Congresso Voluntariado marca debate nas ilhas Em Acção Pág. 12
Chaves Lar de crianças e jovens existe desde anos 40
Educação
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Brasil Santas Casas debatem cuidados continuados Em Acção
VOZDAS MISERICÓRDIAS
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União das Misericórdias Portuguesas
director: Paulo Moreira | ano: XXVII | setembro 2011 | publicação mensal Nutrição
Pecados com conta e medida não fazem mal
Tecnologia Já está pronto o projecto de apoio domiciliário
Uma alimentação saudável está longe de ser uma alimentação “desensabida”. Com peso e medida, é possível cometer alguns ‘pecados’ sem comprometer a saúde, especialmente na terceira idade. O VM contactou três Santas Casas para saber como se isso se faz nas instituições. Saúde, 16 e 17
O aumento do número de vagas em creche não vai representar mais despesas para as Misericórdias. A garantia é do presidente da União das Misericórdias Portuguesas. Em causa está a publicação da Portaria 262/2011 de 31 de Agosto do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social que permite o aumento de vagas nas creches. Segundo Manuel de Lemos, nestas vagas, mesmo não
Torres Vedras
Cavaco Silva inaugura equipamento O Presidente da República voltou a apelar a uma maior participação da sociedade civil na prestação de alguns cuidados. “Impõe-se repensar o conceito de serviço público nas áreas da saúde, protecção à infância e solidariedade social, colocando o acento tónico, de uma forma clara, na satisfação das necessidades dos cidadãos”. Aníbal Cavaco Silva falava durante a inauguração do complexo geriátrico da Santa Casa de Torres Vedras. Terceira idade, 14
CH
Governo permite mais vagas em creche
O reforço e melhoramento da rede de apoio domiciliário continua a ser uma aposta forte da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que nos últimos meses tem preparado, em parceria com a Portugal Telecom (PT), um projecto que pretende abranger, numa fase posterior, muitas Santas Casas. Para já, a congénere da Amadora aceitou o desafio de integrar a experiência-piloto de um projecto que pretende também dinamizar a teleassistência, o voluntariado, a gestão de percursos, entre outros. Duas sessões de esclarecimento sobre o tema estão já agendadas para os primeiros dias de Outubro. Destaque, 4 e 5
Segundo diploma, vão manter-se as regras de cálculo da comparticipação das famílias nas novas vagas sendo comparticipadas, mantêm-se as regras de cálculo para as comparticipações da família. Última, 24
Santarém é bússola para um ‘novo rumo’ Reinserção Equipamento da Misericórdia de Santarém já apoiou mais de 150 pessoas Em Acção, 6
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panorama A FOTOGRAFIA espaço sénior
Atentos e optimistas Deixemos a solução aos dirigentes, façamos a nossa parte, mas não nos deixemos sucumbir. Perturba-nos a situação dos nossos compatriotas. Façamos o que nos for possível para dar ajuda a quem dela necessitar
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ste tempo de férias, para todos os associados da Academia, é de descanso das nossas actividades mas também de alguma saudade do período de aulas onde passamos algumas horas dos nossos dias num convívio saudável e nos ocupamos com a aprendizagem nas áreas preferidas de cada um. As férias não são iguais para todos. Para uns são as viagens ao estrangeiro ou a zonas lindíssimas do nosso país; outros, vão visitar os parentes onde se encontram com as suas raízes; muitos não resistem à atracção do mar e gozam belos dias de praia; para outros ainda, é o campo que os atrai e onde, em contacto com a natureza, encontram o silêncio e a tranquilidade que a cidade não lhes pode oferecer; mas há os que, por isto ou por aquilo, não saem de casa onde se ocupam com alguns trabalhos que não puderam fazer no tempo em que tiveram alguma actividade. Mas para todos deve ser um período de reflexão. E porquê? Todos sabemos. Vivemos numa época de grande perturbação política, económica e social a nível mundial. Sabemos também que nos vão ser pedidos enormes sacrifícios para que o nosso país possa cumprir os seus compromissos. Esta é agora a nossa grande preocupação. Porém, não podemos deixar que todos estes acontecimentos nos perturbem de modo a nos tirar a nossa paz de espírito. Estejamos atentos, mas optimistas. Deixemos a solução aos dirigentes do país, façamos a nossa parte, mas não nos deixemos sucumbir. Perturbanos a situação de tantos dos nossos compatriotas, é natural. Então, individualmente, ou em grupos de apoio, façamos o que nos for possível para dar ajuda a quem dela necessitar. Comportemo-nos como bons cidadãos, mantendo sempre a esperança em melhores dias. Na 1ª página da nossa gazeta “O Mocho” nº 98,o presidente do Conselho Directivo da Academia, Luís Aires, escreveu um belo artigo sobre “A Academia e o Optimismo”. Com grande realismo incita-nos a olhar o futuro com confiança e optimismo, mas sem deixar de estarmos atentos e fazermos a nossa parte.
Isabel Rodeia
Academia de Cultura e Cooperação da UMP academiadecultura@ump.pt
A subir
Banco de livros escolares Um banco de livros escolares criado no Facebook promove a troca de manuais usados, do 1º ao 12º ano, de forma gratuita. Os livros podem ser levantados em Lisboa, Porto, Odivelas e Coimbra.
Valongo Jogador do Futebol Clube do Porto visita Santa Casa As crianças e idosos das diversas respostas sociais da Santa Casa da Misericórdia de Valongo tiveram uma visita muito especial este Verão. No dia 9 de Agosto, o jogador do Futebol Clube do Porto, Hulk, visitou a instituição. Segundo o provedor, Albino Poças, “foram algumas horas de franca e salutar vivência, durante as quais Hulk concedeu imensas dezenas de autógrafos, assinando toda a espécie de objectos, desde camisolas, botas, camisas, calças etc.” O jogador ofereceu duas camisolas autografadas e legendadas as quais ficaram expostas nos salões da instituição.
O Número A Descer Tratamento de águas
O Tribunal de Justiça da União Europeia condenou Portugal pelo não cumprimento de obrigações no tratamento e descargas de águas residuais urbanas e industriais em vários pontos do país.
A Frase
Marco António Costa secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social
“O Programa de Emergência Social não é um slogan”
545
euros para ter passe social O Passe Social + entrou em vigor a 1 de Setembro. As bonificações fixam-se num desconto entre 25% e 30% em relação ao preço normal, mas só estão acessíveis para quem ganha menos de 545 euros.
O Caso Corvo Campo de férias para crianças A Santa Casa da Misericórdia do Corvo, nos Açores, promoveu um campo de férias durante todo o mês de Julho. Crianças com idades entre os 6 e 12 anos tiveram oportunidade de gozar as férias em grupo e com muita animação. Durante 4 semanas e sempre que estava bom tempo, contaram os monitores Andreia Proença, Daniel Dias, Maria Pimentel e Ana Sofia Pimentel ao Voz das Misericórdias, os mais pequenos iam à praia. Mas nos dias em que o tempo não ajudou, “ficávamos na escola a fazer jogos, pinturas, trabalhos em barro e também fizemos visitas ao Centro de Preservação das Aves – onde tivemos a oportunidade de ver um pombo-correio que veio da Inglaterra e que estava a ser tratado – e à Biblioteca Municipal.” Ainda segundo os quatro monitores, as actividades que mais alegraram as crianças foram “tomar banho de mangueira, quando não
estava bom tempo para praia; de fazer construções na areia e principalmente de estar em convívio com as crianças mais novas e os amigos”. Quando iniciaram as inscrições para o campo de férias, quatro crianças mais velhas voluntariaram-se para serem monitores das crianças mais pequenas. Cada um deles tinha sobre sua responsabilidade 3 a 4 crianças mais novas, ajudando a despir e a vestir os mais novos na praia, a dar o lanche e a preparar os jogos com a educadora do jardim-
-de-infância. No último dia do campo de férias, a Câmara Municipal do Corvo ofereceu um piquenique no Parque da Quinta, além de ter apoiado a iniciativa com o transporte das crianças durante os passeios. A Misericórdia do Corvo está sediada na única localidade da mais pequena ilha dos Açores, o Corvo. Com 436 habitantes residentes (Censos de 2011). A Misericórdia é a única Instituição de Solidariedade Social existente na vila.
Iniciativa abrangeu crianças com idades entre os 6 e 12 anos
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Opinião
Ser Voluntário As acções que fazemos podem não ser remuneradas monetariamente, mas são sem dúvida remuneradas em palavras, gestos e carinhos e são sobretudo transmitidos valores nossos para os outros e dos outros para nós
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RADAR
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ueríamos fazer uma coisa diferente este Verão e decidimos experimentar o voluntariado na Misericórdia de Santo Tirso. Foi durante os meses de Agosto e início de Setembro que no Lar José Luiz d’Andrade vivemos esta inesquecível experiência. Quando nos propusemos fazer esta actividade de voluntariado, sabíamos que íamos estar a ocupar o nosso tempo de férias com um propósito, mas ainda não sabíamos até que ponto nos iríamos entregar. Havia sempre o medo de não nos adaptarmos, de não sermos aceites, mas toda a gente, desde os idosos às animadoras, trataram-nos com o maior respeito e o maior carinho, fazendonos sentir úteis e bem-vindas. Quisemos tomar esta iniciativa porque cada vez mais a nossa sociedade tende a colocar os idosos de parte e na verdade eles têm tanto para contar, tanto para ensinar… Nós temos a teoria, eles a experiência. Uma combinação que nos fez crescer como pessoas e como cidadãs. Este tempo que passamos aqui no Lar José Luiz d’ Andrade, por pouco que tenha sido ou até por só fazermos jogos didácticos ou conversamos com os idosos, foi uma das experiências mais enriquecedoras que tivemos até ao momento. Uns mais facilmente que outros foram abrindo os seus corações e deixando-nos ajudá-los, dando-nos uma grande lição de vida e uma nova definição de ‘’entrega’’. Normalmente o significado de voluntariado vem como: o acto de doar tempo e conhecimento para fomentar a sociedade em que vivemos, através de acções que não são remuneradas. Em parte esta frase está errada. Todos nós sabemos que vamos doar o nosso tempo e o nosso conhecimento para fomentar a sociedade, neste caso em concreto a terceira idade, mas as acções que fazemos podem não ser remuneradas monetariamente, mas são sem dúvida remuneradas em palavras, gestos e carinhos e são sobretudo transmitidos valores nossos para os outros e dos outros para nós. Este curto espaço de tempo valeu por muito mais do que um mês na praia e vai ficar para sempre marcado, principalmente pelos laços que se criaram. E deixamos aqui um incentivo, aos jovens que são futuro, para participarem nestas acções que nos fortalecem muito!
ON-LINE
Mestre Batista Reguengos de Monsaraz homenageia cavaleiro A Misericórdia de Reguengos de Monsaraz homenageou o cavaleiro José Mestre Batista com o descerramento de um painel de azulejos na praça de toiros. O painel de azulejos foi gentilmente oferecido por António Garçoa, “peão de brega” e amigo do homenageado, e instalado com a colaboração da autarquia. O painel contempla uma pintura do busto do cavaleiro e dos seus dois cavalos “Falcão” e “Forcado”. Foi a 15 de Agosto.
Convívio Fados animam Vieira do Minho A Santa Casa da Misericórdia de Vieira do Minho promoveu festejou o aniversário do Lar Nossa Senhora da Conceição com a presença de diversos fadistas. A iniciativa foi também o encerramento do ano temático (que decorreu de Setembro de 2010 a Agosto de 2011) dedicado ao fado. Utentes, familiares, amigos, colaboradores e dirigentes estiveram presentes na comemoração que incluiu ainda um almoço oferecido pela Misericórdia.
Património Igreja do Torrão aberta ao público
Terceira idade Aljustrel vai construir lar
A Igreja da Misericórdia do Torrão esteve aberta ao público durante Agosto. Também conhecido por Igreja de Nossa Senhora de Albergaria, aquele templo encontra-se no centro histórico da vila e foi construído entre os séculos XV e XVI. As visitas decorreram no âmbito da formação prática do curso de Educação e Formação de Adultos de Técnico de Turismo Rural e Ambiental, da Associação para o Desenvolvimento do Torrão.
A Santa Casa da Misericórdia de Aljustrel vai avançar com a obra de construção de um novo lar de terceira idade na vila mineira. A assinatura do auto de consignação da obra teve lugar a 1 de Setembro. Avaliado em cerca de 2,7 milhões de euros, o novo lar vai vai ter capacidade para 60 pessoas em 40 quartos (20 individuais e 20 duplos). A obra deve estar concluída no prazo de 15 meses.
SLIDESHOW
Vila Verde Hospital está a ser remodelado
Ana Pinto e Joana Ferreira (15 anos) Voluntárias na Misericórdia de Santo Tirso
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No âmbito da certificação de serviços, o Hospital da Misericórdia de Vila Verde acaba de dar início a obras de remodelação e ampliação. Fruto do novo impulso de actualização e modernização de espaços e equipamentos, pode ser já apreciada a renovada área de recepção dos utentes. A instituição escolheu os lenços dos namorados como tema de decoração. O novo visual do balcão de atendimento sobressai apresentando pássaros e flores, motivos inspirados nos lenços de namorados, em cores alegres — vermelho, amarelo, azul, verde.
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DESTAQUE
Projecto de apoio domiciliário pronto Projecto da UMP, em parceria com a Portugal Telecom, visa promover o uso social dos meios e tecnologias de comunicação e informação junto dos idosos apoiados pelas Misericórdias, adiando assim a institucionalização Bethania Pagin O reforço e melhoramento da rede de apoio domiciliário continua a ser uma aposta forte da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que nos últimos meses tem preparado, em parceria com a Portugal Telecom (PT), um projecto que pretende abranger, numa fase posterior, muitas Santas Casas. Para já, a congénereda Amadora aceitou o desafio de integrar a experiência-piloto de um projecto que pretende também dinamizar a teleassistência, o voluntariado, a gestão de percursos, entre outros. O projecto está já a ser preparado há alguns meses. O protocolo de cooperação entre UMP e PT foi assinado, durante do X Congresso Nacional em Coimbra em Junho passado, por ambos os presidentes: Manuel de Lemos e Zeinal Bava. O objectivo principal desta iniciativa é promover os usos sociais dos meios e tecnologias de comunicação e informação junto dos utentes apoiados pelas Misericórdias, adiando assim a institucionalização dos idosos. A teleassistência é um serviço de apoio médico telefónico permanente suportado por um telefone que permite em caso de urgência entrar em contacto directo com os serviços de assistência todos os dias do ano, 24 horas por dia. Em caso de urgência, o beneficiário do serviço poderá pressionar o botão de pânico do pendente que integra o equipamento ou a tecla de emergência do telefone. A diferença principal deste
projecto é que na maior parte dos serviços actualmente disponíveis, o utente contrata com a empresa fornecedora e neste caso a contratualização será feita directamente com a Misericórdia. Contudo, esta parceria entre a UMP e a PT deu ainda origem à criação um portal onde as instituições aderentes poderão gerir os serviços de apoio domiciliário através da programação de visitas e da gestão de percursos, entre outros (ver texto ao lado). Segundo informação do Gabinete de Acção Social da UMP, a Misericórdia da Amadora foi contactada para colaborar no desenho e experiência piloto deste serviço”. Contudo, os técnicos das três entidades então envolvidas no projecto consideraram que seria importante abranger mais opiniões, razão pela qual foram convidadas outras duas Santas Casas: uma do Sul e outra do Norte. Por isso, no dia 8 de Agosto, todos os intervenientes – representantes da UMP, da PT e das três Misericórdias envolvidas - estiveram reunidos na sede da UMP. O projecto de teleassistência terá inicio já em Outubro, estando prevista a disponibilização da plataforma de assistência domiciliária no inicio de 2012. Para esclarecer provedores e técnicos sobre este novo projecto de apoio domiciliário e teleassistência, a União das Misericórdias Portuguesas está a preparar duas sessões de esclarecimento para os dias 6 e 7 de Outubro, em Fátima e Vila do Conde, respectivamente.
A teleassistência funciona através de um aparelho telefónico que é ainda composto por um botão de pânico que pode estar sempre junto do utilizador.
BREVES A Organização Mundial da Saúde classifica como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos O número de idosos da UE irá quase duplicar, passando de 85 milhões (2008) para 151 milhões (2060) O número de pessoas com 80 e mais anos aumentará de forma mais acentuada: estima-se que passe de 22 milhões (2008) para 61 milhões (2060) A população jovem diminuiu de 29% para 16% entre 1960 e 2005, e prevê-se que atinja os 13% em 2050 Os seniores vivem, em geral, num ambiente em que a solidão é praticamente uma constante, sem apoio em casa. A família não tem tempo para um acompanhamento ideal e os idosos não têm acesso a actividades lúdicas Os idosos tendem a não se sentir úteis e integrados na vida social e não têm acesso facilitado a diferentes serviços Com o passar dos anos, as necessidades da população sénior tendem a ser cada vez maiores e mais complexas
Um dos objectivos da teleassistência é dar condições de segurança e cuidado para os seniores que estejam no domicílio, adiando assim a institucionalização em lar.
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Esclarecimentos para provedores Estão previstas suas sessões de esclarecimento sobre o projecto entre União das Misericórdias e a Portugal Telecom. Serão em Fátima e Vila do Conde, a 6 e 7 de Outubro, respectivamente.
Indicadores de gestão através de portal Através daquele aparelho, os beneficiários do serviço de teleassistência podem contactar um operador 24 horas por dia, 365 dias por ano.
A formação de idosos na área das tecnologias e um portal para gestão dos serviços fazem parte do projecto da UMP com a Portugal Telecom Bethania Pagin A parceria entre União das Misericórdias Portuguesas e Portugal Telecom (PT) prevê mais serviços que apenas a teleassistência. A formação de idosos na área das tecnologias é uma das apostas. Segundo a Fundação PT, “a formação proposta é realizada numa estratégia de formação em rede, sendo que voluntários seniores da PT assegurarão a formação aos formadores identificados pelas Misericórdias, os quais terão a responsabilidades de formar os utentes do lar ou centro de dia”. Além disso, está prevista também a doação de computadores para dinamização do programa Internet Sénior, no âmbito do projecto “Um computador, uma oportunidade” da Fundação PT.
Teleassistência para seniores
Para utilização da nova plataforma, os técnicos das Misericórdias aderentes ao projecto vão ter acesso à formação específica
Os operadores disponibilizam imediatamente a informação para a Misericórdia prestadora daquele serviço, que acciona os serviços de ajuda.
Além dos serviços de ajuda urgente, muitas vezes a teleassistência funciona como um serviço de combate à solidão e à insegurança.
Está igualmente criado um portal para gestão de recursos relacionados com o serviço de apoio domiciliário. Através daquela plataforma Web, os responsáveis das Misericórdias vão poder fazer a gestão de visitas, utentes, voluntários etc. No que respeita aos utentes, por exemplo, aquele portal está a ser concebido para conter ficha de candidatura, de avaliação e diagnóstico, assim como um plano individual de cuidados. Será ainda possível fazer o planeamento dos turnos e ausências dos diversos colaboradores, assim como definir um conjunto de visitas recorrentes aos utentes para facilitar a atribuição das tarefas junto de colaboradores e voluntários. O portal vai ainda disponibilizar ainda indicadores de gestão relacionados com o serviço de apoio domiciliário e com voluntariado. Número de utentes, utentes com familiares, tipologias por idades, género e patologias são alguns exemplos das potencialidades. Para utilização desta plataforma, os técnicos das Misericórdias aderentes vão ter acesso prévio à formação específica.
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Santarém é bússola para um ‘novo rumo’ Centro de Atendimento e Acolhimento Social ‘Novo Rumo’, da Misericórdia de Santarém, só nos primeiros seis meses de 2011, apoiou mais de 150 pessoas em situação de fragilidade social extrema
Esta resposta social existe desde 1995
Filipe Mendes Há uma malha de solidariedade invisível tecida por dentro da orgânica social: quando os mecanismos públicos de protecção falham, porque os problemas são múltiplos e densos, esta rede ampara e ao mesmo tempo impulsiona quem precisa de auxílio num dado momento da sua vida. É o caso do Centro de Atendimento e Acolhimento Social (CAAS) – ‘Novo Rumo’, uma resposta dinamizada pela Santa Casa da Misericórdia de Santarém que, só nos primeiros seis meses deste ano, apoiou mais de 150 pessoas em situação de fragilidade social extrema. Este “Centro de Apoio aos Sem Apoio”, como o qualifica o provedor da instituição, Mário Rebelo, intervém “em contextos de toxicodependência, alcoolismo, saúde mental e imigração”, dando, a quem procura ajuda, ferramentas que ajudam a trilhar “um novo rumo”.
Mais do que suprir carências básicas ao nível da alimentação, higiene, roupa, cuidados de saúde ou mesmo de alojamento temporário, este CAAS assume a tarefa de servir como “plataforma para a reinserção social” destas pessoas. Um trabalho que “não é fácil de concretizar”, como reconhece Mário Rebelo, mas que “faz todo o sentido”, quando enquadrado na missão das Misericórdias, que é “cuidar dos mais pobres dos pobres”. Assim, às pessoas que têm sido apoiadas neste CAAS, (ou CASA, como muitos lhe chamam, fazendo um anagrama com a sigla), é-lhes dado um “contexto protegido”, a partir do qual poderão retomar o controlo das suas vidas. “A nossa função é, no fundo, ajudar na tomada de decisões”, referiu ao Voz das Misericórdias Mafalda Monteiro, uma das técnicas responsáveis. E neste processo, factores como a organização e o compromisso com
regras é fundamental: na zona dos balneários, por exemplo, cada um dos utilizadores tem um espaço próprio num cacifo, onde pode guardar os seus pertences. Estes pequenos passos, que visam a reconquista de um sentido de pertença comunitária, são dados também nos ateliês ocupacionais ou nas mais recentes aulas de informá-
A maior parte dos utentes desta resposta social da Misericórdia de Santarém são homens com idades entre os 30 e os 50 anos tica, ministradas por Ana Proença no âmbito de um estágio académico. Aqui, combate-se a infoexclusão ao mesmo tempo que se promovem hábitos de procura activa de emprego: ensina-se a redigir uma carta de apresentação ou um currículo e dão-se dicas para uma eventual entrevista de trabalho.
Informar sobre as respostas sociais articuladas existentes na comunidade - de acordo com a especificidade de cada situação - fomentar competências pessoais, relacionais e sociais e sensibilizar ou encaminhar para um tratamento adequado, são outros dos serviços que estes utentes podem encontrar nesta Santa Casa. Esta resposta social existe desde 1995, mas só em 2001 foi celebrada a assinatura de um acordo com o Centro Distrital de Segurança Social de Santarém para 15 pessoas: um número que representa apenas cerca de cinco por cento do volume de casos que passam pelo CAAS, onde diariamente são servidas mais de uma centena de refeições, entre almoços e jantares. Ao longo destes anos de existência “temos assistido a algumas mudanças no público-alvo, mas os problemas são semelhantes”, analisa Mafalda Monteiro. Apesar da escalada da crise económica e social não ter provocado,
para já, um aumento de casos a necessitar desta resposta de ‘fim-de-linha’, “a verdade é que existe hoje uma maior dificuldade em contornar as situações que surgem e que, por vezes, têm uma maior amplitude temporal”, refere a responsável. O regresso a uma vida activa está a ser retardado, já que as oportunidades de emprego escasseiam, fazendo com que se assista hoje a um fenómeno de “rotatividade” muito grande neste CAAS. “A nossa experiência também nos diz que quanto maior for a “intensidade” de exclusão, maior será a resistência à mudança e o tempo que poderá levar para que possam haver alterações visíveis”, alerta Mafalda Monteiro. Os dados fornecidos ao Voz das Misericórdias referem que a maior parte dos utentes desta resposta social são homens com idades entre os 30 e os 50 anos: uma população em idade activa que, na sua grande maioria, se encontra desempregada e apresenta problemáticas associadas a sucessivas recaídas, uso prolongado de estupefacientes, rupturas com os serviços da comunidade e provêm maioritariamente de famílias sem quaisquer suportes. A esta equação junta-se o trabalho precário, a baixa qualificação profissional e a ausência de um projecto de vida: problemas que assomam à medida que a faixa etária aumenta e que resultam numa crescente dificuldade de integração. “O trabalho com esta população desfavorecida é muito complexo e neste sentido é essencial sabermos lidar com o insucesso de algumas acções”, refere Mafalda Monteiro, acrescentando que o essencial, enquanto técnicos que acompanham estes casos, é “respeitar o tempo e o espaço que cada um necessita para se reorganizar”. A Santa Casa da Misericórdia de Santarém tem diversas respostas sociais que vão da infância à terceira idade, passando pelo apoio à comunidade, como é o caso do Centro de Atendimento e Acolhimento Novo Rumo. Para assegurar esses serviços, a instituição conta com uma equipa composta por 207 funcionários e 40 voluntários.
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Cuidados continuados discutidos no Brasil
Bento XVI destaca poder da arte
Reunidas em congresso nacional, as Misericórdias brasileiras estão a preparar o envelhecimento do país através dos cuidados continuados
Papa destacou recentemente o poder das expressões artísticas nas emoções, na espiritualidade e na procura do sentido profundo da realidade
Bethania Pagin O presidente da Confederação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) chamou a atenção para a crise dos hospitais filantrópicos durante a cerimónia da abertura do XXI Congresso Nacional das Santas Casa e Hospitais Filantrópicos, que decorreu entre 16 e 18 de Agosto, em Brasília. José Reinaldo Nogueira de Oliveira Júnior destacou a importância destas instituições para a saúde pública brasileira, responsáveis por cerca de 60% dos transplantes, cirurgias oncológicas, neurológicas, partos e representam mais de 45% dos internamentos do serviço nacional de saúde daquele país. Durante aquele encontro foi ainda assinado um protocolo de cooperação entre a CMB e a União das Misericórdias Portuguesas, representada pelo seu presidente, Manuel de Lemos. De acordo com o presidente da CMB, “é inimaginável que um segmento que representa quase 50% dos serviços prestados pelo SUS [serviço de saúde] não deva participar activamente da construção das soluções que serão implementadas. Parceria entre sujeitos públicos ou privados subentende a união de esforços no sentido de se conseguir um objectivo comum”, afirmou, lembrando que,
José Reinaldo Júnior é o presidente da CMB
um dos frutos desta parceria foi a aprovação das modificações da Lei 12.101 – Lei da Filantropia. “Somente foi possível corrigir os equívocos constantes na lei original e das regulamentações anteriores porque houve total sensibilidade por parte do Ministério da Saúde quanto à necessidade de discutir ajustes que evitarão um maciço descredenciamento de hospitais filantrópicos na rede de atendimento público”, disse José Reinaldo. Neste sentido, José Reinaldo pediu intervenção do governo no que
Sousel abriu novo lar para idosos Entre outras vantagens, neste novo equipamento da Misericórdia os idosos encontram também alojamento para os animais de estimação A Santa Casa da Misericórdia de Sousel abriu um novo lar para idosos, onde se pode “ser sénior com qualidade”, num investimento de dois milhões de euros, revelou o provedor da instituição, Juvenal Abrantes. Para além do acompanhamento médico, da alimentação e do apoio nas actividades de vida diária, os
utentes do novo lar têm ainda à disposição actividades físicas e lúdicas, assistência religiosa, piscina, banheira de hidromassagem e alojamento para os animais de estimação. O provedor adiantou à Agência Lusa que a unidade de apoio a idosos, destinada a 37 utentes, denominada Residencial Sénior, resultou de uma obra de adaptação do edifício do antigo Centro de Saúde de Sousel, propriedade da Misericórdia. O responsável garantiu que se pode “ser sénior com qualidade” neste novo lar, uma unidade “um pouco diferente das outras”, moderna, com piscina e com “condições que habitualmente os outros lares não têm”.
respeita aos sucessivos atrasos nos pagamentos efectuados através do SUS, uma situação que coloca em causa a sustentabilidade de muitos hospitais brasileiros. “Temos a certeza de que as soluções para se evitar o colapso da saúde pública no Brasil, sejam elas quais forem, decorrerão de uma verdadeira parceria de ampla discussão com o sector filantrópico”. Durante o congresso, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, assinou, junto ao presidente da CMB, um protocolo
de cooperação técnica na área dos cuidados continuados de saúde. “O futuro não se prevê. Prepara-se, já dizia o historiador francês Fernand Braudel. E é o que a CMB está fazendo”, disse o responsável pelas Santas Casas portuguesas. Manuel de Lemos destacou ainda que os cuidados continuados de saúde reduzem custos e são eficazes. “O protocolo que assinamos é o testemunho da atividade que realizamos”, afirmou o presidente da UMP, lembrando que mais de 18 por cento da população portuguesa tem mais de 65 anos.
Grândola inaugura museu de arte sacra Além do espólio de outras entidades locais, a iniciativa da Câmara Municipal conta também com peças da Santa Casa da Misericórdia de Grândola Cerca de uma centena de peças, sobretudo pinturas e obras de artes decorativas realizadas entre os séculos XV e XX, constitui a exposição permanente, que abriu portas a 23 de Agosto no Museu de Arte Sacra de Grândola. Além do espólio de outras entidades locais, a iniciativa conta com peças da Santa Casa da Misericórdia daquele município.
Esta iniciativa é da responsabilidade do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, da Câmara Municipal e da Paróquia de Grândola. O director do daquele departamento, José António Falcão, realçou que o concelho de Grândola “é dos mais ricos em arte sacra do Baixo Alentejo”, por o acervo ser “muito diversificado e com peças únicas”. As peças, que podem ser vistas na igreja de São Sebastião, são oriundas de igrejas da sede do concelho, das freguesias de Azinheira dos Barros e de Santa Margarida da Serra e da Santa Casa da Misericórdia de Grândola.
O Papa destacou recentemente a importância da arte nas emoções e na espiritualidade, tendo salientado que “é como uma porta aberta para o infinito, rumo a uma beleza e uma verdade que vão para além do quotidiano”. “Uma obra de arte é o fruto da capacidade criativa do ser humano, que se interroga diante da realidade visível, procura desvelar o sentido profundo e comunicá-lo através da linguagem das formas, das cores, dos sons”, afirmou Bento XVI, segundo a Agência Ecclesia, a 31 de Agosto. Na audiência semanal concedida aos peregrinos reunidos no exterior da residência pontifícia de Castel Gandolfo, próximo de Roma, o Papa sublinhou o poder de expressões artísticas como a escultura, pintura, poesia e música para despertar uma “emoção íntima” e “uma sensação de alegria”. Perante obras de arte cada pessoa percebe que não está “apenas matéria, um fragmento de mármore ou de bronze, uma tela pintada, um conjunto de letras ou um amontoado de sons, mas qualquer coisa de maior, qualquer coisa capaz de tocar o coração, de comunicar uma mensagem, de elevar a alma”. O Papa centrou-se ainda na capacidade da arte em “abrir os olhos da mente e do coração” para o transcendente: “Quantas vezes as expressões artísticas são ocasião para nos recordarmos de Deus, para ajudar a nossa oração ou para a conversão do coração”. Bento XVI falou de “expressões artísticas que são verdadeiras estradas para Deus”, tornando-se uma ajuda a crescer “na relação com ele, na oração”, mediante peças “que nascem da fé e exprimem a fé”.
Papa destaca espiritualidade da arte
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Caminha em honra de Santa Rita Misericórdia de Caminha recuperou tradição que já não se realizava há mais de 40 anos. A comunidade reuniu-se para homenagear Santa Rita de Cássia Susana Ramos Martins O dia começou com a chuva, que caia impiedosamente, mas não conseguiu escorraçar as muitas centenas de pessoas que num domingo de Agosto, dia 14, rumaram a Caminha para assistir à procissão em honra a Santa Rita de Cássia. Se este ano houve festas concelhias em Caminha, de 12 a 14 de Agosto, ficou a dever-se à Santa Casa da Misericórdia local e à Câmara Municipal. A menos de um mês perceberam que não tinha sido formada uma comissão de festas pelos habitantes locais e, como explica o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Caminha, António Afonso, para “não se perder uma tradição”, decidiram meter mãos à obra. É que a festa já ficou por realizar durante 40 anos consecutivos. Mais do que evitar que uma romaria se perdesse no tempo, aquelas duas entidades fizeram o esforço de tentar recuperar antigas tradições locais, pedaços de história. “Organizamos a romaria com tradições cá da terra para ver se criam raízes”, continuou o provedor.
E assim, rusgas, desfiles, folclore, a recriação do mercado de Caminha, tal como era no início do século XX, tomaram conta de um cartaz, em tempos idos composto pela actuação de artistas da música popular portuguesa. “É uma tentativa de fazer com que a festa ganhe evidências, de forma que, nos próximos anos, outras pessoas peguem nela”, explicou ao Voz das Misericórdias, o provedor da Misericórdia de Caminha, responsável já pela organização da romaria em honra a Santa Rita em quatro dos últimos seis anos. Inovação nos actos religiosos Enquanto não é conhecido o futuro de uma romaria que presta homenagem a uma santa, cuja imagem passa o ano na Igreja da Misericórdia, em Caminha, a romaria de 2011 foi garantida com os esforços dos Irmãos da Misericórdia local. Um grupo de mulheres começou desde logo a fazer um peditório junto dos habitantes de Caminha para juntar fundos que permitissem pagar os actos religiosos, organizados pela Santa Casa e avaliados em 15 mil euros. Outros houve que se dedicaram à procissão, o ponto alto das celebrações religiosas. Este ano, com uma novidade: apenas dois andores – o de Santa Rita e o da Assunção, a padroeira de Caminha -, e dezenas de figurantes vestidos a rigor para descrever a história de vida de Santa Rita de Cássia, uma santa que se ca-
sou e teve dois filhos. Foi um misto de procissão e cortejo histórico. “Que bonito, mãe!”. “Chiu, Maria! Faz pouco barulho porque está a passar a procissão!”. O espanto, de quem assistiu à cerimónia, foi grande, mas a satisfação também. Foram nove os quadros descritos pelo cortejo: o nascimento; o baptismo; a infância e juventude; o casamento; Rita de Cássia, esposa e mãe; a morte do marido e dos dois filhos; em busca de um sonho antigo; o milagre das rosas e dos figos; e a morte. Foram muitos os curiosos que quiseram assistir à recriação da vida de uma santa, que tem grande devoção em Caminha. E nem a chuva, que acabou por dar lugar a um céu azul, afastou as centenas de pessoas que se apinharam nas ruas, por onde o cerimonial passou. Uma tradição curiosa diferencia esta festa de outras: a imagem de Santa Rita de Cássia, que é acolhida durante todo o ano na Igreja da Misericórdia, sai na manhã do dia da procissão (Domingo) para a matriz da vila, após a realização de uma missa. Chega em procissão à matriz, depois de atravessar o centro histórico da vila, e, uma vez chegada àquele templo religioso, outra missa é celebrada. Só à tarde é que parte desse local para percorrer as ruas principais da vila e rumar novamente à igreja da Misericórdia. É uma forma da Santa Casa da Misericórdia local partilhar a imagem, tão querida da população local.
Receitas nas misericórdias
Sopa de Tomate do Alvito
INGREDIENTES (6 PESSOAS)
MODO DE PREPARAção:
4 Tomates grandes e maduros 4 colheres de sopa de polpa de tomate 1kg de Batatas às rodelas (da grossura de um dedo) 6 postas de bacalhau 6 ovos 2 cebolas médias 5 alhos 2 folhas de louro 2,5dl de Azeite 2 L de água 1 ramo de orégãos 1 pimento vermelho e verde 1 pão Alentejano em fatias finas Sal q b
Num tacho coloque a cebola e os alhos picados, o azeite, a folha de louro, os pimentos cortados em tiras, o tomate cortado aos cubos e a polpa de tomate e deixe refogar um pouco, sem alourar. Adiciona-se a água, coloca-se o peixe e as batatas às rodelas e rectifique o sal. Deite os ovos para escalfarem. Quando estiver pronto adicione o ramo de orégãos. Corte algumas fatias de pão para dentro de uma terrina, deite a sopa por cima e sirva quente. Bom Apetite!
informação nutricional:
Preço:
546 Kcal 16 g Proteínas 65,5 g Hidratos de carbono 25,5 g Gordura 7,5 g Fibras
€€€€€
Caminha reúne centenas de pessoas em honra das santas
DIFICUDADE:
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Congresso insular discute voluntariado As Misericórdias dos Açores e da Madeira estiveram reunidas em congresso entre os dias 1 e 4 de Setembro, em Velas, na Ilha de São Jorge Bethania Pagin As Misericórdias dos Açores e da Madeira estiveram reunidas em congresso entre 1 e 4 de Setembro, em Velas, na Ilha de São Jorge. Subordinado ao tema “Misericórdias: Voluntariado com coração”, a iniciativa reuniu mais de 150 pessoas dos arquipélagos, mas também do continente. Entre as conclusões, as instituições reconheceram a necessidade de repensar a sua actuação à luz de novos pressupostos do voluntariado organizado. Para aquelas Santas Casas, o Ano Europeu do Voluntariado constitui um reconhecimento público da importância da intervenção dos voluntários, mas é necessário criar condições que promovam o voluntariado gratuito, empenhado, comprometido e responsável. Por isso, as instituições reconhecem ainda a importância da integração desta actividade nos processos de implementação dos sistemas de gestão pela qualidade, havendo já alguns exemplos bem
sucedidos neste domínio, em algumas Santas Casas (ver conclusões resumidas no texto ao lado). Segundo o provedor da Misericórdia anfitriã, além da contribuição de diversos especialistas, os temas directamente ligados ao quotidiano das instituições também foram tema de debate. Em declarações do Voz das Misericórdias, Frederico Maciel realçou as intervenções das Santas Casas de Angra do Heroísmo, do Nordeste, da Horta, de Vila Franca do Campo, do Corvo e de Santa Cruz das Flores.
O XI Congresso Insular contou com a presença do presidente Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, assim como da vogal responsável pela área do voluntariado, Infância Pamplona. Os presidentes dos Secretariados Regionais dos Açores e Madeira, respectivamente, provedores de Angra do Heroísmo, António Marcos, e Machico, Luís Delgado, também marcaram presença, além de uma comitiva composta por cerca de 30
Medalha de Mérito e Dedicação da UMP “participantes continentais”, referiu Frederico Maciel. As intervenções de fundo estiveram a cargo de Elza Chambel, presidente do Conselho Nacional para promoção do Voluntariado; Infância Pamplona, membro do Secretariado Nacional da UMP para o Voluntariado; João Maria Mendes, jurista em Direito Canónico e presidente da Assembleia-geral da Santa Casa de Angra do Heroísmo; Paula Guimarães, também jurista em direito civil; Sabine Dinis, gestora de aprovisionamento e qualidade e Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa de Bancos alimentares. A organização deste congresso esteve a cargo da Misericórdia das Velas, que procurou aliar aos trabalhos uma amostragem constante dos valores culturais da Ilha. Os congressistas tiveram direito a uma ementa recheada de pratos típicos da ilha, alguns deles já raríssimos, incluindo as “Sopas do Espírito Santo” e não faltaram foliões, carros das bandeiras, lançamento do “Bando” e distribuição das “vésperas”. Durante a sessão de encerramento, foram homenageados com a Medalha de Mérito e Dedicação da UMP, os provedores do Nordeste, das Lajes do Pico e das Velas.
Roberto Madruga Soares Provedor da Mis. de Lajes do Pico
Frederico Maciel Provedor da Mis. de Vila das Velas
Ver texto de opinião na página 23
Eduardo Pacheco de Medeiros Provedor da Mis. de Nordeste
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Presidência da República
terceira idade
Cavaco Silva apela a maior intervenção da sociedade civil Cavaco Silva inaugurou complexo sénior da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras onde apelou a uma maior participação da sociedade civil na prestação de alguns cuidados aos portugueses Bethania Pagin O Presidente da República voltou a apelar a uma maior participação da sociedade civil na prestação de alguns cuidados aos portugueses. “Impõe-se repensar o conceito de serviço público às áreas da saúde, às áreas da protecção à infância e à área da solidariedade social, colocando o acento tónico, de uma forma clara, na satisfação das necessidades dos cidadãos e não na concepção ou ponto de vista obsoleto e ideológico da exclusividade da produção pública”. Aníbal Cavaco Silva falava durante a inauguração do complexo residencial geriátrico Domus Misericordie da Santa Casa de Torres Vedras. Foi a 26 de Julho. O chefe de Estado afirmou que “o mais importante de tudo é que Estado e instituições da sociedade civil sejam capazes de garantir o apoio àqueles que precisam, in-
dependentemente da sua situação económica”, o que “não exige que a prestação dos cuidados tenha que ser feita pelos serviços estatais”. Salientando que “pode ser feito o serviço na saúde, no apoio à infância, no apoio aos idosos, de forma mais barata, com mais humanidade, e mais eficaz por parte das Misericórdias ou das instituições de solidariedade social, o Presidente da República questionou: “Porque é que não se aproveita em pleno os seus equipamentos, a sua experiência, a sua vontade de servir o País? Está demonstrado que o trabalho das Misericórdias e instituições de solidariedade social pode contribuir de forma significativa o desempenho que cabe ao Estado no domínio social”. Cavaco Silva sustentou que “as Misericórdias têm, de forma clara, dito e redito que estão totalmente disponíveis para colaborar com o Estado e celebrar os protocolos que são neces-
sários para responder àqueles que se encontram em situação de carência”. Assim e perante a uma “situação que é difícil”, impõe-se “pensar de uma forma objectiva, descomplexada, aquilo que se pode fazer recorrendo à colaboração com instituições como as Misericórdias e as instituições de solidariedade social, por forma a dar uma resposta à emergência social de forma mais justa e eficaz”.
O novo espaço da Misericórdia de Torres Vedras conta com 24 apartamentos T1, vocacionados para casais idosos O chefe de Estado sublinhou ainda que seria um “desperdício para a sociedade portuguesa” se não aproveitasse “os equipamentos, a experiência, a vontade e a competência que existem nestas instituições, como é o caso das Misericórdias”.
O novo espaço da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras conta com 24 apartamentos T1, vocacionados para “casais idosos que desejem usufruir de conforto e serviços de qualidade, disponíveis 24 horas por dia”, afirmou o provedor, Vasco Fernandes. Para além dos apartamentos o complexo integra uma clínica/spa onde os idosos podem usufruir de piscina com hidromassagem, ginásio, massagens e fisioterapia. Ainda segundo o provedor, o novo equipamento resultou de um investimento na ordem dos três milhões de euros. O complexo está implantado na localidade de Sarge, junto ao lar de idosos da Misericórdia, que conta com 50 utentes residentes e 15 em centro de dia. À margem da cerimónia de inauguração, o Presidente da República afirmou estar preocupado com os cidadãos que não têm rendimentos suficientes para serem abrangidos
pelo imposto extraordinário que deverá incidir em 50 por cento do subsídio de Natal. “A minha preocupação está, acima de tudo, naqueles que, por não terem rendimentos suficientes, não pagam qualquer imposto extraordinário”, afirmou aos jornalistas, referindo-se aos “desempregados”, aos que estão “em situação de exclusão social”, “doentes crónicos” e “famílias com baixos rendimentos”. Cavaco Silva salientou que o crescimento económico só acontecerá “pela via do aumento da produção de bens que concorrem com a produção estrangeira”. Deste modo, acrescentou, “todas as acções que se desenvolvem devem ser avaliadas em termos do seu efeito sobre a competitividade das empresas e o seu efeito sobre o emprego”, razão pela qual tem vindo a fazer “múltiplos apelos” ao aumento da “capacidade exportadora”.
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www.ump.pt Concurso de doçaria na Golegã A Misericórdia da Golegã promoveu o I Concurso de Doçaria. Entre os doces apresentados por 14 participantes – todos utentes da Academia Sénior -, o vencedor foi o cheesecake de Eduarda Lopes.
Pára-quedas estimula idosos em Sabrosa e sem grande vontade”. “Isto faz bem às articulações, obriga-nos a mexer, mas é muito cansativo para os braços”, conta a septuagenária. Desde o início do ano, o pára-quedas é praticado na Santa Casa de Sabrosa às terças e quintas-feiras, envolvendo utentes do lar, da unidade de cuidados continuados e do apoio domiciliário. Recomendado para pessoas com dificuldades motoras e alguns
Aumentar os níveis de sociabilização e melhorar as capacidades do idoso são objectivos alcançáveis com um jogo praticado na Santa Casa de Sabrosa Patrícia Posse As cadeiras fazem um círculo à volta do colorido pára-quedas. Não é o típico equipamento que se usa para saltar de um avião, mas um jogo que puxa pela mobilidade na terceira e quarta idade da Santa Casa da Misericórdia de Sabrosa. Dividido em 10 triângulos, o pára-quedas repousa no chão enquanto os atletas não chegam. Um a um vão tomando o seu lugar e, quando está tudo a postos, os corpos debruçam-se para que as mãos o agarrem. “O jogo consiste em pôr uma bola ao centro e o objectivo é que cada utente nunca a deixe entrar na sua baliza. No fim, ficam cansados, mas muito alegres”, revela a animadora Vanessa Batista. O pára-quedas só pode ser jogado por 10 utentes e, ao fim de 40 minutos, são substituídos por outros interessados. Maria Adelaide Marques tem 90 anos e já conta uma década vivida no lar. Jogou meia dúzia de vezes este jogo e sabe bem qual a estratégia a utilizar: “a bola anda a saltitar e se cair
O jogo do pára-quedas consiste em pôr uma bola ao centro e o objectivo é que cada utente nunca a deixe entrar na sua baliza
Desde o início do ano, o pára-quedas é praticado na Santa Casa de Sabrosa
no nosso buraco, perdemos. Temos de levantar um bocadinho o painel, porque se for para baixo elas entram depressa.” Depois do crochet, dedica-se agora a esta “brincadeira”, mas nem sempre é fácil arranjar parceiros: “os idosos cansam-se mais depressa do que os novos, mas eu quero fazer o que puder”. A bola amarela saltita em todas as direcções e, algumas ve-
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Passeio anual reúne idosos do Cadaval A Câmara Municipal do Cadaval promoveu, a 7 de Setembro, o passeio anual de idosos, com destino à capital lisboeta. A iniciativa enquadrava-se no projecto “Envelhecer vivendo”, que constitui uma parceria da autarquia com as instituições sociais concelhias, entre elas, a Santa Casa da Misericórdia. A parceria “Envelhecer vivendo abrange outras iniciativas locais com idosos institucionalizados, como as “Tasquinhas dos Avós” e “Dia dos Avós”, ou ainda a “Gincana dos Avós”. Promover a inclusão social a par do salutar convívio, boa disposição e lazer são metas a atingir através destas parcerias.
70 milhões de euros O governo estima alocar 400 milhões de euros ao Programa de Emergência Social (PES) no primeiro ano. Cerca de 70 milhões de euros irão financiar o aumento das pensões mínimas, “no valor de 247, 227 e 189 euros”, esclareceu o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, durante a apresentação do PES na Santa Casa da Misericórdia da Amadora.
Fundão celebrou dia dos avós A Santa Casa da Misericórdia do Fundão organizou a festa do Dia dos Avós, no passado dia 26 de Julho. A iniciativa reuniu cerca de 130 utentes dos lares da instituição. Do programa constou a celebração eucarística, almoço convívio, jogos, baile, lanche, encerrando-se a comemoração com a entrega de lembranças alusivas ao dia. Segundo comunicado da Santa Casa do Fundão, “foi evidente o carinho e a cumplicidade que se estabeleceu entre os idosos e as crianças, foi um dia de partilha, de amizade e de convivência saudável”.
zes, até para o chão. De um lado e do outro, as atenções estão concentradas para evitar que caia na sua baliza e sacudir parece funcionar tanto como táctica de defesa como de contra-ataque. “Ganha quem tem mais sorte ou habilidade”, diz Maria Adelaide. Aos 87 anos, Diva de Jesus Veiga orgulha-se de ter “um nome brasileiro” e genica para participar no jogo. “A gen-
te faz ginástica com os braços para cá e para lá. Saio daqui cansada”, admite. O resultado final pouco lhe importa, porque afinal “quem não joga, nem perde nem ganha”. Luísa Peixoto senta-se na cadeira ao lado, mas tem um ar cabisbaixo. “Sei que isto faz bem, mas agora não tenho energia nenhuma”, lamenta. Esta é a segunda vez que joga o pára-quedas, mesmo estando “muito fraca
défices cognitivos, o jogo permite que os idosos pratiquem uma actividade física quase sem se aperceberem. “Quando falávamos em exercício físico, aquilo que mais ouvíamos é que já não tinham capacidade. Muitos deles não se sentiam motivados à prática”, refere a directora técnica do Lar, Lúcia Mourão. Além de aumentar a motricidade, o pára-quedas estimula as competências cognitivas e promove o convívio. “Quando fazem jogos entre equipas de diferentes equipamentos, torna-se também bastante competitivo. Do ponto de vista social, acaba por juntar utentes e, durante o jogo, criam-se relações diferentes das do dia-a-dia”, conclui.
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saúde
‘Pecados’ com peso e medida Uma alimentação saudável está longe de ser uma alimentação “desensabida”. Com peso e medida, é possível cometer alguns ‘pecados’ sem comprometer a saúde
Vera Campos Uma alimentação saudável está longe de ser uma alimentação “desensabida”. Com peso e medida, é possível cometer alguns ‘pecados’ sem comprometer a saúde. O Voz das Misericórdias contactou as Santas Casas de Pombal, Vila do Bispo e Póvoa de Varzim e a opinião é unânime: na medida do possível, é fundamental ter em conta os hábitos alimentares e gostos pessoais dos utentes seniores. Com alguns truques, torna-se possível, servir os alimentos preferidos, cozinhados de forma saudável. Carapaus alimados ou cozido à portuguesa continuam à mesa destes portugueses. Os famosos carapaus alimados, uma tradição algarvia, passa, esporadicamente, pela mesa da Misericórdia de Vila do Bispo. A instituição, conhecedora dos hábitos e costumes da região, nomeadamente os alimentares, elaborou cinco ementas semanais, onde, na medida do possível, tem em conta os hábitos regionais e gostos pessoais dos seniores. Cláudia Navarro, técnica de Vila do Bispo, defende que “com a idade, a alimentação e o gosto pelo que se come
Hábitos da Santa Casa de Pombal ■■ O pão disponibilizado é sempre de mistura, excepto ao pequeno-almoço, visto ser mais rico em fibra e em hidratos de carbono de absorção lenta, dando uma maior sensação de saciedade e ajudando a regular o trânsito intestinal. ■■ A sopa é de vegetais frescos, tendo por base batata, courgette, cebola, cenoura, alho, nabo, alho francês e vegetais da época ou leguminosas. ■■ Nos pratos de carne procura-se alternar carnes de aves, como frango e peru com carne de coelho, vaca e porco, dando preferência às carnes brancas e reduzindo as carnes vermelhas com maior teor de gordura. ■■ Os métodos de confecção utilizados são preferencialmente os cozidos, estufados, grelhados e assados. Os fritos são evitados. ■■ Todos os pratos são diariamente acompanhados de hortaliças ou legumes cozinhados e/ou legumes crus (saladas). ■■ A sobremesa é constituída por fruta da época em doses individuais. Uma vez por semana, em datas festivas ou ocasiões especiais poderão ser servidos uma sobremesa láctea, bolo simples ou sobremesa típica da época. ■■ Nas bebidas, além da água, existe a opção de servir um copo de vinho tinto à refeição, aos utentes que podem, de acordo com consentimento médico, ingerir bebidas alcoólicas.
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www.ump.pt Testamento vital em debate O debate sobre a criação do testamento vital - direito de aceitar ou recusar um tratamento - vai voltar ao Parlamento. Ao diploma do Bloco de Esquerda se juntaram diplomas do PS, PSD e CDS-PP.
é extremamente importante”, razão pela qual acredita que “se os idosos se sentirem bem através do que comem e não se fizerem exageros alimentares, e ao mesmo tempo cometerem alguns ‘pecados’, vivem mais felizes e acabam por seguir as orientações de uma forma mais natural e saudável”. Primando por uma alimentação confeccionada com pouco sal e pouco condimentada, da ementa diária da Santa Casa de Vila do Bispo consta sempre a sopa variada, alternada com prato de carne ou peixe entre o almoço e o jantar; como sobremesa fruta, fruta cozida ou assada, gelatina, arroz doce, entre outros. Além das ementas fixas, há alimentação destinada àqueles que, através de prescrição médica, têm informação que não podem ingerir determinados alimentos ou uma alimentação pobre em gorduras. A recusa e as consequências de um doente à dieta fica à responsabilidade do mesmo, sendo a família informada da situação. A avaliação do estado de saúde do idoso é feita diariamente através da enfermeira e com o acompanhamento médico. Fisioterapeuta, enfermeira e médica definem os planos de saúde para os que necessitam. Na Santa Casa da Misericórdia de Pombal a preocupação com a qualidade alimentar impulsionou o processo de certificação pelo Codex Alimentarius, que engloba uma série de regras relativas à segurança alimentar, formuladas com o intuito de proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas justas no comércio alimentar. Ao longo dos anos, e apoiada pelos conhecimentos e ajuda das cozinheiras, naturais e residentes de Pombal, a Santa Casa esforça-se por propiciar uma alimentação que satisfaça “os gostos, desejos e necessidades dos utentes”. Cientes de que os hábitos alimentares variam consoante as vivências e meio, “as ementas apresentadas aos idosos procuram encontrar um ponto de equilíbrio entre os gostos e costumes do antigamente e as tendências alimentares”.
3P?
Sandra Peixoto
Nutricionista da Misericórdia da Póvoa de Varzim
De que forma é que é possível “convencer” o idoso de que alguns hábitos alimentares adquiridos são prejudiciais para a sua saúde? O envelhecimento não é homogéneo e muitos idosos arrastam o peso de doenças crónicas, metabólicas e degenerativas onde parte da responsabilidade cabe aos seus erros alimentares. Procuramos explicar de forma simples as diferentes interacções alimentares, de modo a que os mesmos não criem obstáculos à alimentação mais adequada ao seu estado de saúde. Peixe ou carne? O peixe é um excelente fornecedor de proteínas de boa qualidade, idêntica à da carne, e é mais pobre em gordura e com gordura de muito melhor qualidade. O peixe também é de digestão mais fácil do que as carnes devendo ser escolha preferencial na idade sénior, já que a capacidade digestiva nestas idades está limitada. No que respeita a vitaminas e minerais, não há diferenças significativas entre os dois alimentos. Há mesmo vantagens acrescidas para a saúde que justifiquem a eliminação de hábitos alimentares de uma vida? Provavelmente não se encontrariam vantagens acrescidas se houvesse eliminação total e abrupta de hábitos alimentares de uma vida, num idoso consciente, mas este não é o objectivo de um nutricionista. Por exemplo, no que se refere ao consumo de sal, será preferível que a um idoso lhe seja administrada uma alimentação a “meio sal”, sob pena de o mesmo correr o risco de ficar desnutrido. A completa ausência de sal conduz, muitas vezes, à recusa da ingestão alimentar, provocando défices de nutrientes importantes, susceptível de criar o agravamento ou o desenvolvimento de danos colaterais na saúde do idoso. No entanto, pode haver correcção e ajustamento de alguns hábitos alimentares que, com toda a certeza, contribuirão para uma melhor saúde.
Assim, pode ser servido o famoso Cozido à Portuguesa, como também a moderna pizza ou o rotti de carne. No entanto, regra geral, na Misericórdia de Pombal, as ementas distribuem as refeições sempre de uma forma alternada entre carne e peixe. Dá-se privilégio à alternância entre carnes brancas e outras, assim como aos mais diversos tipos de peixes. Com o acompanhamento de uma nutricionista, releva-se a promoção de hábitos alimentares saudáveis, tendo por base o equilíbrio nutricional dos alimentos bem como a variedade dos mesmos. Se a acção da nutricionista é fundamental, a instituição não descura, porém, que a velhice é inevitavelmente considerada uma fase da vida caracterizada por perdas. “Perdas de familiares e amigos, da força e vigor da juventude, surgimento de fragilidades em termos de saúde, o que acarreta, por norma, perdas ao nível dos gostos pessoais em termos alimentares”, refere Célia Oliveira. Por esta razão, sempre que surge uma doença, em que o utente fica sujeito a uma dieta alimentar, “é necessário ter um acompanhamento mais atento, de adaptação e aceitação dessas restrições em termos alimentares. A médica assistente fornece orientações específicas acerca da dieta alimentar, sendo esta sempre feita de uma forma progressiva”. Na Misericórdia da Póvoa de Varzim há “erros alimentares” que se querem colmatar com a diminuição do consumo de sal, diminuição da utilização de gorduras de adição e escolha exclusiva do azeite para a confecção, estímulo para o consumo de leite, incremento do consumo de produtos hortícolas e fruta, utilização de alimentos frescos e congelados. Sendo “a alimentação saudável uma forma racional de comer que assegura variedade, equilíbrio e quantidade adequada de alimentos escolhidos pela sua qualidade nutricional e higieno-sanitária”, esta tende a ser a principal preocupação da Santa Casa da Póvoa de Varzim. Os hábitos alimentares, adquiridos ao longo da vida, são tidos em consideração “de modo a agilizá-los ao cumprimento das exigências de uma alimentação saudável”, explica a nutricionista, Sandra Peixoto. Apesar da heterogeneidade desses comportamentos alimentares, há algo em comum. “A maioria dos nossos idosos consome habitualmente sopa, abundante em hortaliças e legumes começando por ser o ponto de partida para o equilíbrio alimentação saudável/hábitos alimentares. Depois há uma preocupação em oferecer os alimentos “preferidos” cozinhados de forma saudável”. Na Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Varzim, salvo raras excepções, uma das refeições principais tem na base da sua constituição carne e na seguinte tem peixe, servidas de forma intercalar entre almoço e jantar.
Unidade começou a funcionar no começo de Setembro
Felgueiras inaugurou nova unidade de saúde A unidade tem capacidade para 64 utentes: 14 em convalescença, 18 para tratamento de média duração e 32 para longa duração Celso Campos Num investimento de cerca de três milhões de euros, a Misericórdia de Felgueiras inaugurou, a 10 de Setembro a nova unidade de cuidados continuados (UCC), a “maior do Norte e uma das maiores do país”, sublinhou o provedor, José Martins. A unidade, baptizada com o nome e como tributo a António Freitas (ex-provedor), tem capacidade para 64 utentes, dos quais 14 em convalescença, 18 para tratamento de média duração e 32 para longa duração. Em termos físicos representou uma considerável ampliação do Hospital Agostinho Ribeiro, dotando a unidade de um claro contraste entre um edifício com traça arquitectónica clássica para um de claro arrojo e modernidade. Este investimento teve uma comparticipação estatal no valor de 750 mil euros, ao abrigo do Programa Modelar, mas agora a Misericórdia felgueirense terá de saldar o empréstimo contraído para este efeito, no valor de cerca de dois milhões de euros. A este propósito, José Martins mostrou-se convicto de que serão criadas as condições para “rapidamente” pagar este empréstimo. Aberta desde o início de Setembro, a nova unidade pretende dar aos seus utilizadores “boas condi-
ções para uma reabilitação rápida e eficaz”. Na inauguração de uma UCC muito se falou de “afectos”, não apenas a pensar nos utilizadores da unidade, mas também naqueles que colaboraram para “concretizar este sonho” e para os que nela irão trabalhar no dia-a-dia. De notar ainda que o novo edifício permitiu ainda a construção de um auditório (100 pessoas), de uma capela (50 pessoas), farmácia, aprovisionamento e vestiários para cerca de 160 colaboradores. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, esteve presente na cerimónia e salientou o facto de estes investimentos representarem para o Estado “um encargo bem menos pesado” que as parcerias público-privadas ou os hospitais empresa. Neste sentido,
Unidade de cuidados continuados de Felgueiras é a “maior do Norte e uma das maiores do país”, sublinhou o provedor, José Martins reiterou a ideia de que as Misericórdias fazem, na saúde, “trabalho com idêntica ou até melhor qualidade e mais barato que o próprio Estado”. Ainda durante aquela cerimónia, além de António Freitas, foram objecto de homenagem o actual provedor e um antigo e actual presidente da Assembleia Geral, Carlos Castro, com o descerramento de quadros que pretendem perpetuar o trabalho destas pessoas. Note-se que o Hospital Agostinho Ribeiro é um dos hospitais das Misericórdias que integra o Serviço Nacional de Saúde.
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EDUCAÇÃO
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Sonhos nas mãos e sorrisos tímidos
Abertas candidaturas para bolsa de estudo Estão abertas desde o dia 15 de Setembro as candidaturas para a bolsa de estudo Prof. Doutor José Vieira de Carvalho, da Santa Casa da Misericórdia da Maia. Os interessados tem até dia 20 de Outubro para entrar no site http://misericordiadamaia.net, onde é possível submeter a candidatura. Recordese que a instituição foi fundada há 50 anos e além de idosos, presta apoio a cerca de 1500 crianças. Obras de remodelação nas Caldas da Rainha A Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha está prestes a iniciar obras de remodelação. Além dos idosos, as obras vão contemplar as jovens do internato e as crianças do centro de acolhimento temporário, assim como os serviços de lavandaria. “São 2,2 milhões de euros de obra, com fundos europeus equivalentes a 50 por cento do valor”, afirmou o provedor Lalanda Ribeiro.
26 Resposta social nasceu na década de 40
Santa Casa da Misericórdia de Chaves trabalha a reintegração familiar ou a autonomização de crianças e jovens em risco Patrícia Posse Têm entre 4 e 18 anos, sonhos nas mãos e sorrisos tímidos. Foram retirados das famílias e acolhidos na Escola Agrícola de Artes e Ofícios para construírem um futuro melhor. Nascida na década de 40, a Escola funcionava como um asilo da infância desvalida. “Ao longo dos anos, deixou de ser um lar que acolhia órfãos e situações de pobreza extrema para acolher outras problemáticas. São crianças negligenciadas, maltratadas, entregues a comportamentos que prejudicam a sua saúde, bem-estar e formação ou expostas a modelos desviantes”, refere Ana Carine Evangelista, directora técnica do Centro
de Acolhimento Temporário (CAT). Hoje, esta resposta social da Santa Casa de Chaves dispõe de duas respostas sociais: o CAT para 20 crianças e jovens em risco, dos 4 aos 18 anos e de ambos os sexos, e o Lar de Infância e Juventude para 50 meninos dos 6 aos 18 anos. No primeiro caso, o período de acolhimento não deve exceder os seis meses, enquanto no segundo, é de longa duração. “O principal objectivo é que elas voltem para casa, porque a institucionalização é sempre um mau trato, um trauma na vida de uma criança, mas por vezes é a única hipótese. Procuramos dotá-los de competências pessoais, sociais e profissionais que até à data não tiveram oportunidade de adquirir.” Contudo, a reintegração familiar nem sempre funciona, pois na maioria dos casos não se observam “mudanças significativas”. Logo, estudam-se outras alternativas: prolongamento da permanência na instituição, família de acolhimento, adopção ou família alargada. “Há uns anos, a nossa taxa de sucesso era maior, porque as crianças que nos chegavam eram mais novinhas. Agora são jovens prestes a atingir a maioridade, já com comportamentos de pré-delinquência, porque
a intervenção é feita cada vez mais tarde”, salienta. Natural de Vila Pouca de Aguiar, A. tem 17 anos e não esconde o seu passado: “vim para aqui porque me meti na droga e fiz asneiras”. Há um ano e meio na instituição, A. trabalhou numas estufas, onde aprendeu a cultivar feijões, alfaces e batatas. “Se calhar vou sair aos 18 anos e vou para a Suíça com um tio”, revela. Entretido com o computador, R., 15 anos, tem saudades dos amigos que deixou em Abrantes, cidade onde nasceu. “Mas também já tenho aqui amigos e é isso que interessa”, acrescenta. A violência vivida na família ditaram o ingresso de R. e do irmão de 9 anos no CAT. No próximo ano, R. vai frequentar um curso de
“
“Mas também já tenho aqui amigos e é isso que interessa” R., 15 anos
informática, mas o que ele queria mesmo era ser jogador de futebol. Com 17 anos, o vila-realense T. partilha do mesmo sonho, mas, por agora, frequenta um curso de chaparia que lhe permite obter um rendimento mensal. “Estou cá há 6 anos. Os meus pais separaram-se e a minha mãe não tinha mão em mim. Fugia de casa, não ia às aulas”, revela. T. já se habituou à instituição, onde o “convívio é do melhor”. “Somos todos amigos, porque vivemos todos na mesma casa.” Na sala das artes, os meninos produzem objectos decorativos e é à volta das tesouras e das colas que se desenham empatias. “As actividades manuais não são só para despertar a criatividade, mas uma forma de nos aproximarmos deles. Quando queremos falar assuntos mais sérios, sabemos que a formalidade do gabinete é uma barreira a essa proximidade”, confidencia Mónica Santos, educadora social do CAT. Estas crianças e jovens têm “muita dificuldade” em estabelecer relações interpessoais, porque provêm de contextos familiares problemáticos. “Queremos que eles percebam que, apesar dos seus problemas, têm aqui um apoio para que possam agarrar o destino com as próprias mãos”, sublinha.
Alunos por sala As salas de aula vão estar mais cheias. O novo limite máximo de alunos por turma sobe de 24 para 26. Incentivar jovens para o voluntariado O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, quer incentivar os jovens a desenvolver acções de voluntariado e para isso defende uma revisão da lei e uma redução da idade em que é possível fazer o seguro social voluntário, dos 18 para os 16 anos. A afirmação daquele governante foi feita à margem da cerimónia de entrega do I Prémio Voluntariado Jovem Montepio. Manter apoio aos universitários O governo vai destinar 44 milhões de euros do Orçamento do Estado para as bolsas de estudo do ensino superior e conta com os fundos europeus para tentar manter os 130 milhões gastos em 2010. O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, disse tratar-se de um “esforço financeiro muito grande” para manter o nível de investimento nos apoios sociais aos estudantes universitários.
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património
Preciosidades até agora escondidas
ARTE NAS MISERICÓRDIAS
Retábulo-mor SCME 0104 Século XVIII Misericórdia de Esposende
Exposição da Misericórdia tem apoio da autarquia
Misericórdia de Viana traz à luz do dia preciosidades até agora escondidas. A exposição estará patente durante os próximos 18 meses Susana Ramos Martins José olha atentamente para uma escultura em madeira de Nossa Senhora do Rosário. Mira de um ângulo. Muda-se para ver melhor do outro e termina exclamando de satisfação: “que maravilha!”. José foi uma das muitas pessoas que, no final da tarde de 29 de Julho, não faltaram à inauguração, no Museu de Arte e Arqueologia de Viana do Castelo, de uma exposição com algumas das mais valiosas e significativas obras do espólio da Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. Com parte do património em obras - a sede, a igreja e outros edifícios localizados na Praça da República -, a instituição conseguiu estabelecer um protocolo com a autarquia local de forma a conseguir guardar e expor algumas das suas relíquias que durante anos não estiveram ao acesso do público. Como confessou o provedor, Vitorino Reis, algumas destas peças viveram escondidas em arrecadações. Durante os próximos 18 meses – tempo previsto para as interven-
ções, nomeadamente na Igreja da Misericórdia - quem passar pelo espaço museológico, localizado no Largo de São Domingos, vai poder apreciar quase uma vintena de pinturas e esculturas dos séculos XVI, XVII e XVIII, entre elas uma Senhora da Misericórdia pintada por André Padilha, nome desconhecido para a maioria, mas bastante apreciado por aqueles que sabem tratar-se de uma
Câmara de Viana aplaude iniciativa O primeiro passo foi dado com a inauguração de uma exposição do espólio da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo no Museu de Arte e Arqueologia da cidade. Presente na abertura esteve o presidente da Câmara que elogiou o trabalho desenvolvido pela Misericórdia na capital do Alto Minho. José Maria Costa aplaudiu a intenção da instituição em “abrir-se à cidade”, considerando que “estamos num momento importante em que procuramos conhecer alguns aspectos da vida da cidade e da sua própria construção ao longo dos anos, para que possamos ter mais informação e melhor conhecimento”. “Eu gostava de transmitir ao Provedor o gosto que é para nós [autarquia] podermos ser parceiros nesta iniciativa de promoção do património”, rematou o presidente da Câmara de Viana do Castelo.
figura marcante da pintura quinhentista do Alto Minho. A inauguração desta exposição foi o primeiro passo para a concretização de um dos grandes objectivos da Santa Casa de Viana do Castelo: a abertura da instituição à cidade. “Abrir à cidade, abrir ao país e abrir as portas àqueles que nos visitam”, corrobora o provedor da instituição. Segundo Vitorino Reis, a Misericórdia tem “um espólio fabuloso” que tem estado escondido. “A própria igreja, que é uma obra nacional, tem estado fechada a maior parte do tempo. Estamos a realizar obras, estamos a recuperar o edifício do antigo hospital, onde vamos instalar todos os serviços administrativos e toda a parte museológica e, simultaneamente, começar a criar uma dinâmica de abertura à sociedade”. Nos planos daquela instituição está ainda a criação de “um centro vivo para visitas” que vai englobar todo o património da Santa Casa da Misericórdia de Braga. “Queremos criar um centro vivo para visitas, para concertos. Vamos tentar rentabilizar aquele nosso espaço porque temos milhares de pessoas que nos visitam e adoram ver aquela envolvente que é uma coisa maravilhosa que temos na cidade e que não tem sido explorada”, sublinhou ao jornal Voz das Misericórdias o actual provedor, Vitorino Reis.
Retábulo de altar em madeira entalhada, pintada de branco e dourada, de um só corpo e um só tramo, que ocupa a totalidade da altura e da largura da capela-mor. Apresenta embasamento de onde sobressai, ao centro do sotobanco, a mesa de altar adossada, de perfil avultado em forma de “S” invertido. O corpo, assente no banco, apresenta tribuna enquadrada em cada lado por duas colunas pseudosalomónicas com ramos de videira, querubins e aves exóticas a preencher as espiras. São rematadas por capitéis coríntios e suportam entablamento decorado com cabeças de querubins e frisos dourados, sendo este encimado por dois pináculos em forma de urna. A partir daqui arranca arquivolta em arco, a qual define o ático, sendo decorada com motivos idênticos aos das colunas e seccionada por seis aduelas salientadas. O vão central encontra-se fechado por uma tela pintada a óleo, a qual encerra uma representação da Virgem da Misericórdia (tela amovível). O retábulo apresenta ainda elementos do barroco nacional, nomeadamente as colunas pseudosalomónicas e a arquivolta do remate, misturados com elementos neoclássicos introduzidos provavelmente com modificações feitas no séc. XIX
São Jerónimo SCMG 0114 Século XVII Misericórdia de Guimarães Imagem em madeira policromada e estofada representando São Jerónimo eremita. O santo é figurado de pé, em contraposto, com o pé direito mais avançado, o braço direito esticado para a frente e para ao lado, com a mão respectiva segurando pedra, o braço esquerdo flectido, erguido à altura do peito e com a mão em posição de agarrar, e a cabeça ligeiramente inclinada sobre o ombro esquerdo e para cima, para onde se dirige o seu olhar suplicante. É representado meio calvo, com cabelo e longa barba de cromia cinzento acastanhada, trabalhados em feixes ondulados. As costelas e os músculos do peito são assinalados, aquelas de forma algo ingénua, bem como os tendões do antebraço direito. A fisionomia sugere, em geral, a vida de rigor físico que a hagiografia do santo veicula. Ao centro do peito vê-se uma mancha arroxeada que ilustra a autoflagelação que São Jerónimo praticava com a pedra, para se disciplinar. Sob o manto vermelho - com decoração estofada que apresenta lançado sobre o ombro esquerdo, à romana, vê-se, na zona dos rins, do lado esquerdo, uma parcela de um saio que sugere uma veste de fibra têxtil - no seu estado natural - entrançada. O manto apresenta pregas abundantes, diagonais e paralelas, e com curvatura suave nas zonas de quebra. A base da imagem é baixa, de formato rectangular.
Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/
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estante
De Vila Real para o mundo português Seminário “A Misericórdia de Vila Real e as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa” teve as suas Actas recentemente publicadas em livro Nos últimos dois anos, o CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade – tem vindo a desenvolver o projecto sobre a Misericórdia de Vila Real. Um trabalho de levantamento e inventariação do património histórico, documental e artístico sobre a história da instituição que resultou no Seminário Internacional “A Misericórdia de Vila Real e as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa”, que decorreu em Setembro de 2010 naquela cidade transmontana. As actas são agora publicadas em livro.
Ao longo de mais de 700 páginas, há cerca de três dezenas de comunicações de 22 investigadores portugueses, cinco brasileiros e quatro espanhóis. A coordenação ficou a cargo da professora Natália Ferreira-Alves. A ideia para este projecto editorial nasceu à passagem dos 500 anos da instituição para “homenagear todas as pessoas que levantaram a Misericórdia de Vila Real”, afirmou o provedor Joaquim Gomes. Com uma tiragem de 500 exemplares, o livro reúne ainda trabalhos sobre as Misericórdias de Setúbal, Montemor-o-Novo, Guimarães, Porto, Lamego, Mangualde, Penafiel, Castro Vicente, Índia, Rio de Janeiro, Ouro Preto, entre outras. A sessão de lançamento foi a 21 de Julho, no edifício-sede da Santa Casa de Vila Real, perante uma plateia de cerca de 30 pessoas.
A Misericórdia de Vila Real e as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa CEPESE Julho de 2011
Lista de livros
Efeitos cromáticos Carlos Garrido Scala, Maio de 2011
Jesus em Nazaré Hugo de Azevedo Diel, Janeiro de 2011
Numa edição Scala, “Efeitos cromáticos”, de Carlos Garrido, encerra a trilogia “Raiz dos afectos”. Nesta obra, o autor, que é economista e professor universitário, oferece-nos um conjunto de 35 crónicas, escritas com uma linguagem simples, alegre e viva, em mais um excelente registo da sua qualidade de observador do quotidiano. O livro de crónicas de Carlos Garrido investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, Professor Associado do IADE e membro do Conselho Fiscal da Santa Casa da Misericórdia de Almada - é dedicado “à pintora que coloriu a chama da minha paixão”. O prefácio é de Aida Baptista, também escritora. Carlos Garrido nasceu em Lisboa, em Maio de 1944 e está ligado ao Sardoal (Entrevinhas) pelos laços de casamento. É doutorado em Economia e possui vasto currículo académico. Este é o seu quarto livro de originais. Em 2003 publicou “A Lua vem com a Gente?”, em 2005, “O Pintor de Palavras” e em 2008, “25 Olhares de Abril”.
Se os Evangelhos não nos contam mais episódios da sua infância, adolescência, juventude e maturidade, será decerto porque a sua vida se desenrolou com naturalidade, e não houve entretanto nenhum acontecimento digno de menção especial, tirante a fuga para o Egipto e a perda e o encontro de Jesus, aos doze anos, em Jeruslaém. Mas, evidentemente, Jesus não se ocultou de ninguém durante esses trinta anos; nem sequer ao modo de João baptista, que se retirou desde moço para o deserto. Mostrou-se como qualquer outro homem. A sua vida pessoal inseria-se perfeitamente na vida comunitária de Nazaré. Tinha família, muitos amigos certamente, e muitos conhecidos, e por eles era conhecido como o filho de Maria e de José, como parente dos seus parentes, como carpinteiro, como judeu piedoso, enfim, como uma pessoa normal, de boa família, honesta e trabalhadora. O autor é Hugo de Azevedo e a edição é da responsabilidade da Diel.
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voz activa Editorial
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Opinião
Voz das Misericórdias Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo
Paulo Moreira
paulo.moreira@ump.pt
Unidos e em rede Só conseguiremos vencer com profissionalismo, com rigor na gestão e se trabalharmos unidos e em rede. Poderemos assim evitar desperdícios, racionalizar os meios disponíveis e potenciar a capacidade instalada
P
assado o Verão e o período de férias, o País retoma o seu normal funcionamento e vamo-nos confrontando com a realidade que o lazer nos fez esquecer momentaneamente. Sabemos que são tempos difíceis e que as previsões não são animadoras no futuro próximo. As Misericórdias são chamadas cada vez mais a intervir em diversas áreas, o que é natural em período de emergência social. Contudo, assistimos a um agravamento evidente das condições de funcionamento, quer pelo aumento do custo em diversos produtos e bens, quer pela adopção de uma série de medidas fiscais, que vão das novas taxas do IVA ao modelo de avaliação de imóveis e ao regime contabilístico para as entidades sem fins lucrativos, em outros. É um caminho difícil e exigente o que temos pela frente, e só com muita dedicação e profissionalismo poderemos levar a bom termo a nossa missão. Torna-se por isso decisivo, dar uma particular atenção à gestão das nossas instituições, que embora seja feita em regime de voluntariado, tem que ser cada vez mais profissional e rigorosa. Temos que ser capazes de fazer mais e melhor a custos mais reduzidos. A União, ao lançar o programa “Misericórdias Gestão Sustentável” em que até ao momento participaram cerca de 190 Misericórdias, e outras iniciativas no âmbito da Saúde e da Acção Social em que muitas também participam activamente, tem tentado criar um conjunto de instrumentos e protocolos que as ajudem a ultrapassar com sucesso esses desafios. Mas só conseguiremos vencer com profissionalismo, com rigor na gestão e se trabalharmos unidos e em rede. Poderemos assim evitar desperdícios, racionalizar os meios disponíveis e potenciar a capacidade instalada. É um caminho longo e difícil, mas não nos restam grandes alternativas.
Propriedade: União das Misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Tels: 218 110 540 218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: jornal@ump.pt Tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Misericórdias Normal - €20 Benemérita – €30 Outros: Normal - €10 Benemérita – €20 Fundador: Dr. Manuel Ferreira da Silva Director: Paulo Moreira Editor: Bethania Pagin Design e Composição: Mário Henriques Publicidade: Paulo Lemos Colaboradores: Celso Campos Filipe Mendes Patrícia Posse Susana Ramos Martins Vera Campos Assinantes: Sofia Oliveira Impressão: Diário do Minho – Rua de Santa Margarida, 4 A 4710-306 Braga Tel.: 253 609 460
Francisco Pinheiro
Provedor da Misericórdia de Avis
Estratégias sustentáveis
difício Sede em Avis (Lar, CenE tro de Dia, Apoio Domiciliário e Apoio Domiciliário Integrado. Edifício da Infância em Avis (Creche e C-A.T.L) Centro de Dia na Freguesia de Ervedal (Centro de Dia, Apoio Domiciliário e C.A.T.L.)
Com alguma imaginação e uma selecção criteriosa dos fornecedores e equipamentos mencionados, esta Santa Casa de Avis obtém anualmente uma redução nos custos de várias dezenas de milhares de euros
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A verdade de ser próximo
Portuguesas
Pelo apresentado e no sentido de continuarmos a desempenhar as nossas funções baseadas numa gestão sustentável e equilibrada e permitir à instituição continuar a executar diversos investimentos para modernizar os seus equipamentos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e bem-estar dos seus utentes, deliberou a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Avis lançar mãos a um conjunto de medidas inovadoras e que a título de exemplo destacamos: Gestão rigorosa do sector das compras e economato, tendo sido contratada uma pessoa exclusiva-
mente para esta área e que responde directamente à Mesa Administrativa Através do Programa Solar Térmico/2009 foram instalados painéis solares nos três edifícios, que nos proporcionam água quente e alimentação do sistema de climatização, com poupanças significativas. Já no decorrer do presente ano, instalámos três unidades de micro produção de energia eléctrica, constituídas por painéis foto voltaicos, estando já a ser comercializada essa energia com a EDP. Redução significativa de custos associados ao consumo de água através do aproveitamento de um furo artesiano para rega de jardins, lavandaria e lavagem de viaturas e equipamentos. Concluímos que com alguma imaginação e uma selecção criteriosa dos fornecedores e equipamentos mencionados, esta Santa Casa obtém anualmente uma redução nos custos de várias dezenas de milhares de euros. Só assim nos é possível efectuarmos outros investimentos sempre com o objectivo de melhorar e proporcionar melhores condições a todos os nossos utentes e colaboradores em geral.
Opinião
Manuel Ferreira da Silva
União das Misericórdias
A Santa Casa da Misericórdia de Avis é uma instituição com quase cinco séculos de existência e não possui património que lhe proporcione a libertação de qualquer tipo de meios. As suas receitas apenas provêm dos acordos de cooperação e das comparticipações familiares dos utentes. Actualmente, a sua actividade abrange diversas freguesias do concelho e apoia cerca de duzentos utentes idosos e aproximadamente 100 crianças, dispondo para o efeito de três edifícios distintos, onde são desenvolvidas as diversas respostas sociais e que passamos a indicar:
Dizer-se que as Misericórdias se expressam, retratam e identificam no seu COMPROMISSO, tem de fazer com que o mesmo compromisso não tenha apenas um cariz paisano de mero Estatuto, como qualquer Clube ou Associação Cívica, dependentes de um mero registo oficial para o efeito – nos Cartórios Civis, ou com um Nihil Obstat de uma Cúria Episcopal. O Compromisso de uma Misericórdia é mais do que um mero enumerado de coisas a fazer, regras a respeitar e normas a seguir, ainda que ditas de misericórdia, como quem se desobriga de um peso. “Mais do que palavras, as obras de Misericórdia fazem a história”. Os Japoneses da evangelização de Xavier consideraram as obras de
Misericórdia como um verdadeiro “Código de Proximidade”. Sem discriminações nem exclusivismos ou meros e pessoais partidarismos ou particularismos, depois da evangelização xaveriana do “país do Sol Nascente”, o Compromisso deve mesmo significar uma antecipação da mais recente criação da Igreja: o Pátio dos Gentios, uma iniciativa do Pontifício Conselho da Cultura, onde o Ecumenismo de entendimento entre diversos é projecto, propósito, programa e desejo. Mais do que um mero Gabinete de Estudo, o Pátio, é o lugar de encontro, convívio, diálogo e permuta - no pluralismo de expressões e testemunhos, a que já se chamou “uma visão purificada da História”, em que a globalização que tão apre-
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reflexão argumentos principais: a hospitalidade do seu povo; a visita a uma ilha em que a consciência de arquipélago é mais aprofundada e, em terceiro lugar, o quase retiro ou isolamento dos congressistas. Quanto à hospitalidade dos habitantes da ilha não me cabe ajuizar neste contexto. Mas já relativamente à consciência de arquipélago e da realidade das ilhas açorianas perguntaria a quem por aqui passou pela primeira vez se, acaso, não tomou consciência do que é viver em ilhas pequenas e disper-
sas sobretudo quando o mar revolto e o vento agreste nos fecham porto e aeroporto, restando-nos a única consolação de ver as ilhas próximas, também como nós isoladas?!... Mas, para mim, o terceiro argumento é o principal e de maior importância porque, se bem que estes encontros também são feitos de simpatia, hospitalidade e bem-estar, o êxito de um Congresso desta natureza baseia-se no aumento de conhecimentos genéricos, de experiências concretas e, sobretudo, no conhecimento do outro como com-
panheiro nesta viagem pelas nossas Misericórdias em que cada um voluntariamente dá o seu contributo particular para o êxito geral. E é por isso que estou convicto que a Vila das Velas, na sua curta dimensão de comunidade pequena, deu um contributo válido para maior aproximação de muitos companheiros de caminhada dos Açores, da Madeira e do Continente. A escolha da ilha das Flores para o próximo Congresso Insular julgo que vai demonstrar e cimentar esta minha opinião!
Perguntaria a quem por aqui passou se, acaso, não tomou consciência do que é viver em ilhas pequenas e dispersas sobretudo quando o mar revolto e o vento agreste nos fecham porto e aeroporto, restando-nos a única consolação de ver as ilhas próximas, também como nós isoladas?
No início do corrente mês realizou-se na Vila das Velas, ilha de S. Jorge, nos Açores, o XI Congresso Insular das Misericórdias dos Açores e da Madeira. A Vila das Velas com os seus dois milhares de habitantes localiza-se na ilha de S. Jorge, nos Açores, que apesar da sua centralidade geográfica face às suas parceiras açorianas é das ilhas mais periféricas desta Região Autónoma. Mas, se é verdade que São Jorge é a ilha das quebradas que a tornam majestosa, das Fajãs que a apaziguam, a enaltecem e a diferenciam das restantes companheiras, das pastagens endémicas onde vacas pachorrentas, prenhes de leite e de suculenta carne, dão sustento à ilha e é a ilha das hortênsias ladeando estradas e pastos, que nos meses de Julho e Agosto transformam a ilha num autêntico jardim, não o é menos da voracidade dos primeiros povoadores e dos organizadores administrativos do arquipélago que, prescindindo da geografia, lhe delimitaram as fronteiras políticas e lhe deram um estatuto de periferia que ela teima, umas vezes mais do que outras, ultrapassar. Os seus dez milhares de habitantes dedicam-se essencialmente à agro-pecuária, sendo famoso o seu queijo cuja produção anual ronda as três mil toneladas. Ora, tentar trazer à ilha um Congresso, mesmo que insular e de diminutas dimensões parece, à primeira vista uma utopia, ou melhor, uma irresponsabilidade. Porém, quando propus a realização do Congresso nas Velas, já lá vão quatro anos, avancei com três
goada foi, e tão mal sucedida aconteceu, é a ciência, a arte, e o sentimento que nos torna mais vizinhos uns dos outros. Ou devia ser. Ou ainda, retomando a palavra exacta do Evangelho: “mais próximos”. Não apenas como meros residentes no mesmo bairro, na mesma rua, e até na mesma casa, ou no mesmo piso, onde se é apenas vizinho ou condómino, mas nem sempre se é um próximo. E tudo por falta de uma comunhão humana, ou alguma afinidade social; que não apenas uma co-presença física. Este Pátio dos Gentios, a que o Cardeal Martini já chamou “cátedra dos crentes”, é um espaço e modo de diálogo entre as várias culturas e crenças, no qual todos os intervenientes têm a sua opinião; não para
vincar os seus teimosos e fanáticos pareceres, mas para sentirem que todos respiramos os ares da mesma Verdade; ainda que soprados de quadrantes diversos e seguindo rumos diversificados. Mas com algo em comum. E só com o que se pode pôr em comum é que se faz comunhão. Como Paulo em Atenas. Pronunciou-se em favor de um Deus desconhecido – Ignoto Deo – mas sem menosprezo por outras divindades que levavam ao areopago adoradores e seguidores de outros credos, culturas e filosofias. Como comentou D. António Marcelino numa das suas brilhantes, como sempre oportunas crónicas, no Correio do Vouga: ”os melhores despertadores da Igreja são os que lhe põem problemas, e não os que
só lhe tecem louvores, batem palmas e coroam de louros”. Hoje há mais quem vá a um Pátio dos Gentios do que ao próprio templo, porque lá ninguém lhe corta a palavra, nem lhe atrofia uma opinião, nem lhe trava o caminho e intenção das suas propostas. Mesmo que só interrogando já estão a sugerir que como e quanto
pode haver outras verdades; ou a verdade vista por outros prismas; e é preciso fazer de todas elas um proclama ecuménico, como já no documento conciliar “Gaudium et Spes” se prognosticava; porque todos, mas todos, somos actores da mesma história. E apontar caminhos não pode ser impor itinerários; em paralelo também se faz jornada. No infinito se encontrarão todos os que caminham em paralelo. Exemplo e proposta, sublinhem-se já, entre nós, os encontros ecuménicos com cariz de Taizé, um rosto do movimento Religare - 2006 – que foram sonho e esboço, ou já deram corpo à estrutura de “Missão para o diálogo com as religiões” – criada em 2005, e fruto já de uma
análise da realidade multicultural, transposta para o domínio e espaço do diálogo entre religiões diversas. Como experiência nova já foi também a generosa iniciativa da Irmandade de S. Roque da Misericórdia de Lisboa, em publicar – e já por duas vezes – comentários aos Evangelhos, sendo em cada Domingo assinados por um membro de uma confissão religiosa diferente; e onde se respira a transparência de alma de quem se encontra para caminhar em paralelo, e acabar por convergir subindo acima dos particularismos, mesmo confessionais. O Pátio dos Gentios é o vértice do monte que se escala para se ver melhor e mais além, sem preconceitos, e, algumas vezes, com os olhos dos outros.
Frederico Maciel
Provedor da Misericórdia de Velas
Congresso que aproxima
Apontar caminhos não pode ser impor itinerários; em paralelo também se faz jornada. No infinito se encontrarão todos os que caminham em paralelo
Sabrosa Pára-quedas estimula idosos
Caminha Festas em honra de Santa Rita Em Acção
Terceira Idade
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O último mês foi de tristeza para as Misericórdias portuguesas, que viram falecer quatro provedores. Um deles foi Manuel Carvalho da Silva Pereira, 83 anos, da Póvoa de Varzim, cujo óbito foi declarado a 7 de Setembro. Silva Pereira integrou o grupo que esteve na génese da fundação da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em 1976. A Misericórdia da Azambuja também se despediu de Armando Aparício, 77 anos, que exercia funções desde 2003. O funeral realizou-se a 25 de Agosto. No Alentejo, o provedor de Elvas e membro da Mesa da Assembleia-geral da UMP, Carlos Abreu e Silva, faleceu com 75 anos no dia 15 de Agosto, vítima de doença prolongada. Era provedor desde 2008. Na Messejana, o ex-provedor faleceu a 24 de Agosto. Além de ter sido um dos refundadores da Santa Casa, Manuel Ruas era um conhecido empresário taurino. A Câmara de Aljustrel colocou a bandeira do município a meia haste pelo seu falecimento. Às famílias, enviamos os nossos sentidos pêsames.
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Património
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ÚLTIMAHORA
Último mês foi de tristeza
Viana do Castelo Espólio da Misericórdia em exposição
Aumento de vagas em creche não representa mais despesas O aumento do número de vagas em creche não vai representar mais despesas para as Santas Casas. A garantia foi dada pelo presidente da UMP Bethania Pagin O aumento do número de vagas em creche não vai representar mais despesas para as famílias, nem para as Misericórdias. A garantia foi dada a 13 de Setembro pelo presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos. Em causa está a publicação da Portaria 262/2011 de 31 de Agosto do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social que permite o aumento de vagas nas creches desde que cumpridos os pressupostos de segurança e qualidade previstos na mesma. Segundo o presidente da UMP, nestas vagas, mesmo que não sejam comparticipadas pelo Estado, mantêm-se as regras de cálculo para as comparticipações da família, em que o pagamento é feito em função dos respectivos escalões. “As tabelas que existem remetem para os rendimentos - quem tem mais rendimentos, paga
Creches com mais vagas
mais, o que é justo, e quem tem menos paga menos, que é justo também”. Além disso, não há obrigatoriedade de aumento do número de colaboradores, tema que tem sido desde há muito debatido em sede de negociação do protocolo anual de cooperação entre Estado e sector social. De acordo com Manuel de Lemos, os custos com pessoal são “pesadíssimos” nas respostas sociais de apoio à família como as creches.
Ou seja, com esta possibilidade de aumento do número de vagas, “que sabemos ser muito escasso em todo o país”, as Misericórdias podem prestar mais um serviço à comunidade, ao mesmo tempo que reforçam a sua sustentabilidade financeira, visto que aumentam receitas, sem aumentar custos. Sobre a questão dos recursos humanos, o presidente do Secretariado Nacional destacou também que os
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rácios ora definidos de número de crianças/recursos humanos são os mesmos que noutros países da Europa, como por exemplo a Bélgica. “A União das Misericórdias Portuguesas, de acordo aliás com o sentimento manifestado pelos senhores provedores sempre defendeu este aumento de vagas, independentemente da comparticipação do Estado”, concluiu o presidente do Secretariado Nacional, Manuel de Lemos.