados. É aqui que entra a acção decisiva da certificação, assegurando que os produtores (os seus produtos) cumprem toda a legislação, todas as regras, todos os critérios para obter o certificado de produtos biológicos. Notamos que os produtores estão cada vez mais consciencializados que o sucesso dos seus produtos nos mercados biológicos, passa pelo controlo e certificação dos mesmos, efectuado de forma séria, transparente, rigorosa e credível. Sensibilizar os produtores para esta necessidade, assim como para a necessidade de se manterem informados é um desafio que queremos superar. Liliana Perestrelo Gerente da Naturalfa

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Centraliza a promoção da investigação e inovação neste sector

Criação do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos formalizada em Bragança

Cerca de 30 entidades formalizaram, em Bragança, o acordo para a criação do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, que centraliza na cidade transmontana a promoção da investigação e inovação neste sector. Este é o terceiro da nova rede nacional de centros especializados, depois de formalizados os do tomate e do sobreiro, como adiantou o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito. O governante presidiu, em Bragança, à cerimónia, no Brigantia Ecopark, e justificou a escolha desta região para a criação deste centro, que deverá estar operacional dentro de 60 dias, pela importância do sector, já que Trás-os-Montes representa 80% da produção nacional de castanha e destaca-se também na produção de amêndoa e noz. “O que se pretende nesta área é que comecem a falar todos, dentro daquilo que são as necessidades

da produção para que dessa forma se faça investigação útil ao produtor”, declarou o governante. As cerca de 30 entidades, entre associações do sector, empresas, instituições académicas, entre outras, vão trabalhar em conjunto toda a fileira “desde a produção, questões ligadas à sanidade, nomeadamente doenças como a tinta, o cancro ou a recente ameaça da vespa do castanheiro, ou fenómenos tecnológicos, por exemplo na área da comercialização. A sede deste centro de competências ficará instalada no centro de ciência e tecnologia Brigantia Ecopark e é para já a ocupar aquele espaço. A cerimónia constituiu “o primeiro passo para o arranque” deste novo equipamento em fase de conclusão para cativar empresas e projectos amigos do ambiente, como indicou Hernâni Dias, o presidente da Câmara de Bragança. “A assinatura deste acordo é de facto algo que vem ajudar ao desenvolvimento do Brigantia Ecopark”, sublinhou o autarca. Para Alípio Mateus, da Amendoacoop (Torre de Moncorvo), uma das parceiras, o centro de competências “será bom se correr bem”, e a expectativa que tem é de que “vá valorizar mais” os produtos em causa e ajudar a que sejam comercializados “em melhores condições”. Expectativa idêntica tem Vasco Veiga, gerente da Sortegel, a maior exportadora de castanha de Bragança, para quem este centro nacional será importante “se funcionar bem”, sobretudo se ajudar localmente a criar mais-valias. “Há necessidade de vir a desenvolver estudos, meter aqui gente, juventude, enquadrada com as universidades de modo a podermos desenvolver produtos novos e dar mais-valia ao produto bruto que temos”, defendeu. Já Carlos Silva, da Proruris (Vinhais), espera que venha a colmatar a “falta transferência do conhecimento para a produção, de maneira a melhorar o que existe e a “satisfazer cada vez mais o mercado dos frutos secos a nível europeu”.

Segundo aponta um relatório sobre o sector

Cooperativas de lacticínios dos Açores confrontadas com desafio da consolidação A consolidação e a eficiência são dois dos principais desafios com que se confrontam as dez cooperativas de lacticínios existentes nos Açores, segundo aponta um relatório sobre o sector feito pela comissão de Economia do parlamento açoriano. “Neste momento, o que temos de fazer é consolidar as que temos, tentar melhorá-las e torná-las mais eficientes, de maneira a que o nosso produto seja de melhor qualidade”, afirmou o deputado socialista José Ávila, que coordenou o relatório “Momento actual e perspectivas futuras das Cooperativas de Lacticínios dos Açores”. José Ávila adiantou que aquilo que se pretende com o relatório, que será discutido no plenário de Setembro da Assembleia Legislativa da região, é que se faça estudos no sentido de conjugar todos os factores para que as cooperativas fiquem mais fortes.

Reconhecendo a existência de problemas nas cooperativas em S. Jorge, Pico e Flores, José Ávila manifestou ser importante que os agricultores acreditem nas suas cooperativas e trabalhem para entregar mais leite. Segundo disse José Ávila, as situações mais faladas durante as visitas dos deputados tinham a ver com a necessidade de apoio técnico na área da gestão e comercialização, também na área da produção e um gasto excessivo de energia. “É evidente que questões como marcas brancas, que são negociadas pelas grandes superfícies, têm influência muito grande na rentabilidade dessas empresas e nós achamos que a valorização da marca Açores poderá ser uma vantagem para o produto ser mais competitivo no mercado”, referiu. www.gazetarural.com

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IV Concurso de Vinhos Engarrafados da Região de Trás-os-Montes 2014

Quinta das Corriças Tinto 2011 obtém Prémio Prestígio O Solar dos Condes, em Vinhais, foi o palco da cerimónia de prova e entrega dos prémios do IV Concurso de Vinhos Engarrafados de Trás-os-Montes. A iniciativa da Câmara de Vinhais e da Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes distinguiu 31 vinhos, com o vinho Quinta das Corriças Tinto 2011 a ser galardoado com o Prémio Prestígio. Foram entregues quatro medalhas de ouro, 16 de prata e 10 outros vinhos foram distinguidos com prémios de mérito. Foram a concurso 72 vinhos transmontanos. Medalhas e distinções: Prémio Prestígio Quinta das Corriças - Reserva Tinto 2011 Medalhas de Ouro Flor do Tua - Reserva Tinto 2012 Quinta de Arcossó - Reserva Tinto 2009 Encostas de Sonim - Vinhas Velhas Reserva Tinto 2010 Casal Faria - Superior Tinto 2010

Encostas do Rabaçal - Touriga Franca – Tinto 2009 Quinta de Arcossó - Branco 2013 Palácio dos Távoras - Grande Reserva Tinto 2011 Ponte do Arquinho - Tinto 2012 Valle Pradinhos - Grande Reserva Tinto 2011 Prémios de Mérito Lhéngua Mirandesa - Tinto 2012 Vinhos Xalana - Tinto 2012 Santa Valha Fresh - Branco 2013 Encostas de Sonim - Branco 2013 Encostas do Trogão - Reserva Tinto 2011 Encostas do Rabaçal - Trincadeira Tinto 2007 Porta Velha - Tinto 2011 Valle Pradinhos - The Lost Corner Tinto 2010 Casal Faria Reserva - Tinto 2011 Encostas do Rabaçal Reserva - Tinto 2008

Medalhas de Prata Quinta de Arcossó Superior - Tinto 2011 Flor do Tua - Grande Reserva Tinto 2011 Valle Pradinhos - Colheita Seleccionada Tinto 2009 Vinhas Andrade - Tinto 2008 Casal da Fradissa - Tinto 2011 Ribeira do Corso - Reserva Tinto 2012 Casal de Mouros - Tinto 2012 Ribeira do Corso Biológico - Tinto 2012 Santa Valha - Reserva Tinto 2011 Quinta de Arcossó - Reserva Branco 2012 Quinta de Arcossó - Grande Reserva Tinto 2011

Distinguidos com 35 medalhas

Vinhos do Dão em destaque no concurso Decanter World Wine Awards Os Vinhos do Dão estão de parabéns depois de terem sido distinguidos no Decanter World Wine Awards com 35 medalhas. No concurso foram atribuídas aos vinhos da região do Dão 7 medalhas de prata, 17 medalhas de bronze e 11 medalhas de recomendação. À edição de 2014 concorreram mais de 15 mil vinhos de todo o mundo, avaliados por 224 juízes de todo o mundo, incluindo 66 Masters of Wine e 18 Master Sommliers. O Decanter World Wine Awards, que se realiza anualmente em Londres, teve início em 2004. O aumento gradual das participações ao longo dos anos revela o prestígio que este concurso tem conquistado ao longo dos anos. A Comissão Vitivinícola Regional do Dão mostra “orgulho destes prémios, que se juntam a todas as outras distinções que provam a qualidade dos vinhos” da Região Demarcada do Dão. Vinhos Premiados: Medalhas de Prata - Abanico Reserva, tinto, 2010 (Casa da Passarella) - O Enólogo Vinhas Velhas, tinto, 2010 (Casa da Passarella) - Caves Velhas Catedral Reserva, tinto, 2012 (Enoport) - Munda, Touriga Nacional, 2011 (Fontes da Cunha) - Dona Georgina, tinto, 2008 (Quinta de Lemos) - Quinta dos Carvalhais Reserva, branco, 2010 (Sogrape) - Quinta dos Roques, tinto, 2011 (Quinta dos Roques) Medalhas de Bronze - Quinta da Garrida, tinto, 2011 (Aliança Vinhos de Portugal) - Vinha Paz, tinto, 2012 (António Canto Moniz)

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- Altivo, tinto, 2012 (Sociedade Agrícola Boas Quintas) - Altivo, branco, 2013 (Sociedade Agrícola Boas Quintas) - Meia Encosta, tinto, 2012 (Sociedade dos Vinhos Borges) - Casa de Mouraz, branco, 2012 (Casa de Mouraz) - D. Fuas, tinto, 2012 (Enoport) - Fonte de Gonçalvinho, tinto, 2010 (Fonte de Gonçalvinho) - Touriga Nacional, 2007 (Quinta de Lemos) - Touriga Nacional, 2009 (Quinta de Lemos) - Dona Georgina, tinto, 2009 (Quinta de Lemos) - Quinta dos Carvalhais, tinto, 2011 (Sogrape) - Quinta dos Carvalhais, Touriga Nacional, 2011 (Sogrape) - Duque de Viseu, branco, 2013 (Sogrape) - Callabriga, tinto, 2010 (Sogrape) - Duque de Viseu, tinto, 2011 (Sogrape) - Quinta dos Carvalhais Colheita, tinto, 2011 (Sogrape) Medalhas de Recomendação - A Descoberta, tinto, 2010 (Casa da Passarella) - Quinta das Maias, tinto, 2011 (Quinta das Maias) - Ladeira da Santa Grande Reserva, tinto, 2011 (Ladeira da Santa) - Porta dos Cavaleiros Reserva, tinto, 2012 (Caves São João) - Quinta da Ponte Pedrinha, tinto, 2012 (Quinta da Ponte Pedrinha) - Quinta da Ponte Pedrinha Touriga Nacional, 2012 (Quinta da Ponte Pedrinha) - Dona Santana, tinto, 2005 (Quinta de Lemos) - Dona Georgina, tinto, 2007 (Quinta de Lemos) - Jaen, 2007 (Quinta de Lemos) - Quinta do Cerrado Reserva, tinto, 2011 (União Comercial da Beira) - Valmonte Touriga Nacional, 2010 (Caves Arcos do Rei)


Foram premiados 37 vinhos pertencentes a 20 produtores

Adraga e Casa Santos Lima foram os grandes vencedores do Concurso de Vinhos de Lisboa Os produtores Adraga – Exportações Vitivinícolas, Lda e Casa Santos Lima – Companhia das Vinhas, S.A. foram os grandes vencedores do Concurso de Vinhos de Lisboa, cada um premiado com um total de quatro medalhas, uma de ouro e três de prata. Os resultados do concurso, ao qual concorreram 133 vinhos, foram apresentados, no Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), em Lisboa, pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa), que deu a conhecer os 37 vinhos premiados pertencentes a 20 produtores da região. Ao todo foram entregues 11 medalhas de ouro, a quatro vinhos brancos, um rosado, quatro tintos e duas aguardentes e 26 medalhas de prata, a seis vinhos brancos, um rosado, 17 tintos e dois espumantes. “Já realizamos este concurso há algum tempo e temos vindo a notar, não só um aumento da qualidade dos vinhos que concorrem, mas também um interesse maior por parte dos nossos produtores em participar neste tipo de iniciativas. Em 2013 tinham concorrido cerca de 80 vinhos, este ano já tivemos 133 inscrições”, afirmam Vasco d’Avillez, presidente da CVR Lisboa, e José Afonso Santos, grão-mestre da Confraria dos Enófilos da Estremadura.

O júri da prova foi composto por 13 pessoas, provenientes de várias regiões do país, naquele que é um concurso oficial do IVV. Premiados com medalhas de ouro foram, também, a Adega Cooperativa da Carvoeira, com três distinções, a Quinta do Gradil, com duas, e a Adega Cooperativa da Vermelha, Adega Cooperativa da Lourinhã e a Sociedade Agrícola Quinta do Rol, todos com uma medalha de ouro. Durante a sessão de apresentação, o presidente dos Vinhos de Lisboa referiu ainda que a CVR está a registar, pelo quarto ano consecutivo, um aumento no número de certificados emitidos, que, de momento, já cresceu 15% relativamente ao período homólogo anterior. No que diz respeito às vindimas, e apesar de na região de Lisboa só se iniciarem no final de Agosto e decorrerem até finais de Outubro, a previsão é de que a produção seja semelhante à de 2013 que, por sua vez, já tinha registado alguma perca em relação a um ano normal. “Num ano normal, a nossa região produz cerca de um milhão de hectolitros. Este ano, na campanha de 2014, não esperamos mais do que 900 mil hectolitros”, conclui Vasco d’Avillez. www.gazetarural.com

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OPINIÃO/DIVULGAÇÃO

Feira do Vinho de Nelas: O maior evento representativo do Dão A XXI edição da Feira do Vinho do Dão vai procurar afirmar a singularidade e força que este certame profissional de vinhos assume para toda a Região Demarcada do Vinho do Dão e, por conseguinte, para a promoção turística e de negócios dos 16 municípios que compõem esta mesma Região Demarcada. Para tal, a presença de um grande número de produtores certificados, de todas as sub-regiões do Dão, conduz ao maior evento representativo da Região, contando também para esta a afirmação o investimento de vários produtores no lançamento de produtos/marcas novas na Feira do Vinho do Dão promovida pelo Município de Nelas. Um programa variado e de qualidade formativa, cultural e profissional para o sector: - Vinhos, marcas novas; - a assinatura e entrega de contratos de investimento (Adegas) apoiados pelo PRODER; - Provas de Vinhos Velhos do Dão no Centro de Estudos Vínicos; - Workshops vários de Vinhos & Gastronomia (enchidos, mel, chocolate, doces); - Uma Praça de Alimentação elegante e descontraída com os melhores pratos resultantes do Concurso Gastronómico “Nelas, Sabores que Conquistam” a decorrer sobre a orientação técnica do Chefe Diogo Rocha. A Feira do Vinho do Dão é e será cada vez mais um evento turístico de referência para a Região, disponível para quem procura ofertas de enoturismo e que procuram visitar o certame, as quintas dos produtores mas também, porque neste fim-de-semana encontram neste contexto popular uma grande oferta cultural e musical. Este ano, nas três noites da Feira teremos connosco o Encenador António Leal, como director artístico do espectáculo original, criado para a XXIII Feira do Vinho do Dão, intitulado “As Músicas que os Vinhos Dão”. Um cenário de teatro-musical impulsionado por um espectáculo multimédia – vídeo mapping, onde os visitantes observam uma grande taberna intemporal recriada na frente da CMN - três grandes mesas (Nobres, Castiços e Povo) onde, com mais de 30 figurantes, actuam três cantores líricos, a fadista Cátia Garcia (Musical “Amália”) e o mais conceituado acordeonista português do momento João Gentil, para além de outros intérpretes de qualidade. A Praça de Alimentação que existe também pela primeira vez neste evento irá permitir outra qualidade e quantidade ao serviço da Gastronomia Regional para quem visita a Feira do Vinho. Procuramos assim conferir todas as condições para o conforto dos profissionais, dos convidados, mas também das famílias, para quem todo um programa de animação infanto-juvenil permanente, quer em “espaço ATL”, quer no “Palco Kids” ou ainda através de sessões de “Cinema & Pipocas” no auditório do Edifícios Multiusos da CMN, para os períodos da noite.

Vários eventos/encontros desportivos (3) estão já marcados para este fim-de-semana de Setembro, como é hábito, o que faz envolver no circuito da Feira milhares de visitantes. Contamos com a presença de várias entidades convidadas, como é o caso do Clube Português de Auto-caravanismo, da Universidades Sénior, e outros grupos de passeio organizados por Mediadores e Promotores Turísticos. Para mais informações, consultar o site da CMN, as redes socias e a página própria do evento. https://www.facebook.com/23Feiradovinhododao http://municipionelas.wix.com/feiradovinhodao2014

Sofia Relvas Vereadora da Câmara de Nelas

Ano X - N.º 229 Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), jla.viseu@gmail.com | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda. Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, João Silva, Fernando Ferreira, José Martins e Helena Morais Opinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Praça D. João I Lt 363 Fracção AT - Lj 11 - 3510-076 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320 E-mail: gazetarural@gmail.com | Web: www.gazetarural.com ICS - Inscrição nº 124546 Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada | Administração José Luís Araújo Sede Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Delegação Edifício Vouga Park, Sala 42 - Sever de Vouga Capital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica Sá Pinto Encadernadores | Telf. 232 422 364 | E-mail: sapinto@sapinto.pt | Zona Industrial de Coimbrões, Lote 44 - 3500-618 Viseu Tiragem média Versão Digital: 80000 exemplares | Versão Impressa: 2500 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores

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De 13 a 16 de Agosto, na Praça do Regionalismo

Pampilhosa da Serra recebe XVII Feira de Artesanato e Gastronomia Numa organização do Município de Pampilhosa da Serra, vai decorrer de 13 a 16 de Agosto, na Praça do Regionalismo, a XVII Feira de Artesanato e Gastronomia. Serão quatro dias recheados de muitas actividades, mostras, concertos e muita animação. André Sardet, José Cid & Big Band, The Lucky Duckies, Clã e Sérgio Gonçalves são alguns dos nomes consagrados que subirão ao palco, no programa de animação do evento. A Feira de Artesanato e Gastronomia de Pampilhosa da Serra continua a privilegiar a presença de artesãos, sobretudo aqueles que possam dar a conhecer ao vivo artes e ofícios, tradições e saberes. A par da presença impar do artesanato, teremos ainda ao dispor de quem nos visita as tasquinhas de gastronomia

regional, bem como diversa animação, com insufláveis e muitas outras surpresas. A Feira de Artesanato e Gastronomia “acabam por ser as festas do concelho, nesta décima sétima edição com destaque para a gastronomia”, adiantou a vereadora da Cultura da Câmara da Pampilhosa da Serra. Alexandra Tomé adiantou que “estão confirmados de 90 expositores, sobretudo de artesanato, nacional e internacional, mas também uma “mostra daquilo que melhor têm as nossas freguesias”. A vereadora destaca ainda os espectáculos musicais, com nomes consagradas, mas também um espectáculo sincronizado de pirotecnia, que atrai muitos visitantes.

Nos dias 14 a 17 e a 22 e 23 de Agosto

Até 10 de Agosto em Vila da Feira

D8 é cabeça de cartaz nas Festas de Santa Comba

Viagem Medieval da Feira atrai milhares de visitantes

O rapper D8, que foi dado a conhecer num concurso de televisão, é o cabeça de cartaz das Festas de Santa Comba Dão, que vão decorrer nos fins-de-semana de 14 a 17 e a 22 e 23 de Agosto. Considerando o Movimento Associativo de Santa Comba Dão como grande pólo de desenvolvimento cultural, social e desportivo, a Câmara de Santa Comba Dão entendeu ser fundamental a cooperação entre ambas as partes na organização da edição de 2014 das Festas de Santa Comba Dão. As festas têm como base um modelo assente num programa atractivo para as diversas classes etárias; com muita animação, espaços de lazer, definidos com particular atenção à ocupação das crianças de modo a que seja um espaço para todos; uma mostra de artesanato e de produtos locais e uma mostra gastronómica. As Festas de Santa Comba Dão irão ter lugar junto ao Largo do Município, e são uma organização da comissão executiva constituída para o efeito, contando com o apoio da Câmara Municipal de Santa Comba Dão e ADICES.

Decorre até 10 de Agosto a XVIII Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, no centro histórico da Feira, uma iniciativa organizada pela autarquia da Vila da Feira em parceria com a empresa municipal Feira Viva e a Federação das Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho. A recriação histórica continua a ocupar cerca de 33 hectares de terreno com 32 áreas temáticas e 135 horas de animação - asseguradas diariamente por mais de 1.000 pessoas. “A Viagem continua a proporcionar uma vivência única, mas, embora com uma designação algo redundante, uma das grandes novidades deste ano são realmente os Bilhetes Experiência, pela sua componente de personalização e adaptabilidade ao gosto de cada visitante”, declarou Gil Ferreira, vereador da Cultura e Turismo na Câmara da Feira. A edição deste ano da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é dedicada ao reinado de D. Sancho II que, aos 13 anos, subiu ao trono para governar em contexto de “perfeita desordem social”. www.gazetarural.com

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BREVE HISTORIAL

12 anos em prol da cultura tradicional da Beira Aos dezanove dias do mês de Abril do ano 2002 nasceu em Viseu a Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”, uma nova agremiação cultural que visa a preservação da cultura tradicional da Beira, em todas as suas vertentes. A escritura pública foi oficializada pelo notário do 2.ş Cartório de Viseu, Sebastião Antunes, na Casa da Ribeira. Três dias depois, a 22 de Março de 2002, a Confraria iniciou as suas actividades. A Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”, tem vindo a desenvolver actividades que honram o compromisso assumido há doze anos aquando da sua criação. As iniciativas centram-se essencialmente na vertente cultural, onde destacamos os Capítulos Temáticos, o Festival do Caldo, as Publicações várias (onde distinguimos A Importância das Confrarias Báquicas e Gastronómicas na Promoção Turística, À Mesa com Isabel Silvestre, Alafum de Prazeres, Artes e Tradições Portuguesas I e II, Alexandre Alves – Investigador, Cônsul Aristides de Sousa Mendes, Tributo a Aristides de Sousa Mendes, Arnaldo Ma-

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lho – Artes e Artistas de Viseu, Malhando o Ferro com Arnaldo Malho, Sete Olhares Sobre Viseu, Festival do Caldo I a VIII, As Plantas do Nosso Contentamento… estando no prelo, O Pratinho da Zirpela e o Mundo Rural), a atribuição do prémio “Beirão de Mérito” a entidades e personalidades que se destacam em diferentes áreas culturais, desportivas, sociais, oito Entronizações (6 realizadas em Viseu e 2 realizadas em Terras de Vera Cruz), e ainda outras iniciativas. Contudo, de alguns anos a esta parte, a Confraria também se tem dedicado aos problemas sociais da sua área geográfica, levando, Natal após Natal, cabazes com bens alimentares essenciais é elaboração da Ceia de Natal e brinquedos (caso haja crianças) a famílias carenciadas. Para tal muito tem contribuído as ofertas de muitos confrades. A Confraria tem a sua vertente cultural a Tuna “Sabores da Música”. Esta Tuna é a estrutura da dinamização lúdica da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”, ligada ao Conselho de Artes e Tradições, no sector “Arca de Saberes da

Música”. Este Conselho tem como patrono o grande boémio, poeta e fadista viseense Augusto Hilário. Como grupo de cantares, “Sabores da Música” visa não só desenvolver harmonicamente as capacidades lúdicas e artísticas dos seus componentes mas também promover a divulgação, preservação e valorização da música tradicional portuguesa. O seu objectivo primeiro é investigar, preservar e divulgar as tradições beirãs, com especial ênfase no aspecto da tradição musical. Para além de dinamizar os eventos da Confraria, a Tuna tem já um vasto percurso de actuações quer em Portugal quer no estrangeiro, onde pudemos destacar a deslocação a França e muito recentemente, ao Luxemburgo. Este Grupo encontra-se disponível para colaborar com todas as entidades que a solicitem. A Confraria é composta por mais de 400 elementos, entre Confrades e Comendadores de origem beirã espalhados por todo o país e estrangeiro. No que diz res-


peito aos Comendadores, gostaríamos de referir, também, alguns Embaixadores dos PALOPS, que com reconhecimento e satisfação, aceitaram o convite para fazerem parte desta, já grande, família. De salientar ainda as relações de amizade e cooperação que a Confraria tem com as embaixadas dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque e da Indonésia em Portugal, e outras Instituições portuguesas e estrangeiras. É de salientar também a participação activa da Confraria na geminação da Câmara de Viseu e do Rio de Janeiro em 10 de Dezembro de 2010, na Câmara do Rio de Janeiro e em 18 de Maio de 2012 na Câmara de Viseu. Como é do conhecimento geral, a Casa de Viseu no Rio de Janeiro e a Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”, para além dos fortes laços que as unem, reforçados com a realização do VI Capítulo Geral de Entronização levado a cabo na cidade do Rio de Janeiro, a 7 de Março de 2010 e do VIII Capítulo Geral de Entronização realizado na mesma cidade a 24 de Março de 2013, tem, há já alguns anos, um protocolo de representatividade recíproca. Esta iniciativa foi possível graças ao empenho que o nosso Beirão de Mérito, António Cardão, nosso Embaixador e empresário de sucesso naquele país, pôs nesta nova ligação à terra mãe através da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”. Para além disso, sob a presidência do Dr. Flávio Alves Martins, a nova directoria da Casa de Viseu conta com o Almoxarife da Confraria de Saberes e Sabores da Beira, “Grão Vasco”, no cargo de Director de Relações Públicas. Graças a todo este excelente trabalho de cooperação foi o nosso Almoxarife, Prof. José Ernesto, distinguido no passado dia 5 de Junho, em reunião realizada na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, com o título de cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro, através de proposta da Dr.ª Teresa Bergher, natural de Penalva do Castelo, no coração da Beira Alta, vereadora do Município do Rio de Janeiro e Comendadora da nossa Confraria. Por duas vezes fomos co-responsáveis pela organização e realização do Curso Mundial de Formação de Dirigentes Associativos da Diáspora levados a cabo, o primeiro em Viseu e o segundo em Lisboa, com o apoio e patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades. Por isso, de há dois anos a esta parte, também é nossa preocupação colaborar, sempre que solicitados, com as associações criadas pelos portugueses da diáspora de forma a minimizar não só as distâncias que os separam

da Terra Mãe, mas, sobretudo, dando resposta a tantas lacunas culturais que muitos sentem em relação aos usos e costumes dos nossos antepassados beirões. Por este motivo vai ser constituída uma Plataforma Internacional, através de escritura pública, com os respectivos Estatutos definidos e com a concordância dos sócios fundadores. Esta Plataforma Internacional irá ficar sediada em Viseu, na Confraria, por decisão unânime de todos os seus participantes. O seu principal objectivo será dinamizar e divulgar a nossa cultura, música, gastronomia e tradições populares em parceria com todos intervenientes, junto das nossas comunidades associativas espalhadas pelo mundo. Graças a este trabalho, a Confraria está, neste momento, representada em 20 países, da Europa, África e América. Actualmente está a ser programada uma III Entronização no Rio de Janeiro (onde já contamos com mais de 80 confrades e comendadores) e, a pedido de dirigentes da diáspora, futuras Entronizações em New Jersey, Suíça e outros. Estamos também a elaborar um protocolo de representatividade recíproca com a Casa das Beiras no Rio de Janeiro e a CPL de Luxemburgo. Sem falsas modéstias, consideramos estar a fazer um óptimo trabalho em prol da nossa Beira. Exemplos disso são os muitos convites recebidos para apadrinhar novas Confrarias, para participar em inúmeros eventos a nível nacional, para co-organizar eventos a nível internacional. Todo este trabalho só é possível levar a cabo com a colaboração de uma equipa coesa onde o espírito de amizade, entreajuda, lealdade e altruísmo predomina. Também é justo referir o contributo, o apoio e o incentivo de diversas entidades públicas, nomeadamente a Câmara Municipal de Viseu e Secretaria de Estado das comunidades e privadas fundamentais para revitalizar tăo justa e nobre causa. Esperamos, também, poder continuar a recolher, preservar, promover e divulgar tudo o que ŕ área da cultura popular e tradicional diz respeito, pois a nossa Cultura é e será sempre a marca que nos distinguirá de todos os outros povos. Contactos: e-mail: confraria.graovasco@sapo.pt Telefone sede: 232 428 231 Almoxarife: 917 601 211 Visite o nosso Blog: graovascoconfraria.blogspot.com

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Centro Interpretativo instalado em Limões

Museu em Ribeira de Pena permite viagem pelo ciclo do linho O Museu do Linho de Ribeira de Pena foi inaugurado, em Limões, possibilitando aos visitantes uma viagem que começa com a semente na terra e acaba com o fio nos teares, onde artesãs trabalharão ao vivo. O Centro Interpretativo/Museu do Linho fica instalado num antigo edifício, recuperado pelo município, que está localizado no meio da aldeia de Limões, onde a tradição do linho foi passando de geração em geração. É uma aposta para, segundo afirmou o presidente da autarquia, Rui Vaz Alves, dinamizar o linho no concelho. No rés-do-chão do edifício fica instalada uma exposição permanente, onde se poderá observar o ciclo moroso e complexo do linho, que começa lá para Abril quando se coloca a semente na terra e se estende até que os fios chegam ao tear. Depois, num piso superior ficam instalados os teares e outros instrumentos usados no processo como a roca, o fuso ou a dobadoura. Aqui será possível parar e ficar a ouvir o bater ritmado do tear e ver a mestria e a arte das artesãs de Limões que, para além de trabalharem, vão também ensinar quem quiser sentar-se no tear a aprender algumas destas voltas que o linho dá. “Pretende-se que seja um espaço vivo”, salientou o autarca.

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