Voz das Misericórdias

Page 1

Golegã Grupos corais marcam vocação cultural Terceira Idade

Pág. 16

Microsoft Software gratuito para setor social Em Ação

Governo Secretário de Estado conversa com o VM

Pág. 9

Entrevista

VOZDAS MISERICÓRDIAS

Pág. 14

União das Misericórdias Portuguesas

director: Paulo Moreira | ano: XXVIII | junho 2012 | publicação mensal

Ajudar quem ajuda

Paris

Pobreza afeta portugueses em França Cerca de um terço dos portugueses residentes em França dispõem de rendimentos que os colocam ao nível do limiar de pobreza ou mesmo abaixo. A informação é da Santa Casa da Misericórdia de Paris que celebrou recentemente 18 anos. O presidente honorário da União das Misericórdias Portuguesas, Vítor Melícias, integrou as comemorações. Em Ação, 8

Santiago

Esposende na rota dos peregrinos A partir de Junho a Santa Casa de Esposende vai expandir o seu apoio aos peregrinos que percorrem o caminho português da costa, rumo a Santiago de Compostela. Os caminhantes passarão a ter à sua disposição, na Igreja da Misericórdia, um carimbo para assinalar a sua passagem por Esposende. A oferta já abrangia o apoio médico e alojamento. Em Ação, 9

Cultura

Encontro de coros na Golegã “Se a coesão está na solidariedade, as instituições do setor social podem ser os seus catalisadores”. A afirmação foi feita por Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e da Segurança Social, durante a cerimónia de assinatura do protocolo no âmbito da

O prazo para liquidação do empréstimo é de sete anos, sendo que os dois primeiros são de carência

linha de crédito de financiamento do setor social. A parceria entre governo, União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Confederação Nacional das Instituições Sociais e União das Mutualidades foi formalizada no Ministério da Solidariedade e Segurança Social e

contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Foi a 15 de Junho. Durante a cerimónia, o presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, discursou em representação de todo o setor social. Em Ação, 6 e 7

Santa Casa da Misericórdia da Golegã levou a cabo o terceiro encontro de coros. Foi na Igreja Matriz a 7 de Junho e contou com outras Santas Casas. Para o provedor, António José Martins Lopes, não há dúvidas que iniciativas deste género “entusiasmam e estimulam” não só os utentes, mas também toda a comunidade. Terceira idade, 16


2

www.ump.pt

vm junho 2012

panorama A FOTOGRAFIA espaço sénior

Santos populares Os portugueses são devotos de Santo António, tão erudito, mas de todos o mais popular. Como é de tradição, no mês de Junho, os lisboetas festejam o seu padroeiro em todos os bairros típicos, com arraiais, música e sardinha assada

N

este mês de Junho, como é do conhecimento geral, celebram-se as festas dos Santos Populares. Desde o século XV que os portugueses são devotos de Santo António, tão erudito, mas de todos o mais popular. Como é de tradição, os lisboetas festejam o seu padroeiro em todos os bairros típicos, com arraiais, música e sardinha assada. As pessoas, em grupo, percorrem as ruas engalanadas, cheias de barracas com manjericos e tasquinhas onde não faltam os habituais e saborosos petiscos. Também os casamentos de Santo António e as marchas populares fazem parte da tradição. Todos os bairros concorrem com as suas marchas que desfilam pela Av. da Liberdade, num espetáculo de cor e animação. Entretanto, espera-se a chegada do Verão que, como sempre, é recebido com alegria, principalmente pelos que, nesta época, entram de férias. De férias entrámos também, pois o ano letivo chegou ao fim, culminando com dois pontos altos: a festa de fim de ano que teve lugar no auditório da Junta de Freguesia de S. João de Brito e o almoço de homenagem aos professores da Academia que se realizou no Hotel Lutécia. Quer a festa, quer o almoço, foram bastante concorridos. Todos os grupos participantes atuaram com muito brilho, pelo que foram muito aplaudidos. O almoço teve a presença do Sr. Dr. José Nunes que, no seu discurso, referiu as dificuldades que a UMP atravessa, mas que, apesar disso, há que continuar a luta para bem cumprir a sua missão. O Sr. Eng. Luís Aires, presidente da Academia, transmitiu o que ao longo do ano foi feito, apesar das mesmas dificuldades que a crise acarreta, tendo também incentivado a prosseguir na mesma senda, mantendo o otimismo e coesão necessários para enfrentar os problemas e seguir em frente. Agradeceu a inestimável colaboração e dedicação de todos os conceituados professores desta Academia, onde a alegria união e solidariedade entre todos ficaram bem patentes.

Maria Deolinda Gonçalves

Academia de Cultura e Cooperação da UMP academiadecultura@ump.pt

A subir

Menos furtos desde 2008 O furto de azulejos na região de Lisboa baixou sete vezes desde o início do projeto SOS Azulejo, da Polícia Judiciária, há cerca de cinco anos. A UMP foi uma das promotoras deste programa.

Beja Presidente da UMP visitou Santas Casas do distrito O presidente da União das Misericórdias Portuguesas continua apostado em conhecer a realidade de todas as Santas Casas do país. Nos dias 4 e 5 de Junho, Manuel de Lemos esteve no distrito de Beja, onde visitou as congéneres de Almodôvar, Alvito, Vila de Frades, Vila Alva, Vidigueira, Messejana, Cuba e Aljustrel (na foto). Seguiu-se o distrito da Guarda (ver página ao lado), a 14 e 15 do mesmo mês, mas parte da visita teve de ser interrompida por causa da assinatura do protocolo no âmbito da linha de crédito de apoio à economia social (ver páginas 6 e 7).

A Descer Colapso do euro

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou recentemente que o colapso do euro poderá causar uma crise mundial comparável com a crise causada pela falência do banco Lehman Brothers em 2008.

A Frase

Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República

“Temos de mostrar à Europa que a solidariedade e a coesão são valores do interesse de todos, que a soberba nunca foi marca do europeísmo autêntico.”

O Número

10

anos de banco do tempo O Banco de Tempo comemorou 10 anos com um encontro internacional que contou, entre outros, com a presença de Maria de Belém Roseira, presidente da Mesa da Assembleia da UMP. Existem 32 bancos no país. As Misericórdias de Murtosa e Póvoa de Lanhoso são parceiras.

O Caso Chaves Jogos animam concelho Destinada aos seniores e às pessoas portadoras de deficiência, a II edição dos Jogos Populares do concelho de Chaves, organizada pela Misericórdia de Chaves, contou com a participação de mais de duas centenas de pessoas. Foram diversos os jogos tradicionais populares adotados pela equipa de animação, entre eles, o jogo da bola e dos pinos, jogo dos arcos, dominó, malha etc. O objetivo da iniciativa era a estimulação física e social, criando momentos de intercâmbio afetivo e a reabilitação ao nível da mobilidade. Foi a 30 de maio. Contrariando, um pouco, as rotinas do dia-a-dia num lar de terceira idade, a Misericórdia de Chaves quis fazer jus ao lema do Ano Europeu

do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações e para isso nada melhor que celebrar a vida, independentemente da idade. “Uma iniciativa extremamente importante, pois permite o convívio salutar, a prática desportiva e troca de experiências entre os idosos presentes nas diversas instituições do nosso concelho” frisou João Paulo Abreu, atual provedor daquela

instituição, durante a sessão de abertura do evento que decorreu na zona ribeirinha da cidade, na Alameda do Trajano, com espaço verde envolvente privilegiado. António Alves, de 75 anos, e utente da Misericórdia, diz “não se sentir com tantas forças como há uns anos”, mas garantiu: “participo sempre, só se não puder, pois divirto-me muito”.

Mais de 200 pessoas participaram


junho 2012 vm

www.ump.pt

3

ON-LINE

Voltando a Macau I Com S. Francisco Xavier, a caminho, e logo que fez aguada em Goa com as naus da sua viagem, ali surpreendeu já uma Misericórdia. De tal modo registou a surpresa, que logo deu conta e notícia a Santo Inácio

V

oltar a Macau, com o rejuvenescimento da sua Misericórdia, é retomar os caminhos das terras “onde nasce o sol”, e lembrar que, de Macau ao Japão, é um salto cheio de história, uma vez que D. Belchior Carneiro, quando foi enviado como primeiro Bispo de Macau, foi já com jurisdição sobre tudo quanto fosse o Oriente. Com S. Francisco Xavier, a caminho, e logo que fez aguada em Goa com as naus da sua viagem, ali surpreendeu já uma Misericórdia. De tal modo registou a surpresa, que logo deu conta e notícia a Santo Inácio, dizendo que encontrara “uma confraria de homens bons, cidadãos do melhor intervir, na vivência testemunho do melhor e mais humano exemplo de cidadania.” Chegado ao Japão, onde tivemos a gratíssima surpresa de o ver evocado em estátuas e memórias por todo o lado, bem como os seus padres missionários, e entre eles Luis Almeida em particular, logo fez ir a Macau alguns japoneses – homens e mulheres, para verem como era e o que fazia uma Misericórdia. Aprender a fazer e a testemunhar “ Misericórdia”, e na Escola de Macau, foi logo uma lição de primeira grandeza que nos veio do Oriente. E tão bem surpreenderam e apreenderam o segredo da sua estrutura e missão, que uma vez regressados ao Japão, a misericordiosa ideiamissão, logo se foi espalhando pelas grandes cidades; a pontos de chegarem a um quadro de honra de 14 Santas Casas - que tantas me foi dado conseguir inventariar nas minhas pesquisas, estudos e viagens orientais. E das 14 Santas Casas sublinho a de Nagasaki à frente, e as outras restantes estrategicamente disseminadas pelo imenso continente. Ali surpreendi em 1993, entre outras memórias da presença portuguesa, uma evocação num painel de azulejos numa esquina para duas avenidas: “Aqui foi a Santa Casa da Misericórdia”. Ora, evocar uma Misericórdia obriga-nos, de imediato, a lembrar que, e como, com a Santa Casa são de evocar logo três Hospitais: para homens, para mulheres e doentes terminais. Para não referir as primeiras tentativas de creches e jardins-escola; tendo-se em conta que a seleção da raça japonesa era feita logo ao nascer; e qualquer criança, mal nascida ou nascida com deficiências, era logo deitada no lixo. Mas a Misericórdia tinha berço e jardins-de-infância para todos. Não resistiram as Misericórdias à fúria da perseguição e do martírio, quando o Japão, denunciando e resistindo a um ocidentalismo que não tinha marca cristã, mas apenas de exploração comercial, sem ideias, mas só com ambições, resolveu cortar relações com o Ocidente, abrangendo a sua liquidação com perseguições que, não respeitando nem mesmo a fé dos missionários, respeitou apenas a Misericórdia e seus hospitais porque, tudo era acima de tudo, um testemunho de proximidade e bem-fazer. Essa é a essência do Compromisso de toda a Misericórdia que se preze com verdade e autenticidade. Continua

Barcelos Teatro no dia da criança Na Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, o Dia Mundial da Criança, celebrado a 1 de Junho, foi comemorado no Centro Infantil, onde cerca de 300 crianças se reuniram para uma tarde bem divertida e especialmente dedicada ao teatro. Os anfitriões pequeninos do Centro Infantil apresentaram aos seus convidados as peças “O Patinho Feio”, “O Macaco de Rabo Cortado”, “A Caixinha de Lápis de Cor” e “A Quinta do Zacarias”.

Reguengos de Monsaraz Festa para idosos reúne familiares A Misericórdia de Reguengos de Monsaraz promoveu recentemente uma feira sénior. A iniciativa reuniu mais de 200 pessoas, entre idosos, familiares e amigos. Outras instituições se associaram ao evento, entre elas a Misericórdia de Mourão. Workshops, música e dança deram animação à feira que também contou com a GNR para uma ação de sensibilização de idosos não institucionalizados, para situações de risco. Foi a 18 de Maio.

Tomar Residência sénior já em construção

Mirandela Sensibilizar para a eficiência energética

A Misericórdia de Tomar já deu o “pontapé de saída” para uma nova resposta social na localidade. No dia 23 de Maio, o provedor, Fernando Lopes de Jesus, assinou contrato de empreitada para a construção de residências assistidas. O edifício a construir será constituído por 3 pisos e contará com mais 35 apartamentos, sendo que 18 são individuais e 17 serão duplos. O investimento total da obra rondará os 2.300 milhões de euros.

A Santa Casa da Misericórdia de Mirandela celebrou o Dia da Visitação, 30 de Maio, numa cerimónia simbólica onde foram distribuídas lâmpadas economizadoras por famílias carenciadas. O objetivo passa por sensibilizar a população para a eficiência energética, com lâmpadas que consomem menos 80 por cento de energia que as incandescentes e podem durar até oito vezes mais, ajudando assim na poupança da fatura de eletricidade.

SLIDESHOW

Notícias de Gouveia

Opinião

Guarda Programa do governo altera visitas Manuel Ferreira da Silva

Historiador e fundador do Voz das Misericórdias

O presidente da UMP esteve no distrito da Guarda. O objetivo era conhecer a realidade daquelas Santas Casas. No primeiro dia, Manuel de Lemos visitou Trancoso, Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Pinhel. No dia seguinte, o responsável teve de cancelar parte das visitas por causa do lançamento do programa de apoio à economia social (ver páginas 6 e 7) e só esteve em Gouveia.


4

www.ump.pt

vm junho 2012

DESTAQUE

Estimular alternativas aos hospitais de agudos Durante inauguração da nova unidade da Santa Casa de Coruche, ministro da Saúde afirmou que cuidados continuados podem ser ‘alternativas sólidas’ aos hospitais

Bethania Pagin A Santa Casa da Misericórdia de Coruche inaugurou a sua unidade de cuidados continuados. Com 15 camas de longa duração e manutenção e outras 15 de média duração e reabilitação, o novo equipamento foi inaugurado pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, no dia 31 de maio. A lotação já está esgotada. Diante de largas dezenas de pessoas que se associaram à cerimónia, o ministro da Saúde reforçou a intenção em dar continuidade à aposta na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). “Esta unidade de cuidados continuados é também a demonstração da certeza de que o Ministério está atento aos novos desafios de uma população que mudou, que está a envelhecer e que exige novas respostas. Para essa população, com a ajuda de todos os profissionais de saúde, que sabemos serem competentes e dedicados, queremos não apenas o aumento da esperança de

vida, mas igualmente da qualidade e da dignidade da vida.” Para Paulo Macedo, o ideal seria que houvesse “uma correspondência ao nível dos hospitais, isto é, que por cada cama de cuidados continuados, fossem poupados lugares nos cuidados de agudos. Caso contrário, estaremos a adicionar despesa e a facilitar desperdício, que é exatamente o que não queremos”. Reconhecendo que a rede é “muito jovem”, Paulo Macedo referiu, à margem da cerimónia, que neste momento ainda não é possível avaliar o impacto da RNCCI nos hospitais de agudos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “No contexto de um serviço nacional de saúde, se não existirem alternativas sólidas ao hospital, aumentam as taxas excessivas de internamento hospitalar e a falta de continuidade de cuidados pós-agudos proporciona um aumento de abandonos precoces de planos de intervenção clínica, terapêutica e reabilitadora, provocando a agudização indevida de doentes crónicos. Os custos


junho 2012 vm

www.ump.pt

5

Primeiro-ministro em Borba O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho já confirmou a sua presença na cerimónia de lançamento da primeira pedra do terceiro centro para deficientes profundos da União das Misericórdias Portuguesas, em Borba.

NÚMEROS

2909

Camas A participação das Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é de 2909 camas.

49%

Do total da rede Em termos percentuais, as Misericórdias são responsáveis por cerca de 49 por cento das camas da rede.

1773

Camas A participação das Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é mais relevante na longa duração: 1773 camas.

951

Em média duração Média duração e reabilitação são a segunda tipologia mais presente entre as Santas Casas que integram a rede: 951 camas. UCC gerou 30 postos de trabalho

gerados são insustentáveis para o Sistema.” Por isso, continuou o ministro, o governo pretende “estimular todas as políticas que atuem ao nível da prevenção secundária e terciária, com reforço dos recursos para os centros de saúde, os cuidados continuados, o apoio social e os cuidados domiciliários, de modo a garantir uma gestão sustentável da doença crónica”. Atualmente, segundo dados apresentados por Paulo Macedo, a região de Lisboa e Vale do Tejo conta com 52 unidades de cuidados continuados, que correspondem a 1272 camas: 155 de convalescença, 68 de paliativos, 401 de média duração e 646 de longa duração. O número médio mensal de doentes sinalizados para a rede pelos hospitais e centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo é de 600. Sobre a expansão da rede, que inicialmente previa cerca de 10 mil camas, o ministro afirmou que o governo vai avançar “sempre que possível e à medida dos meios que nos forem sendo consignados”.

15

Para paliativos Os cuidados paliativos são os que registam o mais pequeno número de camas. Atualmente, apenas 15 camas são da responsabilidade das Misericórdias.

170

Camas Na tipologia de convalescença, a participação das Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados conta com 170 camas.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, também esteve naquela cerimónia e destacou que as Santas Casas estão disponíveis para ajudar o governo “nessa que é uma mudança necessária do SNS” e que passa pela “qualidade, pela racionalização de recursos e pela contenção dos custos”. “Estamos aqui para ajudar, senhor ministro”, rematou aquele dirigente. Manuel de Lemos também recordou o facto de aquela inauguração ter sido no Dia da Visitação (31 de maio), uma data conotada com as Misericórdias por instituição de D. Manuel aquando da criação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “É o dia em que celebramos a cooperação entre instituições da Igreja, do Estado e da sociedade civil”, afirmou Manuel de Lemos, fazendo referência à presença do arcebispo de Évora, D. José Alves. Durante a bênção do edifício, o prelado chamou a atenção para os idosos que não podem agora contribuir, mas já contribuíram. “Jesus Cristo não fazia distinção entre as pessoas, esse é o princípio do cristianismo que temos a obrigação de seguir”. A unidade de cuidados continuados da Misericórdia de Coruche tem o nome de um antigo provedor: Luís Dias. Segundo a atual responsável pela Mesa Administrativa, Maria Ribeiro da Cunha, a escolha tem a ver com uma merecida homenagem àquele que liderou a Santa Casa de Coruche durante 20 anos. A nova unidade custou cerca de dois milhões e 600 mil euros e criou trinta novos postos de trabalho na localidade. A maior parte da equipa é composta por jovens licenciados. Atualmente a Misericórdia de Coruche apoia cerca de 250 pessoas em lar, centro de dia e apoio domiciliário. No total, conta com 120 colaboradores. Para fazer face às despesas, a Misericórdia conta com as mais-valias de uma farmácia, mas, segundo a provedora, por causa da crise tem-se registado uma notória diminuição dos custos de exploração. A inauguração da unidade de cuidados continuados da Misericórdia de Coruche contou ainda com diversos representantes de entidades parceiras, como a Câmara Municipal, a Administração Regional de Saúde e o Centro Distrital da Segurança Social, entre outros, e diversos provedores. Atualmente, a participação das Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é de 2909 camas, um número que representa cerca de 49 por cento do total de vagas disponíveis em todo o território nacional. A tipologia mais relevante nas Santas Casas é longa duração, com cerca de 1770 vagas. Ver números ao lado.

Vila Viçosa inaugura cuidados continuados

UCC criou 25 empregos

Investimento de 2 milhões euros dedicado a quem mais precisa. Unidade de cuidados continuados foi inaugurada pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo Patrícia Leitão O mês de junho começou de uma forma especial para a Misericórdia de Vila Viçosa, que deu mais um passo na missão de servir quem mais precisa ao inaugurar a sua mais recente resposta, a unidade de cuidados continuados integrados de longa duração e manutenção. A funcionar desde fevereiro, e tendo já 29 utentes, este projeto representa um investimento de dois milhões de euros, tendo sido comparticipado pelo programa Modelar em 740 mil euros, e é de extrema importância para o concelho, não só pelo serviço que vai prestar à população mas também pelos 25 postos de trabalho que vai criar, a maior parte com qualificações de nível superior. É também o concretizar de um ambicioso desafio que, mesmo em tempo de crise, a instituição não quis deixar de fazer para bem de todos aqueles que vão poder usufruir deste equipamento. Integrada na rede nacional, esta unidade resulta de uma parceria entre a Misericórdia, o Ministério da Saúde e o Ministério da Segurança Social e, como nos explica o provedor, Jorge Rosa, pretende “dar resposta ao crescimento da procura, por parte das pessoas com dependência funcional

na prestação de cuidados de saúde”, e embora “represente um grande esforço financeiro para a Misericórdia não tenho dúvida de que é uma resposta social necessária neste Alentejo onde existe um envelhecimento acentuado”, garante. Jorge Rosa acredita que a construção desta unidade é mais um exemplo do espírito de missão que está presente no dia-a-dia das Misericórdia, que é “o de fazer o bem por aqueles que mais precisam”, constata, sem esconder que este é um dia muito emocionante e que honra os mais de 500 anos da Santa Casa de Vila Viçosa, sobretudo porque “mostra às pessoas que podem contar connosco”. A sua experiência, quer como provedor, quer como médico e diretor do Centro de Saúde, deram-lhe a convicção de lutar por este projeto pois “percebi que havia de facto esta necessidade e que tínhamos de criar condições para os idosos e os mais dependentes”, revela, confessando ainda a sua satisfação por ter contado com a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo. “Acho que é importante que os nossos governantes vejam como utilizamos os dinheiros públicos e a dedicação que demos a esta unidade, e que permitiu ter todo o conforto e todas as condições para acolher os utentes e trata-los o melhor possível”, realça Jorge Rosa. Representantes de várias entidades ligadas à instituição e ao projeto marcaram presença na inauguração. A União das Misericórdias Portuguesas esteve representada pelo membro do Secretariado Nacional, Carlos Andrade.


6

www.ump.pt

vm junho 2012

em ação

Manuel de Lemos discursou em nome de todo o setor social

Bolsa de oxigénio para ajudar quem ajuda Foi assinado o protocolo no âmbito da linha de crédito de financiamento do setor social. O objetivo é apoiar as instituições que estejam com dificuldades de tesouraria Bethania Pagin “Se a coesão está na solidariedade, as instituições do setor social podem ser os seus catalisadores”. A afirmação foi feita por Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e da Segurança Social, durante a cerimónia de assinatura do protocolo no âmbito da linha de crédito de financiamento do setor social. A parceria entre governo, União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Confederação Nacional das Instituições Sociais (CNIS) e União das Mutualidades (UM) foi formalizada no Ministério da Solidariedade

e Segurança Social e contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Foi a 15 de Junho. A linha de crédito de financiamento do setor social é uma das medidas previstas no Plano de Emergência Social. O objetivo é apoiar as instituições que, tendo avançado com empreitadas no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano e Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, estejam com dificuldades de tesouraria. Para Pedro Mota Soares, este apoio constitui uma “bolsa de oxigénio” para “ajudar quem ajuda”. “Só com parcei-

ros conseguiremos dar resposta a um maior número de situações. O Estado, por si só, pela sua dimensão, por ter recursos limitados, por ter maior dificuldade em se adaptar às novas exigências, não consegue chegar a tudo e a todos”, afirmou o ministro. “São 150 milhões de euros para ajudar quem ajuda, 150 milhões de euros como uma bolsa de oxigénio para as instituições se readaptarem às circunstâncias e às exigências que hoje têm e poderem recuperar a sua sustentabilidade”. Segundo Pedro Mota Soares, uma das prioridades deste governo é “for-

Montante máximo é de 500 mil euros Através desta linha de crédito para financiamento do setor social, cada instituição poderá aceder a um montante máximo de 500 mil euros, mas ao empréstimo estará associado um estudo de viabilidade financeira. As candidaturas deverão ser enviadas para a Segurança Social que faz a primeira triagem conforme os critérios de ordem formal. Recorde-se que o modo de funcionamento desta iniciativa foi debatido entre UMP, UM, CNIS, Instituto da Segurança Social (ISS) e Instituto de

Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS). As candidaturas validadas nesta primeira fase serão, de seguida, enviadas para as entidades representativas do setor social, que criarão grupos técnicos que serão responsáveis pelos estudos de viabilidade financeira, assim como pelo acompanhamento do processo. A aprovação final ficará sob a responsabilidade de uma comissão com representantes da UMP, da UM, da CNIS, do ISS e do IGFSS.


VOZDAS MISERICÓRDIAS

www.ump.pt

talecer o terceiro setor”. O acesso a essa linha de crédito, afirmou, implica um claro comprometimento de reestruturação organizativa, económica e financeira das instituições sociais. O plano inicial do governo era a criação de uma linha de crédito com um montante total de 50 milhões de euros. Os outros 100 milhões agora disponíveis serão viabilizados pelo Montepio Geral, cuja proposta, no âmbito de uma consulta às diversas entidades bancárias do país, foi a escolhida. “A melhor [proposta] sobe hoje a esta mesa. Mas conseguimos, com a entidade bancária que a apresentou, reforçar a linha de crédito em mais 100 milhões de euros. Assim, o Estado garante 50 milhões de euros e a instituição bancária 100 milhões de euros de acesso facilitado por via deste protocolo”, destacou o ministro da tutela. Para o presidente da UMP, que discursou naquela cerimónia em representação de todo o setor social, a parceria com o Montepio “assume um significado especial”. “Um banco é um banco, mas o Montepio Geral tem uma natureza que assenta como uma luva neste percurso de afirmação

A linha de crédito de financiamento do setor social é uma das medidas previstas no Plano de Emergência Social da economia social”, disse Manuel de Lemos. Segundo aquele responsável, este protocolo representa um olhar diferente do Estado português em relação à economia social, que tem peso na Europa, que cria e gera emprego duradouro e sustentável. “Infelizmente, em Portugal, tem-se olhado para a economia social, quase sempre, com um olhar paternalista a que se recorre no discurso, em períodos eleitorais. Mas são protocolos como este que podem marcar e marcam a diferença”, concluiu. Para Manuel de Lemos, este protocolo reveste alguns aspetos inovadores. “Um deles consiste na responsabilização da CNIS, da UM e da UMP nos pareceres que daremos sobre a concessão da linha de crédito. E quero garantir-lhe que não nos colocaremos na posição cómoda de dizer a tudo que sim. Só assim poderemos contribuir para, com rigor, promovermos a sustentabilidade das nossas associadas.” O presidente da entidade bancária escolhida, o Montepio Geral, também esteve na cerimónia. Para António Tomás Correia, “não fazia sentido” não ser o Montepio o parceiro nesta iniciativa do governo. “Somos instituições de economia social. Emanamos da sociedade civil e trabalhamos pelas pessoas”, afirmou aquele responsável.

Correio do leitor Como contactar-nos: Correio Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Email: jornal@ump.pt

As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reservase o direito de selecionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos.

VOZDAS MISERICÓRDIAS

Leia, assine e divulgue Para assinar, contacte-nos: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: jornal@ump.pt


8

www.ump.pt

vm junho 2012

em ação

Um terço dos portugueses em França no limiar da pobreza ser saudado, pois, pela primeira vez, diversas estruturas com intervenção na vida social, cultural, associativa, empresarial e solidária da Comunidade, partilham o mesmo espaço. Em virtude da proximidade e da convergência de preocupações, o diálogo, a troca de informações e o intercâmbio de experiências em áreas de intervenção diferentes, será enriquecedor para todos e consolidará a união, sendo plausível que, num futuro não muito afastado, se possam promover ações em comum.” Mas para que o espaço seja aproveitado, a Santa Casa parisiense precisa de mais voluntários. “Infelizmente, o número de voluntários é extremamente reduzido, o que tem como consequência sobrecarregar demasiado aqueles que aceitam cooperar e, por outro lado, limitar as intervenções que conviria fomentar. Para que o novo espaço produza os resultados esperados, é necessária a participação dum número muito maior de voluntários, disponíveis para colaborar de acordo

Misericórdia de Paris apoio portugueses em França

Para fazer face às necessidades dos portugueses em França, a Misericórdia de Paris está a procurar novos voluntários

Cerca de um terço dos portugueses em França dispõem de rendimentos que os colocam ao nível do limiar de pobreza ou mesmo abaixo Bethania Pagin Cerca de um terço dos portugueses residentes em França dispõem de rendimentos que os colocam ao nível do limiar de pobreza ou mesmo abaixo. A informação é da Santa Casa da Misericórdia de Paris que há 18 anos se preocupa com a realidade dos portugueses que emigraram para aquele país. De acordo com o atual provedor, Joaquim Silva Sousa, foi há alguns anos que os responsáveis pela Misericórdia perceberam que a situação social dos portugueses em França era mal conhecida. “Para conhecer melhor a conjuntura e eventuais dificuldades, promoveram-se contactos, estabeleceram-se parcerias, recolheram-se elementos quantitativos e qualitativos, organizaram-se encontros e fizeram-se estudos, designadamente em relação

com o envelhecimento, com as reformas, com os rendimentos e com as perspectivas futuras. Os dados e informações recolhidos, com a colaboração da Embaixada de Portugal e da Caisse nationale d’assurance vieillesse (CNAV), fizeram ressaltar uma imagem menos otimista.” Os mais vulneráveis, neste momento, são os aposentados com pequenas reformas e sem rendimentos complementares; os ativos com empregos precários e com salário mínimo ou inferior; as vítimas de acidentes de trabalho, de doenças profissionais ou de invalidez, cujas rendas ou pensões foram recusadas ou subavaliadas em relação às sequelas sofridas; os trabalhadores chegados recentemente de Portugal em situação de precariedade; e os desempregados de longa duração. Para Joaquim Silva Sousa é “urgente lançar novas iniciativas como a recolha de géneros alimentícios, a distribuir por famílias e pessoas sós, em situação de precariedade”. Contudo, continua aquele responsável, é igualmente “primordial respeitar a vontade e a dignidade das pessoas” porque grande parte desses casos, por pudor

Fluxos de emigração no 18.º aniversário A exploração levada a cabo por alguns portugueses que se aproveitam da situação de fragilidade dos compatriotas coabita com gestos profundos de solidariedade realizados por outros membros da comunidade portuguesa. Esta é uma das conclusões do debate sobre os novos fluxos da emigração portuguesa. Promovido para celebrar os 18 anos da Misericórdia de Paris, o debate contou com a presença do presidente honorário da União das Misericórdias Portuguesas, Vítor Melícias. Os participantes também foram unânimes em afirmar que a diversidade dos perfis e das situações vividas pelos portugueses que diariamente chegam a França requerem um esforço redobrado das autoridades portuguesas. No que respeita aos novos emigrantes, dificuldades com a língua francesa e a inadequação dos cursos de alfabetização para um público com qualificações académicas são as complicações mais comuns.

e vontade de não dar a conhecer o seu estado de infortúnio, procura encobrir a situação em que se encontram. Desde o Natal de 2008 que a Misericórdia de Paris recolhe e distribui mantimentos. Para fazer face às necessidades dos portugueses em França, a Misericórdia de Paris não tem tido “mãos a medir” e por isso está a procurar novos voluntários. “Todo o trabalho e responsabilidade recaem sobre um número reduzido de membros, cuja renovação se tem afigurado difícil, em razão da escassez de candidatos”, refere o provedor. Recentemente, a Câmara de Comércio e de Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP) assinou um contrato de aluguer comercial com a Régie Immobilière de la Ville de Paris de locais destinados a escritórios, junto à Porte de Vanves, em Paris 14. “Mandou executar obras de renovação e subalugou parte desse espaço que é partilhado por outras estruturas associativas ligadas à comunidade portuguesa, como a própria CCIFP, Cap Magellan, Coordenação das Comunidades Portuguesas em França e a Misericórdia de Paris.” “É um evento pioneiro que merece

com a disponibilidade de cada um”. Para assinalar a disponibilidade e obter mais informações sobre a Misericórdia de Paris, os contactos são: 01 79 35 11 03 ou contact@scmisericordia.com A Santa Casa da Misericórdia de Paris foi fundada a 13 de Junho de 1994 e nos dias 16 e 17 de Junho tiveram lugar as cerimónias de comemoração do 18.º aniversário (ver caixa). A sua ocupação principal prende-se com a resolução dos problemas específicos com os quais se confrontam os portugueses residentes em França, particularmente aqueles que passam desapercebidos ou não são tidos em consideração pelos serviços competentes de ambos os países. As primeiras atividades destinaram-se essencialmente aos detidos, aos falecidos abandonados e aos necessitados de apoio de emergência. Num segundo momento, fomentaram-se novas áreas de intervenção, convindo referir as que dizem respeito aos idosos, aos enfermos, aos indigentes, aos desempregados de longa duração, aos jovens sem formação e àqueles que necessitam de apoio material, mas também moral e afetivo.


junho 2012 vm

www.ump.pt

9

Sardinhada no Lar Virgílio Lopes O Lar Virgílio Lopes, da União das Misericórdias Portuguesas, reuniu utentes, familiares, amigos, dirigentes e colaboradores numa sardinhada que assinalou o dia de santo António naquela instituição.

Software gratuito para setor social

Esposende na rota dos peregrinos

Instituições sociais e a Microsoft Portugal celebraram protocolo que visa disponibilizar programas informáticos gratuitos às organizações

A partir de Junho a Misericórdia de Esposende vai expandir o seu apoio aos peregrinos que percorrem o caminho português da costa, rumo a Santiago

Bethania Pagin

Alexandre Rocha

As instituições sociais e a Microsoft Portugal celebraram recentemente um protocolo com o objetivo de disponibilizar programas informáticos gratuitos às organizações sociais no valor de quatro milhões de euros anuais. O acordo foi celebrado entre a União das Misericórdias Portuguesas (UMP), a CNIS e a União das Mutualidades, sob patrocínio do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social. O secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, foi o promotor desta iniciativa. O protocolo prevê o acesso ao Programa Internacional de Doação

A partir do mês de Junho a Santa Casa da Misericórdia de Esposende vai expandir o seu apoio aos peregrinos que percorrem o caminho português da costa, rumo a Santiago de Compostela. Os caminhantes passarão a ter à sua disposição, na Igreja da Misericórdia local, um carimbo para assinalar a sua passagem por Esposende. A oferta já abrangia o apoio médico através do Hospital da Misericórdia na cidade, além de alojamento, apoio que é prestado no albergue das Marinhas. Para a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Esposende, Emília Vilarinho Zão, “o apoio aos peregrinos é uma função secular das Misericórdias”. Como ressalta, os hospitais estiveram sempre ao serviço destes viajantes, no caso de Esposende, desde o século XVI, de quando data o primitivo imóvel que albergou o hospital na cidade. Manuel Miranda, presidente da Associação Jacobeia de Esposende “Via Veteris” (http://www.viaveteris.pt/), explica melhor a importância deste novo facto: “Para obter a ‘compostelana’, que é um diploma que confirma que o indivíduo efetuou a peregrinação, deverá percorrer, no mínimo, cem quilómetros a pé, ou duzentos quilómetros, se for a cavalo ou de bicicleta”. Para ter acesso aos apoios prestados ao longo da jornada, todo o peregrino deverá ter uma credencial, uma espécie de

Protocolo vai disponibilizar produtos, bem como a legalização de software que esteja a ser indevidamente utilizado de Software da Microsoft e visa a disponibilização gratuita de um vasto conjunto de produtos (cerca de 30) a instituições sociais, bem como a legalização de software que esteja a ser indevidamente utilizado, num máximo de 25 licenças por cada produto cedido às instituições previamente identificadas. Segundo comunicado oficial, a Microsoft afirmar prosseguir assim “o seu objetivo de tornar a tecnologia acessível a todas as pessoas e organizações”. De acordo com Claudia Goya, diretora geral da Microsoft Portugal, “é imperativo dotar as ONG das ferramentas necessárias para que possam enfrentar o embate social da crise económica, mas também para que possam melhor responder às necessidades das comunidades envolventes”. “Ao disponibilizarmos as mais inovadoras tecnologias, estamos a contribuir para uma prática de gestão de excelência e, simultaneamente, a ampliar a capacidade de resposta e intervenção destas organizações”, concluiu. O protocolo está disponível no site da UMP.

Caminho português é já o segundo mais utilizado

“passaporte”, que deverá ser carimbado em pelo menos dois locais até ao seu destino final. Este documento, que é obtido através das diversas associações jacobeias, garante que estas normas sejam cumpridas. O que ocorre é que o caminho português da costa estende-se, a partir de Esposende, por pouco mais que os duzentos quilómetros. Antes, contudo, sem poderem carimbar a sua credencial na origem, os peregrinos da zona de Esposende tinham de iniciar a sua caminhada em São Pedro de Rates, cerca de vinte quilómetros mais a sul. Em 2011, chegaram a Santiago quase 184 mil peregrinos, através dos diversos caminhos que se estendem por toda a Europa. Embora o caminho francês seja o mais percorrido (72%

do total), o caminho português é já o segundo mais utilizado (20%). Entre os estrangeiros, curiosamente aqueles que mais optam pelo caminho português são os alemães, embora se encontrem as mais diferentes nacionalidades, conforme revela Manuel Miranda, que afirma também que caminhar próximo ao mar é particularmente apreciado por muitos peregrinos. No entanto, a identidade cultural é levada cada vez mais em conta, o que já motivou a promoção do caminho português no Brasil. As motivações para cumprir o desafio também são bastante diferenciadas. Apesar de a religião ser a principal delas, amiúde encontram-se peregrinos de credos não cristãos.

Não só as informações logísticas importam, mas também aquelas ligadas ao património histórico e arquitetónico, pois muitos peregrinos planeiam a sua viagem tendo em conta estes dados. Em Esposende, na Igreja da Misericórdia, imóvel quinhentista, encontra-se a “Capela dos Mareantes”, cuja abóbada ricamente conservada e decorada com figuras em relevo polícromo é muito procurada pelos peregrinos. O que mais prejudica os caminhos nacionais é o facto de não estarem devidamente sinalizados. “É de se lamentar a falta de apoio e coordenação de entidades supramunicipais”, frisa Manuel Miranda, sublinhando a importância das Misericórdias, Câmaras e Juntas de Freguesia.

Férias na praia para idosos de Torres Novas Utentes da Misericórdia de Torres Novas estiveram numa colónia de férias na Marinha Grande A Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas teve um mês de Junho recheado de atividades para os idosos dos seus equipamentos sociais. Por altura dos santos populares, cerca de 60 seniores se reuniram para uma sardinhada na Nazaré. Foi no Parque de Merendas

de Valado dos Frades a 15 de Junho. Segundo comunicado da instituição, apesar de todo o dia ter sido muito agradável, o que mais agradou os idosos foi o passeio na praia no fim do dia. Uns dias mais tarde, entre 22 e 28 de Junho, 46 utentes – do Lar Dr.

Carlos Azevedo Mendes, da Casa de Repouso Visconde de S. Gião, do Centro de Dia José Maria Viegas Tavares e do Centro de Dia S. Simão – participaram numa colónia de férias na Praia do Pedrogão, no concelho da Marinha Grande. Os idosos ficaram hospedados na Casa de Praia das Cáritas Diocesana de Leiria. Segundo comunicado da Misericórdias de Torres Novas, “além de

proporcionar aos seus utentes um período de lazer, procura-se desenvolver o convívio intergeracional com diversas atividades de animação”. Para assegurar os cuidados e as atividades, estiveram o passeio contou com a presença de três técnicas e três funcionárias. Recorde-se que é prática comum entre as Santas Casas promover atividades de verão para os idosos, mas também para outros grupos e utentes.


10

www.ump.pt

vm junho 2012

em ação

De mãos dadas com a cultura em Penafiel A política do museu da Misericórdia de Penafiel passa sempre pela visita guiada. Quem chega tem sempre acompanhamento e tudo merece explicação Paulo Sérgio Gonçalves A solidariedade e a cultura de mãos dadas. Este é o mote lançado pela Santa Casa da Misericórdia de Penafiel para atrair cada vez mais visitantes ao museu da instituição situado no coração da cidade. O espaço museológico da Igreja da Misericórdia engloba uma coleção de arte sacra desde o século XVI ao século XX. O espaço está dividido por salas temáticas: a primeira, no rés-do-chão com uma coleção de pintura, escultura, cerâmica, alfaias litúrgicas e painéis de indulgências. No primeiro andar, o visitante pode observar a sala dedicada a Maria, com pintura e escultura de temas marianos. Neste local, há uma outra sala que retrata a vida de Cristo com uma escultura em marfim do século XVIII e pinturas relacionadas. No coro alto, está patente ao público, uma exposição de bandeiras da procissão da Páscoa, soltando-se daí

um olhar privilegiado de toda a igreja. No salão nobre pode ser apreciada uma notável coleção de mobiliário, e o quadro a óleo do único Bispo da Diocese de Penafiel D. Ignácio de S. Caetano (1770-1778). Para o provedor Júlio Mesquita, “as Misericórdias não se devem furtar à cultura” e, cada vez mais, deve estar de mãos dadas com a solidariedade social. Uma das lacunas sentidas prende-se com o facto de estes espaços não estarem inseridos na rede institucional de museus o que impossibilita acesso a fundos que ajudem a sustentar estes locais de arte. “Se quisermos restaurar algo, tem que ser a expensas próprias, o que dificulta a sobrevivência”, lamenta.

O espaço museológico da Igreja da Misericórdia engloba uma coleção de arte sacra desde o século XVI ao século XX A responsável do Museu de Arte Sacra, Rita Pedras, salienta ao Voz das Misericórdias (VM) que “quem nos visita, entra um bocadinho a medo, mas quando se deparam com a realidade ficam maravilhados”. A política do museu passa sempre pela visita guiada. Quem chega, tem sempre acompanhamento e tudo o que a vista alcança merece explica-

ção. Ninguém sai dali sem resposta. “Pretende-se estabelecer uma interação muito direta com o público. Todos os que por aqui passam têm de ficar a saber o que é a Misericórdia, qual o seu papel e a importância que assume na história da cidade”, explica Rita Pedras. Esta responsável garante ao VM que, brevemente, será também explorada a história dos beneméritos e de outras funções desempenhadas pela instituição. As parcerias estabelecidas têm ajudado a dinamizar o espaço para que, cada vez mais, o museu seja um destino “obrigatório”. O museu agregado à Igreja da Misericórdia, está aberto diariamente das 14 às 18 horas com exceção de sexta-feira e domingo. Mas, mesmo nesses dias, e com marcação prévia, ninguém fica à porta. Ao lado do museu e, num espaço alugado pela instituição, foi inaugurada recentemente uma loja onde se vendem produtos tradicionais. “Da nossa terra” é o nome deste projeto que é uma parceria da Santa casa com a autarquia e a cooperativa agrícola local. Numa fase seguinte, é intenção da Santa Casa começar a vender merchandising do museu. Aliar a tradição popular ao carácter mais erudito é um dos propósitos. “O profano e o sagrado caminham sempre lado a lado” ressalva Rita Pedras.

Aliar a tradição popular ao carácter mais erudito é um dos propósitos da Santa Casa

Receitas nas misericórdias

Bolos de Alpalhão

INGREDIENTES (80 bolos)

MODO DE PREPARAção:

1 pão em massa 10kg de farinha sem fermento 5kg de açúcar 0,250kg de Royal 0,300g de erva-doce (sementinhas) 1 colher de sopa de canela 2 copos (vinho) de água ardente 12 laranjas (raspa e sumo) 1 “mão cheia” de sal grosso 6 dúzias de ovos 1,50L de azeite

Num alguidar de barro coloca-se a farinha, o açúcar, a canela, a erva-doce (sementinhas) e Pó Royal, envolvendo-se tudo com as mãos. Junto à borda do alguidar faz-se uma cova, afastando os outros ingredientes, deita-se azeite, água ardente, raspa e sumo da laranja, os ovos, sal e por fim o pão em massa, que se irá desfazer com as mãos nesses líquidos, na borda do alguidar. Depois do pão bem desfeito envolve-se o resto dos ingredientes, que já estão no alguidar e amassa-se muito bem, até que ao puxar a altura de 60cm, e ao cair fique em castelo, (em zig zag), não deixar ficar demasiado tenra. Por fim polvilha-se com farinha fazendo-se uma cruz pequena no centro da massa. Fica a massa a descansar de um dia para o outro. No dia seguinte, tende-se como se fosse pão, com mais ou menos 300g cada bolo. Antes de entrar no forno são untados com ovo. Os bolos são uma tradição de Alpalhão. Antigamente era feito para segunda-feira de Páscoa e no segundo dia de casamento.

Preço:

DIFICUDADE:

€€€€€

,,,,,


259x351_JSC.pdf

1

1/16/12

10:16 AM

a s a C a t n a S s . o s g a o s J u a s c o n s a r o a t b s Apo creditar nas éa C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

truir futuros. s n o c a r a d ju sas ra a balhamos pa ibuto que dá às boas cau a tr a s a C ta n Nos Jogos Sa so agradecer-lhe o contr ndo-nos a levar r is da Queremos po sta nos jogos sociais, aju recisam. p po sempre que a perança àqueles que mais s. es r Boas Causa ia o p a é m diariamente a é b m Santa Casa ta s o g o J s o n r Aposta



junho 2012 vm 13

www.ump.pt

em acção

Música no Parque da Prelada O terreiro do Jardim da Casa da Prelada, da Misericórdia do Porto, foi palco, no dia 2 de Junho, de um concerto protagonizado pelo Ensemble de Trompetes do Conservatório de Música do Porto.

Marchas e sardinha no S. João em Tavira Sardinha assada, música e bailarico animam os utentes, familiares e toda a comunidade que festejam a rigor o São João na Misericórdia de Tavira Nélia Sousa O cheiro a sardinha assada já se sente no ar. O fumo que sai dos enormes fogareiros denuncia que a festa está prestes a começar. Aos poucos os convidados vão chegando. O espaço exterior, onde decorre o arraial, está enfeitado com flores de papel e outros objetos, minuciosamente feitos pelos utentes, contando sempre com a preciosa ajuda das animadoras. Não há memória de quando se começou a festejar o S. João na Misericórdia de Tavira, mas todos são unânimes: a festa há muito que se faz. Só que aos poucos tem vindo a ganhar mais notoriedade e prestígio. Esta é considerada a maior festa da instituição, das inúmeras que se fazem ao longo do ano. “Todas as semanas temos festa, damos baile e aqui a Isabel é a maior dançarina de cá. Tem a particularidade de deixar os homens apaixonados por ela” explica-nos Manuel Martins, provedor da Misericórdia de Tavira. Isabel Emília Vidigueira é uma das utentes que se prepara para desfilar. “Isto é tudo meu. Quem manda aqui sou eu”, brinca, num tom divertido e animado, pondo toda a gente a rir. Há mais de vinte anos que é uma das residentes do lar onde gosta de estar. Exímia dançarina, Isabel está ansiosa para que o bailarico de S. João comece, mais não seja para dançar, afinal como nos conta: “Eu agora vou dançar, ou um tango, ou uma valsa, qualquer coisa. Estou pronta para a festa”. E a festa de S. João não se faz sem a famosa sardinha. Mais de 80 quilos de sardinha, metade oferecida pelo fornecedor de peixe da Misericórdia, estão prontas a ser devoradas, em cima do pão, e comidas com a mão, como manda a tradição. Entre o fumo da carne e da sardinha as habilidosas cozinheiras lá vão preparando o manjar que há-de encher a barriga de todos. “Já assei trinta quilos de sardinha e fizemos quase 50 litros de sangria” revela ao VM Idalina Jesus, cozinheira na Santa Casa de Tavira que hoje, apesar de ser o seu dia de folga, prontificou-se a ajudar para que

Utentes criaram as próprias roupas

tudo corresse bem. Afinal ali todos trabalham em equipa para proporcionar aos mais idosos momentos únicos. “Isto é bom para os idosos. É um dia diferente, e eles precisam para não estarem sempre sentados. Vêem outras pessoas, apanham um bocadinho de ar”. A festa de S. João da Misericórdia de Tavira está inserida nas festas da cidade e por isso toda a comunidade é convidada a vir. Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, é peremptório: “Este ano Tavira vai comemorar o S. João com festa durante três dias e mais um, aqui na Misericórdia. Este dia de arraial popular aqui vale tanto como um dia lá em baixo para toda a gente”. O autarca reconhece o valor da instituição que considera uma casa de vida, de saber e de amizade. “Aqui é que se mostra a vitalidade de uma instituição”, refere. Não é por acaso que a autarquia decidiu atribuir este ano, no dia da cidade, à Santa Casa de Tavira a Medalha de Honra, “a maior distinção que se atribui em termos municipais e que mostra a relevância do trabalho que a Misericórdia faz”. Um reconhecimento

que deixa cheio de orgulho o provedor, pois “os utentes são a razão de ser da nossa instituição”, que conta já com 514 anos de vida. Uma festa para todos Foram dois meses intensos de trabalho. Entre papéis, quadras, enfeites dos arcos e chouriços de papel e decoração dos trajes, os idosos da Misericórdia de Tavira dedicaram o seu tempo e o seu saber à preparação da festa de S. João. Agora, de fatos coloridos e bem ornamentados, os 10 utentes estão prontos a mostrar o resultado do seu trabalho. Aproxima-se a hora do desfile e a vontade de sair à rua é grande e visível nos rostos de cada um. Joaquim de Jesus, de 81 anos, espera divertir-se muito nesta sua primeira marcha onde lhe cabe também a tarefa de ler alguns versos que partilhará com o público. Aliás a sua veia poética é reconhecida por todos e, segundo dizem, não há papel que sobre para tanta inspiração. O seu talento será reconhecido no dia do idoso com o lançamento de um livro

onde todo o seu saber se materializará. Agora as atenções estão voltadas para a marcha popular que este ano se faz pela segunda vez. Depois de uma ausência de cinco anos as marchas estão de volta ao arraial de S. João da instituição. “Não houve nenhuma razão em especial para termos parado, mas se calhar este ano houve mais disponibilidade para participar, mesmo da parte dos idosos”, explica Diana Leiria, técnica superior na Misericórdia de Tavira.

Sardinhas vão saltando do assador para o pão e o baile convida todos a dançar. Nem o provedor faltou ao pezinho de dança Vestidos a rigor, com fatos recicláveis, feitos de sacos do lixo industriais e decorados com pequenas flores de papel, a festa teve em conta também a preservação do meio ambiente. Os fatores ecológicos e económicos foram sempre tidos em conta, na preparação do arraial, mostrando que com a colaboração de todos é possível levar diversão e alegria a muita gente. Qual o segredo?

“O fornecedor ofereceu-nos quatro caixas de sardinha das oito que comprámos. Outro fornecedor ofereceu-nos a carne para grelhar. Os familiares trouxeram sobremesas, e o resto somos nós que fazemos, mas tudo se consegue com boa vontade”, explica Diana Leiria. E é com boa vontade e enorme alegria que as 14 pessoas que compõem a marcha, entre utentes e funcionários, iniciam o desfile, sobre o olhar atento de todos os presentes, segurando os cinco arcos que representam a festividade de S. João e cantando ao som do acordeão de Silvino, que dizem ser o melhor acordeonista de Tavira. A fechar o desfile o Sr. Joaquim, com a voz bem colocada, irrompe: “A 13 do mês de Junho Santo António se comove, S. João a 24 e o S. Pedro a 29”. A festa continua entre as sardinhas que vão saltando do assador para o pão, a sangria que vai refrescando as gargantas secas numa tarde quente de quase Verão, os bolos que aguçam o apetite dos mais gulosos e o baile que convida todos a dançar. E nem o provedor faltou ao pezinho de dança.


14

www.ump.pt

vm junho 2012

EM FOCO

Voluntários e colaboradores asseguram produção

‘E há mais!’ é aposta nas tradições da terra Com broas e doces variados, objetivo da Santa Casa de Canha é aproximar a irmandade da população, gerar mais-valias para as respostas sociais e promover o património imaterial da região Bethania Pagin Doce de melão, de cenoura, de tomate, de maçã com passas. Licor de hortelã, funcho, poejo. Broas e bolos de mel. Estas e outras tantas delícias são as mais recentes apostas da Santa Casa da Misericórdia de Canha. O objetivo da produção de doces e licores tradicionais é triplo: aproximar a irmandade da população local, gerar mais-valias que apoiem o funciona-

mento das diversas respostas sociais e também promover o património imaterial da região. A ideia surgiu há cerca de quatro anos, contou ao Voz das Misericórdias a provedora da Santa Casa de Canha, no concelho do Montijo. De acordo com Honorina Silvestre, há uns anos o Instituto do Emprego e da Formação Profissional viabilizou formações ligadas aos doces e licores tradicionais. Contudo, aquela região tem pouca

oferta de empregos (a Misericórdia é a maior empregadora na freguesia) e os formandos acabaram, mais tarde, por integrar o quadro de colaboradores da instituição. Naquela altura, a Mesa Administrativa pretendia, de alguma forma, aproveitar aquele “saber fazer” tão ligado às tradições da terra, mas ainda não sabia exatamente como. A produção dos doces e licores começou aos poucos, com pequenas

iniciativas. No início, nas festas da própria Misericórdia, e depois nas festas da comunidade. Os utentes e os familiares sempre apreciaram aquelas guloseimas. Nas festas locais o agrado também era geral. Com o passar do tempo, foram também surgindo pequenas encomendas. Foi então que nasceu a ideia de criar uma marca que viabilizasse a comercialização daqueles produtos. “E há mais!” nasceu há uns meses

com uma imagem relacionada com o padroeiro da instituição: São Sebastião. Com este pontapé de saída que foi o logotipo, a Misericórdia de Canha tem ainda uma série de outros projetos associados. Na calha está o aproveitamento de um espaço que a Santa Casa tem no centro da vila e que, ao longo dos tempos, serviu de celeiro, de cadeia, de salão de banho etc. Sem utilização atualmente, a Misericórdia pretende


junho 2012 vm 15

www.ump.pt

Receitas são tradicionais da região

recuperar o edifício para transforma-lo num espaço gourmet onde serão vendidos os seus produtos e não só. Em conversa com o Voz das Misericórdias, Honorina Silvestre contou que Canha costumava ter, todos os anos, um festival gastronómico (com apoio da entretanto extinta Junta de Turismo), em que a comunidade toda participava com pratos salgados e doces. Com a abertura do novo espaço, a Misericórdia quer também recuperar este festival. A candidatura já foi apresentada porque para este projeto é necessário apoio, referiu a provedora, destacando

que as contas da instituição encontram-se numa situação de “precário equilíbrio” e daí a importância de novas formas de financiamento (ver caixa). A proposta prevê a criação de cinco novos postos de trabalho. Atualmente, a produção está a ser assegurada por um grupo de voluntários e pelos colaboradores que têm o “saber fazer” adquirido através do curso do IEFP. Entre eles, está a cozinheira Dília Neto. Quanto ao festival, a provedora contou que a ideia passa por promover um concurso para selecionar

as melhores receitas tradicionais da região. Depois de escolhidos, os melhores pratos vão integrar um menu de degustação no novo espaço. Se tudo correr bem, o festival vai integrar as festas do Dia da Misericórdia, celebrado a 20 de janeiro por causa do padroeiro. As parcerias com produtores locais é outra aposta no âmbito deste projeto e a experiência já está a decorrer com uma adega local. Sob a marca “E há mais!” está a ser comercializado um vinho tinto de mesa, mas para breve deverá estar disponível um DOC (Denominação de Origem Controlada). Segundo Honorina Silvestre, a ideia é “emprestar a marca”, associar a ela um conjunto variado de vinhos e também incentivar a responsabilidade social. As mais-valias daquelas vendas serão partilhadas entre Santa Casa e as adegas interessadas em integrar este projeto. Se tudo correr como o desejado, outros produtores locais serão convidados a colaborar, fornecendo os produtos que depois serão transformados pela equipa da Santa Casa. Mas para manter a qualidade da marca, proveniência de cultura biológica será a principal exigência da instituição.

Economia social é caminho a seguir Santa Casa da Misericórdia de Canha, que já tem quase 400 anos de existência, apoia cerca de 200 pessoas. Todas as respostas estão certificadas Bethania Pagin Atualmente, a Santa Casa da Misericórdia, que já tem quase 400 anos de existência, apoia cerca de 200 pessoas em lar, apoio domiciliário, centro de dia e atividades de tempos livres. Cerca de 80 por cento dos idosos em lar têm grandes dependências. A instituição apoia também 40 famílias carenciadas. Ao todo, são 63 os colaboradores. Todas as respostas estão certificadas segundo a norma ISSO 9001. Mesmo ao lado do lar estava a ser construída uma unidade de cuidados continuados. A empreitada ficou por concluir porque a empresa responsá-

vel entrou em processo de falência. De acordo com Honorina Silvestre, a instituição pretender retomar a obra o mais brevemente possível. Além de ser uma resposta que faz falta à comunidade, a unidade também vai representar a criação de 30 novos postos de trabalho. Para provedora, o caminho a seguir é inquestionavelmente a economia social. Apenas assim, acredita aquela responsável, será possível potenciar o futuro da instituição. Além da comercialização de produtos tradicionais, a Misericórdia de Canha tem diversos outros projetos que, aos poucos, espera Honorina Silvestre, poderão tornar-se realidade. Aquele concelho é maioritariamente rural e está casa vez mais despovoado por causa da pouca oferta de emprego. Um dos objetivos da Santa Casa é tentar reverter essa situação. Vários projetos estão a ser preparados. A recuperação do património arquitetónico também está prevista.


16

www.ump.pt

vm junho 2012

terceira idade

Coros marcam vocação cultural Misericórdia da Golegã levou a cabo o terceiro encontro de coros. Foi na Igreja Matriz a 7 de Junho e contou com as Santas Casas de Gouveia, Santo Tirso e Vila do Bispo

Encontro foi na Igreja Matriz

Vozes femininas em Vila Velha de Ródão

Encontro de cantares seniores em lagos

São 20 as colaboradoras da Misericórdia de Vila velha de Ródão que integram o Grupo Coral Feminino da instituição. A primeira apresentação pública teve lugar no último mês. Segundo comunicado da instituição, a iniciativa só foi possível por causa da “perseverança dos seus elementos”.

No âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações, a Misericórdia de Lagos promoveu o I Encontro de Grupos de Cantares Seniores, a 29 de Maio. Entre outras instituições, a iniciativa contou com a participação das Santas Casas de Portimão e Vila do Bispo.


junho 2012 vm 17

www.ump.pt Utente celebra 102 anos em Sines Isabel Meco, utente do lar da Misericórdia de Sines, celebrou 102 anos de vida. A festa que reuniu familiares, dirigentes, colaboradores e outros utentes teve lugar no passado dia 13 de Junho.

Filipe Mendes As Misericórdias têm-se assumido, cada vez mais, como um motor de desenvolvimento das comunidades onde se inserem, exercendo uma influência crescente nas áreas da saúde, educação, preservação do património e, também, no domínio da cultura. Esta vertente ficou bem marcada num encontro de grupos corais, o terceiro, que a Santa Casa da Misericórdia da Golegã levou a cabo na Igreja Matriz daquela vila ribatejana no dia 7 de Junho. António José Martins Lopes, provedor da instituição, não tem dúvidas que iniciativas deste género “entusiasmam e estimulam” não só os utentes, mas também toda a comunidade. “As pessoas sentem-se motivadas e isso é muito importante”, disse. “Estas ações implicam trabalho e dedicação, mas as Misericórdias têm de dar este salto qualitativo, abrindo as suas portas e receber toda a gente”, referiu. Para o também presidente do Secretariado Regional de Santarém, torna-se cada vez mais necessário que as comunidades, sobretudo as mais envelhecidas, “sintam que há quem as apoie”. Na ótica do responsável, as Misericórdias terão, assim, de incrementar a realização deste tipo de manifestações culturais, mostrando, simultaneamente, trabalho que desenvolvem: “há que acompanhar o espírito dos tempos”, referiu. Considerando ser necessário pros-

Coro da Academia Sénior da Misericórdia da Golegã conta com 36 elementos, do concelho da Golegã e Chamusca seguir o objetivo da certificação de qualidade dos serviços, António José Martins Lopes diz ser fundamental contrariar a “ideia passadista” de que as Misericórdias funcionam ainda com pressupostos do século XIX. “São precisamente dinâmicas deste género que podem contribuir para esse fim”, disse o responsável, frisando que a iniciativa, que juntou cinco grupos corais do norte ao sul do país, foi também uma oportunidade para envolver os diversos equipamentos da instituição que serve atualmente cerca de 300 utentes. Fundado em 1992, o Coro da Academia Sénior da Golegã surgiu no seio da Academia Sénior e estreou-se num recital de Natal, no Lar Rodrigo da Cunha Franco, sob a direção do maestro José Dias. No seu historial, constam já diversas participações, em encontros de coros, concertos de homenagem à padroeira de Portugal, “Imaculada

Conceição”, promovidos na Igreja Matriz da Golegã. Já atuou ao lado de grupos conceituados a nível internacional, como o “Canto Sospesso” de Milão, Itália e participou em diversos encontros nacionais, promovidos pelas Misericórdias portuguesas, com destaque para os encontros de Santo Tirso, Fundão e Santiago do Cacém. Sempre que é solicitado, o grupo tem contribuído para a dinamização cultural do país, e dos concelhos vizinhos e animados eventos promovidos por instituições do distrito de Santarém. Atualmente, o Coro da Academia Sénior da Misericórdia da Golegã conta com a participação de 36 elementos, do concelho da Golegã e Chamusca. Este encontro, uma espécie de “homenagem à música”, contou com a participação, para além do grupo coral anfitrião da Golegã, dos coros das Misericórdias de Gouveia, Santo Tirso, Vila do Bispo, assim como do Paraíso Social de Aguada de Baixo. Retomar encontros nacionais de coros O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, afirmou recentemente que gostaria de ver retomada a organização dos encontros nacionais de coros das Misericórdias. A declaração foi feita, no âmbito da visita que fez ao distrito na Guarda (ver Slideshow na página 3), durante uma reunião com dirigentes da Misericórdia de Gouveia, que organiza um encontro de coros a 30 de Junho e a quem o presidente da UMP lançou o desafio de retomarem os encontros nacionais. Ao que o Voz das Misericórdias conseguiu apurar, foram realizados quatro encontros nacionais de coros. O último teve lugar em Santiago do Cacém e reuniu mais de mil pessoas. Foi em Maio de 2005. No ano anterior, o encontro havia sido organizado pela Santa Casa do Fundão. Mais de duas mil pessoas estiveram presentes. Entre elas, 800 eram membros dos seguintes coros: Alvaiázere, Aveiro, Cerva, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Évora, Fundão, Golegã, Gouveia, Grândola, Lisboa, Ovar, Pavia, São João da Madeira, Santiago do Cacém, Santo Tirso, Sesimbra, Setúbal, Sines, Soure, Trancoso, Vila Nova de Famalicão, Vila Verde, para além do coro da Academia de Cultura e Cooperação da UMP. O jornal Voz das Misericórdias tem conhecimento de que há outras Misericórdias com grupos corais. Utentes e colaboradores são, normalmente, as principais “vozes” dessas iniciativas, mas há exemplos de coros em que também participam dirigentes.

Idosos ativos em Angra do Heroísmo Para assinalar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo, a Misericórdia de Angra do Heroísmo tem planeadas diversas atividades ao longo do ano Humberta Augusto Competiram em olimpíadas, construíram brinquedos e ainda cozinharam com os mais novos – assim se assinala, na Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, nos Açores, o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. Os idosos do lar e as crianças do jardim-de-infância da Misericórdias juntaram-se, ao longo do mês de Junho, para partilhar experiências, ensinamentos e, acima de tudo, bem-estar. Pelo Dia Mundial da Criança, a sala de convívio da terceira idade transformou-se em recreio infantil e em oficina de trabalhos manuais. Juntos, construíram brinquedos, ajudaram-se entre si, trocaram carinho. Mais do que as pequenas cercas de madeira para a quinta de animais de plasticina, feita para os meninos, e das trancinhas que haverão de suportar malinhas de retalhos para as meninas, o importante foi o encontro.

Encontro que, noutra manhã, levou novamente estes idosos e os técnicos da instituição a meterem as “mãos na massa” na confeção de biscoitos de manteiga e de rosquilhas, numa iniciativa justamente apelidada de “Recordar a arte de cozinhar”. Apesar da destreza já não ser a mesma, não faltou rapidez no relembrar de segredos de culinária, de ingredientes e temperos de outros tempos. Mas o maior teste às capacidades dos idosos da Misericórdia e não só, uma vez que envolveram outros lares e centros de convívio, esteve nas “Olimpíadas do Envelhecimento Ativo”. Ao longo de um dia, 24 atletas dos 60 aos 80 anos, testaram aptidões físicas e intelectuais, com muita diversão pelo meio. Malha, bowling, testes de cultura geral, bordado, pintura e rimas – foram algumas das provas “olímpicas”. O vencedor, a apurar, além do título de “o mais ativo” do concelho, ganhará uma viagem a Bruxelas, numa “competição” promovida pela eurodeputada açoriana Maria do Céu Patrão Neves. Segundo a educadora social da instituição e responsável pela organização dessas iniciativas, Ana Pereira, a intergeracionalidade colocada em prática nestas iniciativas revela-se de “extrema importância”. “Alguns dos idosos acabam por perder os laços

familiares e estes momentos acabam por ser ocupacionais, lúdicos e psicoafectivos: é uma troca muito rica”, porque, além de “valorizar”, acaba por “desmistificar o envelhecimento”. Ana Pereira esclarece que, a par do programa criado para assinalar o Ano Europeu – com atividades planeadas ao longo dos doze meses –, a Santa Casa de Angra, por ter a particularidade de possuir respostas sociais de creche e jardim-de-infância, aposta no constante e regular encontro entre os seus mais novos e idosos utentes. Recorde-se que o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações (AEEA 2012) visa chamar a atenção para a importância do contributo dos idosos para a sociedade e incentivar os responsáveis políticos e todas partes interessadas a tomarem medidas para criar as condições necessárias ao envelhecimento ativo e ao reforço da solidariedade entre as gerações. A União das Misericórdias Portuguesas é uma das entidades parceiras e está representada na comissão nacional pelo vice-provedor da Santa Casa de Borba, Rui Bacalhau. Estreitamente ligadas com a questão do envelhecimento, as Misericórdias estão a organizar diversos eventos no âmbito do AEEA 2012.


AF_anunc_molicareactive.pdf

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

1

12/10/10

4:38 PM


junho 2012 vm 19

www.ump.pt

saúde

Assegurar boas práticas e segurança dos utentes Dezembro de 2011, às Misericórdias. Os farmacêuticos estão a trabalhar desde Janeiro deste ano. Ao fim deste período, o GMS considera que o balanço é positivo. “Está assegurada a conformidade com os preceitos legais, o que salvaguarda as UCC da possibilidade de aplicação de coimas por parte das autoridades competentes”. No que respeita à organização e normalização processual da gestão do medicamento nas UCC, de acordo com as boas práticas e de modo a garantir a segurança dos utentes, têm vindo a ser desenvolvidos documentos técnicos estruturantes, tais como procedimentos e instruções de trabalho, que estão a ser implementados em “velocidade cruzeiro” nas unidades. Para o efeito, os responsáveis do GMS destacam “colaboração e proatividade dos mesários e profissionais das Misericórdias”. Para acompanhar o processo, foi igualmenCinco farmacêuticos estão a apoiar as UCC

Cinco farmacêuticos estão a dar apoio às Misericórdias com unidades de cuidados continuados integrados Bethania Pagin São cinco os farmacêuticos que atualmente estão a apoiar as Santas Casas que atuam no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Para que isso fosse possível, a União das Misericórdias Portuguesas teve de solicitar um regime de exceção junto do Infarmed. Em causa estava a necessidade de assegurar as boas práticas e a segurança dos utentes no âmbito da gestão do medicamento, mas também a sustentabilidade das instituições. Ao fim de alguns meses,

o balanço é positivo. Segundo informação do Grupo Misericórdias Saúde (GMS), no âmbito da Lei Geral do Medicamento e outra regulamentação associada, o pedido de exceção ao Infarmed foi solicitado “no sentido de fazer face à obrigação de as unidades de saúde terem cobertura técnica de um farmacêutico, mas também com objetivo de assegurar as boas práticas e a segurança dos utentes no âmbito da gestão do medicamento e de conseguir, simultaneamente, melhores preços e condições na aquisição de fármacos”. Ainda de acordo com o GMS, estava previsto que a UMP constituísse junto do Infarmed os processos formais das Misericórdias aderentes e contratasse farmacêuticos para assegurar a cobertura dessas unidades, numa perspectiva partilhada, de forma a reduzir os custos que teria uma contratação direta e exclusiva por cada uma das Santas Casas. “Este regime de exceção assume importância crucial para a sustentabilidade das unidades de cuidados continuados (UCC) das Misericórdias,

na medida em que permite atingir os objetivos, ultrapassando as dificuldades que decorrem da impossibilidade legal diretor técnico de farmácia de uma UCC acumular iguais funções noutra unidade ou farmácia de comunidade.” A primeira fase de implementação prática do projeto passou pela compilação e validação dos processos individuais das UCC, mas também pela definição de um formulário de

Maioria das Misericórdias com cuidados continuados já está a beneficiar de custos reduzidos na aquisição medicamentos para aprovação pelo de medicamentos Infarmed, pelo processo de recrutamento e seleção de farmacêuticos para constituição da equipa e respectivo processo de afetação territorial dos mesmos (reportado e acompanhado pelo Infarmed) e, finalmente, pelo estabelecimento de prioridades de intervenção e de uma metodologia de trabalho. Todo esse processo foi comunicado, numa reunião em Fátima em

Certificações de qualidade As certificações de qualidade recentemente atribuídas a quatro Misericórdias foram obtidas através da empresa Joint Comission International (JCI). A opção pela JCI como entidade acreditadora, explicaram à data os responsáveis do Grupo Misericórdias Saúde (GMS), teve a ver, sobretudo, com dois aspetos. Primeiro porque em Portugal ainda não há metodologias específicas para a área de cuidados continuados. Por outro lado, a JCI é uma empresa com renome internacional e, por isso, uma garantia de

qualidade e rigor. Contudo, e ao contrário do que é habitual neste tipo de procedimento, a JCI apenas assegurou a auditoria final. Toda a parte de consultoria e formação ao longo do processo foi assegurada através do GMS. Ao longo de cerca de dois anos, foram feitas diversas auditorias internas, assim como consultoria nas áreas de qualidade e controlo de infeção e muita formação. O GMS também apoiou as Santas Casas envolvidas através da elaboração de indicadores e protocolos para prestação de cuidados.

te criada uma Comissão de Farmácia e Terapêutica da UMP. Outra vantagem desta iniciativa é a redução de custos de aquisição já que as Misericórdias envolvidas podem proceder à aquisição direta à indústria, grossistas e distribuidores. “Além disso, tem vindo a ser desenvolvido um processo de negociação no mercado de medicamentos, que permite obter propostas sinérgicas, facilitadas pelo volume de compras do grupo, que se traduzem em melhores preços e condições para as Santas Casas.” Esta informação tem sido apresentada às Misericórdias, que na sua esmagadora maioria já iniciaram a aquisição direta, beneficiando assim de uma redução de custos. Paralelamente, um formulário de medicamentos está a ser utilizado nas UCC. Além da racionalização da medicação usada, aquele documento ajuda a minimizar desperdícios e contribui também para a obtenção de dados que serão para a negociação das condições de aquisição dos medicamentos.


20

www.ump.pt

vm junho 2012

património

Viana do Castelo acolhe exposição de Serralves A Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo está a acolher, até dia 15 de Julho, a exposição “Livre circulação”, da Fundação de Serralves Susana Ramos Martins Um cartaz com fundo azul e letras brancas colocado por cima da porta debruada a granito trabalhado convida-nos a entrar. “Livre circulação”, mais do que um título é um apelo. Não o ignoramos e entramos. O barulho de obras chega-nos aos ouvidos. Cruzamo-nos com um operário, o que provoca alguma estranheza e dúvida, mas um outro cartaz mais adiante, colado a um tapume e uma seta azul desfazem qualquer receio. Prosseguimos, seguindo com atenção as setas, que nos indicam o caminho por entre o som de marteladas. Uma escadaria em granito recentemente limpo deixa adivinhar o melhor. “Livre circulação” - Coleção da Fundação de Serralves, até 15 de Julho em Viana do Castelo. A informação, desta vez, está inscrita na parede, ao lado da porta que permite a entrada numa sala branca, bem arejada e fresca. O chão e as paredes estão preenchidos por meia dúzia de obras de arte contemporânea. Um folheto explica: “Livre Circulação é uma exposição que reúne obras de artistas fundamentais das últimas quatro décadas existentes na Coleção

Exposição tem tido cerca de 20 visitantes por dia

da Fundação de Serralves, redefinindo e cruzando os limites da experiência da arte e dos lugares onde ela é apresentada. O confronto individual nessa superação dos limites não diminui a acessibilidade a esse confronto que a exposição propiciará e que o seu título traduz. O conceito de circulação, com a sua inerente mobilidade de pontos de vista e de referências por parte do espetador, é explorado a partir de obras que utilizarão sobretudo a escultura, a pintura, o desenho e o vídeo como suporte”. Estamos na Santa Casa da Misericórdia, localizada na Praça da República, centro de Viana do Castelo, um dos locais da cidade escolhidos para acolher algumas das obras dos 35 artistas cujos trabalhos dão corpo a esta mostra de arte. Helena Almeida, Lothar Baumgarten, Filipa César, Helena Almeida e Fernanda Fragateiro são os autores dos trabalhos em exposição neste espaço, com séculos de existência, criando, assim, um contraste e um diálogo entre “o moderno e o antigo”. É o que acredita o provedor da instituição. Vitorino Reis aceitou de imediato o repto lançado pela autarquia local e pela Fundação de Serralves. “O nosso intuito é começar a abrir a Misericórdia à cidade, que é um dos nossos objetivos”, explica. “Queremos que as pessoas se habituem a entrar na Misericórdia outra vez, porque a instituição esteve fechada durante muitos anos”. No sentido de abrir cada vez mais a instituição à comunidade, estão a

decorrer obras em vários edifícios emblemáticos, avaliadas em 1 milhão de euros. Depois de concluídas, o que deverá acontecer no final do ano, todos eles serão abertos e disponíveis para integrar outras iniciativas promovidas pela autarquia local e outras instituições. E as pessoas têm entrado, mesmo com as obras a decorrer. As setas azuis têm ajudado. E dentro daquela sala branca, já toda renovada, os exemplares de arte contemporânea expostos despertam os sentidos. Ouvem-se grilos, apesar de não estarmos no campo. Uma espécie de janela na parede, tapada com um tecido de veludo azul, está colocada na parede, e desperta a atenção. Segue-se um quarto escuro, com imagens do campo (é daqui que sai o som dos grilos); outra vez na sala branca, uma tela de grandes dimensões serve de suporte à projeção de slides; depois uma outra “janela” amarela; e uma “cama de relva” que está colocada no centro da sala é ao alvo de todas as atenções e convida ao descanso e á contemplação. A nossa visita é seguida pelo olhar atento de Patrícia Morais, tarefeira do museu. Segundo revela, esta mostra de Serralves em pleno Alto Minho está a ser um sucesso. Só ali, na Misericórdia, têm ido uma média diária de 20 pessoas espreitar obras de arte contemporânea. E as reações têm sido as mais variadas. “Há quem goste e fique algum tempo; há quem entre e saia logo de seguida e há quem peça para explicar”.



22

www.ump.pt

vm junho 2012

voz ativa Editorial

VM

Opinião

Voz das Misericórdias

Vivi a minha juventude numa pequena aldeia perto de Beja. Por essa altura, estava-se na época de 60 e a minha primeira imagem de uma Misericórdia é uma imagem colorida de um cortejo de oferendas que as casas agrícolas mais importantes da região faziam, no final das colheitas de verão, com os seus carros e máquinas agrícolas alegremente decorados, competindo entre si, quer pela decoração quer pela importância da oferenda. Esta era fundamentalmente constituída pelos produtos da recente colheita. O resultado desse cortejo muito visto e participado por habitantes da cidade e arredores, que se apinhavam nas ruas mais importantes para o ver passar, era entregue à Santa Casa da Misericórdia de Beja, que tinha como principal resposta, se não a única, o Hospital de Beja, conhecido como “Hospital Civil de Beja (Hospital da Nossa Senhora da Piedade), que era a principal unidade de saúde do distrito. Como curiosidade e que contrasta com a atualidade, o trabalho dos médicos que prestavam serviço no hospital era gratuito, gerindo esses médicos algumas camas onde internavam os seus doentes cobrando-lhe os serviços que lhes prestavam. Outras Misericórdias do distrito tinham como principal atividade, em especial as que se situavam nas sedes de concelho, pequenos hospitais concelhios também conhecidos como “Hospitais Civis” ou simplesmente “Hospitais da Misericórdia”, na maior parte das vezes os únicos serviços de saúde desses concelhos, completando a “rede” dos serviço de saúde de então, como eram o caso das Misericórdias de Cuba, Vidigueira, Ferreira

Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo

Paulo Moreira

paulo.moreira@ump.pt

Gerir com mais eficácia Ao criar uma linha de crédito para as instituições do setor social no valor de 50 milhões de euros, o governo mostrou estar especialmente atento às dificuldades e problemas com que este setor se debate

A

linha de crédito, com juros bonificados e dois anos de carência, demonstra atenção do governo em relação à economia social, que vem assumindo, na Europa e em Portugal, um crescente peso no PIB, gerando emprego duradouro e sustentável e dinamizando a economia das comunidades. A entidade bancária escolhida é o Montepio Geral, que se tem mostrado disponível para reforçar a linha de crédito com mais 100 milhões, o que a acontecer será uma muito boa notícia. Para esta iniciativa, contou o governo com a colaboração dos representantes das IPSS, das Mutualidades e das Misericórdias, que participaram ativamente num grupo de trabalho criado para o efeito, tendo como preocupação primeira definir uma metodologia aplicável a todas as instituições que se venham a candidatar. É também de realçar que esta linha de crédito, na sua aplicação, responsabiliza e envolve as organizações representativas, ao pedir-lhes que emitam pareceres vinculativos sobre as candidaturas apresentadas pelas suas associadas. Se é verdade que neste momento difícil é maior a pressão sobre as Misericórdias, que por vezes sentem acrescidos problemas para comprimirem a sua missão, é também verdade que esta linha de crédito pode constituir - e seguramente constituirá - um importante instrumento de apoio à sustentabilidade das nossas instituições, que terão para isso de fazer um estruturado esforço de gerir com mais eficácia, combatente o desperdício e procurando novos caminhos para fazer mais e melhor com menos recursos. A UMP, por seu lado, tudo fará para ajudar as Misericórdias que recorram a esta linha de crédito, tendo criado uma equipa técnica para o efeito. Com rigor e realismo, poderemos dar passos seguros no sentido de robustecer as Misericórdias, que poderão assim responder melhor a todos quantos a elas recorrem.

Propriedade: União das Misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Tels: 218 110 540 218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: jornal@ump.pt Tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Misericórdias Normal - €20 Benemérita – €30 Outros: Normal - €10 Benemérita – €20 Fundador: Dr. Manuel Ferreira da Silva Diretor: Paulo Moreira Editor: Bethania Pagin Design e Composição: Mário Henriques Publicidade: Paulo Lemos Colaboradores: Alexandre Rocha Filipe Mendes Humberta Augusto Nélia Sousa Patrícia Leitão Paulo Sérgio Gonçalves Susana Ramos Martins Assinantes: Sofia Oliveira Impressão: Diário do Minho – Rua de Santa Margarida, 4 A 4710-306 Braga Tel.: 253 609 460

José Alberto Rosa

Provedor da Misericórdia de Mértola

Criatividade face a novos desafios

A dinâmica das Misericórdias é imparável e apesar de na sua grande maioria não disporem de grandes patrimónios, a dedicação dos seus mesários e a sua criatividade, têm originado o aparecimento de novos serviços

Como Contactar-nos

Correio VM

Correio Rua de Entre campos, 9, 1000-151 Lisboa Fax 218 110 545 email jornal@ump.pt

Brincadeira engraçada

União das Misericórdias Portuguesas

Eu, Mário Piteira, utente do centro de dia da Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro, venho por este meio enviar e ao mesmo tempo solicitar que seja colocada a circular na internet, esta minha brincadeira para com o Dr. Luís Raimundo, ao qual eu pedi autorização para a publicação. Tomo esta liberdade depois de me ter sido pedida a co-

do Alentejo, Serpa, Moura, Mértola, Almodôvar, Aljustrel e Ourique. Nesses serviços faziam-se alguns milagres, como sejam intervenções cirúrgicas, que hoje apenas são realizadas em serviços hospitalares sofisticados. Claro que essas intervenções tinham muitos riscos para os doentes, mas geralmente a sua não realização e a urgência como não havia outras respostas, podia significar a morte do paciente. As restantes Misericórdias possuíam serviços religiosos ou de beneficência apoiando as famílias e indivíduos desfavorecidos, indigentes, como eram designados nessa altura, existindo, como era o caso da Misericórdia de Messejana, uma confraria de irmãos que desempenhava essas funções. Apenas as Misericórdias de Serpa e Cuba possuíam pequenos lares conhecidos como o “Asilo da Misericórdia”. O de Cuba possuía 26 camas e ainda hoje se pode ver numa placa identificativa no local. A origem das Misericórdias do distrito de Beja situa-se na sua grande maioria no século XVI em datas pouco precisas (1521-1580). São exceção as Misericórdias de Beja, Vidigueira e Serpa que já comemoraram 500 anos de existência. Normalmente a data de fundação das Misericórdias não é conhecida, existindo documentos no acervo municipal ou das próprias Misericórdias que se referem à sua existência. Há algumas histórias curiosas em relação a este facto, como é o caso da Misericórdia de Mértola: O visitador da Ordem de Santiago, na sua visita normal que se verificava de dez em dez anos, ao passar por Mértola observou que os telhados da Igreja

As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito de seleccionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos

laboração tanto para o jornal, como para colocar na internet e por me parecer uma brincadeira engraçada. “Luís Raimundo o teu nome Médico a tua profissão Estamos todos a sofrer Precisamos de compreensão És bom profissional Nós precisamos de atenção Alivia-nos o mal Pedimos-te compreensão Casaste, estás feliz Teu futuro está certo

Toda a gente diz Que devias estar mais perto Não casaste mais cedo Acho que fizeste bem Também por esse motivo Eu te dou os parabéns” Nota da Misericórdia: Esta foi a forma que o utente do centro de dia encontrou para dar os parabéns pelo casamento, e não só, ao médico da instituição. Mário Piteira Vimieiro


junho 2012 vm 23

www.ump.pt

reflexão

do Espírito Santo e celeiros anexos, pertencentes à confraria do mesmo nome, estavam em mau estado de conservação, deixando dinheiro para a sua reparação. Dez anos passados, na visitação seguinte, verificou que a situação se mantinha. Indignado decidiu entregar a dita igreja e os celeiros da mesma à Irmandade da Misericórdia de Mértola. Constitui pois, o relatório dessa visitação, um dos primeiros documentos que refere a existência da Misericórdia de Mértola (1554). O 25 de Abril veio, como não podia deixar de ser, interferir com a

vida das Misericórdias e as do distrito de Beja não foram exceção. Quando foram dados os primeiros passos na construção do Serviço Nacional de Saúde com a criação dos Centros de Saúde, ou simplesmente a passagem dos Hospitais das Misericórdias a Hospitais Concelhios, todas as Misericórdias que possuíam serviços de saúde foram espoliadas dos seus bens, existindo ainda na atualidade algumas “feridas” por sanar. É exemplo disto a Misericórdia de Moura, que viu ser-lhe retirado o edifício do Convento do Carmo onde

passou a funcionar o Centro de Saúde de Moura enquanto não foi construído um edifício novo. Atualmente o imóvel está classificado como monumento nacional, mas encontra-se em ruínas apesar dos esforços da Misericórdia em reaver a sua posse. Novos horizontes se abriram e na generalidade as Misericórdias do distrito quebraram algum conservadorismo que existia nos seus dirigentes e começaram a ser vistas como um instrumento indispensável para dar resposta às muitas necessidades sociais que o processo em curso no país ia

revelando. Foi assim que começaram a surgir novos lares de terceira idade, no início em edifícios adaptados para o efeito e que foram sendo substituídos por construções de raiz, centros de dia, apoios domiciliários, ateliês de tempos livres, creches e jardins-de-infância. A dinâmica das Misericórdias é imparável e apesar de na sua grande maioria não disporem de grandes patrimónios, a dedicação dos seus mesários e a sua criatividade, têm originado o aparecimento de novos serviços e respondido aos desafios que lhe têm colocado como é exemplo a Rede

VOZDAS MISERICÓRDIAS

Leia, assine e divulgue Junto envio cheque ou vale-postal para pagar a assinatura do Jornal Voz das Misericórdias pelo período de um ano.

Nome: Morada: Código Postal: Telefone:

Enviar para: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: jornal@ump.pt

Número de assinante (se já lhe tiver sido atribuído): Email:

Escolha a modalidade que pretende e marque com um X Assinante Normal 10 euros Assinante Benemérito 20 euros

Nacional dos Cuidados Continuados, a Intervenção Precoce, o Rendimento Social de Inserção e presentemente a criação de cantinas sociais. Se os serviços estatais, em especial a Segurança Social e mais recentemente a Saúde, nem sempre nos tratam com a correção que entendemos merecer, apesar de nos desgastar um pouco, não nos desvia da nossa missão que é servir os outros em especial os mais desfavorecidos e necessitados, dando resposta às necessidades crescentes que uma sociedade madrasta tem criado.


Serralves Viana do Castelo acolhe exposição Património

Pág. 20

D. Albino Cleto, bispo de Coimbra entre 2001 e 2011, faleceu a 15 de Junho. O prelado foi sepultado na sua terra natal, Manteigas. Albino Mamede Cleto desempenhou vários cargos na Conferência Episcopal Portuguesa e atualmente fazia parte da Comissão Episcopal para a Liturgia e a Espiritualidade.

Parceria para apoiar sem-abrigo A Misericórdia do Porto e a Associação Empresarial de Portugal assinaram, a 25 de Junho, um protocolo de cooperação no âmbito da iniciativa “Compro o que é nosso”. Objetivo é unir esforços para prestar apoio aos sem-abrigo através da angariação de produtos alimentares, vestuário e calçado.

UMP representada no Vaticano O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas foi de novo convidado para ser orador durante a próxima Conferência Internacional promovida pelo Pontifício Conselho para as Pastoral da Saúde, em Novembro de 2012 no Vaticano. Manuel de Lemos vai falar sobre o tema “A missão das Misericórdias para os que sofrem”.

Em Ação

Pág. 10

Panorama

Págs. 2 e 3

0612

www.ump.pt

ÚLTIMAHORA

Adeus a D. Albino Cleto

UMP Presidente visitou Beja e Guarda

Receita Bolos tradicionais de Alpalhão

Entrevista

Marco António Costa, Secretário de Estado da Segurança Social

‘Parceiros sociais têm sido fundamentais’ Recentemente, o senhor ministro das Finanças anunciou uma nova lei da concorrência. O senhor secretário de Estado tem sido um grande defensor da economia social. Como considera que a lei da concorrência se deve compatibilizar com as instituições do terceiro setor de forma a não ser ela a por em causa a sua sustentabilidade? A concorrência é uma matéria que, estou certo, ficará salvaguardada pela Lei de Bases da Economia Social. Esta lei encontra-se em debate na especialidade na Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho da Assembleia da República. Não tenho dúvidas que a lei que resultará do debate e reflexão que está a ocorrer terá como um dos seus principais objetivos a salvaguarda da sustentabilidade das instituições do terceiro setor. O governo lançou um fundo de apoio ao setor social. Que objetivos pretende atingir? O governo lançou uma linha de crédito

Marco António Costa

de apoio às instituições da economia social, no valor de 150 milhões de euros, por 7 anos, com juros bonificados. São 150 milhões de euros para ajudar quem ajuda, para garantir uma bolsa de oxigénio para Instituições em graves dificuldades financeiras e que permitirá a permanência de muitos postos de trabalho. Como podem as Misericórdias colaborar com o governo na

presente crise? Sempre afirmei publicamente que só com a ajuda e empenho da rede social e solidária, nomeadamente as Misericórdias, o País poderá ultrapassar esta crise. Os parceiros sociais têm sido fundamentais na preparação e implementação das diferentes medidas lançadas no setor social, garantindo que as mesmas cheguem aos destinatários mais carenciados.

As Misericórdias têm aderido em força ao programa das cantinas sociais. Está satisfeito com essa adesão? Acha que se pode ir mais longe? Sim, estou muito satisfeito com a adesão das Misericórdias. Aliás, o trabalho desenvolvido tem ido muito mais além do que era expectável e, por isso, estou confiante que ainda poderemos ir mais longe neste programa que avaliamos de forma muito positiva. O presidente da UMP tem referido muitas vezes a cooperação exemplar entre este governo e a UMP no domínio da segurança social. Pelo seu lado, como avalia essa cooperação? Avaliamos igualmente como exemplar. Acreditamos que é fator determinante de sucesso no nosso trabalho, em prol das pessoas, o conhecimento da realidade, a experiência do terreno e o saber acumulado das Misericórdias, que tem veiculado para o nosso processo de decisão o presidente da UMP, Dr. Manuel Lemos.

Descubra a Misericórdia na sua terra Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Benedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas Entradas Entroncamento Ericeira Espinho Esposende Estarreja Estombar Estremoz Évora Évoramonte Fafe Fão Faro Fátima/Ourém Felgueiras Ferreira do Alentejo Ferreira do Zêzere Figueira de Castelo Rodrigo Figueiró dos Vinhos Fornos de Algodres Freamunde Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares da Beira Loulé Loures Louriçal Lourinhã Lousã Lousada Mação Macedo de Cavaleiros Machico Madalena Mafra Maia/Açores Maia/Porto Mangualde Manteigas Marco de Canaveses Marinha Grande Marteleira Marvão Matosinhos Mealhada Meda Medelim Melgaço Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira Odemira Oeiras Oleiros Olhão Oliveira de Azeméis Oliveira de Frades Oliveira do Bairro Ourique Ovar Paços de Ferreira Palmela Pampilhosa da Serra Paredes de Coura Paredes Pavia Pedrogão Grande Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor Portalegre Portel Portimão Porto de Mós Porto Santo Porto Póvoa de Lanhoso Póvoa de Santo Adrião Póvoa de Varzim Povoação Praia da Vitória Proença-a-Nova Proença-a-Velha Redinha Redondo Reguengos de Monsaraz Resende Riba de Ave Ribeira de Pena Ribeira Grande Rio Maior Rosmaninhal S. Bento Arnóia/Celorico de Basto S. Brás de Alportel S. João da Madeira S. João da Pesqueira S. Mateus do Botão S. Miguel de Refojos/Cabeceiras de Basto S. Pedro do Sul S. Roque de Lisboa S. Roque do Pico S. Sebastião S. Vicente da Beira Sabrosa Sabugal Salvaterra de Magos Salvaterra do Extremo SangalhosSanta Clara-a-Velha Santa Comba Dão Santa Cruz/Madeira Santa Cruz da Graciosa Santa Cruz das Flores Santa Maria da Feira Santar Santarém Santiago do Cacém Santo Tirso Santulhão Sardoal Sarzedas Segura Seia Seixal Semide Sernancelhe Serpa Sertã Sesimbra Setúbal Sever do Vouga Silves Sines Sintra Soalheira Sobral de Monte Agraço Sobreira Formosa Soure Sousel Souto Tábua Tabuaço Tarouca Tavira Tentúgal Terena Tomar Tondela Torrão Torre de Moncorvo Torres Novas Torres Vedras Trancoso Trofa Unhão Vagos Vale de Besteiros Vale de Cambra Valença Valongo Valpaços Veiros Venda do Pinheiro Vendas Novas Viana do Alentejo Viana do Castelo Vidigueira Vieira do Minho Vila Alva Vila Cova de Alva Vila de Cucujães Vila de Frades Vila de Óbidos Vila de Pereira Vila de Rei Vila de Velas Vila do Bispo Vila do Conde Vila do Porto Vila Flor Vila Franca de Xira Vila Franca do Campo Vila Nova da Barquinha Vila Nova de Cerveira Vila Nova de Famalicão Vila Nova de Foz Côa Vila Nova de Gaia Vila Nova de Poiares Vila Pouca de Aguiar Vila Praia da Graciosa Vila Real de Santo António Vila Real Vila Velha de Rodão Vila Verde Vila Viçosa Vimeiro Vimieiro Vimioso Vinhais Viseu Vizela Vouzela

Onde mora a solidariedade


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.