Voz das Misericordias

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Lino Maia Presidente da CNIS conversou com o VM Entrevista

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Nutrição Beja e Leiria apostam em refeições saudáveis

Educação

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Tomadas de posse Rituais que mantêm identidade

Opinião

VOZDAS MISERICÓRDIAS

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União das Misericórdias Portuguesas

director: Paulo Moreira | ano: XXVIII | janeiro 2012 | publicação mensal

‘A palavra de ordem Homenagem das Santas para 2012 é aguentar’ Casas ao bispo Lamego

Em entrevista ao VM, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas afirmou que está consciente das dificuldades por que têm passado as Santas Casas neste período de crise, mas destaca que dar de comer a quem tem fome é uma das mais nobres áreas onde as Misericórdias podem trabalhar. Destaque, 4 a 6 Património

UMP no Conselho Nacional de Cultura Audiência União das Misericórdias integrará Conselho Nacional de Cultura, afirmou o secretário de Estado da Cultura. 20

Na hora de partir, o bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho, foi alvo de uma homenagem, no dia 13 janeiro, por parte das Misericórdias da diocese que presidiu na última década. A União das Misericórdias Portuguesas associou-se a este ato solene que teve lugar na Sé daquela localidade. Em Ação, 9

Macedo de Cavaleiros

Azeite e vinho geram receitas para o social Produção e comercialização de azeite e vinhos – brancos, tintos e espumantes - apoiam sustentabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros. Os números não deixam dúvidas: a produção vinícola em 2011 chegou aos 16500 litros, tendo sido colhidos 22480 quilos de uvas. Em Foco, 12 e 13

Cooperação Setor social é crucial contra a crise O primeiro-ministro disse que as instituições de solidariedade social têm um papel crucial para enfrentar a atual crise no país, desejando que as mesmas tenham estabilidade para desenvolver a sua atividade. “Em tempos de emergência social, é indispensável que o Estado desenvolva relações com as IPSS porque sozinho não tem condições humanas nem financeiras para chegar a quem mais precisa”, afirmou Pedro Passos Coelho durante a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre governo e instituições particulares de solidariedade social, a 17 de Janeiro no Palácio de São Bento em Lisboa. Em Ação, 8


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panorama A FOTOGRAFIA espaço sénior

Votos do melhor ano possível Estamos em 2012! Tradicionalmente um novo ano era recebido com entusiasmo pois todos pensávamos e desejávamos que uma vida nova nos trouxesse novas oportunidades, a realização de projetos etc

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stamos em 2012! Tradicionalmente um novo ano era recebido com entusiasmo pois todos pensávamos e desejávamos que uma vida nova nos trouxesse novas oportunidades, a realização de projetos que ainda não tínhamos podido realizar, que tivéssemos saúde, que tudo de bom nos acontecesse... Enfim eram dias de alegria e esperança. Hoje é assim? Não, não há o mesmo entusiasmo. As razões todos sabemos quais são: o sistema vigente há anos encontra-se em grande turbulência, a sociedade agita-se, o desentendimento entre nações aumentou e a violência, infelizmente, alastra perigosamente. Há ainda a crise económica que a nós, portugueses, afeta de um modo particularmente grave. Que fazer então? Não vamos afligir-nos de modo a perturbar o nosso dia-a-dia. Vamos calmamente viver com serenidade e esperança de que esta fase seja ultrapassada e venha para a sociedade um período mais calmo, mais justo, e em que a humanidade seja mais feliz. Falemos então da vida na nossa Academia. O Natal foi vivido com grande participação e entusiasmo tanto na tarde cultural, onde se apresentaram os Grupos Cavaquinhos, Cantares, Coral e Jograis, alunos das classes instrumentais, viola e piano, como no almoço, onde se encontravam largas dezenas de alunos e que foi presidido pelo Presidente do Conselho Diretivo, tendo como convidados o Dr. José Nunes, Dra. Catarina e Dr. Valente da Cruz da UMP. Usaram da palavra, primeiro, o Dr. J. Nunes manifestando o seu apreço pelo relacionamento da União com a Academia, depois, o Eng. Luís Aires que exprimiu a mesma opinião, não deixando de referir o desacordo de todos os associados com a proposta de um novo logotipo, o que levou os presentes a manifestarem-se com uma salva de palmas. Os elementos do Grupo Coral, com a Irmã Maria Augusta, cantaram canções de Natal e as Janeiras. A colega Ilda Maria cantou alguns fados ouvidos sempre com o mesmo agrado. Seguiram-se as despedidas com votos de Boas Festas, Feliz Natal e votos de um Ano Novo o melhor possível.

Isabel Rodeia

Academia de Cultura e Cooperação da UMP academiadecultura@ump.pt

A subir

Portuguesas distinguidas Três portuguesas foram distinguidas com o Prémio L’Oreal Mulheres na Ciência devido a projetos relacionados com cancro da mama, suscetibilidade ao pneumotórax espontâneo primário e esclerose múltipla.

Norte Conhecer de perto a realidade das Santas Casas Depois de, em 2011, ter visitado os distritos de Leiria e Santarém, o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) continua apostado em visitar o maior número possível de Santas Casas durante a vigência do seu segundo mandato. Durante a primeira semana de 2012, Manuel de Lemos visitou algumas congéneres dos distritos de Viana do Castelo e Vila Real. Celorico de Bastos, Vieira do Minho, Chaves, Boticas (na foto), Cerva, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Valença, Vila Nova de Ceveira e Paredes de Coura foram as instituições visitadas pelo atual presidente da UMP.

A Descer

Encontrados mortos em casa Desde o início do ano, foram encontrados mortos em casa 17 idosos. Em 2011, os bombeiros receberam 1511 pedidos para abertura de porta com socorro, mas 79 pessoas foram encontradas já mortas.

A Frase

Pedro Mota Soares Ministro da Solidariedade e Segurança Social

“O Estado não tem vocação para gerir instituições sociais”

O Número

68%

Casos de abuso de menores arquivados Cerca de 68% dos casos de abuso sexual de menores que entram nos tribunais portugueses acabam arquivados por falta de provas. Dados surgem no âmbito de um mestrado que avaliou 185 decisões judiciais entre 2004 e 2008.

O Caso Cerveira Voluntários recuperam lar de idosos Uma verdadeira revolução ganhou vida no lar da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira. Cinco mulheres, entre elas a diretora, organizaram jantares, feiras medievais, feirinhas, restauros etc. O entusiasmo colocado nas atividades extra laborais, sem qualquer remuneração, convenceu grande parte dos 47 funcionários a juntarem-se ao projeto: angariar verbas para dotar o lar daquilo que lhe faz falta. Graças ao seu trabalho voluntário, conseguiram, ao fim de quase dois anos, 22 mil euros. Com este dinheiro conseguiram responder às necessidades mais urgentes: saída e escadas de emergência e rampas de acesso (que o lar, financiado pela Segurança Social, não possuía), seis camas

articuladas, restauros no edifício, pinturas, compra de material para a cozinha, remodelação de casas-de-banho e balneários, etc. “Temos umas instalações muito grandes e antigas, com 30 anos sem obras de restauro”, explica a diretora Mara Rebelo, que revela: “a maior parte dos nossos utentes têm problemas económicos e reformas muito baixas, a rondar os 200 euros. O que

pagam à instituição quase que não dá para pagar a alimentação”. O dinheiro angariado ultrapassou todas as expectativas. “Fiquei surpreendida. Acho que o que não houve até agora foi iniciativa. As pessoas estavam muito acomodadas à situação. É difícil, é a crise, estamos mal e continuamos mal, e ninguém fazia nada”, disse. Se em quase dois anos conseguiram o suficiente para suprir necessidades mais imediatas, decidiram então começar a angariar verbas “mais como profissionais, com uma estratégia maior”. O objetivo para 2012 é comprar uma ambulância, que rondará os 40 mil euros. E as contas já estão todas feitas. Se uma viagem em ambulância para Viana custa cerca de 39 euros, e tendo o lar 76 utentes, na maioria dependentes. “Só com o dinheiro das viagens conseguiremos pagar o empréstimo da viatura”, conclui Mara Rebelo.

Voluntários em Cerveira

Susana Ramos Martins


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Opinião

Porquê financiar as externalidades positivas Numa altura de graves dificuldades financeiras, em que a capacidade de financiamento é limitada e as necessidades das populações são marginalmente “ilimitadas”, não podia ser mais importante medir e divulgar o valor social

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RADAR

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s entidades do terceiro setor nascem da sociedade, porque esta detetou uma necessidade social que não estava a ser suprida. A intervenção da sociedade civil, organizada sob as mais diversas formas, dá-se porque nem o Estado nem as entidades empresariais estão dispostas, ou têm vocação para atuar sobre essa lacuna. O Estado, interessado no bem comum, ciente das necessidades dos cidadãos, não tendo vocação e/ou capacidade financeira, está interessado que outros atuem. A comunidade empresarial não atua porque dessa ação não decorreria uma rentabilidade aceitável segundo os seus parâmetros e teria sérias dificuldades em recuperar/rentabilizar o investimento, mas é também interessada em que haja quem atue. Estamos assim perante uma necessidade social, em que o Estado e as empresas têm interesse na sua supressão, mas desinteresse numa atuação direta. As externalidades positivas - uma externalidade é uma atividade que gera efeitos em terceiros sem que estes tenham pago ou contribuído para tal- ela é positiva quando um terceiro dela retira um proveito ou lhe são geradas condições de contexto favoráveis. Num esquema simples podemos exemplificar as externalidades positivas geradas pelas atividades sociais desenvolvidas. Peguemos no caso de um lar: o idoso usufrui de um enquadramento e proteção de vida que, na maioria dos casos, não lhe era possível obter de outra forma. O seu familiar vê o seu ente querido devidamente enquadrado, o que lhe permite desenvolver uma vida familiar, social e económica sem a responsabilidade direta de tratar o idoso. Não tem, por exemplo, que acompanhar o idoso ao médico. Ao ter esta estabilidade, a vida profissional não é afetada, a sua assiduidade não diminui, a sua produtividade não diminui. Chegamos assim ao terceiro elo dos beneficiários das externalidades positivas: o empregador. Este, sem se aperceber, usufrui do valor social criado, que contribui para que o valor económico que se propõe gerar não seja afetado; colaboradores com baixas taxas de absentismo, com baixos níveis de “stress” familiar, são trabalhadores com melhores índices de produtividade. Mas o limite das externalidades positivas é difícil de identificar; empresas com melhores índices de produtividades são empresas mais equilibradas e com maior capacidade de gerarem valor económico. Uma comunidade enriquece com o valor económico que é capaz de gerar. Numa altura de graves dificuldades financeiras, em que a capacidade de financiamento é limitada e as necessidades das populações são marginalmente “ilimitadas”, não podia ser mais importante medir e divulgar o valor social gerado e catalisador do valor económico de uma comunidade, de um país. As alternativas aos financiamentos tradicionais têm que passar pelo retorno que a sociedade civil e económica deve ser chamada a fazer, pelo usufruto que tem pelo valor social gerado. A comunidade no seu todo deve ser ativamente chamada a financiar as atividades de cariz social, mas só o pode fazer se souber objetivamente o valor que estas criam. É, pois, às instituições com intervenção social que compete identificar, medir e divulgar o valor social que criam, e assim encontrar formas alternativas de financiamento, em que a comunidade assuma o papel principal.

João Lobão

Consultor da UMP para o programa “Misericórdias - Gestão Sustentável”

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ON-LINE

Vizela Utentes e funcionários no Preço certo da RTP Utentes e funcionários da Misericórdia de Vizela participaram no Programa “Preço Certo” da RTP. A Santa Casa presenteou a equipa do programa com alguns trabalhos manuais realizados pelos utentes, mas também com iguarias da região oferecidas por comerciantes locais e que fizeram a alegria do apresentador Fernando Mendes. A gravação do programa teve lugar no dia 16 de Janeiro.

Braga Manuel de Lemos é irmão honorário O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) foi agraciado com o título de irmão honorário da Santa Casa da Misericórdia de Braga. As insígnias foram entregues a Manuel de Lemos pelo arcebispo de Braga e presidente da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga. Foi a 14 de Janeiro, durante a tomada de posse dos novos corpos gerentes da Santa Casa de Braga.

Órgãos sociais Tomadas de posse em 104 Santas Casas

UMP ROC para apoiar as Misericórdias

Até ao momento a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) tem conhecimento de um total de 104 tomadas de posse de órgãos sociais nas Santas Casas. Muitas das instituições têm novos provedores. Recorde-se que em breve começará a ser preparada a brochura Quem Somos nas Misericórdias e por isso apelamos ao envio de informação atualizada, especialmente no que respeita aos novos dirigentes. A todos, votos de bom trabalho.

A União das Misericórdias Portuguesas está a aceitar propostas de revisores oficiais de contas (individuais ou sociedades) até dia 28 de Fevereiro. A iniciativa surge no âmbito do novo sistema de normalização contabilística e visa ajudar as Misericórdias no cumprimento do art.º 12º do Decreto-Lei n.º36/A-2011, de 9 de Março. Mais informações sobre as condições para apresentação das propostas no site da UMP, www.ump.pt.

SLIDESHOW

Vila Verde Janeiras para o presidente A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde preparou uma surpresa para o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas. No dia 6 de Janeiro, o grupo de cantares da instituição esteve na casa do presidente, onde o surpreenderam cantando as tradicionais janeiras. Recorde-se que várias Misericórdias promovem as janeiras nas localidades onde estão inseridas.


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DESTAQUE ENTREVISTA

‘A palavra de ordem para 2012 é aguentar’ Presidente da União das Misericórdias Portuguesas

O presidente da UMP está consciente das dificuldades, mas destaca que dar de comer a quem tem fome é uma das mais nobres áreas onde as Misericórdias podem trabalhar Bethania Pagin 2011 foi um ano marcado pela crise económica e financeira. Quais foram os principais efeitos desta crise no funcionamento das Misericórdias? Os efeitos foram dois. Por um lado, houve um aumento de procura, por outro, uma diminuição continuada das comparticipações das famílias, ou seja, diminuição das nossas receitas. Ao mesmo tempo, o Estado entrou em incumprimento e isso provocou a quebra de confiança, mas também uma enorme insegurança nas instituições. Foi esse o grande problema de 2011 e embora o Estado, nomeadamente a Segurança Social, tenha cumprido o acordado com as Misericórdias, é verdade que o custo de vida em Portugal continua a aumentar e, por isso, as famílias têm cada vez menos dinheiro. A palavra de ordem para 2012 é aguentar. Para tentar fazer face aos problemas de sustentabilidade financeira, o que considera serem boas áreas de investimento para as Misericórdias? As Misericórdias devem organizar-se internamente e serem ainda mais rigorosas na gestão. Não estou com

isso a dizer que não são rigorosas, mas um dos exemplos dessa gestão é trabalharmos mais em grupo, porque em grupo conseguimos, por exemplo, comprar mais barato. Enquanto instituições económicas, as Santas Casas são muito semelhantes a pequenas e médias empresas e a sua sustentabilidade tem sido a minha maior preocupação. As Misericórdias abriram inúmeras cantinas sociais para apoiar as pessoas com maiores carências. Como avalia esse momento em que a primeira obra de misericórdia corporal – dar de comer a quem tem fome – ganha cada vez maior importância? Um dos paradigmas do século XX foi acabar com a fome. A fome era recorrente na Europa e ainda faz parte da memória coletiva dos portugueses. Por causa disso, muitas pessoas têm vergonha de vir às nossas instituições. Nesse sentido, as Misericórdias podem contribuir muito encontrando essas fórmulas variadas que permitam ajudar e, ao mesmo tempo, manter a dignidade das pessoas. E cada provedor sabe, como ninguém, quais são as melhores soluções para cada terra. Dar de comer a quem tem fome é uma das mais nobres áreas onde as Misericórdias podem trabalhar. A questão da fome é tão atual que a criação de uma rede solidária de cantinas e cozinhas está contemplada em protocolo de cooperação… Com a rede de cantinas e de cozinhas que temos, não há razão para ninguém ter fome, a não ser quem não tenha cuidado consigo próprio. Em sede de protocolo, estamos em diálogo para encontrar um modelo novo de funcionamento. De facto não é necessário fazer mais cantinas, mas sim aproveitar a nossa capacidade instalada. Até agora era o Estado que nos proibia de abrir as portas para receber quem queria comer.

A União Europeia dedicou o ano de 2011 à atividade voluntária. Consegue fazer um balanço da iniciativa em Portugal? Os anos europeus têm sempre as expectativas muito altas, mas são bons para criar novas consciências. Em Portugal temos um voluntariado extraordinário, basta pensar nos senhores provedores, nos mesários. Motivamo-nos muito por causas, mas faltam-nos as pequenas ações. O voluntariado desse tipo exige uma pré-disposição física que muitos de nós não temos e que eu retrato com a raposa de Saint-Exupery. É aquela obrigação que temos para com os outros. Se não aparecermos estamos a ser muito penalizantes para com o outro que está à nossa espera. Em todo caso, continuo a olhar com bons olhos todas as iniciativas que projetem a ação voluntária e queria agradecer o esforço da Dra. Infância e da Dra. Claudia, que foram capazes de algumas iniciativas que agora nós precisamos de continuar a regar. Em Junho tivemos um congresso nacional encerrado pelo Presidente da República que entregou uma medalha de mérito à UMP. O que representa esta distinção para as Misericórdias? Acredito que as pessoas talvez não tenham tido a noção exata do que isto representa para as Misericórdias. Foi o reconhecimento da mais alta individualidade país, através da forma mais formal que são as condecorações de Estado. Penso que representa o reconhecimento a todos os trabalhadores, a todos os mesários, a todos os provedores que trabalham nas Misericórdias. Por falar em congresso, este ano Portugal será o país anfitrião do congresso internacional das Misericórdias. Qual será o tema mais marcante deste encontro? Acho que vamos ter dois grandes temas. Em primeiro lugar, a nossa

Graças à frontalidade de todos os envolvidos chegamos a um compromisso de cooperação e de colaboração. Todos agimos de boa-fé e o objetivo é continuarmos a proteger as instituições Condecoração do Presidente da República representa o reconhecimento a todos os trabalhadores, a todos os mesários, a todos os provedores que trabalham nas Misericórdias Com a rede de cantinas e de cozinhas que temos, não há razão para ninguém ter fome, a não ser quem não tenha cuidado consigo próprio

Manuel de Lemos

identidade no mundo e o movimento ecuménico que representam as Misericórdias. Nesse sentido, pedimos a uma grande personalidade, padre Vítor Melícias, que preparasse uma conferência sobre essa matéria. Ninguém no mundo é tão capaz de o fazer. Por outro lado, considerando que o maior número de Misericórdias do mundo está no Brasil e que o Brasil está a sofrer uma grande transformação do seu sistema de saúde através do reaproveitamento de hospitais de pequeno porte para criar o que poderá ser uma rede de cuidados continuados, vamos trocar impressões e conversar sobre saúde, porque se trata obviamente de uma obra de misericórdia a que se dedicam muitas Misericórdias do mundo e não só nas portuguesas. Em 2011 foi igualmente alcançado o consenso junto da CEP no que respeita ao estatuto jurídico das Misericórdias. O que nos pode dizer sobre este acordo? Foi um acordo necessário. Demos um passo importante e vamos agora dar outro que é fazer um modelo de estatuto. Graças à frontalidade de todos os envolvidos chegamos a um compromisso de cooperação e de colaboração. Todos agimos de boa-fé e o objetivo é continuarmos a proteger as instituições. Julgo que vamos ao longo de 2012 trabalhar com gosto e muito ativamente nessa matéria. Sobre isso, gostava ainda de dizer que D. Jorge Ortiga teve um papel fantástico, que ficamos muito felizes com a sua nomeação para a Pastoral Social. Também é muito importante destacar o papel de um homem que é muito discreto, mas que é um grande senhor, o padre Lino Maia, que demonstrou uma dimensão humana em todo este processo, tendo sido capaz de dizer a cada uma das partes o que estava bem e chamá-las à razão. Num futuro próximo as Misericórdias portuguesas devem prestar-lhe toda a homenagem e reconhecimento.


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Noite Solidária de Fados em Sintra Misericórdia de Sintra organizou a primeira Noite Solidária de Fados. O evento contou com a atuação voluntária de Nuno da Câmara Pereira e adesão da comunidade surpreendeu a instituição.

Temos de ser os paladinos da confiança A principal atividade da União vai ser continuar a ajudar as Misericórdias a aguentar os próximos tempos, mas aguentar positivamente Para si, quais serão as principais atividades da UMP nos próximos tempos? A principal atividade da União vai ser continuar a ajudar as Misericórdias a aguentar os próximos tempos, mas aguentar positivamente porque temos de ser os paladinos da confiança. Todos nós, dirigentes e colaboradores, temos de sentir que é bom servir esta ideia, que é uma ideia boa e uma ideia que tem de continuar. 2012 é o último ano do mandato. Que balanço faz? O balanço do meu ponto de vista é positivo, ainda agora quando nós ouvimos o primeiro-ministro e o ministro da Solidariedade e Segurança Social falarem sobre as Misericórdias. Não são meras palavras vãs. Nós temos a certeza das batalhas que enfrentamos, da nossa frontalidade, da nossa humildade ao sofrermos para dentro, não queremos protagonismos.

Manuel de Lemos está a terminar segundo mandato

Pretende recandidatar-se? Houve um grupo de pessoas boas que me convidaram no sentido de substituir o Dr. Melícias à frente da União. Quando fui eleito, disse que faria dois mandatos e extraordinariamente aceitaria um terceiro. Cabe a eles refletir sobre se vale a pena continuar a seguir esta linha ou não. A minha disponibilidade para não continuar é total.


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DESTAQUE ENTREVISTA

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Continuar a lutar pelo cumprimento dos acordos Manuel de Lemos

Presidente da União das Misericórdias Portuguesas 2011 teve altos e baixos na área da saúde. Do regresso ao SNS aos atrasos nos pagamentos, mas com a certeza de que é preciso não desistir Em 2011 os hospitais das Misericórdias voltaram a integrar o Serviço Nacional de Saúde. Como avalia esse retorno? Ainda estou numa fase de avaliação porque ainda não está constituída a comissão de acompanhamento que estava prevista. Recebi uma carta do Sr. Ministro pedindo que indicássemos nomes, o que fizemos na volta do correio, mas já se passaram quatro ou cinco meses. Ou seja, o governo nunca quis nomear a comissão que ele próprio aceitou criar e que seria muito importante porque uma comissão dessas nos permite um olhar diferenciado sobre o trabalho realizado. Não serei eu a dizer que as Misericórdias fazem um trabalho fantástico. Era importante que houvesse uma comissão independente, ou pelo menos semi-independente, para fazer essa avaliação. De qualquer forma, é preciso continuar a insistir para que ela funcione. Por outro lado, também sabemos que as populações responderam em massa à nossa adesão ao SNS, o que significa uma coisa que nós sabíamos, nomeadamente na área das consultas. Os sucessivos governos, para mostrar um bom trabalho na área cirúrgica, racionavam as consultas. Como de alguma maneira o nosso acordo libertou as consultas, houve pessoas que esperavam há já dois, três, quatro anos à espera e que acorreram às nossas unidades. Tem sido possível trabalhar com custos inferiores aos praticados pelo Estado? Até ao momento, os resultados financeiros de que dispomos não foram firmados, nem infirmados. Nunca ninguém nos disse que estávamos a faturar mal e os nossos dados apontam para resultados extraordinários

Manuel de Lemos é o terceiro presidente da UMP

no sentido de estarmos a trabalhar a um valor significativamente abaixo daquilo que o Estado gasta para fazer o mesmo ou paga às parcerias público-privadas. No momento em que se fala em tanto das dificuldades orçamentais na área da saúde, entendo algumas medidas – as taxas moderadoras, por exemplo – como uma espécie de choque anafilático, mas tenho pena que atualmente não haja uma visão de futuro sobre a qual pudéssemos ir conversando. As cirurgias de ambulatório aumentaram de cinco ou sete por cento para 70% em 10 anos. Ora, nós podemos ajudar porque somos instituições de proximidade, trabalhamos com segurança para as pessoas, somos instituições pequenas e flexíveis e daí a explicação dos valores mais baixos.

Ainda no que respeita à saúde, o ano tem foi marcado por algumas más notícias. Atrasos nos pagamentos dos serviços prestados pelas Santas Casas, a suspensão de investimentos na rede nacional de cuidados continuados… O que podemos esperar de 2012? Quando o ministro ou alguém do governo diz que o SNS tem uma capacidade instalada que não podemos desaproveitar, se calhar ela está mesmo inapelavelmente condenada a esse desaproveitamento. Vamos assistir a uma luta contra moinhos de vento, a tentar aproveitar uma capacidade instalada que de facto não é aproveitável e que só existe por causa dos desmandos e desvarios de quem

estava no poder. É importante percebermos que vamos por um caminho e na hora do balanço eu gostava de dizer que, em estreita articulação com o Dr. Manuel Teixeira [secretário de Estado da Saúde], foi possível estabelecer um modelo de pagamento que, embora apertado, se cumprido, será bom para as Misericórdias. Como tem sido a relação das Santas Casas com as Administrações Regionais de Saúde? Algumas Administrações Regionais de Saúde não estão a cumprir os acordos celebrados com o Ministério da Saúde. Tenho receio de que estejam a gastar o dinheiro noutras coisas e isso é completamente inaceitável. E mesmo quando há dinheiro, os prazos muitas

vezes não são cumpridos. Como se as Misericórdias pudessem pagar salários do mês no mês a seguir…Mas apesar de tudo, acredito que ainda estamos numa fase política, mas a avançar para uma fase muito operacional em que será necessário que este mesmo quadro operacional entre na ordem. A palavra de ordem para a ação social é aguentar, qual seria o equivalente para área da saúde? No que respeita à saúde, o importante em 2012 é não desistir e continuar a lutar pelo cumprimento dos acordos que foram assinados com a tutela e continuar a lutar por um diálogo aberto, o que não tem existido com o Ministério da Saúde e todos sabem que é verdade.


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em ação

Setor social é crucial para enfrentar a atual crise Para o primeiro-ministro, as instituições de solidariedade social são cruciais para enfrentar a crise no país. Pedro Passos Coelho falava durante a assinatura do protocolo de cooperação Cerimónia foi presidida por Pedro Passos Coelho

No que respeita aos valores relativos às diversas respostas sociais, a atualização ficou ligeiramente abaixo da inflação. Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), a aceitação deste valor é “testemunho da nossa disponibilidade em colaborar com o Estado e, sobretudo, com as pessoas, no quadro das dificuldades económicas em que vivemos. Em matéria das questões económicas, ambas as partes foram capazes de perceber que, custe o que custar e a quem custar, temos que apoiar os que mais precisam”. Manuel de Lemos destacou ainda que as Misericórdias sempre se colocaram do lado da solução e não do lado dos problemas. “Temos uma história de mais de cinco séculos de que nos

Estado vai disponibilizar 2500 milhões de euros para financiar milhares de pessoas que o setor social apoia diariamente

Bethania Pagin O primeiro-ministro disse que as instituições de solidariedade social têm um papel crucial para enfrentar a atual crise no país, desejando que as mesmas tenham estabilidade para desenvolver a sua atividade. “Em tempos de emergência social, é indispensável que o Estado desenvolva relações com as IPSS porque sozinho não tem condições humanas nem financeiras para chegar a quem mais precisa”, afirmou Pedro Passos Coelho durante a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre governo e instituições particulares de solidariedade social, a 17 de Janeiro no Palácio de São Bento em Lisboa.

Durante a cerimónia, o chefe do governo agradeceu ainda a “todos aqueles que saem da sua zona de conforto, da sua postura reivindicativa tradicional e que se disponibilizam a reconhecer quais são as limitações, não do governo, mas da sociedade, e a encontrar dentro dessas limitações e dessas restrições a abertura necessária”. O protocolo assinado vigorará nos anos de 2011 e 2012. Ao todo, o Estado vai disponibilizar 2500 milhões de euros para financiar milhares de pessoas que o setor social apoia diariamente. Para o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, a plurianualidade da parceria dá “mais estabilidade às instituições” que passam a saber “com o que podem contar”.

Rede solidária de cantinas

Dívida foi regularizada

Outra novidade deste protocolo de cooperação é a criação de uma rede solidária de cantinas e cozinhas. Segundo o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, a ideia é aproveitar a capacidade instalada do setor social para servir ou fornecer refeições para pessoas mais carenciadas. Os moldes de funcionamento ainda não estão completamente definidos, mas o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, afirmou, durante a assinatura do protocolo no Palácio de São Bento, que em breve terá início este novo programa de cantinas solidárias.

O governo liquidou uma dívida de 5,7 milhões de euros que tinha desde 2008 para com as instituições que tinham vagas reservadas no âmbito dos acordos de cooperação. Segundo o ministro da Solidariedade e Segurança Social, a dívida foi regularizada “dando nota da importância que para nós tem o rigor e o honrar de compromissos”. Ainda no âmbito do protocolo, serão transferidos para o setor social cerca de 40 equipamentos do Estado. Para Pedro Mota Soares, a transferência prende-se com a constatação de que o setor social tem demonstrado maior capacidade de resposta nesta área.

orgulhamos, um presente muito difícil, mas responsável, e a certeza de que somos instituições com muito futuro. Somos uma almofada social segura, em que as pessoas confiam e que merece a confiança dos políticos que lidam com a realidade e que conhecem o terreno.” Outra novidade deste protocolo é um maior leque de serviços prestados através do apoio domiciliário, como a teleassistência. “Perante a evidência do envelhecimento e da conveniência de manter, até onde for possível, os idosos nas suas residências em ambiente seguro e confortável, este protocolo abre as janelas do futuro ao apostar nas novas tecnologias e na inovação, como um instrumento e um princípio ao serviço da proteção social”, concluiu. Recorde-se que foi criado um grupo de trabalho para estudar a moderação das exigências que são feitas às instituições. O representante da UMP é o responsável do Secretariado Nacional pela ação social, Carlos Andrade.


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em ação

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Recordar o holocausto “Peço que todas as nações protejam os mais vulneráveis, independente de raça, cor, gênero ou religião”, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, 27 de janeiro.

VOLTAAPORTUGAL

Tomar arranca com residências assistidas A Santa Casa da Misericórdia de Tomar já lançou o concurso para construção de residências assistidas, compostas por 35 quartos, sendo 18 simples e 17 duplos. O investimento previsto é de quase 2 milhões e 300 mil euros verba que já inclui o equipamento e mobiliário. Conta-se com uma comparticipação de 80 por cento de verbas dos fundos europeus. Após a adjudicação, o prazo de construção é de um ano.

Coimbra celebrou 512 anos de existência Em dia aniversário, a Santa Casa da Misericórdia de Coimbra recebeu a visita do ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares Sónia Morgado

Provedor apela à mais participação O novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja, Sebastião Bexiga, convidou a população em geral, mas em especial os elementos da irmandade, a participar mais na obra contribuindo com gestos simples como a visita aos idosos acolhidos na instituição. O apelo foi feito no discurso da tomada de posse dos novos órgãos sociais da instituição, no passado dia 14 de Janeiro.

90 São João da Madeira Aniversário da Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira foi assinalado com uma homenagem aos mais antigos funcionários e utentes da instituição, assim como a vários beneméritos.

Santa Cruz das Flores é expressão da cooperação A Casa dos Cedros – Cooperativa de Economia Solidária, da Misericórdia de Santa Cruz das Flores, é “a expressão da cooperação, solidariedade e respeito pelas pessoas, tradições, cultura e especificidade territorial, que deve ser inerente a todos os processos de desenvolvimento local”, afirmou recentemente a Secretária Regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques.

Reforçado o apoio domiciliário no Corvo A Secretaria Regional do Trabalho e Solidariedade Social atribuiu à Misericórdia do Corvo um apoio superior a 11 mil euros, destinado à aquisição de um fogão e máquina de lavar industrial para a cozinha da residência de idosos e apoio ao domicílio. A iniciativa insere-se no âmbito de um acordo de cooperação assinado recentemente entre as duas entidades para aumentar a capacidade do apoio domiciliário.

O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, visitou a Santa Casa da Misericórdia de Coimbra no dia em que assinalou o seu 512.º aniversário. “Quando, passados cinco séculos, esta instituição continua a ser fiel aos propósitos sobre os quais se ergueu, com gentes tão fortes, estou certo que vai dobrar a idade”, realçou felicitando todos os membros desta casa. O representante do Estado aproveitou a oportunidade para enaltecer o trabalho desenvolvido pelas Misericórdias portuguesas e defendeu a necessidade de mudar o paradigma entre o governo e as instituições sociais. “Temos de criar uma relação de parceria, de confiança, em que o Estado e estes organismos de apoio social se podem ombrear numa resposta”, disse Pedro Mota Soares, perante uma sala cheia de membros, trabalhadores da Santa Casa de Coimbra e tantas outras individualidades. “Hoje numa altura em que muita gente em Portugal precisa de uma resposta social focada, é nossa obrigação pedir ajuda a quem nasceu para ajudar”, disse.

Coimbra também homenageou colaboradores

O provedor da Misericórdia de Coimbra, Armando Porto, reviu-se nestas palavras, defendendo que o novo paradigma é indispensável. “Tem de haver benefícios de parte a parte”, realçou. Nesse sentido, o primeiro passo já foi dado com a assinatura de um protocolo de cooperação plurianual. “Pela primeira vez as Misericórdias, em particular, sabem qual o apoio a que têm direito ao longo do tempo. E isso, para quem quer gerir bem uma casa, é essencial”, reconheceu o ministro da Solidariedade Social.

Preocupado com a saúde financeira dos organismos sociais, Pedro Mota Soares revelou o aumento em 1,3 por cento das verbas previstas para os acordos no terceiro setor e o pagamento dos 5,7 milhões de euros de dívidas que o governo tinha com as instituições sociais, desde 2008. Para além disso, outras medidas estão ser implementadas. Por um lado, a criação de uma linha de crédito no valor de 50 milhões de euros que garante às instituições que têm passivo a possibilidade de o renegociar. “Passivo que muitas vezes surgiu porque o Esta-

do as obrigou a fazer um conjunto de obras num cenário económico diferente do de hoje”. Por outro lado, a garantia de isenção em sede de IRS e devolução de 50 por cento do IVA gasto em obras (de raiz ou de recuperação). “Mesmo numa altura de dificuldades, o governo tem de incentivar, dar ferramentas para que os representantes do setor social possam continuar a fazer, e bem, o seu trabalho”. Durante a cerimónia, a Misericórdia de Coimbra homenageou os colaboradores com mais de 25 anos de casa.

Homenagem ao bispo de Lamego Na hora de partir o bispo de Lamego foi alvo de uma homenagem por parte das Santas Casas. A União das Misericórdias associou-se a este ato solene Iolanda Magalhães O bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho foi alvo de uma homenagem, a 13 janeiro, por parte das Misericórdias da diocese que presidiu na última década. O ato pretendeu agradecer o trabalho realizado entre a Igreja e as Misericórdias, num momento em

que D. Jacinto passa a condição de bispo emérito. Durante a homilia realizada na Sé Catedral de Lamego D. Jacinto Botelho sublinhou que o trabalho realizado pelas Misericórdias personifica a palavra do Evangelho, que “nos dias de hoje tem um papel preponderante no apoio cada vez mais preponderante na ajuda neste momento de grande tensão social, resolvendo problemas de ordem material e espiritual”. O ainda bispo de Lamego recordou que “há novas formas de pobreza” e frisou a necessidade de dar uso ao verdadeiro significado da palavra caridade. “A presença das Santas Casas é urgente e

o povo precisa da vossa proximidade”, finalizou. No seu discurso o administrador apostólico da diocese apelou para que o papel destas instituições de solidariedade “não tenha uma presença meramente filantrópica ou apenas condoer da realidade dos outros, mas regerem-se por um espírito de caridade e amor aos outros, como cabe aos cristãos”. Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), ressalvou “a simpatia a gentileza no trato” do bispo de Lamego, bem como a “excelente ligação com as Misericórdias” que espera ver ainda mais aprofundada no futuro. O repre-

sentante da UMP recordou o papel preponderante destas instituições no mitigar da crise social e económica que Portugal atravessa. O representante das Misericórdias recordou as últimas palavras de Maria José Nogueira, seis meses antes de falecer, que o “O senhor é meu pastor”, e aplicou-as ao “excelente trabalho” desenvolvido pelo responsável da diocese de Lamego. O evento terminou com um jantar realizado nas instalações da Misericórdia de Tarouca, onde D. Jacinto foi ainda agraciado com uma salva de prata e uma caneta, oferecida pelas Santas Casas da diocese.


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em ação

Receitas nas misericórdias

Deixar pistas para a sustentabilidade Seminário sobre o futuro das IPSS, promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Chaves, contou com a participação de 150 técnicos e dirigentes Patrícia Posse A sustentabilidade das Misericórdias tem de assentar na melhoria dos seus rácios de gestão e no aproveitamento de sinergias. “Devem trabalhar em conjunto para utilizar recursos comuns como sejam cozinhas ou lavandarias e aproveitar a sua capacidade de interagir com a comunidade e com as instituições públicas e privadas da comunidade”, preconizou o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos. Na sessão de encerramento do seminário «IPSS e agora? Que Futuro?», realizado a 20 de Janeiro em Chaves, o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, defendeu ainda que o setor social “não pode viver na base do amadorismo, assente em atos de gestão que não são rigorosos”. Naquele mesmo dia, Marco António Costa também esteve na Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar para inauguração de um lar de idosos (ver página 14). Também o responsável pela UMP alinhou pelo mesmo diapasão: “temos que ser extremamente rigorosos na nossa gestão. Costumo dizer aos

provedores que não devemos fazer misericórdia com a nossa gestão”. “É preciso fazer mais com menos e ajudar os que precisam, que são a nossa razão de ser”, acrescentou. Para Manuel de Lemos, outro dos pilares da sustentabilidade é a aposta na formação dos funcionários: “só com gente qualificada podemos ter um serviço de qualidade”. O seminário foi a primeira atividade da nova mesa administrativa da Santa Casa de Chaves com abrangência para os distritos de Bragança e de Vila Real. “Registámos com agrado a vinda de técnicos e dirigentes de instituições de solidariedade social de Castelo Branco e da Covilhã. É um sinal evi-

Fomentar a reflexão entre instituições O seminário procurou fomentar a reflexão sobre as problemáticas com que as instituições se debatem e deixar pistas para a sustentabilidade. Por exemplo, a plateia assistiu à estratégia implementada na Casa do Trabalho de Bragança para assegurar a sustentabilidade. “Percebemos a necessidade de ter valências de valor acrescentado que permitissem obter rendimentos. Por isso, dispomos de uma gráfica, um posto de abastecimento, lavagem auto e cozinha industrial que confeciona cerca de 1000 refeições. Isto permite mais receitas, redução de custos e melhor serviço”, explicou o presidente daquela instituição, António Batista.

Esses de Fronteira

dente de que os temas abordados são de grande interesse”, realçou o novo provedor, João Paulo Abreu. No total, foram contabilizadas 150 inscrições, um número que o deixou “extremamente satisfeito”. “Dado o contexto social que o país está a atravessar e estando no início de um novo ano, é com agrado que registo uma participação bastante maciça neste evento.” Antes da sessão de encerramento do seminário, o Secretário de Estado da Segurança Social reuniu com o provedor da Santa Casa de Chaves, o autarca do município, os representantes da Segurança Social e do sindicato dos trabalhadores para discutir “com clareza” a questão dos salários em atraso na Misericórdia de Chaves. Os funcionários têm quatro meses de salários e os subsídios de férias relativos a 2009 e 2010 por receber. “Temos obrigação de ajudar a Santa Casa de Chaves, mas a ajuda tem de ter um enquadramento”, frisou Marco António Costa, comprometendo-se ainda a ajudar a encontrar um plano de viabilização para a instituição. Apesar de a Misericórdia viver um momento “muito delicado”, o provedor assegurou que desde setembro, altura em que a nova mesa administrativa tomou posse, têm sido tomadas medidas para garantir o equilíbrio das finanças, através de um reajustamento financeiro, de uma readaptação do quadro de pessoal e da contratualização de uma série de serviços.

INGREDIENTES

MODO DE PREPARAção:

250 de açúcar Raspa de 1 limão 1 Chávena média de azeite ½ Farinha branca de neve –até embeber 1 Colher de canela em pó 3 Ovos

Batem-se os ovos com o açúcar, com a canela, o azeite, a raspa de limão e deitamos a farinha até embeber. Untar o tabuleiro de banha e polvilhar com farinha. Depois da massa estar pronta, estende-se e desenham-se os “esses” á sua maneira. O forno tem que estar temperado e deixa-se alourar.

Nota da Misericórdia Secretário de Estado marcou presença na sessão de encerramento

A Santa Casa da Misericórdia de Fronteira, no âmbito do plano de atividades de animação sociocultural, recolheu junto dos utentes várias receitas tradicionais. A D. Balbina deu a receita dos “esses”, que nós decidimos fazer em colaboração com as cozinheiras, e desta forma proporcionámos um lanche diferente a todos os utentes. Uma sugestão diferente que a todos deliciou.



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EM FOCO

Produção vinícola em 2011 chegou aos 16500 litros

Azeite e vinho geram receitas para o social A produção e comercialização de azeite e vinhos – brancos, tintos e espumantes - constituem a força motriz da sustentabilidade da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros

Patrícia Posse É graças à sabedoria ancestral de uma região que sempre trabalhou a terra para assegurar a sua subsistência que a Santa Casa de Macedo de Cavaleiros se revela um exemplo a seguir, principalmente, em tempos de crise. Dando prioridade à satisfação das necessidades internas, a comercialização do azeite e dos vinhos tem-se firmado como uma aposta ganha para o provedor Castanheira Pinto. “Não chega para ter a instituição sustentável sem os outros meios de que dispõe, mas de qualquer forma ajuda muito”, refere. A Santa Casa de Macedo de Cavaleiros procura, sobretudo, garantir a autossuficiência, daí que se cultivem também outros produtos hortícolas, como batatas, feijão, alface, tomate, meloas. “Qualquer ajuda para a sustentabilidade é muito importante, particularmente nos dias de hoje”, reforça o provedor. Há 37 anos atrás, quando Castanheira Pinto foi eleito como provedor, iniciou-se a plantação de vinhas para consumo doméstico, mas só em 2003 é

que se deu um passo maior. “A aposta tem resultado, apesar de o comércio estar um bocado fraco, temos tido a colocação dos nossos vinhos, não só em garrafas mas em bag-in-boxes.” Os números não deixam dúvidas: a produção vinícola em 2011 chegou aos 16500 litros, tendo sido colhidos 22480 quilos de uvas, enquanto que em 2010, se conseguiram 14200 litros. Cerca de 3000 litros do vinho produzido anualmente são logo destinados para o consumo da Santa Casa. Os 35800 quilos de azeitona de 2011 saldaram-se em 5900 litros de azeite, o que representou uma quebra em relação a 2010, ano em que os 53400 quilos de azeitona renderam 8300 litros. Tanto o azeite como o vinho podem ser comprados na instituição e em alguns estabelecimentos comerciais da cidade. “As receitas obtidas são investidas na vertente social”, frisa o provedor, revelando ainda que Misericórdia apoia cerca de 200 pessoas. Azeite virgem extra Desde os anos 80 que a Santa Casa de Macedo de Cavaleiros produz


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azeite, mas só na última década é que a comercialização se tornou efetiva. “Sempre que há excedentes, vendemos. No mínimo são consumidos dois mil litros por ano nos dois lares. Fazemos uma média de 280 refeições diárias em Macedo de Cavaleiros e 60 no lar do Lombo”, adianta Francisco Pinto, responsável pelo departamento agrícola. Das quase três mil oliveiras, distribuídas pelas aldeias do Lombo e dos Cortiços, extrai-se um azeite virgem extra. “Tem sempre pouca graduação. O ano passado tivemos azeite de 0,1. Este ano é de 0,3 e o mais alto foi de 0,6. É um azeite ótimo”, assegura. A qualidade justifica-se pelo “bom tratamento da oliveira” e pelo momento da produção: “toda a apanha que é feita durante a semana é transformada no fim de semana, porque quanto mais tempo estiver por fazer, maior é a graduação”, esclarece. O preço do litro fixa-se nos 3,5 euros e o escoamento faz-se nos mercados nacionais, nomeadamente com a venda a particulares e a Instituições Particulares de Solidariedade Social. Sobre as mesas do refeitório do lar do Lombo repousam galheteiros com o azeite da casa. Luzia de Jesus, 73 anos,

Vinho e azeite foram iniciativas do atual provedor

não dispensa um fio sobre as batatas. “Costumo pôr azeite, porque é bom e sabe bem”, assegura. No copo de Luciano Augusto, 86 anos, sobressai o néctar rubro. “Bebo um copinho de cada vez, mas o vinho sabe sempre bem”, brinca. Fileira vinícola medalhada As cepas ocupam cinco hectares nas quintas do Lombo e dos Cortiços,

mas a Santa Casa pretende aumentar a área de exploração para o dobro. “Há custos muito elevados que, neste momento, são incomportáveis. Vamos candidatar-nos a financiamento”, avança Francisco Pinto. Sob a marca da Santa Casa da Misericórdia são produzidos vinhos brancos, tintos e espumantes. O enólogo Fernando Guerra caracteriza os tintos como “vinhos fortes, estrutu-

rados e para durar”. “São volumosos de boca e com o decorrer dos anos é que eles vão ficando grandes vinhos”, sublinha. Os brancos são aromáticos e de consumo imediato, já os espumantes distinguem-se pela bolha fina, consistente e alguma personalidade de boca. A adega da Quinta do Lombo foi construída em 2003, tendo implicado um investimento da Santa Casa de

150 mil euros. É aí que se produzem “vinhos de topo”, já distinguidos em concursos internacionais. “Um tinto do primeiro ano que se produziu com a adega e um espumante de 2004 foram medalha de ouro. Depois, tivemos medalhas de prata noutros vinhos”, refere Francisco Pinto. Os preços oscilam entre os 4 e os 7,5 euros, sendo o custo da garrafa de espumante de 6 euros. “Estamos a fazer algum vinho de mesa e a colocá-lo em bag-in-boxes de 5 e 10 litros, porque houve bastante solicitação de alguma restauração. O preço é de 4 euros, mas deverá ser alterado para 5”, avança aquele responsável. Os vinhos são procurados por particulares, pelo pequeno comércio e pela restauração local. Para a Páscoa está a ser preparado um lote especial, que deverá ultrapassar as mil garrafas. “Será o nosso melhor espumante até à data, uma vez que a base se revelou muito boa. Será um reserva ou até um super reserva e penso que terá categoria para ser medalha de ouro”, prevê o enólogo. A máxima qualidade da produção vinícola obtém-se com tratamentos atempados para assegurar uma boa matéria-prima.


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terceira idade

Secretário de Estado inaugurou equipamento em Vila Pouca de Aguiar

Lar para 24 idosos em Vila Pouca de Aguiar Com capacidade para 24 idosos, o novo equipamento da Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar custou cerca de 1,5 milhões de euros e vai criar 17 postos de trabalho Patrícia Posse A Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar reforçou a assistência aos idosos daquele concelho com a construção de um segundo lar, 20 anos depois da inauguração do primeiro. Com capacidade para 24 utentes, a nova infraestrutura vai gerar 17 empregos. “É uma janela aberta de esperança para os mais idosos da região e para os mais novos, que veem a criação de emprego e a fixação neste território”, salientou o provedor Domingos Dias. O novo equipamento implicou um investimento de 1.5 milhões de euros, sendo o financiamento comunitário de aproximadamente 450 mil euros. A restante verba foi obtida com capitais da instituição e donativos da população. “Este lar de idosos está preparado para abrir dia 1 de fevereiro e temos

12 utentes inscritos, mas esgotaremos facilmente a lotação porque a lista de espera da Santa Casa é superior a 80 pessoas”, revelou o provedor. A 20 de janeiro, dia reservado para a inauguração, o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, testemunhou “o trabalho de uma comunidade que ergueu a obra” e apelou ao “humanismo dos funcionários” para que aquelas paredes se transformem em espaço de bem-estar e lazer. “Num concelho em que 31 por cento da população é idosa, fez todo o sentido fazermos um equipamento com esta dignidade”, reforçou o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, também presente na inauguração. Situado no lugar do Condado, o novo lar de idosos dará assistência à terceira e quarta idade e cada utente

pagará, em média, 217 euros. Como o gasto total com cada utente é de 1.100 euros, a Misericórdia tem de garantir cerca de 500 euros, mesmo depois de receber os apoios estatais. “Temos a preocupação de ser sustentáveis. Por isso, incorporamos no lar uma zona de fisioterapia e também um auditório que vão proporcionar algumas

Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar tem 57 utentes em lar de idosos, 142 em apoio domiciliário e 52 em centro de dia receitas para cobrir o défice da parte das comparticipações dos utentes que utilizarem esta casa”, explicou o provedor. No caso de o governo alterar as regras, Domingos Dias não descarta a possibilidade de aumentar o número

de camas: “apresentaremos uma candidatura porque o lar tem condições para ter mais do que os 24 utentes”. Com o objetivo de ampliar a capacidade de resposta dos lares de idosos, os quartos poderão passar de duplos para triplos. “O país tem capacidades instaladas que não estão suficientemente aproveitadas e que podem ser melhor rentabilizadas para que mais portugueses possam aceder a estas respostas sociais”, sustentou o secretário de Estado. Nesse sentido, o governo, em conjunto com os representantes do setor social, está a “simplificar as normas”. Recorde-se que, no que respeita às respostas sociais dedicadas à terceira idade, além de algumas novidades contempladas em sede de protocolo de cooperação entre Estado e setor social (tais como a recuperação dos centros de noite e um maior leque de

serviços prestados através do apoio domiciliário, como a teleassistência), foi criado um grupo de trabalho para avaliar as possíveis alterações a fazer no que respeita às exigências para lares de idosos. O representante da UMP é o responsável do Secretariado Nacional pela ação social, Carlos Andrade. Ainda sobre o protocolo, a UMP já agendou as sessões de esclarecimento em três cidades: Lisboa, Braga e Beja. O auditório de 150 lugares, a capela e o centro de reabilitação física para 14 utentes ocupam o piso térreo do edifício. Nos dois pisos superiores, ficam instalados os 14 quartos, o refeitório, a sala de convívio, o gabinete médico e os gabinetes administrativos. Atualmente, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar tem 57 utentes na resposta social de lar de idosos, 142 em apoio domiciliário e 52 em centro de dia.



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saúde

Escola de enfermagem integra rede Erasmus

Hospital de S. Marcos ainda sem definição A urgência em reocupar o Hospital de S. Marcos marcou as intervenções na tomada de posse dos novos órgãos sociais da Misericórdia de Braga A urgência em reocupar os edifícios do Hospital de S. Marcos marcou as intervenções na tomada de posse dos novos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Braga. Bernardo Reis, provedor reeleito, considerou esse “o maior desafio da instituição para o triénio 2012- -2014”. De acordo com o Correio do Minho, o provedor deu conta de contactos com grupos económicos, entidades oficiais e financeiras com vista a encontrar soluções para a reutilização dos cinco edifícios com uma área de 47 mil metros quadrados, propriedade da Misericórdia bracarense, vagos desde finais de Maio com a transferência do Hospital de Braga para novas instalações. Bernardo Reis voltou a queixar-se do não pagamento de rendas por

Santa Casa de Braga procura soluções para a reutilização dos cinco edifícios com uma área de 47 mil metros quadrados

Já há universidades europeias interessadas em parcerias com a ESESFM

Novidade foi recebida com entusiasmo por toda a equipa da escola que agora está a ultimar os preparativos do projeto Bethania Pagin A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias (ESESFM) vai integrar a Rede Europeia Erasmus a partir de Fevereiro deste ano. A novidade foi recebida com entusiasmo por toda a equipa da escola que agora está a ultimar os preparativos para arrancar com o projeto. Se tudo correr bem, já no próximo ano letivo a ESESFM vai poder receber alunos, professores e colaboradores em geral provenientes

de outros países. Por ora, algumas universidades europeias já oficializaram o interesse em estabelecer parcerias com a escola de enfermagem da União das Misericórdias Portuguesas. De acordo com Teresa Lourenço, responsável pelo projeto na ESESFM, neste momento a escola já pode começar a estabelecer acordos bilaterais com outras universidades. Apesar de já haver algum interesse por parte de algumas instituições de ensino superior, o que a equipa vai fazer é selecionar aquelas cujo perfil vá de encontro aos objetivos da escola. Por ora, a ESESFM apenas tem autorização para receber e enviar pessoas em regime de mobilidade, mas para breve será apresentada uma candidatura para que a escola possa também integrar a rede Erasmus para estágios. Em declarações ao VM, o diretor da escola, João Paulo Nunes, afirmou que para esta segunda fase gostaria de contar com a participação das Misericórdias. O objetivo, continuou, é, para além do aspeto mais prático da apren-

dizagem, divulgar a identidade dessas instituições. “Queremos construir uma rede de acolhimento de estudantes e outros profissionais de outros países europeus”, destacou o responsável, apelando à adesão das Santas Casas com atividades na área da saúde. O programa Erasmus permite mobilidade entre universidades europeias não apenas para alunos, mas também para professores, investigadores e colaboradores em geral. Para já, a Hogeschool-Universiteit, em Bruxelas, já contactou a ESESFM no sentido de enviar para cá cinco professores. Da Haute École de Santé Vaud já chegou um pedido de um aluno, mas há outras universidades interessadas em partilhar saberes com a Escola da UMP. Além da aprendizagem relacionada com a enfermagem, a escola de enfermagem da União vai também apresentar uma candidatura para cursos de língua estrangeira. Segundo contou-nos Teresa Lourenço, a iniciativa deverá abranger uma língua pouco

comum no que respeita à oferta de cursos. Por isso, espanhol, inglês e francês não são opções. O processo de integração da ESESFM na rede Erasmus está a ser acompanhado pela Agência Nacional PROALV - Programa Aprendizagem ao Longo da Vida. Ainda segundo Teresa Lourenço, as reuniões com aquela entidade tem sido muito proveitosas e úteis. Mas o melhor, realçou a chefe de serviços administrativos da Escola S. Francisco das Misericórdias, é “dizerem-nos que gostam de nos ouvir falar da escola e que somos diferentes no bom sentido porque preocupamo-nos, em primeiro lugar, com as pessoas. Acho que a nossa matriz cristã faz toda a diferença”. Recorde-se que o programa ERASMUS, que teve início no dia 1 de Janeiro de 2007, tem como objetivo apoiar a criação de um Espaço Europeu de Ensino Superior e reforçar o contributo do ensino superior e do ensino profissional avançado no processo de inovação a nível europeu.

parte do Estado, devidas até 31 de Dezembro de 2011, “aguardando-se ainda a entrega oficial à Misericórdia do complexo edificado”. “Com a transferência do Hospital, esta área nobre da cidade sofreu uma forte quebra comercial e de serviços, que é necessário recuperar para a comunidade e para a instituição”, alertou o provedor da Santa Casa, depois de o novo presidente da assembleia geral, João Lobo, ter defendido a afectação das antigas instalações hospitalares para as novas exigências que se colocam à Misericórdia. Manuel de Lemos, presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portugueses, afirmou a necessidade de devolver o Hospital de S. Marcos à cidade. “Temos a responsabilidade histórica de fazer com que isso aconteça”, disse. Manuel Lemos foi agraciado com o título de irmão honorário da Santa Casa da Misericórdia de Braga. Ver página 3


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educação

Leiria aposta na educação alimentar dos mais novos Com ementas variadas e equilibradas, a Misericórdia de Leiria procura educar o paladar dos mais novos, tentando também incutir-lhes o gosto pelo exercício físico Anabela Silva A educação alimentar é uma das preocupações da creche da Santa Casa da Misericórdia de Leiria. Com uma filosofia baseada em ementas “variadas e equilibradas”, a instituição procurar educar o paladar dos mais novos, tentando também incutir-lhes o gosto pelo exercício físico. Porque é durante a infância que se constroem os hábitos alimentares e porque “o paladar se educa”, a Santa Casa da Misericórdia de Leiria tem uma preocupação especial com a educação alimentar das crianças que frequentam a sua creche. Esse cuidado reflete-se nas ementas do dia-a-dia, onde o equilíbrio e a diversidade de ingredientes são palavras-chave, mas também nas festividades da instituição, onde os refrigerantes, os bolos com creme ou os fritos estão proibidos. Raquel Oliveira, diestista, explica que, no início do ano, é feita uma reunião com os pais, que serve para apresentar e debater a filosofia alimentar da creche. Os educandos são informados, por exemplo, que a instituição apenas serve iogurtes naturais e leite simples, que só há gelatina uma vez de seis em seis semanas e que os bolos de aniversário terão de ser de

pão-de-ló simples. Para a dietista, não se trata de impor uma ditadura contra o açúcar, mas sim de evitar ao máximo esse ingrediente, porque “em casa as crianças já têm os pais e os avós que facilitam e que os mimam com guloseimas, muitas vezes em excesso”. A interiorização de regras e de rotinas durante as refeições é outra da preocupação dos responsáveis que dirigem a creche da Misericórdia de Leiria, frequentada por 33 crianças, dos três meses aos três anos. Filipa Agostinho, educadora, frisa que a educação alimentar nos primeiros

A criança é um quadro em branco. O seu paladar não conhece nada. Por isso, temos de as habituar a comer de tudo desde a mais precoce idade anos de vida da criança tem um papel “fundamental” no seu desenvolvimento futuro. “A criança é um quadro em branco. O seu paladar não conhece nada. Por isso, temos de as habituar a comer de tudo desde a mais precoce idade”, acrescenta Raquel Oliveira. Apesar de “abrir espaço para que um ou outro menino não goste de determinado ingrediente”, a regra da instituição passa por “insistir” e não desistir na primeira vez que a criança

rejeita um alimento. “Se não come o almoço, este é-lhe servido ao lanche”, conta Filipa Agostinho, que garante que a estratégia resulta. De tal forma, que acontece com frequência os pais “espantarem-se” por o filho comer determinados alimentos que se recusa a ingerir em casa. “O importante é fazer perceber à criança que, mesmo que faça birra, não vamos desistir e que ela tem de comer. Mas, devido à vida complicada que têm, os pais acabam por facilitar e ceder”, reconhece a educadora. A equipa da creche da Santa Casa da Misericórdia de Leiria procura ainda incentivar os mais pequenos à prática frequente de exercício físico, com a realização de uma sessão semanal de ginástica. “Nestas idades, as crianças não param mas é importante que comecem, desde cedo, a ter o gosto pelo desporto”, sublinha Raquel Oliveira, que aponta a falta de exercício como dos principais fatores que contribui para os elevados índices de obesidade infantil, a par do consumo excessivo de “porcarias”, como batatas frisas, refrigerantes e fast food em geral. “Não há alimentos proibidos, mas há alternativas menos prejudiciais, como sumos naturais, batidos ou pizas caseiras”, nota a dietista daquela instituição.

Conciliar gastronomia com nutrição infantil Na Misericórdia de Beja, refeições servidas às crianças contam com colaboração de nutricionista para garantir combinações equilibradas a nível nutricional


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Quem Somos

Carlos Pinto O Inverno é sinónimo de geadas e matanças de porco um pouco por todo o Alentejo, onde à mesa são servidos pratos como cozidos de grão, ensopados de borrego ou as bem calóricas migas com entrecosto. Tradições próprias da ruralidade da região que vêm de tempos ancestrais a que, para já, as crianças que frequentam o Centro Infantil da Misericórdia de Beja se vão habituando aos poucos e de forma comedida, através de refeições bem menos “pesadas” e bastante mais saudáveis. “Conciliamos a tradição gastronómica alentejana com as necessidades nutricionais das crianças através da confeção dos alimentos” e “evitando os tão saborosos refogados”, revela Ana Rosa Soeiro, assessora da direção da Misericórdia. “Nesse sentido, os nossos principais cuidados estão relacionados com a redução de fritos e gorduras, com a variedade dos alimentos e com o cuidado de apresentar combinações equilibradas, todas as ementas tiveram a colaboração e participação de uma nutricionista”, acrescenta. Criado em 2004, o Centro Infantil fornece o almoço e o lanche às 105 crianças, todas oriundas do concelho de Beja e com idades entre os quatro meses e os seis anos, que o frequentam. Ao todo, são servidas em média 210 refeições diárias, o que faz com que a instituição tenha na nutrição e na obesidade infantil uma preocupação sempre presente, até porque estas questões “estão a tomar proporções que obrigam à intervenção da saúde pública”, vinca Ana Rosa Soeiro. Uma realidade que levou a instituição a implementar também um plano anual de atividades que contempla, por exemplo, ações que visam a sensibilização das crianças e pais. A estratégia parece estar a surtir efeito, até porque, segundo adianta Ana Rosa Soeiro, “ainda não existem” casos de crianças com sinais de obesidade ou carências nutricionais a frequentar o Centro Infantil da Misericórdia bejense. Ainda assim, e como o momento é de crise em todo o país, a direção da instituição está permanentemente atenta à situação económica e social das famílias, de modo a evitar que falte algo no estômago das “suas” crianças. “As dificuldades económicas das famílias são cada vez mais reais. Assim, logo que detetamos qualquer tipo de problema, as refeições fornecidas por nós são reforçadas, além de que, antes da saída da criança para a sua casa, é-lhes proporcionado um segundo lanche, também esse reforçado”, afiança aquela responsável, Ana Rosa Soeiro.

A UMP está a preparar a nova edição da brochura Quem Somos nas Misericórdias Por favor, envie-nos informação sobre as mudanças nos órgãos sociais.

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património

UMP no Conselho Nacional de Cultura União das Misericórdias integrará o Conselho Nacional de Cultura. Novidade surgiu durante audiência com o secretário de Estado da Cultura Bethania Pagin A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) integrará o Conselho Nacional de Cultura (CNC). A novidade surgiu no âmbito da primeira audiência do atual secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, aos dirigentes da UMP. Foi a 12 de Janeiro no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. Na reunião com o atual secretário de Estado da Cultura estiveram presentes o presidente da UMP, Manuel de Lemos, o responsável do Secretariado Nacional pelo Gabinete do Património Cultural, Bernardo Reis, assim como coordenador do respetivo gabinete, Mariano Cabaço. Além dos habituais cumprimentos, os representantes das Misericórdias apresentaram um breve panorama das atividades dessas instituições na área cultural. Contudo, não foi possível deixar de referir as dificuldades financeiras que impossibilitam, muitas vezes, uma aposta mais forte na salvaguarda do património. Por isso,

os representantes da UMP apelaram ao secretário de Estado no sentido de sensibilizar os gestores dos programas Regionais do QREN para a necessidade de abertura de candidaturas para inventário e restauros do património das Misericórdias. “Desejamos uma equidade de oportunidades em relação a outras entidades como por exemplo os Municípios”, destacaram aqueles responsáveis. Equivalente equidade está subjacente a proposta de integração da UMP no Conselho Nacional de Cultura (CNC). Enquanto entidade representativa das Santas Casas, elas sim detentoras de um património único

Enquanto entidade representativa das Santas Casas, a UMP considera-se legitimada a solicitar a sua integração no Conselho Nacional de Cultura e relevante, a UMP considera-se legitimada a solicitar a sua integração naquele órgão consultivo, tal como a Conferência Episcopal ou a Associação Nacional de Municípios, entre outros. Ao apelo, asseguraram os responsáveis presentes naquela audiência no Palácio Nacional da Ajuda, Francisco José Viegas parece não ter ficado indiferente, tendo mesmo manifestado a sua total disponibilidade para integrar

a UMP no CNC. O projeto “Viver Património”, que visa apoiar a abertura regular das igrejas e monumentos das Misericórdias com recurso a voluntariado sénior, e a Portugaliae Monumenta Misericordiarum, que já está na fase final, também foram temas de conversa durante a reunião. Recorde-se que o Gabinete do Património Cultural da UMP iniciou a sua atividade em 1997 tendo sido formalmente constituído em 2002 e tem desenvolvido a sua atividade no estudo, salvaguarda e promoção do património das Misericórdias portuguesas (imóvel, móvel, arquivístico e imaterial), assim como tem também promovido ações de sensibilização, formação e consultadoria junto dos dirigentes das Misericórdias. Ao longo dos anos, estabeleceu parcerias de colaboração com Ministério da Cultura, DGEMN, IHRU, Policia Judiciária, universidades, fundações e institutos. Até ao momento, a equipa do Gabinete do Património Cultural da UMP já inventariou o espólio móvel de 83 Misericórdias, o que perfaz mais de 28 mil peças e 18.716 fichas elaboradas, sendo que mais de 17 mil já estão online. No que respeita ao património imóvel, mais de mil edifícios das Misericórdias são já considerados de interesse histórico e arquitetónico.

ARTE NAS MISERICÓRDIAS

Mesa e bancos de mesários/ Retábulo SCMVV 0032 / SCMVV 0033 Século XVII/1775-1801 Vila Viçosa

Bandeira das Almas SCMSA 0105 Século XVIII Seia Bandeira das almas, composta por uma armação em madeira, suportada por uma vara que a torna volante, sustentando duas telas, uma de cada um dos lados. No topo, ao centro, apresenta uma cruz em madeira dourada, com a base recortada, formando volutas. A base é franjada. Nas telas, pintadas a óleo, de um lado está uma representação do Arcanjo S. Miguel. O Santo é representado sobre um fundo de nuvens, ladeado por dois anjos, de asas abertas, com a balança das almas na mão direita e com a vara crucífera na esquerda. A seus pés, e em redor, encontram-se os irmãos da Misericórdia trajando opas e segurando círios, rogando pela sua intercessão. No reverso está uma representação do suplício das Almas, as quais se encontram representadas entre chamas, umas em sofrimento, outras suplicando pelo perdão divino, enquanto dois anjos as procuram salvar.

Conjunto harmonioso de quatro bancos, de três lugares cada e estrutura em arco, dispostos à volta de mesa redonda. Espaldares e assentos revestidos a couro lavrado, fixo por tachas, com painéis de elementos fitomórficos curvilíneos. Mesa de tampo circular com aro retilíneo e elemento paralelepipédico nos ângulos, seguido de secção de faces curvas, que se desenvolve em perna ligeiramente afunilada, rematando em pé cúbico. O retábulo ocupa a parede fundeira da Sala do Consistório e é decorado com talha dourada e policroma. Apresenta planta reta e cinco eixos, delimitados por quatro colunas assentes em plintos, com fuste de terço inferior adornado por folhas de acanto douradas e por duas pilastras com fuste em elementos fitomórficos, tendo capitéis coríntios encimados por fogaréus. O eixo central é mais largo e integra nicho curvo, de fundo azul e resplendor em talha dourada, núcleo oval liso com espirais laterais, rodeado por raios. Inferiormente tem decoração dourada de concheados e folhagem. Eixo rematado por ático de espaldar recortado e curvilíneo, que avança e forma falso baldaquino com lambrequim, encimado por querubim e dois anjos de asas douradas, rematando em cornija com folhas de acanto douradas. Lateralmente, dois nichos estreitos, de cúpula em quarto de esfera azul, ornados por folhas de acanto douradas e mísulas em verde e rosa, de traça reta e curvilínea. Sotobanco contracurvado, em marmoreado verde e rosa, separado por pilastras e decorado por almofadas recortadas e molduradas. Ao centro destaca-se reserva ocre com cruz castanha, raiada a dourado.

UMP já inventariou o espólio móvel de 83 Misericórdias

Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/


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estante

Conhecimento para melhor cooperação

Nova edição do INA visa conceber caminhos de modo que os profissionais da cooperação internacional possam atuar de uma forma mais eficaz Editado pelo Instituto Nacional de Administração (INA), o Manual de Cooperação para o Desenvolvimento é um livro em torno do cuidado em difundir conhecimento, procurando tocar em assuntos ligados aos propósitos contidos nos Objetivos do Milénio – um farol de orientação para um mundo mais justo. A partir da sua experiência na criação de conhecimento é possível ao INA fertilizar com vários temas a qualificação profissional para, no conjunto da cooperação bilateral ou multilateral, diagnosticar, problematizar soluções, engenhar estratégias, enquadrar ações,

Manual de Cooperação para o Desenvolvimento Vários autores Instituto Nacional de Administração, Novembro 2011

orçamentar e conceber caminhos de modo que os profissionais da cooperação internacional possam atuar de uma forma mais eficaz na ajuda da melhoria das condições de vida das populações carenciadas, evitando assim o desperdício de tempo e recursos. Este manual, não sendo exaustivo, deixa ao INA a convicção que os leitores se sentirão suficientemente sustentados pelo conforto de uma visão holista, de uma conceptualização atualizada e de uma tecnologia de operacionalização realista na área, cada vez mais importante, da Cooperação para o Desenvolvimento. A partir da noção de desenvolvimento humano sustentável, dão-se a conhecer os conceitos, dimensões, fatores e critérios relevantes para uma boa governabilidade, onde se identificam os valores, as instituições, as organizações, as funções e os critérios relevantes.

Lista de livros

O milagre de João Paulo II Saverio Gaeta Esfera dos Livros, Outubro 2011

Estatutos e compromissos Vários autores Misericórdia de Foz Côa, Julho 2011

Com a chancela da “Esfera dos Livros”, foi editada a obra “O milagre de João Paulo II – Os testemunhos e as provas da santidade de Karol Wojtyla” da autoria Saverio Gaeta. A obra contém também uma entrevista com o cardeal português, José Saraiva Martins. Neste livro, o jornalista italiano, atualmente é chefe de redação da “Famiglia Cristiana”, narra o milagre que permitiu concluir o processo de beatificação mais rápido na história milenar da Igreja, apenas seis anos e 29 dias. Além da descrição da extraordinária cura da religiosa francesa atingida pela doença de Parkinson – cientificamente inexplicável segundo os médicos -, Saverio Gaeta reúne numerosos testemunhos acerca de outras graças, tanto físicas com espirituais, atribuídas pelos seus devotos à intercessão do Papa Wojtyla. Milhares de cartas chegadas à Postulação Romana descrevem histórias de tumores definitivamente desaparecidos, corações e fígados que ficaram repentinamente saudáveis, bebés nascidos sem as malformações prognosticadas nas ecografias e ainda extraordinárias conversões de condenados e prostitutas.

Esta edição surge no âmbito das comemorações dos 25 anos do início de atividade das respostas sociais dedicadas à terceira idade – apoio domiciliário, lar e centro de dia – na Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa. Na dedicatória que dá início á edição, o provedor António Gouveia aproveita “para fazer um reconhecimento a todos quantos, de uma forma direta ou indireta, particularmente funcionários que trabalharam ou continuam a trabalhar nesta instituição. A todos os irmãos que fizeram ou continuam a fazer parte dos órgãos sociais dando o melhor a título voluntário para que hoje a Santa Casa tenha o prestígio e a dignidade que é reconhecido no âmbito concelhio e perante as instituições locais, regionais e nacionais que muito contribuíram para este efeito”. O objetivo deste livro é, segundo o provedor, “dar conhecimento á Irmandade do crescimento de infraestruturas, equipamentos e respostas sociais que não deixaram de crescer”.


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voz ativa Editorial

VM

Opinião

Voz das Misericórdias

Todos nós temos uma razão para viver e tem sido o aperfeiçoamento dessa razão, que no último século permitiu um aumento substancial da esperança média de vida. Foram fatores determinantes para este aumento do número de anos de vida, o desenvolvimento da medicina e a mobilização de uma política de saúde mais abrangente, com a promoção de hábitos saudáveis de alimentação, higiene e de segurança. Mas ter uma vida mais longa não significa que tenhamos um envelhecimento saudável ou um “envelhecimento ativo”, terminologia, hoje utilizada pela OMS, para definir os fatores que afetam a forma deste conceito de envelhecimento. E se assim não fosse, não seriam necessárias camas de cuidados continuados nem outros cuidados médicos paliativos. Curioso é verificar que algumas organizações, quando se referem ao aumento da expectativa média de vida, tomam como referência os sessenta ou, mais recentemente os sessenta e cinco anos, idade a partir da qual já estamos em envelhecimento. Será que temos uma idade decretada a partir da qual somos “velhos”? Pessoalmente, partilho mais do sentimento de considerar que é uma oportunidade de fazermos aquilo, para o qual ainda não tínhamos tido tempo, e permito-me aqui citar um homem de misericórdia e das Misericórdias, Dr. Padre Vítor Melícias, quando numa entrevista,

Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo

Paulo Moreira

paulo.moreira@ump.pt

Aguentar e superar desafios Hoje as IPSS e as Misericórdias assumem-se cada vez mais como parceiras, sabendo bem que, na maioria dos casos, se debatem com os mesmos problemas e dificuldades

C

om a assinatura a 17 de janeiro do protocolo de cooperação entre o Ministério da Solidariedade e Segurança Social e as instituições do setor social, foi dado um passo importante para que estas possam aguentar e superar os desafios cada vez maiores com que certamente terão de se confrontar no corrente ano. É de assinalar o bom relacionamento pessoa e institucional entre os dirigentes da UMP e da CNIS, que de forma empenhada e franca, trabalharam na preparação deste acordo. Hoje as IPSS e as Misericórdias assumem-se cada vez mais como parceiras, sabendo bem que, na maioria dos casos, se debatem com os mesmos problemas e dificuldades. Sabemos bem pela experiência de outros povos, que países com pouco Estado social, ou ausência dele, criam a oportunidade de grupos ou organizações fundamentalistas, extremistas ou mesmo criminosas, ocuparem esse espaço, o que as leva a ter aceitação e crédito junto das populações, sobretudo as mais desfavorecidas. Por isso, é importante que para além da obsessão pelo crescimento (seja lá o que for este conceito), o que é típico de uma sociedade mais focada no ter e no quantitativo do que no ser e no que qualitativo, os responsáveis políticos deem uma particular atenção ao trabalho desenvolvido pelas instituições do setor social. Devem, por isso, fazer um esforço sério para lhes criarem as condições básicas que lhes possibilitem continuar a sua missão, que em muito contribui, como é evidente, para atenuar situações de grande carência e precariedade social, que são umas das causas primeiras das tensões sociais e da crispação que vemos um pouco por todo o lado desenvolver-se e crescer, como uma Hidra que se vai apoderando do corpo social.

Propriedade: União das Misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Tels: 218 110 540 218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: jornal@ump.pt Tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Misericórdias Normal - €20 Benemérita – €30 Outros: Normal - €10 Benemérita – €20 Fundador: Dr. Manuel Ferreira da Silva Director: Paulo Moreira Editor: Bethania Pagin Design e Composição: Mário Henriques Publicidade: Paulo Lemos Colaboradores: Anabela Silva Carlos Pinto Iolanda Magalhães Patrícia Posse Sónia Morgado Susana Ramos Martins Assinantes: Sofia Oliveira Impressão: Diário do Minho – Rua de Santa Margarida, 4 A 4710-306 Braga Tel.: 253 609 460

União das Misericórdias Portuguesas

Hélder Silva

Provedor da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha

Temos idade a partir da qual somos “velhos”?

Sendo o envelhecimento, um percurso da vida determinado por diversos fatores, é pouco importante se o envelhecimento começa aos sessenta e cinco anos ou no dia em que cada homem ou mulher nasce

ESTATUTO EDITORIAL

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O jornal Voz das Misericórdias é um instrumento de comunicação da União das Misericórdias Portuguesas e das suas associadas, as Misericórdias de Portugal e do Mundo, em prol da civilização do amor e da interação entre os que podem dar e os que precisam de receber.

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Neste contexto, o Voz das Misericórdias assume-se como um meio de comunicação social de informação atento, de um modo especial, à divulgação do movimento das Misericórdias Portuguesas e à articulação das Misericórdias entre si e com a sua União no pressuposto da importância nacional do setor social e do seu reconhecimento constitucional.

e a propósito da sua idade, referiu: “Devo ser velho, mas não tenho tempo para pensar nisso”. Sendo o envelhecimento, um percurso da vida determinado por diversos fatores, é pouco importante se o envelhecimento começa aos sessenta e cinco anos ou no dia em que cada homem ou mulher nasce, outrossim é que um envelhecimento ativo, depende em muito do que cada indivíduo faz, e da forma como enfrenta as experiências e as responsabilidades durante toda a sua vida. Então, como podemos envelhecer ativos? O envelhecimento é hoje um dos nossos maiores desafios, e é neste âmbito, que o Parlamento Europeu aprovou 2012 como Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, sensibilizando desta forma a sociedade a refletir e a criar políticas públicas, que promovam modos saudáveis de viver, cuidados de saúde, oportunidades de trabalho, educação e integração social durante todas as etapas da vida. E é baseado nestes e outros direitos humanos, que as Misericórdias, a UMP e o Estado, deverão continuar em parceria, a encontrar formas de fazer a abordagem do envelhecimento ativo, mobilizando a comunidade em ações e atividades que favoreçam qualidade de vida ativa. É esta e razão!

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Para esse efeito o Voz das Misericórdias propõe-se dar a conhecer os projetos de ação da União e das Santas Casas da Misericórdia Portuguesas, no estrito respeito, não só pelos seus mais legítimos direitos históricos e os seus humanitários ideais consagrados há mais de 500 anos, mas também pela ambição de cumprir as “obras de misericórdia” em modernidade e qualidade com o objetivo da promoção do desenvolvimento económico e social das comunidades que as criaram, assim lhes conferindo a sua específica natureza


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reflexão

Mariano Cabaço

Diretor do Gabinete do Património Cultural da UMP

Tradições, memória e identidade

Ao manterem rituais de posse, com o cerimonial de compromisso público, assumido durante uma celebração litúrgica, as Misericórdias afirmam o seu passado e projetam a sua determinação na missão que lhes está confiada

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Encruzilhada de Pessoas e Instituições empenhadas, no estudo, na reflexão, na análise, no debate e na ação sobre os desafios sociais e as suas possíveis respostas, o seu objetivo é também ser uma voz moderna e qualificada junto dos diversos atores e poderes para promover o desenvolvimento sustentado da cidadania e da qualidade de vida do tecido social, em especial do mais carenciado.

No universo das Misericórdias portuguesas todos os anos há eleições para novos dirigentes, dando lugar a inúmeras cerimónias de tomada de posse. Assim se cumprem os preceitos seculares de uma tradição muito própria das Misericórdias, vivenciada em sessões solenes de profundo significado e com gestos de grande simbologia. Esta tradição permite recuperar a memória das instituições, acentuando o seu peso na sociedade portuguesa, pois como diz um texto judaico “a tradição protege a lei” e deste modo as Misericórdias vão reforçando a sua presença e a sua identidade, junto das comunidades. Ao manterem, entre outros, estes rituais de posse, com o cerimonial de compromisso público, assumido no interior da Igreja e durante uma celebração litúrgica, as Misericórdias afirmam o seu passado e projetam a sua determinação na missão que lhes está confiada. Os homens bons das terras, ao assumirem os destinos das Santas Casas, afirmam o dever de respeitar os princípios e as bases cristãs da Misericórdia. Ao serem investidos numa instituição cujo nome é composto por Miser (sofrimento) Cordia (coração) os dirigentes dispõem-se a promover as obras de caridade do Evangelho. Não é alheio a este ritual, o fato dos Estatutos das Misericórdias serem também denominados de Compromissos, pois o ideário programático destas instituições é acima de tudo um compromisso de fazer o bem.

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Considerando a atividade constante das Santas Casas da Misericórdia nos países onde se faz sentir a presença de comunidades de portugueses na diáspora, e em toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, o Voz das Misericórdias será o meio de comunicação preferencial entre os que falam a mesma língua e defendem os mesmos valores

Neste contexto também importa destacar as insígnias que ostentam nestas cerimónias. As capas com capuz ou gibão são representações atuais do vestuário típico dos Mamposteiros, que andavam na rua de rosto tapado, para receber e distribuir esmolas, não revelando a identidade para evitar relações de dependência entre quem recebe e quem dá. Igualmente as Varas da Irmandade que ajudavam a identificar os Irmãos da Misericórdia,

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O Voz das Misericórdias divulgará todas as iniciativas promovidas pelas instâncias internacionais referentes à União e às Santas Casas, nomeadamente a Confederação Internacional das Misericórdias e a União Europeia das Misericórdias.

são hoje insígnias utilizadas em atos oficiais e litúrgicos. Também a simbologia dos espaços que ocupam, como o Cadeiral ou Tribuna dos Mesários, são elementos de tradição que muito fortalecem a identidade das Misericórdias. As peças de arte e de iconografia, como por exemplo as Bandeiras da Misericórdia, onde Nossa Senhora protege com seu manto, o poder temporal (Reis, Rainhas), o poder espiritual (Papas,

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O Voz das Misericórdias compromete-se a assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e a ética profissional dos jornalistas, assim como o respeito a boa-fé dos leitores e, como é sua tradição, está aberto a todos que nele queiram colaborar, desde que respeitem o presente estatuto editorial, em ordem a salvaguardar o interesse público e a ordem democrática.

Clérigos, Ordens Religiosas), mendigos e desprotegidos, são símbolos de identidade que distinguem estas instituições de qualquer outra. Tanto pela tipologia das obras de arte que possuem, como pela sua utilização ritual, as Misericórdias são detentoras de um património cultural, material e imaterial que importa salvaguardar numa tradição que vai mantendo viva a memória. Dizia Einstein que “Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos”. É pois através desta herança material e moral que as Misericórdias assumem a sua presença na comunidade com orgulho pela sua identidade própria. Neste quadro importa destacar as figuras do Provedor, aquele que provê e providencia o que falta aos outros e dos Irmãos Mesários, os que à volta de uma mesa e perante o oratório com a imagem de Cristo, decidem os destinos da Misericórdia e a sua ação solidária. Estas denominações dos dirigentes são também elementos únicos na nossa realidade social e institucional. Em tempo em que os valores e elementos caracterizadores de uma sociedade se vão perdendo, importa ter testemunhos de afirmação de uma identidade e de uma história de valores como são os das Misericórdias. Com as palavras de Agostinho da Silva que afirmava que “o que é verdadeiramente tradicional é a invenção do futuro” formulamos votos para que as tradições das Misericórdias as projetem no futuro que se constrói todos os dias.


Idosos Lar para 24 em Vila Pouca de Aguiar Terceira idade

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Para o presidente da UMP, cuidados continuados podem evitar mortes de idosos sozinhos em casa. Em 2012, já foram 17 em Lisboa Bethania Pagin Desde o início do ano, já foram encontrados mortos em casa 17 idosos. Este número, que já inclui o caso das duas mulheres descobertas, no dia 25 de Janeiro, mortas no apartamento onde viviam, na freguesia das Mercês, em Lisboa. Ao que tudo indica, as duas irmãs de 80 e 74 anos, estavam mortas há mais de um mês. Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, a situação é muito grave, sobretudo quando há novas unidades de cuidados continuados prontas, mas fechadas. Segundo Manuel de Lemos, a situação é “inaceitável”, nomeadamente na Grande Lisboa, “porque neste mo-

Em Lisboa, há três unidades prontas, mas a Administração Regional de Saúde ainda não tomou a decisão de as abrir mento há três unidades absolutamente prontas, aliás já tem pessoal contratado e a Administração Regional de Saúde ainda não tomou a decisão de as abrir”. Há dois anos foram 60 casos, no ano passado 71 e este ano já foram 17, segundo os dados avançados pela Câmara de Lisboa e a agência Lusa. “Esta situação extremamente grave. Eu tinha dito que casos destes iam acontecer e foi o que aconteceu. É uma situação altamente preocupante, porque estamos a falar da vida humana”, sublinhou Manuel de Lemos.

Estante

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Efeméride Coimbra celebrou 512 anos de existência Em Ação

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ÚLTIMAHORA

Manuel de Lemos apela à abertura de unidades

Livro Edição do INA visa promover cooperação

Entrevista

Lino Maia Presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade

‘Ainda falta alguma estratégia coletiva’ Ao fim de mais de cinco anos à frente da CNIS, o que considera ter sido o momento mais decisivo para o setor social durante este período? O setor social já não é visto como o setor dos “desempregados” que se entretêm com umas “atividadezitas” em prol de uns quantos desprotegidos. É reconhecidamente um setor dinâmico, com vitalidade, dimensão, pensamento e estratégia. Perfeitamente definido em relação às cooperativas e outras famílias da economia social, o setor social solidário, com as suas Misericórdias, Mutualidades e demais IPSS profundamente presentes em todo o território nacional, numa palpável capilaridade, proximidade e diversificada atividade, tem uma grande dimensão. Pela sua dimensão que se alarga em intervenções na educação, na saúde, na ação social, no desenvolvimento local, pela sua articulação com as áreas do saber, pelo emprego que atrai e pelo contributo que dá para uma atividade económica progressiva já muitos o veem como um setor que deve ser estudado e que pode ser luminar de um percurso e de um advento de uma nova visão e realidade económica. Na mesma medida, o que considera serem os principais obstáculos e falhas do setor social? Apesar de todo um esforço que está a ser desenvolvido, ainda falta alguma estratégia coletiva, comum, de abrangências. Alguma desconfiança com que é olhado e o desenquadramento legal ainda coartam o seu desenvolvimento. Também carece de novas vias e de novas visões para a sua sustentabilidade e progressiva expansão.

Lino Maia

Acredita que os portugueses conhecem o real valor do setor social? Por quê? Nos últimos anos muitos olhares se voltaram para este setor. Mesmo antes de a crise tomar a dimensão que tomou, já começavam as universidades, os homens do estudo e do saber, os políticos, os sociólogos e os economistas a reconhecer que era um setor que deveria merecer uma mais cuidada atenção. Também a comunidade em geral foi progressivamente voltando o seu olhar para este setor: é que, direta ou indiretamente, não há muitas famílias nem muitas localidades que não beneficiem da sua atividade, quer porque há dinamismo e emprego, quer porque há ação em prol das populações em geral e em particular das mais carenciadas. Depois, é um setor em que nas dificuldades se geram oportunidades, fazendo com que seja olhado como a maior esperança para minorar dificuldades criando um devir melhor para muitos. Porém, ainda é necessário dar a conhecer mais

e melhor este setor, é preciso estudá-lo e é preciso que ao conhecimento seja associado o reconhecimento. Não é um setor de ingenuidade, mas de conhecimento e estratégia. O que podem esperar estas instituições no futuro? A aposta na qualidade que está a ser adotada é um caminho a percorrer. O envolvimento das comunidades é um esforço que deve ser desenvolvido. Uma nova visão do Estado é necessária para o setor e para a sociedade. O simultâneo respeito pela subsidiariedade e pelo apoio do Estado, nomeadamente com um enquadramento legal mais consentâneo com a realidade e com o percurso que permita novos caminhos para o alargamento das respostas e para a sustentabilidade. Como avalia a articulação que tem havido entre a CNIS e a UMP?

Não o disse anteriormente, mas a articulação entre a UMP e a CNIS, a meu ver, tem sido o mais decisivo contributo para o aprofundamento da visibilidade e do reconhecimento do setor. Com histórias e agentes diferentes mas afins, a UMP e a CNIS, ultimamente, têm dado à comunidade nacional um testemunho de comunhão, de vontade de serviço, de convergência e de liderança. Muitos têm sido os sinais disso mesmo, mas não posso deixar de destacar o quão importante e significativo foi o dar as mãos. Constituindo-se numa espécie de plataforma nomeadamente no diálogo com o episcopado português. Posso dizer que neste “dar as mãos” encontrei dos momentos mais gratificantes da minha vida como padre e como pessoa empenhada no setor (ao Senhor Dr. Manuel de Lemos também os devo). A Igreja portuguesa e o País muito ficam a dever a este dar-se as mãos numa caminhada conjunta, sem atropelos e sem ânsias de protagonismos.


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