Trofa_passado e presente com futuro

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O CONCELHO DA TROFA

Breve apresentação Apesar de ser um concelho recente e de nunca ter usufruído de autonomia administrativa até 19 de Novembro de 1998, o percurso histórico da Trofa é longo e anterior à própria constituição da Nacionalidade. Crê-se que uma das primeiras citações conhecidas está integrada num documento de escritura do mosteiro de Moreira (Maia) datado do ano de 979). Este documento refere Alvarelhos (alvarelios), S. Cristóvão do Muro (sanctum christoforum) e Cedões (zadones - localizado na freguesia de Santiago de Bougado). Contudo, o povoamento de todo este território actualmente conhecido como concelho da Trofa remonta a milhares de anos atrás. Prova disso são os trinta e quatro machados de bronze encontrados em S. Martinho de Bougado, no lugar de Abelheira, que hoje se encontram na Sociedade Martins Sarmento em Guimarães, a mamoa encontrada próximo da Estação da Trofa, destruída entretanto, as inscrições rupestres na aldeia da Maganha ou o emblemático castro de Alvarelhos (classificado como "Monumento Nacional" desde 1910), um povoado fortificado que veio a adquirir grande importância quando, depois de conquistada a Península Ibérica, a administração romana decidiu construir aquele que se manteve até hoje como um dos eixos estruturantes do território da Trofa - a estrada que liga o Porto a Braga (Cale a Bracara Augusta). Localizada num vasto território, vinculado ao grupo étnico dos madequisenses, que se estendia do Oceano Atlântico à Serra da Agrela


e do Rio Leça ao rio Ave, esta ampla terra, fértil em recursos naturais, foi sendo, ao longo de mais de 160 anos, administrativamente dividida entre os concelhos da Maia, de Vila do Conde, de Santo Tirso e finalmente da Trofa. Em meados do séc. XIII, nas Inquirições de D. Afonso III, este território é referido como Terra da Maia, julgado, e assim se mantém até 1384, ano em que é integrado no termo do Porto. Em 1527, D. Manuel atribui foral à Terra e Concelho da Maia, confirmando assim velhos privilégios de uma terra que se vai manter eminentemente rural até ao advento do liberalismo. No séc. XVIII, nas "memórias paroquiais", as oito freguesias da Trofa mantêm-se no centro deste território, mas as suas referências estão limitadas aos rios Ave e Leça, às serras de Covelas e Cidai e, ainda e sempre, à estrada Porto/Braga que atravessa o Ave no lugar do Vau (Santiago de Bougado) ou na Ponte da Lagoncinha (Lousado, Famalicão).


Em 1809, as tropas comandadas pelo General Soult, entram pela fronteira de Chaves e dirigem-se a Braga. Aqui, na Trofa, organizam o ataque à cidade do Porto, dividindo-se em três colunas. A do meio, "aproveitando a velha via romana que ligava as cidades de Braga e Porto, iria atravessar o Ave no lugar do Vau e na Barca da Trofa1" , mas encontrou forte resistência das gentes locais, como refere o próprio Soult nas suas memórias: "A minha coluna do centro viu-se detida na Barca da Trofa pelo inimigo. Teve de subir o rio para forçar a ponte da Goncinha que estava barricada e defendida por fortes entrincheiramentos." Deste episódio restam marcas comemorativas no lugar da Barca, no Souto de Bairros e em Lantemil, sendo estes dois últimos os locais de acampamento do exército invasor. Também o séc. XIX e o liberalismo deixaram marcas neste antigo território. Com a reforma administrativa, a comarca do Porto passa a ter vinte e dois concelhos, sendo elevados a esta categoria muitas honras e coutos que nunca tinham tido Carta de Foral. É assim que a par de antigos concelhos como o da Maia e de Refoios de Riba d'Ave, surge o de Santo Tirso, antigo couto. Em 21 de Março de 1835, D. Maria II cria o julgado de Santo Tirso, composto pelos concelhos de Negrelos, Rebordões, Refoios, Roriz, Santo Tirso e ainda por treze freguesias desanexadas ao concelho da Maia, entre as quais as oito que actualmente constituem o concelho da Trofa2. Mas com o séc. XIX, chegou também o progresso e a inovação tecnológica e industrial. A reforma da estrada nacional Porto/Braga, a construção das vias férreas Trofa/Fafe e Porto/Braga na segunda metade do séc. XIX, com as consequentes construções de duas obras de arte (a ponte pênsil para o trânsito rodoviário e a ponte sobre o Ave para o ferroviário), e mais tarde a estrada Santo Tirso/Vila do Conde, esquartejaram a freguesia rural


de S. Martinho de Bougado, mas constituíram factor predominante na industrialização do Vale do Ave, deixando uma marca estruturante neste território e, posteriormente, na cidade e no concelho da Trofa. Já em pleno séc. XX, resultado do processo de industrialização que avassalou toda esta bacia, caracterizada por uma forte implantação de indústrias têxteis, da própria agricultura intensiva e da densidade demográfica, este território modifica-se. A qualidade da água do rio Ave e seus afluentes foi sofrendo uma depreciação significativa, bem como os ecossistemas aquáticos, ribeirinhos e terrestres associados. As actividades económicas e recreativas que se desenvolviam ao longo das suas margens foram-se degradando e desvalorizando. É assim que desaparecem as azenhas, os engenhos de linho, as serras hidráulicas e os pisões; as explorações agrícolas e a mancha florestal contígua e, obviamente, as praias fluviais do Bicho, de Bairros e da Barca. A população, consternada com o processo de degradação do rio Ave, foi virando as costas ao rio, privando-se e privando-o de toda uma vivência que, inconscientemente, contribuiu para a aceleração deste processo. Actualmente, o concelho da Trofa possui órgãos municipais próprios com autonomia administrativa e financeira, atribuições e competências. E, não obstante as carências financeiras, humanas e técnicas com que se depara actualmente o Poder Local (que, não raro, dificultam o cumprimento das atribuições das autarquias na sua plenitude), a Trofa é, no presente, um município solidário que trabalha pela modernização, reestruturação e requalificação urbanística, pela defesa do património natural e histórico-cultural e pela preservação da sua identidade.


Algumas data mais significativas 1836, 6 de Novembro Integração das oito freguesias que pertenciam ao concelho da Maia no novo concelho de Santo Tirso: São Martinho de Bougado, São Tiago de Bougado, Covelas, Muro, Alvarelhos, Guidões, São Romão do Coronado e São Mamede do Coronado;

1974, 25 de Abril Recomeço da luta pela criação do concelho da Trofa.

1984, 16 de Maio Criação da Vila da Trofa.

1990, 14 de Dezembro Criação da Comissão Promotora do Concelho da Trofa (integrando 13 elementos).

1992, 15 de Julho Entrega do processo de constituição do concelho na Assembleia da República

1993, 2 de Julho Elevação da Trofa a cidade.

1998, Fevereiro Entrada na Assembleia da República de três Projectos de Lei com vista à criação do novo Município,


1998, 19 de Novembro Aprovação da criação do concelho da Trofa na Assembleia da República apoiada por cerca de dez mil trofenses que aí se deslocaram.

1999, 22 de Janeiro Tomada de posse da «Comissão Instaladora do Município da Trofa» no Governo Civil do Porto.

2001, 16 de Dezembro Eleição dos Primeiros Órgãos Municipais do Concelho da Trofa.

2002, 7 de Janeiro Tomada de posse dos primeiros órgãos autárquicos eleitos.

2005, 9 de Outubro Eleições dos Segundos Órgãos Municipais do Concelho da Trofa.

2005, 28 de Outubro Tomada de posse dos Segundos Órgãos autárquicos eleitos.

2009, 11 de Outubro Eleições dos Terceiros Órgãos Municipais do Concelho da Trofa.

2009, 30 de Outubro Tomada de posse dos Terceiros Órgãos autárquicos eleitos.


As oito freguesias do novo Concelho Alvarelhos Alvarelhos, uma das oito freguesias da Trofa, localiza-se ao lado de Vila do Conde, com as freguesias de Guidões e Santiago de Bougado a norte e Muro a nascente. É uma terra riquíssima do ponto de vista histórico, arqueológico e etnofolclórico. As suas principais actividades são a agricultura, a indústria têxtil, a extracção de caulino, a construção civil, as tinturarias e as metalomecânicas. Em Alvarelhos, a presença humana deixou marcas do período castrejo, romano e medieval, como o tem demonstrado o estudo arqueológico sistemático do chamado Monte Grande Alvarelhos, designação que abrange uma extensa área onde se inclui o Castro de Alvarelhos (classificado como “Monumento Nacional” desde 1910). A paróquia possui um belíssimo e rico espólio, actualmente em exposição no Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa e no Seminário Maior do Porto. A Igreja Paroquial (seiscentista), o Castro de Alvarelhos, a Quinta do Paiço (assentada na falda do Monte de S. Marçal) e o Monte de Santa Eufémia são apenas alguns dos lugares de visita obrigatória.

S. Martinho de Bougado S. Martinho de Bougado, a freguesia mais populosa do concelho, integra, juntamente com Santiago de Bougado, desde 1993, a actual Cidade da Trofa. A presença humana nesta área remonta, pelo menos, à Idade do Bronze,


tendo um dos mais importantes achados arqueológicos (relacionado com esta época) sido encontrado nesta freguesia (no lugar da Abelheira): um conjunto de 34 machados de bronze, hoje depositados no Museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães. Existiram ainda nesta região diversas mamoas, destruídas entretanto. Com uma paisagem cheia de contrastes e apresentando-se sobretudo como um agregado urbano moderno, muitos são os lugares que merecem ser visitados: a igreja paroquial antiga que, segundo a data lavrada na respectiva frontaria, terá sido erguida em 1780; a actual igreja paroquial, um edifício de arquitectura muito recente, linhas planas e registo sóbrio mas atraente, de volumetria horizontal; a Capela da Nossa Senhora das Dores, construída nos finais do séc. XIX (1879) no então chamado Monte da Carriça, e actualmente palco de uma autêntica romaria minhota com grande interesse etnográfico (procissão com andores típicos, iluminações, bandas de música, arraial e fogo de artifício), todos os anos, no terceiro domingo de Agosto. O cruzeiro de S. Martinho, datado de 1622, merece também referência, assim como o nicho de alminhas de Ervosa (de 1772) e a memória da antiga Ponte Pênsil da Trofa (ou da Barca da Trofa, como também era conhecida), construída em 1858 e demolida em 1935 - a recordá-la, existem interessantes painéis de azulejo, na frontaria da Casa Lagoa (Parque Dr. Lima Carneiro).

Santiago de Bougado O Vale de Bougado, outrora intitulado «Terras do Porto», é uma das oito freguesias do recente concelho, o segundo território mais extenso e uma das freguesias mais populosas. Situa-se a poente de S. Martinho de Bougado, na margem esquerda do rio Ave. Aqui a agricultura tem um papel importante na economia local; contudo, a indústria - sobretudo, a têxtil, a electrónica, a construção de máquinas


agrícolas e outras metalomecânicas - e o comércio - tradicional e comércio grossista - têm-se implantado significativamente. Como todas as outras freguesias, Santiago de Bougado tem uma história quase milenar. Segundo alguns documentos, esta freguesia foi habitada desde o período Megalítico. Armando Coelho da Silva defende que o Monte de Cidai terá por certo abrigado um castro. Mais tarde, toda esta zona terá sofrido intensa romanização. Dos vestígios encontrados, destacam-se os dois marcos miliários em exposição permanente na Casa da Cultura da Trofa (Santiago de Bougado). A igreja matriz, considerada de grande interesse público, é um dos principais monumentos de atracção turística. A sua construção data de 1754 e o projecto é atribuído a Nicolau Nasoni (o mesmo arquitecto que projectou a Igreja dos Clérigos no Porto). Com um rico património cultural de natureza religiosa, Santiago de Bougado tem ainda para mostrar a Capela de Nossa Senhora do Desterro, no lugar do Souto de Bairros (erguida em 1649 e, posteriormente, sujeita a aumentos e alterações), junto à qual sobressai uma lápide de granito com uma inscrição alusiva às Invasões Francesas (1809); a de Nossa Senhora da Livração (construída em 1803, segundo uma lápide patente na frontaria), a moderna capela de S. Gens de Cidai e a capela de Santa Luzia (documentada desde 1678). Outros lugares dignos de visita são a Azenha de Bairros (única em laboração no concelho da Trofa), o Miradouro da Nossa Senhora da Alegria, a Casa da Cultura da Trofa e as belíssimas casas solarengas.

S. Mamede do Coronado S. Mamede do Coronado ocupa uma área de mediana extensão, bem irrigada e de relevo pouco acidentado, com óptimos solos agrícolas.


O Abade Bartolomeu Soares de Lima, que redigiu as respostas ao questionário de 1758 (Memórias Paroquiais) integra nesta freguesia as seguintes aldeias ou lugares: Vila (onde assenta a Igreja), Mendões, Louredo, Casal, Soeiro, Paiço, Fontes, Vilar de Lila e Água Levada. Mencionava também a existência de duas ermidas, do Espírito Santo e de S. Roque, ambas localizadas nas imediações da igreja paroquial. Notável nesta freguesia é a tradição dos santeiros, representadas hoje com excelência pelos imaginários Manuel Thedim e Avelino Vinhas. São várias as indústrias a laborar nesta freguesia, entre elas a de arte sacra, a farmacêutica, a têxtil, a de mármores e cantarias, a de carpintaria, a de construção civil, a de máquinas agrícolas e a de metalomecânica. A hotelaria, o comércio diversificado e a agricultura (agropecuária e produção de milho) possuem também uma importante cota no desenvolvimento desta freguesia. Em termos turísticos, são lugares dignos de interesse: a igreja matriz, a capela do Divino Espírito Santo, o Monte das Cruzes (Calvário), o Padrão de Mendões, a Casa Museu Professor Alberto Carneiro e os Ateliers de Arte Sacra.

S. Romão do Coronado S. Romão constitui a Vila do Coronado, juntamente com a freguesia de S. Mamede. É delimitada pelas freguesias de S. Mamede, Folgosa (Maia) e Covelas. Tendo conhecido, nas últimas décadas, um forte incremento da actividade industrial e abrangendo uma diversidade de sectores trefilaria de ferro e aço, metalomecânica, transformação de mármores e granitos, têxteis, fabrico de vassouras, S. Romão do Coronado apresenta-se, actualmente, com um significativo índice de produtividade. Em 1875 foi inaugurado o troço entre Campanhã e Nine, da Linha de Caminhos-de-ferro do Minho, o que representou um forte impulso no


desenvolvimento económico e demográfico da freguesia., actualmente reforçado pela A3, auto-estrada Porto Braga, que por aqui passa. A igreja paroquial é um edifício de traça singela, datada de 1869, de acordo com a inscrição no lintel da porta. Dignas de menção são ainda as duas ermidas localizadas nas imediações da freguesia: uma de S. Bartolomeu e a outra de Santa Eulália.

Covelas Bastante extensa em território, mas com uma reduzida densidade populacional, a região de Covelas, com características rurais, tem paisagens magníficas. As suas terras são propícias à agricultura, sobretudo nos sectores da pecuária, silvicultura e avicultura. A indústria está representada por pequenas empresas de carpintaria e serralharia. A capela de S. Gonçalo é uma das riquezas arquitectónicas do passado e é palco de uma das mais divulgadas romarias da paróquia - realizada no quarto domingo de Janeiro. Mandada construir pelo Conde de S. Bento, a igreja matriz, datada dos finais do século XIX, encerra no seu interior duas belíssimas peças de grande importância para a História da Arte Sacra: uma delicada imagem de Nossa Senhora das Neves, em pedra de Ançã, policromada e dourada, que remonta ao século XV, e uma custódia em prata dourada do século XVI.

Guidões «Gidões» é o nome que aparece no registo datado da primeira metade do séc. XIII. Em 1307 chamavam-lhe «Guydões» e, em 1542, nasce o nome que se mantém até aos nossos dias.


A freguesia de Guidões situa-se no extremo ocidental do concelho da Trofa, e nos limites de Santiago de Bougado e Alvarelhos. Recostado na vertente da Serra de Santa Eufémia e com belos recortes paisagísticos, este local vive essencialmente da agricultura, embora goze já de pequenas empresas de construção civil, têxteis e de serralharia. O património cultural é vasto e rico. A Azenha do Bicho era um agradável parque de merendas e de recreio. As Casas Agrícolas e os magníficos edifícios religiosos, os edifícios habitacionais, o Fontanário da Póvoa, no Largo Dr. Adriano Fernandes, as Alminhas da Póvoa, o conjunto de Cruzeiro junto à Igreja Paroquial e a própria igreja de S. João Baptista, datada de 1879, são apenas alguns dos lugares dignos de visita.

Muro A freguesia de S. Cristóvão do Muro é atravessada pela EN 14 e está localizada entre Alvarelhos (noroeste), Santiago de Bougado (norte), Covelas (leste) e S. Mamede do Coronado (sudeste), confrontando-se com o Concelho da Maia a sudoeste. Apesar de ser uma freguesia eminentemente rural, a indústria de metalurgia ligeira e a indústria têxtil são as actividades que mais promovem a região. A igreja matriz é um belo templo setecentista. Do espólio de arte sacra aí existente, destaca-se um curioso relicário em prata dourada, com templete como as custódias seiscentistas. No largo em frente ergue-se um cruzeiro de cantaria e, a Norte, uma bela casa solarenga. Outro lugar de paragem obrigatória é a capela de S. Pantaleão, situada no monte com o mesmo nome.


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