Voz das Misericórdias

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Testemunhos Cuidados continuados na Marinha Grande Saúde

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Idosos Teleassistência para mil pessoas Terceira idade

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Soure Mota Soares inaugura novos equipamentos Em Ação

VOZDAS MISERICÓRDIAS

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União das Misericórdias Portuguesas

director: Paulo Moreira | ano: XXVIII | fevereiro 2012 | publicação mensal

Santas Casas são o ADN do Estado Social em Portugal “As Misericórdias são o ADN do Estado Social em Portugal”. A declaração foi feita pelo ministro da Segurança Social no fim da apresentação dos resultados do projeto “Misericórdias: gestão sustentável”, a 29 de fevereiro. Em Ação, 5 e 6 Destaque

Sessões sobre novo protocolo Ação social Novo protocolo com o governo foi apresentado a cerca de 800 pessoas, entre técnicos e provedores, pela UMP 4 e 5

Vila Verde Padaria apoia sustentabilidade Em Foco, 12 e 13

RUTIS

Parceria com UMP faz sentido Em entrevista ao VM, o presidente da Rede de Universidades Seniores falou sobre a nova parceria estabelecida com a UMP. Entrevista, 24

Edição

25 anos, 25 contos e 25 fotos Os Leigos para o Desenvolvimento apresentaram a edição “Estamos juntos: 25 anos, 25 contos” que assinala o seu 25.º aniversário. Estante, 21


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panorama A FOTOGRAFIA espaço sénior

Coragem e determinação É preciso que cada um, cada família se organize para enfrentar a terrível ameaça. Porém, não podemos perder a esperança. Essa não se pode extinguir nunca. E também a fé! Quem a sentir pode rezar

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stá passado o primeiro mês de um ano que, como é largamente falado, será muito difícil social e economicamente. Um grande número de pessoas não se apercebeu ainda de como terão de mudar os hábitos da população. Começa agora a sentir-se o efeito de uma grave crise nacional e internacional que atingirá duramente os portugueses. Que podemos fazer? O que temos de ter? Principalmente coragem e determinação. É preciso que cada um, cada família se organize para enfrentar a terrível ameaça. Porém, não podemos perder a esperança. Essa não se pode extinguir nunca. E também a fé! Quem a sentir pode rezar. Quem a não tem, infelizmente, só poderá contar consigo próprio e alguém que lhe seja chegado, como familiares, empregadores, instituições etc.. Naturalmente, na Academia, também se reflete a preocupação destes tempos. Os associados conversam sobre a sua preocupação, mas depressa se abstraem desse sentir quando entram nas aulas e se dedicam a ouvir os seus professores, a fazer os seus trabalhos, ou a cantar, fazer ginástica, dizer poesia e, sobretudo, a conviver num ambiente de companheirismo descontraído. E aí está, como a Academia, com a saudável e útil vivência que nos proporciona, nos pode oferecer momentos, horas, dias de ocupação que nos ajudam a criar forças para enfrentar os problemas da vida. No passado mês de Janeiro, início de um novo ano civil, o funcionamento das aulas e outras atividades correu com calma e normalidade. O Grupo Coral, ainda dentro do tempo natalício, atuou na Igreja de S. Sebastião da Pedreira, no Lar da UMP e no Centro de Dia da Paróquia de S. João Evangelista. Também o Grupo Cantares, sempre com o mesmo espírito de solidariedade, atuou nestas duas últimas instituições. Vamos continuar. Neste mês de Fevereiro, a vida na Academia será, como sempre, regida pela sua vocação de transmitir cultura e oferecer convívio, lazer e cooperação.

Isabel Rodeia

Academia de Cultura e Cooperação da UMP academiadecultura@ump.pt

A subir

Consurso para alterar visão Hungria escolheu recentemente a mais bonita mulher em cadeira de rodas do país num concurso de misses muito especial. O evento visava alterar a visão que existe acerca destas mulheres.

Vimieiro Um convívio tradicionalmente alentejano A Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro voltou a promover a tradicional matança do porco no dia 28 de janeiro. O convívio, que habitualmente costuma reunir utentes, funcionários, provedores, dirigentes da União das Misericórdias Portuguesas e responsáveis por entidades locais variadas como a Câmara Municipal e o Centro Distrital da Segurança Social, contou este ano com a presença do secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Marco António Costa. Recorde-se que o porco preto, naquela Santa Casa alentejana, representa uma importante fonte de mais-valias. A comercialização de enchidos começou há cerca de dois anos.

A Descer

Idosos vítimas de violência Quase um quarto dos idosos do Alentejo referiu ter sido vítima de violência doméstica, ao nível psicológico, revelou recentemente um estudo da Universidade de Évora.

A Frase

Paul Krugman Nobel da Economia

“Os problemas foram-se tornando muito piores pela forma como os líderes europeus, e mais genericamente pela elite que define as políticas, substituíram a análise pela moral e as lições de história por fantasias”

O Número

112

eleições Até ao momento, a União das Misericórdias Portuguesas tem conhecimento de que se registaram 112 eleições de corpos sociais nas Santas Casas para o mandato 2012-2014. Ao todo, são 28 as instituições com novos provedores.

O Caso Paris Criar uma rede de solidariedade A Santa Casa da Misericórdia de Paris quer que os portugueses residentes em França criem uma “rede de solidariedade” para “ajudar quem mais precisa”. “Trinta por cento da comunidade portuguesa em França vive abaixo do limiar da pobreza, com menos de 954 euros por mês. E neste número estão muitas pessoas de idade, pessoas sós, reformadas. Nestes 30 por cento estão pessoas que têm que optar, nestes dias de frio, entre aquecer a casa ou comer. E mais: à medida que o tempo passa, o problema da terceira idade vai agravar-se”, afirma Joaquim Silva Sousa, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris. Por isso, a “consciência de comunidade” é

ainda mais urgente, defende. Numa campanha de recolha de alimentos organizada no Natal do ano passado, a Misericórdia recebeu 1,5 toneladas de alimentos. Desde o início do ano já ajudou 125 famílias. Em 2010 ajudou 115. Não há um beneficiário-tipo, a crise trouxe novos rostos aos necessitados. “Recebemos pedidos de ajuda de famílias monoparentais e de re-

Portugueses pobres em Paris

cém-chegados também. Não temos uma contabilização do número de portugueses que chegaram a França nos últimos anos, mas sabemos que o espaço de tempo que decorre até que a família se encontre numa situação estável, com alojamento e trabalho, é muito superior do que o que era há uns anos”, acrescentou. O provedor pretende, por isso, e para contornar o obstáculo que são os “poucos meios” de que dispõe a instituição, promover “uma reflexão da comunidade sobre os outros”, criando uma “rede de solidariedade”. “Muitas das pessoas que hoje estão bem na vida quando chegaram tiveram momentos de dificuldade. É a essas pessoas e a essa lembrança que queremos chegar”, explicou. A Santa Casa da Misericórdia de Paris foi criada a 13 de junho de 1994. Desde então tem desenvolvido um trabalho de proximidade entre as comunidades portuguesas em França.


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Opinião

Retrato da desumanização Estas situações são o retrato da desumanização da vida das pessoas que vieram para os centros urbanos e viveram a sua vida entre as paredes, sem conhecer ninguém ou quase ninguém, em apartamentos degradados que envelheceram com elas

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RADAR

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ecentemente um noticiário de uma televisão descrevia que tinha sido encontrada mais uma idosa morta num andar de Lisboa. Falecida há vários dias, sem que ninguém desse pela sua falta, até que os vizinhos estranharam e chamaram a polícia. A informação continuava com as entrevistas habituais e, no meio do que se ia entendendo, que era muito pouco, alguém disse que a senhora tinha tido 14 filhos. Morreu só, no meio de Lisboa, sem que ninguém desse pela sua morte. Não há certamente imagem maior de solidão. São notícias que se tornaram frequentes, na medida e na idade dos velhos que em novos chegaram a Lisboa ou ao Porto, vindos do interior e que, na grande cidade vivem a solidão e entrega a si próprios. Estas situações são o retrato da desumanização da vida das pessoas que vieram para os centros urbanos e viveram a sua vida entre as paredes, sem conhecer ninguém ou quase ninguém, em apartamentos degradados que envelheceram com elas. A reação da imprensa é tentar apurar responsabilidades entre as entidades diversas que apoiam pessoas que necessitam e que, com muito esforço, evitam muitas destas situações. Misericórdias, instituições da Igreja e outras. Felizmente que existem, ninguém as substitui na sua ação única em benefício dos necessitados. Pedem igualmente responsabilidade ao Estado, um estado social que fez progressos na proteção dos cidadãos na doença, na velhice, na incapacidade, mas que hoje se tornou financeiramente insustentável e que carece de reforma para que não se degrade, faltando àqueles a quem não podem nem devem faltar. Dito isto não posso deixar de me interrogar sobre o facto de uma senhora que teve 14 filhos viver e morrer em absoluta solidão! Como é possível? Estas situações de uma velhice em completo abandono só se conseguem evitar, ou minimizar, numa sociedade que tenha valores familiares e em que os filhos saibam que têm responsabilidades e que não é o Estado, nem as Instituições que substituem a sua presença. No início do século XX, teorizou-se a necessidade do fim da família e não foram exclusivamente os Marxistas, pelo punho de Engels, ou da feminista amiga de Lénine, Krupskaia. Em todos os países onde o comunismo foi poder se passou da teoria à prática. A China de Mao Tsé-Tung proibiu as casas de família, as cozinhas pessoais ou a educação dos filhos e tomou a decisão brutal de o Estado proibir os casais de terem mais de um filho. Na Rússia de Lénine e Estaline, as casas de família foram em muitos casos substituídas por apartamentos comunais, cozinhas por cantinas e o Estado educava os filhos obrigatoriamente nos palácios dos Pioneiros. Na Europa Ocidental não se chegou a tanto mas nos últimos 50 anos generalizaram-se os ataques à família e a visível degradação da instituição familiar e de todos os benefícios que dela advêm – algo que por mais que o Estado tente e por mais moderno que seja não consegue nem conseguirá substituir. Da família os avós faziam parte como exemplo para os mais novos, como ajuda aos netos e aos doentes. A família servia e serve como mais ninguém de apoio na doença e na velhice. Tudo isto merece ser discutido quando uma senhora que teve 14 filhos morre na mais absoluta solidão e desamparo. Diria então, chamando as coisas pelos nomes, que sociedade é esta em que 14 filhos deixam a mãe morrer anónima e só em casa?

Zita Seabra Ex-deputada e livreira

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ON-LINE

Barcelos Livro sobre igreja velha O salão nobre da Câmara de Barcelos recebeu, a 24 de fevereiro, o lançamento do livro “A Igreja Velha da Misericórdia de Barcelos e Cinco Igrejas de Misericórdias do Entre Douro e Minho Arquitetura e Paisagem Urbana (c.1534 – c. 1635)”, da autoria de José Ferrão Afonso. A igreja, que é o tema central da obra, está inserida num grupo de igrejas construídas nesta época que apresentam idênticas caraterísticas formais.

Turismo Óbidos promove viagem cultural O Clube de Turismo Cultural Sénior da Vila de Óbidos vai realizar nos dias 10 e 11 de março um passeio de dois dias a Guimarães, Capital Europeia da Cultura. A viagem inclui, entre outros, uma visita ao castelo e Capela de S. Miguel, onde é referido que D. Afonso Henriques foi batizado. Esta iniciativa é desenvolvida numa parceria entre a Misericórdia de Óbidos e a Associação de Defesa do Património deste concelho.

Formação Artes decorativas na Póvoa de Lanhoso

Divulgação Escola de educação especial cria jornal

A Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso realizou mais uma oficina de artes decorativas, desta vez dedicada à arte do biscuit ou porcelana fria. Para garantir a qualidade da formação e a aquisição uniforme de competências por parte de todos os intervenientes, estas oficinas são direcionadas a pequenos grupos constituídos por um máximo de 10 pessoas. Esta iniciativa formativa teve lugar a 4 de fevereiro.

A Escola de Educação Especial Os Moinhos, da União das Misericórdias Portuguesas, tem um novo projeto. O jornal “Moinhos de vento”, explica a diretora daquele equipamento, Isabel Costa, surgiu como forma de divulgar o trabalho desenvolvido, as vivências e a dinâmica da escola. “Além da partilha de experiências, pretende-se que o jornal seja um meio privilegiado de divulgação de iniciativas variadas”.

SLIDESHOW

Cultura Protocolo pode estar para breve O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, afirmou recentemente que um protocolo de cooperação com a União das Misericórdias Portuguesas “vai ter desenvolvimentos interessantes muito em breve”. A declaração foi feita durante uma visita que o governante fez, a 24 de fevereiro, à Santa Casa da Misericórdia de Braga. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, também marcou presença e no mesmo dia o secretário de Estado também visitou a congénere do Porto.


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DESTAQUE

Protocolo com ferramentas para trabalhar mais e melhor Novo protocolo com o governo foi apresentado a cerca de 800 pessoas, entre técnicos e provedores, pela UMP Bethania Pagin Mais de 800 pessoas marcaram presença nas sessões de esclarecimento, promovidas pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), na sequência da recente assinatura do protocolo de cooperação com o Ministério da Solidariedade e Segurança Social. Fátima, Vila do Conde e Beja foram as localidades escolhidas para reunir provedores e técnicos. De acordo com o presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, o atual protocolo de cooperação apresenta “melhorias significativas na medida em que fornece às instituições as ferramentas para trabalhar mais e melhor” e que refletem “não só um grande espírito de cooperação com o governo”, mas também “uma enorme responsabilidade para as Santas Casas e para a sua União”. As três sessões foram organizadas pelo Gabinete de Ação Social (GAS) da UMP, que também disponibiliza a técnicos e dirigentes um manual de aplicabilidade das novas normas para cooperação com Estado. Durante aquela sessão em Beja, que teve lugar a 9 de fevereiro para as Santas Casas do sul do país, o responsável pelo GAS falou aos participantes sobre as implicações práticas do novo protocolo. Segundo Carlos Andrade,

“a negociação do protocolo para 2011 e 2012 assentou numa lógica de intervenção para minorar o impacto da atual crise económico-financeira”, ao mesmo tempo que “promove e facilita a sustentabilidade das instituições”. Para esse efeito, uma das medidas é a flexibilização e maximização das capacidades instaladas nas diversas respostas sociais. Conforme explicou o responsável pela ação social da União, além das creches, que há uns meses foram alvo de legislação que permitiu aumentar a capacidade de utentes sem necessidade de obras de alargamento ou contratação de mais pessoal, os lares de idosos também serão brevemente alvo de legislação que permitirá uma maior flexibilidade. À semelhança do que acontece com as creches, as instituições não precisam de pedir autorização à Segurança Social (SS) para proceder à admissão de novos utentes. Caso as instalações permitam, basta que a SS seja avisada da alteração do número de utentes em

Novidades para terceira idade 930,06 euros para lar de idosos No âmbito do novo protocolo de cooperação, o valor de referência para a resposta social de lar de idosos estipulado para o ano de 2012 é de 930,06 euros mensais por utente. Apoio domiciliário O serviço de apoio domiciliário, no âmbito da comparticipação financeira da Segurança Social, passa a incluir quatro de seis serviços básicos. Seis serviços Para além dos serviços de alimentação, higiene pessoal, higiene habitacional e tratamento de roupas, o SAD passa a incluir teleassistência e animação e socialização.

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Crianças em risco nas cidades Relatório da Unicef sobre infância revela que entre as populações mais desfavorecidas do mundo, encontra-se um número cada vez maior de crianças que vive em bairros de lata, privadas de saúde e crescimento saudável.

P&R Como funcionarão os centros de noite? As Misericórdias com experiência em respostas sociais na área sénior, poderão abrir centros de noite de forma a permitir aos idosos a manutenção da sua residência e ao mesmo tempo precaver e apoiar a sua segurança no período noturno. O responsável pela ação social da UMP recordou provedores e técnicos que não poderá haver sobreposição de utentes no que respeita a centros de dia e centros de noite, pelo que é conveniente acautelar a necessidade real desta resposta nas localidades onde estão inseridas as Misericórdias. Qualquer Santa Casa pode integrar a rede de cantinas sociais? As instituições que reúnam condições para a confeção e distribuição de refeições, maximizando os recursos existentes, poderão fazer parte da rede solidária de cantinas sociais. Para a União das Misericórdias, as Santas Casas têm o dever moral de colaborar com esta iniciativa do Estado. Como recorrer ao Fundo de Socorro Social? O governo criou uma linha de apoio para instituições do setor social que, no atual contexto de crise, se encontrem em situação de desequilíbrio financeiro. Para avaliação dos pedidos, o governo convidou a União das Misericórdias Portuguesas para dar parecer sobre o apoio a conceder. Assim, no sentido de recuperar o seu equilíbrio financeiro, as Santas Casas deverão recorrer à UMP. Este fundo visa ainda responsabilizar as Misericórdias com um plano de reestruturação organizacional que fará parte das exigências para a sua concessão.

Sessões de esclarecimento reuniram perto de 800 pessoas

acordo. Para estudar essas alterações, foi criado um grupo de trabalho do qual faz parte a UMP. No que respeita a lar de Idosos, mantém-se o limite de comparticipação individual que pode ir até 85% dos rendimentos do utente. Para as famílias deixa de haver limite e o valor passa a ser estipulado de acordo com a real capacidade económica e financeira das famílias. “Claro está que isso aumenta a nossa responsabilidade”, disse o responsável, lembrando que “o limite das Misericórdias passa a ser a nossa consciência e os termos do nosso compromisso (estatutos)”. No entanto, no âmbito da cooperação, mantém-se o limite de receitas anual por equipamento, sendo que a soma das receitas anuais totais das comparticipações (SS, utente e familiares) não pode exceder o valor de referência multiplicado pelo número de utentes com acordo acrescido de 15 por cento. No sentido das Misericórdias poderem colaborar com a SS, ficou estabelecido que as que tiverem lar de idosos já em funcionamento e quiserem aderir ao regime de vagas reservadas pela SS, serão compensadas por um valor que somado à comparticipação do utente e familiares atinja o montante total de 869,91 euros. Em serviço de apoio domiciliário (SAD) também há novidades. O SAD passa a incluir seis serviços para a satisfação das necessidades físicas e psicossociais dos utentes, com um mínimo de 2 dos serviços básicos. As comparticipações passam a respeitar 4 serviços durante 5 dias da semana. Se o SAD for prestado durante 7 dias, o montante a comparticipar pela SS aumenta em 50%. Segundo Carlos Andrade, independentemente de existirem utentes que não necessitem de quatro dos seis serviços básicos, desde que se verifique o equilíbrio global quanto ao número de serviços prestados, não há lugar à redução da comparticipação da SS. No que respeita aos centros de dia, o responsável da UMP afirmou que “um desacerto entre conceito e realidade” faz com que seja a resposta menos sustentável de todas. “Ainda não está claro o que é um centro de dia e as comparticipações têm de ser adequadas aos serviços prestados”. Neste momento, continuou, está em negociação a possibilidade dessas respostas contemplarem apenas animação, almoço e lanche. Outras atividades terão de ser pagas à parte, concluiu, lembrando que o assunto é tema de debate no grupo de trabalho promovido pelo Ministério da Solidariedade e da Segurança Social. Na sessão de Fátima, a 1 de fevereiro, esteve presente o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa (ver texto ao lado).

Comparticipações atualizadas Apoio domiciliário Para efeitos de comparticipação da Segurança Social, o apoio domiciliário passa a contemplar seis tipos de serviço: higiene pessoal, higiene habitacional, alimentação, tratamento de roupas, teleassistência e serviço de animação/ socialização. O mínimo em sede acordo são quatro. Quatro serviços

Secretário de Estado na sessão em Fátima Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social esteve na sessão de esclarecimento da União das Misericórdias Portuguesas em Fátima

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Bethania Pagin

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Seis serviços

Cinco serviços

Idosos com dependência A Segurança Social passa também a assegurar comparticipação adicional no valor de 65,35 euros, pelos idosos que se encontrem em situação de dependência de 2º grau, e suplementar de 45,78 euros, utentes/mês, quando a frequência de pessoas idosas em situação de dependência de 2º grau, for igual ou superior a 75por cento, dos utilizadores. Idosos com dependência de 2º grau

Mais €65,35

Mais €45,78 Mais de 75% com dependência de 2º grau

Para o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, o atual protocolo entre governo e setor social é inovador porque apresenta uma nova visão para as respostas sociais em Portugal. Presente na sessão de esclarecimento promovida pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP) em Fátima, a 1 de fevereiro, Marco António Costa destacou também que as novas regras para cooperação permitirão maximizar a capacidade instalada e uma adequação das respostas em função das necessidades. “De igual forma, a flexibilidade de gestão, bem como os instrumentos que são colocados à disposição das

Além de Fátima, as sessões de esclarecimento também decorreram em Braga, a 2 de fevereiro, e Beja a 9 do mesmo mês instituições possibilitarão uma maior sustentabilidade das instituições”, afirmou aquele governante. Diante de cerca de 400 pessoas – entre provedores e técnicos - que estiveram no Centro João Paulo II, o secretário de Estado afirmou ainda que o protocolo com as instituições sociais “espelha a atitude com que o atual governo pretende desenvolver a sua ação” com o setor solidário. Pela primeira vez, salientou, este acordo tem uma vigência plurianual, possibilitando que as instituições sociais consigam efetuar um planeamento de uma gestão mais eficiente, bem como uma preparação mais eficaz das respostas sociais que promovem. Além disso, Marco António Costa destacou o extraordinário trabalho que diariamente as Misericórdias levam a efeito na implementação de uma proteção social devidamente estruturada no país. Além de Fátima, as sessões de esclarecimento promovidas pelo Gabinete de Ação Social UMP também decorreram em Braga, a 2 de fevereiro, e Beja a 9 do mesmo mês.


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em ação

Misericórdias são o ADN do Estado Social em Portugal Declaração foi feita por Pedro Mota Soares no fim da apresentação dos resultados do programa de formação “Misericórdias: gestão sustentável”

Bethania Pagin “As Misericórdias são o ADN do Estado Social em Portugal”. A declaração foi feita pelo ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, no fim da apresentação dos resultados do programa de formação “Misericórdias: gestão sustentável”. A iniciativa teve lugar na sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) em Lisboa e contou com a presença de dezenas de provedores envolvidos naquele projeto. Foi a 29 de fevereiro. Segundo Pedro Mota Soares, ao longo de mais de 500 anos, o Estado teve diversas alterações no que respeita ao seu comportamento, mas as Misericórdias mantiveram-se sempre fiéis ao essencial da sua missão que é apoiar os mais carenciados. “É esse papel fundamental que o governo quer reconhecer”, disse. Destacando a preocupação com a sustentabilidade das organizações do setor social, o ministro recordou que foi difícil a negociação com a troika no que respeitou, por exemplo, à não obrigatoriedade de pagamento de IRC por parte dessas instituições. “Eram

Projeto na web

Desafios de futuro para a gestão

O projeto “Misericórdias: gestão sustentável” foi acompanhado através de uma plataforma web durante os quatro anos de execução. Além de servir como uma base de dados (que permitiu o benchmarking), a página permitiu o acompanhamento dos resultados, a criação de uma comunidade profissionais especializados no setor social, a centralização de documentos técnicos e a divulgação de informação. O portal da UMP tem zonas distintas. Uma destinada ao público em geral, com informação geral como documentos técnicos, ligações para outros sites e divulgação das atividades das instituições, entre outros. E outra de acesso restrito destinada aos agentes diretamente ligados ao programa, ou seja, consultores e formadores, assim como dirigentes e técnicos das Misericórdias.

Para o futuro, João Lobão deixou algumas pistas aos provedores presentes naquela sessão que teve lugar na sede da UMP: implementação de práticas orçamentais e planeamento, busca por fontes alternativas de financiamento, gestão estratégica e integrada de recursos humanos, promoção de marketing social, promoção, análise, medição e divulgação de valor social, aposta em processos de qualidade e em cultura de inovação, maior utilização de ferramentas de apoio à gestão e atenção especial à gestão do património foram os desafios deixados por aquele consultor, também responsável pela criação e gestão da plataforma web utilizada no acompanhamento do projeto (ver caixa ao lado).


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Troika dá nota positiva

175 Misericórdias integraram o projeto

medidas que fariam ruir com a base da sociedade portuguesa”. Outro aspeto do “reconhecimento” do governo, continuou, tem a ver com os diretores dos centros distritais da Segurança Social. No âmbito do protocolo de cooperação, teve lugar uma reunião onde estiveram todos reunidos com responsáveis do governo e do Instituto da Segurança Social, assim como a UMP e os outros parceiros do setor social. O objetivo era o esclarecimento dos pontos presentes no protocolo de modo a evitar problemas decorrentes de diferentes interpretações daquele documento. Recorde-se que o programa de formação-ação, financiado no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano, teve início em 2008 e decorreu em duas fases. Na primeira, participaram 75 Misericórdias. Na segunda uma centena de instituições. Entre os seus principais objetivos estava o aperfeiçoar metodologias de gestão e princípios organizacionais nas Misericórdias, assim como abordar as qualificações dos recursos humanos. Durante uma breve nota introdutória, o presidente do Secretariado

Nacional da UMP, Manuel de Lemos, destacou que cada vez mais é preciso aproximar as Santas Casas dos modelos de gestão das pequenas e médias empresas. Em muitas localidades, recordou, são essas as instituições que empregam mais pessoas. A congénere de Vila Verde, cujo provedor estava presente naquela sessão, emprega 430 pessoas (ver páginas centrais). Aquela sessão tinha, assim, o objetivo de apresentar ao ministro os resultados de quatro anos dessa experiência. Os resultados das duas fases do projeto “Misericórdias: gestão sustentável” foram apresentados pelo consultor e responsável pela plataforma web através da qual foi monitorizado aquele programa de formação da União das Misericórdias Portuguesas. Segundo João Lobão, os resultados obtidos ao longo deste projeto permitem afirmar que as Santas Casas, neste momento, apresentam, em rubricas como por exemplo organização financeira, níveis de qualidade superiores a muitas pequenas e médias empresas do país. O balanço final dos resultados, continuou aquele responsável, é globalmente positivo, embora haja aspetos menos bons que merecem a atenção das instituições, como, por exemplo, a gestão do património. Por outro lado, as áreas em que as Santas Casas estão notoriamente a trabalhar bem são a gestão de aprovisionamento e a estratégia, esta diretamente relacionada com as respostas sociais. No que respeita ao primeiro ponto, João Lobão destacou que o “forte sentido económico nos processos de racionalização de custos, os processos negociais claros e o controlo eficiente dos stocks. Em relação ao segundo, destacam-se “a procura de equilíbrio entre desenvolvimento da missão e sustentabilidade financeira, o envolvimento da direção, o reconhecimento, pela comunidade, da importância das instituições e o cumprimento da missão”. Em relação à missão, destacou, é transversal a dirigentes, voluntários e colaboradores o facto de que “não se trata de um trabalho qualquer”. Entre todos, é notável “a proximidade, o espírito colaborativo e o cumprimento normativo”. Tudo isso faz com que as Misericórdias tenham ainda uma forte capacidade de retenção dos colaboradores. Naquela sessão, estiveram reunidos dezenas de provedores de praticamente todos os distritos do país. De destacar a presença de outros elementos do projeto “Misericórdias: gestão sustentável”, tais como Mariano Cabaço e Paulo Moreira, da União das Misericórdias, e Maria da Saúde Inácio, da AEP, que foi a entidade externa que acompanhou este programa de formação ação.

Gonçalo Manuel Martins- Diário As Beiras

Portugal recebeu nota positiva na terceira avaliação da troika ao programa de assistência. Um reembolso de 14,6 mil milhões está a caminho. O anúncio foi feito pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a 28 de fevereiro.

Pedro Mota Soares esteve em Soure

Inauguradas mais respostas em Soure O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, inaugurou novos equipamentos da Santa Casa da Misericórdia de Soure Sónia Morgado Em ambiente de festa e num dia soalheiro de inverno, a Santa Casa da Misericórdia de Soure recebeu a visita do ministro da Solidariedade e da Segurança Social que inaugurou o novo lar de idosos e também creche e jardim-de-infância naquela localidade. Para Pedro Mota Soares, a obra é “magnífica” e fruto da “enorme alma” do provedor, Reinaldo Ramos. Com capacidade para 60 idosos e 33 crianças, respetivamente, estas respostas sociais – que estão em funcionamento desde 15 de dezembro de 2011 - vêm responder às necessidades que se vinham a sentir no concelho. “A Santa Casa dá o testemunho da vontade de ajudar os que menos podem”, disse o provedor. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, marcou presença na cerimónia e realçou o “empenho, entusiasmo e dedicação” de Reinaldo Santos nesta obra e relevou também o

“positivíssimo” balanço dos primeiros meses de atuação do novo governo nesta área. O lar de idosos da Saibreira – o terceiro da Misericórdia de Soure – já está lotado, uma vez que a lista de espera era grande. Sobre a questão de admissão de utentes em lar de idosos, o ministro aproveitou a ocasião para abordar as alterações introduzidas a este respeito. A partir de agora, “sempre que uma instituição aceitar uma pessoa que possa pagar um pouco mais, terá obrigatoriamente de criar uma vaga para pessoas com menores rendimentos, numa lógica de solidariedade dentro das próprias instituições sociais”. Reinaldo Ramos saudou esta medida do governo. Com um custo total a rondar os dois milhões de euros, o novo lar foi apoiado em 30 por cento pelo Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos (Pares). O restante ficou ao cargo da Misericórdia, que contou também com o apoio da autarquia. No primeiro e segundo andar do novo edifício funciona o lar de idosos e no rés-do-chão nasceram creche e jardim-de-infância, para crianças dos cinco aos 36 meses. À semelhança do lar, está lotada. A resposta social é uma novidade nesta Misericórdia que durante vários anos prestou apoio,

sobretudo, à população idosa. A sua criação prende-se com um acordo estabelecido com a Segurança. “Com este novo equipamento de creche estreitamos relações entre gerações”, afirmou Reinaldo Ramos. Pedro Mota Soares, em visita às novas instalações, mostrou-se impressionado, frisando, sistematicamente, a sua importância como resposta social, por um lado, e pelas potencialidades de gerar empregos. Com as novas respostas sociais para idosos e crian-

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novos postos de trabalho foram criados no concelho de Soure com as novas respostas sociais criadas pela Misericórdias para dar apoio à infância e terceira idade ças, foram criados 26 novos postos de trabalho naquele concelho. As instituições sociais assumem, também aqui, um papel de relevo pelos empregos que criam “porque não se deslocalizam”. Hoje as instituições do setor social “empregam cerca de 250 mil pessoas e têm de continuar a ser apoiadas porque geram trabalho para muitas pessoas com dificuldades em entrar no mercado de trabalho, devido à sua idade ou ao facto de terem uma deficiência, por exemplo”, concluiu o ministro da Segurança Social.


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em ação

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Desemprego jovem acima dos 35% A taxa de desemprego jovem (dos 15 aos 24 anos) atingiu os 35,4 por cento no final de 2011, segundo os números do Instituto Nacional de Estatística. Já a taxa de desemprego total teve uma subida significativa, chegando aos 14%.

VOLTAAPORTUGAL

Sociedade consumista exclui mais idosos

Cerca de 50 pessoas visitam S. Pedro do Sul Cerca de 50 munícipes de Alcoutim estiveram nas Termas de S. Pedro do Sul durante uma semana, no âmbito de uma iniciativa desenvolvida no âmbito do projeto “+ Inclusão”. Com a coordenação da Santa Casa da Misericórdia de Alcoutim, o projeto foi financiado pela parceria do Contrato Local de Desenvolvimento Social e também teve apoio da Câmara Municipal.

Coordenadora do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo considera que o modelo de sociedade consumista relegou os “mais frágeis”, como os idosos A coordenadora nacional do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo (AEEA), Joaquina Madeira, considera que o modelo de sociedade consumista relegou os “mais frágeis”, como os idosos, para segundo plano, causando situações de abandono que são “intoleráveis”. “Infelizmente temos esses pequenos caos na nossa sociedade”, disse a responsável à Lusa, a propósito da abertura oficial em Portugal, a 28 de fevereiro, do AEEA. Para a coordenadora do Ano Europeu, situações como a dos idosos que aparecem mortos sozinhos em casa são “muito críticas” e merecem a indignação de todos. “A sociedade já não tolera situações desta desumanidade”, vinca. Joaquina Madeira aponta responsabilidades ao “modelo de sociedade consumista, pós-industrial, materialista, que relegou os mais frágeis para uma posição em que são pouco alvo da atenção e da solidariedade das comunidades”. Para a responsável, “a fragmentação das famílias, a urbanização e as condições da vizinhança, que não sente obrigação relativamente ao outro, vieram criar estas situações”. Apesar destas situações não poderem acontecer, o facto de as pessoas terem “maior consciência de que são situações intoleráveis é um fator muito importante para a mudança”. “Às vezes aprendemos da pior maneira e isto pode ajudar também para que saibamos dar mais valor às pessoas e às amizades”, sustentou, considerando que as dificuldades que as famílias estão a viver também podem fomentar uma maior aproximação com os outros. Contudo, admite, “é um fenómeno que dificilmente se combate porque cada vez há mais idosos a viver sozinhos, o que não acontecia no passado e as pessoas também morriam mais cedo”. Segundo o INE, em 2011, mais de 1,2 milhões de idosos viviam sozinhos ou em companhia de outras pessoas com mais de 65 anos.

Aulas de dança na Maia

Igrejas portuguesas em concurso internacional

Aprender a dançar pela auto-estima na Maia Projeto da Misericórdia da Maia visa proporcionar igualdade de oportunidades, desenvolvendo atividades que promovam a saúde física e mental Paulo Sérgio Gonçalves “A menina dança?”. Este pode ser o mote para, de forma saudável e divertida, ocupar os tempos livres. A oficina de danças de salão promovida pelo Centro Comunitário de Vermoim/Sobreiro, da Santa Casa da Misericórdia da Maia, nasceu há cerca de um mês. A dança ajuda a socializar, garante Raul Neto, o professor que aderiu ao projeto sem receber nada em troca, a não ser o carinho dos utentes. São 10h30. É quinta-feira de manhã e estamos à porta do Centro Comunitário. Pela rua do bairro, começam a chegar os “alunos” para a aula de dança que se segue. Todos adultos, de várias

idades e estratos sociais, mas com um denominador comum: ser feliz. Uma frase simples, mas arredada da maioria dos presentes pelas vicissitudes da vida. Uns desempregados, outros, em reinserção, alguns mais velhos e solitários. Poucos são os que sabem o que é ser feliz fora daquelas quatro paredes. Reina um ambiente salutar, como se há muito se conhecessem. Lá dentro são uma autêntica “família” onde impera um espírito de amizade contagiante. “Trabalhamos com todo tipo de pessoas, especialmente as que mais precisam, e com parcos recursos económicos”, revela ao Voz das Misericórdias, Mário Figueiredo, coordenador do Centro Comunitário. O projeto da dança insere-se numa das missões da estrutura, que visa proporcionar igualdade de oportunidades a toda a comunidade, desenvolvendo atividades que promovam a saúde física e mental. A gratuitidade da oficina permite que todos, sem exceção,

possam usufruir da mesma. “Se este serviço não fosse prestado gratuitamente, a maioria dos utentes não teria possibilidade de usufruir desta iniciativa, a maioria tem graves problemas sociais”, explica Mário Figueiredo. Atualmente, o elemento mais novo tem 19 anos e o mais velho 73. Todos são bem-vindos. Aos mais jovens, a dança passa pelo estimular da auto-estima, “para regressarem o mais rapidamente possível ao mercado de trabalho”. A grande adesão tem sido por parte dos aposentados, fugindo à solidão que muitas vezes lhes bate à porta. A oficina é já um sucesso. Exemplo disso é a abertura em horário pós-laboral de uma nova oficina. Março será o mês de arranque. “Com um valor simbólico a pagar - para aqueles que trabalham no horário diurno e que também sentem necessidade de se mexer e divertir-se. Aqui não há problemas, apenas um grupo de pessoas que gosta de dançar”, assegura Mário Figueiredo.

está inerente, assumindo a parte lúdica grande relevância. Neste momento o grupo tem cerca de 12 pessoas. Mais mulheres que homens, “talvez por serem mais desinibidas do que eles”, ironiza Raul Neto. “Numa altura em que tanto se fala em crise e em que o dinheiro vem sempre à baila, podemos fazer coisas engraçadas, dando cada um um bocadinho de si”, sublinha, lembrando: “O meu grande

pagamento é o carinho que recebo deles”. E quem pensa que para dançar é preciso talento para a tarefa está enganado! “Toda a gente sabe dançar,” assegura o professor que procura passar a sua “paixão” fazendo desabrochar cada um dos alunos. A oficina tem ainda a vantagem de ajudar alguns utentes a recuperar de problemas de saúde. “Aqui, é bem mais agradável do que ir para a fisioterapia ou uma clínica qualquer”, frisa.

Manter a cara alegre Raul Neto, professor que ajudou a dar vida a este projeto e o agarrou de braços abertos sem auferir de qualquer remuneração, realça a excelente recetividade que a iniciativa tem merecido. A vontade de manter “cara alegre” é muita, acrescenta, sublinhando que “as pessoas precisam de se distrair num ambiente amigável e a música proporciona essa harmonia”. A dança ajuda a socializar com uma vertente de exercício que lhe

Três igrejas portuguesas estão entre os semifinalistas da categoria de espaços religiosos nos prémios internacionais de arquitetura ArchDaily. As nomeadas são a Igreja da Boa Nova, no Estoril, a capela de Santa Ana, em Santa Maria da Feira, e a capela Árvore da Vida, do Seminário Conciliar de Braga, criada pelo ateliê Cerejeira Fontes Arquitetos. Os três locais concorrem com mais 45 obras para chegarem aos cinco finalistas.

102 quilos de peixe

Um grupo de pescadores em Vila Real de Santo António juntou nove embarcações e ofereceram 102 quilos de peixe a duas instituições: Santa Casa de Misericórdia e Mão Amiga.

Igreja integrada na rede de judiarias A solução para recuperar a Igreja da Misericórdia, no centro histórico de Leiria, pode passar pela integração na Rede de Judiarias de Portugal. Se o projeto da câmara municipal, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Leiria (proprietária do imóvel), for por diante, aquele espaço antes dedicado ao culto religioso será transformado num centro de encontro da cultura judaico-cristã.

Jornadas técnicas nas Caldas da Rainha O projeto Ponto de Ajuda da Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha vai realizar nos dias 1, 2 e 3 de março as III Jornadas Técnicas sobre o tema “Contextos”. Com objetivo de contribuir para a qualificação das instituições, das direções e dos colaboradores, a iniciativa vai decorrer no Inatel Foz do Arelho. Mais informações e inscrições em www. pontodeajuda-scmcr.pt.


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em ação

Novas parcerias para a Turicórdia

Protocolo pretende dar novo impulso à Juvecórdia

Rede de Universidades da Terceira Idade (RUTIS) e a Movijovem são os novos parceiros da União das Misericórdias na área do turismo social Bethania Pagin A Turicórdia – linha de serviço da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) dedicada ao turismo social – assinou recentemente dois protocolos para dar um impulso novo à atividade. As novas parcerias foram estabelecidas com a Rede de Universidades da Terceira Idade (RUTIS) e a Movijovem. Os protocolos foram assinados nos dias 14 e 15 de fevereiro. No que

respeita à parceria com a RUTIS, além do impulso à Turicórdia, a UMP vai tentar sensibilizar as Misericórdias no sentido de se criarem mais universidades de terceira idade no país. Para o presidente da Rede, Luís Jacob, a nova parceria faz todo o sentido, especialmente durante o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo (ver entrevista na página 24). Além disso, o protocolo visa promover também o projeto Viver Património, do Gabinete do Património Cultural da UMP, através da sensibilização e identificação de alunos das universidades seniores que possam ser vigilantes, guias ou acompanhantes nos monumentos e museus das Misericórdias, os quais receberão previamente formação.

“Considerando que as partes estão focalizadas em apoiar fundamentalmente a população idosa, torna-se necessário que se envolvam em projetos comuns e na procura de respostas sociais inovadoras para a prevenção da solidão e isolamento e promoção do envelhecimento ativo contínuo e sustentável”, lê-se no documento. Por sua vez, o protocolo com a Movijovem visa promover as pousadas da juventude junto das Santas Casas portuguesas, assim como recuperar o projeto da juvecórdia no seio da UMP. A parceria surge no âmbito da cidade de Braga ter sido escolhida a capital europeia da juventude para o ano de 2012 e a Misericórdia daquela localidade pretende ser a impulsionadora da iniciativa. Recorde-se que as pousadas da juventude constituem o maior grupo hoteleiro do país e não são exclusivos para jovens. Durante a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação com a UMP, o presidente da Movijovem, João Bibe, destacou que são muitos os exemplos de seniores que utilizam com frequência as diversas pousadas da juventude existentes no país. João Bibe afirmou ainda que a parceria entre as duas instituições faz todo o sentido, especialmente numa altura em que é imperativo aproveitar todos os recursos instalados do país. A assinatura do protocolo, que teve lugar na sede da União, contou com as presenças de Manuel de Lemos, presidente do Secretariado Nacional da UMP, e do responsável pelo turismo social, Bernardo Reis.

Aceitar e entender a doença Misericórdia de Gaia promoveu um encontro para celebrar o Dia Internacional do Doente A Santa Casa da Misericórdia de Gaia promoveu um encontro para celebrar o Dia Internacional do Doente, comemorado a 11 de fevereiro. Olhar em redor e “fotografar” a beleza de tudo o que se encontrar como se estivéssemos com uma máquina fotográfica na mão foi o mote deixado aos utentes do Lar Salvador Brandão (LSB) pelo

padre e fotógrafo José Manuel. O dia começou com uma missa da parte da manhã e, de tarde, com o pároco a apresentar aos utentes e colaboradores do lar uma exposição fotográfica das belezas exteriores e interiores do LSB. A plateia comentava o que via e pôde apreciar vários pormenores da sua casa que nunca antes havia reparado.

Depois da exposição fotográfica, apresentada pelo padre José Manuel, foi a vez da voluntária e médica falar aos utentes de como combater as fragilidades da dor. Lina Rosa deixou ainda aos utentes mais alguns truques para ultrapassarem as fragilidades da dor, como cantarem, dançarem, fazerem exercício, mentalizarem-se que conseguem algo e, sobretudo, aceitarem: “Se a nossa mente quiser, nós conseguimos”. O dia do doente foi igualmente celebrado em outros lares da instituição.

Receitas nas misericórdias

Aletria à moda de Tarouca

INGREDIENTES

MODO DE PREPARAção:

500 g de massa aletria 2 litros de água 1 casca de limão 1 pau de canela 250 g de açúcar 6 gemas de ovo

Põe-se a água, numa panela a ferver com a casca de limão, o sal e o pau de canela. De seguida, junta-se a aletria e deixa-se a cozer, depois de cozida, retira-se um pouco do lume e juntam-se as gemas mexendo muito bem. Depois das gemas bem misturadas leva-se novamente ao lume uns minutos. Retira-se e deita-se ainda quente em travessas, polvilhando a gosto com canela.

informação nutricional:

Preço:

279 kcal 8,8 g Proteínas 59 g Hidratos de carbono 0,8 g Gordura 1,6 g Fibras

€€€€€ DIFICUDADE:

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Quem Somos

Rede com 950 cantinas sociais Governo prevê transferir cerca de 50 milhões de euros por ano para as instituições que entendam integrar esta rede de combate à fome Bethania Pagin O governo quer criar uma rede com 950 cantinas sociais. Para o efeito, o Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS) prevê transferir cerca de 50 milhões de euros por ano para as instituições que entendam integrar esta iniciativa. Segundo dados fornecidos pelo MSSS, eram apoiadas, até agora, apenas 62 cantinas sociais, o que representava um financiamento anual de 2,7 milhões de euros. A promoção dessas cantinas sociais é uma das medidas presentes no atual protocolo de cooperação entre governo e setor social. A ideia passa por maximizar recursos já existentes e não construir mais equipamentos. “Sabemos que muitas famílias estão a atravessar sérias dificuldades, por isso queremos contratualizar com as instituições sociais a confeção e distribuição de refeições para consumo em espaço próprio ou para consumo em domicílio”, afirmou recentemente o ministro Pedro Mota Soares na Comissão parlamentar de Segurança Social e Trabalho. Para os responsáveis da UMP, faz todo o sentido que as Misericórdias apoiem esta iniciativa. Segundo o presidente do Secretariado Nacional, que falava durante a sessão de esclarecimento em Beja (ver páginas 4 e 5), as Santas Casas dispõem de uma rede que tem de ser aproveitada e devem estar disponíveis. Em praticamente todas as terras, afirmou Manuel de Lemos, há equipamentos sociais com uma cozinha a funcionar e, com os apoios do governo, as instituições poderão preparar refeições que nem sequer precisam de ser servidas nas instalações da Misericórdia. Além de não haver interferência no normal funcionamento das respostas sociais, a distribuição de refeições em embalagens adequadas também permite maior descrição no apoio, não afetando, assim, a dignidade das pessoas. Ainda durante aquela sessão, o responsável da UMP para a ação social, Carlos Andrade, lançou o repto: temos o dever moral de colaborar com esta iniciativa do governo.

A UMP está a preparar a nova edição da brochura Quem Somos nas Misericórdias Por favor, envie-nos informação sobre as mudanças nos órgãos sociais.

VOZDAS MISERICÓRDIAS

Leia, assine e divulgue Para assinar, contacte-nos: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: jornal@ump.pt


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EM FOCO

Padaria e SPA geram receita e emprego Uma padaria e um SPA são resposta de emprego e fonte de receita adicional em Vila Verde, de modo a cobrir a despesa de mais de 170 utentes sem comparticipação estatal Celso Campos É uma daquelas manhãs gélidas em Vila Verde apesar do sol a brilhar, mas mal entramos sentimos o calor dos fornos da padaria e cheira a pão acabadinho de cozer. Mais uma fornada fica disponível, juntamente com uma panóplia de doces de pastelaria. A azáfama é grande dentro e fora do balcão da padaria da Misericórdia de Vila Verde. “É assim todos os dias”, revela o provedor Bento Morais. São muitos dos mais de 500 funcionários da Misericórdia que começam o dia com um café ou o pequeno-almoço na padaria ou então fazem o mesmo os pais das cerca de 340 crianças que frequentam a creche e o jardim-de-infância ao deixar os filhos logo ali ao lado. Ao final do dia, pegam nos filhos e levam o pão para o jantar. A padaria – juntamente com o SPA e com a parafarmácia – são atividades que vão para além da vocação dita tradicional das instituições de solidariedade social ou das Misericórdias. São aparentemente atividades comuns, mas que nestes casos praticam preços

sociais e cuja receita serve sempre para reinvestir no apoio social. Concretamente, a Misericórdia de Vila Verde ainda não conseguiu comparticipação da Segurança Social no serviço que presta a cerca de 150 crianças e a 20 idosos, por isso os resultados positivos da padaria, do SPA e da para farmácia revertem para ajudar a custear nas despesas destes utentes. A padaria é uma empresa de inserção e, como tal, está protocolada com o Instituto de Emprego e Formação Profissional. Aberta desde 2006, dá emprego atualmente a sete pessoas. “Todas as pessoas que passam

por isso apenas completou o sétimo ano. “Trabalhava nas obras”, recorda. Tinha 17 anos quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Misericórdia de Vila Verde e pouco depois na padaria como padeiro. “Sinto-me realizado profissionalmente”, diz, salientando que “aqui não há chuva, não há frio, apenas o calor no verão incomoda um pouco, mas é um trabalho que não tem nada a ver com as obras”. Todos os dias saem cerca de dois mil pães da padaria, além do consumo interno de instituição, revela Cristina Alves, a responsável pela padaria.

Todos os dias saem cerca de dois mil pães da padaria, além do consumo interno de instituição, revela Cristina Alves, a responsável pela padaria

Alexandrina é cliente diária do SPA e confessa sentir-se ainda melhor por saber que o dinheiro que deixa ali é investido em prol dos outros

por aqui são depois integradas nos quadros da Misericórdia”, revela o provedor, num total já de cerca de 20 postos de trabalho estáveis já criados. Nuno Carvalho é um dos funcionários. Está na instituição há nove anos e era um caso de desinteresse escolar,

Do SPA não saem pães nem as tradicionais broas de milho minhotas, mas saem pessoas mais saudáveis e com melhor disposição. À disposição têm uma piscina aquecida, ginásio, jacuzzi, duche vichy, duche escocês, banho turco e sauna, além de aulas coletivas que vão desde aeróbica a hidroginástica. Este trabalho sobre Vila Verde insere-se num conjunto de reportagens sobre Santas Casas que apostam na produção e venda de bens alimentares, gerando mais-valias e fomentando a gastronomia local. Macedo de Cavaleiros e Vila do Conde são exemplos de trabalhos já publicados. Outros virão.

Preços de custo na parafarmácia Aberta no centro da cidade, a parafarmácia da Misericórdia de Vila Verde, além dos medicamentos de venda livre comercializa produtos de ortopedia, praticamente “a preço de custo”, revela Bento Morais. Disponibiliza ainda o chamado “banco solidário” onde também emprestam, de forma gratuita, equipamentos que as pessoas possam necessitar, desde cadeiras de rodas, canadianas ou andarilhos, entre outros artigos do género.


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400 clientes assíduos no SPA SPA da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde abriu em 2009 e tem capacidade para atender algumas dezenas de pessoas simultaneamente Celso Campos

Padaria da Misericórdia existe desde 2006

O SPA da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde abriu em 2009 e tem capacidade para atender algumas dezenas de pessoas simultaneamente, sendo ainda usado por algumas respostas sociais da instituição, nomeadamente as crianças do infantário que podem frequentar a piscina. Alexandrina é cliente diária, de segunda a sábado, e encontra no SPA “grande vantagem de ter no mesmo espaço ginásio e piscina”. Num tapete, ao seu lado, está Lucinda que faz “um pouco de tudo, para manter a forma, por um lado, e por outro, devido aos problemas de coluna que tem”. Confessa sentir-se ainda melhor, quando sabe que o dinheiro que deixa ali

beneficia uma instituição social, onde tudo é investido em prol dos outros. Com um ambiente agradável e a praticar “preços sociais”, segundo o provedor, o SPA, em semana de dia dos namorados, apresentava todos os sinais de romantismo, ou não fosse esta data bem celebrada em Vila Verde, a terra dos famosos lenços de namorados. Nos primeiros tempos de atividade, eram sobretudo senhoras de meia-idade que frequentavam o espaço, recentemente, com a introdução de novas

modalidades estão a “atrair público mais jovem”, refere Cláudia Morais, responsável pelo SPA da Misericórdia, que revela que “mais capacidade o espaço tivesse e mais gente teríamos”. Ao todo, são cerca de 400 clientes assíduos, muitos dos quais colaboradores da Santa Casa, pois beneficiam de um desconto de 10 por cento nos serviços. Com estes números, Cláudia Morais diz que o “equipamento é sustentável e consegue ainda canalizar alguma receita adicional para a instituição”.


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terceira idade

Teleassistência para mil idosos

Bethania Pagin

A Portugal Telecom ofereceu 1000 equipamentos de teleassistência a idosos em situação de isolamento, no âmbito de uma parceria com a União das Misericórdias

Maria dos Prazeres sente-se mais segura com a teleassistência

A Portugal Telecom ofereceu 1000 equipamentos de teleassistência a idosos em situação de isolamento, no âmbito de uma parceria entre a operadora e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP). Em comunicado, a operadora explica que disponibiliza, a 1000 pessoas a beneficiar desta iniciativa deverão ser antecipadamente identificadas como estando “em situação de desenquadramento familiar ou incapacidade”, o serviço que permite contato imediato, ativação do meio de socorro mais adequado e ainda assistência médica de urgência ou aconselhamento médico telefónico. “A oferta destes 1000 equipamentos, que responde à necessidade crescente de contrariar o isolamento ao qual as zonas urbanas estão cada vez mais votadas, vem reforçar a parceria já existente entre a PT e a UMP”. Neste momento, o Gabinete de Ação Social da UMP já está a contactar as Misericórdias no sentido de identificar os utentes que poderão beneficiar desta oferta da Portugal Telecom. Os beneficiários deverão ser utentes do apoio domiciliário das instituições, promovendo assim um apoio mais completo. O funcionamento do telefone é simples: em situação de urgência, pressiona-se o “botão de pânico”, que aciona uma chamada para um call center com serviço de assistência a idosos, disponível durante todo o dia. Dependendo do carácter da situação, os técnicos chamam o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ou os cuidadores, caso existam. A questão da teleassistência nas Misericórdias não é recente. Em 2009, num encontro das Santas Casas do distrito de Coimbra, foi lançado um apelo público no sentido de promover esta resposta contra o isolamento dos idosos. Naquela altura, já as Misericórdias daquele distrito dispunham de uma rede de teleassistência a apoiar centenas de idosos. Naquela altura, este serviço não era comparticipado por verbas públicas. Foi então a partir daquele encontro que o tema começou a ser sugerido pela UMP em sede de negociação do protocolo com o governo. Mas foi apenas em 2012 que a teleassistência passou a integrar formalmente os serviços integrados no apoio domiciliário (ver destaque). Neste momento são muitas as Misericórdias que prestam este tipo de apoio, de norte a sul do país, em zonas rurais e urbanas. Uma dessas instituições é a congénere de Vila Nova de Gaia, onde, desde o dia 6 de fevereiro, Maria dos Prazeres, utente, sente-se “mais segura e apoiada” com

o equipamento de teleassistência que lhe foi instalado em casa no âmbito da parceria entre UMP e PT. Maria dos Prazeres não retira do peito o pendente (colar) que pode acionar sempre que esteja numa situação de emergência e que não lhe dê tempo de chegar ao telefone para carregar no botão vermelho do SOS. E as situações de emergência têm sido algumas, não pelos seus 73 anos e problemas de saúde, mas sim pelo facto de ter o seu marido José de 73 anos, que está acamado com Alzheimer. O casal vive só e a família está longe. “Ligava para o médico de família que dizia que não podia vir, ligava para o hospital e diziam que era o médico de família que tinha que resolver. Eu estava aqui numa aflição e não sabia quem me havia de socorrer”, contou Maria dos Prazeres. Mas agora, com o sistema de teleassistência, instalado na casa deste casal, há sempre alguém que atende do outro lado da linha com conhecimento e disponibilidade para ajudar. “Carrego no botão e espero que alguém me atenda”, disse. “Nós temos a obrigação de apoiar estas pessoas, mas também é preciso que elas estejam devidamente capa-

Em 2009, Misericórdias lançaram um apelo público no sentido de promover esta resposta contra o isolamento dos idosos zes e preparadas para receber esta tecnologia” afirmou o provedor da Misericórdia de Gaia numa entrevista à RTP. A Misericórdia de Gaia já encomendou mais cinco equipamentos de teleassistência para os casos mais urgentes. Os primeiros equipamentos já começaram a ser instalados. Ao fecho deste jornal recebemos a informação de que na Misericórdia de Borba estavam a ser instalados, no dia 29 de fevereiro, oito aparelhos de teleassistência da PT.

UMP está a reunir dados sobre idosos A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) já está a receber informação sobre os possíveis beneficiários da teleassistência oferecida pela Portugal Telecom (PT). Além de dados pessoais, como morada e data de nascimento, a UMP está a solicitar ainda que sejam especificadas as condições de isolamento e/pi dependência em que se encontra o idosos. A listagem dos beneficiários será posteriormente enviada para a PT, que contactará diretamente as Santas Casas para a instalação do equipamento.


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www.ump.pt 303 mil sem emprego nem subsídio Em janeiro, o número de pessoas sem trabalho e sem direito a subsídios de desemprego ascendia já os 303 mil, segundo recentes dados da Segurança social e do Instituto do Emprego e da Formação Profissional.

VOLTAAPORTUGAL

Fátima poderá ter centro de dia para Alzheimer A escola primária da Casa Velha vai ser cedida à Misericórdia Fátima-Ourém, que quer instalar naquele espaço um centro de dia para doentes de Alzheimer. Fernanda Rosa, provedora, explica que “há algum tempo que a Santa Casa alimentava este projeto. Só estava à espera que a Câmara Municipal de Ourém lhe cedesse as instalações da antiga escola para avançar com as diligências, nomeadamente junto da Segurança Social, no sentido de conseguir apoios financeiros. Apesar da “vontade” de arrancar, a responsável esclarece que o mesmo só avançará se houver apoios.

“Nós éramos dois amores Dos mais fortes entre gente Hoje está reforçado Hoje já tudo é diferente

Mário Piteira tem 77 anos. Casado e pai de três filhos, passou grande parte da sua vida em Almada, ao lado da mulher e da família. Atualmente frequenta o centro de dia da Misericórdia do Vimieiro, sua terra natal no Alentejo. A esposa está no lar da mesma instituição, mas sofre de Alzheimer e são já muito poucas as coisas de que se lembra. Os filhos continuam em Almada a construir

as suas próprias famílias. Mário Piteira compreende, mas sente-se só. Aquele amor construído ao longo de uma vida inteira vive agora tempos difíceis por causa da doença. A poesia acaba por ser a sua grande companheira. No mês em que se comemora o dia dos namorados, a 14 de fevereiro a propósito de S. Valentim, o Voz das Misericórdias partilha um desses poemas.

Hoje estamos separados O que muito custa aos dois Hoje temos lembranças De tudo o que já foi Ninguém tem a noção De quanto pesa o amor Só quem nesta situação Lhe sabe dar o valor Temos recordações E todas são verdades É ditado muito antigo Quem passa por elas, sabe.”

S. Valentim na Golegã O dia dos namorados, celebrado a 14 de fevereiro por causa do S. Valentim, foi vivido de forma especial na universidade sénior da Santa Casa da Misericórdia da Golegã. Um grupo de alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém confeccionou uma refeição gourmet para os utentes. Segundo comunicado daquela Misericórdia, foi com agrado que todos saborearam um lombo de porco

enfeitado com broa e ervas aromáticas acompanhado de maçã e espargos. “É de enaltecer a disponibilidade destes jovens, que voluntariamente contribuíram com a sua criatividade, para que o dia de S. Valentim fosse celebrado desta forma especial”, lê-se ainda naquele documento. A iniciativa serviu ainda para assinalar o início do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo.

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Éramos dois amores

Éramos insaciáveis Com crença sem igual Hoje tudo é diferente É um amor natural



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saúde

Cuidados continuados que recuperam vidas Testemunhos de familiares marcaram a comemoração do primeiro aniversário da unidade de cuidados continuados integrados da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande Maria Anabela Silva Patrícia, 35 anos, entrou para unidade de cuidados continuados integrados (UCCI) da Misericórdia da Marinha Grande, em junho do ano passado, “completamente desligada da vida”. Vítima de uma doença degenerativa rara, cujos primeiros sintomas se manifestaram por volta dos 18 anos, quando se preparava para ingressar no ensino superior, Patrícia chegou à UCCI alimentada por uma sonda nasogástrica, sem andar e “sem reconhecer ninguém”. “Esperava-se que falecesse naquela semana”, recordou a mãe, visivelmente emocionada, durante as jornadas sobre cuidados continuados, promovidas pela Misericórdia da Marinha Grande, no dia 4 de fevereiro, e que assinalaram o primeiro ano de atividade da unidade. Mas Patrícia, com a sua “força anormal” e com a “ajuda preciosa” da equipa daquela UCCI, conseguiu recuperar-se para a vida. Ao fim de três semanas de internamento já conseguia engolir a comida e hoje alimenta-se sozinha, anda pelos corredores da unidade em cadeira de rodas e “comunica com toda a gente”. “Isto pode não querer dizer muito em termos de futuro, porque estamos a falar de uma doença degenerativa, mas no presente, tem um significado muito grande”, diz a mãe, Maria Manuela Pereira, que considera os cuidados continuados “uma grande mais-valia”, sobretudo porque “tratam do doente como um todo”. Esse aspecto é também focado por Luís Oliveira, cuja mãe teve recentemente alta da UCCI da Marinha Grande, depois meses de recuperação. Com uma vida “sempre muito ativa”, Maria do Carmo, 74 anos, sofreu uma queda, que lhe provocou uma fratura do colo do fémur. A primeira operação “não correu bem” e Maria foi submetida a uma segunda intervenção cirúrgica. No entanto, os sinais de recuperação tardavam em aparecer. Apesar das “resistências dos médicos”

Balanço de um ano de atividade Durante o primeiro ano de atividade, a unidade de cuidados continuados da Misericórdia da Marinha Grande recebeu 87 utentes (63 para internamentos de longa duração e 26 para descanso dos cuidadores). Com 31 camas, a unidade dispõe de um quadro de pessoal com 29 elementos, incluindo duas médicas, nove enfermeiras, psicóloga, assistente social, terapeuta da fala, fisioterapeuta, técnica de reabilitação e auxiliares de ação médica. A unidade custou 2,1 milhões de euros.

Patrícia, utente da UCCI, com a mãe

em encaminhá-la para os cuidados continuados, o filho insistiu e a paciente acabou por ser internada na unidade da Marinha Grande. “Entrou completamente acamada e debilitada, sem qualquer mobilidade e com diminuição da massa muscular nos membros inferiores”, recorda o

filho. Quase um ano depois, Maria já consegue caminhar sozinha, com a ajuda de duas canadianas. ”Ainda precisa de muita ajuda para as tarefas diárias, mas ganhou uma nova liberdade de movimentos”, reconhece Luís Oliveira, para quem as unidades de cuidados continuados são “uma

mais-valia importante para utentes e familiares”. “Os doentes não são mais felizes em casa do que em unidades destas, porque no domicílio não temos condições para lhes dar o acompanhamento que aqui recebem”, acrescenta Maria Manuela Pereira, que destaca ainda o

apoio importante que estas unidades dão às famílias. “O acompanhamento de doentes como a Patrícia é extremamente doloroso”, afirma, frisando que “há poucas respostas para estes casos”. Por isso, Maria Manuela está expectante em relação ao futuro da filha, uma vez que o período máximo de internamento termina em junho. “Não sei o que farei depois”, desabafa, para logo de seguida, enaltecer a coragem de Patrícia. “É uma grande mulher. Tem uma força anormal”, diz, com um brilho nos olhos que deixa transparecer o “orgulho enorme” que sente na filha, que, apesar da doença, se licenciou em Educação Visual e Tecnológica. Os testemunhos de Luís Oliveira e de Maria Manuela Pereira enriqueceram as jornadas de cuidados continuados da Misericórdia da Marinha Grande. Uma iniciativa que, segundo o provedor da instituição, serviu para refletir sobre o trabalho feito e para o dar a conhecer à comunidade. “Ainda há resistência dos médicos e enfermeiros do concelho aos cuidados continuados, que se reflete no baixo número de utentes que recebemos da Marinha Grande”, lamentou João não Pereira. Apesar disso, o provedor tem dúvidas em afirmar que as UCCI “são o futuro” e têm “um papel cada vez mais importante a desempenhar”.


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património

12 meses e 12 concertos

ARTE NAS MISERICÓRDIAS

No âmbito da iniciativa Guimarães Capital Europeia da Cultura, a Misericórdia local vai ser a única instituição a apresentar música sacra Paulo Sérgio Gonçalves O ano de 2012 marca uma evolução muito positiva do Festival Internacional de Órgão Ibérico da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães. O evento vai animar os espaços do percurso museológico, onde o órgão ibérico, recentemente restaurado por especialistas, toma uma posição de destaque. Sob a direção artística de Giampaolo Di Rosa, o festival, na sua quarta edição, desperta a atenção do mundo organístico. A nova edição, mais extensa, marca uma nova proposta: 12 meses, 12 concertos. Com a participação dos melhores organistas europeus, serão apresentadas tradições organísticas de países tão diferentes como a Itália, França, Suíça, Dinamarca, Alemanha, Polónia, Finlândia ou Espanha. O primeiro concerto do IV Festival Internacional de Órgão Ibérico 2012, integrado na programação da Capital Europeia da Cultura, aconteceu a 27 de Janeiro, na Igreja de Santo António dos Capuchos. A Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, no âmbito da programação cultural da Capital Europeia da Cultura, é a única a representar a música sacra através de órgão. Um reconhecimento fruto de um intenso trabalho prévio. Noémia Pacheco, provedora da instituição, garante que foram anos de muito trabalho. “Conseguimos atingir um pico de projeção, que conduziu ao reconhecimento do programador musical da capital europeia da cultura. Não foi fácil. Não foi chegar, ver e vencer. Foram três anos de muito trabalho, com a visita de muitos organistas que deram a este órgão uma expressão musical muito interessante”, recorda. Com um aumento exponencial de visitantes, e mesmo de população que em 2012 terá Guimarães como residência, a Santa Casa local quer perpetuar “na memória dos que passam” o seu património histórico e cultural. Com esse propósito, fazem parte dos roteiros e guias turísticos, porque, entende Noémia Pacheco,

Grande Órgão SCMG 0229 Autoria: Frei José de Santo António Vilaça (riscador); Francisco António Solha (organeiro); António da Cunha Correia do Vale/Manuel Fernandes de Novais (entalhadores) 1775-1780 Misericórdia de Guimarães

Concerto inaugural teve lugar a 27 de janeiro

“temos obrigação de mostrar o que temos e envolvermo-nos com a comunidade, independentemente do retorno económico”. Esta responsável vai mais longe e, acentua que “mostrar o património é meio caminho para o ter vivo e preservar. Devemos mostrar como deve ser e o restauro é essencial para esse fim”. Em Janeiro o número de pessoas que visitaram o património da Misericórdia de Guimarães ultrapassou o mês homólogo em 2011. Finda a Capital Europeia da Cultura, o objetivo é manter a visibilidade trazida pela

iniciativa e, acima de tudo, “conservar essa memória para que as pessoas continuem a visitar o património da Santa Casa. Nós não queremos ficar famosos, apenas que as pessoas se recordem de nós e do nosso património histórico e cultural”, destacou Noémia Pacheco. À margem de Guimarães 2012, a Santa Casa integra uma iniciativa da arquidiocese de Braga, que promove um roteiro pelas igrejas, sendo duas delas no centro de Guimarães, ambas da responsabilidade da Misericórdia vimaranense.

Órgão Positivo SCMG 0540 Séc. XVIII d.C. Misericórdia de Guimarães Órgão positivo em madeira ensamblada e policromada. De formato paralelepipédico retangular ao alto, apresenta dois corpos separados por friso saliente e moldurado, sendo que o superior é mais alto e termina em topo curvo guarnecido de cimalha igualmente saliente e moldurada. O corpo inferior tem base salientada e apresenta na frente porta de rebater decorada com dois painéis retangulares reentrantes. Na ilharga esquerda encontra-se uma alavanca para acionar o fole. O corpo inferior encontra-se decorado até um pouco acima da metade da altura, por pintura marmoreada verde, apresentando a restante área do instrumento policromia que imita raiz. O corpo superior tem duas meias-portas na frente que permitem o acesso à consola, sendo que superiormente apresentam recorte que acompanha as formas do topo do móvel e ao centro fechadura. A consola apresenta teclado de cinquenta e três teclas, trinta e duas naturais e vinte e uma acidentais todas em madeira, e quatro manúbrios em cada lado. Acima encontra-se o vão onde se alojavam os tubos, hoje desaparecidos, estando visível o someiro.

Grande órgão constituído por caixa de corpo inferior paralelepipédico retangular - com consola ao centro - e por corpo superior de três castelos alternantes com cinco nichos harpiformes. Os jogos de tubos, enquadrados por gelosias douradas de cariz vegetalista, são visíveis na frente e ilhargas. A decoração da caixa concentra-se no topo e nas arestas da estrutura e nos painéis vazados que enquadram a consola e que formam as ilhargas do corpo inferior. A caixa é pintada a branco e decorada com molduras marmoreadas a rosa e verde e trabalho de talha dourada que inclui volutas, enrolamentos e concheados de cariz rococó e par de anjos sob o castelo central. O órgão apoia-se em coreto que consiste em plataforma semelhante a grande mísula rematada por balaustrada. Na frente, o recorte central em arco que se pronuncia ao nível da planta é decorado por um mascarão relevado ladeado de segmentos curvos de concheado e de outros elementos vegetalistas de cariz rococó, que ornam também as arestas recortadas da base, bem como o seu remate inferior. O painel frontal, branco sobre fundo marmoreado e delimitado por moldura dourada, apresenta, abaixo do mascarão, uma cartela de fundo marmoreado verde ladeada por florões onde se veem representados, em relevo policromado e dourado, um violino, um instrumento de sopro e uma pauta de música. Frisos de elementos dourados em forma de rim decoram a margem superior da base e as faces das volutas que, nos lados, a meia-altura, marcam a inflexão do perfil. Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/


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estante

25 anos, 25 contos e 25 fotografias

Lista de livros

História da Misericórdia de Borba João Miguel Simões Misericórdia de Borba, 2006

Os Leigos para o Desenvolvimento apresentaram a edição “Estamos juntos: 25 anos, 25 contos” que assinala o se 25.º aniversário O Leigos para o Desenvolvimento (LD) apresentaram recentemente a edição “Estamos juntos: 25 anos, 25 contos” que assinala o 25.º aniversário da organização. A obra reúne o contributo de 25 personalidades, das mais diversas áreas, que foram desafiadas a escrever um texto inspirado numa fotografia de missões realizadas nos diversos países onde os Leigos para o Desenvolvimento estão presentes. O livro, que conta ainda com a parceria das Edições Tenacitas, é um conjunto de várias histórias diferentes com textos de Abel Neves, Andreia

Faria, António Pinto Leite, António Vaz Pinto, Carminho, Catarina Furtado, Cristina Peres, Danílio Barros, Fernanda Freitas, Gabriela Ludovice, Isabel Stilwell, José Luís Peixoto, José Rui Teixeira, Laurinda Alves, Lígia Roque, Mafalda Veiga, Marcos Pinto, Mário Cláudio, Mukhwarura, Nuno Tovar de Lemos sj, Olinda Beja, Paulo Magalhães, Rosa Alice Branco, São Deus Lima e Zé Pedro. Para além de autores portugueses, estão presentes autores de todos os países onde os LD trabalham: São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor. No evento de lançamento do livro, o padre António Vaz Pinto, fundador dos LD, destacou que ao longo destes 25 anos, mais de 350 jovens “largaram tudo para abraçar a causa da solidariedade num serviço de proximidade” com aqueles que mais precisam e “essa experiência transforma qualquer um”.

Estamos juntos: 25 anos, 25 contos Vários autores Tenacitas e Leigos para o Desenvolvimento, Dezembro 2011

Com a edição, em 2006, do livro “História da Santa Casa da Misericórdia de Borba”, o que a atual Mesa Administrativa pretendeu foi demonstrar o enorme respeito que nos merecem todas as pessoas que ao longo dos séculos se empenharam no engrandecimento da instituição, tanto pela valorização patrimonial, como pela ação social e humana desenvolvida. Segundo o autor, João Miguel Simões, “pretendemos que este livro seja mais do que um mero relato doa acontecimentos que se sucederam desde aquele dia de verão no século XIV. Queremos que este trabalho seja um instrumento útil na gestão atual e futura da Misericórdia, que os erros do passado sejam compreendidos e assimilados para que não se repitam no futuro. Desejamos também que este volume seja de utilidade para todos aqueles que se debrucem sobre a história do Alentejo social, económico ou artístico, mas sobretudo que seja um fator de orgulho para todos os borbenses”.

Misericórdia da Praia da Vitória. Memória histórica: 1498 – 1998 Valdemar Mota Misericórdia da Praia da Vitória, 2011 Com 159 páginas, “Misericórdia da Praia da Vitória. Memória histórica: 1498 – 1998” é um trabalho do maior interesse e obrigatório para quem se interesse pelo conhecimento e estudo da história desta multicentenária instituição, bem assim a ação meritória que vem desenvolvendo, sem interrupção, ao longo destes tempos. Esta edição comemorativa dos 500 anos da Misericórdia é de autoria de Valdemar Mota, açoriano, investigador, escritor, jornalista e empresário. A primeira edição data de 1998, mas, segundo o autor, “sem sentirmos, a obra esgotou-se, mas apenas a obra física, pois a espiritualidade que a envolve mantém-se inalterável”. Este livro traz ainda diversas ilustrações relativas aos 500 anos de existência da Santa Casa da Misericórdia de Praia da Vitória, nos Açores.


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voz ativa Editorial

VM

Opinião

Voz das Misericórdias Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo

Paulo Moreira

paulo.moreira@ump.pt

Pompa e circunstância Quanto ao envelhecimento ativo, não andarei longe da verdade se imaginar uma série de conferências e um ou dois grandes eventos europeus, onde uma série de verdades de La Palisse serão elencadas com pompa e circunstância

D

evo confessar que tenho um preconceito contra o hábito, relativamente recente, de comemorar e promover durante um ano, com a chancela da Europa, um assunto. Em 2012, temos o ano europeu do envelhecimento ativo. Já vai longe e seguramente esquecido o ano da erradicação da pobreza, que apesar de lhe termos dedicado 12 meses, continua de pedra e cal e nada indica que tenha sido erradicada ou que tenham sido dado passos consistentes e coerentes para este fim. Do ano europeu do voluntariado também não consta que tenha sobrado grande coisa de palpável e persistente, salvo o voluntariado que já existia e que não esteve a espera de um decreto europeu para dar os seus frutos. Quanto ao envelhecimento ativo, não andarei longe da verdade se imaginar uma série de colóquios, conferências e um ou dois grandes eventos de âmbito europeu, onde uma série de verdades de La Palisse serão elencadas com pompa e circunstância, sem que de concreto e realmente útil nada aconteça. Seguir-se-á a produção costumada de t-shirts, esferográficas, cartazes, bonés e outro material do género para distribuir ao longo do ano nas variadíssimas sessões a organizar pela Europa fora. Quero acreditar que as Misericórdias, pela sua história e pela sua vocação, serão capazes de dar resposta continuada e consequente à questão do envelhecimento ativo, conseguindo levar a cabo um conjunto de boas práticas coerentes e duradouras. A não ser assim, vamos alegremente envelhecendo, não colhendo desta recente prática nenhuns ensinamentos que possam contribuir para um mundo com menos pobreza, em que um verdadeiro serviço de voluntariado social enquadre jovens e menos jovens de forma ativa, dando sentido a nossa vida pessoal e coletiva.

Propriedade: União das Misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Tels: 218 110 540 218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: jornal@ump.pt Tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Misericórdias Normal - €20 Benemérita – €30 Outros: Normal - €10 Benemérita – €20 Fundador: Dr. Manuel Ferreira da Silva Director: Paulo Moreira Editor: Bethania Pagin Design e Composição: Mário Henriques Publicidade: Paulo Lemos Colaboradores: Celso Campos Maria Anabela Silva Sónia Morgado Paulo Sérgio Gonçalves Assinantes: Sofia Oliveira Impressão: Diário do Minho – Rua de Santa Margarida, 4 A 4710-306 Braga Tel.: 253 609 460

União das Misericórdias Portuguesas

Rui Bacalhau

Vice-provedor da Misericórdia de Borba

Demonstrar confiança

Relativamente ao protocolo, a conjuntura, assim como a envolvente económica não nos permitia reivindicar valores de atualização muito significativos, mas sim pedir que a tutela continue a cumprir com as instituições

Vivemos provavelmente o período das nossas vidas, com maiores dificuldades ao nível social e económico, marcado ainda pelo Memorando de Entendimento (MoU). Colocam-se desafios de vária ordem, à sociedade nomeadamente ao nível organizacional, e ao nível da solidariedade. Estamos pois num período de emergência social onde há que reforçar e estimular parcerias com as entidades da economia social, realçando o papel fulcral e fundamental das Misericórdias portuguesas nesta conjuntura adversa para o cidadão mais desprotegido, mais desfavorecido e para aqueles que não tem voz para poderem clamar a sua dor. Foi num ambiente de reconhecimento que no dia 17 de Janeiro no Palácio de São Bento, em cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, foi assinado o protocolo de cooperação entre o governo e as Misericórdias dizendo mesmo que estas instituições do setor social são fundamentais para enfrentar a atual crise, e simultaneamente desejou-lhe estabilidade para o desenvolvimento da sua atividade. Entendo nestas palavras, uma demonstração de confiança por parte do poder político, aproveitando o saber, a proximidade e a experiência das Misericórdias, bem como uma vontade muito grande de ajudar os mais carenciados, os mais necessitados com responsabilidade. Relativamente ao protocolo, a conjuntura, assim como a envolvente económica não nos permitia reivindi-

Como Contactar-nos

Correio VM Voluntário Eu … A quem a vida fez voluntária Que como tu, nascida do pecado original, Das dores do materno parto Arrasto o meu karma Eu, que tantas vezes me anulei, A favor dos outros Que tive de dizer não Quando queria o sim Fui mal-amada. Sempre infeliz O que devia ser meu amparo Ficou DEPENDENTE. Junto com as minhas dores e mágoas

Correio Rua de Entre campos, 9, 1000-151 Lisboa Fax 218 110 545 email jornal@ump.pt

car valores de atualização muito significativos, mas sim pedir que a tutela continue a cumprir com as instituições, e que estas aproveitem as dificuldades para as transformar em forças em prol da população mais necessitada. Por outro lado, destacar a aposta no desenvolvimento do apoio domiciliário, introduzindo novos serviços, inovando socialmente através de novas tecnologias ao serviço do setor social, implementando o serviço da teleassistência e num futuro próximo, certamente, novos serviços irão ficar disponíveis. Referir a pertinência deste serviço quando diariamente somos confrontados com idosos a morrer por solidão nas suas habitações, assim criam-se condições para as pessoas mais idosas se manterem com segurança e conforto nas suas casas. Também importante é a questão da flexibilização das regras nas creches, lares e outros equipamentos - era uma reivindicação já antiga das Misericórdias -, permitindo responder a mais utentes, e em simultâneo ajudar as instituições na sua sustentabilidade. Esta flexibilização implica naturalmente a manutenção da qualidade pelo serviço prestado ao utente. Por último referir a Linha de Crédito, para apoio às Misericórdias necessitadas, situação inovadora para garantir a sustentabilidade. É fundamental o papel do conselho executivo para, de forma transparente e rigorosa, as Misericórdias mais necessitadas poderem ser apoiadas com a responsabilidade que se exige.

As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito de seleccionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos

Deus deu-me coragem e exemplo Ama o teu amigo Aquele a quem o teu olhar, a tua palavra Dá força para o dia-a-dia Coragem para vencer Amiga, amigo ama os teus males Suavizando o mal do mundo Tentar passar a outra dimensão. Semeia amor no teu coração. Sê voluntária / voluntário Deus dar-te-á forças, coragem E avançarás para outra margem Para a eternidade. Para o teu Senhor Que te compensa com amor Voluntária /Voluntário

Dá-te sem esperar recompensa Se não saberes que cumpres a vontade do Senhor. Maria do Céu Martins Ericeira


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reflexão

Aníbal Rodrigues da Silva Provedor da Misericórdia de Mafra

Drama diário de procurar soluções

É hora de arregaçarmos mangas e imbuídos pelos valores cristãos da esperança e confiança solidárias, enfrentarmos o momento com a coragem e a fé de quem acredita que é na união que está a força da vitória sobre as dificuldades

É com muito prazer que respondo, com este artigo, à solicitação do senhor diretor do “Voz das Misericórdias”. Faço pela admiração e amor que tenho pela minha Misericórdia e pelas outras 389 Misericórdias do país (sem contar com a de Lisboa, pois essa é, ao contrário do que muita gente pensa, um organismo do Estado). Estas instituições são, juntamente com outras IPSS, o grande parceiro e braço operacional da Segurança Social junto da população idosa e jovem mais carenciada do nosso país. Estão anunciados tempos difíceis e o protagonismo assusta-nos, pois estamos assistindo a um apagão dos nossos valores. Deus está sendo excluído da nossa sociedade, as famílias estão sendo destroçadas, a queda da natalidade, o envelhecimento da população, a escassez de meios postos à disposição dos que lutam para aumentar os apoios aos seniores, o aumento do desemprego, as famílias a terem cada dia menos dinheiro. São realidades e ameaças que muito preocupam quem, como nós, vive o drama diário de procurar soluções e apoiar o maior número possível de pessoas que procuram junto de nós resposta para as suas dificuldades. A crise económica que o país atravessa é a grande responsável pelo sofrimento que as famílias vivem actualmente e constitui o grande desafio para as Misericórdias se fazerem presentes na resposta e no encontro de soluções junto dos que mais precisam. É hora de arregaçarmos mangas

e imbuídos pelos valores cristãos da esperança e confiança solidárias, enfrentarmos o momento com a coragem e a fé de quem acredita que é na união que está a força da vitória sobre as dificuldades. O grande desafio é inovar e encontrar soluções que melhor respondam às necessidades do momento junto do maior número possível de pessoas, vencendo o desânimo daqueles que nos procuram, levando-lhes alento e esperança num futuro melhor. Mas as Misericórdias também têm uma cúpula – a União das Misericórdias Portuguesas – à frente da qual,

entre outros, se destacam dois homens extraordinários, Manuel de Lemos e Carlos Andrade, além de outros. Profundamente conhecedores de toda a problemática que envolve e preocupa as Misericórdias, têm projectado o bom nome das nossas instituições, ajudando-nos com invulgar competência e dinamismo a encontrar soluções e a obter apoios através de propostas realistas que apresentam. O protocolo de cooperação de 2011 – 2012, feito com a tutela e com a sua aprovação, evidenciam as realidades acima referidas e demonstram a sua invulgar capacidade para se fazerem

ouvir como resultado do caminho trilhado e da experiência feita. Os resultados obtidos são a demonstração do esforço desenvolvido para que as Misericórdias possam, com dificuldades suportáveis, satisfazer os seus compromissos, permitindo-se nas creches aumentos de capacidade desde que cumpridos os requisitos legais; definindo-se, no apoio domiciliário, outros serviços a serem prestados aos utentes, que são contabilizados para efeito de cumprimento das normas estabelecidas; definindo-se nos lares de idosos, novos valores de referência; oficializando a comparticipação dos descendentes de primeiro grau ou de outros herdeiros legítimos; acabando-se com o limite de comparticipação individual por utente, mas estabelecendo um limite de receita anual por equipamento de idosos; criando um grupo de trabalho para definir, até 30 de Junho, os apoios a conceder às respostas sociais para os lares de crianças e jovens em situação de risco, traduzindo o esforço, que também o parceiro Estado, está fazendo, para que as Misericórdias possam continuar a dar resposta, também nessa área. O caminho desta Santa Casa, iniciado há 225 anos na área da saúde, até 1974 e, desde então, nas diversas respostas sociais, com intervenção mais forte junto da população idosa e dos mais jovens, tem procurado ser a melhor resposta para aqueles que procuram esta Santa Casa, confiantes que nela reside a solução para os seus problemas.

Ao processar este meu testemunho, não posso deixar de sublinhar e informar que me sinto e sou um cidadão de 93 anos, e ainda ativo. Sublinhando a oportunidade da proposta do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, subscrita com o objetivo “Por um Envelhecimento Ativo”, sinto, celebro e aplaudo a intenção e o propósito, bem como a urgência da proposta. É que ter o exato sentido de um envelhecer, a par de um espírito de solidariedade intergeracional é demonstrar com verdade e alma que o futuro se processa no mútuo e permanente intercomunicar de energias e saberes, experiências e sofreres que, sendo

património de todos, tem uma marca específica: a dos que já dobraram os anos, e descobriram que, em cada curva da estrada há sempre uma surpresa; e em cada subir de uma montanha há sempre novos horizontes a admirar, bem como novas distâncias inesperadas a vencer; e também mundos novos ainda desconhecidos a descobrir. E cada novidade é um desafio. Cada desafio, uma aventura. Cada aventura, um novo sonho. Cada sonho, uma nova esperança. E sempre a esperança foi uma fonte de novas e renovadas energias para a alma. Quando a minha mãe morreu, com cerca de 90 anos, tomava-lhe eu

o pulso; e nada mais podendo fazer-lhe, senão só companhia na hora de partir. Guardei nos meus dedos e no meu coração a sua última pulsação. Sinto-a ainda hoje, como se fosse uma razão de ser forte, para a minha vivência, o bater do seu pulso entre os dedos da minha mão. A sua morte deu vida à minha vida. Foi como que um renovado nascimento. E sinto-o todos os dias, perpetuando-se em todos os novos momentos que Deus ainda vai acrescentando à minha vida, na vida e alma dos que Deus me deu para serem a minha família, e aos quais consagro, do fundo do coração, esta mensagem: o serem uma alvorada de Céu no entardecer dos meus dias.

Afinal, a velhice de minha mãe, sempre muito marcada pela sua fé, foi e é ainda, uma generosa fonte de vida para a “juventude” da minha alma. Foi como se lhe ficasse a dever um novo nascimento: o melhor património que herdei de minha mãe. Por essa razão, a fé põe nos lábios dos velhos a mesma palavra que é rezada pelos novos: “Graças a Deus que alegra a minha juventude!” Há nos velhos uma sabedoria aureolada de juventude, mas mais amadurecida no calendário do tempo. O que assinala a velhice como a raiz do futuro.

Opinião

Manuel Ferreira da Silva jornal@ump.pt

Por um envelhecimento ativo


Guimarães Música sacra na capital europeia da cultura Património

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A Misericórdia de Aveiro, promoveu entre 26 a 29 de fevereiro, uma exposição sobre saúde. A ExpoSaúde visou promover estilos de vida saudáveis através da educação para a saúde e do despiste de doenças. Cerca de 70 voluntários efetuaram testes gratuitos e variados aos visitantes.

Em Ação

Maia Dança para promover auto-estima

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Em Ação

www.ump.pt Entrevista

Luís Jacob, presidente da RUTIS

Capital humano, social e técnico das Misericórdias pode ser útil mas promove a sua criação. Por isso, é sempre necessária uma entidade local que tenha a competência para desenvolver o trabalho. Normalmente as US começam devagarinho, mas muito rapidamente ganham dimensão. Daí que o capital humano, social e técnico das Misericórdias pode ser extremamente útil. Por outro lado, para as Misericórdias é mais uma valência que se enquadra perfeitamente na sua missão, estreitando ainda mais os laços com a comunidade, com a vantagem de ser um serviço com poucos custos associados.

Fim de feriados religiosos pode ser adiado um ano A eliminação dos dois feriados religiosos este ano pode estar em causa, admitiu recentemente o secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, após a reunião do seu Conselho Permanente, em Fátima. Manuel Morujão afirmou que a medida pode ser adiada para 2013.

Envelhecimento ativo em congresso da Pro Dignitate A Pro Dignitate promove, no dia 7 de Março, o seminário “2012: Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações”. Entre outros oradores, a iniciativa contará com a presença do presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos.

Baile de máscaras para idosos em Chaves A Misericórdia de Chaves promoveu um baile de máscaras para idosos, tendo como preocupação proporcionar-lhes momentos de muita folia e animação. Para muitos a ida à discoteca foi ocasião de recordar tempos de bailarico, embora assinalados de forma diferente.

Governo prevê recessão mais profunda este ano A terceira avaliação da troika, que teve lugar no fim de fevereiro, trouxe uma revisão em baixa das previsões económicas para Portugal. O governo espera agora que a economia contraia 3,3 por cento e que o desemprego atinja os 14,5 por cento este ano.

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ÚLTIMAHORA

Rastreios e vida saudável em Aveiro

Turicórdia Protocolos e novas parcerias

Luís Jacob, presidente da RUTIS

O que considera serem as principais mais-valias das universidades seniores numa sociedade tão envelhecida como a portuguesa? São sobretudo três. Combater a solidão, tirando as pessoas de casa e obrigando-as a conviver. Promover a inclusão social, fazendo com que os idosos se sintam membros ativos da sociedade. E, por último, a promoção do conhecimento e da formação não formal através da qual, sem obrigatoriedades associadas, as pessoas podem aprender simplesmente pelo gosto em aprender. Quais são as disciplinas com maior adesão? Em primeiro lugar a informática e apenas pela internet. Temos notado também uma procurada cada vez maior pela cidadania no sentido de direitos e deveres, como se organizam eleições, direitos do consumidor etc. Demonstra que as pessoas estão inte-

ressadas em participar. Inglês também é muito procurado, história, não tanto a de Portugal, mas a da terra, e saúde. Essas são as teóricas. As disciplinas desportivas e as artes também são muito procuradas. Quantas universidades seniores (US) existem em Portugal? A RUTIS começou a trabalhar em 2001, apesar de ter sido criada oficialmente em 2005. Naquela altura havia 15 universidades. Hoje são 190 e atualmente congregamos cerca de 90 por cento das universidades no país. Temos alguns requisitos: algumas não cumprem, outras não estão interessadas em se envolver. E quais são os requisitos? Ter no mínimo cinco disciplinas e 50 alunos, tem de ser uma associação sem fins lucrativos, os professores tem de ser maioritariamente voluntários e tem de haver um seguro para alunos, professores e dirigentes.

Em que medida considera que UMP e RUTIS podem promover um trabalho de parceria ao longo do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo? A RUTIS atua na prevenção e as Misericórdias em situações de maior dependência. São trabalhos complementares e por isso a parceria pode ser estratégica. Alem disso, já há algumas Misericórdias na rede. Golegã, Ovar, Borba, Angra do Heroísmo são alguns exemplos. Por fim, gostaríamos de incentivar as Santas Casas a serem promotoras de US em sítios onde elas ainda não existam. Nesse sentido, que características têm as Misericórdias? Para já a dispersão geográfica. Já há zonas do país quês estão bem cobertas, mas ainda há regiões que precisam de ser dinamizadas, especialmente o interior norte. Temos feito um bom trabalho, mas são zonas naturalmente desertificadas onde falta sobretudo capital humano. A RUTIS não cria US,

É possível traçar um perfil de aluno? É um universo claramente feminino. Em 30 mil alunos, cerca de 76 por cento são mulheres. E os homens que temos são “arrastados” para as universidades pelas esposas. As idades variam entre os 60 e 70 anos, mas temos pessoas com 50 e 90. As habilitações é que variam muito conforme o sítio e as pessoas que criam a US. Temos alunos com a quarta classe, mas também licenciados. E convivem todos, o que é de salutar. Como avalia o protocolo entre UMP e RUTIS no que respeita ao turismo social? Vamos conjugar esforços. A atividade favorita dos seniores é passear. Há passeios de um dia e de uma quinzena. Além disso, a RUTIS tem atividades planeadas ao longo do ano e muitas US aproveitam a deslocação para passear mais uns dias. As Misericórdias têm património visitável e a Turicórdia dispõe de parcerias com unidades hoteleiras. Nunca fizemos um acordo com uma entidade comercial, mas com a Turicórdia já faz sentido porque o objetivo da UMP é social. Dá-nos uma garantia que uma agência normal não dá.


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