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Taquara, 29 de setembro de 2017 • Edição 2350 • 24 Páginas • R$ 2,00 Fotos: Cristiano Vargas

Conheça os textos vencedores do Concurso Literário Faccat/ Jornal Panorama.

Páginas 11 a 14 Célia Arend, 76, confeiteira

Raymundo Dalmina, 86, sapateiro

Aparecida Macedo, 79, professora

Em especial alusivo ao dia do idoso, comemorado no próximo domingo, Panorama conta histórias de quem está na terceira idade e continua ativo profissionalmente.

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EXCLUSIVO

Condenado a 28 anos de cadeia acusado de matar cliente de padaria Panorama revela a sentença contra acusado de assaltar e matar homem em padaria no bairro Santa Rosa, em Taquara. Crime aconteceu em maio do ano passado. Página 20


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Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Abertura

EDITORIAL

A questão do hospital de Taquara

Ao longo dos últimos anos, o Jornal Panorama acompanha com muita força, despendendo longos espaços, as questões relacionadas ao Hospital de Taquara. Muitas vezes, este editorial já se posicionou a respeito do funcionamento da instituição, e é o caso de, mais uma vez, voltar ao tema. O Hospital está envolvido em uma ação judicial que questiona a contratação do seu atual instituto gestor, a Prefeitura atribuiu responsabilidades ao governo do Estado e o Conselho Municipal de Saúde apresenta possíveis instituições interessadas em gerir a casa de saúde. Ao mesmo tempo, médicos estão com procedimentos eletivos suspensos, e quem sofre com isso é a população, sem dúvida. É inevitável pontuar que existe um contrassenso na questão hospitalar do Vale do Paranhana que chama a atenção. Embora todas as casas de saúde dos demais municípios sempre relatem dificuldades, que são inerentes ao setor, resta evidente que a situação

mais grave acontece atualmente em Taquara. Neste sentido, o município precisa discutir os motivos que o levam a enfrentar a mais grave crise na manutenção do seu hospital. Existem serviços que não são sustentáveis? O hospital deveria ter mais produção? A casa de saúde deveria se inserir numa estratégia regional? Quais são as fontes de financiamento do Bom Jesus? Onde estão seus maiores custos? São apenas algumas das perguntas que podem ser feitas. Em um levantamento mais profundo, e feito tecnicamente, sem interesses políticos ou pessoais, muito mais poderá ser abordado. O comitê recentemente proposto em uma audiência judicial é uma das saídas para levantar a real situação do hospital taquarense. O que precisa ser salientado, também, é que este comitê tem um dever essencial com a transparência para que tenha eficácia. Reconhecidamente, o hospital de Taquara vive, diante de casas de saúde de outros municípios, uma gra-

DEZESSEIS DIAS DE ATIVISMO

A Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres da Câmara de Vereadores de Taquara realizou, na terça-feira, reunião para organizar os 16 dias de ativismo. A campanha é uma mobilização anual praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e poder público no enfrentamento à violência de gênero. Mundialmente, inicia no dia 25 de Novembro e segue até 10 de dezembro. No Brasil, a campanha acontece desde 2003. Participaram da reunião, a presidente da Frente Parlamentar, Mônica Facio, a vereadora Marlene Haag e o vereador Moisés Rangel, todos integrantes da Frente Parlamentar.

RECADASTRAMENTO EM PAROBÉ O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Cartório Eleitoral de Taquara estão convocando para que os eleitores não deixem para fazer o recadastramento biométrico na última hora. O pedido é especial para os eleitores de Parobé, para que compareçam ao cartório, na rua Ernesto Alves, 1780 (ao lado do fórum) das 10h às 17h, evitando correr o risco de enfrentar filas. Parobé possui 38.426 eleitores e apenas 20,19% deles está com biometria cadastrada, segundo dados do TRE. É o município com maior interesse no recadastramento em andamento, uma vez que é o possível de ter novas eleições.

ve crise de credibilidade. Muitos dos profissionais envolvidos dizem que pacientes não querem se socorrer dos serviços do Bom Jesus, dando preferência às demais casas de saúde, fruto das notícias que a todo o momento dão conta de problemas no Bom Jesus. Esta crise de credibilidade só será enfrentada se for tratada com transparência na condução dos problemas, sem receio de expor dificuldades, mas também apresentando os processos e as correções que estão sendo efetuadas. Há muito Panorama destaca: transparência não é apenas publicar um calhamaço de números na internet sem contextualizá-los de forma que a comunidade possa entender. Ser transparente não é apenas protocolar mês a mês uma prestação de contas de recursos recebidos. Transparência é muito mais do que isso e, certamente, esse é um dos choques que o Hospital de Taquara precisa levar, junto com os poderes públicos envolvidos na sua gestão.

VEREADORES REALIZAM VISTORIA EM PRAÇA A Câmara de Vereadores de Taquara realizou reunião, na segunda-feira, para tratar da segurança e melhorias na Praça da Bandeira. O encontro foi proposto pelos vereadores Luis Felipe Luz Lehnen, Carmem Solange Kirsch da Silva, Daniel Laerte Lahm e Sirlei Silveira. Na ocasião, foram levantados os principais problemas relatados por moradores, como furtos, uso de drogas e brigas. Também houve uma visita técnica (foto abaixo) à praça, em que a Brigada Miltiar fez abordagens em alguns dos frequentadores. A reunião teve a participação dos órgãos de segurança e ficaram acertadas novas visitas na praça.

CAIXA POSTAL 59 Contribua com seu artigo. Envie para editoria@jornalpanorama.com.br O texto deve conter no máximo 1500 caracteres

Na Hora Certa

Incrível como alguns fatos do cotidiano mexem conosco. Coisas simples, às vezes banais, e que normalmente nos fazem dizer ou pensar frases do tipo: “como fui fazer isso?” ou “deveria ter me prevenido”. Digo isso usando por base um fato que aconteceu comigo. Bateria de carro é algo que tem “vida” finita. E, na maioria das vezes (quem tem carro irá concordar), se percebe quando a bateria está perto do fim. Eu sabia que tinha que trocar ou revisar a bateria do meu carro. E fui adiando. Até que o carro me deixou na mão. Pois bem, de alguma forma ou de outra, muitas vezes adiamos decisões ou mesmo resoluções simples, que nos poupariam tempo e dores de cabeça, se tivéssemos resolvido ou encaminhado na hora certa. Existe um verbo semelhante a adiar, muito utilizado no meio corporativo, que é procrastinar. Não é uma palavra elegante, concordam? Algumas definições buscadas na internet informam que procrastinar significa “deixar para outro dia ou depois, adiar, delongar, postergar”. Quem de nós nunca adiou uma decisão, a resolução de um problema? Procrastinamos decisões na vida profissional e pessoal. Relações pessoais mal resolvidas, palavras mal colocadas, pedidos de perdão adiados, reconhecer erros ou iniciar mudanças. As causas podem ser variadas: comodismo, medo, falta de conhecimento, inexperiência. Mas para cada causa, existe uma solução: comodismo se resolve com conscientização e atitude; para livrar-se do medo é preciso agir e confiar. Falta de conhecimento se corrige compartilhando experiências, e inexperiência se perde inovando ou descobrindo novos caminhos. Realmente, não é nada fácil, mas não é impossível. Se procrastinar não é “elegante”, o termo proatividade tem um sentido muito interessante: significa antecipar-se a futuros problemas ou mudanças. É agir no sentido positivo, avaliando os pontos e questões que envolverem determinado tema, e antecipar-se a alguns acontecimentos ou possibilidades, criando alternativas. Ganha-se tempo e produtividade, qualidade de vida e confiança. Fazendo uma analogia, nossa “bateria” são nossos pensamentos, nossa alma. Não vamos desperdiçar energia adiando decisões. Vamos consumir nossas energias, nossos pensamentos, de forma criativa, aproveitando os momentos, vivenciado experiências. Sem medo das mudanças, conscientes de nossa capacidade de aprender e realizar. Douglas Marcio Kaiser, professor do Senac de Taquara

EDITAL DE CASAMENTOS ELIZABETH MARTINI, registradora do Registro Civil das Pessoas Naturais e Especial de Taquara-RS.

Faz saber que pretendem se casar: 1)MARCO AURELIO LAHM e ADRIANA FERREIRA MACIEL, 2) LOIVO RIBEIRO e MARCIA LISIANE SILVA DE VARGAS, 3) CLEBER CARDOSO DA SILVA e JENIFER KOSSMANN e 4) JOÃO BATISTA SAUSEN e RAMONA DE OLIVEIRA LOPES. Quem souber de algum impedimento, que oponha-o na forma da lei. DADO e PASSADO nesta cidade de Taquara-RS. Aos vinte e sete (27) dias do mês de setembro (8) de dois mil e dezessete (2017). Rua Rio Branco, nº 1145 - Sala 104. Panorama, 29 de setembro de 2017.

PANORAMA

Fundado em 27/9/1975

Editado pela EMPRESA JORNALÍSTICA GAÚCHA LTDA. Inscrição Estadual: 141/0071666 - CNJP: 88.279385/0001-19 Rua Rio Branco, 1006 - Fone: 3542.2288 - Taquara/RS - CEP: 95.600-000

Jornalismo: editoria@jornalpanorama.com.br Publicidade: publicidade@jornalpanorama.com.br Direção: direcao@jornalpanorama.com.br Diretor: Olavo Carlos Wagner Editores: Inge Dienstmann | Vinicius Linden Impressão: Grupo Editorial Sinos

Circulação às sextas-feiras em Taquara, Parobé, Igrejinha, Três Coroas, Rolante e Riozinho (Vale do Paranhana). Fechamento comercial quartas ao meio-dia.


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Comunidade

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Faccat anuncia vestibular solidário para o dia 29 de outubro Vem aí mais uma edição TAQUARA - O vestibular solidário das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) acontecerá no dia 29 de outubro (domingo), às 13h30min, no campus. O valor da inscrição foi substituído pela doação de seis litros de leite (embalagem longa vida), que deverão ser entregues no dia da prova. As arrecadações serão destinadas, posteriormente, para entidades beneficentes da região. A prova inclui Redação, Língua Portuguesa e conhecimentos gerais com vagas para os cursos de Administração, Ciências Contábeis, Design, Direito, Enfermagem, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Gestão Comercial, Gestão de Qualidade, História, Jogos Digitais, Letras, Matemática, Pedagogia, Psicologia, Publicidade e

Propaganda, Relações Públicas, Sistemas de Informação, Sistemas para a Internet e Turismo. A Faccat oferece vários benefícios para os acadêmicos, como financiamento próprio; FIES; convênios com empresas e entidades; desconto de 40% para quem tiver mais de 45 anos de idade, exceto nos cursos diurnos; desconto de 50% para as licenciaturas aos sábados; estágios; Banco de Talentos; e seguro desemprego (três meses de isenção das mensalidades), caso o acadêmico perca o emprego. As inscrições estão abertas até o dia 27 de outubro e podem ser feitas pelo site www.faccat.br.

e Conselho Municipal de Turismo. Estão convidados a participar representantes da sociedade civil ligados ao tema na cidade, como gestores, investidores e empresários. "As ideias dos participantes serão realmente ouvidas e discutidas. Vamos montar grupos de trabalho e trocar experiências e opiniões para, ao final, traçarmos um panorama de tudo o que foi visto e de diretrizes que podemos tomar para o Turismo de Igrejinha daqui para frente", destacou o secretário de Turismo, Dirceu Linden. "O município tem um potencial turístico enorme e também é beneficiado por

TAQUARA - Um dos eventos mais aguardados da Embaixada Feminina de Amor pelo Hospital Bom Jesus, o Baile do Batom acontecerá no próximo dia seis, às 20 horas, na Sociedade Carlos Gomes, em Taquara. O evento organizado especialmente ao público feminino terá animação de DJ Muka. O tema deste ano será o country, es-

tilo musical norte americano que surgiu em 1920 e fez sucesso internacional principalmente a partir dos anos de 1940. Os valores angariados com o evento beneficente serão usados para demandas no Hospital de Taquara. O cartão pode ser comprado com as embaixadoras, e dá direito a jantar, sobremesa e drinks.

Jovens do Cras concluem curso TAQUARA - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação realizou, na terça-feira, solenidade de formatura (foto) de jovens assistidos pelo Centro de Referência em Assistência Social (Cras). Através de parceria com o Senac, foi oferecido um curso de Informática Bástica e Introdução ao Mundo de Trabalho para 15 participantes, com idades entre 14 e 19 anos, moradores das regiões urbanas e do interior do município. O curso teve 26 horas/aula e aconteceu nas terças e quintas-feiras, incluindo lições sobre programas básicos da informática e iniciação ao mercado de trabalho. A formatura contou com a participação de autoridades de Taquara.

Igrejinha terá fórum para discutir seu potencial turístico IGREJINHA - Discutir com a sociedade quais são as melhores alternativas e formas para potencializar o turismo na cidade, promovendo uma grande troca de informações e conhecimento, é o objetivo do Fórum Municipal de Turismo. Regido pelo tema “Construindo uma Política Municipal de Turismo”, o encontro ocorre na próxima quinta-feira, dia 5 de outubro, na Sociedade União de Cantores de Igrejinha - SUCI, a partir das 14 horas. O Fórum é promovido por uma parceria da administração municipal, através da Secretaria de Agricultura, Turismo e Lazer, Sebrae

do Baile do Batom

Divulgação/Cleusa Silva

A Casa de Pedra foi residência de Tristão Monteiro e tem uma forte ligação histórica e cultural com a região

sua localização geográfica e proximidade com locais como a Serra Gaúcha. Destaco que Igrejinha possui vários atrativos, além de eventos culturais riquíssimos e o carisma de sua gente honesta, batalhadora e solidária.

Estamos engajados com a bandeira de potencializar o turismo na cidade, o que inclusive diversificaria sua economia, e estamos levantando quais as melhores estratégias e ações para fazê -lo", complementa Dirceu.

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Santa assinalou nove décadas com atividades ao longo do ano

Gincana de integração Representação na semana da Pátria

Almoço e Celebração Eucarística do 23º Encontro da EXA (ex-alunos do Santa)

No dia 15 de março, data do 90º aniversário, comemoração com os alunos no Centro Cultural e Esportivo

Homenagem recebida na Câmara de Vereadores


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Comunidade celebrou 90 anos do Colégio no Clube Comercial Fotos: Foto de Fato

Em primeiro plano, a vice-diretora Ir. Deisi Naibo, a diretora Maria Isabel Rosseti, a presidente da Associação de Ex-alunos Maria Cristina Silva, a Superiora Provincial Ir. Vania Maria Dalla Vecchia e a presidente da APM Raquel Cristina Marmor

Direção do Santa e Irmãs Jovens da Província Nossa Senhora Aparecida

Rei e Rainha 2017 do Colégio e soberanas(os) de anos anteriores

Salão do clube ficou lotado com amigos do Santa Teresinha

Professores e direção


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Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

”Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse a Zaqueu: - Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso ficar na sua casa”. (Lucas 19.5). Amigos do Panorama! O que é ser amigo? Como estão os seus laços de amizade? Ser amigo ou ter amizade é, acima de tudo, ser leal. É estar ligado a outra pessoa por laços muito profundos, sem segundas intenções. Infelizmente, ser amigo, muitas vezes, está ligado a interesses pessoais. Neste caso, não se trata realmente de amizade, mas sim, de troca. Zaqueu era publicano, responsável pela cobrança de impostos na região da Judéia. O povo desprezava os publicanos e tinha aversão também àqueles que com eles conviviam ou mantinham laços de amizade. Sabendo disso, entendemos porque o povo começou a resmungar, quando Jesus disse que queria se hospedar na casa de Zaqueu. Jesus é amigo dos pecadores. Para isso, ele veio ao mundo, para mostrar a graça de Deus dada a todos, de modo especial aos pecadores. Também a nós, Jesus veio trazer a sua graça. Só assim o pecado deixa de ocupar o centro da nossa vida e nós podemos passar a ser amigos de todos, deixando de fazer distinção entre as pessoas. O Salvador veio “buscar e salvar quem está perdido” (Lucas 19.10). E nós fazemos parte deste grupo que foi buscado por Jesus. Não somos melhores do que ninguém. Cristo quer ser o nosso amigo. Importa que, diariamente, nos arrependamos dos nossos pecados e recebamos a Cristo não só em nossos casa, mas também em nossos corações e nossas vidas. Amém. Pastor Valmor Haag PROGRAMAÇÕES Sábado, 30/09: Acampamento Sinodal de Jovens em Carlos Barbosa; Culto no Lar OASE às 15h; domingo, 01/10: Culto na Igreja da Paz (centro) às 9h com inauguração do novo prédio (Centro Martim Lutero) da Comunidade Evangélica de Taquara, com participação especial da Pa. Sinodal Tânia C. Weimer. Dia 06/10, às 20h, na Igreja da Paz, palestra alusiva aos 500 anos da Reforma Luterana com o bispo da Diocese de Novo Hamburgo D. Zeno Hastenteufel. Tema: “A Reforma Luterana na compreensão da Igreja Católica hoje”. Dia 11/10: Chá da OASE de Taquara alusivo aos 102 anos de fundação do grupo, no Ginásio do Dorothea, a partir das 15h.

Comunidade

Conselho apresentou duas entidades interessadas em assumir gestão do hospital TAQUARA – Em meio à crise que envolve o Hospital Bom Jesus, atualmente gerenciado pelo Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV), o Conselho Municipal de Saúde apresentou, nos últimos dias, duas instituições que demonstraram interesse em assumir a gestão da casa de saúde, no caso de eventual saída do ISEV. A presidente do Conselho, Ursula Garcia, explicou que a divulgação se deu em função de que as entidades procuraram o órgão taquarense, que buscou apresentar os dirigentes a todos os membros. A ideia é que os conselheiros tenham conhecimento das entidades, se alguma definição tenha que ser tomada nos próximos meses. Úrsula ressaltou, no entanto, que a decisão de troca de entidade gestora cabe à administração municipal. A primeira entidade a se apresentar foi o Instituto Silvio Scopel - Gestão em Saúde, cujo trabalho foi divulgado pelo diretor de negócios, Ricardo Pigatto. A apresentação

Fotos: Vinicius Linden

Ursula Garcia e Ricardo Pigatto na apresentação do Instituto Silvio Scopel

Sergio Machado e Reinaldo Braga apresentaram trabalho da Cruz Vermelha

aconteceu em reunião extraordinária do Conselho, na semana passada. Na ocasião, Pigatto contou que o Instituto faz a gestão de hospitais após ter decidido encerrar a manutenção do Hospital de Cerro Branco, quando chegou à conclusão de que não teria mais condições de manter a casa de saúde. Com isso, o Instituto manteve a atuação em contratos externos de gestão de casas de saúde e, desde então, já assumiu a Unidade de Pron-

do hospital, caso ocorra a saída do ISEV. A divulgação foi feita pelo superintendente de gestão de hospitais, Reinaldo Braga, e o diretor Sérgio Machado. Segundo Reinaldo, a Cruz Vermelha só atua em municípios que possuem legislação específica para organizações sociais, o que seria um dos primeiros requisitos para eventual entrada da entidade no Hospital de Taquara.

to-Atendimento (UPA) de Uruguaiana e o hospital de Anta Gorda. Ricardo enfatizou que o Silvio Scopel tem todos os certificados de entidade beneficente de assistência social (Cebas), documentos que asseguram a isenção de PIS e Cofins além de diversos encargos patronais incidentes sobre a folha de pagamento. Nesta semana, houve a apresentação de dirigentes da Cruz Vermelha, entidade também interessada em assumir a gestão

Nova diretora do hospital se diz preocupada com menor produção Desde o último dia 11, o Hospital Bom Jesus está sob o comando de uma nova diretora-administrativa. Vera Martins Neto se apresentou, na terça-feira, durante a reunião ordinária mensal do Conselho Municipal de Saúde e falou sobre os primeiros passos à frente da casa de saúde. Também entregou ao Conselho a prestação de contas referente aos recursos repassados pela administração de Taquara. A nova diretora reconheceu dificuldades do hospital e, inclusive, débitos financeiros com fornecedores e profissionais da saúde, como os médicos. Ressaltou que o pagamento dos funcionários está em dia e que, com relação às dívidas, está contatando a todos os fornecedores e procurando acertar a quitação com base em negociação. Citou que, com relação aos Vera Martins assumiu valores ainda devidos aos médicos, o hospital formalizou o Hospital Bom Jesus e quer melhoria proposta e aguarda resposta da categoria. Panorama teve no acolhimento acesso à proposta oferecida pelo Instituto Vida, que quer da instituição pagar parcelado o valor devido aos médicos, até agosto de 2018. Vera confirmou que, atualmente, os serviços de urgência e emergência têm sido mantidos pelos médicos, mas os procedimentos eletivos estão suspensos. A diretora manifestou preocupação com este fato, devido à redução de produção do hospital, que poderia acarretar cortes nos recursos repassados pelo governo do Estado. Vera acrescentou que, hoje, o abastecimento dos medicamentos está em dia e reforçou que está tomando medidas para melhorar o acolhimento do hospital, em reuniões com todas as equipes. Citou a necessidade de melhorar a imagem do hospital junto à comunidade. O médico Paulo Morasutti, presente à reunião, enfatizou que os médicos estão cumprindo o acordo firmado de manter as urgências e emergências, mas disse que a situação, que levou à suspensão dos procedimentos eletivos, não se criou nos últimos meses. Segundo ele, trata-se de problemas que vêm se arrastando desde que o Instituto Vida assumiu o hospital, principalmente a falta de condições para o trabalho médico, o que foi o fator preponderante para a decisão de suspender os serviços. Morasutti ainda criticou prática do hospital de contratar médicos via empresas, tendo custo mais alto, quando poderia buscar estes profissionais no corpo clínico local.

Reinaldo evitou divulgar planos para o hospital de Taquara, uma vez que, segundo ele, primeiro seria necessário fazer um levantamento completo em relação à casa de saúde. Enfatizou, porém, a importância de contratos que tenham segurança jurídica, tanto para a Cruz Vermelha quanto para a entidade contratante, no caso a Prefeitura de Taquara.

O QUE DIZ A PREFEITURA - O secretário municipal de Saúde, Vanderlei Petry, tem participado das reuniões do Conselho Municipal de Saúde, mas não tem feito questionamentos na apresentação das entidades interessadas em assumir o hospital. - Contatado pelo Jornal Panorama, o prefeito de Taquara, Tito Lívio Jaeger Filho, informou desconhecer as entidades e “as supostas propostas apresentadas junto ao Conselho Municipal de Saúde para administração do hospital”. Acrescentou que está aguardando a definição de demanda judicial para decidir que rumos a administração municipal tomará.

CONSELHO X PREFEITURA - Após a divulgação de que o Conselho Municipal de Saúde de Taquara aprovou resolução pedindo a saída do Instituto Vida da gestão do hospital, no começo deste mês, surgiu uma divergência da administração municipal com o órgão. O prefeito Tito Lívio Jaeger Filho rebateu dizendo que não poderia tomar esta providência, pois corria o risco de fechamento do hospital, e levantou problemas na composição do Conselho de Saúde. A íntegra da manifestação de Tito foi divulgada por Panorama em seu site. Acesse: http://bit.ly/conselhoxprefeitura1 - Depois, o Conselho Municipal de Saúde rebateu o prefeito Tito. Em ofício encaminhado à administração, sustentou que não há qualquer irregularidade na composição do órgão e que, inclusive, Tito participou da reunião em que foram eleitos os atuais membros da mesa diretora. Em reunião, membros do Conselho disseram que apenas externaram a posição do órgão em relação à situação do hospital. Acesse a íntegra da manifestação no site do Panorama: http://bit.ly/conselhoxprefeitura2 - Nesta semana, o prefeito Tito informou ao Jornal Panorama que, quanto à resposta apresentada pelo Conselho, "infelizmente, a princípio, comprovam nossas suspeitas quanto à ilegitimidade de vários membros, pois não recebemos os devidos documentos conforme solicitado. Estamos aguardando a manifestação do jurídico para assumirmos ações que deverão reestabelecer a regularidade do órgão e também apurar a culpabilidade dos agentes envolvidos que, ao menos em tese, praticaram as omissões de maneira reincidentes e deliberadas".


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Comunidade

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Alvaro de Souza/Especial

Prefeitura estuda reforma ou transferência de base do Samu TAQUARA – Atualmente funcionando junto ao Hospital Bom Jesus, a unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Taquara poderá ter uma transferência de sua sede. A medida será tomada pela administração de Taquara se não for possível efetuar uma reforma no atual local, conforme exigências feitas pelo governo do Estado. As medidas estão sendo tratadas pela Secretaria Municipal de Saúde com o Estado, que fez vistoria em Taquara. Segundo o secretário Vanderlei Petry, já aconteceu uma reunião com o governo, no final de agosto, em que foram tratadas as pendências do Samu. Além disso, vereadores estão se integrando à mobilização para garantir as melhorias ao serviço. Mesmo com as exigências do Estado, Petry assegurou que não há risco de o Samu deixar de atender em Taquara, uma vez que, segundo ele, este é um programa gerenciado em

Petry diz que Estado deve R$ 1,5 milhão à Prefeitura relativo ao Samu

três níveis, tendo também a participação do governo federal e da própria Prefeitura. Petry disse que alguns dos apontamentos já foram regularizados, principalmente aqueles relacionados à estrutura de cotidiano e computadores. Mesmo assim, o governo fez exigências relacionadas à estrutura física da sede. Segundo o secretário, a Prefeitura está avaliando a possibilidade destas reformas ou a eventual transferência da base do Samu. Uma das hipóteses levantadas é levar o serviço para o antigo prédio

da Calçados Beira Rio, no bairro Santa Teresinha, local onde a administração municipal também cogita, conforme projeto já revelado meses atrás, alocar o Corpo de Bombeiros. Mesmo assim, Petry reforçou que este é um projeto ainda em negociação, que deve ser definido até a metade de outubro, prazo dado pelo governo gaúcho. O secretário enfatizou que o hospital não terá perda de recursos se a base do Samu deixar a casa de saúde. Isso porque o funcionamento do serviço não está vinculado ao hospital, apenas a sua base fica junto ao Bom Jesus. O hospital perderia recursos se deixasse de prestar serviços ao Samu, o que não seria o caso, uma vez que os pacientes continuariam sendo atendidos em Taquara. Petry ainda destacou que o governo gaúcho deve à Prefeitura, somente referente ao Samu, cerca de R$ 1,5 milhão desde 2014.

Prédios da antiga Calçados Azaleia apresentaram problemas no telhado e na parte elétrica

Reforma de pavilhões atrasa início de atividades da Usaflex em Parobé PAROBÉ – A necessidade de reformar os antigos pavilhões da Calçados Azaleia, atrasou o início das operações da nova unidade fabril da Usaflex. Anunciada em abril deste ano, e com prazo de entrada em operação de até três meses, por enquanto os prédios seguem sendo um depósito de produtos de pronta entrega da Usaflex. Segundo o diretor de operações da companhia, Marcelo Cavalheiro, a ideia é iniciar a produção ainda em dezembro deste ano, no máximo até janeiro. Em entrevista ao Panorama, nesta semana, Cavalheiro informou que a unidade de Parobé está em atividade, funcionando como depósito. Ainda não pôde entrar em operação com atividade industrial devido à necessidade de reformas. “Todo o teto apresentava perfurações e a parte elétrica

exigiu reparos”, exemplificou Cavalheiro, destacando que uma série de outros problemas foram verificados nos pavilhões. Com isso, segundo ele, a Usaflex está encerrando a reforma para que o espaço “passe a ter cara de fábrica”. Cavalheiro reforçou que, pelas necessidades operacionais da empresa, é preciso que esta unidade entre em atividade em Parobé até dezembro. A ideia é transferir de Igrejinha para o município vizinho todo o trabalho das injetoras. Segundo o diretor, a Usaflex deverá começar a atuar em Parobé com cerca de 100 funcionários, cujo processo de contratação deverá ter início nos próximos meses, ainda antes do início das atividades. Cavalheiro acrescentou que a meta da Usaflex é gerar, ao longo da ampliação da unidade de Parobé, até 800 postos de trabalho.


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Acontece nas

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Escolas

Alunos da Escola Ermínia Marques fazem doação de mudas de plantas

Cimol receberá prêmio estadual de referência educacional

TAQUARA – O projeto de sustentabilidade ambiental da Escola Estadual Hermínia Marques, da localidade de Rio da Ilha, tem colhido bons “frutos”. Na última semana, os seis estudantes da iniciativa estiveram no Centro, onde distribuíram mais de 240 mudas de cerejeiras e pitangueiras cultivadas por eles próprios com orientação voluntária do professor aposentado Joares Pereira Dias. Com a aposentadoria após 37 anos dedicados à educação, Joares não conseguiu ficar longe do educandário, no qual trabalhou durante 24 anos, em grande parte como diretor. No início do ano passado, ofereceu ajuda para reativar o projeto de sustentabilidade ambiental, que existia anteriormente, mas ficou por um bom tempo desativado. É ele quem dá as instruções aos alunos de como fazer o preparo do solo e cultivo das mudas.

TAQUARA – Na segundacimento pela dedicação ao feira, a Escola Técnica Estaensino e qualidade na edudual Monteiro Lobato (Cimol) cação. Outro ponto forte do recebeu a confirmação sobre educandário, como lembra a premiação no 23º “Líderes Silvio, são os destaques em & Vencedores”, organizado feiras e eventos científicos, pela Federação de Entidades com premiações em nível Empresariais do Rio Grande estadual, nacional e internaSul (Federasul) e Assembleia cional. “O prêmio é merecido Legislativa do Estado. O edupor tudo o que fazemos”, candário taquarense será lauexternou. reado na categoria ReferênPara a presidente da Fedecia Educacional, em evento a rasul, Simone Leite, o prêmio ser realizado na terça-feira da valoriza os bons exemplos próxima semana. e serve de inspiração e Os vencedores foram motivação para os projetos escolhidos por comissões – da entidade. Aproveitando a coordenadoras, indicadoras presença da deputada Liziane Diretor Silvio avalia destaques Bayer, Simone ainda reforçou e julgadoras – que decidiram em feiras científicas como as 15 personalidades e proa importância da parceria ponto forte do educandário jetos que se destacaram nas com a Assembleia Legislativa categorias Mérito Político; para o sucesso da premiação. Sucesso Empresarial; Destaque Comunitário; Já a deputada reafirmou que os vencedores Expressão Cultural; e Referência Educacional. são referências positivas para o país, sendo a O Cimol foi escolhido como referência no premiação uma “boa pauta para trazer à luz a ensino para o estado. Para o diretor Silvio notoriedade das boas ações e atitudes no Rio Quintino de Mello, o prêmio é um reconheGrande do Sul”.

Os estudantes são convidados a participar ativamente das ações, e fazem desde a coleta de sementes na mata até a doação das plantas. Em outras ocasiões, também fizeram mudas de flores. “É importante porque aprendemos a preparar a terra e ajudar o meio ambiente”, comentou o aluno Emerson Medeiros. Já o estudante Elias Ferreira Alves conta que o retorno das pessoas às quais oferecem as mudas é positivo. “Acham bonita a iniciativa, incentivam a continuar.” As plantas também são doadas à comunidade local e aos funcionários da escola. Sem uma estufa para os trabalhos, o cultivo das mudas é feito de modo natural, com as sementes plantadas próximas às árvores, onde são protegidas do sol e da chuva. Para o próximo ano, Joares diz esperar o cultivo de ao menos mil mudas, que também serão doadas. Cristiano Vargas

SOBRE O PRÊMIO Promovido em conjunto pelas duas entidades desde 1995, o Prêmio tem por objetivo valorizar o sucesso e destacar o êxito de personalidades, empresas e projetos sociais e culturais edificadores para o Rio Grande do Sul. Nem a Assembleia, nem a Federasul possuem qualquer ingerência sobre a escolha dos premiados. A solenidade de entrega da estatueta Magis aos 15 premiados acontecerá no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Os estudantes com o professor Joares na última semana, no centro

Iniciativa em parceria com a Cooreli tem movimentado comunidade escolar

pais no projeto, que trazem materiais à escola e auxiliam os filhos a fazer o descarte. “Quando os alunos estão vivenciando, eles levam o conhecimento para casa”, lembrou. Outra ação tem sido feita pelo Rotary Clube, com o recolhimento de vidros de perfume e tubos de pasta de dentes. A escola também pensa em fazer uma campanha para descarte de materiais eletrônicos. Tudo isso deve acontecer em parceria com os estudantes, estimulados a recolher produtos recicláveis. Em 2014, através da Secretaria Municipal da Educação, o educandário, que possui cerca de 500 alunos,

foi cadastrado no projeto de extensão Escolas Sustentáveis, do Ministério da Educação. Os recursos para a iniciativa foram liberados no final do ano passado, com a reativação da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COMVIDA), que atualmente conta com 15 alunos, em atividades semanais. “O meio ambiente é um assunto multidisciplinar para ser abordado o ano todo”, defendeu a coordenadora do COM-VIDA na escola, professora Eliane do Amaral. Os aproximadamente R$ 12 mil do governo federal foram investidos na compra de um notebook para as atividades do

COM-VIDA; os estudantes participaram de oficinas e fóruns; também serão direcionados para a construção de uma cisterna para captar água da chuva, que será utilizada para lavar calçadas e regar plantas, e para a instalação de um minhocário, que atuará como uma composteira, recebendo materiais orgânicos. Uma das demandas da escola é quanto a troca da fiação da rede elétrica, que atualmente não suporta sequer a energia consumida pelos ventiladores. “Com tudo o que acontece no meio ambiente, precisamos investir na sustentabilidade”, argumentou a diretora Natalia.

Alunos da Anita Garibaldi desenvolvem papel utilizado em horta IGREJINHA – Interessados no descarte de papéis na Escola Municipal de Ensino Fundamental Anita Garibaldi, os 16 alunos do nono ano do educandário, com orientação dos professores Ademir Fernando Metzger Junior e Letícia dos Passos, desenvolveram um projeto que busca reaproveitar estes materiais de forma inusitada. Os estudantes pesquisaram e desenvolveram técnica para produzir a folha reciclada, cuja massa recebeu sementes de legumes e hortaliças. O objetivo é que, assim que usado novamente, o material possa ser plantado e gerar alimentos. A iniciativa, intitulada “Reciclando a Vida, Fazendo o Meu Papel,” foi apresentada na 2ª Mostra de Iniciação Científica de Igrejinha, nos dias 15 e 16, e ganhou credencial para representar o município na 7° Mostratec Júnior, em outubro. O professor Ademir conta que muitas outras escolas demonstraram interesse na ação, e solicitaram atividades para aprender a técnica. O educador conta que o projeto teve o apoio de outras turmas do educandário, que coletaram folhas descartadas. A produção do papel é feita pelos próprios alunos. Primeiro eles trituram as folhas em um liquidificador até formar uma pasta. Depois, acrescentam as sementes, como de agrião e alface. Assim que pronto, o material pode ser usado. Querem aproveitar os “papéis-sementes” para criar uma horta com poesias alusivas ao projeto. Ademir conta que a escola está aberta a doação de tela de serigrafia, que poderá ajudar a melhorar a produção do papel. “O projeto tem sido muito legal, é a oportunidade para trabalharmos a conscientização com os alunos”, conta. (CV) Divulgação

TAQUARA – O destino de resíduos sólidos produzidos pela Escola Municipal de Ensino Fundamental João Martins Nunes tem preocupado o educandário, que vem planejando ações a fim de minimizar o impacto destes materiais no meio ambiente. Agora, a intenção da equipe diretiva é focar na sustentabilidade, a fim de sensibilizar os estudantes sobre a importância da reciclagem. Dentre as ações já implantadas neste ano está o Ecoponto, o primeiro projeto deste tipo no município, em parceria com a Cooperativa de Reciclagem e Limpeza de Taquara (Cooreli). Os materiais são separados e seguem para a Usina de Moquém, beneficiando os associados que trabalham lá. Em contrapartida, o educandário, conforme lembra a diretora Natalia Konrad, tem retorno financeiro, o que possibilita a compra de materiais de escritório. Em um ano, a escola espera arrecadar cerca de três toneladas de plástico, papel e metal, principalmente. A diretora Natalia observa o envolvimento dos

Cristiano Vargas

João Martins Nunes investe na sustentabilidade

Professores Ademir e Letícia com os estudantes durante a Mostra de Iniciação Científica


Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Ambiente Verde aposta no ensino local para melhoria dos seus processos Empresa firma parceria com o Cimol para o desenvolvimento de tecnologia

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ituada às margens da ERS-115, a empresa Ambiente Verde funciona em Taquara desde 2013. A sua atuação é voltada à produção de um material sintético a partir das sobras e retalhos provenientes do calçado. Este material é empregado, principalmente, em palmilhas do setor calçadista, substituindo o papelão, mas também pode ser utilizado em outros produtos, como na confecção de bolsas, estojos e outros itens. Toda tecnologia de confecção do novo material sintético foi desenvolvida pela Ambiente Verde, que é vencedora de premiação nacional em inovação por dar descarte adequado às sobras de calçados que seriam inutilizadas na natureza. O processo de produção é realizado na sede da companhia, em Taquara, com esteiras que executam todas as etapas, desde a moagem dos resíduos à fabricação do composto até a extrusão (processo de produção de componentes). Justamente nesta última etapa, que envolvia

Empresa situada às margens da ERS-115 atua no reaproveitamento de resíduos de calçados, na produção de um novo material sintético, evitando que os retalhos sejam jogados na natureza

a pesagem de um rolo com cerca de 300 a 400 quilos, é que se exigia um trabalho manual dos funcionários, necessitando levar a bobina até a balança de precisão. Para automatizar e agilizar este processo, a Ambiente Verde fechou parceria com a Escola Técnica Estadual Monteiro Lobato (Cimol). Através do Curso de Eletrônica, 11 alunos da turma de 3º ano, diurno, desenvolveram o projeto de uma balança, com capacidade para até uma tonelada. Essa balança foi instalada no final do processo, e ao encerrar a produção da bobina, o próprio sistema efetua a pesagem e disponibiliza a informação aos operadores. A inovação é importante para a empresa, que sim assegura a eficiência de toda a produção, contando com exatidão de dados. Segundo a coordenadora do curso de eletrônica do Cimol, Priscila Kasper, a parceria ajuda a mostrar para os estudantes a realidade do mercado de trabalho, possi-

bilitando que possam aplicar o conhecimento obtido no curso. Para a empresa, resulta em mais rapidez no processo e menos desgaste físico aos operadores. Os sócios Alberto Wanner e Luciano Woll ressaltam que a escolha se deu por uma escola do município, dentro do processo de valorização da integração entre a área educacional e a indústria. “Apostamos nessa parceria, combinando escola técnica com a produção industrial”, reforçam os diretores. De acordo com o professor Maicon Bandeira, com esse aprendizado, os alunos também se inserem dentro de um projeto de sustentabilidade, representado pela prática da Ambiente Verde de dar utilidade a produtos que poderiam ir para o solo. “Todos os nossos alunos ficaram muito felizes e empolgados com o projeto”, comentou, ressaltando que a parceria deverá ter continuidade com a possibilidade de outros projetos para a empresa.

Alunos do Cimol desenvolveram balança que facilita trabalhos industriais...

o processo de produção da Ambiente Verde

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Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Entrevista

Panorama Entrevista

por Vinicius Linden

Natural de Taquara, mas residente há vários anos em Porto Alegre, Ronald Krummenauer assumiu a Secretaria Estadual de Educação em maio deste ano. Convidado pelo governador José Ivo Sartori, levou para a área a experiência de ter coordenado por vários anos a Agenda 2020, movimento que prega metas para tornar o Rio Grande do Sul um lugar de primeiro mundo. Nesta entrevista ao Panorama, Ronald comenta os primeiros meses à frente da educação, a atual greve dos professores e as perspectivas para o futuro da área.

“A culpa do quadro atual é dos adultos, mas, em caso de greve, quem paga o pato são as crianças”

Ronald Krummenauer

secretário estadual de Educação, taquarense

PANORAMA - QUAIS TÊM SIDO AS PRINCIPAIS METAS A SEREM DESENVOLVIDAS NESSE PRIMEIRO PERÍODO À FRENTE DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO? Nosso foco, desde o início, tem sido os alunos. Tudo que fizermos só poderá ser válido se, de alguma forma, melhorar a qualidade de ensino do aluno. Todos os outros itens são menos importantes. PANORAMA - QUAIS OS PRINCIPAIS DESAFIOS DO SETOR NO RIO GRANDE DO SUL? Lamentavelmente, deixamos de ser um Estado exemplar no que diz respeito à qualidade de ensino. Os testes estão aí para comprovar. O Saers (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar), que voltamos a fazer após seis anos, mostraram que temos um longo caminho pela frente para que o Rio Grande do Sul volte a ter a qualidade tão sonhada por todos os gaúchos. No que diz respeito a quantificar o ensino, o Brasil obteve ótimos resultados nos últimos anos, conseguindo levar escola a quase todas as crianças em idade estudantil. Porém, em termos de qualidade, fracassamos feio. Temos de tirar esse atraso, pensar em um novo modelo, que contemple a vida moderna. Não é possível acreditar em um sistema de ensino de 40, 50 anos atrás, sem uso de toda a tecnologia moderna. PANORAMA - QUAL A SUA AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO GOVERNADOR SARTORI NA EDUCAÇÃO ATÉ AQUI? Estou na Secretaria de Educação há menos de seis meses, e é desse período que posso falar. O governador não tem poupado empenho para qualificar o setor, mesmo que o Estado atravesse uma crise financeira sem precedentes. Dois meses atrás, o governo obteve junto ao Bird (Banco Internacional) o empréstimo de R$ 40 milhões para serem investidos em 301 escolas de todo o Estado. Em julho, o Ministério do Desenvolvimento Social anunciou a obra de colocação de cisternas em todas as escolas rurais, o que fará, ainda em 2018, com que em nenhuma escola gaúcha falte água. São obras estruturais cujo resultado não se pode ver agora, mas certamente darão melhores condições para professores e alunos. PANORAMA - O MAGISTÉRIO DEFLAGROU, NESTE MÊS DE SETEMBRO, UMA GREVE CONTRA O PARCELAMENTO DE SALÁRIOS. QUAL A OPINIÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A RESPEITO? A culpa desse quadro atual é dos adultos, mas, em caso de

greve, quem paga o pato são as crianças e adolescentes. Isso não pode ser certo. O país todo vive um drama financeiro, com milhões e milhões de desempregados. Vários setores da iniciativa privada estão recebendo seus vencimentos com atraso. Ocorre o mesmo com o funcionalismo público. Os professores são os únicos que deflagraram greve. PANORAMA - O SINDICATO AFIRMA QUE A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO TRABALHA COM AS METAS DE PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO. COMO ESTA AFIRMAÇÃO É RESPONDIDA? Não é verdade. Infelizmente, alguns sindicalistas ainda não conseguiram se livrar do ranço político e veem como tentativa de privatização qualquer mudança na estrutura. O que não podemos abrir mão é de contar com a iniciativa privada, como se faz em qualquer país de sucesso no planeta.

“Vários setores da iniciativa privada estão recebendo seus vencimentos com atraso. Ocorre o mesmo com o funcionalismo público. Os professores são os únicos que deflagraram greve.”

ESTAS PARCERIAS TÊM SIDO TRABALHADAS? Seguimos nessa linha. O projeto Cortex, por exemplo, tem 15 escolas-piloto em Santa Cruz do Sul. Ele incorpora aplicativos para agilizar e melhorar a gestão escolar. A Procergs também está desenvolvendo um nos mesmos parâmetros. Outra parceria recém-confirmada é com o Sistema S, que permitirá 10 mil bolsas de cursos profissionalizantes em 2018, em várias partes do Estado. Não estamos, com isso, reinventando a roda. Apenas tentando tirar o Rio Grande do Sul de um gigantesco atraso no sistema de ensino. Acredito muito que, em um futuro próximo, o Estado que conseguir dar um salto de qualidade em sua educação estará bem à frente dos outros. Espero e trabalho para que o Rio Grande do Sul seja esse Estado PANORAMA - NO CASO DO PARANHANA, QUAIS SÃO AS SUAS PRINCIPAIS ANÁLISES EM RELAÇÃO À EDUCAÇÃO NA REGIÃO E PROJETOS DE MELHORIAS QUE PODEM SER IMPLEMENTADOS? Várias escolas da região estão contempladas com esse empréstimo do Bird. Em 2018, uma das nossas metas é rever a educação profissionalizante da região, em parceria com o Cimol. A Educação Profissional é ainda mais importante para o desenvolvimento do Estado e do país do que o curso superior. PANORAMA - NO QUE O SEU TRABALHO JUNTO À AGENDA 2020 TEM CONTRIBUÍDO PARA A GESTÃO DA EDUCAÇÃO?

PANORAMA - COMO O GOVERNO PRETENDE MELHORAR A QUESTÃO DA REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES, ENFRENTANDO QUESTÕES COMO O PISO? Com responsabilidade e transparência, virtudes que, se tivessem sido usadas sempre pelos governantes anteriores, certamente o Estado estaria numa condição bem melhor do que a de hoje. Não há como aumentar salários sem previsão de receitas, isso é básico! A Secretaria da Fazenda apresentou os números, e eles são inquestionáveis: o Estado gasta muito mais do que arrecada. Enquanto isso não for solucionado, tratar de aumento salarial é questão eleitoreira e populista. PANORAMA - EM ENTREVISTA AO JORNAL PANORAMA, NA SUA POSSE, O SECRETÁRIO DEFENDEU A NECESSIDADE DE PARCERIAS PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO. COMO

Claro que na iniciativa privada as coisas fluem com mais rapidez, mas tive uma surpresa bastante positiva nesse meu contato com o serviço público. Confesso que achei que as coisas eram mais morosas e que encontraria pessoas menos dispostas a trabalhar. Tive uma surpresa extremamente positiva, pois encontrei muita gente querendo produzir, querendo fazer com que as coisas melhorem. Da Agenda 2020, não era muito diferente. Lá, assim como aqui, percebi o quanto é preciso dar um norte, apontar caminhos e ficar de olhos abertos para o futuro, sem se desligar do presente. PANORAMA - QUAL O RESULTADO QUE ESPERA ENTREGAR QUANDO DEIXAR A SECRETARIA? Se tudo correr dentro do previsto, deixo o cargo ao final de 2018. A ideia é deixar caminhos para que a próxima gestão, seja ela de qual partido for, possa qualificar e modernizar o sistema de ensino gaúcho. Como adicional, possibilitar resultados melhores no próximo Saers, referente a 2018.

Erica Ostrowski e Laura Ostrowski Fontoura Agora em participação semanal na Rádio Taquara. Todas as sextas-feiras, às 10h15min.

Acompanhe no programa Painel 1490

Nesta semana, um bate-papo com Taise Spolti, taquarense que participou do Masterchef.

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XVI Concurso Literário SIGNIFICADOS QUE SE PODE ATRIBUIR A MOMENTOS ESPECIAIS

Julgamento e entrega de prêmios A escolha dos textos vencedores do XVI Concurso Literário Faccat/ Panorama compreendeu duas fases de análise das produções. Ao todo, 15 pessoas estiveram envolvidas no processo seletivo: Álvaro Aloíso Bourscheidt Ana Paula Maggioni Carmem Teixeira de Quadros Daiana Campani de Castilhos Inge Dienstmann Januário Marques de Souza Juliana Strecker Liane Filomena Müller Luciane Maria Wagner Raupp Plínio Zíngano Rafael Tourinho Raymundo Rafaela Boeff de Vargas Roseli Santos Sônia Maria Marx Quevedo Vera Lúcia Winter A entrega de prêmios aos vencedores acontecerá no dia 19 de outubro, uma quinta-feira, no foyer do Centro de Eventos da Faccat, durante edição especial do Sarau com Café, assinalando a Semana do Turismo.

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Trinta anos

azer trinta anos é debutar duas vezes. Aos quinze, o debutar é social, é cultural. Aos trinta, é um reapresentar-se a si, perceber-se como mulher, independente, única, e deixar para trás muita coisa que aos quinze preocupava. O debutar aos trinta é um festejar de tudo o que já se conquistou e sorrir ao futuro que está logo ali. São tantas metas a cumprir até os trinta anos! A mim, eu havia estabelecido a “obrigação” de estar graduada antes dos trinta. Além disso, meu eu-dequinze-anos queria ser mãe aos vinte e poucos, queria viajar, ter um carro e ter uma casa. Antes de ter trinta, queria ter tanta coisa! Queria ter um grande amor. Mas meu eu-de-quinze-anos não traçou planos, ele foi vivendo, e a vida aconteceu... filhos aos dezoito; aos vinte, pelo menos dois grandes amores, tudo isso porque aos quinze você não imagina que a vida seja essa louca montanha russa. Aos trinta, ou você já teve um amor, ou vários. Já chorou por quem não merecia, já morreu de amor, já desencantou, já prometeu que seria para sempre, já jurou que nunca mais. Então você descobre que fazer trinta anos é um estrear na arte do amor próprio e dos sonhos que poderão desenrolar-se a sós ou acompanhada. Aos trinta, ou você já tem filhos, ou sonha em tê-los. Ou está decidida a não os ter. E isso é problema seu (porque aos

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1º lugar - Geral Vanessa Marcon, 31 anos, Parobé quinze, tudo é problema da sua mãe, do seu pai, do namorado e, com certeza, da vizinha fofoqueira que cuida da sua vida desde a infância). Aos trinta, você percebe que tem uma lista enorme de motivos para comemorar, que cada momento tem um significado especial, que o fato de estar viva e poder apreciar o nascer do sol pelo retrovisor do carro, enquanto dirige para o trabalho, é um prazer tão simples e comovente que merecia uma grande festa. Quisera eu, balzaquiana, poder voltar no tempo e abraçar aquela menina insegura dos quinze e dizer a ela que a barra vai ser dura, mas que vai dar tudo certo: a formatura chegará antes dos trinta; a casa vai ser pequena, mas cheia de amor; os cachorros abanarão os rabos contentes e não haverá prazer maior que abraçar os filhos enquanto o gato ronrona, esfregando-se em suas pernas. Comemorar os trinta não significa esquecer os erros e acertos dos últimos cinco, dez, quinze anos, pois, sem eles, eu não seria quem sou hoje. Cada detalhe de tudo o que se vive é motivo para comemorar, pois transforma você em quem você é. Eu amo quem eu sou hoje! E, enfim, celebro, pois sou aquela que faz planos para os quarenta, não mais com aquelas obrigações do “antes dos trinta”, mas com a certeza de estar fazendo um bom trabalho com as surpresas da vida.


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XVI Concurso Literário Faccat / Panorama SIGNIFICADOS QUE SE PODE ATRIBUIR A MOMENTOS ESPECIAIS DA VIDA

Encontro marcado

u realmente não podia acreditar que estava naquele lugar. Parecia uma daquelas situações inadequadas em que você procura compreender como se encaixar. Tudo começou com uma mensagem na caixa postal do meu computador. Era incrível como a tecnologia havia evoluído nas duas últimas décadas, aproximando e, ao mesmo tempo, afastando as pessoas do convívio social. Digo convívio social para aquele que não se restringe apenas a encontros de família nos fins de semana, ou conversas avulsas em filas de supermercado ou lojas, mas a saídas para tomar café com amigos que você não vê há muito tempo, por exemplo, para contar as novidades. Essa era a situação pela qual eu estava passando naquele exato momento. O convívio social decaiu, no meu caso, quando me formei na faculdade, encontrei um emprego sério e me tornei mãe. A maternidade é uma dádiva, e cada momento é uma bênção, e só tenho a agradecer pelos dois filhos que tenho, mas ela exige um certo comprometimento que nos leva à dedicação quase restrita ao convívio familiar, porque, sinceramente, depois de um dia de trabalho, de organizar a casa e cuidar dos filhos, não sobra muito tempo livre. Certa noite, sentada no sofá com meu marido, após colocar os filhos na cama, chequei as mensagens no meu correio eletrônico e me deparei com um que não dizia respeito algum a trabalho. Olhei o remetente e fiquei paralisada por alguns segundos. Meu marido logo percebeu meu estado de alerta e perguntou o que estava acontecendo. Mostrei para ele o e-mail e disse de quem era. Muiza Maitê. Era uma grande amiga do passado, convivêramos durante a infância e estudáramos juntas todo o colegial, éramos inseparáveis e confidentes leais. Quando entrei na faculdade, nossa relação se mantinha intacta, mas não nos víamos mais como antes, e, quando conheci meu marido, afastamo-nos mais. De dois em dois anos, procurávamos nos encontrar, mas já havia se passado cinco anos desde o nosso último encontro. E agora ali estava ela, na tela do meu computador. Ela estava na cidade, retornara de uma viagem ao exterior e queria me ver. O Bistrô Soles havia sido inaugurado há exatos dois anos e meio, era um local sofisticado e moderno, o ponto de encontro de casais e amigos. Eu passava todos os dias pelo local, escutava as conversas calorosas e animadas, admirava o ambiente, mas nunca tivera tempo para conhecê-lo, até aquele momento. Era uma terça-feira, seis e quinze da tarde, consultei no meu relógio, ela estava atrasada. Olhei novamente para a porta de entrada, para a rua, para as pessoas que estavam nas mesas ao lado, absortas em suas conversas. Olhei para minhas roupas, senti-me estranha, não me arrumava para encontros casuais há um bom tempo, mas estava feliz com o resultado, com a minha aparência. Pensei em Luiza, em como que ela estava. Será que a reconheceria após todo aquele tempo? Estava tão concentrada em minhas divagações que não percebi a garçonete parada na minha frente, pedindo se podia ser-

2º lugar - Geral Aline Aparecida Tondo Brentano, 32 anos, São Leopoldo (ex-aluna da Faccat)

vir meu pedido, uma xícara de cappuccino e uma fatia de bolo. Levantei os olhos e pedi desculpas, depois sorri agradecida. Não desejava mais nada. Olhei no relógio, já haviam passado quarenta minutos. Procurei observar as pessoas: será que ela havia esquecido do encontro? Tomei um longo gole de café, estava delicioso, e só agora percebia que aquele pequeno prazer bastante comum era uma escapada dos dias que, para mim, ultimamente, não passavam de rotina. Provei o bolo, saboreei cada pedaço e sorri para mim mesma satisfeita. Aquele momento particular era especial, podia observar as pessoas, a vida, e aproveitar as oportunidades que nos lembram quem realmente somos e o quanto somos afortunados. Olhei mais uma vez para as pessoas ao meu redor e notei que, a quatro mesas de distância da minha, uma jovem me observava enquanto saboreava um café. Olhei nos seus olhos, e ela sorriu. Sorri de volta e me recostei no banco, a reconheceria em qualquer lugar do mundo, apesar do tempo. A garçonete passou pela minha mesa e a chamei, pedi minha comanda e me levantei. Em poucos segundos, estava a sua frente: - Faz tempo que está aqui? - Há uma hora... mais ou menos... - E por que não veio se sentar comigo? - E estragar o momento? Não! Você parecia bem demais consigo mesma. - Eu vim até aqui para te ver, para falar contigo! - Então, sente-se. Hesitei por um momento, mas sorri e sentei-me. - Você não mudou nada, não é a primeira vez que você faz isso. - Você conhece minha filosofia de vida, não é? Sim, eu conhecia, e não me surpreendi com a atitude dela. Luiza acreditava que nada acontecia por acaso, que tudo tinha uma razão e um motivo, os quais estavam além de nossa compreensão. Que devíamos viver um dia de cada vez, sem nos preocuparmos demasiadamente com o que ainda estava por vir, sem criar expectativas, simplesmente agradecer e comemorar cada oportunidade de convivência social ou individual, no meu caso, já que estas se tornavam memórias marcantes ou lembranças fugazes. Após três horas de muita conversa, fui para casa. Meu marido estava no sofá, assistindo ao jogo de basquete; as crianças estavam dormindo. Sentei-me ao seu lado e suspirei sorridente. - E então, como foi o encontro? - Foi ótimo, fazia tempo que não nos víamos. - E qual foi a melhor parte do encontro? Ele sempre fazia essa pergunta e já sabia a resposta, mas nunca deixava de perguntar. - A espera. Dei-lhe um beijo e fui me deitar, com a certeza de que a vida é mais colorida não só quando compartilhada, mas quando é aproveitada em sua individualidade.

Singelo

1º lugar por categoria - Poema Julia Mellen Petzinger, 16 anos, Igrejinha, aluna da Escola Dorothea Schäfke De pequenos momentos ela é feita Mas não se pode esperar ser perfeita Às vezes, me sinto insatisfeita Mas, no fim, tudo se ajeita. Para celebrá-la, não é preciso muito Tente sair da rotina Talvez quebrar o circuito Singeleza vale platina. Eu vivo com muita calma Não tenho pressa, não Deixo florescer a alma Pois não quero viver em vão. A vida é prazerosa Basta saber admirar Um cheiroso botão de rosa Ou o lindo som do mar. Leia um bom livro num campo Dance com a chuva a molhar Tenha um bom descanso Isso, sim, é celebrar. Celebrar o que, afinal? Talvez a simplicidade, Uma coisa tão banal Que falta na humanidade.


PANORAMA 42 anos

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Acontece

u ia para a casa do Binho, de bicicleta, quando perto da lomba uma pedra chegou voando e me abriu um naco na carne, o braço escuro brilhando no sol. “Sai daí, ó preto!” Não entendi nada. Eu estava na segunda série, tinha oito anos e não entendi o que aconteceu. Corri de volta para casa, empurrando a bicicleta. Ainda lembro da minha mãe com os olhos molhados, assistindo-me voltar: “Levanta a cabeça, isso não tem nada a ver contigo, menino”! “Joana, eu sinto muito”. “Tem que sentir nada, Fernando. O Binho foi até meu quarto, e brincamos de carrinho. Eu limitava os movimentos do braço: nada de corridas ou rachas. Era dia de procissão, carro, só devagar. A mãe trouxe suco para a gente, e o pai do Binho deixou-o dormir lá em casa. Foi um dia legal. No fim daquele ano, o Binho pegou recuperação. Eu fiquei com medo, foi sério, achei que deixaríamos de estudar juntos. Lembro do pai do Binho indo até o colégio para falar com a diretora. Dos garotos da turma, ele era o único que brincava comigo. Naquela tarde, rezei bastante para que ele passasse de ano. Pela porta de vidro, eu via o pai do Binho e a diretora sorrindo, e assim aprendi a força de uma reza, pois o Binho passou de ano. O seu Fernando saiu da sala com a diretora a tiracolo: “Vamos, Robson, vamos” – abriu um sorriso grande. “Não fosse tu, Adolfo, e não sei, hein?!” Voltamos aos gritos para casa, o Binho tinha mesmo passado de ano. Era mais uma comemoração que marcava a minha infância. A vida foi passando e nos tornamos cada vez mais amigos. Saíamos juntos

3º lugar - Geral Leonardo Ribeiro Machado, 34 anos, Porto Alegre (ex-aluno da Faccat) para algumas festas e começamos a namorar quase na mesma época. Há uns três anos, houve um dia em que peguei o carro para ir até a casa do Binho. Ele comemorava uma promoção no trabalho. Combinamos que eu daria carona pra Bianca, uma menina da faculdade que ele estava conhecendo. Cheguei lá na estica, mas o pai da guria me olhou de cima a baixo e não a deixou entrar no carro. Eu já tinha dezenove anos, era o melhor amigo do Binho e, mesmo assim, o homem não a deixou vir comigo. Olhei para o meu braço, e a marca da pedra ainda estava lá. Mirei o céu: o que dona Joana diria agora? Fui sozinho para a casa do Binho. Uma hora depois, ele voltava com a Bianca, os dois rindo enquanto o pneu cantava. Depois daquilo, a noite até foi divertida. E há poucos dias, outro ocorrido. Na frente da minha casa, uma menina voltava chorando da escola. Ao redor dela, duas colegas gritando que o seu cabelo era sarará. Eu não sei o que é um cabelo sarará, mas não deve ser bom. Naquela hora, o cabelo sarará e o choro da menina eram a marca da pedra no meu braço. Mas de que adianta reclamar, ou chorar, se os que hoje oprimem amanhã comemoram as conquistas? Aquela menina de cabelo sarará, seja lá o que isso for, poderia ser a irmã que eu nunca tive. É por essas que, quando penso nos acontecimentos da vida, percebo que as pessoas têm visões diferentes sobre tudo. Uns comemoram aniversário. O dia da formatura. O dia do casamento. Já eu, Adolfo, comemoro quando volto para casa sem ninguém me olhar atravessado. Comemoro quando olho para minha tia e a vejo sorrindo, apesar da vida sofrida que leva. Comemoro quando vou a uma loja e a vendedora vem me atender sem eu precisar chamá-la. A ferida sempre dói onde tem que doer. Alguns acontecimentos são ruins, como a pedra no meu braço aos oito anos. Mas é como se a própria palavra explicasse isso: acontece. E fica por isso. O “acontece” pode vir acompanhado de um risinho. Aliás, foi isso o que a dona da loja me disse hoje quando fui reclamar do atendimento: “Acontece”. E percebi que ela comemorava as vendas, o dia havia sido bom. “É verdade, acontece” – concordei, mas sem comemorar.

Sexta-feira, 28 de setembro de 2017

A festa

A

nabela sorriu. Era mais um dia que começava com a luz do sol entrando pela vidraça da janela. Já tinha tomado seu banho matinal e penteado os longos cabelos lisos. Colocara um vestido lilás com bordados na gola e nas mangas. Olhou-se no espelho, estava ótima. Feliz, arrumada e elegante, porque os sapatos novos eram muito bonitos, com pedrinhas coloridas que brilhavam enquanto ela andava. Abriu a porta e caminhou pelo quintal da casa. Pegou o regador, encheu de água e molhou as plantas. Um vento peregrino soprava cautelosamente nas folhas do arvoredo, e ela trocava sorrisos com o sol. Seu peito arfava numa alegria incontrolável...”Bom dia, plantinhas”, disse em voz alta, enquanto beijava flores e folhas. Retornando para o aconchego de sua casa, sentou-se ao piano para treinar um pouco a melodia “Noite Feliz”. Entrara há pouco tempo para as aulas de música e queria fazer uma surpresa para a família na noite de Natal. O piano sempre fizera parte de sua existência, estivera sempre ali, na sala de sua casa, mas quem tocava era sua filha Celeste, ela nunca se interessara em aprender música, “mas sempre tem a primeira vez”, pensou. Olhou para o relógio e levantou-se para começar a arrumar a mesa. Colocou uma toalha nova, a louça de porcelana, os talheres guardados para ocasiões especiais e os copos de cristal. Um delicado arranjo foi cuidadosamente centralizado na mesa, deixando-a com um ar deliciosamente festivo. Nesse momento, imagens passam vertiginosamente pela sua memória: a primeira comunhão, o longo vestidinho branco todo bordado à mão pela costureira da família, o véu bordado e transparente, cobrindo sua cabecinha trêmula e nervosa, indo ao primeiro encontro com Jesus na eucaristia. A fome que passou até ganhar duas bolachinhas depois da missa, porque as crianças iam em jejum à primeira comunhão. Depois, a festa de quinze anos. A família não era rica, eram bem mais pobres do que remediados, mas, com muito esforço e sacrifício, ganhara a festa tão son-

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1º lugar por categoria - Crônica Terezinha Maria Araujo da Silva Pereira, 69 anos, Santo Antônio da Patrulha hada, o anel de brilhante e o vestido novamente branco, mas, desta vez, um vestido bem simples, para que pudesse aproveitá-lo normalmente depois. Por fim, o casamento. De véu e grinalda, com um arranjo de rosas naturais na mão, o terceiro e último vestido branco e o começo de uma nova, longa, prazerosa e dificultosa vida. Sua empregada chegou e trocaram um longo abraço, porque ela era muito mais do que uma empregada, era uma boa amiga e de total confiança. Natália já foi entrando e tomando providências para deixar tudo arrumado, verificando se o almoço estava “nos conformes”, tanto quanto a sobremesa e o lindo bolo que seria servido logo após. Em seguida, começaram a chegar os parentes, cada um com um embrulho todo enfeitado que ela ia recebendo, agradecendo e abrindo em seguida, em cima de sua cama, já totalmente repleta de lembranças. A enorme mesa ficou lotada de crianças, jovens e adultos, todos rindo e conversando sem parar, enquanto as taças brindavam e se chocavam alegremente, como meninas peraltas e divertidas. Natália serviu a todos o suculento churrasco, salada de maionese, arroz, alface, tomate, refrigerante e cerveja. Os doces foram servidos. O enorme bolo foi colocado no centro da mesa. Anabela sorria para os parentes com o imenso amor por cada um deles que ela carregava no peito. Sentia-se, naquele momento, como a galinha citada na Bíblia, que protege, debaixo das asas, todos os seus pintinhos. Alguém acendeu um isqueiro para começarem o “Parabéns a Você”, e as três velas foram acesas, uma com o número um e duas com o número zero. Enquanto vozes estridentes e amigas cantavam com euforia “Parabéns a você, nesta data querida...”, seu sorriso de felicidade vibrava nos cem anos de sua valente caminhada, com todas as alegrias, tristezas, problemas e tropeços que acontecem na trajetória de todas as vidas. Embora viúva há muitos anos, tinha ainda em sua volta todos os filhos, genros e noras; todos os netos e todos os bisnetos, para viver e comemorar todos os anos que Deus lhe concedesse ainda no curso de sua incomparável vida.


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Sexta-feira, 28 de setembro de 2017

XVI Concurso Literário

SIGNIFICADOS QUE SE PODE ATRIBUIR A MOMENTOS ESPECIAIS DA VIDA

Receita de avó

O

cheiro de café e do bolo de laranja invade a pequena cozinha. Extremamente ágil para uma senhora de 85 anos, minha avó não representa a idade que tem. É uma senhora alegre, cheia de entusiasmo e de vida, que aproveita os momentos ao máximo. Estudou até a terceira série, teve uma vida dedicada aos quatro filhos, ao cuidado com a casa e à agricultura, fonte de sustento da família. Apesar do pouco estudo, quem conversa com vovó em algum evento familiar ou da comunidade percebe uma senhora muito culta, de gestos e fala delicados, que cativa pela simplicidade, mas também pela serenidade das suas colocações. Gentilmente, gosto de dizer que ela é uma grande dama, uma “Lady”. Criada numa vida sem lu-

xos, “explora” sua energia ao máximo. Talvez o que os livros não lhe tenham ensinado, a vida se encarregou de torná-la mestra. As emoções afloram, a alegria transborda, o otimismo e dedicação são contagiantes. Experimente convidá-la para alguma festa: pode ser formatura, casamento, batizado... Certamente a preparação começará com muita antecedência, num ciclo de energia positiva que já se espalha antes do próprio evento. Tentes arrastá-la para alguma “indiada”: alguma cascata desconhecida, um piquenique no mato, um “roubo” de bergamotas... Terás uma criança contigo! Por vezes, me questiono de onde vem tanta vitalidade! Se o momento exigir seriedade, isso não vai ser um problema. A capacidade de dialo-

1º lugar por categoria - Conto Douglas Márcio Kaiser, 38 anos, Taquara gar, de focar na solução (e não no problema), a disposição em ajudar, tudo isso é muito presente na vida de vovó. São três familiares formados em administração, e brincamos que temos um case de liderança surpreendente na nossa família. Vovó sempre nos diz que é para ficarmos quietos e pararmos com essas conversas... Aproveitei que estávamos apenas eu e ela para conversar sobre sua vida, sobre os seus sonhos e conquistas. Perguntei o porquê de tanta vitalidade, de tanta alegria. Com seu bom humor característico, ela não se conteve e me questionou se eu estava com preguiça de pensar. No começo, não entendi bem, mas ela discorreu sobre o assunto com ar de quem viveu muito (e de forma intensa). Percebi na fala de minha

avó que a vida é um ciclo, por vezes incontrolável, que, por vezes, brinca com nossos sentimentos, com nossa capacidade de absorver alguns acontecimentos, com nossa capacidade de resiliência. Percebi que bom senso é necessário, e a forma como exploramos os acontecimentos é determinante para o grau de experiências e conhecimentos que adquirimos durante nossa vida. Em nenhum momento, na conversa que tive com vovó, percebi arrependimento ou amargura. Ela enfrentou (e enfrenta) as situações da vida com muita serenidade, dizendo que é impossível querermos apenas coisas boas, pois as perdas fazem parte de nossa existência. O que não se pode fazer é prender-se às perdas, tornar-se desesperançoso ou amargo. Vovó brincou comigo, perguntando se eu buscava uma receita de felicidade e uma vida plena. Disse a ela que sim. Então, ela sorriu com

muita ternura e apontou para o café e o bolo, o que era um convite aos nossos sentidos: um aroma inigualável, um sabor indescritível, um contraste de cores incrível que enchia os olhos... Serenamente, ela me respondeu que a receita não tinha “porções” nem quantidades definidas: era preciso se “entregar” às experiências, permitir-se ao novo, ousar. Com muita sabedoria, disse que, por mais clichê que parecesse, é com os erros que a gente realmente aprende. Que uma vida bem vivida é um passaporte, que cruzar as fronteiras e permitir-se novas aventuras vai do espírito de cada um. Quem me dera todos os meus cafés fossem assim. Saciariam minhas necessidades físicas, mas, sobretudo, encheriam minha alma de esperança, sonhos e força, ingredientes fundamentais para viver a vida em todo o seu esplendor e brilho e tirar dela o máximo proveito.


Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Comunidade

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Eles estão conectados

Jornal Panorama lançou, recentemente, o aplicativo do veículo e a edição digital, liberada gratuitamente na internet. Estas novidades buscam atualizar o jornal com

as novidades tecnológicas e acompanhar o mercado. Os dedos que antes folhavam as páginas impressas, hoje também deslizam pelas telas líquidas de smartphones

e tablets, ou clicam em busca de informação no site e redes sociais. Confira o relato de quem está conectado nas novidades:

Fotos: Cristiano Vargas

“Sou apaixonada pelo Panorama”, revela com sorriso e empolgação Mayra Oliani, 65 anos. Há pouco tempo, aprendeu a usar o aplicativo do jornal e afirma estar realizada por mais este canal de consumo de notícias. Foi um amigo que instalou a tecnologia no smartphone de Mayra, mas, garante ela, passadas as explicações, descobriu aos poucos cada uma das funcionalidades do programa. “Fui ao céu! A gente fica por dentro de tudo”, recomendou. Mayra tem espalhado a novidade digital para todos os amigos e conhecidos. Antes, entrava no site, mas não era tão frequente. Agora, com o aplicativo, confere as notícias diariamente. “Todo mundo pode baixar, independente da idade. Não devemos ter medo do novo, mas sempre nos atualizar”, comentou. “Todos nós devemos valorizar o Jornal Panorama, que é nosso, local, sempre divulgando os trabalhos de quem é daqui”.

Olhos atentos ao celular, Elcita Dienstmann Koch, 80 anos, acompanha através do celular as notícias postadas no site do Jornal Panorama. É o principal canal de informação utilizado por ela para “estar a par do que acontece” no Vale do Paranhana, “desde coisas boas a ruins”. O endereço do jornal fica na página inicial do telefone. Leitora assídua desde a fundação do jornal, em 1975, Elcita continua acompanhando a versão impressa, agora quinzenal, mas reconhece que as notícias no site são dinâmicas, facilitando o acesso à informação com rapidez. Quem apresentou a plataforma a ela foi o filho, Cristiano. Agora, garante conferir as publicações diariamente, pela manhã e à noite, após assistir ao noticiário televisivo. “Parabéns ao Jornal Panorama, e que continue sempre ativo e acompanhando a realidade dos municípios da região”

Para Diego Luzes Berlitz, 31 anos, o aplicativo do Jornal Panorama é prático, funcional e facilita o acesso à informação, ampliando a abrangência do veículo. Ele lembra que a plataforma também permite rever edições anteriores. Assim que soube da novidade, tratou de baixar em seu telefone, e avisou a mãe, Denise, que está morando no Rio de Janeiro, para que fizesse o mesmo. Pelo aplicativo, dentre as facilidades, destaca a leitura a qualquer hora ou lugar. “Agora não há desculpas para não ler as notícias”, diz ele, que também acompanha o jornal pelo Facebook e diz estar sempre atento às inovações. “Desejo que o jornal continue tratando com a mesma seriedade, competência, respeito e emoção todos os assuntos locais, com a dedicação que sempre teve ao público”

ONZE MANEIRAS DE ACOMPANHAR O PANORAMA - O jornal impresso circula quinzenalmente com notícias sobre os municípios do Vale do Paranhana; - Já a versão digital está no ar todas as terças e em sextas-feiras alternadas. - Pelo site você confere uma triagem de informações do que acontece na região; - O aplicativo dá acesso às versões digitais, rádios Taquara e FM 91, além de notícias. - A página no Facebook reúne vídeos, fotos e notícias; - No Instagram, publicamos fotos produzidas pela reportagem e por leitores; - O Twitter é outra plataforma à qual distribuímos links para os conteúdos; - No YouTube você assiste vídeos produzidos pela reportagem. - Se você quiser falar com a redação, pode contatar através do WhatsApp; - O noticiário da Rádio Taquara também é produzido pelo jornal; - Assinando a newsletter, você recebe gratuitamente no e-mail as principais manchetes do site.

Passo a passo para ter o aplicativo do Jornal Panorama

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Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Experiência além do tempo

1º de outubro DIA DO IDOSO

por Cristiano Vargas

Histórias de quem está na terceira idade e se mantém ativo profissionalmente Ao chegar à terceira idade, as mãos perdem a agilidade de outros tempos, os pés demandam paciência ao caminhar, mas o entusiasmo pelo trabalho permanece o mesmo para muitas pessoas. No próximo domingo, celebra-se o Dia do Idoso. Para alguns, chegar a esta etapa da vida está associado à ociosidade e ao término de carreira. No entanto, para outros, o serviço é visto como terapia. Exemplo de vida profissional ativa e entusiasmo na terceira idade é o sapateiro Raymundo José Dalmina, 86 anos. O ofício foi aprendido aos 13 anos, após ingressar no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo. O período no internato durou até os 17 anos, quando retornou à residência familiar e passou a ajudar no trabalho no campo. Aos 25 anos, decidiu deixar novamente o interior e tentar a vida em Carlos Barbosa, onde montou uma sapataria. “A colônia não era para mim, não me dava bem com a roça”, conta. A vocação para a docência dava sinais desde a infância de Aparecida Hildes Torres Macedo, 79 anos. Professora aposentada, ainda presta serviços para o Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), onde lecionou por mais de 40 anos. A primeira vez em sala de aula – dia 26 de fevereiro de 1958, uma segunda-feira – foi tão emocionante que lembra com carinho daquele momento. Ao ver os 52 alunos de primeiro e segundo anos, ela diz ter confirmado a escolha profissional que fez. “Eu acho que Deus me deu muitos dons, mas esse foi o maior”, ressalta, ao lembrar ter concluído o Curso Normal (Magistério) em 1957, no então Colégio Adventista Brasileiro, em São Paulo. O talento confeiteiro de Célia Arend Bühler, 76 anos, também surgiu naturalmente. Era ela que fazia as tortas para a família saborear em momentos especiais. Os doces também eram encomendados por vizinhos, que espalharam a fama de boa doceira para outras pessoas. Os pedidos foram aumentando e, com a

demanda, Célia passou a contar com os filhos e o marido na produção caseira. As vendas passaram a ser oferecidas também a mercados da região. Em finais de ano, chegavam a montar mais de mil tortas em sábados e domingos. “Tínhamos que trabalhar dia e noite para dar conta”, recorda. Tanto Raymundo como Aparecida e Célia não são naturais de Taquara, mas vieram para o município em busca de oportunidades. Dalmina, que nasceu em Barão, tinha um irmão que morava na cidade, e contava sobre o fértil campo de atuação no comércio local, convencendo-o a se mudar em 1959, com a mulher Jurema Catarina Frozza Dalmina, com quem teve os filhos Paulo, João, Elisete, Mônica e Marcelo. “Fiquei impressionado com o fluxo de mercadorias que existia aqui”, recorda, ao lembrar os tempos em que o trem transportava cargas vindas da região metropolitana. Aparecida e Célia também tiveram contato com o município já na fase adulta. A professora, natural de Iperó, interior paulista, veio para o Rio Grande do Sul com o marido Waldemar Osório Macedo, com quem os filhos Newton, Ana Maria, Daniel e Maria - esta de coração. Depois de passar por Porto Alegre e Rio Grande, instalaram-se em Taquara. Em 1962, começou a dar aulas no IACS e, mesmo com o falecimento do companheiro, não pensou em retornar para a terra Natal: “Aqui dentro, somos como uma família”, conta sobre o sentimento de acolhimento no educandário. Tia Célia – como ficou conhecida uma das confeiteiras mais famosas de Taquara – nasceu em Gramado. Juntamente com o marido Egon Bühler, com quem teve os filhos João Carlos, Erica, Regina e Erich Ricardo, Célia veio para cá aos 23 anos. Antes de começar na confeitaria, cuidava da casa e lavava roupas para fora. Os clientes ainda continuam fiéis, prestigiando a padaria da família, aberta

Professora Aparecida está há 55 anos a serviço do IACS

há mais de 20 anos, com o aumento da freguesia. Parar de trabalhar não está nos planos de Raymundo. “Nunca fiz da profissão um meio apenas para ganhar dinheiro. Sempre foi gratificante ver as pessoas satisfeitas com o resultado do trabalho.” Na sapataria, recebe os amigos para conversas. Já Aparecida diz não conseguir romper o laço com o IACS, apesar de não atuar diretamente em sala de aula desde 2003. “Jamais conseguiria ficar em casa. Eu gosto de trabalhar”, explicou. O mesmo sentimento tem Célia, que durante a semana ajuda nas primeiras atividades do dia na padaria, como na cozinha e no balcão de atendimento aos clientes. Com a aposentadoria, o luxo que se pode ter é a flexibilidade no horário de trabalho. Para Dalmina, tão sagrado quanto a lida entre os sapatos é o chimarrão com a esposa, diariamente às 18 horas. “Estou muito gratificado com a vida que levo. Sou um pai feliz, um profissional realizado e um cidadão cumpridor de meus deveres”, avalia. Atenta às tecnologias, a professora Aparecida se beneficia do acesso à internet para realizar alguns serviços de correção gramatical em textos do IACS, respondendo de casa solicitações por e-mail. Ela também é a guardiã do Museu Histórico do IACS, o qual, com muito orgulho, ajudou a organizar. A maioria dos clientes de Raymundo são “amigos do peito”. O amor também está presente no sentimento de Aparecida pelos alunos e no de Célia pela confeitaria. Trabalhar, para os três, é sinônimo de ajudar e compartilhar experiências. É a emoção que os move e estimula a se manterem ativos profissionalmente, mesmo idosos. “Aprendi muito com meus alunos”, reflete a professora. Para Célia, ter a família por perto sempre foi sinal de firmeza e união. “A padaria representa uma vida, passei muito tempo aqui dentro”, reflete.

Ofício aprendido há 73 anos é assumido com amor por Raymundo até hoje

Ao lado do filho Erich (direita), neto Fábio Rafael e filha Fernanda, que trabalham no negócio da família


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Cultura Lazer

Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

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Luiz Haiml classifica novos trabalhos na literatura TAQUARA - O professor e colunista do Jornal Panorama Luiz Francisco Haiml continua se destacando na produção literária. Recentemente, classificou novos trabalhos em concursos pelo país, tendo contos escolhidos para publicação em livro e a vitória em concursos. Haiml diz que exercer a escrita é um grande prazer e a participação nesses concursos é uma forma de fixar o trabalho, deixando-o registrado. "Assim estamos mostrando a atuação, não ficando apenas restrito à internet", comentou. Recentemente, Haiml classificou o conto "Os Restos de Miranda", escrito em 2016, para a publicação na antologia Mentes Perigosas, da editora Illuminari. Já o conto "Uma Nota no Fantástico" foi selecionado para outra antologia, intitulada Galáxias Ocultas, da mes-

ma editora. Já o trabalho premiado, Castelo Forte, foi o vencedor em primeiro lugar do concurso literário da Academia Literária de Minas Gerais. Segundo Haiml, trata-se de um concurso bastante abrangente, que é realizado com a participação de escolas e outras entidades. Quanto aos contos, disse que o primeiro também saiu em outra antologia e trabalha bem o formato de uma carta, como se fosse o relato de alguma pessoa. O segundo conto, Uma Nota no Fantástico, trabalha três temas, sendo relacionado à banda The Who, ao programa televisivo e a memórias de Haiml no litoral. O trabalho vencedor do concurso literário de Minas aborda observações feitas pelo escritor em relação ao funcionamento e atividades em lares de idosos.

Plínio Zíngano

Cláudia Capellari Coordenadora do curso de Enfermagem da Faccat

A volta das parteiras? O momento do nascimento gera expectativa. Até mesmo o obstetra mais experiente só vai ficar tranquilo após a mãe estar estabilizada. A tensão que acompanha a hora do parto tem muito a ver com sua história: passou-se do parto domiciliar ao hospitalar, do alto risco de morte à maior segurança, da posição de cócoras à posição de litotomia (aquela com as pernas pra cima). Passou-se a utilizar a episiotomia, um corte para que o bebê passe melhor pelo canal de parto; a cesárea passou a ser preferência e, de fato, passou a dar mais liberdade à parturiente e ao médico. Embora a gestante tenha sido transportada a um ambiente mais seguro, ela ficou longe do seu lar e das pessoas que eram sua salvaguarda. Medidas como o impedimento de acompanhante foram ficando mais e mais frequentes. Verdade seja dita: ninguém gosta que um estranho fique bisbilhotando e dando palpite no trabalho da gente. O fato é que, aparentemente mais seguro e cômodo, o parto no hospital nem sempre é humanizado. Aqui, o tipo de parto, vaginal ou cesáreo, pouco importa. O importante é que as pessoas que esperam a criança que vai nascer sejam respeitadas. E que a criança seja respeitada. Aí chega a hora do parto, iniciam as contrações, a mãe vai para o hospital e é iniciada a indução medicamentosa. O parto não evolui e se decide por cesárea. Nasce o neném, o pediatra pega, a enfermeira limpa, aspira as cavidades, aplica injeção de vitamina K, põe colírio de antibiótico, devolve ao pediatra que pesa, mede, faz testes. Gente, será que esse mundo é mesmo louco assim? Quero voltar pra barriga, pelo amor de Deus! A mãe finalmente recebe seu bebê e conta seus dedinhos...Ufa! Ele é perfeito. Quero contar pra minha família! Opa, ninguém pôde entrar. Nesse processo, perdeu-se a paciência. Esperar pelo parto natural dá ansiedade, aguentar a dor não é pra qualquer um...e nem precisa. O importante é que a equipe de saúde informe adequadamente a gestante e companheiro(a) sobre as opções e que se garanta coisas que não custam dinheiro. Siiiim, há muitas coisas que não custam um centavo! Informações antecipadas e claras, colocar o neném sobre o peito da mãe assim que nascer, esperar o cordão parar de pulsar para cortar, manter a temperatura da sala amena, permitir um membro da família e até mesmo uma doula para acompanhar o processo de parto.... Enfim, é possível humanizar o parto! Com a devida segurança, talvez precisemos pedir a volta das parteiras...

Taquarense Haiml, ao lado da filha, classificou dois contos para antologias e venceu concurso literário

Do meu Cinicário – É triste ver que tanta gente precisa roubar e matar para mostrar à sociedade o seu bom comportamento. Veja os presidiários, por exemplo!

Inge Dienstmann

Haja paciência... ... Para entender que nossos pais não são meros chatos quando, ao ensaiarmos nossos primeiros passos e explorações ao mundo, nos impõem limites em nome da nossa segurança, ou por insegurança (deles, ou do meio, quem sabe?)... Paciência quando, na escola, os pais se autorizam a ingerir sobre nossas amizades; os professores sobre nossa conduta e disciplina; e também na adolescência, quando a sociedade faz reparos aos nossos romances e critica nossa indecisão sobre futuros rumos. ... Quando ingressamos no mercado de trabalho e os chefes não entendem nossa genialidade, acham que precisamos começar de baixo, justo nós que fomos treinados para sermos líderes, e não meros peões para tarefas que achamos menores. Haja paciência! De liderados e chefias... ... Paciência quando amamos e não somos correspondidos; também quando deixamos de amar e somos incompreendidos. ... A maior das paciências nos é exigida quando chegam os filhos. Que os incautos não pensem que é pura poesia, perpetuação; é também rotina, resignação. ... Paciência para enfrentar possíveis altos e baixos de uma carreira profissional, por vezes avassaladora, quando sua estabilidade é ameaçada por circunstâncias alheias à nossa dedicação e competência. ... Bastante paciência, e muita ousadia, diante de um negócio próprio, que por vezes beira o insucesso, suscetível que é a variáveis do mercado, da política econômica, da conjuntura internacional, da equipe de trabalho, da evolução dos costumes, da nossa própria energia e capacidade para gerir um negócio que, de seguro mesmo, só nos dá garantia até a próxima variação cambial, eleitoral, digital, o escambáu... ... Paciência com nossos pais envelhecidos, que nesta fase podem se tornar frágeis, um tanto dependentes, ou até mesmo carentes, se, com sorte, não se tornarem dementes, ausentes da vida que segue se arrastando. Paciência em ampará-los, pois que no passado nos queriam voando, deles libertos e independentes, e agora nos querem e precisam de volta, disponíveis, amorosos... pacientes. ...E quando chegarmos lá, perto da curva derradeira, será que teremos paciência com a gente que já não nos enxergará? Que passará por nós como se fôssemos a sobra obsoleta de uma história irrelevante... Paciência! Até que este momento chegue, talvez sejam outros tempos... em que as máquinas evoluam menos e nossos corpos encontrem mais tempo de juventude, maior longevidade, muita eficiência de cura... E, necessariamente, almas mais contemplativas, desarmadas... pacientes.

PEDINDO DESCULPAS Tenho passado por maus momentos eletrônicos. Antes de alguém pensar em comunicar a polícia, na tentativa de me livrar de algum bandido, esclareço: esses péssimos momentos são provocados, justamente, por problemas de comunicação. Não com a polícia, é claro! É com determinados equipamentos de comunicação. Confesso, tenho sentido muita dificuldade em lidar com celulares. Meus leitores sabem, pois nunca neguei. E aqui entram os maus momentos referidos. Ou você nunca se sentiu deslocado no meio dos seus amigos, colegas e familiares, por não saber operar um banal telefonezinho celular? Oquei, o “banal” fica por conta da popularidade do aparelho; de banal, eles, na verdade, não têm nada. Pelo contrário, são produtos de altíssima complexidade tecnológica com a consequente necessidade de preparo por parte de seus pretensos operadores. Pelo menos, algum preparo! Lembro da noite de inauguração da ponte de concreto entre Taquara e Parobé, em substituição à ponte de madeira, na estrada velha, ligando as duas cidades. Em determinado ponto da cerimônia, enquanto discursava o Secretário de Educação de Parobé, por coincidência, atual secretário de Taquara na mesma pasta, o professor Edmar, um telefone começou a tocar insistentemente, perturbando o silêncio da audiência e a fala do orador. Adivinhem quem

era o dono do barulhento intrometido! Tenho vergonha de confessar, mas, só para facilitar, digamos que era eu. Havia colocado o aparelho no bolso interno da jaqueta e esquecido dele. Foi quando começou! Algumas pessoas, ao meu redor, alertavam que meu telefone estava dando sinal de chamada. Para não entregar minha estupidez, fiquei firme, implorando, mentalmente, o fim daquele momento incômodo. Sabem por que eu próprio não dei um basta à tortura? Fácil: ignorava como desligar. Por não saber mexer no celular, criara uma situação bem constrangedora. Assim tem sido ao longo do tempo. O episódio da ponte foi há quase dez anos e – embora tenha aprendido a silenciá-los – ainda me enrolo com esses fabulosos computadores de bolso. Mesmo sendo fã incondicional dos computadores maiores para diversão e trabalho (para escritores, é o máximo!), com os pequenos não pintou clima. Com isto, lembro dos meus ex-alunos, e peço-lhes desculpas. Tantas vezes eles não entenderam o funcionamento da sintaxe num texto e eu, insistentemente, quis ensinar. Conclusão: quando não há satisfação de uma necessidade, fica difícil aprender algo. Fora da função precípua, para mim, o celular está na categoria “esqueça sua existência que tudo funciona bem”.


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Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Polícia

Negado júri a dois ex-gestores do presídio TAQUARA - Descoberta a partir da primeira etapa da Operação Pitágoras, a morte do apenado Alípio Steffens resultou em processo contra dois ex-gestores do Presídio de Taquara. Sentença divulgada no último dia 14, porém, negou júri popular solicitado pelo Ministério Público contra os acusados. O ex-diretor do Presídio, Evandro Oliveira Teixeira, 39 anos, e o ex-chefe de segurança da casa prisional, Marcelo Alexandre Ribeiro Carvalho, 41, responderam ao processo por supostamente terem se omitido em providenciar socorro do detento. Panorama publica as principais conclusões da sentença do juiz Rafael Peixoto, titular da primeira vara criminal. Evandro e Marcelo continuam presos por acusação de outros crimes na gestão do presídio. A ACUSAÇÃO E A DEFESA A denúncia do Ministério Público aponta que, entre os dias 22 e 27 de novembro de 2013, Evandro e Marcelo teriam sido responsáveis pela morte de Alípio ao omitirem-se na tomada de providências para a sua internação, o que deviam fazer pela obrigação legal de cuidado. A promotoria afirma que, no dia 22 de novembro, Alípio foi atendido pela Unidade Móvel de Saúde de Taquara, tendo sido indicada, pela médica responsável, a sua internação hospitalar, em razão de que apresentava quadro de infecção. No entanto, segundo o Ministério Público, os dois acusados, mesmos cientes da necessidade de internação, e tendo a possibilidade de montar uma escolta, abstiveram-se de determinar a condução para um hospital, mantendo Alípio encarcerado por cinco dias na galeria do regime fechado, o que gerou o agravamento da enfermidade. A Promotoria afirma que a transferência para o Hospital Bom Jesus somente se deu no dia 27 de novembro, porém quando Alípio estaria em estado terminal. No processo, a defesa de Evandro e Marcelo requereu a absolvição sumária dos dois, sustentando a inexistência de prova em relação à autoria e sobre a intenção da prática do crime de homicídio pelos réus. O QUE DECIDIU O JUIZ Na sentença de 31 páginas, o magistrado afirmou que a prova testemunhal do processo não possui qualquer informação desabonatória à conduta dos réus no período do fato. Já a prova documental, conforme o juiz, apresenta "flagrante convergência com o relato das testemunhas", apontando que, primeiro, as tratativas iniciais para a internação de Alípio foram tomadas, de ofício, pela equipe social do presídio, sem ingerência de Evandro e Marcelo. Em segundo lugar, o juiz afirma que, entre os dias 23 e 25 de novembro de 2013, um final de semana, quando Alípio piorou de saúde, não há registro de que Evandro tenha sido formalmente comunicado, pelos servidores de plantão, das dificuldades encontradas para se efetivar a internação da vítima. O juiz afirma, em terceiro lugar, que o único registro nessa direção aponta que tal comunicado ocorreu em 26 de novembro de 2013, véspera do falecimento, tendo, a partir daí, havido efetiva participação de Evandro nas diligências. Em quarto lugar, o juiz Rafael acrescenta que a equipe do presídio encontrou dificuldades para viabilizar a internação do detento por vários motivos, entre eles a falta de vagas, a ausência imediata do prontuário de Alípio e, na rede pública de Taquara, a manutenção do preso no Hospital Bom Jesus foi dificultada, ao início, pela suspeita de que Alípio sofria de tuberculose, não dispondo a casa de saúde de local próprio para isolamento do paciente. "Quer dizer, do conjunto da prova, se observa que, além de comprovadas as tentativas de internação e ausente demonstração de que Evandro e Marce-

lo as tenham dolosamente boicotado, resulta que também estão devidamente demonstradas as razões pelas quais a baixa do paciente encontrou resistência junto ao sistema de saúde, seja daquele que atende à Susepe, seja da própria rede pública local. Não vislumbro como afirmar, portanto, que, com base em elemento de prova consistente, Alípio não tenha sido internado por decisão omissiva deliberada de Evandro e Marcelo", assinalou o juiz. Em outro ponto da sentença, o magistrado afirma que a imputação de homicídio feita a Evandro e Marcelo não apontou o motivo pelo qual o crime teria sido praticado. O ex-diretor e o ex-chefe de segurança são acusados, em outro processo, de crimes envolvendo a suposta venda de vagas no Presídio de Taquara. "Cogitar que o tenham feito para obterem a liberação de uma vaga no presídio e, com isso, auferirem vantagens indevidas (...) não passa, de fato, de mera cogitação, eis que nada a esse respeito foi incluído na denúncia”, explicou o magistrado, negando o júri popular para os dois acusados. O QUE DIZ A DEFESA Contatado pelo Jornal Panorama, o advogado Roger Alves da Rocha, que defendeu Marcelo e Evandro no processo de homicídio, diz que esperava por essa sentença, uma vez que o depoimento do médico que atendeu Alípio foi taxativo no sentido de que Evandro e Marcelo não tiveram qualquer conduta omissiva que tenha contribuído para a morte do réu. Segundo o advogado, o depoimento esclarece que Alípio estava em condição grave de saúde. Além disso, a prova documental, disse Roger Rocha, mostrou que os dois acusados pediram prisão domiciliar para Alípio, justamente motivada nos problemas de saúde enfrentados pelo preso. O RECURSO O promotor Leonardo Giardin de Souza, responsável pela denúncia contra os dois ex-gestores do Presídio de Taquara, anunciou que o Ministério Público recorrerá da decisão tomada pela Justiça de Taquara que não aceitou o pedido de júri popular para Evandro e Marcelo. Segundo o promotor, o recurso será encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ). Giardin pontuou que, pela primeira leitura que fez da sentença, o magistrado ressaltou que o Ministério Público não apontou a motivação para o crime. Mas, segundo o promotor, em nenhum momento isso foi descrito na denúncia, uma vez que o delito apontado seria de homicídio pela omissão em providenciar o atendimento de saúde ao apenado Alípio Steffens. No entendimento do promotor, esta omissão de Evandro e Marcelo caracterizou o chamado dolo eventual, em que eles teriam assumido o risco da morte da vítima. Isso aconteceu porque, para Leonardo, os dois ex-gestores do presídio tinham como dever assegurar a assistência médica ao preso, o que não foi providenciado.

Promotor Giardin fala sobre violência doméstica na região: casos têm mantido regularidade O assassinato de Rosane Mioranca Carrão no bairro Santa Teresinha, em Taquara, no final da tarde do último dia 13, levantou, novamente, a discussão sobre a violência doméstica na região. A vítima foi morta com pelo menos quatro disparos, ao sair do atelier em que trabalhava, pelo ex-companheiro, que não aceitava a separação. O caso também levantou uma discussão a respeito das medidas de proteção social a que uma vítima de violência pode ter acesso, uma vez que Rosane tinha pedido medida protetiva, que foi negada pela Justiça de Taquara. Dentro das circunstâncias deste caso, a decisão foi considerada acertada pelo promotor de Justiça Criminal de Taquara, Leonardo Giardin de Souza. Panorama também pediu entrevista ao Judiciário de Taquara, mas a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ) informou que o juiz responsável não se manifestaria. Segundo o promotor Leonardo, que acompanha a tramitação dos processos relacionados à Lei Maria da Penha na comarca de Taquara, que abrange, além do município-sede, Rolante e Riozinho, os casos mantém uma regularidade, apesar de apresentar um número considerável de registros. Segundo ele, é preciso fazer uma diferenciação nos crimes, uma vez que os delitos de ameaça, lesão corporal e vias de fato são aqueles em que o Ministério Público processa o autor, ou seja, é o titular da ação penal. Os casos de injúria, calúnia ou dano simples têm o processo condicionado à representação da própria vítima. O promotor explicou que a porta de entrada para a maioria destes casos é a Polícia Civil, através das delegacias, onde as vítimas devem relatar os casos de ameaças que estão acontecendo. Se a pessoa sentir a necessidade, pode pedir medidas protetivas de urgência, que devem ser encaminhadas à apreciação do Judiciário em até 48 horas. O promotor informou que a autoridade policial pode acompanhar a vítima em eventuais diligências a fim de melhor instruir o inquérito para a compreensão dos fatos pela Justiça. De acordo com Giardin, este sistema tem funcionado bem na região, com atuação eficiente da Polícia Civil, à medida de suas próprias dificuldades, e da Justiça de Taquara. “Normalmente, os processos são despachados muito rápido pelo juiz que cuida destes processos. Dá para se dizer que a Justiça de Taquara é uma ilha de excelência se comparada com outras comarcas”, avaliou o promotor, que também “homenageou o trabalho da polícia”. Na avaliação de Giardin, o caso de Rosane foi um dos que destoou da maioria dos registros da região, em que poucos têm potencial para chegar a esta situação. Segundo ele, na maioria das vezes em que decretada a medida protetiva, de afasta-

Leonardo Giardin é o responsável por atuar nos casos de violência doméstica na Comarca de Taquara

mento ou proibição de contato, isso acaba surtindo efeito, à medida que o agressor se sente intimidado em cometer o crime. O promotor acrescentou que a prisão preventiva, por exemplo, é uma das medidas que pode ser decretada, mas somente quando o contexto desenhado indicar que não há mais possibilidade de outras medidas alternativas. A falta de comprovação de ameaças graves foi o que aconteceu com Rosane Carrão. Segundo o promotor, o registro de ocorrência que ela fez na Delegacia de Polícia foi de um crime de injúria, em que estaria sendo ofendida com palavras de baixo calão através de conversas pelo whatsapp com o seu ex-companheiro. Naquele registro, porém, em nenhum momento Rosane teria relatado à Polícia as ameaças que estaria sofrendo. Com base nesse registro, o promotor considerou acertada a decisão da Justiça que negou a medida protetiva solicitada, uma vez que o despacho determinou a oitiva da parte contrária anteriormente. Isso tudo ocorreu na segunda-feira da semana em que Rosane foi morta. Na quarta-feira ocorreu o homicídio. “Não é um caso registrado de ameaça, ela não relatou que havia risco, que estava sendo ameaçada. Não havia comprovação a contento neste sentido”, destacou o promotor. Para Giardin, a medida protetiva, em tese, poderia não ser, também, um fator inibitório do crime, pois a atitude do agressor foi de surpresa, não levando em conta nem a possibilidade de ser preso pela morte dela, que configura o crime de feminicídio, com pena de até 12 anos. Na avaliação do promotor, estes tipos de crimes podem ocorrer quando o homem enxerga a mulher como uma propriedade, em um processo conhecido como objetificação. “Ele trata a mulher como algo que lhe pertence, o que é uma distorção da palavra amor. Isso acontece em muitos casos”, comentou o promotor, acrescentando, porém, que na maioria das situações a medida protetiva é, sim, um fator inibitório de problemas mais graves.

OS NÚMEROS DA REGIÃO 4.331 casos de ameaças a mulheres em cinco anos São mais de 2 mulheres ameaçadas por dia - UMA mulher é agredida por dia na região / Em cinco anos, somam 2.496 agressões - 164 mulheres foram estupradas em cinco anos no Paranhana - Os casos de feminicídio consumado somam

14 ocorrências em cinco anos - Já os feminicídios tentados chegam a 23 de 2013 a 2017. Dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública. Balanço completo disponível nesta sexta-feira no site do Panorama.


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Sami El Jundi: “violência de gênero é uma doença social e como tal tem que ser abordada” Morador de Taquara, Sami El Jundi é especialista em clínica médica e mestre em medicina forense. Professor de Criminalística e medicina legal da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nesta entrevista ao Panorama, abordou a temática da violência contra as mulheres e a aplicação da lei penal nestes casos.

Panorama - Quais motivos podem estar levando ao aumento dos casos de violência doméstica em Taquara? A agressão contra a mulher não é um tipo novo de violência na sociedade competitiva, desumanizada e agressiva do final de século. Diversos estudos históricos demonstram que ela sempre existiu, como consequência dos diferentes papéis assumidos pelos gêneros masculino e feminino, colocando este em subordinação ao outro e com a possibilidade de usar diferentes argumentos, por parte do masculino, para manter sua posição, inclusive a violência. Talvez seja difícil entender e aceitar, como algo generalizado em nossa sociedade, a utilização da violência sobre a mulher, principalmente no contexto de uma relação afetivosentimental. Mas os números estão aí: uma de cada três mulheres no planeta já foi vítima de abusos em algum momento de sua vida. A violência familiar é a primeira causa de morte e incapacidade entre mulheres de 16 a 44 anos de idade. Nos EUA a violência na família é a maior ameaça para todas as mulheres, 70% das mulheres assassinadas no mundo o são pelas mãos de seus parceiros ou ex-parceiros. No Brasil, em 1992, mais de 205 mil agressões foram registradas nas Delegacias da Mulher de todo o país e um terço das internações em unidades de emergência foram consequência da violência doméstica. Se considerarmos que, em média, apenas uma de cada 25 mulheres agredidas denuncia, teremos apenas no Brasil em 1992 o número assustador de 5 milhões de casos de violência específica contra a mulher. Desde então, o número de casos registrados cresceu significativamente devido, em parte, à mobilização dos grupos de defesa da mulher, às campanhas de conscientização e ao advento da Lei Maria da Penha, que têm levado um número crescente de mulheres a denunciar as agressões sofridas. Mas a cifra oculta continua alta, tanto em termos relativos quanto absolutos, distorcendo qualquer análise mais séria. Queremos crer que os números tenham decrescido ou pelo menos estabilizado, mas ainda carecemos de melhor compreensão sobre a realidade. Panorama - A situação de crise vivenciada pelo país pode ser um fator desencadeador destes casos? A explicação aparentemente mais lógica, mas também a mais superficial, é acreditar que se trata de uma série de casos isolados, mais relacionados com algumas circunstâncias particulares de tipo sócio-econômico (desemprego, baixo nível cultural, ambientes marginais...) com determinados tipos de homens (alcoólatras, drogadictos, impulsivos, ciumentos...) ou com determinados tipos de mulheres (provocadoras, que não cumprem com suas obrigações como mães ou esposas, masoquistas...) ou, quando muito, pela combinação circunstancial desses três tipos

de elementos. Claro que não estamos aqui considerando que toda situação na qual uma mulher seja a vítima de um crime tenha o mesmo significado. A consideração da mulher como vítima não é a mesma da vítima mulher. Infelizmente, nos casos de agressão à mulher, raramente a situação é analisada sob uma perspectiva realista, fazendo com que o ponto de vista do observador maximize ou minimize o problema, de qualquer maneira deformando a realidade. Diversos elementos favorecem que esse tipo de agressão ocorra: os papéis relacionados com cada um dos gêneros, as normas culturais, as normas sociais, a ingestão de álcool ou drogas, o desemprego, eventuais doenças mentais, etc. Tudo isso criando um ambiente propício para originar e canalizar a agressividade do homem sobre a mulher em forma de violência, além de atuar como mecanismo de controle social. Ao usar a violência para manter seu status de superioridade, o homem ganha o aval da sociedade que, dentro de determinados limites, permite que ele “discipline” sua parceira, mantendo assim o status quo de toda a sociedade. Perverso, mas eficaz. Panorama - Na área da segurança pública, muitos defendem que os casos passionais são muito difíceis de serem evitados. Na sua opinião, a prevenção é realmente difícil? Primeiro temos que diferenciar aquelas situações nas quais a violência física é componente crônico da relação, ocorrendo em ciclos repetidos de aumento de tensão e agressividade, eclosão e escalada da violência até um determinado limite, onde há redução da tensão seguido de um período de lua-de-mel e nova repetição do ciclo. O popular “entre tapas e beijos”, onde a violência é um componente essencial de uma relação doentia, que não raro extrapola o vínculo exclusivo do casal e passa a contaminar toda a família. Nesses casos, a escalada implica em evidente risco de fatalidade e a cronicidade do padrão de violência permite a identificação e a intervenção precoces. Contudo, existem outros tipos de situações, onde ou a violência é mais sutil (usualmente psicológica) ou não se identifica um claro padrão de violência, como nos casos onde há uma submissão quase que absoluta da mulher ao companheiro, tornando a violência desnecessária. A relação é de total domínio e o homem se sente verdadeiro proprietário da sua companheira. Nesses casos a prevenção, com os recursos atualmente utilizados, é virtualmente impossível: não há histórico de violência prévia, a qual eclode apenas quando há uma tentativa dela de romper a relação e pode se dar na forma de xingamentos e ameaças, escalando rapidamente para agressões fatais, inclusive com certo planejamento prévio (meios, oportunidade, circunstâncias). Se observarmos o histórico dos casos midiatizados em razão da dramaticidade do caso, com sequestro, cárcere privado, feminicídio em público ou na frente da família e mesmo o

assassinato dos filhos do casal, a imensa maioria tem esse padrão histórico. Contudo, não podemos confundir os problemas: os casos de risco são difíceis de identificar não por falta de elementos diagnósticos para tal, mas porque o sistema de justiça não está preparado para isso. Faltam-lhe recursos humanos treinados e instrumentos legais e paralegais para lidar com esse tipo de situação. Panorama - Com o advento da lei Maria da Penha, ainda existem avanços a serem feitos na legislação penal? A Lei Maria da Penha foi um grande avanço no combate à violência contra a mulher, mas somente agora os movimentos sociais que a impulsionaram começam a perceber que a criminalização da conduta é insuficiente para bani-la. É preciso uma mudança cultural e ela não somente não é feita pela criminalização, como pode mesmo ser atrasada pela lei penal. É um equívoco acreditar que a lei penal resolve problemas sociais e culturais, ainda que seja necessária. Por um lado, a legislação criou mecanismos efetivos para determinadas situações, mas que passaram a ser usados indiscriminadamente, como a retirada do agressor de casa. Em várias circunstâncias, isso é percebido pela mulher e pelo resto da família como uma punição coletiva ou mesmo desproporcional, inibindo a busca por ajuda. Por outro lado, a aplicação das medidas protetivas, justamente por sua gravidade, requer que estejam presentes condições específicas, como o risco real ou iminente da violência, o que nem sempre está configurado, como comentamos anteriormente. Ao mesmo tempo, pouco ou nenhum esforço foi feito pelos governos e pela própria sociedade para criar condições reais e efetivas de proteção da mulher, que não seja o afastamento – e, no limite, o encarceramento – do companheiro. Cito como exemplo redes de apoio e proteção que lhe garantam renda e moradia em caso de risco. E absolutamente nenhum esforço foi feito para tentar recompor as famílias, com o acompanhamento e tratamento psicossocial do casal e dos próprios filhos, antes de partir para medidas mais agressivas, que afetarão a todos. E esse é o problema do foco excessivo no direito penal: as opções são “tudo ou nada”, funcionando algumas vezes. Mas 90% dos casos seriam mais adequadamente abordados no campo paralegal, numa coordenação entre os sistemas de justiça, saúde e assistência social e, sem dúvida alguma, com a sociedade civil organizada. Mas para isso precisamos parar de nos chocar com situações extremas e começar a agir. Panorama - Dos casos atendidos como perito em Taquara, quais são os mais comuns? Em quase 10 anos de perícia oficial, dos quais a metade como médico-legista e a outra como perito criminal, tenho observado

aquilo que também é mais comum estatisticamente: a violência “cronificada”, seja ela física ou psicológica. Nos casos extremos, o mais comum é o feminicídio com armas brancas ou de fogo e, mais raramente, a utilização de outros meios. Panorama - Quais são as dificuldades enfrentadas pelo Estado na repreensão a este tipo de crime? Uma coisa interessante em relação a esses casos extremos é que eles não se limitam a produzir a morte da vítima. Se observarmos bem, eles são verdadeiros manifestos políticos: o agressor o faz de maneira a chamar a atenção para seu ato, intenta mesmo apelar para uma visão deturpada de honra ou justiça que produza a solidariedade de terceiros. E isso explica em parte porque um caso de grande repercussão é replicado logo em seguida: como grandes terremotos, se fazem seguir de abalos secundários. Isso se dá em razão de verdadeira vinculação ideológica entre os agressores, que se sentem legitimados a agir, sabendo que contarão com a solidariedade de outros que pensam da mesma forma. Eventualmente serão recebidos na prisão como heróis. O Estado prefere atender aos anseios imediatos da sociedade, aumentando o foco no direito penal. Mais do mesmo, ainda que os resultados sejam pífios. Uma condenação a 25 anos de pena por feminicídio, ainda que necessária e exigível, em nada repara o dano causado, mal e mal satisfazendo os desejos de vingança da família e amigos da vítima. Mas, pior, em pouco ou nada tem se demonstrado capaz de prevenir futuras ocorrências. A violência em geral e a violência de gênero em particular são uma doença social, e como tal têm que ser abordadas. Panorama - E qual a sua avaliação sobre o caso mais recente registrado em Taquara? No caso mais recente de feminicídio ocorrido em Taquara, muita ênfase foi dada ao indeferimento da medida protetiva pelo magistrado. Nomes de juiz e delegado foram citados em matérias de jornal, como que nominando culpados por uma morte anunciada. Contudo, por tudo o que comentei anteriormente, essa me parece uma perspectiva limitada e inadequada do problema. A aplicação da legislação penal tem seus próprios limites e situações atípicas dependem de análise por profissionais com treinamento adequado, o que o Estado não oferece. E quando o faz, entrega os treinamentos a grupos militantes, enviesados ideologicamente, para um lado ou para o outro. Dadas as peculiaridades do caso, acredito que mesmo que a medida protetiva tivesse sido concedida, sua eficácia teria sido nula sem uma intervenção mais integrada do Estado e da sociedade taquarense. Ou entendemos que a violência é um problema de todos e agimos solidariamente, ou estamos fadados a ver esses casos se repetirem.


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Condenado a 28 anos de prisão acusado de latrocínio em padaria TAQUARA - O mês de maio de 2016, em Taquara, foi marcado por uma onda de assaltos. Um dos casos foi o ataque ocorrido na Padaria Milambo, na rua Santa Rosa, no bairro de mesmo nome, por volta de 16 horas do dia 6. O crime teve como vítima Ricardo Joaquim Müller, 61 anos, cliente do estabelecimento, que acabou morto a tiros. Nesta semana, a Justiça de Taquara emitiu sentença para um dos acusados do caso, Adriano Silva Soares, 20 anos, condenado a 28 anos de reclusão. O Jornal Panorama teve acesso à sentença da Justiça e traz detalhes do processo.

A ACUSAÇÃO

Adriano Silva Soares foi acusado de entrar no estabelecimento e dar dois tiros na vítima

OBITUÁRIO Falecimentos comunicados pela Rádio Taquara de 06/09/2017 a 14/09/2017

15/09 – Arylo Rosa Fontoura (Fontoura), 78 anos. Cemitério Municipal de Taquara. 16/09 – Edgar Hugo Ebert, 81 anos. Cemitério Evangélico de Parobé. 18/09 – Eduardo de Lima Casara, 70 anos. Cemitério do Morro do Pinhal. 19/09 – Leci Maria da Silva (Tatá), 58 anos. Cemitério Municipal de Taquara. 19/09 – Selma Sibila Schilling, 64 anos. Cemitério Evangélico de Padilha. 20/09 – Carlos Augusto de Oliveira, 55 anos. Cemitério Municipal de Taquara. 20/09 – Marco Aurélio Gonzaga, 73 anos Cemitério Municipal de Taquara 24/09 – Etmar Antonio Lauck, 74 anos. Cemitério Evangélico da Padilha. 25/09 – Nair Walgiria Kieling, 77 anos. Cemitério de Rodeio Bonito. 26/09 – Arcildo Schoenardie, 84 anos. Cemitério Municipal de Taquara. 28/09 – Nelly Kich Wasem, 94 anos. Cemitério Evangélico Martin Lutero de Igrejinha 28/09 – Roberto Carlos Boeira (Carlinhos), 59 anos. Cemitério Municipal de Taquara.

AGRADECIMENTO E CONVITE PARA MISSA DE UM MÊS A família agradece as manifestações de conforto, apoio, carinho e solidariedade recebidos pelo falecimento de

VERONITA NOECI BATISTA Em 04/09/17 ela faleceu em casa, cercada de muita paz, na cidade de Porto Alegre, aos 83 anos. Agradecemos em especial à dedicação da equipe que a cuidou nos últimos 4 anos, ao médico Ligier Linden, às técnicas de enfermagem Marlene Silva, Tanise Ferraz, Urléia Medianeira, Viviane Viana, ao fisioterapeuta Marcelo Varela e à nutricionista Daniele Harter, entre outros, e a todos que a visitaram nesse período. Nesse momento de saudade, convidamos a participar da missa de um mês, que será realizada no dia 4 de outubro, às 16 horas na Igreja Santa Terezinha, Av. José Bonifácio, 645, Bom Fim, Porto Alegre. Mãe, que saudade!

Deus não pode estar em todos os lugares e por isso fez as mães. (Ditado judaico)

Conforme a denúncia do Ministério Público, Adriano, “em comunhão de esforços e conjugação de vontades com outro indivíduo não identificado até o momento”, tentou subtrair itens da padaria. A Promotoria afirma que o denunciado invadiu o estabelecimento comercial, enquanto seu comparsa permaneceu a bordo da motocicleta, no lado de fora, dando-lhe cobertura. “De imediato, o denunciado anunciou o assalto, empunhando uma arma de fogo. Ato contínuo, dirigiu-se até o caixa do

estabelecimento, onde a vítima Ricardo aguardava para efetuar o pagamento e exigiu ao funcionário (...) a entrega de todo o dinheiro ali existente”, diz o texto. O Ministério Público acrescenta que Ricardo entrou em luta corporal com Adriano, que efetuou dois disparos, alvejando a vítima no abdômen e na cabeça. Em seguida, Adriano fugiu do local com o seu comparsa. A vítima ficou internada no Hospital de Pronto-Socorro de Canoas, mas acabou não resistindo aos ferimentos. Ricardo Joaquim Müller morreu em ataque a padaria no bairro Santa Rosa

A AVALIAÇÃO DA JUSTIÇA O juiz Juliano Fonseca afirmou que, “ao contrário do que sustentou a defesa, “as provas produzidas são suficientes, havendo convergência para a conclusão condenatória, não havendo nenhuma demonstração concreta de interesse em deliberadamente prejudicar o réu - cuja negativa restou isolada -, pelo que tenho como prova válida e suficien-

te para a condenação”. Ainda na sentença, o magistrado não aceitou a alegação defensiva de que a falta de reconhecimento na fase judicial afastaria a autoria. Juliano afirma que o ato extrajudicial, ou seja, o reconhecimento do acusado ainda na fase do inquérito policial, foi acompanhado de outros elementos probatórios, o que, segundo o juiz,

permitiu dirimir eventual dúvida quanto à identificação do réu. “A prova produzida pela acusação, assim, é firme ao demonstrar o envolvimento de Adriano na empreitada delitiva. A versão defensiva, por outro lado, não se sustenta, sendo desprovida de elementos capazes de afastar as imputações”, acrescentou o magistrado.

DEFINIÇÃO DA PENA Após decidir pela condenação do acusado, o juiz Juliano passou a individualizar a pena do réu. "A culpabilidade, entendida como a censurabilidade do agente, consideradas suas condições pessoais, mostra-se em grau elevado, uma vez que a conduta delituosa reflete uma quebra na expectativa de que o agente agiria de acordo com o direito e com o sentimento ético da comunidade. O agente, com 19 anos de idade, mesmo com mínimo estudo, tinha plena consciência da ilicitude de sua conduta e era exigível agir di-

verso", avalia o magistrado. Considerando as circunstâncias do caso, o juiz fixou a pena-base em 28 anos e seis meses de reclusão, que, na avaliação do magistrado, "é suficiente para a reprovação e prevenção do crime". Como o réu está preso preventivamente há 427 dias, deverá cumprir o restante da pena, totalizando 27 anos, três meses e 23 dias em regime inicial fechado. No final da sentença, o juiz entendeu que não há motivos para colocar o réu em liberdade, mantendo a prisão preventiva do acusado.

Quadrilha residente em Parobé é suspeita de assaltos PAROBÉ - A Delegacia de Polícia de Igrejinha, com apoio das demais DPs da região, realizou operação policial na manhã desta quinta-feira, em Parobé. A ação consistiu no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão, três prisões preventivas e um mandado de apreensão para adolescente infrator. Segundo a Polícia Civil, as diligências ocorreram em combate a roubos de veículos. O delegado Ivanir Caliari, responsável pelas investigações promovidas em Igrejinha, informou que, com a participação da Delegacia de Três Coroas, foram elucidados pelo menos tês roubos mediante o uso de arma de fogo praticados em Igrejinha por quadrilha cujos integrantes são moradores de Parobé. Durante as investigações, foram re-

cuperados um Gol e aparelhos celulares de duas vítimas, as quais também tiveram seus veículos recuperados após os assaltos. No curso das buscas, os policiais encontraram a chave de um veículo Kia Soul, possivelmente objeto de roubo em Taquara e que já havia sido recuperado. Os presos têm 18, 19 e 20 anos, e não tiveram seus nomes revelados. O adolescente apreendido tem 17 anos. Segundo a Polícia, o adolescente e os adultos foram levados à Delegacia de Igrejinha, para o registro dos fatos, sendo conduzidos em seguida à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Taquara para aguardar a casa prisional a que serão encaminhados.

Piloto de moto voa sobre veículo após colisão PAROBÉ - Um vídeo divulgado pelas redes sociais mostrou acidente de moto acontecido em um loteamento às margens da ERS-239, em Parobé, na tarde do domingo. O material mostra várias motos trafegando em alta velocidade. Uma delas arranca e acaba batendo em uma camionete Montana, que estava atravessando a rua. O motociclista voou sobre o carro (foto) e caiu do outro lado. Segundo as informações, tanto o piloto como o motorista do carro sofreram ferimentos, mas não correm perigo. Ambos estão internados em recuperação. O loteamento em que ocorreu o acidente fica próximo à Calçados Bibi. A Brigada Militar informou que está monitorando o local para prevenção de acidentes de trânsito.

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Esportes

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Divulgação

Taquarense quer entrar no livro dos recordes fazendo embaixadinhas TAQUARA - Desde os nove anos, a taquarense Lara Scüller, conhecida como Robinha Gaúcha, nutre um objetivo: entrar para o Guiness Book. A técnica em fazer embaixadinhas é o recorde a ser batido pela atleta, que já ficou mais de 12 horas praticando. Foram duas vezes que bateu essa meta, em 2011 e 2014. Já bastaria para superar o atual recorde, de 8h22min, mas Lara precisa comprovar a façanha. Para isso, está buscando apoio no seu projeto de inscrever o seu recorde no livro mundial. Lara conta que, com o tempo, desde que começou a praticar, foi evoluindo no esporte. Com 15 anos, começou a ir atrás de formas de bater o recorde mundial. Atualmente com 22 anos, Lara treina em Porto Alegre semanalmente. Tem aulas com a preparadora física do Inter, Suellen Ramos, e treinamento funcional em uma academia da Capital. Também tem apoio de empresas locais na área de nutrição para assegurar os bons resultados. De acordo com Lara, o atual recorde nas embaixadinhas também é de uma

atleta gaúcha, Cláudia Martin, que ficou as 8h22min praticando o esporte. Como já fez mais de 12 horas por duas ocasiões, Lara acredita que consegue bater a meta, mas precisa conseguir formas de viabilizar o acompanhamento pela equipe do Guinness, o livro dos recordes. “É um processo caro e que necessita de apoio”, ressaltou a taquarense. Segundo Lara, existem duas formas de comprovar a meta batida. Uma delas é chamando a equipe de juízes do Guinness, muito cara. A outra é a que está sendo estudada pela equipe que acompanha a taquarense, de filmagem de todo o processo. Para ser mais fácil a comprovação, o ideal, segundo Lara, era fazer a transmissão ao vivo por algum dos dispositivos atuais. Com isso, ficaria comprovado o tempo de duração das embaixadinhas. Mas, esse procedimento é mais caro e, por enquanto, a atleta está buscando apenas assegurar a filmagem, que já seria um meio de comprovação a ser encaminhado ao Guinness. Para tanto, Lara procura apoiadores

que possam auxiliar na meta de conseguir comprovar este feito. Interessados podem ajudar de várias formas, principalmente com os patrocínios, uma vez que, além dos custos de filmagem, há outros envolvidos, como da cronometragem, que precisa ser a mesma das provas de atletismo. “Estou me virando atualmente como posso, custeando os treinamentos com os recursos que conquistei em uma rifa comercializada”, contou Lara. A atleta treina a maior parte da semana em Porto Alegre e vem para Taquara em vários momentos, mas reside a maior parte do tempo em Canoas, onde trabalha a sua preparadora física, que também é técnica do time de futebol de salão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Lara ressalta a importância de que toda a documentação seja encaminhada ao Guinness de forma a ser homologada, cumprindo as exigências da equipe do livro. Após a filmagem, Lara disse que demora cerca de seis meses para obter o certificado de que o recorde mundial foi batido.

COMO AJUDAR Interessados em apoiar o projeto de Lara Schuller de ingressar no Guinness devem entrar em contato através do telefone 98445.8274.

Lara Schüller: patrocínio para viabilizar as filmagens é a principal meta para assegurar a conquista

REVENDEDOR DE ERVA-MATE

PANORAMA

CLASSIFICADOS SELECIONA-SE – Casal de chacareiros p/ sítio de lazer, aberto ao público. Ele p/ jardin., pisc. e serv. gerais, ela p/ coz., limpeza e serv. gerais. Dá-se prefer. p/ casal do interior. Contato a partir das 18h, entrevista no local, sábados e domingos em horário coml. Tratar (51) 99979.3324, Morro Pelado, Taquara. www.sitio4estacoes.com.br

Galeto Beneficente APAE

Taquara

8 de outubro domingo 11h30min às 13h Valor: R$ 16,00 Esporte Clube Taquarense Vendas: 99956.2509

COMUNICADO À PRAÇA A MÓVEIS CARRARO LTDA., fabricante dos produtos CRIARE, visando preservar suas responsabilidades e prevenir interesses dos consumidores, vem informar, ao público em geral e a quem interessar possa que, desde 22 de setembro de 2017, não mais mantém relações comerciais com a loja e empresa ANGELI E KOETZ LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 10.846.250/0001-09, estabelecida na Rua Rio Branco, nº 1110, Loja 101, bairro Centro, Taquara/RS, CEP: 95600-000. Os produtos CRIARE, no entanto, continuam no mercado no estado do Rio Grande do Sul, nas melhores lojas do ramo de atividade. Solicitamos aos nossos amigos e clientes que, em caso de dúvida ou quaisquer outras informações acerca dos produtos CRIARE, façam contato com nosso Serviço de Atendimento ao Consumidor pelo telefone 0800 725 1575 ou e-mail sac@criare.com. MÓVEIS CARRARO LTDA.

DOE SANGUE A vida de alguém pode depender deste gesto.

Revendedor para ERVA-MATE ESSÊNCIA GAÚCHA nas cidades de Parobé, Sapiranga, Igrejinha,Três Coroas, Rolante e Riozinho. Contato: (51) 9950.48155


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Sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Perfil

Olavo Carlos Wagner

quem sou eu “Sou obstinado (os amigos dizem alemão teimoso), tenho por princípio ser correto nas atitudes pessoais e profissionais, sou pautado no trabalho e na família; uma certa inconsequência e o espírito aventureiro ficaram lá atrás na juventude; racional, mas sensível e emotivo.”

Diretor fundador do Jornal Panorama, está à frente também das rádios Taquara AM, FM 91 e 89.1 Paranhana FM, em Parobé, cuja grade de programação está sendo elaborada.

QUESTIONÁRIO

• Como o ramo da comunicação entrou em sua vida? Não me imaginei trabalhando fora da área de comunicação. Rádio e jornal sempre me fascinaram desde as minhas mais remotas lembranças. Houve época também em que pretendia ser ator, num período em que o teatro de Arena, com Jairo de Andrade, Alba Rosa e Marlise Saueressig, era reconstruído no viaduto da Borges, em Porto Alegre; ajudei a carregar tijolos. Eu decorava textos e ensaiava peças que nunca ninguém assistiu, jamais senti o gosto do aplauso. É frustração até hoje. • Cite alguma das remotas lembranças do fascínio pela comunicação. Morávamos na colônia, e no porão da casa eu tinha um “estúdio de rádio”, improvisado com um barbante que sustentava uma latinha de extrato de tomate a título de microfone. Um dia, candidatos políticos vieram em campanha, e meu pai apresentou com orgulho a vocação do filho mais velho, que lia com firmeza e voz empostada o Correio do Povo, simulando locução de notícias; o jornal era quase maior do que eu, naquele formato antigo, standard. Aquele contato me rendeu uma indicação para bolsa de estudos no IACS, pois nossa família enfrentava séria dificuldade financeira. Lembro que para estudar no Instituto Adventista eu precisava de um enxoval. Fui a Porto Alegre e fiz plantão na Legião Brasileira de Assistência (LBA), pedindo ajuda, me desesperei, chorei até que me deram um saco enorme cheio de coisas, que mal consegui carregar até a rodoviária. Na época era a primeira dama Neusa Brizola quem dirigia a LBA. Certo dia, décadas mais tarde, pude contar pessoalmente ao Leonel Brizola esta história, quando ele me confessou ter passado por coisas parecidas na juventude para conseguir alçar voo. • Alguma história a mais do seu tempo de querer alçar voo? Teve o momento em que fugi de casa. A situação estava muito difícil, e eu percebi que meus pais estavam propensos a me encaminhar para o trabalho na roça. Juntei tudo que cabia numa pequena mala, confessei meu plano para a avó materna, que me alcançou uns trocados para a jornada. Deixei uma carta para os pais e rumei a Porto Alegre. Meu primeiro emprego foi de servente de cafezinho num banco. Batalhei até conseguir uma vaga em rádio por lá. Em Taquara eu fizera um teste, mas não consegui uma vaga de locutor na emissora que hoje nos pertence e dirijo.

MEUS momentos

Enquanto estudava no IACS, vinha com frequência olhar os locutores falando na Rádio Taquara. Na época me aconselharam a desistir do meu sonho, que buscasse uma vaga nas fábricas de calçados, que muito precisavam de mão-de-obra. • O que destacaria da sua juventude? O jovem ambicioso não tinha tempo para amenidades, mergulhei logo e com muita vontade na radiodifusão. Mesmo com pouca prática. Progresso de NH, Real e Clube de Canoas, União, Pampa, Continental em Porto Alegre. Trabalhei na extinta Rádio Porto Alegre das Emissoras Reunidas, rede de 21 rádios pelo interior do Estado, e fui convidado para atuar em Encantado. Lá fiquei por mais de uma década. E, paralelo com o trabalho na rádio local, criei o jornal Opinião, que circula até hoje naquela cidade. Cada exemplar que recebo pelo correio é alegria renovada. • E a volta para Taquara, como foi? Embora rebelde e nem sempre obediente, atendi o apelo de meus pais, já idosos e doentes, para que voltasse a Taquara, pois precisavam de apoio. Não havia jornal aqui, fiz nascer o Panorama. E belos dias vieram. Conheci uma jovem loira de Sapiranga. Juntos arregaçamos as mangas e mergulhamos no trabalho. O Panorama vingou, prosperou e, se hoje é sucesso, devo creditar em grande parte à persistência, talento e incentivo da Inge Dienstmann. Construímos juntos a credibilidade do jornal, conquistamos apoios e confiança vindos de todos os lados. A marca de 42 anos de um jornal em Taquara é troféu que compensa qualquer esforço. Demos o melhor, com fé e dedicação. • O que aprecia a título de lazer? Na juventude, até piloto de corrida fui. Participei de provas em Tarumã, Guaporé e Cascavel, talvez motivado pelas carreteras que testemunhei quando criança; eram provas em estradas de chão, e reuniam grandes pilotos da época; um dos trechos acontecia entre Porto Alegre e São Francisco de Paula, era um grande acontecimento na minha juventude, e me impulsionou para o desejo de correr também. Foi um hobby durante algum período. Atualmente, além do prazer no trabalho, nossa alegria é completa com o brilho dos netos Valentina e do Henri, seres resplandescentes, que nossa filha Vanessa colocou em nosso caminho. Nada se compara à companhia e o carinho dos netos, e a reunir toda a família em momentos de lazer.

No sítio, um dos recantos preferidos, com a histórica mala da fuga de casa, guardada como troféu

Com a família reunida, o lazer fica completo

Funcionário na rádio Real de Canoas


Sexta-feira, 29 de setembro de 2017 Fotos Baile do Santa: Foto de Fato

Por Vanessa Wagner

Cancún De 28/12 a 4/1/18 Passagem, 7 noites, all inclusive, transfer e seguro 3542.1307 3541.3127

Valéria e Larri Saft

Dança do Ventre Ritmos Yoga

No baile do Santa, resgatando integrantes do grupo GEU Boys: Dirceu Marílio Martins Filho, Jurandir Soares dos Santos, Eduardo Ellwanger e Daltro Dietrich. Ana Schweitzer (ao centro) representou o quinto integrante do grupo, seu irmão já falecido César Antônio Bauer. Ainda faziam parte, Claudio Antônio Cunha, Paulo César Müller, Jackson Volkart e João César Ostermann, os dois últimos também já falecidos.

Rua Júlio de Castilhos, 2715, Sl. B - Taquara. Fone: 9 9726.1571

Vitória Brito com a mãe Nadia Kirsch: preparativos para o altar. A boda com Leandro Liskoski, dia 16 de setembro, teve recepção para convidados no Ecoland Parque Hotel. O casal está em Paris, onde celebram a lua de mel.

Clóvis e Maria de Lourdes Bonatto

Fabiane e Humberto Wagner com Bianca e Flávio Comassetto Antonio Scheffel Filho/Foto de Fato

Tour pela Europa: Suzana Neves, Ronaldo Siebel, Solange Martins, Simone Trott e Beth Schaeffer. Na foto, junto ao monumento aos soldados russos, em Viena.

Mayra Oliani, presença no Baile do Santa, comemorou seu aniversário dia 25 de setembro.

Promoção “Outubro Louco” Festas - 3 horas A partir de R$ 690,00 Festas - 4 horas A partir de R$ 940,00 (*) Promoção válida somente para festas no mês de outubro/17 e para os dias que se encontram ainda disponíveis.

Av. Sebastião Amoretti, 2880 - Taquara (51) 99765 5145 www.planetakids-rs.com.br

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Taquara, 29 de setembro de 2017

Desfile do Bem chega à quinta edição com mais de R$ 100 mil repassados ao hospital IGREJINHA – Na terra do voluntariado, representada pela Oktoberfest, mais um evento solidário está se consolidando. Trata-se do Desfile do Bem, que terá, na próxima semana, a sua quinta edição, com o retrospecto de já ter arrecadado mais de R$ 100 mil ao Hospital Bom Pastor. A iniciativa é liderada pelo gabinete da primeira-dama de Igrejinha, Janice Wilhelm. Neste ano, o evento acontecerá na próxima quinta-feira, dia 5 de outubro, a partir das 20 horas, com jantar e desfile na sede da Sociedade 10 de Novembro. Janice conta que o evento surgiu com a ideia de realizar algo a mais para ajudar na manutenção do Hospital Bom Pastor. Segundo ela, a ideia começou pequena, mas aos poucos foi crescendo e conquistando a adesão do comércio, que participa patrocinando a iniciativa. As principais despesas são com o som e a decoração. Mas, Janice conta que, a cada ano, fica melhor a adesão das empresas parceiras de Igrejinha ao evento. Neste ano, serão grupos de quatro lojas que estarão participando do desfile, mostrando coleções em sapatos, roupas e beleza. Os patro-

cínios foram conquistados em todo o comércio do município e, também, na região. As empresas parceiras têm seu logotipo exposto no telão e podem distribuir material promocional aos participantes do jantar. Segundo Janice, outro fator que tem chamado a atenção e respaldado a consolidação do evento é a procura por cartões para o jantar, que, neste ano, está sendo considerada muito boa. “Todos os dias recebo ligações das lojas vendedoras pedindo mais cartões”, conta. Os convites estão sendo vendidos nas lojas que integram a campanha, ao custo de R$ 45,00. Ao longo destes anos, Janice ressalta que o Desfile do Bem já colaborou com a manutenção do hospital de várias formas. No ano passado, por exemplo, grande parte do repasse feito pelo evento foi utilizado na compra de um equipamento que estava sendo requisitado pelo bloco cirúrgico da casa de saúde. “O hospital sempre precisa de alguma melhoria e assim conseguimos contribuir mais um pouco com a casa de saúde”, reforçou a primeira-dama, agradecendo a parceria de patrocinadores e apoiadores do projeto.

SERVIÇO O que: 5º Desfile do Bem Quando: 5 de outubro (quinta-feira), às 20 horas. Onde: Sociedade 10 de Novembro Valor: convites ao preço de R$ 45,00 sendo vendidos nas lojas parceiras Estabelecimentos apoiadores: Maison Rouge, Capim Cidró, Malhas Petry, Marcelly Kids, Sapatu’s, Piccadilly, Divalesi, MK Produções, Ivone Cabeleireiro, LO Party & Beauty, Espaço D e As Gurias Estúdio de Beleza.


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