MAREC HAL BOANERGE~
LOPES DE SOUSA
DO RIO NEGRO AO ORENOCO ( "'1 TERRA -
O HO.~l!E.JJ)
Publica ção n.0 111
M.JNJST ÉRIO DA AGRICULTURA CONSEL HO NACIO.:'\AL DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS RIO DE JANEl RO BRASIL 1959
1NDICE Assuntos
l'úgs.
Prefáeio . .... . .. .• ... . ... . .. . ... . ........ .. ......... . ... . VII Significado de algumas palawas da língua Tupi .. .... . .... . . 1. n ~ A razão déste li no .. ........... .. ... . . ..•.. .. . .. . .... . .. 5 4 - A e:-..l) :>di~flo inicia H•us trab:llhos. subindo o rio ~egro . . ... 7 :. - Cheg-ada a Santa I sabel ........... . . ..••.. • . . ... •......... i5 G ~ Chegaca a São Gabriel . ....•. . . .. .. .. . . . ........ . ....... .. 7 - Chrgaua a São Felipe, na foz do rio Içana ........ .... ..... : :-; - Chegada a Cucuí ........... ......... . ......•...• .. . .....• 9 - Excur::ão ao CC'!'l'O .ou P€dra de Cncnf ...... . .• . ..... . .. . .. 10 - Regres3o de Cucuí . ... .. . .... . . ... . •.......... ..... .... . .. ~ 11 - A expedição ao rio Xié ..... .. ...•• ... ........... .. .... ... 31. 12 - De noYo P.m São Felipe, de regresso do alto Xié ...•.. . ... . . 35 13 - A expedit:ão ao rio I t: ..a .. . .... ........... .. ; .•• .'••...••. 3614 - ~.:hegada a TUl~uí-ciichoeira .•...... ... •.. .... . ... . •.. . . .. 43 i:> - A cxped icão ao rio Cuiari .. ...... ... . .. ....... .. . . . ..... . 4S Hi - H<'gresso do r:io Cuiari ........ . .. ... ........... .. .. .. ... . 56 . y t7 .Prosseguind o no ICY<mlament o do I cana ......... ... ..•.. ... 63 18'- A expedit:iin r<'!~T~sa de Aracu-cachMir:J., dr, alto Içana, iniciando o lE>Yantamento de seu afluente rio Aiari .. . ...... . . . 81 H> - A expediç-ão transpõe o diYisor para o Uaupés servindo...se d<> u m trilho de índios que sai de Iutica .. ........ . ..... .. . 92 20 - As festa>: do;: índ ios rananas de Iutica .... ... . .•. .. . . .•.. • 9!). ~J O le,·ant ament.o do t:aupés, acima de Iutica ... . • ••• .... . ... 99 22 - Tilm início as festas cum as danças das máscaras ........... . 104 23 - ProSF<>guimento no leYantament o do rio Uauors ........... . 110' 2.1 - Chegada a J auaret.é-cac hocira, na foz do rio · Papori ....... . HS 25 - A expedição ao !'ÍO Papori ... . . . ·..... . . .. ........ . ....... . . 121> 26 - RPgJ'P~ando dP h]lu-cachoe ira, do al to Papori, a expedição r einil'ia o )('Yantamento do rio Uaupér: . .' ..... .. ..... . .. . .. . 151 27 - A Missão Salesiana de 'l'aracuá . . ......... .... .. . .. . . . ... . 157 .:?8 - :\ ('xpeditrio ao r io Tiquié .... . . . ... . . . . . . .. . . .. : . ... . .. . 161 .:?9 - Ch('p-ada a P:m- cachoeira ... . ........ . .. . ... . . . . ...... . .. . 172 30 - Jnfnr maçõPs rela I iva;:: ao alto Tiquié ....•...... ..•........ • 17~ 3 1 - Apreciação sintrtica sôl)re a r egião· ocidental do alto rio Neg.ro 3~ - . Ol'i.g.~f!._lDJ.ca nos pOYOS õ~ Ir,:~na e do Uaupés . ... • .. . .... . 3.:. - A reg1ao oriental do alto no Negro ..•........ .. . •. . .•.. . .. 215 ' 3 -~ Jnformaçõe.o sobre o Estado Federal Amazonas ... ••. .. .. • ..• 2!2~ 35 - An exos : Cachoeiras do Papori ....... ........... ..... .... . 231 36 - Pequeno Yorahulário da líng-ua Banina ou Banh·a ... ·. .... . . 238 37 Relação do.:: a.rtefatos indígenas colecionados pelo Major Boar,<;>rges e entregues, em nome do General Rondon, ao Museu Jli:~cional . ....... ..... .. .... ..... .. . .. .. ... . . ... ... . . . . . · · 24{). 38 - :E;::latfstica da população recenseada no decurso das expedições realizadas aos rio.:; Negro, Xié, I çana. Cuiari, Aiari, Uaupés, Papori e Tiquié . . ....... . ........... ... . ... . .. . .... . 244 a 260' 1 · 2 3 -
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PREFACIO Deseja o Marechal Boanerges Lopes de Sousa que o Presidente do Conselho Nacional de Proteção aos fndios deixe algumas palavras no inicio d ês te livro. A honra em atender ao pedido de tão ilustre bra~ileiro m e é particularmente grata e a ela se junta o cont entamC'nto de corresponder à confiança do amigo. Por outro lado, o tema versado - o rio Negro - tem para mim irresistivel sedução. Não ·caberia fazer aqui uma apresentação do Autor, figura de destaque em nossas fôrças armadas, que desempenhou encargos e comissões do mais alto relêvo, com um trabalho já publicado por êSie Conselho - índios e explorações geográficas, ·Rio, 1955, - , e que fêz numerosos levantamentos geográficos apresentando relatório$ que têm permanecido inéditos por interêsses militares temporários. Mas a fixação, em traços largos, no frontispício dêsle livro, das condições em que o pequeno corumbae·nse venceu a orientação paterna numa família tradicional brasileira, transpôs os obstáculos aparentes da sua constituição física e ingressou na carreira da sua eleição - que honrou em todos os J!10mentos do seu traf!scurso coJ7stituem um exemplo para os jovens brasileiros e orgulho para a gente da nossa terra. DA..DOS BIOGRAFJCOS
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Nascido em Corumbá em 1881, estava o j ovem Boanerges destinado a seguir a carreira paterna, ingressando no funci onalismo público da Alfândega local. -----~~ _...,__ Mas foram ocorrendo fatos que v.ieram a influir no espírito do jovem: . as Fôrças em Observação na Província de li! ato Grosso em 1888 instalaram-se ao longo da barranca do rio Paraguai, próximo à residência f amiliar e Boanerges acompanhava com devoção iôdas as atividades dos acampamentos; ali se movimentavam as figuras garbosas dos oficiais e praças com o seu gurilão e gravata de couro, dominados pela figura marcial e inconfundível do seu comandante, Deodoro. De certo se teria o m enino impressionado com as demonstrações de aprêço d e que eram objeto os militares e com o prestl-
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gio .de que des frut ava m jun to aos com pon ente s ·das diversas classes soc iais . Alé m diss o, seu avô pelo . lado mat ern o, o Gen era l Joa quim José de Pin ho - que fize ra iôd a a cam par ha do Par agu ai e,• sob o coman do do Ten ente -Co ron el Ant ôni o Maria Coelho, par tici par a da t oma da da cida de de Cor umb á, a 13 de jun ho de 18f!l - lhe enc antou a juv ent ude ao rela to dos gra nde s f eito s mili tare s bra sile iros incl ina ndo o seu sen tim ent o par a essa vida ; os des ejos do pai de que lhe seg uiss e . a car reir a não con seg uira m dom ina r êsse ges to que se foi fort alec end o até jirm ar-s e sua decisão ina bal áve l. Os estu dos prim ário s de Boa ner ges Lop es de Sou sa fora m iniciad os em Cui abá , em colégios par ticu lare s. e con cluí dos em Corum bá, em 1893, na esco la do Pro fess or Metello, que não des cur ava do ens ino das arte s e ond e Boa ner ges estu dou flau ta. Foi hab ilita do, ai, a pre star os e:rames fina is na Ins truç ão Púb lica (2.0 gra u), tran sf erin do- se, em seg uid a, par a Cuiabá , ond e se mat ricu lou no Ate neu Cui aba no. Ter min ado o cur so sec und ário no Lic eu Cuiabano, em 1897, req uer eu mat ricu la na Esc ola Mil itar . Foi, e.·n tão , que se apr esenfozr um gra nde obs tácu lo, que aca bou por ced er em face da von~ fad e firm e do futu ro ofic ial: a Cam pan ha de Can udo s hav ia aler tad o o Exé rcit o par a o pro blem a da sele ção fisica de seu s com ponen tes e o Dou tor Ma lhad o, méd ico da gua rniç ão, hes itav a em dedar ar apt o aqu êle rap az fran zino e de esta tura peq uen a, mas em que m rec onh ecia qua lida des esp ecia is rar as que rec eav a con trar iar. Na Cap ital Fed era l, tod avia , as dec isõe s cor riam a favo r de .Bo anerges, e êste , n o dia 30 de jan eiro de 1898, volt ou à cas a do Dou tor Mal had o, exib ind o o exe mpl ar do "Di ário Ofi~cial" em que vinh a o des pac ho favo ráv el do Min istr o da· Gue rra ao seu req uer ime nto . A luta trav ada na con sciê ncia do Douto.r Mal had o rep ont ou num a frase pro feri da em resp osta às insi stên cias do asp iran te a mil itar . "Be m, men ino , par a voc ê não dize r que não che gou a mar ech al por min ha culp a, vá ama nhã , às 7 hor as, à Enf erm aria Militar, par a ser insp ecio nad o". É inú til refe rir a sofr egu idã o com que foi aten did a a ord em do Dou tor Mal had o; Boa ner ges , con siderad o apto , asse ntou pra ça e emb arc ou no mes mo dia com des tino ao 2.0 Bat alhã o de En- · gen har ia, sed iad o em Pôr to Ale gre . Via jou no ·'La àár io" o mes mo vap orz inh o que Ro,que tte-Pin to mai s tard e imo rtal izar ia nas pág ina s da Ron dôn ia; qua ndo Boa ner ges a seu bor do, d escia o Par agu ai, o "La dár io" con tari a cêrc a d e dez ano s de ser viço . Roq uett e viaj ou n êle qua torz e ano s mai s farde e bem se rP-fere ao dec líni o da efic iênc ia do bar co.
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A pri me ira du ra exp eri ênc ia foi im po sta a Bo ane rge s quando,'!U a un ida de se dcs loc ou pa ra rio Pa rdo : sof reu , ai, tod ps os rigoresda vid a de qu art el na qu ela épo ca, du ran te os doi s me ses em qu e ag ua rdo u a ent rad a pa ra a Esc ola , po is a ma trícul a ha via sid o re- I tar da da na qu ele an o. Dê ste mo do, só em ma io pô de ing res sar na Esc ola Mi lita r. 1\Ta ver da de, a car rei ra mi lita r atr aiu Boane-rges do interi or pa ra . as gra nd es _cid ad es lito rân eas , on de fê:: os cursos fun da m ent ais ; ble s est ud os lhe ass egu rar am o ace sso aos suc ess ivo s d egr au s da car rei ra até cap itã o com o, po r me rec im ent o, gal gou os po stos sub uq üen fe" s até cor on el. Um a coisa, tod avi a, é certa: o apê lo do ser tão , qu e sem pre enc on tro u gu ari da no esp írito d e Bo ane rge s, le vando~o ma is de um a vez a ace ita r comis.~ões árd ua s e lon gas qu e o con du zir am a po nto s re mo tos do ter ritó rio na do ná l, tal vez um resquíciQ> dos qu ini qu ina us, do Alb uq uer qu e, e de faz e·n dei ros do mu nic ípi ode Mi ran da , seu s an tep ass ad os pel o lad o ma ter no . Te nd o em vis ta a na tureza dês te liv ro, é jus to qu e se dê relêvoao s fal os qu e re·s sal lam o am or do Marec ha l Bó an erg es pelo ser tão.. ao qu al ded ico u gra nd e pa rte de sua vid~ . Mas dev e ser dit o qu e sua car rei ra tev e ou tro s e im po rta ntes asp ect os alé m dêsse : comomi lita r, _prõpriaiTJenle dil o, foi igu alm en_tc ric a sua exp eri ênc ia, tan to na tro pa em pa z, com o na gu err a; tan to no pai s, com o n!J estra ng eir o - on de enc err ou sua car rei ra mi lita r, com o Pre sid ent e doCo nse lho Su pre mo da Jus tiç a Mi lita r da FE B. Ve jam os, ag ora , alg un s det alh es de seu per íod o d e ser tan ist a .. pa ra enc err ar, dep ois , co m bre ves da do s sôb re as dem ais fas es da uid a pro fis sio na l do Ma rec ha l Bo an erg es. VID.4. DE SER TAl i'IS TA
Se rvi a o Te ne nte Bo an ery es no 21.0 Ba tal hã o -.d..e....J.r; J...antaria, em Co rum bá , qu an do sof reu o pri me iro im pa cto qu e lhe des per tou inler êss e e en tus ias mv pel os tra bal hos da Comissii.o Te leg ráf ica , ch efia da pel o ent ão Ma jor Ro nd on . Re pre sen tan do sua un ida de na ina u{fUração da est açã o tel egr áfi ca do len dá rio for te de Co im bra , a 1.0 de jan eir o de 1905, fic ou em po lga do co m as fes tas qu e se rea liz av am em com em ora ção à epo péi a da con slr urã o da lin ha tel egr áfi ca atr aIJés do s pa nta na is qu e se int erp un ha m ent re Sã o Lo ure nço, ao su f de Cu iab á, e o for t e de Co im bra . O no me de Ro nd on ecoara em tod o o E.<ilaào, co mo rea liz ad or de um a faç an ha qu e o im ort ali zou com o ben fei tor de sua ter ra, lig an do pel o tel égr afo tod os os rec an tes de Mato Gr oss o. As sim , foi com ent usi asm o qu e o jov em Te ne nte
-X , em sete mbr o dêss e mes mo Boa nerg es acei tou o conv ite de Ron don ada da cons truç ão do ram al -ano, para inte grar a Com issã o enca rreg eres. .de Cuia bá à cida de de São Luís de Cá,c .l'tfarechal Boa nerg cs, "po is "Fo i uma estr éia dura ", diss e-m e o naq uela époc a, o siste ma de c. entã o Maj or Ron don já ado tava , inau gura ção das esta ções de ' '_metas. Mar cou com ante cedê ncia a de Poc oné para 21 de abri l, e Livr am ento para 25 de deze mbr o, a o se vê, o ~Iareclwl Ron don -a de Các eres par~ H de julh o". Com Mar echa l Boa nerg es quem fala .!JOSiava de apro veit ar - é aind a o r as esfa çôt.-s frl cgrá ficas . As· -·- a,, data s nac iotw is para inau gura am nas data s prev istas , mas , de Livr ame nto e Poc oné se real izar mad a Mal a do Roc eirq , com os aroe i~ntre Poc oné e Các eres , a cha ulso da derr uba da. E o que ras 'que .)ra- mac had os' detiv e-ra m o imp ingo s e feria dos! "Jla s, apes ar fêz o J!aj or? Sup rim iu todo s os dom alho s" - conc luiu o Maredo acel erad o que se imp rim iu aos trab gura da a 1.0 de agôs to". ·Chal Boa nerg es - "Cá cerc s só foi inau o Ten ente Boa nerges · -: Um prêm io ines pera do obte ve, entã o, Leo nor - filha do Dou tor Ma-conhece u naq uela cida de sua -pri ma e d e·s cend ente , pelo lado manue l Esp erid ião da Cos ta Mar ques , Leit e - e com ela se caso u a iern o, da trad icio nal fam ília Pere ira .26 de julh o de 1907 . que o Ten ente Boa nerg es Foi rela tiva men te curt o o praz o em dçm : o tem po nece ssár io para .deix ou de serv ir sob as orde ns de Ron e o de Eng enhe iro Geó gmf o, o ofic ial faze r o curs o de Esta do llfai or mai o de 1910, já esla va depois , ao ser desl igad o da Esco la, em as Telegráj"ic:a s Estr atég icas sign ado para serv ir na Com issã o de Linh -de Mat o Gro sso (Co miss ão Ron don ). Gro sso, cheg ando ·em fins Par tiu, aind a em junh o, para Mai o a-se· para insta lor a famí lia, de julh o à cida de de Các eres . Prep arav tran smit ida d e Cuia bá, pelo qua ndo uma noti cia alar man te lhe foi a, chef iada pelo T en ente Nitelé graf o : a turm a de locat;ão da linh ava ao nort e do .Turuena, tinh a cola u Bue no Hor ta Bar bosa, que· · oper fica ndo graveme nte ferid os sido atac ada pelo~ índi os nha mbi qua ras, Nico lau e seu auxi liar , Asp ipela s flech as dos índi os, o Ten ente pira nte Tito de B_arros. Boa nerg es rum o ao sertã o, Em face da situ ação , par·tiu o Ten ente . Em Salt o (rio Sep otub a), aco mpa nha do som ente de um guia _Cae tano Hor ta Barb osa, que uniu -se à com itiva do Ten ente Júli o ino. A 31 de agôsto, cheg am part ira de Cuia bá com o mes mo dest os ferid os já fora de peri go. . os viaj ante s ao Juru ena, enco ntra ndo da turm a de cons truç ão Foi o Ten ente Boc mer ges enca rreg ado inte rrom pido s em cons eqüê n-da linh a, cujo s trab alho s tinh am sido
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-cia do ataqu e dos índio s. Para a retom ada do serviç o, disse o J.l!arechal Boan erges - impun ha-se o conta cto com os nham biqua ras, senho res absol utos da regiã o. Er(l. neces sário um traba lho de -apro ximaç ão pacie nte e cuida doso, a fim de inspir ar-lh es confia nça ·c conqu istar sua amiza de. Não era possí vel penet rar em suas terras hostil izand o-os ou usand o de repre sálias . 1:sse traba lho foi lento .,, e:dgiu muita perse veran f:a, mas o métod o de pacifi cação instit uído pelo então Coron el Rond on não falho u. ··os .;.Yhambiqu aras segui am -os nos.sos passo s - conti nua o Mare chal Boan erges - " eram invisíveis , mas sentía mos-l hes a prese nça p elos rastro s que deixa vam no chão, pelos sinais na~ árvor es (galho s partid os, ele.) e por meio de brind es que lhes deixá vamo s e que eram retrib uídos . Quan tas emoç ões e alegr ias nos despe rtava m! Era o camin ho da pacifi cação -- o namo ro, de que. tanto se falou ". Nessa fase de traba lhos da Comi ssão Rond on, desem penho u o Tene nte Boan erges li(Írias funçõ es. quer no serviç o · <le const rução e .de conse rvaçã o da linha , quer em outros de natur eza admin istra.i iva que o retive ram até dezem bro de 192'2, quand o rever teu à tropa .· E só conse guiu sua dispe nsa depoi s de haver execu tado, ·em pleno sertão , a obra que Roncl on reput ou o mais releva nte serviç o presta do à Comi ssão após a inaug uraçã o da linhu em 1. 0 de janeir o de 1915: a de sua recon struçã o entre as estaçõ es de Afons o Pena (antig a Urup á), situa da à marg em do rio Gi-pa raná ou Mach ado, aflue nte ·do Made ira, e a de Barão de llfl'lgaço, no ""hint erland " matog rosse nse. A recon struçã o se impu nha - dissl'- me o Mare chal Boan~rges - porqu e, em conse qüênc ia de dificu ldade s insup eráve is, que, então , se apres entar am, a ligaf:rto dês.->e trech o teve. de ser ff'ita em caráf er provi sório , deixa ndo-s e para mais tarde , quand o a situaç ão o permitiss e, r econs truir a linha , molda ndo-a às exigê ncias técnic as da Repa rtição dos Telég rafos . l.'ária s tenta tivas foram feitas , a partir de 1916, para o alarg ament o da picad a, mas tôdas elas--.f.J:E..c:9i_~aram.. . E a mala exuberante toma va conta de tudo. . . Até que num dia de novem bro de 1921, achav a-se o Capit ão' Boan erges em Santo Antôn io do Made ira, a serviç o da Comi ssüo, quand o receb eu um telegr ama do Gene ral Rond on: tratav a-se da recon struçã o da linha telegr áfica. O Capit ão Boan erges sabia que seria mais um ano de ausên cia da {amil ia, mas resol veu atend er ao apêlo insist ente de uu chefe e, como estive sse ~"zzficienlemente· esclar ecido a r-espe ito do assun to, organ izou um "plan o de traba lho" ao qual . Únpr imiu ritmo acele rado: tôdas as provi dênci as devia m ser tomad as a tempo de inicia r o serviç o em .CGJ.L êfO d e abril para concl uí-lo em setem bro, aprov eitan do a época
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reu a um dc1 sêca e de melh or salub ridad e da regiã o. E recor conde nado a proce sso inédit o, um tunto revol ucion ário que parec ia empr eitad as dium fraca sso, na opini ão dos "ente ndido s" ··- o de , os interm ediáretas com os própr ios traba lhado res, ·aboli ndo, assim a e respo nsabi - • dias. Orga nizad os em pequenas turma s sob a chefi res - todos !idad e de um de seus comp anhei ros, .êsses traba lhado das tarefa s que n~rdestinos - deram conta , com a maior correçcio, senso de resel lhes iam sendo distri buída s, revela ndo, assim , notáv ponsa bilida de. em conTudo corre u na melh or ordem e, ape.sar dos valid nigs de gripe estrário e de impre vistos inevit áveis inclus ive um surto ição, ao pe· exped da panho la que prost rou quase todos os memb ros lhado res - os netra r no Gi-Pa raná, e custo u a vida de cinco traba adota do, pois r esulta dos viera m demo nstra r o acêrlo do ústem a - foi connossa tare fa- é ainda o Mare chal Boan erges quem fala do prazo marcluída de acôrd o com o progr ama traça do e dentr o Melga ço tinha de cado: t ôda a picad a entre Afons o Pena e Barão s, dos quais sido· roçad a e alarg ada, na exten são de 204 qzzilômelro 4.0 metro s. de bitola 125 em zona de mata na qual foi alarg ada para a de 4.6 quilô No trecho entre Afons o Pena e Presi dente Herm es subst ituinmcnto s - foi retifi cada a linha e renov ada a posleação, do-se 4.69 poste s . Boan erAquê les antig os "uara dollro s", - concl uiu o Mare chal amaesta flor gcs - trans forma ram-s e em belas aveni das, em plena =ônic a. ~
I~SPEÇÃO
DE FRONTEIRAS
~iJPflr~ 192~j uando r=~~~':!f~j@ ~~e
~ó?C'<t.J~)]g~'.&~~~ Em
:o/M1r)f~I!Ji?J11~-:l!cf,.,a...~i~&.I#IJ&.._q,..dl:Jla ve~ ~fl os servzç os pela Guian a Fran-
~-::r:4e.rrEroBt.dc..~ãrãm-se
tndio s e Explo · cesa, de que nos deu notíc ia o Autor em seu livro ·· que". Aind a rações Geog ráfica s", no capítu lo "Uma !Jiagem ao Oiapo da inspeçãoo no mesm o ano, foi o Capit ão Boan erges encar regad mente incor-· d e um . selor da front eira com a Guian a Jnglêsa, atual porad a ao Terri tório Feder al do Rio Bran co. grnf.gplr~9o,. -ws19~ ;.md?.l.e~~~sk·-~ un~~IJ!!]g!J]MJ~I?;.{ ef!lo".. _~. ~Jj _..P.MlJ.St::.tmi.ão~ajhr:::B~ cabeiul lho têm· Conse ,~ rme n os dá notic ia minuc iosa neste /inro, qui!! o o praze r de pllbli car. erges proNa tercei ra camp anha (1930) coube ao Majo r Boan do seu contr iceder ao levan tamen to exped ito do rio Parag uai e
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huinte Jauru, d esde a foz do rio Apa até o Corixo de San Matias, na Bolivia. Sintetizan do · a colaboração do Chef e· do Estado-Maz:or do Inspetor de Fronteiras, assim se expressou o lllarechal Rondon, em Boletim d e 15 de agôsto de 1931, ao desligá-lo daquela Comissão: "seja d esligado d esla Inspeção, com data de 17 d e junho, o Major Boanerges Lopes d e Sousa, por ter sido classificad o no 3.0 R egimento <le Infantaria . Ao desligá-lo, apraz-me tornar pública a copiosa colaboração d êsse m eu chef e d(' E stado-Maio r nas três campanha s em que· operou nas fronteiras das Guianas Francesa e Jnglêsa; da Ven ezuela, Colômbiç., Paraguai e Bolivia, em cujos trabalhós os seus s ubs fmzciosos relatórios comprovar am sua capacidad e técnica como oficial d e Estado-Ma ior; sua oper osa atividade na direção das turmas .que clzcfic•u e sua rclidão militar no cumprim ento das ordens e insfruçõe·s recebidas do lnspetor . Como coordcnG.d or da adm inistração <la lnspeção, deu provas inconcussas d e ótima.<: qzzalidades de Chefe d e S erviço de Estado-.lla ior mantendo em dia o expediente do Quartd-G eneral, organizand o, no fim de cada campanha, os elementos n eceúários para a elaboração do R elatório do lnspetor: acompanhando com interêsse especial a construção d as cartas das front eiras e dos serviços especializa dos de fot ografia e cinematog rafia; inspecionando, finalment e, o serviço de contabilid ade no sentido de manter o difícil equilibrio entre os créditos votados e as despesas das diferentes turmas, constantem ente perturbado pelos imprevisto s do d esconh ecido em que jaze'!n as nossas front eiras do N orte. É-me grato, por todos êsses motivos, elogiá-lo p ela inf('/igénci a, invejável' atividade, capacidad e d e comando e tP.cnica de Estado-Ma ior, conduzida s por um relo caráter, que é a sua principal característ ica moral. Sou-lhe muito grato p ela sua preciosa colaboraçã o nesta Inspeção, onde d eix a vago o lugar de Chef e de Estado-Maior que ocupou com lanta eficácia a contar da segunda campanha , tendo, na primeira, operado co-mo adjun.i o". VIDA DE MILITAR
Exerceu o Marechal Moanerges, no Exército, os seguinte-s postos principais : - como capitão, serviu rzo 1.0 Bala/hão de Caçadores , d e Petrópolis, t endo participad o da e.r pedição que em agôsfo de 192ft partiupara o Nort e. sob a chefia do General Mena Barreto, a fim de sufocar a revolta das tropas que se tinham apoderado da fortaleza de óbidos e do Estado do Amazonas . Foi nm dos mais prestimoso s co-
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laboradores da obra de pacificação e de reintegração da zona conflagrada, dado o grande conheciment o que tinha da região e das condirões sociais e politicas que imperavâm naquela zona dp extremo norte de, pais. - ainda como capitão e subcomandan te do 1.0 B. C. seguiu, em julho de 1925, com o >Seu batalhão para a cidade de Uberabinha, atual [Jberlândia, a fim de reunir-se a tropa comandada pelo Gen eral Pan-. !aleão Teles Ferreira, incumbida de combater e pe·r seguir a fôrça revolucionár ia que, do sul de Mato Grosso, se internara por Goiás, rumo ao norte. - como major, comandou o III Batalhão do 3.0 R.l., aquartelado na Praia Vermelha. - corrw tenente-coron el, foi Comandante do 13.0 B .C., sediado· P.m Joinville, Santa Catarina . ~\Tesse comando_ incorporou-se , em 11 d e julho de 1932, as fôrças do General 1raldomiro Lima, contra as fôrças re11olucionárias do Estado de São Paulo. Com o seu batalhãocumpriu várias missões que lhe foram confiadas, aluando em Jaguariaiva, em Sangês e Itararé . Ao chegar a Faxina, na manhã de 25, foi cientificado de que linha sido nomeado comandante de um destacamento que, inicialmente, recebeu a m~ssão de marchar sôbre ncidade de Ribeirão Branco, apoderar-se dessa cidade que estava em · poder dos revolucionár ios, progredir pela E_strada do Capinzal, rumo a rodovia que liga a cidade de ltapetininga a de Apiai, a fim de cor~ tar-lhes a comunicação entre essas duas cidades. Do modo como desempenhou tais incumbência s, dizem bem as segúintes referências,. feitas em Boletim p elo General 1l"'aldomiro Lima: Em 17 de agôsto,. sôbre os combates do Capinzal, o elogiou pela maneira inteligente, perspicaz e segura com que se houve na importante missão que lhe fôra confiada, onde seu valoroso d estacamento teve oportunidade d~ mostrar sua eficiência, portando-se com abnegação e sacrifício na luta que manteve debaix~ de forte. tempestade e sob a ação inclemente do fogo. Em 5 de outubro: Ao publicar, em Boletim, a ação dos destacamento s que tomaram parte nos memoráveis combates do· .rio das Almas e Paranapanem a - de 15 de setembro a 3 de outubro - onde os revoltosos pretendiam quebrar a marcha vitoriosa do Des· tacamento do Exército-Sul, elogiou pela pre·c isão das manobras executadas, pelo denodo e pela bravura com que dirigiu suas tropas noconjunto das operações, assás · concorrendo para a brilhante e esmagadora vitória das nossas tropas. A 16 do mesmo mês, ao dissolver o Destacament o do Exército-Sul, o General lFaldomiro Lima o elogiou pela habilidade e eficiência com que conduziu o seu Destacamento nos combates de Ribeirão Branco; Capinzal, Guapiar(4
-xv·Pinheiros e Região do Pinhal, e pela coragem e sangue frio com que se portou nos mesmos combates . . - ainda como tenente-coronel e, .depois, como coronel, comandou o 1.0 B. C., de Petrópolis, onde p ermaneceu quatro anos. - como coronel exerceu a chefia. do Estado-Maior da 1.a. R egião. Militar, a cuja frente se encontrava o General 1~Taldomiro Lima. - ainda · como coronel, comandou a 7.a Brigada de Infantaria .. sediada em Jzii= de Fora, em cujo comando foi promovido a General de Brigada, em 15 de novembro de 1937. - como General de Brigada, comandou a 6.a Brigada de Infantaria, sedwda em Pôrto Alegre, assumindo inlerinamente, em janeiro de 1938, o comando da 3.a Região ll!ilitar, E stado do Rio Grande do Sul. - Ainda como General de Brigada, assumiu em f evereiro d e 1939 a Diretoria da Arma de Infantaria, então criada, pâsto que exerceu até outubro de 1942. - ainda como General d e Brigada, tomou posse, em d ezembro de 1942, do comando da t!J.a. Divisão de Infantaria, com sede em João. Pessoa, pôsto de extraordinário relêvo lendo em vista a entrada do Brasil na Segunda Guerra. Coube ao então General Boanerges a missão de cobertura do litoral dos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. }.,' este comando foi promovido a General de Divisão, em junho. de 1943. - finalmente , como Gen eral de Divisãó, foi nomeado, em abriL de 1944, Presidente do Conselho Supremo da Justiça Militar, órgão. criado pelo govêrno, similar ao Superior Tribunal Militar, para acompanhar as fôrça s e-xpedicionárias brasileiras em operações de guerra na Itália. Terminada a guerra, General Boanerges p ediu lransfr.:rência para a reserva e exoneração do referido cargo, encerrando. sua carreira militar, após 47 anos d e serviço ativo.
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COl'ISELHO li'ACJONAL DE J!ROTEÇXO AOS I NDIOS ---.,...,-........_
Mas Boanerges -Lopes de Sousa ainda não estava quites com seuantigo chefe e amigo, Marechal Rondon, pois em novembro de 1945foi Rondon buscá-lo em casa para· integrar o Conselho Nacional de Proteção aos tndios, na vaga deixada pelo saudoso General Manoel Rabelo . .. L embrei-me d e você" - disse-lhe Rondon - "para substituir o· Rabelo. Ningu ém melhor que você, que me. acompanhou n essa peregrinação p elo sertão, em contacto com os índios. Você conhece os seus problemas, suas necessidades. Estou velho e é o último apêle» que faço a você."
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"J.tão era possível negar sua coiaboraçãe ao grande sertanista, protelar dos índios" - disse-nos o Marechal Boanerges. Tratava-se .de llm cargo honorífico e era um prazer trabalhar sob a direção do Marechal Rondon . . Foram mais nove anos de serviços à nação, pois só em novembro de 1954 conseguiu o Marechal Boanerges sua exoneração dêsse . cargo. "Estou velho"~ disse o Marechal Boanerges a Rondon, "e o Con.selho necessita de sangue novo. Convém dar oportunidade a que outros brasileiros, amigos dos índios, colaborem com o Conselho. trazendo idéias novas, mais esclarecidas" . E recolheu-se definitiva.m ente ao lar, onde passou a rebuscar os seus arquivos, dos quais já nasceram dois livros. 'Êsle, por exemplo, o "Rio .'\Tegro", cujo subtítulo "Caçador de me ocorreu em palestra com o Autor sôbre a significaç<'io do seu trabalho, tem para mim - como disse no inicio dêste prefácio - um sentido de irresistível sedw;ão. ~:g~JJr
r erfentes"
~Wkrlig,j{k(}..rpg'ê$pu...n.(]en.cal.ue~i~~1iltoJJ.~.f.ijys;gJJ..id/.e
a.{ a....e outros haviam sido obje'fo e~...aienl~•.Jeitld:E,~.a-IJ..Qi :e ~J.J.de::::ii.v&tJ::;;b:()lll:.-lJ:dí:;::§;.uhsf.iJ..uir" Ejlt;r~ !,~e!J{J,.fl g_,/;,wJ,r;fili-;;Jlt;J-iJ/;FJ.)l.Q/~ ~!l§!gld,J.J)~ - di si ri buí ao.'$ ufuno!>, como lt>mas de trabalho, diversos t'ISpeclos da vida social dos indígenas do grande vale, estimulando os estudantes a e:raminar em com atenção os problemas de variedade do solo e do ~erreno em suas manifestações floríslicas e faunisticas com os respectivos reflexos na cultura daquelas populações aborígenes. Não me ocorre lembrança de outra região geográfica tão extensa cm que as águas tôdas manando de quaisquer encostas de montanhas e serras, se encaminhem - não obstante os enormes percursos t erritoriais a vencer para um só rio, transformando-o, -assim, no único sorvedouro das águas da área e constituindo-o possante afluente do mais caudaloso dos rios da terra . ·É desnecessári.o el'!carecer a importância do falo do ponto de vista social : o rio .foi, no Brasil, fator ponderoso na orientação e medida das migrações indígenas; serviu de estrada aberta, se não p!!rmanente, pelo menos durante certo t empo mais ou menos largo cada ano, conforme o d eclive e a natureza do leito em que corria; quando -o desnível do curso surgia maior e as águas tombavam em quedas, aluou como o marco final da caminhada; seu curso freqüenlemcnle obstou o prosseguimento de marchas de populaçõ~s desconhecedoras da navegação. ~dAA!f-1}..o.,J]jj; E.lo::.
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Tal facilid ade de comun icaçõe s contrib uiu para fazer dêsse imenso territó rio teatro de ocorrê ncias dignas de estudo ; a amplit ude dêsses fa los, no entant o, ainda não foi devidame._nte apreci ada e o seu sentido só poderá ser bem apreen dido depois de pacien tement e' pesqui sado cada um dêles. · · Inicial mente, cabe l embra r que Rivet, examin ando aspectos de difusão cultura l, à luz sobretu do de dados contid os nas crônicas, e.Q.ll.~ diJEUl!l.§ IJ!,a!,õR -!JlP:Ch;_za d..f!z..tifxni..cSro.cf o_ O.liiJk..:-,.t:J1l..~ s~..,..ex0:f...am os litfJ?JJJP.S~-d!J]Ldir.ef..ã<J-:âs::rtefN:rSu.llô-B rcsii, :alm.Jlé ~ d.o -vg,{t; ..!f...f!..r.El:g 4
AEJ..f..O.
No campo do empré stimo cultura l ainda a dispon ibilida de de permit iu aos grupos indíge nas estabel ecer intenso comércio entre si; os contac tos tornar am-se tanto mais vantajo sos e portan to fregüen le.s quanto a varied ade de solo e de altitud es restringia a certas localid ades a existên cia da matéri a-prim a n ecessár ia â fabrica ção de coisas indispe nsávei s à vida de popula ções distant es. Entre tais elemen tos contam -se o curare , os fragme ntos de sílica utiliza dos nos esplên didos ralado res que alguma s tribos {abrica m, as hastes florais de Arund inaria, empreg adas na feitura d e saraba tanas. Tais contac tos e emprés timos cultura is, altame nte aprecia dos por aquela s popula ções industr iosas, em vez .de desper tar rivalid ades de conqui sta gerara m sentim entos de congra çamen to político : os grupos mais prestig iosos passar am a exercer certo poder sôbre os demais , esboça ndo-se como que uma confed eração manao , com= pativel à confed eração dos tamoio s do Brasil centro -orient al. Além d essas expres sões gerais de ordem polític a, uma outra de comunicaçõe~ ·
T@urezar~:&1igiosa~;;;;(lpontad~~.o."f.fÇà1ve~
~~;;;J~rzEID-:.ínif..i.o .IIlllL{L.de,nom e,;;; A LexaJJ.:.d;:,e J.!:..qk§.;.Jle.:..mi.ssi:azuír.i:ô;;;P/iciQ1J.lJ.;.;JU)J:D..;..,S.U~.._adf!,P.,lOs. .. à
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-q,ne · :.Jl~O .ma_m issã9 de cunho. J.undame111.al.mente;;r.eligioSOc4 O grande poeta indigen ista bra7 ílico trouxe da Amazô nia duas figuras talhad as em madeir a de Cristo do Içana, que eu tive .a felicid dde de identif icar entre espécimes das ~oleções do Museu Nacion al. Mais rece·n tement e em 1928, o então Major Boaner ges Lopes de Sousa pôde verific ar uma nova manife stação dessa t endênc ia à constitqiçã o de predom ínio p olitico de um grupo sôbre outros sediad os em tôrno da maloca do velho Mandu , tuchau a de Cururu -poço, no rio Aiari. Isso não obstan te a penetr ação da catequ e·se e ~e comérc io orienta do pelos l•rancos explor adores das riquez as da região . A ocupaç ão do vale d esde o inicio do desbra vamen to por missionári os e leigos lZisos deu marge m à introdu ção de duas novas línguas : o portug uês e um jargão de comérc io de base tupi, levada
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pelos missionários , língua de que não havia representaçã o entre 03 aborígenes da região. Falaram essa língua não somente alguns índios ma;, ::;uhrcfildo lusilaliO.<: imigrantes no Vtrle cujos descend entes a conservam em suas casas aéé os nossos dias. ~ O . inferêsse de diferentes Estados europeus em promover exposições científicas no "Kovo Mundo estimulou o zêlo da política lusa !'m relação aos produtos e riquezas naturais da sua Colônia; Portugal reagiu com a organização de uma grande expedição cientifica r;..Q.LtLiada a _ um iove.m . baiano .;;.er.é.Jn:[.OJ:rn~do, em.. Coimb~;a:...O'Al.JLX[!J! «!;e Rodrigues Ferrcirg . O grande objetivo: o conhecimento do vale do Ama:::onas. Terminada a exploração, a messe mais promissora para a pesquisa social: a do vale do rio Negro. . O p ercurso do vale ·amazónico durou cêrca de um d ecênio; teve por ohjelo, ao lado da descrição dos característico s geográficos, dorumer. fados em grande parle por desenhos, levu.ntamenfo s em populac;õe~ ribeirinhas fô ssem ela.<; indígenas ou não. Rodrigues Ferreira fêz reproduzir em aquarelas a vista fluvial dos povoados, relacionando os seus moradore·s; organizou tabelas com a indicação dos produtos agrícolas locais, além de formular consideraçõe s de ordem vária acêrca das condições gerais das respectivas instalações e progresso. Ao lado dos elementos de interêsse· social, fornecidos pelo jovem doutor naturalista en con tram-se outros em Gonçalves Dias, Hamilton Rice, ele ... J!as é o trCibalho do Marechal Boanerges, que constitui o esplêndido coroamento ao esfôrço dos se·us precursores. Empresta aos elementos anteriorment e colhidos uma signi{1:cação que nunca .<u> lhes poderia ter atribuído isoladamente . Este livro e a obra irmã "Jndios e Explorações Geográfica:;'', também de autoria do grandr companheiro d e Rortdon. d escortinam hori=ont es novos à pesquisa social sôbre aquêie· setor da Amazônia. A linguagem do Marechal Boanerges tem a fluência dos veios de água manantes deis montanhas e serras daquela vasla região. A sua autoridade d e engenhâro geógraf.l;_,..fb.__e__ditou as técnicas de operação no levantament o dos dados físicos sôbre a terra. Daí a segurança e orientação invulgares na interpretação dos falos; a riqueza das coleções etnográficas, a documentação cinematográf ica, entregues ao Museu Nacional, as demai.<: informações de int erêsse social, · atestam a alta significaçcí.o da Slla obra. Ela fica, assim, à disposiçiio dos p esquisadores de ciências sociais como um filão precioso cujo volume e valor bem se pode prever. Rio de Janeiro, outubro de 1958. HELOIS.\ ALBERTO ToRRES
SIG~IFICADO
GERAL" OU
DE ALGVMAS DAS PAL A YRAS DE "LíN GUA "NHE~GATC" E~IPREGADAS XES TE LIY RO
'U'ado na - Casa do boto . · is - A~oit es com que os índio s se - r :-gast am para é fugen t ar as iras de
lu itera - l\lorro, colina, eleva ção. !amá - Vead o. Jutic a - Bata ta. : - upar i . Jt uim - Mu~um. /.:itía - O mesmo que emba úba . Jlnq uira - Rêde . ·. rá - BolD do l•aixo Ama zona s. .1/aracanã - .\rar a pequ ena. ·,ra - Morc ego. Jluq uiari l\foquém. --era :Nome de· um pássa ro pe~ .llcmicuel·n. ou maní aca - Mandioca. c:;do r. Jlapo a Terr ina feita de barro . }Aia ma - Ilha - Exem plo: Curu ruPura qttê - Peixe elélr ico. -<"npo ama ilha do sapo . Para ttl - Pra to. ~ jate ?\ome de um peix e. Pana paná Borb oleta . ~ iúé ou iutic uara Bebi da de farin ha Pnru niuic ana Popu nha gorda do Pa::e mandioca com água . ran. • rifu3 Bebi da ·análoga, na qual se Pa xitíb a ou paxit ía - Palm eira usad a "E'n·e de beiju em vez de farin ha. pelos índio s e caboclos do Am azonas c .. ;o - Tang a suma ríssim a usad a pelos }>ara soalos, girau s. cêrcas, ele. iP.dios. Quin hapir a • i.ucu ri - Dan~a organ izada por OC:lPeixe cozido e desm an"'ião da entra da de uma joyem na puchado com basta nte pime nta servi do N>rda de. Certa s tribo s. empr egam a c omo sôpa ou com beiju . mr>:;:ma pa!:n-ra à ·dança em h omen aQuin ha rupit á Tron co de pime nta. ~em a jurup ari, u_ a qual as mulh eres Quia ua·- Pent e de coque . :.ão podem toma r parte . Rupi tá - Tronco. t.nacn ua - Nome de uma fruta . S ering a rupit á - Tron co de serin ga. •-..-:ip i - ·Breu . Siuci - :."\orne de um pássa ro •. : quira - Sal. Sara cuá - .Gali nha .·ata pá - Pedr a lisa. Taciu a - Form iga. •1cé - Ralo feito de fragm ento de sílex Tend aua - Sítio, mora da. P:"Jlal hado em made ira. Tatá acic11era .- Tjc5 o.de fogo. :~11 h a E strêla . Juar a OlL aiuar a - Cach orro.
SIG~IFICADO DE ALGUMAS DAS PALAVRAS DE LíNGUA TUPI
EMPREGADAS NESTE LIVRO :tcoti ou acuti -
Co tia .
•-!cutiacanga Cabeça de cotia. .-!racu Peixe meio alongado, raiado
Jlirapinima - Madeira pintada. Tabaco, fumo. Jliriti - O me~mo que buriti. Pari Tapagem feita. nos igarapél! para prender o peixe. Pira Pele. Pirá Peixe. Piramiri (ou mirim) Peixinho. Pirara - Peixe voraz. Piracttera - Peixe real. Pirapocu - · Peixe comprido, alongado (peixe do rio).· Pixuna - Prêto. Pirera - Casca. . Sarapó Peixe dágua doce em forma de eobra; enguia. Sauiá - Rato do mato. Sumauma O mesmo que samauma. Suaçu Véado. Taiaçu - Porco do mato. 1'eiu Lagartixa. Tapira ou tapiira - Anta e, por . extensão - boi, vaca, touro. Tarucuá - Formiga qne mora nas árvores fazendo o ninho por baixo das ·rolhas. Pitima -
de prêto, também eonhecido por piau. Acarzgatara - Cocar feito de penas de arara, de tucano e plumagem de outros pássaros com çue os índios ornamentam a fronte nas grandes festas. Buia ou boiacuara - Buraco de eotra (de bóia-cobra e cuara-bmaco). caa ou caá - .~.rbu sto, fõlha. Ca ua - Caba ou vespa. Camuti - Pote ou vaso de barro para água. Cururu - ~avo. Carawru - Cipó de cuja fécula se prt:para uma tinta vermelha fin í.ssima. Cumati --: Arvorre cujos cavacos dão uma tinta rôxa que, misturada eom amoníaco, torna-se preta e serve para pmtar cu ias. (.'rmflã l\fulher. Cu nhãmucu - Moça, rapariga. Cu rumi - Menino. Cunhatã - Menina. /andu Aranha. /gari té Canoa de grande porte. T~tri Arvore da qual se extrai a en/peca <lU iipeca Pato eomum. lrecasca para <l preparo de peças de /taou itci - Pedra, fc.rro ou metal. roupa, de ornamentos para máscaras. lraruca Casa de mel (de ira-me! e Tata - Fogo. uca casa). I yarape· camm · h o dagua, · · · ,..._ Tin(Ja - CCõr branda. nozmuo--es-:..- U. b f .,_ d trei to. a anoa e1 l.d. e casca intei.riça de árvore. ly Conlração da palana igarapé. Jurupari - Diabo. Uanana - Marrecão. Jlaracanã Arara pequena. Uira PáEsaro em geral. Jfira ...:_ Arvore, em geral. Uapiriri. Arvore da qual se extrai Jfatapi O mesmo que covo, feito de a entrecasca como o tururi. vime ou de taquara. Uiuá - Flecha. Jfirapiranga Madeira vermelha (pau Ui (cui) Farinha de mandioca. Brasil) . Urupema - Peneira. ( · ) Padre Constantino Tasfevin: "Gramática dn Língua Tu pi". Nomes de t'lantas e Animais em língua Tupi. Separata do Tomo XIII da "Revista do lluseu Paulista'' e outras fontes.
A" RAZ..\0 D:tSTE LIYRO ?\a publicação n.0 110 "índios e Explorações Geográficas", editada em 1955 p elo Conselho Nacional de Proteção aos índios, figura uma síntese das explorações por nós realizadas, no ano de 1828, na região do alto rio Xegro, integrando a comissão chefiada pelo então General Cândido Rondon . Era uma "separata" da nossa modesta contribuição ao 9.° Con~resso de Geografia realizado em 1942. Ao autorizar aquela publicação, deliberou o C.N.P.I., sob apresid ência do benemérito General Rondon, mandar imprimir, também. o trabalho relativo às mesmas explorações geográficas, por se tratar de um "documentário" que muito interessava ao Serviço de Proteção aos índios. Somente agora foi possível ao Conselho tomar as n ecessárias provid ênci as e a publicação se deve a essa expressi,io da inteligência da cultura científica que é D.a Heloisa Alberto Tôrres, professôra do l\Iuseu Nacional e que, desde janeiro de 1956, preside -no impedimento do General Rondon - com notável espírito público, o Conselho :Kacional de Proteção aos índios. \"ai publicado no original, m odificada a ortografia em uso na época p ara a atual, suprimindo-se alguns tópicos e- expressões, sem prejuízo para o conteúdo. · Trata·se, em sua maior parte, de apontamentos de um "diário de viagem", sem preocupaçoes literárias; bastante prolixo, mas, a int~nção (se é que a intenção vale alguma coisa), foi não perder nenhum detalhe que pudesse concorrer para o conhecimento da terra e da gente daquel~ remota região do nosso pais. São decorridos perto de 30 anos. É inegável que o Brasil progrediu bastante nesse período. Fala-se muito no seu crescimento .. vertiginoso", ao qual se atribuem muitas das crises que o assoberbam. ::tsse rápido crescimento certamente atingiu e beneficiou aquelas paragens longínquas de nossa pátria. A região do rio Negro, densamente povoada pelos nossos índios, deve ter passado por profun-
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-6-das modifica ções no seu aspecto físico, social e demográ fico, por · várias razões : -
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lefíciOS:n a_civJliz acã~de ~e · um I adô7Tev am a~di ~~ei - -= "' - - - - - - - -.. ,;, -._ :-----.::--.
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- Se o Brasil cresceu de modo vertigino so nestes últimos anos, o m esmo acontece u aos seus vizinhos do Norte - as república s da Venezue la e da Colômbi a - as quais experime ntaram progress o notável, criando riquezas de base que lhes permitir am incr ementar ·seus. recursos económic os e financeir os de maneira considerá vel, como e do conhecim ento público . E êste surto de progress o terá concorrid o, certamen te, para o desenvol vimento da faixa lincleira com o Brasil, sob o ponto de vista económic o, social e político. - Por sua vez, as Comis~ões Demarca doras de Limites lá permanecer am vários anos, proporci onando melhor conhecim ento da zona de fronteira s do Brasil com os países vizinhos, retifican do equívocos e promove ndo a concórdi a entre os respectiv os núcleos de povoaçã o. Por tôdas estas razões, a região do alto rio Negro deve ter pas--.s..ad.o""'p or profunda s modifica ções no seu aspecto físico, social, económico e demográ fico. ~~ra .J.i~ar uma ép~b o ponto d.e vista .histórico __JO_ç_Íal ~«J
oetnoló_gico_,_q_ÇQnselho_Facion.aL de P.roteçã.o--aosJpw_LI.!!~l!_PU es~lj._çar_ .êsi.e .irahalho . É mais um subsidio pôsto à disposiçã o dos tudiosos e dos incansáv eis pesquisa dores de nossas coisas, parti- · cularme nte daqueles que se interessa m pela sorte de nossos índios. Rio de Janeiro, Março de 1957. BoA~ERGES LoPES DE SousA
A EXPEDIÇÃO INICIA OS SEUS TRABALHOS, O RIO NEGRO .
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SUBL~DO
~~s s11~~~ ro~ .. ~..Jengá:Jp-eontribJ&yte do Am~~- _g_u~-~lf-.S-Eil,l...P-O.D?e-~qga~Cap2,!~ia ..
~ os, inicial m ente, atingj r Cuc~{:_~d ~~-l!._II!. 9es ~O.,.JlH,!,~~r~ · -~ciaci.:e:::eJijlAL_e;;...da <:rerfiiio Q.C idental &o.. a-lto_ "lo ::N:egiYJ.
Precisa mos reconh ecer-lh e as vias de acesso, as condiç ões de navega bilidad e de seus rios, a nature za ! de suas margens, o regime de suas águas, a vegeta t cão, etc. Quais os núcleo s de povoaç ão existen tes ~eus recurso s econôr nicos, condiç ões de salubr idade, !>eu meio de vida . 1\Ias, como a região é quase excluI sivame nte povoad a por índios, nossa atenção concen tra-se no estudo das organi zações tribais, de suas instit uições cultura is, seus hábito s, costum es e tradiçõ es. Para traçar nosso progra ma de ação e fixar os itin erários a percor rer no âmbito da situaçã o geográ fica definid a por tratado s interna cionais , devem os, :m tes de tudo, tomar por base o Tratad o celebra do em Bogotá , a 24 . de abril de 1907 entre a Colôm bia e o Brasil, poster iormen te aprova do por ambos os países c que passam os a transcr ever:
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"Art. 1.0 A frontei ra do Brasil e da Colôm bia~ entre a Pedra de Cucui no rio Negro, e a conflu ência do rio Apapó ris sôbre a marge m esquer da do rio Japurá ou Caquet á, será a seguinte : § 1.0 Da ilha de São José, em frente à pedra de Cucui, com rumo Oeste, buscan do a marge m direita do rio Negro que cortará aos 1°13'5 "76 de Latitud e Norte e 7°16'2 5"9 de Longitude a Este do meridi ano de Bogotá ou seja a 23° 39'11" 51 a Oeste do meridi ano do Rio de Janeir o; dêste ponto em linha reta, em direç5o
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à cabeceira do pequeno rio Macacuni (ou Macapuri), afluente da margem d~reita do rio Negro ou Guainia, o qual afluente fica inteiramente em território coloinhiano. ~ § 2.0 Da cabeceira do dito afluente co~ tinuará a fronteira pelo "Divortium acuarum" até passar entre a cabeceira do igarapé JÓperi, afluent~ do 1rio Xié e a do rio Tomo, afluente· do Guainia, no sítio assinalado · pelas coordenadas ~ 1' 2(f' 65 latitude Norte e 6° 28' 59" 8 longitude a Este do meridiano de Bogotá ou seja a 24° 26' 38" 58 a Oeste do Rio de Janeiro.
§ 3.° Continuará a fronteira até. Oeste pelo mais alto território sinuoso que separa as água$ que seguem para o Norte das que vão par~ o Sul até encontrar o cerro Caparro, a partir do qual continuará sempre pelo alto do terreno e dividindo as águas que vão ao rio Guania das que correm para o rio Cuiari (ou lquiare ) até à nascente principal do rio M emachi, afluente do rio Naquiêni, que, por sua vez é afluente do Guania. § 4.0 A partir da nascente do Memachi aos 2°1'27"03 de latitude Norte e 5°51'15"8 de latitude a Oeste do Rio de Janeiro, seguirá a linha de fronteira, buscando, pelo alto do terreno,. a cabeceira principal do afluente Czziari (ou lquiare ) que fica mais próxima da cabeceira do Memachi, continuando o curso do dito afluente até sua confluência no precipitado Cuiari (ou lquiare). · ----~..__
§ 5.0 ) Dessa confluência, .·baixará a linha de fronteira pelo talveg do dito Cuiari até o .lugar onde entra o rio Pégua, seu afluente da margem esquerda e da confluência do Pég11a no Cuiari s eguirá a linha de fronteira para o __ocidente e pelo paralelo da dita confluência até encontrar o meridiano que passa ·pela. confluência do Qll.~rari no Uaupés.
-1 1 § 6.0 Ao enc ont rar o mer idia no que pas sa pela con fluê ncia do Que rari no Uaupés, baixar á a linh a de fron teir a por êste mer idia no até enc ont rar a dita con fluê ncia , don de con tinu ará pelo talveg do rio Uau pés até a des emb oca dur a do rio Cap uri, aflu ente da mar gem dire ita do refe rido Uau pés, pró xim o da casc ata Jau are té. § 7.0 Da foz do dito rio Cap uri segu irá a fron teir a par a Oes te pelo talv eg do mes mo Capur i e até sua nas cen te pró xim o de 69° 30' longitu de Oes te de Gre enw ich, baix and o pelo meridi ano des ta nas cen te em bus ca de Tar aira , segu indo d epo is pelo talv eg do dito Tar aira até sua con fluê ncia com o Apa pór is e pelo talv eg do Apa pór is até sua des emb oca dur a no ]ap urá ou Caquc'lá, ond e t ermina a par te da fron teir a esta bele cida pelo pres ente trat ado , fica ndo assi m d efin ida a linh a ped ra de Cac ui-b ôca do Apa pór is e rest o da fron teir a disp utad a entr e os dois país es suje ita a pos teri or arbí trio caso que a Col ômb ia fiqu e fa vore cida nos litíg ios que pen dem de solu ção com o Per u e o Equ ado r.
Par a iden tific ar a zon a circ uns crit a pelo pres ente Tra tado , cum pria-nos con fon trá- la com a mel hor cart a da regi ão. A que nos pare ceu mai s· com plet a, foi a edit ada pela "Of icin a de Lon gitu des " do 1\finisLério do Ext erio r da Col ômb ia, ediç ão de 1920, esca la de 1:1. 000 .000 , na qua l a linh a de fron teir a com o noss o Pai s se ach a bem caracte:r:iz.ada. Por outr o lado , a Insp etor ia de índi os em :Manaus, incu mbi ra o etnó logo alem ão Cur t Nim uen daju de faze r a esta tísti ca da pop ulaç ão indí gen a dos rios Içan a e Uau pés. Par tind o de São Feli pe, no rio Keg ro, o Sr. Cur t sub iu r Içan a e o seu aflu ente o Aia ri, pas san do dês te par a o Vau p é-s, pelo vara dou ro que vai ter a Iuti ca. Foi até a foz do Que rari e, desc end o dep ois o Uau pés, recolh eu-s e a Man aus . Fêz o leva ntam ento à bús sola e n reló gio de todo o itin erár io e apre sen tou min ucio so rela tóri o .
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-12De posse dêstes ótimos esclarecimentos, organizamos o nosso programa de trabalho da seguinte maneira: - Subir o rio Nepro até Cucuí; retroceder à foz do Xié, subir êste rio e identificar o seu. afluente Japori ou Tvapori; descer o ~egro até São Felipe, na foz do lç-ana; executa~ o l evantamento dêste rio até a hôca do seu afluente Cuiari, subir êste rio a fim de reconher a foz do rio Pégua e a do sub-afluente do Cuiari, cujos manadeiros contravertem com as do Memachi - águas do Kaquieni, na linha divisóría; prosseguir no levantamento do rio I<:ana até a intercessão aproximada do paralelo da foz do Pégua; subir o Aiari e dali passar para o Uaupés, através do varadouro assinalado pela expedição Curt, executando os respectivos levantamentos expeditos; subir o Vaupés, a partir da povoação ·lutica até a foz do seu afluente Qucrari; descer o Gaupés afé a foz do Papori, subir êste rio, atingindo, se possível suas nascentes; descer o Papori para prosseguir no levantamento do TJaupés até a embocadura do rio Tiquié; proceder ao levantamento dêste rio e, em seguida, a do baixo curso do "Caupés, fechando em São Felipe, no rio Negro, o circuito ali iniciado. - A nossa "carta etnográfica" acompanha êste circuito. ·. Assim, às 22 horas do dia 3 (setembrof, a expedição iniciou sua marcha rumo a Cucuí, a bordo do vapor "Inca", constituída pelo seguinte pessoal: Chefe: Major BoAXERGES LoPES DE SousA. l\Iédico: Dr. YIRGÍLIO Tocmxno Brrrr;xcot:RT FILHO. Geólogo: Dr. GL1:co~ DE PAIVA TEIXEIRA, do Serviço Geológicc:'N!e.,:\.linistÚio da Agricultura. Fotógrafo e Cinematografista : JosÉ LouRo, da Coplissão RoNDON. Botânico: Dr. FILLIPP vo~ LuETZELBURG. Radiotelegrafista: ·.JoÃo BARBOSA. Mecânico: JosÉ DE SocsA BANDEIRA. Auxiliares trabalhadores: Lrís AxTÔNIO GoMES, ALDO DE SousA PEGADO, Dwxisio FERREIRA DE SENA e MIGCEL SAXTOS, auxiliar do botânico.
-13Instalam os a bordo do "Inca, o nosso aparelh o rádio. A viagem até Santa Isabel, onde chegam os às 15 horas do dia 7, decorre u sem incid.en te. Corresponde essa região ao baixo rio _\·egro, que tanto floresceu no século :XYIII e comêço do século XIX e acha-se , desde muitos anos, em franca decadên cia. Em nossa derrota , anotam os os seguinte s povoados: - no dia .J: Tauape ssaçu (tauá-ta ba, pessaçu nova) com 12 cnsas e populaç ão inferior a 100 alrpas. Em decadên cia desde m eados do século XIX. Exporta madeira s, de preferê ncia itaúba, maripá e louro-a ritu. O navio ficou à distânc ia devido ao afloram ento de rochas (ar enito) que atravan ca o pôrto. O "Inca" tomou lenha, transpo rtada em canoas pdos revende dores, à razão de Cr$ 50,00 por milheir al
Jluirap inima, ainda à margem esquerd a, três casas de cobertu ra de telha sôbre barranc o alto, firme. O mesmo afloram ento de arenito de Tauape ssuçu mantém o navio ao longe . Airão, antiga aldeia do Jaú, em decadên cia. Dia 5: 111 oura, à margem direita, em frente à foz do Juapcri ; antiga fregues ia de Itarend aua ou Pedreir a, devido ao abunda nte afloram ento de granito róseo que dá aspecto pitoresc o ao pôrto. Foi elevada à categor ia de vila em 1758, por Mendon ça Furtado tomand o então o nome de :\lour:L Em 1789 contava 280 casas, três ruas e bom comérc io. Em decadênci a desde 1833, quando perdeu o titulo de v1la. Hestabe lecido em 1878, perdeu- o em seguida mas foi revigor ado em 1891 . Con_ta pouco mais de 100 almas. É sede de ::\Iunicí pio. Dentre os seus habitan tes, é justo destaca r-.s e o Corone l Xazaré, homem viajado e intelige nte, que ali exerce o cargo de Delegado dos índios. , ~o Juaperi , o Serviço de Proteçã o aos 1ndios mantém um Pôsto de Proteçã o. Presentement~, encaminha a pacifica ção dos índios do alto Alalaú, afluente do Juaperi , cujos castanh ais constitu em motivo de contínu os conflito s com os civiliza dos, que lhes invadem as terras.
Tauapessa çu
llluirapini ma
A VIla de Moura
Os
indios do rio Alalaú
-14carvoeiro
Vilil. de Barcelos
Carvoezro, ainda na margem direita; florescente povoado em 1790 quando tinha 380 casas e cêrca de 1.000 habitantes. Conta hoj e com menos de 200 almas e 19 casas! No entanto, como a vila ·de Moura é um . . local saudável e aprazível, segundo nos informou o Sr. Leonídio Caldas, o mais importante proprietário do povoado. A epidemia de gripe dizimou a metade da população. Exporta borracha, castanha e pirarucu. Ko dia 6, Barc_elos, à margem direita, antiga aldeia de Miuriuá, elevada a vila em 1757 com a fundação dà Capitania do rio Negro, recebendo o nome que ainda mantém. Continuou como sede da Capitania até 1804 quando se transferiu para a Vila da B'G.rra, que posteriormente recebeu o nome de llfanaus. Na época das demarcações luso-espanholas, gozou de grande prosperidade, chegando a hospedar mais de 3.000 pessoas. Em 1775, Barcelos possuía 2 quartéis para agasalho das tropas d'El Rei, 2 para oficiais, um hospital real, uma casa para provedoria, um pelourinho, uma casa de fábrica, um armazém de algodão, palácio do govêrno e muitas casas de telha.
O covirno de Lobo d ' Almada.
A obra da Missão Sa.lesia.na. em Barcelos
Boa Vista.
NôiãVfar-- ·
.b.v.ui.
. No govêrno do . benemérito estadista Manuel da Gama Lôbo d'Almada, o rio Negro, t eve sua mais brilhante fase de progresso. Barcelos guarda os restos mortais d êsse patriota, ali falecido e~ 1799. Presentemente, a missão salesiana do rio Negro procura reerguê-la, tendo instalado escola e oficinas. Suas condições de sálubridade são, porém, más. O govêrno do Amazonas, promove obras de saneamento, a pedido da missão. Seguem-se Boa-Vista, sítio à margem direita, propriedad e de Frederico Machado e Nova-Vida, ainda à margem direita, em frente à bôça do rio Prêto, onde os que procedem do Padauari vêm aguardar a chegada do "Inca", visto como o canal, pela margem esquerda, só dá passagem n as grandes águas. É neste põrto que se faz o embarque de piaçaba, principal proàuto de exportação dos rios Prêfo e Padauari . No dia 7: pela madrugada, passamos por Javari e pela manhã, por Humailá, à margem direita.
-15ÀS 9 · hor as e 30 mi nut os, atin gim os 1'e me nda uf, cuj o can al, em par te obs tru ído po r gra nde s. blo cos de (fra nit o, exi ge cui dad o esp eci al dos pra tic as dos na~ios que d em and am San ta Isa bel . Bo nit a cas a de alv ena ria e um rcn que de ma jes tos as ma ngu eir as dão asp eto pit ore sco ao siti o. Pe rte nce aos her dei ros d~ Cir íac o Fe rre ira da Sil va. Em fre nte , ma rge m esque rda , est á situ ada Bel a-1 7 ista, pro pri eda de de An tôn io Jos é da Si h· a, por tug uês , aba sta do exp lor ado r de pia~aba e cal 'tan hai s da r egi ão do Pa dau ari . Bel aris la per ten ce ao 1\Iu nic ípio de São Gabr-iel, ao pas so que T em end aui ain da o é de l\Io ura . Às 11 hor as e 30 min uto s, dei xam os à esq uer da o siti o Jan aua ri, na ilha do m esm o n om e, pro pri eda de ·do ven ezu ela no Do n Ãn gcl o Bu slo s e, ao me io dia , o par aná Jur uba xi, que , na épo ca das che ias , dá pas sag em par a o no }ap urá .
San ta 'Isa bel (no va) é o têr mo da nav ega ção dos vap ore s da "A ma z.o n Riv er" no rio Ne gro . Fic a a í83 qui lôm etr os de M ana us. No pôr to c:-..iste ape nas um a cas a de alv enaria de pro por çõe s :11nplas em que est á ins tala do o est abelec im ent o come rcia l da firm a J. G. Ar aúj o, de ll!a nau s, úni co exi stent e no loc:1l. Já pos sui u out ras cas as de :degócio, (·utrc as qua is dua s col oca das na ilh a fro nte ira de San ta Isa bel . Te m art igo s de fer rag ens ; est iva s, fá7.cndas e mi úde zas e ven de exc lus iva me nte a din hei ro ou em tro ca de pia çab a, cas tan ha c bal ata . 1\Iais um bar rac ão vel ho, um out ro abe rto em que se alo jam índ ios e um a cas a cob ert a de tel ha em que res ide o wn czu ela no Do n Ra fae l l'ga rtc , sub -de leg ado loc al, ('Onstituem o pov oad o de San ta I sab el (no va) . · Ai enc ont ram os o Sr. Gra cili ano GonÇalves, da firm a Go nça lve s & Irm ão, de São Ga bri el, a que m, por tele gra ma , a firm a J. G. Ar aúj o inc um bir a de tra nsp ort ar- nos àqu ela vil a. O Sr. Gra cili ano dis punha da lan cha "V itó ria ", de 10 H.P ., mo tor a que ro~cne e de doi s bat elõ es apr opr iad os pa ra con duç ão de cnr ga e pas sag eir os.
Tem enda uf.
Bela -Vis ta •.
Janu arl.
Rio Juru baxi .
San ta Isab eL
O povo ado San ta I sabe L
A
firm a
Gon çaln s
& Irmã o, de Sáõ
Gab riel
A lanc ha "Vic toria "
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-1 6
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As infor maçõ es dadas pelo c <'man dante Hraz de A~iar, da Com> ssão de Lim-i tes
A gent ileu do coma ndant 4! Braz de A&ui ar
O :\loto :;odiJ e 5 H . P. do Sen-i ço de Prote ção aos 1ndio s e sua tripulaç ão
O Deltg ado de lndio s em Santa lsab d
s, por mai s O Sr. Gracilia no não quis dize r-no spo rtar ia a São que eu. insi stiss e, por qua nto nos tran · .:Tabriel. a resolvid o pelo seu ~ste assu nto, diss e-no s, seri riel. Fico u, p orétu, irm ão, che fe da firm a, em São Gab pas sagens sep araasse ntad o que pag aría mos fret e e qua is tinh a indam ente e pelo s preç os corr ente s, dos Isabel, enc ontr áraform açõ es fide dign as. Em San ta da Com issã o· de mos o Com and ante Bra z de Agu iar ?erreit:;: da SilYa, Lim ites chef iada pel;Ah~têl São Gabriel, ond e que ali se ach ava de regr esso de ão e colh êr info rfóra p esqu isar os recu rsos da regi ão dos trab alho s m açõe s que orie ntas sem a inst alaç Yen ezuela pro jede dem arca ção da fronte~r a com a vide ncia l sua pretada s par a o corr ente ano . Foi pro Com and ante Bra z senç a a bor do do "Inc a", pois o l1abilita r am a disnos forn eceu info rma çõe s que nos tran spo rte p ara o cuti r o assu nto rela tivo a noss o alto rio Neg ro. a do p r eSom os ime nsa men te grat os à gen tilez curt a con vivê ncia zad o cam arad a da Mar inha ·que na ane ira, j á cum ude S anta I sabe l n os cati vou sob rem and o-no s com diland o-no s de aten ção , já pres ente de que dou devers as espe cial ida des do seu ranc ho, talh es no m eu diár io. e, de ord em Ain da naq uele · pôr to apre sent ou-s Silv a, mot oris ta do Sr. Dr. ·Be nto Lem os, Man uel da o a mot ogo dile do bate lão "Co nfia nça " acio nad Insp etor ia do Ser5 H. P., tipo alem ão, pert enc ente à e entã o fica·va viço . de Pro teçã o aos índi os e que desd trip ulan tes, dos à min ha disp osiç ão com mai s dois Pau lino que qua is um inte lige nte índi o tari ana a exc ursã o. })re stou serv iços ines timá veis em noss par a sua v1aFor neci-lhe 10 caix as de gaso lina pés, ónd e aind a gem a Jau aret é-cachoeira, no rio Uau ia, reco men dan doprecisa va ir a serv iço d a Insp etor em São -Gabriel. lhe que , de r egre sso, agu arda sse ord ens do carg o de Inve stid o pelo Dr. Ben to Lem os, r egiã o do rio dele gad o hon orár io dos índi os da Isab el. em favo r X egro . tive d e inte rced er, em San ta
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--1 7lo#-·
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dv Sr. Ben edito . Mon teiro de Melo , que, apes ar de , -elho e cego das duas vista s, desempe nha ali as funç ões de D eleg ado dos índi os com e"ntu siasm o e .. devo tame nto. Acu sa os p ortu guês es Yiva )do e P edre ira e o brasilei ro Ovíd io Rei, de se aJ)Odera rem de cast anha is c:'<plorados p elos índi os e de safr as colh idas p or êstes , pret exto de dívi das fant asia das p el os usur 3 pa dore s. Refe re-se aos cast anha is do rio Juruba:r i, Uen uexi e jrtara pé Ca raua , aflu ente dêst e. :> Tom ei p rovi dênc ia·s que m e pare cera m opor tunas c d e tudo dei conh ecim ento a o Insp etor dos índi os cm ;vanau s. X a tard e de 8, part imo s de Sant a Is aPartid a de Santa Isabel bel, pela lanc ha "Yit ória ", viaj ando som ente de dia. A lanc hinh a e os bate lões não dava m acom odaç ões para a guar niçã o e os pass agei ros e aind a era preciso dar- se desc anso ao prát ico e ao maq uini sta . Ad ema is, o rio X egro , apes ar d e ser um O regim e do R!u dos mais Negro impo rta nt es cont ribu inte s do Am azon as, n em sem pre ofere ce cond içõe s de nave gabi lidad e, pois suas água s :-c• espa lham cons tant eme nte num a larg ura que ating e n vi11·ios quil ôme tros, dand o luga r à form ação de dezena s, m esm o d e cent enas d e ilhas e p aran ás. A (·poc a das chuv as va i de mar ço a junh o, água s médins, cm setem bro e outu bro, pron unci ando -se a mai or c.;tia gem cm j a neir o e f ever eiro . Kest e mês de setemb ro cm que viaj am os, as chuv as esca sseia m e n os gran des estir ões, o canal mud a a ·todo o m om ento de dircç ão, obri gand o a l anch a a cont orna r os banc os de arei a ·e as prai as que as água s crisp adas estão à denu ncia r. Xoss a lanchinh a cal~va som entê 2}r .p és na pôpa O calado da "VIcto e rebocava os 2 bate lões com 12 tone l adas e a tonela r:em de carg a . ria" dos batdõe~ ~o cstirão Jaca min ela tem gast o 2 a 3 dias , por ocasião da sêca , torn ando -se n eces sário sond ar a miú~lo e baliz ar o canal. Xa tard e d e 9, pass amo s p or Boa Vista que tant o B oa-Vis ta proc;pcro u anti gam ente e está hoj e r eduz ida a uma c-ac;n, aos cuid ados de um prêt o velh o. Pert ence aos l1erd ciros do Sr. Ama zon as. Na man hã de 10, para mos em Uac ará, sítio de prop ried ade do Sr. ~lexan-
-18 ....
•
Vaca ri
A lancha Isabel
"Castanheiro••
Po~oado
Taracuá
Cachoeir a Massarabl
Os núcleos de poatestam a decadenc ia da região
"Poação
'Umarltu ba
dre Ambró sio, onde encont ramos a lanchin ha "São Gabrie l" que faz o serviço do correio entre Santa Isabel e Cu c ui_ O Sr.• Gracil iano fretou aí a lancha .. Isabel" de 15 H. P. para auxilia r o transp orte dos batelõ es. Alojad os, prosse guiram a march a, levand o os batelõe s nos flanco s . A velocid ade que era de Om,90 por segund o passou a ser de tm,70. Ao meiodia passam os pelo antigo povoad o Castan heiro, do qual se vê apenas um barrac ão abando nado! À tardinha, param os na ponte da ilha Taracu á, moràd a do cabocl o Bento Florên cio e sua família compo sta de 12 pessoa s. Excele nte casa, com vigame nto todo de acaricu ara, barrea da e cobert a de carauá . O Dr. Tourin ho medico u 3 de seus filhos atacados de paludi smo. Na manhã de 11, defron tamos a primei ra cachoeir a do rio .1\Tegro, a llí assarab i, para o que foi necess ário desliga r as lancha s e batelõe s. Passam os em seguid a pelos núcleo s de povoaç ão denom inados .4roti e Ta::-acui, à marge m esquer da, Anuacá , de proprieda de do Sr. Inocên cio Lopes dos Santos ; São Gabriel do Livram ento, belo sitio de l\Iarian o Yital Mende s, ambos à marge m direita . À tarde, atingim os São José, outror a floresc ente povoad o e que conta somen te com uma casa de alvena ria e trê~ barrac ões, aos cuidad os de José Henriq ue Ferreir a, perten cente a propri edade ao _Coronel Joaqui m Gon çalves de Aguiar - que explor a borrac ha, castan ha c piaçab a. Em seguid a, passam os por Tapere ira e Tareir a, sítios à marge m esquer da, defron tando- se na marge m oposta , ao longe, Vista Alegre , proprie dade do Sr. Lopes Gonçal ves residen te em Manau s. Pousam os nesse dia em . Umari tuba, à marge m direita , belo sitio que tanto prospe rou no fempo do seu falacid o propri etário Sr. Antôni o Castan heira Fontes . Quatro casas de alvena ria, ·assoal hadas e forrad as, atestam o confôr to e a prospe ridade a que atingiu o sitio. Uma outra casa em constru ção, pronta para recebe r o vigame nto do andar superio r, quatro outros barrac ões e rÜinas das morad as dos empreg ados, comple tam o espólio da propri edade que os herdei ros não souber am conser -
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19 ·v ar. Desaparecer am as oficinas, o estaleiro, as lanchas e os b at elões que wovimentavam outr_!)ra o pôrto de Cmarituba! Está entregue a tualmente ao Sr. Epaminondas Loureiro, genro do velho Fontes, que procura reerguê-la. Em condições análogas divisamos mais acima, margem direita, São Pedro, o importante povoado do século XYIII, transformado h oj e em sete ranchos de palha . ?\o fim do eslirã o São Pedro, a serra Curicuriari Jcstaca-se altaneira quebrando a monotonia da planície. Ao meio dia, p assamos pela bôca do rio Curicuriari. aflue:J.te d a margem direita, e às 14 horas, por Trindade. antigo povoado à m esma m argem, do qual só resta mna igreja em ruínas. As 15 horas e 40 minutos chegamos a Camanaus grande cachoeira que é o prim eiro degrau da gar8 "anta atravessada p elo rio .Negro e que se estende :até Carapanii. 49 quilômetros acima. As lanchas encostaram no pôrto de cima, confronte a uma casa velha de telha em que r eside Elpidio Dias. Fizemos nosso bivaque à sombra de árvores, a jusante da cachoeira. Tôda a carga foi bald eada para o pôrto ~ montante, cêrca de 200 m etros. Os batelões foram arrnstados à espia. através da cachoeira, que as lanchas desbordaram pela esquerda, contornando a ilha que lhe fica fronteira. Só no dia seguinte às 13 horas deixamos Camanaus. A lancha "Santa Isabel" regressou a Uaará. prossrguindo a ·· ~i.!L__ só com o batelão "14 ·de julho'\ em que viajávamos. )\ão era possível subir de uma só vez COffi: os dois batelões, pois o trecho até São Gabriel é todo coberto po• corredeiras e cachoeiras. ' ~,J ~ Jlofas~ad es"*i:?:P~r;r;Y;~;no::\2]} ,~~Qc.pa:P,rff.Z.._c_~~a ~--a ria §e__d,í.sc.prtiua;; 9-o.Jop.gj:.:~.e,s~ão_,dQJil)iad!?nP,.el~ · c.;:Jfr:a .Sm que está..Jissent~a__yila.. ~) .os an o- os ( 1) Quando passávamos pelo colégio dos Padres Sales.anos, veio ao n osso encontro o Padre Brito, superior da ll•s~ão, que no.;; deu as boas vindas, apresentando-nos os Padrts l\oé e Francisco, todos brasileiros .
São Pedro
senil C'luic uriarl
Camanaus
A
va.ração da cachoeira
Chegada a Slo Gabriel
-=-20-
... ..• ..r-. ...-- .... ~
. '1.
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:.
O 1·io Negro t.•m Súo Gabriel
Visita à
Missão
Salesia.na.
Impressões recebidas
No dia seguinte, pela manhã, recebemos a visita da Missão, representada pelos Padre Xoé e Francisco com os quais mantiYcmos animada palestra. Recebemos, também, _a visita do T enente de polida, Oli\'eira, delega do l ocal, responsáYel p ela Prefeitura, na ausência do serven tuário efetivo 1\Iajor Pessoa . Retribuímos, à tarde, a visita dos missionários salesianos, cujo estabelecimento visitamos demoradamentc. 1,!·vcmos oport]!pigage <Vr.sgDStJ\!!!L.QP!iw4 ...PJi§s.ão icu}1a mm devotanl ento~da__~>An" d a.,.rns4,:..u~{b.:t~--<·--· . - ~ ~~ae-2~ nmo.&=~.J"P.Í.XJ.l!§ iu~&., trat~ndo os C<{I]l~to carinho ~ l).Ql1~~A- A instrução, impr imem acentuado cunho patriótico, r evelado no garbo com que meninos e meninas cantaram os hinos N"acional e o da Bandeira e a presteza com que responderam às perguntas que lhes fizemos sôbre datas e fatos da história do Brasil. Notamos que o mesmo tratamento era dado à s crianças indí genas como aos contribuintes da vila São Gabriel e arredores.
-21-
...
- _)
.Aliás, verificamo s que os contribuin tes internos colégio só o eram "in nomine", pois as entradas por 0 u t a das anuidades eram, em geral, insignifica ntes con cm relação às despesas com a manutençi lo dos cole··inis. Yisitamos as ofidnas de carpintaria , sapataria ; alfaiataria que ainda necessitam de melhor apareHI:llllt>nlo, sobretudo a primeira, para atender às nen:~~ id3des do estabelecim ento e do preparo profis)>ional dos alunos. Há, também, uma pequena oficina ~t' ferreiro ao lado da carpintari a . O mes tre carpintdro é italiano e os outros são alemães. Yisitamos a Snnt 3 Casa dirig ida p elas Irmãs de Maria Auxiliaclora onde vimos uma bem montada farmácia de que ,: cncnrreg:1da uma irmã, que acumula as funçõ es de farm:lcêut ica e de enfermeir a. 4:::sala;zde.._.ciKwÃa~ ua-i li põe etc aparelham en O......§~ .at · · ôãclo elo Dr. Hamilton Rice. Na enferma! .1-ri :1 c
..
A inst rução militar aos adol(,Scentes indi:ena~
A
Escola At:rieol:l subvencionada Pf'lo Governo Federal
.>
-22A altitude de São Gabriel no local do Põs to :'\feteorológico
A altitude no Pôsto Metereológico, determina da pelo Dr. Rice, é de 90 metros.
A baldeação da car-
De 14 a 19, o Sr. Graciliano levou em fazer a baldeaçã_o da bagagem ê da carga, de Cap1anaus para montante da · cachoeira São Gabriel, no pôrto onde termina a rodovia de 21 quilómetro s que o Govêrno , do Amazonas mandou construir à margem esquerda, a partir de Camanaus . Yimos os trechos das extremidades da estrada, parecendo -nos obra mal acabada, rampas fortes e aterros mal consolidad os. l\fanda~os adaptar em São Gabriel o motogodile 20, que haviamos comprado em Manaus, na canoa adquirida especialmente para êsse fim, preparando -se a armação para r eceber o respectivo tôldo. ~mn§-Il:rp.a,.exçl!r ~J!_ ~~f<}!illas... do.J;:..prte . S§? ;Gabdel,, {)Dd$·. só ~vimos,.:.8 can~õ~~J&l2.-J~;~P.9,HJtD,dOb, -cl{) tcm~-il:e..:D..:.l\Iar).fl.,;L
~a
de CamaDa us para S. Gabriel
As ruínas do forte S ã o Gabriel
c--;r]Jhu cOlJl~..efejjo~-::k~:xesc~.llijda~_::;U osição~J)l ~que existiu o forte. ere .,..,. ~~~...:;-.__.
Como se sabe, foi mandado construir pelo Góvernado r do Pará, l\Ianuel Bernardo de ~leio e Castro, em 1763, a fim de evitar a incursão de · espanhóis procedente s das Províncias da Yenezuela e da Xova Granada. O forte, colocado à margem esquerda, a cavaleiro do ponto em que o rio se estrangula reduzido a 37ú metros de largura, dominava os dois grandes cstirões. Tinha a forma de uma .luneta, de figura irregular, cuja gola - que é uma frente abaluartada, defronte com o rio. Xada mais resta do forte, a não· ser os 8 canhões citados. F..staçáo Rádio Nacional. População. Comércio da Vl:a
A lancha ~Mari:L Auxl.lia d ora"
Como ficou combinado o pagamento da.s passagens e frete até Cucuí
São Gabriel possui uma estação de rádio de ondas curtas e cêrca de 600 habitantes . Tem somente uma casa comercial, a dos Srs. Gonçalves & Irmãos. Importa .os gêneros de-J?ri!I,l~~ necessidad e, com exceção de farinha, que o Município produz em quantidade, A missão salesiana dispõe de uma lancha, a .. Maria Auxiliador a", que serve aos ~nterêsses da missão, viajando até Barcelos. A não ser a viagem mensal do "Inca", nenhuma outra embarcaçã o costuma subir o rio Negro com destino a Santa Isabel. Ficou da seguinte maneira combinado o pagamento das passagens e do frete à firma Gonçalves &: · Irmãos: passagem de Santa Isabel a Cucui (uma só
-23c]ass e) Cr$ 150,00. Fret e por volu me em méd ia 40 q uilos , 3.0 vêze s o cobr ado pela "Am azon Ri ver" de Van a us a San ta Isab el, ou seja m Cr$ 12,50 • (de Sant a ]sabei a São Gab riel) - de São Gab riel a São Feli pe _ CrS 6,25 e dêst e pôrt o a Cuc uí o m esm o frete Cr$ 6,25 . A 'i anch a freta da para a excu rsão dos natura lista s ao alto Oren oco, fi cari a por noss a cont a a partir de São Feli pe à razã o de Cr$ 25,00 diári os, corrend o aind a por noss a cont a as desp esas com o com busi tvel ( 1 l2.ta de quer osen e por dia) e a tripu laçã o cons tit uída por um maq uini sta (Cr$ 12,00 diár ios( e um j)rát ico (C.:·S 5,00 ). Tod os os artig os forn ecid os pelafirm a seria m debi tado s pela fatu ra de Jlan aus, acre scida de 60% . É esta a base em que se faze m as tran: sacões em São Gab riel. Em Cucuí, ela é de 100% . Às 11 hora s do dia 20, p artim os de São Gabriel, Partid a de S. Gabrie l. no bate lão "San ta l\lar ia", ao cost ado · da lanc ha "Vit ória", até a bôca do Cau pés, que ating imos na man hã cgui nte. O rio cont inua a ser obst ruíd o por uma série O trecho enca; l\orlrado vai até Cara~ de cach oeir as, entr e as quai s a de São paná Gab riel, de JJuiacuara (bói a-co bra, cuar a-bu raco ), de Cald eirã o, de São Migu el, do Cab ari, etc. Acim a da foz d aque le rio, salv o o pequ eno degr au de Cura panã , o rio /1.'egro reto ma o seu leito norm al, ,-ol !and o a ser fran ca a nave gaçã o. Con ria prolo ngarviria prol on- St'Convi a estrad a d e ród'l· !-!ar-s e a estra da de roda gem até Cara panã gem até C:trar .anli. (cêr ca de Serian l m1.is 28 2X quil óme tros acim a de São Gab riel. quilóm etros Só assim , ficaria ·reso lvid o o prob lem a do tran spor te para a fron teira . Em Talu -Rap ecum a ou São Pedr o da foz do Cau pés, o rio apre sent a uma d_as suas m enor es larg uras. ~osso "fle uria is" deu- nos 500 met ros. Está situad o pouc o abai xo da linh a equa toria l e da Cuia Cap oam a, a gran de ilha de cêrc a de 10 quil óme tros cm sua mai or dim ensã o, que defronta a foz do Uau pés, dand o luga r à form ação de duas bôca s. Às 13 hora s de 22, cheg amo s a São Feli pe, po- Che,a da a s. FeiJp e voad o à mar gem dire ita, pouc o abai xo da foz do lçan a. Flor esce u no temp o do Sr. Germ ano Garr ido, fale cido uo ano d e 1921 . Pert ence , hoje, ·aos seus herd eiro s, irmã os Vale ntim , Fort unat o e Hild ebra ndo .
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·:!
A carga foi dividida em quatro lotes
J.>artlda de
s,
f'ellpe
Pavoro so incênd io devoro u em 1925 quase tôdas as casas do povoad o e 3.000 quilos de balata que estavam armaz enados . Os irmãos Garrid o, apesar do uíram cinco grande prejuíz o que sofrera m, já r econstr • casas. Descar regamo s tôda a n ossa .:arga e dividimo-la em quatro lotes, a saber: 1.0 lote: 35 volume s d estinad os à exp edição do rio Içana, seus afluen tes Cuiari e A.iari e alto Uaupé s até Jauare lé-caclzoeira e que deviam ser transpo rtados p ara Tunui- cacho P.ira no rio Içana, nossa "pri0 meira base . de operaç ões. - 2. : mercad orias para nossa viagem a té Cucuí e regress o até a foz do Xié, levant amento dêste rio e retôrno a São Felipe . 3.0 lote: mercad orias para a viagem de São Felipe à 0 Tunui e finalm ente o 4. lote, d e mercad orias para a expedi ção dos natura listas a partir de Cucui e regress o do alto Orenoco à base de operaç ões em Tunui . Ao motori sta do motogo dile deixei em São Felipe instruçõe s p ara a distrib uição da gasolin a . Com o Senhor Fortun ato Garrid o contrat ei o transp orte em seu batelão "Rápid o" dos volume s e gasolin a destina dos a Tunui pela qu a ntia de Cr$ 450,00, dos quais Cr$ 300,00 em m ercado rias, a seu pedido , e 150,00 em dinhei ro calcula da a viagem para 15 dias, fic ando o batelão por nossa conta a partir da data da sua chegnd a àq uela cachoe ira, à razão de Cr$ 10,00 diários . Deixei em São Felipe o 3.0 Sargen to Bande ira e o Soldad o Dionísio incu;11 bidos de acomp anhare m o batelão e de providenc iarem a descar ga das mercad orias cm Tunui-cacho eira cuja guarda ficari a confi ada ao dito Sargento media nte entend imento com o tuxaua de Tumii. Partim os de São Felipe no dia 23, às 11 horas . ÀS · 13 hóras e 45 minuto s, passam os ·à marge m esquer da pela foz do lçana; na madru gada do dia seguin te pela do Xié, às 13 horas p ela do Dimiti , chegan do, às 16
?>lara blt.m.a.s
horas, ~ic!,Iflbi.J,çJ}.~,.J.S@.dJJ.MJ
g;:.o4~0~-H.llli~ep
~y_a,&çou,W3..,c.a.~3fa~-qu ~~JÓ u~a es_!.~.:P~~a?a, pelo v;_gezu~!~~ ,f!,lj~_ Ma,r.tii!s qu~ nela..;,:~~id~ ,.há _} ~ ,..
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r . .,
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eos.•c.Qm....?u0sm illit.
'J.~.L~Jll o~ "é!_anti_gua p_Qla e o ·oado cuu· as casas abandonadas só se abrem por ·o cap<>\ --~· .. -- ~.J>...--........ :....--.ar-':%#.~~~-
~~f!!~...~~i~~_?as.:.,..P~a_,;~,f.Ji-!?!.!:$~~.e;_'E'a.~
:i's-cí~ deza_. Xo~so . o~~dor J.2_~~~L~11!2~rr:g__!! ójjÕvoado e o local onde existiu o antigo forte, que !'oi construido ao mesmo tempo que o de São Gabriel. ce ordem do Governador do Pará. Ko dizer de Baena,
.. O Forte de S. José de Mar:~.bll:ulas
• foi mal concebido e pior conser\'ado" . Possui 4 ba!erins, de nome : São Luis, São Paulo, São Pedro e São )!iguel. Era armado com 19 canhões de ferro. Pousamos n ?ste dia no sitio Floresta já no es.:r.'io de Cucui. onde reside uma velha paraguaia de ='ome )faria de Jesus, que tem diversas filhas casad3s com praças do Destacament o de Cucui. ;\o povoado dêste nome, desembarcam os às 8 :.oras, tendo sido recebidos pelo cabo comandante interino do dest acamento. ~c•.uL - -QJ..L-.E...!i.q/Zieirl4-,..DOD!.'i ~pe é,_111.ais-C()nhecido- na
·egiâe,.....çQJJ.J.PÕ.e-seJ de 21 casas, inc:Jusive a do comando e o barracão + .._ • ,.. r:ü~-~ve '"'ãf1I.ojmuen;t-o-.à§_p..r..J:!%as solteir~§. As casas ~= :: : :r'!' • ..:lo espaçadas umas elas outras e em uma só fih :.cmnpnnhan do o barranco, tôdas d e pau . a pique. h:Hrendas, caiadas à !nba tinga, piso. de chão batido e cobertura de palha. Foram cons_truidas pelas próprias praças do destacam ento e constituem propriedacJcs delas. Em geral, possUPlll bom quintal plantado. --·
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Chegada a C:ncui
Como é construido o povoado
__,.~~...,.
Ao visitar, às 9 horas da manha, as casas do poYoado, estranhei encontrar quase tôdas com f~ ;::ücs apagados. Só em duas, vi panelas ao fogo. Incbgando, informaram- me que estavrun à espera do <"orrew que leva o rancho, encomendad o pelas pra~as, .e, fora o correio (Sr. Serafim) há um outro nC'gociante, o sírio Abdon, estabelecido em Santa Helrna. pouco abaixo de Cucui e que fornece, a dinheiro ou a crédito, mercadorias às praças. Dou aqui as
As praç25 s.5.o d esarrancha das, suprem-se de . mercadorias de São GabrieL Os dois forne-.:edores.
26respectiv as tabelas de preços que vigorava m em setembro de 19'28: Helação de preços dus gêneros de prüneira ne. l Gonçalcessidad e fornecid cs pela casa comercia ves & Irmãos: ~
~OMES
PREÇO D!: QCIJ.O
Carne S(,(,a .... ..... ... ... . ............ . Pirarueu........... .. ........ ..... . . .. .. Café ............. .. ... ..... .. ...... ... .
~;~"to~·.·.·.·.·.::::::::::::::::::::::::::::
Banha.. ....... .... ........... ...... .. . &U ............ ............ ........... . Arroz . ....... . ............ ........ .... . Farinha . ....... . ... .. .. . .... .... ...... . B olacha......... . . . ... ..... . . . . ...... .. _
~..'bU..t~~::::::::: ::::::::::::: :::::::::I
·1
SAbr.o borboleta .... ..... . ....... . ...... F ósforos... .... •... . .....•...•.. ........ Querosene .... ....... . . . . . ............. .
OI!B>:R\'AÇÕEII
Cr$ 7,00 5,00 6,00
4,00 3,50 7,00 1.00 2,00 1.00
4,50 3,50
Lata de M Libra
28,00 2.00 2,0() 3,00
Uma barra Um maço Um litro.
Quartel ~m C u cut, 25 d e <etcmbro de 1!128. (Assjn:>rlo) .'Jan<><l Jfarlina Füho Cabo com!Uld3.Dt(' interino.
Relação de preços dos gêneros de primeirr ne-cessidad e fornE'cidos pela casa comercia l de Abdon Kaki: NOMES Caro~ o~es . . . . ... .. , . .. .... .. ..... .. .. .
rRt::ÇO DE Q'l'lLO
CrS
8.00
Piraruru ............. .. ....... . . ..... . . Café ... . ...... . . . . . . . .. ... . .. .. . . .. . . .
5.00 7.00
B:wha .. . . .... . . . .... . . . . . . . . . . .. .. . . . Sal ........... . ... .. .. . . . ....... .. .. . . Arroz .... ...... ............ .. . .. .. . .. .. Farinha. . . .... .. ..... ... . . ... . . . . . .. . . . Bolarha . .... . ... .. . . . .... . .. . . .. . ..... .
8 , 00
~;~~--·_·_·_ :::: : :::: : :. : :::: :::: : ::: ::::
~1abna~~-·::::::: : : : :: :·: :: : : ::::: : :: :: : :
Sabão borboleta . . . . ....... ...... .... ... . Sabão eompadre ..... _...... . . .. .. . ...... . -F ósforos . .. ... .. . . . ..... .... ..... .• .... . Quero;ene ........... .. . ........ . .... . .. Alho ........... .. ......... ... ··· ··· ····
OBSERVAÇÕES
4,00 4 ,00 2 . 00
2,00 1 .00 7,00
5.00
Coroa de frade
40,(Y.) 2 ,00 2,00 2 ,00
3 ,00 1,00
Um litro Um maço.
Quartel em Cucut, 27 de setembro de 1928. (iusinado) Manotl Marlina Filho, Cabo eomandaote interino.
As praças são tôdas desarran chadas. · Encontre i-as bastante desanima das, queixand o-se de privaçõe s e da carestia da vida. Para l evantar-l hes o moral, compare i sua situação com a dos caboclos
-27ó dlizados que moram na regia o. A vida das praças niio difere muito da dos civis e d:ve sobrar-lhes tempo para caçar, pescar e fazer roças e a Kação lhes dá roupa, calç~do e mais de Cr~ 200,00 mensais e só ;hcs exige, en1 troca, que permaneçam na fronteira _ como guarda da soberania nacional. O Dr. Touri110 )rocedeu à visita médica às praças e suas fami1 :1· ;ias c forneceu ao destacamento uma pequena ambuJ;incia retirada dos medicamentos de nossa turma. Ao retirar-me de Cucui, em·iei ao ?llajor Antônio Pirinem; de Sousa, então no comando do 27.0 Batalhiio de Caçadores, em J!anaus, minucioso relato do q ue vi e obscrn.i. Sei que êste disiinto oficial tomou :1l ~umas provid<~ncias por mim sugeridas, antes de ~u·a retirada daquela cidade. A largura do rio em frente ao destacamento é de ílO metros, à jusante da ilha São José é de 1.020 metros c na foz do Xié é de 1.230 metros. :\!andamos .-hamar dois venezuelanos empregados na firma Bustos & Fontes, con1 barracão à margem direita do rio Srgro, cm frente aos marcos fronteiriços e que servi1 :J lll de guias à expedição :\Ido :'\unes, para nos acomp:Jnlwrcm na excursão que projetásamos no dia 26 : 111 cerro de Cucuí. Ao amanhecer dês te dia, parti em '" "mpanhia do Dr. Luctzellmrg, elo fotógrafo Louro, dos pr:lticos referidos, Soldados Bruno e ?\eto e uma praça do destacamento de Cucuí .. Subimos o rio no noo;;so motogodile, passando já em território venezuelano para as ubás que nos ag~ardaYam à bôca dü 1:.; arapt; donde atingimos o caminho por terra que ini- . Jalllos às 9 horas, alcanç.an<I o com 10 I10ra de marlia. por entre mata de igapós, o sopé da montanha. As 13 horas e 30 minutos, alcançamos o cume do <-rro cuja altitude, determinamos por observações baomt~lricas simultâneas com o auxílio do Dr. Glicon, ncon trando 4-!0 metros. Os dois picos que lhe ficam o lado, para Sul e para Xorte, como se fôssem aguk l 'i CJUC apontassem para o céu, têm aproximadamente ·, e 50 metros, respectivamente, o que eleva para ;:s c -188 metros as altitudes dos dois citados picos.
..
As pro..-idências do
Jllajor Pirineus.
A largura do rio na fronteira.
E:.:cursiio à Pedra de Cucui
~"i.......__.
A altitude é de 440 metros, aproxhnac1amente.
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O [1rupo que escalou o cerro de Cucuí, t•endo-se o- Jlojor Boonerges e o Dr. Felipe.
Como r;alr;amos o cume do Cerro.
Extraio do meu diário as seguintes notas. "Começamos a subir o cerro. l'ma formidáv el rocha granítica de 50° de aclive. Os homens sobem descalços. :M ando colocar o cabo (corda de 1/ 4" com 60 metros) de que me preveni ~ Os dois práticos escolhem um ponto da rocha em que se apoiam e atiram para baixo uma das p.ontas do cabo, firmando a outra. Subo p elo cabo que vou colhendo até o fim. ~I ais um lanée, outro, mais outro. l\Iarcham os agora pelo cerro acima, amparan do-nos nos galhos, ramos e arbustos que encontra mos. Às 12 horas, iniciamo s a marcha por entre pedras e desvãos do m ais difícil e complica do acesso. A todo momento é preciso re- . correr ao cabo ou à ajuda dos práticos para se passar de uma pedra para outra. O granito úmido, coberto de musgo, escorreg a como sabão! Às 12 horas e 30 minutos, atingimo s uma gruta que nos forn eceu água fresca e cristalin a. D·e scançam os meia hora, dividindo entre os 11 excursio nistas uma lata de goiabaáa que levávam os . Prossegu indo, fomos assaltado s por dezenas de morcego s que irrompia m da escuridão por onde nos
-29 arrastávamos às apalpadelas. l\Ieia hora após estávamos no dôrso da montanha, contemplando o :Qelíssimo panorama que de lá se descortina: ·o rio 1\·egro espaIIlando-se, para o Sul e para o :'\orle na planjcie verde, e indefinida que irmana os três pajses lindeiros • . para o Sul, as serras de Curicuari e de Dimiti. As de Tunui no lçana para S . E ., o serro Caparro para E. e para ~ .E., azula ndo no horizonte, as serras do Cabori e a Tapirapicó, da cordilheira Parima. Às 14 horas e 20 minutos, iniciamos o regresso, alcançando às 18 horas e -10 minutos, o igarapé onde retomamos as ul_ás. Às 20 horas e 20 minutos, aport:lYamos, sem n c·ddade, ao nosso acantonamento de Cucuí. ~o
dia 27, Yisitamos a Coletoria Estadual instalada em uma modesta casa na linha d~ fronteira . É seu encarregado o Sr. João Carneiro da Cunha, funcionário zeloso e competente. Encontramos sua repartição em boa ordem. ~~r~-eir.a..,nps.,.êfiOillPR nhou na Yisita que então fizemos aos dois marcos
Visita à Coletorla Estadual e aos marcos da fronteira.
~;f5~7817 -Ú~o1Õfâ'd~ffit~"mfFg~~~nÍ~
~ . :reyro~~·-<ürnrõ=rYrrCFl~i~!$...)0.0 $e..._..._;p; ~ ~ -= ere tros w :n·merro . ue regresso-;- r·>!'E!! 1zemos em nosso motogo 1 e uma volta em tõrno da ilha de São José ·v értice da fronteira dos três países limítrofes. Para Leste., a Yenezuela; para Oeste, a Colômbia; para Sul o llrasil. Distribui às famílias das praças umas miudezas do nosso rancho e o Dr. Tqurinho forneceu uma pequena a~nbulância ao destacamento . Na- m-aR-b ã de 28, mandei formar o destacamento para o hasteamento da bandeira (cerimônia que recomendei se fizesse tliàriamente), aproveitando a ocasião para transmitir ils praças a nossa impressão da visita ao destacamento; expliquei-lhes a nobre missão de guarda da nossa fronteira e dos deveres que lhes assistem como ~o] dados e como cidadãos. Procurei levantar-lhes o moral, despertando as suas virtudes cívicas, os seus dc\"eres cq:n1o chefes de família e encorajá-los para a luta no extremo rincão do Xorte do Brasil.
Hasteam.ento da bandeira. Palavras que então proferi tra.ru;xn.itindo a impressão da visita realizada.
..............
--
-o confront-, entre a -vida dos caboclos da região e a das praças do Destacamento.
. -30Aconselho a que trabalhem com coragem, sem desfalecimento, não se deixando dominar pelo desânimo· e o isolameqto em que se encontram. Sobre~ tudo é __2reciso se emanciparem d:_ tht_;!;. .,!!.<;.~~~at~: _ que vendeiJL..PO~.p).·~ç.Ql exage~@2s_ as _e~s~ :~-s mercadorias que lhes traz.e m de mt~-- em_.ply~. Para ís'tõ;" ê"" preêi~~ '" favr;; a terra, abrir 'grandes roças, criar aves domésticas, caçar e pescar constantemente. Faço o confronto com a viela e a situação dos caboclos e outros patrícios nossos moradores da região, para mostrar-lhes que êstes lutam com as mesmas dificuldades de vida e não dispõem dos recursos que o Govêrno fornece aos soldados. t~re~e.q~ll...[Ol!J.J~ C<jl~.LZ-rx'.:,encin~lo~~;. ~;(~~~d~ ".f!:§.r200,00 .fr. a Kacão, em troca, sõlT1es ex1_ge <JJic .. pcrJljan_eçam na
f~t;;:'h~-ranao~~a~~o _a_p~rc_ela,.n~~o-
Conselho às praças. Recomendações a<o cabo comandante do Destacamento.
Despedida.
. r~fl~\Eré'iiré7§ªm-:-· D êclarêi-lhes a tristeza que s~ ''âí).õ'àeroh;:;o:lJ~Oãos::A nós ao ver os seus f ogões apagados, todos à espera do rancho do correio . O que seria então dos paisanos aos quais o Pais não cá coisas alguma, e - ao contrário - lhes cobra impostos? Exortei-os a que trabalhassem e zelassem pelas suas famílias. Ao cabo-comandante do destacamento r ecom endei que não descurasse da instrução militar e que fizesse um pouco d~ ordeni unida por ocasião do h asteamen to da bandeira, a fim de manter a coesão e d isciplina da tropa e não perder os hábitos e compostura miEtares. Recomendei , outrossim, que escalasse plantões para guarda do quartel e do armamento.
·Ao despedir-nos do destacamento, tive o prazer de constatar na fisionomia das praças que as minhas palavras tinham calado profundamente em seus espi- · ritos . Pareciam outros homens, reanimados, encorajados! Oxalá as sementes ali lançadas produzam bons frutos para a prosperidade da fronteira! À~ 8 horas e 15 minutos, as duas lanchinha$_ rumaram a seus destinos, por entre vivas e exclamações das praças e suas famílias, a São Gabri~l para o Norte, em demanda do alto Ore·n oco, com os naturalistas,
-31- . operador cinematográfico e duas praças e .a "Vitória", que nos levava para a embocadura do Xiê. ;\o dia seguinte, 30 de setembro, pela manhã, despachamos a lancha "Yitória", da firma Gonçal,cs & Irmãos, de São Gabriel. Fretamos uma ubá d!l Sr. Elpídio, morador no barracão S. Marcelino, t •Jll frente ao povoado do mesmo nome, à ·margem c ... c1uerda do rio Regro, e contratamos o Sr. Anselmo Lúcio, venezuelano, p ara prático de nossa exp edição. :\o povo:H!o S. Mara lino. na foz do Xié, d eixei nossa < -. !:Jc:lo rádio e parte da carga, sob a guarda do Solc!ado ::\e to, seguindo o rádio Barbosa como nosso : :~o torista do godile 2~. Com seis ho.-as de viagem, chegamos a Meguerez, 1:ome de um igarapé do qual se passa para o de nnllle l."mará, grande afluente do Içana . },Jeguerez, _;u nto ao igarapé do mesmo nome, é o primeiro po,0:ulo que encontram os viajantes do Xié e que os ~u rpreende por apresentàr aspecto atraente. Duas , :J<;as grandes e uma menor, tôdas de parede de so:'·IJHl. amplas, avarandadas, excelen te cobertura, tudo denota capricho, inclusive as portas e janelas feitas ,:c t:"lbuas bem aparelhadas. É propriedade do vene;ur l:.~no P edro Antônio, mas todos os seus filhos são ; r:J!>ileiros. Tem quatro filhos homens, duas filhas , .J-.:Hias c uma viúva . Um dos seus gel}ros é natural ·k .l!rgucr e=. Ao todo, são 17 pessoas, das q·uais três ,:111 venezuelanos. Vivem da pequena agricultura e r, traem ba la ta e seringa para Ângelo Maria Bustos, c• ar 10m barrad o em frente a Cucui. :\o dia seguinte, p el a manhã; passamos pelo sitio a11aidaruco, Caidaruco ou Santa Rosa, de Ricardo ....... .. ..___, ·r um ás, baniua do Içana . 1'\ã.o o encontramos em sua ,,.fha morada. Contamos 18 pessoas, entre as quais .. Ja!'l velhas de mais de 80 anos e o velho tuxaua I~i•.ro, que emigrou da Venezuela, quando ainda rapaz.
--
t
~
Entre as p essoas presentes, m e foi a presentada .mn moça, filha de Ricardo, que nos pediu uma pas".lgrrn de volta até Belém, pedido que não podíamos ~lcnder.
A lancha "VItória'' regressa a São
GabpeL
A Estação PTAB ficou no povoado S. 1\Iarcelino, slto à fox do Xi~.
1.o povoa do e:ds· tente ne•tc rio: ••1\teguerez".
Sítio
Cav:tidaruco.
. - '32smo santo-Antõnlco
sitio do Jnco.
Sítio santa-Crn:z
Olt-gario
de
J é.ú!"U lLar~.
Em seguida, visitamos, mais acima, os sítios Santo Antônio, do venezuelano Jesús Maria Lara,. constituído por uma pobre. casa em que reside com a mulher, a entea"da e quatro filho~ e o Juco, de· Ramón Gafbuena, venezuelano com sua mulher. · Mais adiante, na m argem direita, 'mostraram-n os , a tapera Fonte Boa - nome que se estende também à região em que estão situados os dois síti os acim~ citados - e "que é encantada", no dizer dos antigos indjos habitantes do Xié. Contam que aí costum~vam aparecer navios, muita gente, muita mercadoria. Talvez se refiram às incursões dos· portuguêses TI() século XYIII. Duas horas e quarenta minutos acima, desembarcamos no sWo Santa Cruz, à m argem esquerda, propriedade do venezuelanó Olegario I arrumare. Com() era um domingo, ali encontramos r eunidos os irmãos Irrum are .( 4) e um velho tio, todos venezuelanos . Três dêles são casados e possuem sítio um pouco mais acima - ~·om os nomes de San A.nlonio, Sãt> José e Santa Cruz. R ecenseamos ali 31 pessoas. Ole_gario é o mais bem apresentado dos !arrumare. Entretanto, dpesar de estar ali estabelecido há tanto tempo, sua casa tem falta absoluta . de confôrto. o que contrasta com o sitio Meguercz . É um barracão vcl~w, de paredes de palha. Yivem êsses h omens sob o mesnio regime dos sering ueiros do Amazonas. e Acre. Trabalham para patrões desalm ados que lhes pagam o produto por preços ínfimos, debitando-lhe s. mercadorias por preços · escorc_hantes . Dou aqui,. alguns ·preços extraídos das C/ C. fornecidas pelo seu patrão, o prêto venezuelano Natividade .Rivas: .
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!nGíiri"'iii'EE*ç
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Cr$ 2 10 2 1 3 1
~ 2 i -
Barras de sabão . .............. ... . Anzóis sortidos ... ........• . ..• .... Caixas de f ósforo.:; .............. .. . Frasco de sai (2 litros) .. ·.. ..... . . . Mat:os de tabaco .... ............. . CoberLor d e lã (ordinário) ........ . F:-asco de cachaça (12 lilros . .. . • Quilos de café .•• .. ... : . ..... . ... . E spingarda Zigrica ...... . ....... . .
10,00 2.0() .2,00 10,00 3.00 140,00 <60,00 14,00 ~00,0(}
-3 3bal a ta lhe s é cre dita da à raz ão 3 de Cr$ 4,00 . · Par a o cálcUlo das me rca dor ias forn ecid as, a bas e é 150 % o:;õb re os pre ços da fa tur a de 1\lanaus. "X o ent ant o, ~s pat rõe s supr em -se de me rca dor ias na fili al da cas a J. G. Ara újo de San tu Isa bel, em troc a de pro dut os dn reg ião (pia çab a, bal ata , sed nga ) que cob ra ape 113,. 20~~ sôb re os pre ços de l\Ia nau s ou na pra ça <lc São Gab riel cuj o ági o é de 60% . Che gam os ain da nes te dia à Cum ati- cac hoe ira, prim eiro obs tác ulo à nav ega ção 0 do Xiê . Pou sam os na cas a do Sr. Ago stin ho Bal tasa r, situ ada em pos ic;io dom ina nte , à ma rge m esq uer da, à mo nta nte da form idá vel cac hoe ira. O mo tog odi le e a ubá for am con duz ido s par a a out ra ma rge m e var ada s sôb re }njcs de gra nito par a cim a, don de o god ile, se tran sJH•rtou par a o pôr to de cim a do siti o. Car reg ado s, uo, ·nm ent e, pus em o-n os em ma rch a. O Xié tem ai 11 dcsniv.el de 2 me tros a s~ção da cac hoe ira é de ;!iO mct1·os por 350 .. · Trê s hor as aci ma de Cum alicac hoe irG., dem ora 11 ~itio Ton u, colo cad o na ilha dês te nom e, que de )nng P se a.vi sta des per tan do o inte rêss e do via jan te . Fom os aí rec ebi dos p elo tux aua Cap itão Cân did o Gre J:!'·' rio, que nos apr esento u a sua mu lhe r e filh os . Vi' ita m os o })eq uen o pov oad o, con stit uíd o por cin co cas as ,. um a cap ela . O tux aua fala o por tug uês e já trab:~lhou no Pad uar i e no r io Gra nde (rio Neg ro) na n lrac:ão da scd nga , por oca sião da alta da bor rac ha. Con firm ou o que me hav ia info rma do o prá tico An,r-J mo a r esp eito do des pov oam ent o do Xié . Há 16 ti'Tlc;s:o 've nez ucl ano Per cili o de tal "sa cou " dês te rio c1unsc tod os os mo rad ore s par a o Pad aua ri. Qu ase lo • lo., mo rre ram por lá, inc lusi ve o Per cíli o. O Pallau ari era o cel eiro da mo rte. As feb res e o bér i-bé ri •liz ima ram qua se tod os os que , sed uzi dos pel a alta ela Lor rac ha, lhe pen etra ram as ma tas . O nos so prá tico An selm o Lúc io diss e-n os que opn nho u o pal udi smo no me smo dia em que ·en tro u nrJo le rio.
•
Cumati-cacb.oeir!l.
Sítio Tonu , do T uxau a Cànd ido
Caus as do desp ol'oa men to do XJé.
A
Indú stria Piaç aba.
da
•.
-34-
o capitão Cândido é m estre no f abrico de "Espias''
Amos: ra para o !lluseu Nacional.
C omo se explora essa lndústria no Xié..
Vimos em Tonu um rancho cheio de molhos de piaçaba, safra colhida pelo pessoal de Val entim Garrido, com quem encontráramos dois dias antes, abaixo de Cumáti. Descia com duas grandes ubás carregadas dessa preciosa fibra que extrai no Xié. Trabalha com índios do lçana e do rio Negro, afeiçoados - de longa data - aos Garrido. Mas o Capitão Cândido é o m estre de espia, disse-me êle, batendo no p eito, orgulhosamente. O tuxaua trabalha também para o General Ângelo Maria Bustos, a quem já me referi. O preço combinado é 'C r$ 10,00 por polegada (diâmetro) tendo, em geral, as espias 50 metros de comprimento. Preparam espias até de T'. Adquirimos um a, por interméd io do Sr. V al entinÍ Garrido, para o :Museu 1\acional, bem como duas Yassouras e um molho d e piaçaba. A exploração desta indústria é o único meio de vida do Xié?. bs que não se d edicam a ela (aliás, remun era muito parcam en te, custando Cr$ 0,60 o quilo) vão tra balhar por conta dos p atrões de balateiros no Orenoro ou na r egião do Papunaua e do Enerida (t erritório Colombiano). Don Ângelo Bastos, :!\'atividade Rivas e os Garridos são os p a trôes do pessoal do X ié . O Capitão Cândido queixou-se do General balateiro, dizendo-me que lhe ha via Cl)tregue, em 1927, quinhentos quilos de goma (seringa ) e em junho de 1928, cinqüenta e cinco espias, não t endo r ecebido um só real. Vi, porém, uma C/ C. do seu patrão n a qual estava debitada por Cr~ 500,00 uma m áquina de costura de m5o que nã o d evia custar mais d e Cr$ 150,00.
J?.,t, r~L~..§.P,=Jio.....,.rJQ~·egro...... eileô!)'ií:Ci:.Ip..e_,_...cOJP.;_""<>~~~tos . ~....d ei-11!Ek,...C..Q!!l)ecímen.to
.I,\
,tf '(j'J
-que_.:.iria.._infp J."lll.3.. o Govêrno d as queixas dos índios do Xié e das espec;j;Çõ es jgs IJegociani;;. .,.:eniz~~y;~·;;,---d~ara.~Õ:lpe q~ as aut~_:i_dad~~~bras~I_cj ras, p assariam a zel a r p elos ind efesos moradores do Xié, proibindo, terminantemente, o regime de contas f a ntásticas com que- os patrôes costwnam mistificar a escravidão dos caboclos e dos índios a êstes assimilados.
-35 Ainda no dia 1, alcançamos o sitio Cantagalo, rtcncente ao filho do Capitão Cândido, de nome pr ·n tino onde pousamos. :Ko dia seguinte, pelos de ~UI ' \"czraré e S _ Marcelino, e em seguida por Altamira, • . moradores encontramos mais adiante e1n Uas·uJO 5 ~ .1,,ba• em preparo de roca. Vimos, ai, 13 pessoas • t·ntn? as quais o chefe da prole :\larcelino e um prêto H·nczuelano de nome Telésforo, seu genro, homem ,k:-cmbaraçado e inteligente. A manhã de 3 foi inteiramente perdida com o ::tutor que havia enguiçado! Só ao meio-dia o moto,i:- la conseguiu virá-lo. Passamos pelo igarapé Cam! :tu por onde se toma o varadouro que vai a Süo 1.arlvs. em seguida por tapera Macuxi:riri, à margem ,!t rritn, donde visnmos o morro Caribiru - rumo 45,50, tapcra Jluruiupaua, ainda na margem direita, atin·uulo às 13 horas e 40 minutos, o sítio Pamá à maresquerda, sôbre barr~nco de 10 metros de altura, u mk recenseamos uma f amília baniua do Içana, os u i limos moradores do Xié. Transpusemos, adiante, as cachoeiras Pamá, Malurrnlw e Arô, a ilha Inhamoin e grande igarapé do uu•,mo nome, à margem direita, faz en do nosso pouso Jlllllo à hôca do igarapé Mabelino (ou Maurerine), no •JIIililmctro 1í6 . :\o dia '1, com 2 horas e 10 minutos de viagem, .1k:-ançamos a foz do rio Tvapori (<;>u Japori) que subr nws pouco mais de 2 quilômetros. Êstc rio tem 40 ru l'l ros na bôca, m antendo em média, a largura de :!l) metJ·os no trecho que percor·r emos . Seu rumo é \ ortc. Suas águas são limpas e t êm a mesma côr do :, ;,. - suas marges são baixas e alagadiças. Yegeta' .j o própria dêstes terrenos . Xão é povoado. Corre rur nos que o Xié. A velocidade encontrada foi de w .12 por segundo. Sua profundidade permite trânsito fr :-a nc-o :ls lanchas de pequeno calado.
O pouso do dia 1.o de out.obro, foi no Sitio Cantagalo.
•
Sitio Altamlra.
~di
:r111
Hctrocedemos do Tvapori, dando por terminada uo, , n exploração ao r1o Xié. Tinham os atingido o tjuilúmctro 191 e o rio ainda ia muito longe, pois até ., n sua largura varia entre 80 e 120 metros. Contin ua com rumo NO.
O l"aradouro que
vai a S. Carlos.
No Sitio Pamá residem os derra d eiros Baniuas do Xié.
O rio T vaporl ou Japori.
Regresso a São l\Jarcelino.
36 seus último s aflnrn tes: o Uriapi s e o Canho candel a.
De novo em Cuma tl.
Em S. Fellpe .
Por infor maç ão do noss o práti co Anse lmo, . confirm adas pelo tuxa ua Când ido, o Xié, acim a do Tuapori, receb e doi~ aflue ntes impo rtant es, amb os na marg em esqu erda , send o o prim eir·o , ·o Uria pis. de água s clara s a 15 quilô metr os do Tuap ori e o Ganh ocand eia. 45 quilô metr os mais acim a (rio do F~go), })O r sere m as suas água s muit o aver melh adas . Dai para dian te, o Xié pass a a ter o aspe cto de igara pé, mais ou men os com 20 metr os de larg ura e nã'o vai muit o long e, distr ibuin do-s e em pequ enos galh os, que são as suas cabeceira s. De regresso do alto Xié, enco ntram os em Cum afi o moto godi le 5 H. P. do Serv iço de Prot eção aos índio s que, cum prind o minh as instr uçõe s, veio espe rar-n os a jusa nte desta cach oeira . Cheg ou muit o a temp o porque, na vara ção do noss o godi le 20, por uma manobr a mal feita , parti u-se o resp ectiv o eixo e tería mos de desc er a remo se ai não estiv esse o godi le do S .P .I. Ka man hã de í, apar táva mos nova men te a São FeZipe, apro veita ndo o resto do dia para orga niz.a r a expedi ção ao rio Içan a. ESTAT ÍSTICA DO XIE NOM ES
TOTAL
S!o Marcel ino .. . .. .. .. . . .. ... . .. . ... . Santíssimo .... ...... . . ... . . . . . .. . . . .... . S. José ou Meguer M: . . .... . ...... . . .. . Ca.idar uco ou CaYa.id aruco... .... .. ... . Santo Antôni o .. ....... . ... . . . . ... .. . . Sitio do Juco .. . . . . . ... .. ..• .. .. ...... Santa Cruz (LatTUJllare e Irmlos) .. . .. . Cumnti~n~hO<'irn . . .. ... . . . . .. .. .. Tonu.. ... ...... . . .. .. .. . . ...... .. .. .. .. CantB.g alo,. . . . . . . . . . . . . . . . ... . . .... . . Sitio do Maodu .. . .... . .. . . ... . . .. .... .
~t~"~r~~dj~·o·.:: : ::::: : ::: ::~~·:~ ~.
11 2 19
18
.
7
31 6
8 13 9 6 4
BR .o\!U LEIROS
3 19 16 6 1 20 6 8 13
s 6
• 12
Altamc irn . ....... ..... .. .. ...... ... . . Pa.má . .... • .. . . . • ...•... .. .... .. : . • ..
11
11
TOTAL .. .. ..• ..• .. . .. ... . .
165
130
13
8 2 3 2 1 6 11
35
R IO IÇANA
Part imos de São Felip e às 8 hora s e 45 minu tos do dia 8 (outu bro) depo is de desp acha rmos o noss o mofo godi le para São Gabriel, com o rádio J:3arbosa,
.,. 37;1
fi m d e substituir o · eixo que se quebrara em Cumafi-
-C"acboeira, no rio Xié. Yíajamos no mot~ godile do S. P. I., l;vando a :-:!Joque uma canoa. As 11 h oras, entramos no Içana, cuja largurá na ~~ ,,l ;. de 530 metres, sendo ai, suas águas escuras como '"" ...- .. do rio Negro . Suas m argens são baixas; mais para o fundo, são J: :1s e firm es, a julgar-se pela mata que se apresenta c!l' nsa e alta. As 11 horas e 25 minutos, passamos p ela bôca do : ,,, Jraipi (breu) aflu ente da margem esquerda, cujo t ur:-u é cérca de 100 quilómetros de rumo l?aral elo ao
• Largura
na foz.
Natureza das margens.
Rio lraipL
J!·arza.
Com 1 e ~ hora de viagem, alcançamos Grilo, barr .Jr:·10 colocado em terr eno alto, à margem direita, um t·uililmetro acima de Grilo-Iuitera (morro do Grilo), ~ margem esqu erda, e cuja altura avaliamos em 60 metros. Pertenée o sítio ao tuxaua Marcelino (tucuiari). Contamos 16 pessoas. São jauareté (onça) . .\s 16 horas, passamos pela foz do rio CubafP. , 11 om c de um peixe) afluente da m argem direita e •1ur tem longo curso, com cinco sítios de índios hohor/énis. misturados com jauareté, siuci e sucurmu· ICIJIIlios. e) ~lais adiante, à margem esquerda, p aramos no , Ji io Jauacaná, (fruta) do índio H enrique, jurupari·lapuiu (jurupari -:- diabo), onde r ecenseamos vinte J H·:-~ IHlS, das quais oito moradores do sítio . Teiú, silt w do mais acima, e que ali se achavam a passeio . 1 omos r ecebidos friamente e só depois de trocarem un :a-. palavras com nosso guia, Sr. Hildebrando GarIJ clo, cm nh eengafll (língua geral) mostr:aram-se H~t· nos retraídos. Yendcram-nos 2 abacaxis e 1 iabur.a «•·'JH··de de cracajá) e 3 abóboras, em troca de iuquira h a l). Pediram-nos querosene, ofer ecei1do-nos farinha •I·· t::~pioca. Infelizmente, não pudemos atendê-los por !nlta absoluta dêste artigo. (: .
.Siuci é nome de um
pa~!"arinho;
.•
sucu ntitt é cobra
Iauacaná.
Como nos trataram os índios dêsse povoado.
380
aspecto do rto neste recbo.
camarão e lllaracaji.
Sitio Teiú.
Paxiúa.
Traiti.
•
Po-roaçáo Pira i:lo.ua.
Rio Piraiauara.
Sítios dos Jurup:trisTapulos.
:Mutuca-Pcnta.
O lçana, neste trecho, mantem a largura de 400 metros e bonitos estirões . Diversas taperas, ora à margem esquerda, ara à margem diretta, atestam a decadência dês te grande rio: Camarão e Maracajá, na margem direita e Tucano, na margem esquerda, foran,\ importantes povoados indígenas no século XIX: Em seguida, passamos por Teiu· (lagartixa), boa morada à margem direita, pertencente ao jurupari-tapuio Laureano - que encontramos em lauacaná, Pa:riúa (palmeira), também à mesmo . margem, sitio com quatro ranchos de · palha, onde contamos 14 pessoas, inclusive Laureano, velho, jurupari-tapuio E lraiti, à margem esquerda. Quando desembarcam()s, não havia ninguém no<.> dois ranchos. Depois apareceu o índio André, compadre do nosso guia, tntzendo a espingarda e o terçado . Home-m alegre, um tanto careca, cumprimentou-nos amàvelm ente, convidando-nos a tomar assento. a seu lado. Apresentou-me d epois o seu velho tio Lino e seu irmão Henrique; são sucuriús-tapuios. As 1-! horas e 30 minutos, passamos por Piraiwwra (pirá - peixe moquea do, iauara - cachorro), pequeno povoado com 5 casas e barracão, situado 200 metros abaixo da bôca do rio Piraiauara, que apresenta aí a largura de 150 metros. Fica à margem direita do I r-anã c suas águas são pretas . Tem longo curso e sua direção é mais ou menos a d ês te rio. Permite franca navegação a lanchas de pequeno calado e é povoado, no alto curso por jurupari-lapuios. Informa_ram-nos da existência de cinco sítio~ pertertcentes, respectivamente, a Roddgo, José (velho). YencêSiãu~·elho l\Iandu e Domingos, com mais de 60 p essoas. À tarde, p assamos por Taciua (formiga). que é um pouso dos índios quando em caça e po1· tapera Pira-Pocu (peixe comprido). Pousamos nesse dia em Mutuca-ponta, sitio à margem esquerda, com 2 casas e 1 grande barracão construido de madeira de lei lavrada. Os seus moradores estavam em San-
tana. Cast.anba-rumaçaua
Na manhã de 10, paramos em Castanha-rumaça tza (bôca do Castanha), pouco abaixo do igarapé d(}
39 -· r:s mo nome . Ai reside o ...-elho Gabriel e sua mu•·:cr, ",..mbos setuagenário s, com três filhos casados todo - 13 pessoas .
O Tuxaua Gabriel.
..,.,
As 9 horas e 50 minutos, p aramos em Santana, ,,.03do à margem direita, com 11 casas e 1 capeia. ·, nossa chegàda, o barranco encheu-se de gente que .ls recebeu com agrado,. estando à frente, os tuxauas ..\ riJa ndo e ::\Iarcelino (êste de Seringa-Rupi lá, próximo .. t,úc3 do Cuiari). Entre as 53 pessoas que aí rece nse~ .l- , 10 eram jaurelés-tapu ios d e Anati, sitio à margem · c-; uerda, a -1 quilõmetros abaixo de Santana. Como _. cos!mne, visitamos tôd as as casas, cujos donos nos !,·rcccra m boa farinha em troca de fazendas pa-':n ... tidos das suas pobres mulheres e filh os que só ·dis.;!llwm da muda que traziam no corpo. Infelizmente , • • • 1 Jwmo-nos abastecido dêste artigo em Belém (Pa rá). : .1r:1 contentar alguns, ficamos com uns galos e abó..... r:ls. p3gando com fósforos, pólvora e sal. São juru·ris. jauarelé$ e araras-tapuio s..
Povoação
Santana
. ..
Prosseguindo Içana acima, deparamos com a prin·ira cachoeira do rio, a Juriti-caclzoe ira que leva•"' 20 minutos para tra nspor. Poueo adiante, domi1a do os dois estirões, à margem direita, destaca-se Jurili-iuilcra, morro de 60 m etros de altura aproxi.ul:! nH'nle e 2 quilômetros acim a, na · mesma marm. o sitio Juira-ponta (iuira-embire ira), com três .l' u:-., uma das quais bem acabada e caiada. Pertence ' ,-eJho Tomás, que ai reside com sua mulher e três • lhos casados. São sucuruius-fa puios. :'\a tarde dêste dia, passamos ainda p elas taperas •zrara-poro · (cm·ara-pássa ro) . e Jaquirana e sitio ''J'wri, < os irmãos Olegário e Amâncio, ambos com .dh<'r e fHhos. Em suá companhia, acha-se sua· velhn ·t (', viúva de Antônio Equari, que deu o seu nome lug ar. Cururu-ilapé u (pedra do sapo) e cururu·fmama (ilha do sapo), pr~cedem a duas outras pia·-.cas ilhas, numa das quais a Tapira-capoa ma, de- · •ra o belo sítio do velho Luciano onde pousamos dia 10. A êste sitio, o velho Luciano dá o nome ' .)untarém e outros, de São Joaquim-mir im. Nêle,
A pri.meira nchoeira do Içana.
Inira-Ponta
Sítio Equart
Santarém.
40residem 22 pessoa s; sendo 6 homen s, 6 mulher es e 10 crianç as.· · Lucian o fem quatro filhos casado s e duas .filhas casad'cls. Os rapaze s . não . estava m em casa . Havia seis meses que se interna ram na Colôm bia, pelo ' alto Uaupé s, . à procur a de balata . Soubem os Iúais . . tarde que o seu patrão Emílio Garrid o havia regressado a seu sítio Paraua ri, pouco acima de São Ga-, brid, com uma diminu ta safra de 1.500 quilos, produto de 10 Jwmen s l Para alcanç arem os bala tais em ubás, gastar am mais de três meses, transp ondo mais de íO cachoe iras l Consu miram assim quase tôda a • de farinh a - única alimenta~ão que conduz iam aprosó sorte que, em serviço de extraçã o da balata, veitara m 20 dias. Apesar de r emune ração tão ingrata , impõe- se a êstes homen s semelh ante sacrifíc .io, pois só assim cônseg uem vestir as suas mulher es e os seus filhos. As de Santar ém estava m decent e-. mente ·vestid as e vieram cumpr imenta r-nos . São bonitas e aprese ntáveis , · particu larmen te, uma, que é nora do Lucian o, e que é venezu elana do Guania , da tribo atu-iap uia . Propus -lh e compr a de um bonito camoti (pote), com desenh os artístic os e, em pagam en to, a pobre moça pediu .carne sêca! Como do costum e, ofereci missan gas às mulhe res e, antes de partir na manhã seguin te, elas e o velho acomp anhara m-nos no café com leite e bolach as, tendo manda do servir minga u às crianç as. Almoç amos no dia seguin te, 12, em Xazaré , sitio à marge m direita e que se avista ao lougo do estirão de dois quilômetro~: Com a pancad a do motor, acorre m ao barran co toclos os índios do lugar; mas, precav idos e descon f iados, d<>saparecem, logo que a p<'quen a embarc ação atraca . Em nosso motogo dile le\'amo s um índio ta1iana .do .[;aupé s, o Paulin o, e o nosso prático Hilde~muito relacion~do com os índios ~lo lçan_a; prestig io que .ainda lhe. a~':in~1a do seu falectd o pa1 Germa no, -homem . de mJc.Jah va e I
~;f Trabalha' hdo nos bal:ttais dG Enerida.
Adquirid o o 1. 0 artefacto de cerãmica
para o 1\Iuseu.
Sítio Nazaré.
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-41 ,traba lhado r, deleg adp antigo dos índio s. da . regiãp , cargo atuah nente desem penha do pelo se u irmão Va}en tim . Garri do. Graça s aos in tél,'pr etes . e ás. relaçõ es do Sr. Garri do, conse guíam os vence r o justo retrai ::nento dos índio s. Com a nossa chega da, fugia m quase todos . Casos houve em que não encon tramo s uma 50 p essoa l! Metia m-se no mato ame'd ronta âos e só a custü , depoi s de muito cham ado nosso e de il1sist ênc1 a dos intérp retes, surgi am uma a uma.
'U!!l ~fã_g-~~!21.:-E~!.: ~ê~~~.Y.Jti mas da má fé.__1~51~ Ç~L d ~L.S l~~da_de dos prete n~ iiül"d;s que por lá apare cem. Sedu-.;em~ll~ s líiüfli êfes o lias carre gan1ã''.{6~p; r"ã.'"ôs"'baiat~ s para onde taml> ém carre gam os rapaz es, como tripulantes de suas emba rcaçõ es ou como extra tores de goma . (}s balate iros supre m-se de farin ha nas suas viveu das e lhes pagam com bugi ngan gas- qu a ndo o fazem ! De um, soube mos que carr egara o seu batel ão de panriros d e farin ha dos índio s do çana êner_9 -:::,q_ne trans form ara en\:JJlocos . ,4 . halata , -.na-C olôm bii, dali ~~ês~""São Gabri el, fugin do ao devid o pagamento . De outro s, que troca ram 1 m e tro de chita por 1 panC' iro de farinl 1a (2 latas de 10 quilo s) e 1 galinha por 1 pente de cóque (va lor de Cr~ 0 ,50), 1 csJ>t'linho (Cr8 0,40), ou m esmo 1 caixa de fósfo ros! Os meno s d esone stos troca m 1 lata d e farin ha por 1 metro d e fazen da ou 1 lata d e pólvo ra (0 lb. Cr!3 3,00) . Em Xa=aré, o índio l\Jarc o, dono do sitio, tant-
O retraim ento dos
úid.ios.
'·
Extratores d e r;oma..
As explora ç ões de que são vitimas os í ndios.
Sitio Nazaré.
!Jí·m co nheci do por Carec a, não a parec eu no pôrto . Fomo s à sua cnsa, e, por meio do Sr. Garri do, seu l'Onhe ddo, <.:onse guimo s fàlar- lhe. Aliás , é um home m de fision omia inteli gente e jovia l. Yimo s depoi s a sua wlha mãe e, a seu cham ado, surgi ram da mata a sua mulhe r, uma filha moça e qunlr o crian ças. Como os dl' Juiru -poni a, são sucur ius-ia puios .
Trans pusem os, à tarde , as cacho eiras Cupim -iui(mor ro do cupim.• com 70 melro s de altura . situ:Hlu à marg em direit a) e Amba iua (emb aúba) , alc :lll~· ando, na manh ã segui nte, .a cacho çira lllalacal r ru
A cachoei ra l\lala.ca -
cheta.
-42-
Tatu- pirera .
Tapira -Ponta .
Os irmão s Santar .a que ('migr aram da V('nez ufla.
·Taiaç u-Can guéra.
atraH •schet a que leva mos 2 hora s e 20 minu tos para ubá e part t sar. Foi mist er desc arreg ar intei rame nte a obstá culo é do bate lão e pass á-lo ·a cabo . A seçã o do e gran des de UOO metr os por 400. O rio corre sÓbr ase tôda a bloco s de gran ito e lajes que ocup am qu faixa da sua larg ura. haSeu desn ível é de cêrc a de dois metr os não a. acim os vend o prop riam ente cana l. Três quilô metr , simp les pass amo s por Tatu -pire ra (casc a de tatu) quan do corrc deira e que se trans form a em cach oeira . Limã u o rio secu., deix ando as pedr as a d esco berto a, à maré o n ome de úm sítio que lhe fica m ais acim gem direi ta, e que está hoje aban dona do. a TaPros segu indo cheg amos uma hora após , casa s e pira- pont a, sítio à marg em direi ta, com 2 ana, Sant os 1 barr acão . Ali enco ntram os os d ois irmã pais cm vene zuela nos, que havi am emig rado do seu a au-. estav Hl27. O sitio perte nce ao índio J osé, que o mais sente , caça n r1o. X:lo pude mos fal ar-lh e, mas do dizen , casa da velho dos Sant ana f ez.-i1os as honr as cons truid o que estav a muit o satis feito ali. Já havi a da Yene uma casa, acr esce ntan do "já estou canç ado zuel a" . Rosa, Os Sant ana r esidi am no povo ado Sant a n- · Rece a. no Guàn ia, 2 ·dias de ving cm acim a de Jlaro eres e 6 seam os 20 pess oas, send o i hom ens, i mulh ei fósfo ros crian ças. Com uma das mulh eres, troqu uns enpor um "cam oti" e uma lata d e pólv ora por feite s. uma Três quil< )met ros acim a, con s tatam os mais , erda esqu em .tape ra, a lraru ca (casa de abel ha), à marg angu era-c atrans pond o meia hora depo is Taia çu-c - velh o, uera choe ira (Tai açu - porc o do mato ; cang ra. antig o), trans form ada em simp les corr edei copio sa A jorn ada de 12 foi inici ada deba ixo de desd e alta chuv a, que, com o no dia ante rior, desabara vam os no mad ruga da. Às 9 hora s e 40 minu tos, entrá No. Às Ú estir ão do Tunu i, de 7 quilô metr os, rumo , apro veioeira hora s, cheg amo s ao rema nso da cach 12 hora s, tand o a linda prai a para nosso almô ço. Às
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atravessam os a b ela enseada, saltando no pôrto de baixo do povoado . Tunuí-cach oeira, é o mais sério ob.stáculo que encontramos no Içana. É constituído por um travessão que intercepta a passagem das á~uas que a êle se atiram furiosame nte para abrir passagem, rompendo os blocos da muralha gigantesca . Desagrega ndo-os aqui, acolá, espalhand o os fragmento s a jusante da cachoeira, · as águas impetuosa s forçaram o canal pela beira da margem esquerda, bem junto ao paredão que dá acesso ao povoado. :!\êle, os índios abriram uma escada, talhando degraus na rocha. Parece mais caminho para cabritos que para gente! X o entanto, os rapazes e os curumis galgavam-no com facilidade, l_evando aos ombros nossa carga. Era admirável a fôrça e a ~estreza com que o faziam. A altura do paredão é superior a 20 metros e o desnível da cachoeira não chega a três metros. A ju-
O rio Jçana em Tunuí-cacho eira.
Che,;ada a TanulCachoelra. ·
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O povoado dt TnnnL
o
Tunui-iuitera.
sente· o rio forma alongada enseada para a margem esquerda e outra menor pela margem. oposta, onde às águas de envolta com os rolos de espuma r e pousam do incess.ante labor antes de retomarem o caminho para o rio Grande. O povondo compõe-se de cinco casas formando uma ·pequena rua. Correspondem a cinco famílias, tôdas sucuriús-fapuios sób o comando do tuxaua Capitão Cündido. Está colocado a margem esquerda. Como sentinela avançada da serrania de Tzznut (3 ) que margeia o rio daí para cima, existe, isolado, o Tunuí-iuifcra, distante 1 quilómetro do povoado, para :'\E. e cuja altura, determinada na excursão que fizemos é de 130 metros.
Tunuí, ou Santo Antônio do TIInuí, é um dos povoados mais antigos elo Içana e foi sede de um destacamento militar de quatro praças. O povoado antigo estava à margem direita, abaixo da cachoeira, próximo ao local do destacamento que dominava sua passagem. Disse-me o tuxaua que foi fundado pelos seus avós, mas êle já não o encontrou. ~asceu no local onde está atualmente o povoado . O despovoamento
do rio.
O Tn:uua Cândido.
O despovoamento ·da região acentua-se dia a dia. Referindo-se a Tunuí o etnólogo alemão Kock Grünbcrg diz · que o povoado tinha 12 casas e população c;uperior a 100 almas (em 1904) . Nós só encontramos cinco casas e 32 habitantes! Na tarde de 13, não foi possível descarregar-se o nosso batelão. Kenhum serviço para estranhos ali se faz sem ordem do tuxaua . É mister que nos entendamos com êle! Demais, o mau tempo não o permitiria devido à chuva torrencial que desabou. Só à tardinha apareceu o Capitão Cândido. Estava na roça. (3) O Dr. Glycon de Paiva a classificou como um massiço de itacolomito de que o travessão de Cachoeira seria um esporão. A propósito dêste, diz: "Tôdas as camadas são not.à-..·eimente planas e concordantes e há uma camada ou _outra mais rica em sericita, que, por ocasião {]o dobramentó, fendeu-se em diaclases segundo dois planos diretores, mutuamente oblíquos de üO graus.
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-45 um home m de 50 anos presn mivei s, estatu ra regul ar, forte, fision omia auste ra, circun specto . ~ão ri, apena s esboç a um sorris o. Front e esp;tç osa e olhar inteli gente , denot am uma organiza~ão cereb ral digna de ser cultiv ada. Certo , daria um filóso fo ou um cienti sta se houve sse nasci do em meio civili zado. Tivemo s ensej o de conh ecê-lo melho r, verifi cando que, atrav és daque la másc ara auste ra e impen etráve l, se ocul!: n-a um home m astuto , ardilo so e rcfina díssim o nas manh as dos esper tos civili z.ados l Sua mulh er tem cara de p oucos amigo s! R econh ece-se que ela está comp enetr ada das suas altas funç:ões de tuxau a e dona de casa, poh. tudo exam ina e dá orden s que são obedecid as cegam ente. É
D entre cs filhos do casal, destac am-se o Andr ade, rapaz bonit o e basta nte civili zado que nos faz as honras da casa e a Felici a, que já moro u dois anos no Guân ia com um tal Gutic rcs, ' 'enezu elano . Enten dem o portu guês - como o tuxau a mas so respo ndem cm nheen gat.u . Ko domi ngo p ela manh ã, fez-se a varaç ão do batelão e de tôda a carga , aquel a dirigi da p essoa lment e pelo tuxau a, que se coloc ou no ponto mais perigo so, domi nando com o seu olhar profu ndam ente enérg ico e cin tilant e o grupo de home ns, mulhe res e crian~as que sustin ham o b a telão e puxav am p elo cabo. Foi p ena nossa objet iva n ã o lhe ter apanh ado a másc ara no mom ento mais critic o, em que sua fision omia traduzia de mane ira impre ssion ante tôda a -consc1encia da sua exclu siva respo n sabili dade pela vida de tôda aquel a gente e pela guard a do batelã o. · Apro\.-.e·;{s:mos o resto do dia para pagar essa boa gente com as merc adori as que levam os: saias e camisas para as mulh eres e m enina s, calças e camis as para os home ns e cu rum is. Os home ns pedem pólvora, chum bo, espol etas; as mulh eres conta s, inissa ngas, pente s de coque . Vesti mos a todos e atend emos a seus pedid os. Em segui da, adqui rimos boa col eção de cerâm ica: "cam otis", "map oas", "para tus" (pote s, terrin as, prato s), com os mais lindo s e expre ssivos desenho s.
A 'faração do batelão .
A m áscara sugestlv'\ do
Tu:ocau:~.
O pagame nto foi feito em mercadorias.
-46Brinde aos Sucuriú~ ta pulos.
Brindei o tuxaua com um terçado novo e sua mulher com tesouras para costura e corte de cabelo. A todos os chefes de família ofereci uma cuia de sal e distdbuí fósforos e tabaco a todos os homens e curumis.
O nosso motogodile 2!:2 regressa de São
Na manhã de 15, fizemos a excursão a Tunui-iuilrra e, ao meio-dia , chegou o nosso motogod ile 2_0, proceden te de São Gabriel com o rádio Barbosa que lhe repusera novo eixo, obtido nas oficinas da Miss3o Salesiana .
Chegada ao po">oado Seri 1ga-rup1L'i.
prosseQuim o~· na manhã se!!uinte para Seringa- rupit4 ~ ~ _
GabrieL
Feita a respectiv a varação na tarde dêste dia,
(tronco de seringa), povoado dos s ucurius-fapu~os, pouco a jusante da bôca do Cuiari. O tuxaua Cândi1lo e sua família fizeram-n os companh ia até lá. O Içana mantém nêste trecho a largura média de 2-10 metros. A bela serrania de Tunuí borda a margem esquerda , ('lllpres!a ndo belo cenário à caudal dos tapuios.
Seringa-r upitá demora à margem direita e possui três casas grandes, bem construíd as, barreada s, ·cobertura de palha e piso de chão batido. Tem, também, um bom rancho. Hospeda mo-nos na residênci a do taxaua Capitão Alexandr e, na ampla sala d estinada aós hóspedes . O tuxaua veio cumprim entar-no s e apresento u-nos todos os seus parentes . Ali encontra mos o sargento Bandeira e o soldado Dionísit> com o batelão "Rápido" que havíamo s despachado de São Felipe. Conferim os a nossa carga e sepaFam os os volumes que necessitá vamos para o levantam ento do rio Cuiari, os de que viriam a precisar os expedicio nários do Cassiquia re, reservan do o :r estante para o d epósito mais avançado a ser instalado junto à foz do Aiari. Era nosso projeto subir com o motor do Serviço de Proteção aos ind~os até a bôca do Pégua e fazê-lo retroced er a Seringa-r upilá para baldear a carga destinada à base a ser estabelec ida junto à foz do Aiari, enquanto subíamos aquêle afluente do Cuiari, procedendo depois ao levantam ento dêste e do seu con-
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trib uin te que mai s nos apr oxi mas se das cab<:'ceiras do J/ ema chi . Dáv amo s, assi m, tem po par a que os exp edici oná rios do Cas siqu iare nos alca nça ssem em nos so r egr esso a S erin ga- Rup itá, par a daí pro sseg uirm os pelo l çan a, tod os r eun ido s. Infe lizm ente , o acid ente oco rrid o em Pari-cacfzo eira - do qua l resu ltou a alag açã o do bat elão mot o god ile 2,0 , mod ific-ou, em p a rte, nos so pro gra ma, emb ora n ã o pre jud icas se a mis sã o que nos cum pria des emp enh ar . Em Ser ing a-ru pilá fom os surp reen did os com nov as cob ran ças por par te do tux aua Cân did o e sua gen te.
No..-as cobra nças por pa rte do Tuxa ua Când ido.
P en sei que êles nos hou ves sem aco mp anh ado até Já por m er a gen tile za e qui sess em com isso dar -no s um a pro va do seu rec onh ecim ento pel a bon dad e com que os tr!lt amo s em Tun ui, ves tind o a tod os e cum uland o-o s de brin des . Ko ent anto , só o inte rêss e e a cur iosi dad e em ver ific ar as· mer cad oria s que tinh am os no bate lão, os con duz iram a S erin ga- rup itá. Não disc utim os com os nos sos par ent es de TÚn uí. Por minha vez , eu tinh a tod o o inte rêss e em agr ada r-lh es por que viri a a n eces sita r dos seu s serv iços par a a \'ar açã o da lan cha ·'Sã o Gab riel ", em que via jav am os com pan hei ros da exp ediç ão ao Orenoc o e às de rrtô rno d esta mes ma lan cha e dos doi!! mot ogo dile s, que seri am d esp ach ado s do alto Aia ri. Pag uei de nov o um as gal inh as com que o tux aua nos pre sen tear a em Tun uí e algu m as ma poa s e cam otis . Mesmo assi m, n ão fica ram con tent es! O Dr. Gly con foi rece -. bido fri ame nte pelo tux aua . Tra tou -o com indiferen::- ~ tism o e recu sou -se mes mo, a f azer a var açã o da lanc ha sob a aleg açã o d e que eu o eng ana ra, dàn do- lhe ape nas em pag ame nto de tant os serv iços - um pou co d e pól vor a! Xã o disp ond o de mer cad oria s p ara sati sfaz er a imp rev is ta exig ên cia, o Dr. Gly con de Pai va teve de reco rre r à caix a de f erram enta s que eu hav ia deix ado em Ser ing a e efe tuo u o p agamen to com form ões , lim as e out ras ferr ame nta s.
Como fol receb ido em Tunuf o r:eõlo go G. de PaiYa .
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Em Serin~:a-rupit.i, como em Tunu i, os iJ> di os são incon U'ntá vels.
ri'cl " tra.n s:Mas, no regr esso , a lanc ha "São Gab índi os de Tun ui, pôs a cach oeir a sem o conc urso dos Para se faze r pois o tuxa ua exig iu novo paga men to! ia dest a gen te uma idéi a mai s perf eita da psic olog : não utili zei o conv ém acre scen tar mai s o segu inte a excu rsão ao pess oal de Seri nga -rup itá senã o para andr e com o rio Cuia ri. Lev ei o ·velho tuxa ua Alex e um sobr inho . prát ico; e, a seu pedi do, um seu filho mas perc eben do Eu não prec isav a dêst es dois rapa zes, gan har algu ma que o velh o que ria dar- lhes o ense jo de pelo Cuia ri cois a, fiz-l he a von tade . Xos sa viag em Pois , por êste ida e yolt a - fez.-se em sete dias _ lige ira que nos pequ eno sen iço e pela hosp edag em dist ribu indo prop orci ona ram , pagu ei regi ame nte, hom ens e curu saia s às mul here s, calç as e cam isas aos e brin dan do, esmis, miss anga s, sal, fósf oros e taba co mul here s. Adpeci alm ente , aos dois tuxa uas e suas cerâ mic a, paquir i, com o em Tun ui, boa cole ção de nom e Mar iano gan do tudo mui to bem . A um índi o de lei gene rosa que tinh a mul her e filha s moç as, rega buiç ão, nem men te, emb ora nad a me dess e em retri a hora , veio mes mo serv iço. Pois êste índi o, à últim a de ban anas , ped ir-m e o pag ame nto de uma penc brin dar- me. únic a cois a que a sua pobr eza acha ra para
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e as cria nXa saíd a, dist ribu i entr e as mulhere~ pero s tem de ças, dive rsas lata s de doce s de leite e tant a gene rodas noss as ecqn omi as_ Pois apes ar de Se, Glvcon ao cheg ar ea não sida de da noss a part e, o Dr. taxa ua ring a-Ru pifá enco ntro u má von tade do noss os bate lões obte ve pess oal para trip ular um dos . Foi forç ado em que pret end ia ir ao noss o enco ntro do Aiar i! Isto a pros segu ir na "Sã o Gab riel" até a foz o e do conc eito dá uma idéi a da men talid ade do índi sere m ilud idos que êles faze m de nós! Pelo hábi to de por imit á-lo s e exp lora dos pelo s civil izad os, acab am e corr omp er-s e! ~
A menta lidad e dos baniu as do:> Içana . Como tratam os 'riajant~s.
RIO CUIARI Partid a de
Serin~:a
-rnp!t á..
rio, aind a Part imo s de Seri nga com dest ino a êste utos , reto mam os na tard e de 16. Às 13 hora s e 50 min
-49 leva ntam ento do l çana . À sua marg em esque rdl}., até próx imo à bôca do Cuirzri, vem mor rer a bela serra nia de Tunu i com algu ns picos de -100 a 500 metr os de altur a. Apó s um perc urso de 4.60 0 metr os rumo N. atin.,jmo ., s a foz dêste rio, que é o mais impo rtant e tribu tário do Jçan a. Êste tem, ai, a largu ra de 505 metr os, med indo a bôca do Cuia ri 115. Suas águas tem a mesm a côr do Içan a. Yim os logo que jamo s enfr enta r um rio muit o corre ntos o. As chuv as cont ínuas dos últim os dias l1avi am aum enta do extra ordinàda men te o ·seu volu me. Terí amo s de lutar cont ra a corre ntez a, mas, em comp ensa ção, pass aríam os com relat iva facil idad e as cach oeira s. Entr amo s no Cuia ri aind a com o rumo N ., deix ando o l çana a -1~ NO. D ecor rida uma hora de marc ha pass amo s pelo sitio Ama nado na, à marg em direi ta, que deix amos para visit ar em noss o regre sso. Às 16 hora s e 14 minulo s, para mos em Cuiu a-nz pitá (cuiu a tronc o =-itio de bani uas vene zuela nos, colo cado em terre no firm e à marg em direi ta. Até ai o Cuia ri man tem a largu ra méd ia de 100 metr os, marg ens - em gera l I.Jaixas, prof undi dade supe rior a 7 metr os. Cuiu a-rupi lá, apes ar d e cont ar três anos em que os emigrad os do Gzwf nia o abrir am, apre senta aind a um a~peclo oe acam pam ento : uma casa ele palh a e dois ranchos aber tos, abrig am algu mas famí lias de índio s venez.u elan os com posta s de 7 mulh eres, 5 l10m ens e 1 crian ça. Das mulh eres, 6 aind a eram bem jove ns, estand o 3 à espe ra do bebé . Rece bera m-no s com desconf ianç a. Dos hom ens, só um rapa z, D. Júlio , res- · pond eu a urna s perg unfã Steit as pelo tuxa ua Alex andre, em bani ua, ente nden do-se , tamb ém, em . li~gua geral , com o noss o intér prete Sr. Hild ebra ndo Garr ido. Proc uram os, aí, por um práti co que conh eces se o rio Pégua e as cabe ceira s do Cuia ri que mais se apro ximass e das do Mem achi - noss o obje tivo prin cipa l. Xiio enco n tram os . D. Júlio nos indic ou um velh o que clesde dois dias viaja ra por um igara pé, ause nte aind a. Só êle pode ria dar-n os infor maçõ es. Reso lvem os pou-;ar ali na espe ranç a de que o velh o apar eces se. 0
·• A bõca do CniarL
0
O prim~>iro po>oad odo rio "}lm:tn adona." ..
Cuiua -rupit. i.
A largur a do rio. Nature a das mar-
gens.
A procur a de um prático .
- 50 Acerta mos, não por que o espera do inform ante retorn asse de suas caçada s, mas por que seria impos sível prosse guir, p vis mal tivemo s tempo de armar o nosso tôldo, · sobreYeio formi dável t emp estade precedida de um violen to tufão que parec ia levar tudo pelos ares. Ve manh ã cedo, ainda sob a açã o da chuva que caia, levant amos v acamp ament o, alcanç ando, às S horas e 40 minutos Pari-c achoe ira e traves são de rocha granít ica. G-qiado pelo tuxaua Alexa ndre, nosso motor tentou transp ô-la, desbor dando -a p ela marge m direita . Duas vêzes a corn?d eira formi dável fêz recua r a em- barca ção. No mome nto em que se fêz nova invesnosso motog odile 2~ que tida, surgiu pela direita
o
havíam os deixad o muito atrás . Vendo que nosso barco mais possa nte foi por duas vézes repeli do, tud-.1 acons elhava aos respon sáveis pel!J para au~~ que aguar dassem a traves sia do 5 H. P., mais canal xiliá-l o na p assagl' ill ou para escolh a d e favorá vel.
n.aufrãg io do rnotogod lUe 236 H. P .
~
Inexp erient es, apesa r de terem dois jovens índios da região cc>mo prá ticos, atiram o . motor zinho p elo tombo mais perigo so e vendo que n ão é possív el transp ô-lo, em vez de recua rem, viram a embar cação procu rando a marge m esque rda. Torno u-se inevit ável o õesas tre: apanh :1do de bomb ordo pelo lençol dágua que enfren tava, o batelã o alaga- se e naufra ga dentro de segun dos. A corred eira arrast a tudo - batelã o, sacos de ho~ens, motor . ..-\ carga flutua : caixõe s, roupa s, latas, miuàezas, vagam à mercê das águas . ._........,. ... . . · Kosso motor recua - dando · atrás - e corre em socorr o dos n á ufr~gos . F elizme nte, todos sabem nadar e agarra m-se aos cascos do batelã o que flutua , por ter largad o o m otor, que se d espren dera. Já a 200 metro s a baixo, p::-gam os o batelã o, que reboca mos para a marge m, fazend o-o depois flutua r, esgota ndo-lhe a água. 1\t•sse ínterim , a ubá que vinha a reboque do 2~ e q::e, por prudê ncia do cozinh eiro, havia largad o por l">Casiã o da chega da à cacho eira (o
-51 "cozin heiro tinha um pavo r med onho das cacl1 0eira s porq ue não snbi a nada r) pres tou inest imáv eis servi ços - salv ando a carg a que ia água s abai xo. Consegu iu-se apan har todo s os volu mes ..
Como foi salva a car;L
Só o Sarg ento Band eira e o Sold ado Dion ísio perdera m algu mas peça s de fard am ento e equi pam ento . ~Ias o moto r desa pare ceu no fund o da cacH oeira e foram bald ados todo s os esfor ços que se fizer am na tarde dês te dia com o fim de enco ntrá- lo. A corr ente za era fantá stica e a prof undi dade maio r de 7 metr os. Os índio s e os tripu lante s dos motogo diles , hábe is merg ulha dore s, nada cons egui ram. Rest ara-n os 3. espe ranç a de enco ntrá- lo por ocas ião da estia gem . Assi m me prom eteu o tuxa ua a quem estim ulei com a prom essa de dar em paga men to, uma espin gard a com um quilo de chum bo e uma caix a de espo letas . (') .
Como conses-ulmos rehave r o motor .
Afin al, não l10u ve outro recu rso senã o desc arregar tôda a carg a e vará -la sôbr e o trave ssão ptlra mais adia nte bald eá-la em ubá para mon tante da cach oeira . Fiz o Sarg ento Band eira reco lher- se a S ering a-rup ilá leva ndo o casc o do moto godi le nauf raga do, tripula ndo- o com dois índio s e duas praç as. Deix ando naqu ele povo ado do lçan a o dito batelão , à dispo sição do Dr. Glyc on de Paiv a, de,:e ria guar nece r o "Ráp ido" e segu ir para a base avan çada do Aiar i cond uzin do o rádio Barb osa e o respe ctivo mate rial. A êssc enge nhei ro escre vi dand o notíc ias do incid ente ocor rido em Pari- cach oeira ' e pond o-o · ao ---.J.m.X,'_Q_~ pova miss ão conf iada ao Sarg ento Band eira. Reco nstit uída a expe dição , parti mos, aind a na tarde de 17 (15 hora s e 10 minu tos) - a mon tante da cach oeira leva ndo a ubá a rebo que do 5 H .P. Pouc o acim a, remo ntam os outr a cach oeira a Jaca ré(') Efeti vame nte, a :1 de janei ro, doi s índios de S ering a-rupi tá me entregaram , em São F elipe, de ordem do t.uxaua
.\lexa ndre, o moto r, que se acava em perfe estado, inclu sive () magn eto. Pagu ei o prom etido . (Do meu ito diário ) .
O ca sco do motogodile
volta
Seringa-rupl á.
à
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O terror que se apoderou dos pobres indios com a Dossa chegada.
-ponta, transpo sta sem dificuld ade. Às '16 horas e 22 minutos , paramo s em Iauará- poço (cachor ro-poço ), povoad o à margem direita, com três casas e dois ranchos. À nossa :;tprõximação, todos os. morado res <10 sítio correra m para o barranc o atraídos pelas pancadas do motor. Quando , porém, desemb arcamos todos haviam desaparec ido!
Nosso motor teria sido o 1.• a subir o Cuiarl.
À porta de uma casa, encontr amos o· velho Carlos conheci do do Sr. Garrido e do tuxaua Alexan dre. Informad o por êstes do objetivo dos itineran tes, sua fisionom ia reanimo u-se. Em sua compan hia, percorr emos o anUgo povoado . Ka casa da frente, vimos em um quarto, . de passage m da sala para a cozinha , duas mulher es que se encosta ram apavora das - ao canto - em uma imobilid ade absoluta , olhos fixos, de terror. A mais . velha parecia protege r a outra ! Pedi ao nosso guia que as acalmas se, informa ndo-as que nós éramos seus amigos e nenhum mal p1·etend íamos fazer-Il1 es. Prosseg uindo em nossa visita, ·vimos um rancho fechado com os embrulh os das maquir as (redes de tucum ou meriti), escondi das ao redor, prontas para a fuga; noutro, pelo lado de fora, encontr amos uma espinga rda carrega da, encober ta por folhage m! Aos poucos, veio ·surgind o todo o pessoal : a principi o, uma velha - que abriu um dos ranchos ; depois, os demais fugitivo s que se haviam metido no mato ... À nossa saída, reapare ceram todos ao barranc o. Só, então pudemo s. recence á-los; 5 homens , 8 mulher es e 6 criànças . -----,....., _...,_ E' natural que esta gente se assuste com a chegada de desconh ecidos cujas intençõ es ignora . Aliás, é a primeir a vez que e~nbarcações a vapor sobem o Cuiari. Muita pobreza no velho sítio dos baniuas de I auara-p oco. ~ Três quilôme tros acima, está situado o sítio Umari- rapecum a, ainda à margem direita, um- ran-· cho de palha, em que moram o índio Manuel , sua muIller e quatro filhos e um seu irmão. Como os de
-5 3]aua ra, sà•o suc uriu s-ta puio s. Foi aí o noss o segu ndo . pou so no ({;ui ari . :K a man hã segu inte , rer~10ntamos sem emb araç o.. Anu iá-c ore e visi tam os o sítio Muc uiar i (mo que n) .de Chi co Mal uco . As 8 h'-Jras e 30 min utos atin gim os a foz do Pég ua-iga rap é, ç::ue na Car ta apa rece com o 'n ome de rio . Esta va co.en as mar gen s inte iram ente tom ada s pela enc hen te. :!\lesmo assi m, med imo s som ente 12 met ros na foz. Su~ pro fun did ade ai é sup erio r a ·1 met ros. Cor re men l"'·S que o Cui ari e sua s águ as são mai s clar as que as dêst~ rio . Seu rum o é 80 SE. · Inform~, o tux aua Ale xan dre que o Pég ua não tem mor ado:-es e que se pod e subi -lo três dias em ubá , atin gind o, a 5, o cam inho que vai ter ao ·Aq uio. Gas tam -se dois dias no perc urso , a · pé, pelo vara dou ro. É por êste cam inho e êste rio (Cu iari ) - com o já vim os em_r<:-lação ao Xié - que ~s ven ezu elan os, acos sad os por con tinu as revo luçõ es, emi gram Jlar a o Bra sil. Acr esce ntou , por ém, que o cam inho já dev ia esta r fech ado pon 1ue hav ia mui to tem po não era . traf ega do, pref erin do os ven ezu elan os desc erem do Jlfe mac hi por um var ado uro que vem ter a um braç o do Iana -iga rap é cuja bôc a ínm os pas sar no dia segu inte , 19. O pró prio tuxa ua não o con hec ia sen ão por info rma ção . Dia nte dist o, desi stim d's de subi -lo, pros segu indo nos sa mar cha pelo Cui ati. Ain da nest e dia, visi tam os os sítio s Jaca ré-p oço , do velh o José (Ca reca ) e Qui uau a-po nta (qu iuau a pen te de coq ue), do velh o ·F clip e, nà mar gem dire ita. Dal i, leva mos um mol ho de taba co arti stic ame nte entani çad o e dois inst rum ento s de dan ça (um suru bi e um a amb aiúa ) . São siuç i-ta puio s. Fize mos noss o terc eiro aca mpa men to em Tatá~ -aci coer a (tiç~o de fogo ), sítio à mar gem esq uerd a, de arar as-t apu ios, com 14 pess oas. O tuxa ua Man du, um tant o civi liza do, ente nde algu mas pala vras em por tuguê s. Os dem::sis mor ado res do sitio , aris cos e desc onfiad os com o túdos os outr os ban iuas do Cui ari, man têm -se à dist ânc ia e só fala m esta líng ua . Tro cam os
• O rio Pé!;ua..
•.
Com l dias de viagem em nbá :LJca.nça-se um varad ouro que \'ai ter ao rio Aqni o.
Visit a
aos :;if.lus Quiu aru-p onta,
e
J:~.C:Ué-poço.
Pouso em Tati Aclcoera..
7:
-54 pes' com o 1\Iandu um tama nduá -band eira que .noss o ço peda soa] havia mort o na tarde dêste dia por um um de anta moqu eada . De um outro índio , comp rei o pane iro de farin ha. (2 latas de 10 quilo s) por quatr que metr os de fazen da. O caboc lo ficou aômi rado de que a farin ha chega sse para paga ment o da fazen da fa~ pediu , pois a t abela dos regat ões é de uma lata de rinha por um metr o de fazen da. Às 11 horas de 10, cheg amos à foz do Iana-igaà rapé . Com o m esmo aspec to do Pégua, tamb ém os de m argem esqu erda. Como o outro , tem 12 metr disua e égua P o l argu ra na bôca . Corre meno s que reção é Leste . Segu ndo infor maçõ es do tuxau a, nasce na serra rumo que tem seu nome e que dali se avist a com o N. E .• O ..-arado uro que vai ~a o Memac hi.
Porque rP!iol..-emos prosseJ:"Uir Cniarl
acima.
por êste igara pé que os vene zuela nos descem do do Mcm achi. Sobe -se o laná em ubá um dia (quan para se assap tem pouc a água , gasta m-se dois dias) , dai, o um braço do igara pé no qu al se viaj a de três a quatr aMe-m ao vai h oras, alcan çand o-se o varad ouro que dia a chi. O percu rso do varad ouro é cêrca de um qui60 pé estra da larga , trans pond o serra . Ao todo, l'tfeIôme tros aprox imad amen te - da foz do Janá ao por Sabe . mach i. l\1as o tuxau a nunc a subiu o laná ouvir dizer ! a Em tais cond ições , receb.emos estas infor maçõ es, vetitulo precá rio, conv indo confi rmá- las. A serem a ir ating rídic as, deví amos subir o Janá e proc urar limi· cabe ceira do lllem achi de que trata o tra tado de devia tes de Bogo tá, pois, p elo curso dêste igara pé, IQ..qW_Q;::P~ _ c~:; a linha deTr õnteí ra até o~ Comissã~i'idw*íf~ã~··de Parim a". Dian te pelo PcfrénT *"ãa 'ifí'c~l~a •1-Fs"oí'v~~s p;oss eguir e mant Cuia ri, na esper ança de enco ntrar melh or infor que Talv ez não fôsse o Janá o aflue nte do Czziari de cogit a o Trata do de Bogo tá . . . (~) É
(5)
t e~
de Limii\" o ta : J\Iais tarde, a Comissão Dema rcado ra
confir mou nossa supos ição.
-5511 e 45, paramos em Jauareté-poço, para o Jmôço, prosseguindo uma hora depois. O rio ayre3 scnta neste trecho a largura média de 60 metros. As ~nargens estavam tomadas pela enchente. Córre muito, c:êrca de duas milhas. Em parte, isto nos favorecia porque muitas cachoeiras, co_m o a Jauareté-poço, estaYam cobertas pelas águas, transpondo-se com facilidade. As 17 horas, paramos no sít~o Escada, à mar- • . ·•em esquerda. A largura do Cuiari, ai, é 72 metros. ~ó uma casa sôbre um barranco de 10 metros de altura no qual os índios cravaram uma escada de pau, fato a que se atribui o nome dado ao sítio. Nêle habitam o índio ~1Iarco, um seu irmão e um filho de José c 3 reca. Só êste tem· mulher. !\ão os encontramos. Disse-nos o tuxaua que se achavam em Jauara-poço, quando por l á passamos. Entretanto, por falta de melhor informação," lá os recenceamos como se fôssem moradores do Iauara. ÀS
Pousamos em Escada. À noite o belíssimo luar que iluminâva o bivaque nas lajes de granito do pôrto convidava-nos a uma palestra mais animada com o tu:xaua Alexandre. Em viagem, as pancadas do motor c as preocupações de Hinerãrio não permitem muita· (·onversa. Demais, os índios são pouco loquazes e, em gt•ral, limitam-se a responder às nossas perguntas, mesmo assim por monosilabos! ~ão tomain a iniciativa de nos elucidar, acrescentando qualquer informação. Chamei aquela noite o tuxaua e o nosso intérprete t' interpelei-o seriamente a respeito dâ região que pereorriamos. Confirmou que não conhecia, senão por· informações, os varadouros do Pégua e do Ianá. Conhecia, entretanto, pouco abaixo de São Pedro, sitio •Jue poderíamos atingir ao anoitecer do dia seguinte um caminho pelo qual se viaja três dias a pé, airançando o Naquieni que diz ter ali 10 metros de largura. Afirmou, outrossim, que o · Cuiari, de Escada para cima, não tem nenhum afluente importante. Não restava, portanto, dúvida alguma de que já nos achávamos em território colombiano e que ·o Janá-igarapé
A largura do rio.
Sítio :Escada".
A palestra com o Tuxaua . Alexa ndre.
varadouro ·que liga o Cuiari ao NaquienL
O
:..
·-56 cabe ceir as de·p ,:~ ser cont ribu inte do Cuia ri, cuja s es> m~:'t ~ 3.\iz inha vam das do !tfema"c hi . a, dan do .P"vJlvem os pois retro cede r para o lçan ri. Apr ovei por Z'":rm inad a noss a expl oraç ão ao· Cuia
ico para tom ar tei a:M! a a pale stra com o noss o prát alto Cuiar-i. O infr;;-rna eões dos mor ador es e sítio s do todo s de siuc itux.au a deu- nos notí cia <te cinc o sítio s, P~dro, Mad iupé , Ca-fay uíos . São ê]es : Tabocal, São tantes: raJJfJnta e Jacu-poço, com cêrc a de 90 h~bi
50 min utos Y.egre:ssamos do Cuia ri às 12 hora s e ra. Na man hã do dia 20. Pou sam os em Tatá-acicÓe 92 met ros . Ensegu inte, med imo s a larg ura do rio de Uma ri-rape:: As m t...das de "Uira ri'' cont ram os n esse dia o índi o 1\Ian uel, e as 10 plant. :ls com lhe haví amo s que se costu ma cuma, com a enco men da de uira ri que mistu rá-lo. dois ama rrafeii(J, quan do de subi da·. Entr egou -nos . Foi pen a não dos de tocos do fàm oso cipó (cur are) Iaua ra o amá os ter traz jdo com raíz es e fôlh as. Em o com 10 mud as vel inclio José nos trou xe um ama rrad (de que nos fade fJ)antas que cons titue m a mis tura , que se adilara o velh o Ant ônio Gera ldo, do Xié) cion a ao "uir ari" ! mal rece biFoi nest e sítio que na subi da fom os bera m-n os rece os dos. :'\a desc ida, poré m, todo s os índi med rosa s. Disno barr anco, incl usiv e as dua s moç as nças , ofer ecen do, trihu í miss anga s às mul heres e às cria enco ntre i só de tam hém , uma blus a à moc inha que Foi a únic a musáia c que me info rma ram ser órfã . todo o Cuiari. lher que enco ntre i com o bust o nu em mes mo entr e as civi lizac ões O que vem conf irma r, assi stên cia- aos rudi men tare s - a nece ssid ade d e ~ma órfii os . -------. --. -. J> ond e nos O indlo José de Cuiaassa mos , em segu ida, por Cuia -rup itá . -rupit .ã conri rma as O Índi o det" COm decla raçõe s do !Vem os algu ns minUtOS em pale stra tuxau a Alexa ndre. ções do tuxa ua José que nos conf irmo u as info rma o Mem achi . Alex andr e, a resp eito do ·var adou ro para pois os vene zueAcr escentou que o vara dou ro é l a rgo, rias ubá s que l a nos cost uma m tran spô- lo com as próp sitio , o - Dr. Tou arra stam sôbr e pau s roliç os. D êsse
R egress o do Cular l. A larr.u ra do rio em Ta.t.ã- acico era.
(O)
Os índios pron unci am Maemaxi.
- · 57rinho trouxe um potinho com "uirari"; de lauara, havíamos trazido igual amostra. Deixamos mais uma ,·ez. Cu"ia-rupifá sem vermos o velho José, o· mais recente emigrado da Güiana. Don Júlio, também, ali, não se achava. De passagem por Amanadona (') -visitamos êste belo sítio colocado à margem direita. Pertence ao velho Rodrigo e sua família, composta de 16 · pessoas. São sucuris-fapuios. Dai trouxemos um ralo ("iuicé") bem feito, cujas pinturas foram posteriormente preparadas pelos índios de Seringa-rupitá.
A~nadona.
De lauara, trouxemos, também, três ''adabis" que são açoites com que os índios se vergastam reciprocamente nas festas do jurupari.
"Adabis•• o sacrifício impõsto por Jurupari.
Em todos os sítios dêste rio e em alguns do Jçana, encontramos dêstes açoites - sempre em feixes presos ao teto. As costas do José, de Jauara, apresentavam um vergalhão produzido por umas das chibatadas de •• adabi". Dês te bárbaro co::> tume nem mesmo as mulheres escapam. Mais de uma vimos com as cicatrizes das vergastadas. Uns o admitem como o poder da magia do jurupari, o meio de adquirir seu poder, suas virtudes; outros o justificam como um sacrifício impôsto pelos antepassados, uma penitência . que jurupari exige dos seus adeptos ou parentes para evitarem as doenças, ganhando assim, sua proteção; enfim, alguns não sabem justificar-lhe o uso: é tradição que vem dos seus avós. Ao anoitecer de 21, apertamos <le novo a Seringa-rupitá.
Ralo.
Chegada a Serln;a-rupitã.
2\enlmma notícia dos ex-pedicionái-ios do Cassi-· -quiare! Como pudessem chegar a qualquer momento, resolvemos esperá-los um, dois, três dias. Instalamo-nos no amplo salão de 25m X 12 da casa <lo tuxaua Alexandre. interessante a vida no interior das malocas: os homens, os rapazes, os "curumis" - sentados pelos É.
(
7
)
Amanadona quer dizer casa de bôto.
A lida no Interior
das nulocas.
-58.._
o [
J
[ Jurupary
Jurupa.r~ mofou 7 passoos,inclusive l paqQ, que estavam <2m dobukuri os . Clnqu\\u ~ d~poas. vomitou tudo bem corno urn bicho que tinha no barriga. . (diz a l~nda.)
-59-
!
i; -
ban cos ou de cóc ora s hor as seg uid as, em atit ude contem pla tiva ! Os "cu rum is" , me nos ind ole nte s, lev ant am -se de qua ndo em qua ndo e nos rod eia m obs erv and o cur iosos , nos sa bag age m, nos sas ·mi úde zas . As mu lhe res , ao con trá rio , tra bal ham o dia tod o: a fai na do pre par o do bei ju e de far inh a abs orv e tod o 0 tem po das "cu nha tãs " e "cu nha mu cus ". As vel has se inc um bem da con fec ção de ralo s, enf ian do, com a pac iên cia que o tra bal ho exi ge, os fra gm ent os de qua rtz o nos ori fíci os pre via me nte abe rtos no des enh o feit o na ma dei ra. A con trib uiç ão dos hom ens con sist e no pre par o do cas co de ma dei ra, no des enh o e na pin tur a, que é o rem ate do tra bal ho. Na ind úst ria da cer âm ica , em {}Ue t am bém se esp eci aliz am os ban iua s do !ca na, tod o u tra bal ho é f eito por mulheres~ pintur a . Du ran le os três dia s em que esti vem os em Serin ga- rup itá, o pre par o de ralo s e de ute nsí lios de cerúm ica foi inc ess ant e. Da que les , não adq uir imo s ne- . nhu m por que est ava m em inic io. A cer âm ica , <;reio que se des tina va a sub stit uir os ute nsí lios já pro nto s "<' dos qua is já alg uns em uso , for am por nós adq uir ido s. O mé dic o da tur ma - Cap itão To uri nho - apr ovei tou a par ada em Ser ing a-r upi tá par a faz er apl i.çações do .. uir ari " em rat os. En com end ou doi s dês tes roe dor es aos ••c uru mis " da ma loc a. Nu m dêl es, int roduz iu na nád ega um a flex inh a de sar aba tan a me rgu lha da em "ui rar i". De ntr o de doi s min uto s ma nif est aram -se os sin tom as de par alis ia, mo rre ndo ~ ani ma l no fim de 10 min uto s, por asf ixia ; nou tro , inj eto u um as gôt as do pró pri o ven eno , mo rre ndo o pac ien te no fim de 8 min uto s, com a me sm a ago nia do pri me iro . Ao tux aua , ·vista o "ui rar i" Cuiari, p ois não se pre par ava o llUm rat o.
ped i, ent ão, que pre par ass e à mi nha com as am ost ras que eu tro uxe ra do só nós des ejá vam os ver cor no era que ven eno , ass im com o exp erim ent á-lo
A indú stria dos ralos e a de cerâm ica..
A
cont ribu ição dos hom ens.
A expe riênc ia com
o ''Uir arl".
-60o
preparo do veneno.
O
As
insuc ~so das a mos tras que traziamos.
entatJ-c-as para trazer mudas
··dl'as" de Uirari.
O tuxaua mandou vir uma panela; raspou com a faca os tocos do cipó, deitou a raspa na vasilha e adi-· cionand o-lhe um pouco dágua, deixou- a ferver com fogo brando até reduzir a massa liquida a substân cia pastosa . Uma vez resfriad a, pode ser logo aplicad a. Encome ndamos dois r a tos aos "curum is" e o Dr. Tourinh o injetou novo .. uirari" nos pobres animais . Eram 18 horas e por mais de 30 minutos ficamos a espera do efeito ..• Uma hora, duas, três e os roedores sempre espertos ! Na manhã seguinte , um dêles estava morto; o outro mais sabido, roera o barban te e desapar ecera ..• O nosso uirari" estava longe de pro~Iuzir os efeitos ' do poderos o veneno dos índios. Perquir indo o tuxaua, declaro u-nos êle que o "uirari " deve ser tirado com a raiz, cuja raspa também deve ser adicion ada à do cipó, sendo conveni ente que também se aprovei te o líquido que corre ao ser cortado o cipó. Mas em lauara-poço nos informa ram que era preciso mistura r o líquido proveni ente da r aspa do cipó com o da infusão das fôlhas das 10 plantas que então me fornece ram. O produto , d eclarara m-nos, fica assim muito mais forte e o que ali obtivera mos era p reparad o com essa mistura . Infelizm ente, não salvamo s nem as mudas do c1po entregu es pelo ~Ianuel, de Umari- rapecum a, nem as . das 10 plantas obtidas em lauara- poço. Tôdas elas foram plantad as por mim mesmo com o auxilio de meu bagagei ro, soldado Gom es, em caixote s de gasolina em que deitam.os terra apropri ada que os índios, a meu pedido, trouxer am da mata. Ficar am sob a ..guarda da mulher do tuxaua em lugar abrigad o e úmido e transpo rtados a São Gabriel pelo nosso motor, lendo ali ficado aos cuidado s do Sr. Rodolfo Gonçalves a quem eu os recome ndara. Apesar de tantos cuidados, perecer am tôdas. Ao Sr. Hildebr ando Garrido , nosso prático e intérpre te até -Japu-cachoeira, encomendei, na previsã o de que nossas mudas morress em, plant~ viva de "uirari" , que ser-lhe- ia fácil obter no lçana. De fato, ao chegar em janeiro a São Felipe. lá
-61estavam à minha espera uma excelen te muda, com as cobiçad as raízes, e um patinho do precioso veneno. Trouxêm o-lo para lllanaus e tínhamo -lo seb1pre sob nossas vistas . Inutilm ente, porque, quando dali regressamos, via óbidos, a planta estava inteiram ente sêca. :\âo foi possíve l trazer a planta, o que sinceram ente lamenta mos. O dia 24 foi reserva do ao pagam ento dos serviO pagamento dos serviços e a disc-os ao pessoal da maloca e à distribu icão de brindes . . tribuição de brindes. ;\.o tuxaua, pelo serviço que nos prestou como prático do Cuiari e à sua bulher, pela l10speda gem que nos proporc ionou. Extraio do meu diário as seguinte s notas: "De acônlo com os desejos do tuxaua, pago-lh~ uma calça e unta camisa; à sua mulher , Ullla saia. Damos- lhe uma lata de pólvora , uma caixa de espoletas e chumbo ; à sua mulher , uma tesoura para costura, linhas, agulhas , botões e um pente fino. Distribuímos anzóis aos homens e "curum is"; missa ngas, brilhantina s e perfum es às "cunha mucus" e "cunha tãs". A uma delas, brindo com um espelho . Dou um corte de blusa a uma das mulhere s que traz apenas saia; um vestidin ho a uma menina de 7 anos e um vestido à Abrelin a, filha do velho ·M ariano, que veste farrapo s. Começa m, entretan to, as infalh·eis cobranç as! As cobranças Infalíveis. Pode-se encher esta gente de present es que no fim aparece m as cobranç as; de uma penca. de bananas , de um abacaxi , de um balaioz inho. É inútil discutir com os índios . É preferív el pag<Ho s novame nte . Atendemos às suas reclama ções, distribu indo-lh es pólvora , ehumbo , espoleta , pente de coque e mi ssangas . O tu-. xaua pede uma saia para outra filha do Marian-o~~ . Faço-lh e ver que isto não é possíve l. Que o velho me traga um artigo em pagame nto.
.
Surgem os utensíli os de cerâmic a "camot is", ••paratu s" e ••mapoa s"! Escolho o aprovei tável: 1 "camoti", 1 "mapoa " e 5 "paratu s" dando em pagame nto uma saia, um pente de coque e missang as. Kão têm artefatos para troca; nem p eneiras, nem baiaios·, nem maquiras. Yivem com muita pobreza , contras tando com a aparênc ia das suas boas morada s. Os dois tuxauas
Os utensilios
de cerãmica adquiridos.
, .
--62-
A sobriedad~ na alimentação do índio . A • 4quinhapira" . chibé e o caribé.
Despedida de Tnnuí!
O serviço de roça.
A mentalidade do índio.
Alexand re e Marcelin o sempre tomaram parte em nossas refeições e as mulheres e crianças se afreguezaram com nosso cozinheir o, servindo -se diàriamente de boas sol>r·as. Em geral, os i.ndios se alimentam somente de beiju e da quinhapi ra (peixe fervido com muita pimenta ); um cará, batata doce ou uma banana completa m a refeição. À guisa de café, servem-se depois do chibé (farinha e água) ou o caribé (beiju e água), preferind o após às refeições o caribé! Servem-se do chibé às horas cálidas do dia. É o c~fé que se oferece às visitas. t:ma "cunham ucu" lhes faz as honras, trazendo o chibé em uma cuia grande, dentro da qual vem uma pequenin a com que , se serve o refresco . Os índios bebem mesmo em cima da própria cuia, deixando cair as sobras que a ela revertem ! Então, quando estão com sêde, sentem praz.e r nisso, pois, com êsse processo molham bem os beiços. À tarde dêste dia fomos até Tunui despedir mo-nos do tuxaua Cândido e sua família. Levamos -lhes doce e leite condensa do como presente s.
Chegamo s ao pôrto debaixo de chuva. Ali encontramos duas "cunham ucus" que descarre gavam cará e mandioc a de uma canoa. Todo o traballfo de roça é feito por mulhere s. Os homens limitam- se em abrir o roçado derruban do a mata. As mulhere s lavram· a terra, plantam , cuidam da roça, colhem, carregam o produto e encarreg am-se do fabrico da farinha, do beiju e de outros preparos em que a mandioc a, o cará · e a batata predomi nam. As duas moças, uma das quais a Felícia - filha do tuxaua - descarre gavam· a ubá debaixo de chuva e conduzja m pesados baquités cheios de raízes através da rampa íngreme que dá acesso ao povoado ! Que mentalid ade, essa do índio que não poupa às mulhere s os serviços os mais pesados!" Deixamo s em Tunuí um bilhete ao Dr. Glycon, avisando -o da nossa partida e autorizan do-o a seguir na "São Gabriel" até Apuí-cac hoeira.
-63No dia seguinte, pela manhã, distribuímos entre às famílias de Seringá-rupi fá 3 latas de feijão, 2 de açúcar, 1 de café, 9 de leite, 8 de doces, 3 de sal e 10 de temperos de nossas economias. Era mais um agrado a esta gente pobre e simples. Surpreendeu- me, porém, o Mariano a quem prodigament e presenteara, vir cobrar-me, já na hora da partida, uma penca de bananas que: me oferecera dias antes! E mais ainda a atitude do tuxaua c parentes - recusan do-se a prestar ao Dr. Glycon os serviços por êste reclamados quando de passagem por lá.. . Que gente original e ingrata... · Reencetando nesta manhã o l evantamento - do Jçana, chegamos d ecorrida 1 hora e 1/ 4 de marcl1a, a Japu, sítio à margem direita, do tuxaua João, sucuriú-tapuio . Recebeu-nos de cara amarrada, olhando sempre para o chão e limitou-se a r esponder às perguntas dó tuxaua l\Iarcelino, de Seringa-rupi fá, que nos acompanhav a como guia e intérprete. Os demais moradores do sítio haviam fugido para o mato e aos poucos vieram surgindo, a chamado de João. CultiYam o tabaco e nos propuseram compra de alguns molhos. Os n ossos fumantes não acharam boa a "pilima" e d esistiram da compra. Creio que isto desagi·adou ao tuxaua que se r ecusou a nos vender uma '"sapucaia" (galinha) sob a alegação de que era difícil pegá-la! Trinta e um quilômctros acima, à mesma margem, deparamos com duas ubás tripuladas e carregadas, prestes a partir. Eram os moradores de São Joaquim-J/iri, em cujo pôrto estavam fnm}L~~as as ubás, que estavam de partida para a região dos lagos - abaixo da foz do Aiari - onde iam estacionar três oü quatro meses, para as pescarias de todos os anos. Fazem grandes colheitas, enf ardando os peixes depois de IJloqu eados para o consumo no inverno. Com a nossa chegada, saltaram das canoas e correram para as suas casas assentes no alto do barranco. Acompanhâm o-los. Pertence o sítio aos três irmãos Maximiliano , Felipe e Lourenço, que se dizem jauaref és-tapuios. Estão pin-
Prosseguindo no levantamento do Iça na.
Como nos r ecebeu o tn.xaua João.
S. Joaquim-Mlrl.
A. região dos lagos.
-64-
Jacaré- ponta.
Acoti-ig a.rapé.
A cór das Aguas do I~:arapé r a s do Içana.
Os Pa.riu.ar e-tapui() !;.
6 a tados com "pano s" branc os, { ) como quase tôda e as pesso gente de Içana e -Cuia ri. Tem o sítio 17 três casas , das quais só uma barrea~a. Nosso motorista adqui riu, ai, um patinh o de "uira ri" ! l\l ai's acima , à marge m esque rda, saltam os no sítio Jacar é-pon ta do velho Tomá s, uma casa em ruinas, escor ada na frente e na retag uarda ! Em sua pobre e mora da, o Yelho índio receb eu-no s com amab ilidad e convi dou-n os a tomar assen to num banco a seu e lado. No interi or da casa, sua mulh er entreg ava-s s ao traba lho de ralar mand ioca, enqua nto duas moça ~ forno o se encar regav am de torrá- la em um p equen de ferro . Por falta de vasilh a J)ara o depós ito da mass a, esta era depos itada no própr io chão, provà vela m ente forra do com fõlhas , porqu e com fôlha s estav inco·e la coberta_. A velha e as duas moça s não se nwda ram com nossa prese nça; contin uar::n n nos seus seniç os e a que estava viran do a fari1~ha no forno perm anece u de costas , como estaY a. ~o teto, semp re os maldi tos feixes de "adab is" . As 16 horas, alcan çamo s o Acoti -igara pé, à maro gem direit a, que resolv i subir em ubá para visita r O . sítio Tarac uá, coloc ado a dois quiló metro-s acima canoa . Suas igar~1pé perm ite franc a n avega ção a águ:ts são preta s, enqua nto as do h;ana passa m a ser averm elhad as, mais claras , acima da bôca do Cuiar i. Seu rumo é SO; a veget ação das marg ens é const is tuichl, em grand e parte, de molon gô, a cortiç a desta cas camp estres . Muito par~1gens. Para o interi or ran:lis borda m as marge ns . . Tarac uá é um bonito sitio coloc ado à marg em direit:l do igara pé, em terren o firme e desca mpad o. Boa cas:l de· palha e roça farta. Receb eu-no s o cl1efe da cas:l. o índio José basta nte civiliz ado e que já esteve s mais de uma vez em São Gabri el. Não encon tramo
Puru- puru, manch a branca que cobre, de prefer ênestá cia. as mãos, os bracos. os pés e o ventre . Sua causa não os bem esclarecida. apec;ar de ter atraído a alencã o de todos um de cien. islas que drman daram a região. Parece tratar- se sc par:.•i ta vegeta l, pitiría sis versico le: uma derma tomico io. contág trar.•m issive) por '6)
- G:> nen hum arti go par a com pra r. Vim os som ente uns ralo s em pre par o. São par iua re-t apu ios, diz o nos so auia tax aua Ma rcel ino . ::> Pel a ma nhã de 26, pas sam os pel a bôc a dos igarap és Sur ubi e Cur uai e pela s tap era s Tap zra- Pon ta e Q11 inha -Ru pilá . Em Pir aúc a (cas a de peix e), sítio à mar gem esq uer da, de Joa qui m Am aro , só exis te um ran cho , ond e mo ram o velh o Am aro e sua mu lhe r. Ofereceu~nos três peix es mo que ado s em troc a de an7óis . Tro uxe dep ois um "ca beç udo ". P ergu ntan do- lhe 0 que des ejav a em pag ame nto , resp ond eu com des embar aço : prim eiro , din hei ro Cr$ 2,00. Dei -lhe os Cr~ 2,00 e mai s um níq uel de Cr$ 0,20 (200 réis dos aran des - niq ue.! ant igo ). "' O velh o reti rou -se sati sfei to, vol tand o em seg uid a com um a céd ula de Cr$ 2,00 par a com pra r um a fac a. Res titu i-lh e os Cr~ 2,00, brin dan doo com a fac a. :E:sses Cr$ 2,00 ~ índ io r ece ber a hor as ante s em pag ame nto rle uns peix es· e um qua ti, rlo ven ezu elan o Nat ivid ade , a que m já me r efer i a pro pós ito das esp ecu laçõ es de que são viti màs os índ ios do Xié . ~essa ma nhã , tive mos opo rtun ida de de con hec ê-lo c de lhe fala r. Des cia o Iça na. Yin ha de Pap oun aua ond e esti ver a cm n egó cios . Sua flot ilha era com pos ta d e dois exc elen tes bat elõe s e um a ubá , trip ula da por c:ah oclo s do alto rio 1Yeg ro, índ ios ven ezu elan os e dois t: uap os rap aze s, se us filh os. Tra zia carr ega men to de 1wla ta - em bloc o - fari nha , "ca mo tis" , mac aco s e gali nha s. O neg ócio é bas tan te r end oso . Com um pou co de mer cad oria (faz end a, anz o1s , p?l vor a. chu mbo , esp ole ta e out ras miu dez as) com pra m fari - . nha - em pan eiro s - e gal inh as aos ind ios erf ücãffi: nos bal atai s da Col ômb ia (Pa pun aua e lnir ida ) por bala ta. O ::\a tivi dad e é um prê to, já velh o, de boa s maneir as e que se diz de um a boa -fé e bon dad e ... Disse-l he que des ejav a con hec ê-lo par a exp roLar- lhe o ma u pro ced ime nto , exp lora ndo , rou ban do, exto rqu ind o esta pob re gen te. Li, a pro pós ito, um as das sua s con tas fan tást icas com que pro cur ava esc raviza r os iarr uma re do Xié , dec lara ndo -lhe , per emp to-
,
Sítio Piraú ca..
O enco ntro com o vene zuela no Riva s.
As amea ças ao preto Natividade .
-66riamente, que tais contas não tinham valor algum e que eu as havia rasgado! O velho, com ares de santo e tocante humildade fêz o possível por justificar-se e inocenlar-se.
..
A repáo dos piscosos.
:b~os
Iui-iuitera.
A
superstição dos índios.
O Paraná-mirim que liga o Içana ao Aiari
A
A
foz do Ai.ari.
primeira ma.loca encontrada: Popunha-ropltá..
~a
jornada de 27, atravessamos a região dos lagos: Iunicana, Pirá, Tucunará, Papira, Iui, Eco, Urubu. Mi.. rauaÇu e M acu-Iagos. Um quilómetro abaixo de Mirauaçu, deparamos com lni-witeHt, H bdlTeh·a lendária dos índios. São dois barrancos de perto de 20 metros . de altura, por 200 de extensão, seccionados pelo Ingá-iararapé, caindo em rampa íngreme sôbre a margem direita. Na opinião do gelólogo, Dr. Glycon, são formados por um conglomerado arenoso, grosseiro, humosos, com nódulos de argila - cujo tôpo constitui uma extensa planura que avança longamente para o "hinterland". Dizem os . índios que aquêle que não consegue subir · de um só lance o escorregadio talude, não viverá mais de um ano! A 200 metros abaixo de Macu-lago, ;í margem direita, sai um paraná-mirim que liga o Içana ao . Aiari. Tem o .desenvolvimento de cêrca de dois quilôn1etros e rumo geral 80 NO. Ãs 15 horas, alcançamos a foz do Aiari. Lá encontrando, a nossa espera, o batelão "Rápido" e o rúdio Barbosa, . que havia instalado o aparelho de rádio. Ouvira as estações de Juiz de Fora e do Palácio Guanabara. O "Rápido" levou oito dias para fazer o percurso de 100 quilómetros de Seringa-rupilá à . foz do Aiari . . . Dei ordem para que prosseguisse até Apuí-cachocira. Prosseguindq na manhã de 28, pelo Içana, atingimos às 9 e 25 popunha-rupitá a primeira maloca que encontramos. Até então, só havíamos encontrado casas de sopapo e barracas de palha, à semelhança qas de civilizados, cujos hábitos procuram assimilar. :Keste trecho, o Içana apresenta o mesmo aspecto dos lagos (Piririca, Q Macu-barreira); ac1ma de Po-
-67-:1nh a, suas m argen s sã o · mais firme s e vário s esti..-ões de mais de quiló metr o se suced em .
O Jçana tem à jusan te da foz do seu afluc nrc -115 m etros de largu ra, e à mont ante a de.13 0, largu ra -· -;;e mant ém até Popu nha- rupil á. Acim a desta ~ ma: -ca, sua larg ura m~dia é de 100 metr os .
A l argura do Içan~ na foz do seu anuente, e no t-recho acima: Popun ha-
-ruplt.á ..
Em Popu nha- rupif á, fomo s receb idos com a ;:!aio r natu ralid ade, como velho s conh ecido s. A ma_..JCa é Lem cons truíd a c excel ent em ente cobe rta. O .elo. intei rame nte eneg recid o p ela fulig em, apres enta aspec to como se enve rniza do fõsse . Suas água s des.:-ansa m nos flanc os sôbre um muro de Om,60 de al.!.l ra, encos tando as abas no chão . :\a frent e e no ::mdo , as pa redes vão até a cumi eira, prote gend o a :.al>it açã o. Com o nas dema is mal ocas, duas porta s :arga s dão entra da ao gran de e único salão que cons::tui a mora da do índio . :\o inter ior, a vida costu -- A vida no interio r da m aloca. ~ ei ra de cabo clo: uma das mulh eres rala a mandioca para o prep aro do beiju e da f arinh a; a s outra s com os "curu mis" agarr ados ao seio -- pelo chão ou :1as "maq uiras ". Xos girau s, susp ensos , diver sas miúJczas ; balái os, urup emas , "par atus" , b eijus e, no chão ! :1lido , ao lado do b orral ho, uma pan ela a ferve r cerca da p or cães m agriç os e bra bos. Ao teto, o infa:iYel f eixe de " adab is". Adqu irimo s dos amáv eis hoh odên is uma caix:: São Hohodê nls. : !cita de palh a caran á com enfei tes di·\'erso s, dand o:hes em paga m ento uma faca e ury1 po uco d e pólvo ra, chum bo e espol eta. Fora m os prim eiros índio s que Infeliz mente. a pelr t õda manch ada d e cncon tram as só com o disf a re e do " cueio ", vesti ndo as bra.nco (panos ) lhes dá aspecto desa~:ra mulh er es uni cam ente a saia. i3ati duas ch apas d áveL dos. ,genti s caboc los, uma d as quais p ara fixar as pigment ações b ranca s, a pedid o do Dr. Tour inho . São índio s forte s e robu stos. Infel izm ente, com a pele tôda manc hada , o que lhes dá aspec to desagradá vel. Um e m eio qu~l ô~etro acim a, ainda à marg em esquerd a, desem boca o Guc: raná- igara pé nave gáve l por canoa , com um sítio p erten cente a Santi ago e famí lia, siuci- tapui os.
Guaran á- lgarapé .
-68Lar:- ur:a do rio.
Pam .auri -Jgar apé.
l andu -Cac hoei ra.
A vara çãu do Batelão.
O Iça na t em nes te trec ho a l arg ura mé dia de 100 me tros , e, ent re Tuc ano -iga rap é e Pam aur i-ig ara pé está ass ent e Tuc um ã-r upi tá, siti o de Yit orin o e fam íli a, am áve is ira- tap uio s que enc o~ 1 tramos em via gem . Em Pam aur i-ig ara pé, há, tam bém , um a "te nda ua" (sitio) de siuc i-ta pui os do tux aua Ped ro, com 19 pes soa s. As 16 hor as, apa rtam os a Ian du- cac ho eira que div isav am os rum o do p oen te, do lon go csti rão da che gad a. Em Jan du, o l çan a des ce um deg rau de 1m,6 0 -atr avés de um a· bre cha d e 35 me tros abe rta no trav ess ão gra níti co de 150 me tros de ext ens ão. L a j es de gra nito me rgu lha m pel a ma rge m esq uer da .. É sôb re elas que se arr ast am as em barcaç ões p ara o pôr to de cim a, ond e elas são nov am ent e car reg ada s·. :\osso bat elã o foi int eira me n te d esc arre gad o, inc lusi ve o pró pri o mo tor . O serv iço foi exe cut ado pelo nos so · p ess oal com o aux ílio dos índ ios do pov oad o . X o pôr to de bai xo, as uba s fica m exp osta s aos emb ate s inc ess ant es das Yag a s da cachoe ira.
Os p etrog r ifos Jand u.
de
A lend a dos Jra-
-tapu ios .
Com o em Popu nha·rup ltá, f o mos mult o bem receb idos ai.
:\o aflo ram ent o gra níti co da ma rge m esquerd ~ exi stem vár ios p ctro grif os, cuj os d esenho s cop iam os. R eprese nta m, seg und o a len da dos ira- tap uio s do po- \ voa do "Ju rup ari " que , t end o enc ont rad o uns índ ios em "da bac uri ", n.1 atou sete pes soa s, inc lusi ve um \ pag é, as eng uliu e vom itou tud o, bem com o uns bicho s que tinh a na bar rig a (um sap o, um pei xe e um ma cac o bar rig udo ). O .rov oad o é com pos to de dua s boa s cas as, bar_/ rea das , cai ada s a t abati~1ga e d e doi s r anchos . Fom os mu ito bem rec ebid os pel a age nte de Ian du. Que dif ere nça ent re o trat o des ta gen te e o dos par ent es do l çan a e Cui ari! O tux aua Cassim iro vei o cum prim entar- nos e ofe rec er-n os um a das cas as par a nos sa hos ped age m . Per ten ce a seu fil ho ma is vel ho Joa qui m, cas ado, pel o seg und a ·vez, com um a índ ia ipeca,..tapui a. do alto Içana. Ent re as mu lhe res, enc ont ram os um a ven ezu elan a civ iliz ada que nos pro cur ou falan do o cas telh ano e o nhe eng atu .
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75Por meio d os nossos intérpretes, indaguei do velho tu:xaua das tradições de sua família, da história de ]andu, do antigo povoado de que já ouvíramos falar. o velho é um tan to mouco e fala pouco. Diz apenas que Jandu já f oi povoado com 10 casas ; tinha muita gente; uns morrer am, outros mudaram-se para o }Jaixo Içana e o rio Segro, criando novos sítios. Recen ceamos em nossa visita 31 p essoas. Disse-nos o tu~aua que nosso motor é o primeiro que apartou a Jandu! A cima d esta cachoeira, o rio retoma a sua plaó dez costumeira, mantendo a la rgura de 100 metros cm m éd ia. D entro de 0 hora p orém entra em uma série de corredeiras e cachoeii·as, algumas das quais uos deram muito tra balho .
O que nos d isse o tnxaua Casslmlro a r esp eito do povoado.
Pouco acima de Jandn, o l çan.a m udl\ completamen te de aspecto.
Cumá-caclweira, Soducuá-cachoeira, Piramiri-caclzoeira e llá-periquito-cachoeira foram transpostas com relativa f acilidade; mas, em Jiauá-cachoeira, f oi n ecessário dar a espia e p erdermos 0 hora. A seguir, a passagem das ilhas e Cachoeira Trindade (nome originado de três ma tacões de granito . que representariam a Santíssima Trindade) e cachoeira Jauareté. Pontas de pedra afloram p elo meio do rio, forçando o canal pela margem esqu erda,· diante de for- · tissima corredeb·a que exige a ajuda da e~pia e o motor à tôda fôrça. Numa das ilhas, encontramos um grupo de ín dws que descia o Içana, de mudança. Era ch efiado pelo Torquato, um índio civilizado c prosa . . O grupo corpunha-se de 16 p essoas......fu!.l m_o Torq.uato e uma "cunhamucu", süa filha, as d emais apresentavam desagradável aspecto: pele manchada, áspera, quase inteiraque m ente nus, feios .. . Duas igarités estavam carregadas com os utensilios dos índios - "camotis", panelas, " p aratus", baláios com beijus, p eneiras, paneiros de farinha, bananas, carás, galinhas, miúdezas de tôda a ordem. Torquato entenae e fala um pouco o português e ofereceu-nos abacaxis e carás que trocamos a seu p edido, por pólvora, chumbo e espoleta. É inconstante, o Torquato,
Arqulpélar;o e Cachoeira Trindade.
Aí encontramos un grupo de índios que descia o rio de mudança.
o
tuxaua Torquato.
-76pois logo adiante passamos por Macari c depois por Tocanguir a, belos sítios abandonad os por êle . Foi construir nova morada abaixo da· foz do Aiari, onde já abrira grande roça. Clie,~;ada
à Aracucachoeira.
Periquito
tendaua.
Entre os índios como no meio civlllzado.
Às 15 horas e 30, deixamos o motor atravessan do a cabo a Buiaquara -cachoeira , e tomamos um caminho que nos levou a Aracu-cach oeira, sítio do tuxaua Romão, colocado à margem direita, no remanso da cachoeira do mesmo nome. O varadouro têm 7-10 metros. Aracu-cac hoeira-tendana dá agasalho a 1-1 siuci-tapui os, entre os quais quatro homens e cinco mulheres. Gente pobre e simples, receberam -nos com alegria. Em sua morada um rancho de palha - não encontram os coisa digna de adquirir. Um grande barracão acha-se, porém, em constru ção e parle da cobertura estava pronta. Palha caraná é a usada na região para êste mister. Ainda na manhã dêste dia à montante de Periquito-c achoeira, à margem direita, sobre um barranco de 12 metros de altura, está sendo levantado um grande barracão de madeira de l ei. Encontram os, ali, o velho Leandro, homem alegre e amável dirigindo o trabalho. Tem dois filhos rapazes bonitos e fortes. Um dêles, o T eotônio, lá estava sôbre a cumieira de sete metros de altura amarrando as palmas de ·caraná que o pai lhe atirava, enquanto o outro, o Xavier, fazia prodígios para conter uma menina que choraming ava ao colo. Lamentav a-se o desajeitad o pai, queixando -se da sua Teresa que abandona ra o lar, fugindo para o sítio do seu pai, no Aiari. ____..._,.~. Como êste, vimos outros casos, no Uaupés e no Tiquié; mas, nem sempre, é a mulher que deixa o marido. No Tiquié, foi um filho do Capitão Leonardo, tuxaua de lraiti, que abandonar a com aprovação do pai, a sua companhe ira em Virá-poço porque, estando grávida, não queria trabalhar na roça, nem mesmo fazer farinha! :Xo Uapés, rapazes que viaJavam ·para o rio Negro e às vêzes até Manaus tornam-se indifer entes às suas
-77mulher es, acaban do por abando.ná-las . Aliás, o casamento entre os índios da região não se faz por amor. f; m esmo difícil saber se há êste sentim ento por parte dos jovens que se casam . Porque em geral, os casamentos se fazem por combin ação dolS tuxaua s que trocam por conven iência recípro ca, rapaze s e moças; ou então, median te verdad eiros assalto s à mão arJll30a, em que os guapos mance bos arreba trun as suas preferi das, violent amente , por entre voz.erio s, imprecn~ões e paulad as. E o interes sante é que passad a. uma seman a, a constit uição do novo lar é festeja da clll animad o c:achiri , com o infalív el compa recime nto da família da jovem . Tudo acaba bem, entre um volteio de d ança, ao som do carriço e uma boa dose da :-.aboro sa bebida ferm entada do índio. E não é de fúcil soluçã o êste proble ma! O índio não se casa com parent es. Um !ariana pode casar-s e com uma uanana , uma tucana ou uma pira-ta puia. Os tucano s dizem- se parent es dos pira-tapuios, de modo que entre êles não é permit ido enla ce matrim onial. 1\Ias um tucano pode, entreta nto, casar-s e com a filha de uma tucana , mulhe r de um /ariana, ou de uma tariana , por exemp lo, porque , o que preval ece no caso é o sangue patern o. A mulhe r C.:· um ente sem regalia s ...
Os índios não se casam com par e ntes.
Convé m, a propós ito, lembra r ·O seguin te: nas estntistic as feitas por inform ações do;; índios, contav am-se nes ta ou naquel a maloca tantas pessoa s, entre os dcdos e assim eram registr adas na respec tiva caderneta. Só no Ti quié, porém , é que verifiq uei que entre n~~p.e.-..s..o2s r eferid as pelos índios não figurav am as Pllllher es . . . Contav am só os homen s! :E:ste fato obriga-nos a corrigi r o censo feito por iniorm ações para iuduir nêle .o númer o de mulhe res corresp ondent e ao de homen s - será um critério pois não seria possíve l fazê-lo exatam ente.
Como os índios contam o número d~ pessoas na maloca.
Falham os o dia 30 em Aracu- cachoe ira. À tardinh a, fomos de ubá à cachoe ira que permite acesso pela marge m esquer da; Aprese nta ela <'Inpolgante aspect o. Um lençol dágua de 80 metros
Falhamos o dia 30 em Aracu-cac hoeir&. A
Cachoeira Arac-r.
-78-
do Içana nesse trec.bo.
A~
O
"'croquis,.
cai impetuo samente sôbre um degrau de cêrca de quatro metros rompen do por entre convuls ões· infernais a brecha, tôda sulcada de pedra e grutas. O rio tem, aí, 180 metros de largura e no pôsto de Aracu-t endaua -117 1netros . A rocha é granito ·com veios de de quartzo hialino orientad os no sentido normal à margem . Destaca mos bonitas amostra s para o nosso geólogo. Na tarde dêste dia, reunimo s os dois tuxauas Romão e Torqua to e controla ndo-lhe s as informa ções, organiz amos o "croqp.i s" do alto l çana. fixando os núcleos de povoaçã o, os igarapé s e as cachoei ras. Para varar a cachoei ra Aracu é I)ecessá rio descarr egar-se inteiram ente as embarc ações e passá-la s ·à espia e depois sôbre as lajes pela margem e~querda: Até o· varadou ro que vai ter ao Papuna ua. hã sete sítios: o primeir o chama- se Siuci-ca choeira e está colocado à margem esquerd a, à montan te da cachoei ra do me:;mo nome, que dista um quilômc :ro de Aracu!
do
Içana. acima de Arac'õ. -c;;ocboeira.
•
Até o varadouro que vai para o Papunaua há sítios.
Os últimos Siucl-t.apnios do Içana .
A repáo dos Ipecas-tapnios.
S. Joaquim.
~
São os últimos siuci-ta puios do Içana . Dai para f cima, começa a região dos i pecas (pato) tapuios . O seu tuxaua é conheci do por Li no Barbad o. Moram no sitio duas mulhere s, três homens e cinco criança ., s . Cinqüe nta quiJ<;nne tros acima, aproxim adamen te, o segundo sitio São José com malocas , respecti vam ente colocad as às margen s direita e esquerd a . Fica à montante de Matapi-cachoeira. distante , por. sua vez, 300 metros de Bóia-ca choeira . A rnaloca da margem direita tem 18 pessoas ipecas-tap uios sendo taxaua o Lino, conl1ecido por Lino do Bóia para distingu ir-se do Lino barbado , do Siuci. A da margem esquerd a é menor e tem sàmente quatro pessoas (uma família ), cujo chefe chama-se José . O quarto sitio fica 40 quilôme tros acima, à margem direita, e se denomi na São Joaquim . também de ipecas-t apuios, do índio Antônio - 6 pessoas ·. A meia distânc ia de São José. sôbre a margem direita do Jauaret é-igarap é, mais ou menos a 12 quilôme tros
.
-791 }Jôca, há outro sitio de ·ipecas-tapuios do índio Flo~ntino (terceiro), com 30 pessoas. O sexto sitio é Umarifl , à margem direita, também de ipecas, com 13 ·JI 010 . -soas p..::> ' do tuxaua Marco. l
Um.arl-poço.
0 quinto colocado à margem esquerda, junto à uúra do Arara-igarapé, do tuxnua Evangelis~a, está
Arara-igan~.
,,. transformando em um poYoacio, pois os moradores sítios que existiam no rio Surubi, o maior l Il . do"is . !'! fluente do alto Içana, para lá se tranferiram. São ~ .. rcus-iapuios, enquanto os de Evangelista são ipecas. '\r(lra-igarapé, fica pouco abaixo de Cmari-poço que :l ista 150 quilômetros, aproximndament e, de Aracu-eachoeira. :\o quilômetro HlO (a partir de Aracu), na bôca .!o Jabun~-igarapé, afluente da margem esquerda, fica o sétimo sítio de paraiareni-pá-fap uios, do indio ; 0 ~ 1:-, mulher e dois filhos adultos. Pouco acima, à margem direita, desemboca o rio Surubi, em cuja margem direi ta há um sitio de ipecas-fapuios, o_ oit:tYo, distante cêrca de 10 quilómetros da foz . O úl~ timo sítio (nono), recebeu o nome de Camoti e- fica à :n:.Jrgcm esquerda, um pouco para o centro, pouco .lil:Jixo da hôca do Camoti-igarapé, afluente da mark m esquerda do I çana, a 215 quilômetros, aproxitn:ulan. cn te, de Aracu-cachocira. São quati- fapuios, ::.o pessoas, chamando-se Lourenço, o tuxaua.
Ja.buru-igarapé. lndios paraiareni·pá -tapuios.
Camotl-tenda.ua.
lndios quatl-tapuios
Pouco abaixo de São Joaquim, há um varadouro
Varadouros.
1ir cêrca de 10 quilômetros que vai sair eni Cara-
caiari, sõbre a margem di.reita do rio Cuiq.ri. --.,_r---... .
O rio Surubi ruma para o Querari ao qual se liga por um ·varadouro (mau caminho), de 6 quilônwlros, que parle cerca de 40 quilómetros acima de \ lia foz no Içana. O rio Surubi têm perto. de 40 metros na foz, sendo seu rumo geral SO. Ko ·varadouro têm, segundo informações. 20 metros de lar-
Varadouro do rio Surubi para o QuerarL
~: ura.
Do remanso de 13óia-cachoeira há um caminho vai sair no Cuiari, afluente do Aiari. É curto, !l1 CJUilômetros, mai s ou menos.
que
Do remanso de Bóia-cachoel.ra..
-80O l"a:radou:ro para o Papunaua.
Os balatais lã( cobiçado<.
O
:re~::resso
!. fez do ..\iari.
O encontro com os expedicionário s dv alto Orenoco.
As razões da dem<'r<l
da turma.
A lancha S. Gabriel
re:;ressa à vila do mesmo nome: levando a estação ridio.
O Yaradouro para o Papunaua fica aproximad~ menle a :2.65 quilômetro s de Aracu-cach oeira, com c!ois dias de viagem - em ubá - de Camoti-ten daua. Sai da margem esquerda do Içana que ali apresenta o aspecto d~ igarapé - seis metros de largura. Cem seis horas de marcha a pé, por bom caminho, cm plena mata, chega-se ao rio Papunaua que, P-este ponto, tem pouco mais de 100 metros de lar&;ura. Descendo- se êste rio, cm ubá, alcança-se com un1 dia de Yiagem o lnírida, que f aflÍn:nte do Orenoco. Xo alto curso dêste rio e em suas cabeceiras ficam os balatais tão cobiçados, de que já tratamos atrás. Regressam os na manhã de 31 à foz. do Aiari. As 9 e 50, chegamos a I a.ndu-cacho eira, desembarcando no pôrto de cima. A embarcaçã o foi totalmente descarrega da, inclusiYe o motor e passada pelos índios pelo tombo da cachoeira. Foi pena não dispormos de um filme pan tirar o instantâne o do belíssimo espetáculo . Enquanto os índios carregaYam de noYo nosso motogodH c, paguei a tod os êles o serYiço e presenteei as crianças e as mulheres com missangas. Às 13 horas, retomados o nosso motogodile , e com três horas de Yiagem despontáYa mos o estirão da chegada à foz do A.iari. De longe, diYisamos o casco do 20 e a lancha "São Gabriel" atracados no pôrto do ~campamento que ali havíamos instalado. Eram nossos companhe iros do Cassiquiare, que desde dois dias se achaYam a nossa espera. Com efeito, salYas, ·entusiàstic amente respondida s, · fest ejavam nossa chegada. Felizmente para nós, estáYamos de novo todos reunidos, tendo nossos companhe iros feito excelente viagem. Foram ao alto Orenoco, à Esmeralda e ao grande macisso Duida, na Yenezuela ; e, como estiYessem sem qucrose_n e e sem rancho, desceram até . São Gabriel. Daí, as razões da demora que tanto já .. nos preocupav a. 1'\a manhã de 1 de novembro, despachei a lanchinha "São Gabriel", enviando por ela nossa correspondência postal e telegráfica . Pela l anchinha, fiz
-81 descer o rádio Barbos a com o respecti vo materia l tendo recome ndado carrega r os acumul adores em São Fclipe, onde havíam os deixaqo o motor "Koehl er, e ali aguard ar a chegad a do mç>tor do S. P. I. que _ fariaiüo s descer de Iapui-cachoeira, último ponto quê o referido motor poderia atingir. Ainda nessa manhã prosseg uimos nosso l evantam ento, subindo - o Aiari, levan do nosso motogo dile, a reboque , _a grande ubá da cozinha e o casco do 20. Xossa marcha passou a ser lenta como era de prever. O Aiari lêm águas escuras , quase pretas, enquan to o Jçana tem, aí, agua mais clara, a,·erme lhada. Tinha muita água, em conseqü ência das chuva~; diárias que então caíani e mantin ham os rios ·sempre cheios . Suas margen s são baixas e o leito · arenoso ~ Logo no comêço , o Aiari se revela um ·c.ontinu ador do Içana, na formaçã o de lagos e de paranás -mirins , mu_dando a todo momen to de rumo e divagan do indiferé ntemen te; A menos de três quilôJ?-letros da foz, deparam os com a entrada do paraná- mirim, cuja saída havíam os no-· ta do ao passar em Iui-iuit era. Sua largura r eduz-se logo a niédia de 90 metros . As 15 e 20, atingim os a bôca do Cuiari, seu afluente da margem esquerd a, cujo rumo divisa do foi de íO ::\0 . Tem p erto de 100 metros . na foz. e permite franca navegaç ão a motore s. Tem cinco sítios de siuci-tapuios , mais de 50 pessoas , segundo informa ções do tuxaua ~larc elino; sucuriú -tapuio (sub-tri bo dos baniuas), que nos serviu de guia desde Seringa -rupifá, no l çana. Com a traquita f!da que l evávam os, desistim os d e subi-lo. Demais , nossas mercad orias estavam escasse-a ndo e era mister .poupá- las. !\a manhã de 2, passam os por Camarã o-igara pé, à margem direita. donde sobe um caminh o que vai para o rio Cu bate.
10 e 50, tivemos a agradáy eJ surprês a de encontrar à bôca do Cará-ig arapé, a n ossa espera, três ubás com índios hohodê nis, morado res dêste igarapé e que, tendo tido noticia de nossa próxim a passage m pelos tripulan tes do "Rápid o", haviam descido a nosso
Iniciamos o le't:~.u tamento do Jlo Ahrl..
Suas águas, a natureza de s uas xnargens e do seu leito.
Sua largura. O afluente · quairl ~
po'toado por sulcl-tapui os.
Porque deb:2.xnos de visitá-los.
Vnadouro para o rio Cubate.
Às
Os hohodênis do Cnâ-igna~.
-82encontro, logo que avisados pelas pancadas do lil q \ godile. Trouxeram-nos peixes, cana, mutum, patq l\ oqueado e abacaxis. Trocamos, conforme desejo I lo. t eressa d os, por po'1 vora, c11umb o, sa} e m1ssang~ . IJS 1n ~ A nosso convite, acompanharam-nos, a reboque . . . que d"IVlsaramos . . mo tor, ate. a a l vissima praia ao l 1q.•to . _o, on d e paramos para o a 1moço costum11i ·· d o estira 1 Os índios - que eram 11, entre os quais 4 hon11: 11 .. ' • 3 mulheres - tomaram parte em nossa refeição. e
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largura acima do Cará-igarapé (· de 5S metros. Há 3
sítios
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Hohodenis no l\Iiriti-I~:arapé.
l\ledimos, aí, a largura do rio: 55· metros . Pil mos à farde pela bôca do ll!iriti-igarapé, à ma1 ,·' !l1 direita, onde existem três sítios, estando o priJ1 11 ' ln 110 situado a 3 horas de viagem. Êste denomina-se Iw iJ Jj • c tem 22 pessoas. Antes, havíamos encon trado doi :1 I a pazes dêste sitio, pouco acima de Samaúma-lagt 1 tlnosso chamado, ,:ieram com a ubá ao nosso encíq 11 A to e o mais velho dêles, rapaz simpático e dcsemllq I flça d o - entrou a palestrar com nossos caboclos 1.: 1 ''•S ofereceu peixe em troca de pólvora. I
Os outros dois sítios são Paxi!Ía e Caracá-J, , ' I (I r espectivamente, com 15 e 6 pessoas. O velho tl1 ~. '. l i • 13 de Caracá-poço morreu há cêrca de um ano. T 1111 , os índios de Miriti-igarapé são hohodênis. JS Xa manhã de 3, encontramos novo grupo de I bodênis, nwrador~s do L"araná-igarapé. Em ubà, ;','javam o índio José, sua mulher e três crianças. A ·l111 h ximaram-se do nosso barco e nos ofereceram }I; 1,.e . moqueado em troca de sal. ' Os hohod.ê~is de l\Iais acima, desciam em duas Ubás quatro l';lj Uarana-lga'l'a'pé--<---.. . . , . . _ l flviajam para são zes, filhos de Jose. Como este, segmam j)ara Sao 1 Gabriel com carI 11J'~gamento_ de rabríel, com um carregamento de farinha, galinl1,t 1 rinha, gahnhas e e "'Iuicé''. ralos (zwce), para vender. l\Ioram eles no alto lJw , 11 1 , -ígarapé acima de Apui-cachoeira . Prosseguindí 1 ,,_ . outra u b'a 'tn nosso 1evantmnento, encontramos 1na1s 1 ·um índio, sua mulher - índia bastante civilizad ,1 ' •tn e uma criança. 0
:1ndios do lltirau.açu-
-igarapé.
0
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•
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Vinham do Mirauaçu-igarapé, grande afluent, , Aiari,· à margem esquerda. O índio é ira-tapuio l lo mulher é siuci, do Cuiari. Ao avistar-nos, rem.,,' ''a . '•rn
-83n osso encon tro e vende ram - nos cinco b elos exemplares de .. iacund~" C) em troca de anzóis e fósfor os. Ao escure cer , alcanç amos Cururu-Po_ço, grand e loca à m argem direita , do t uxaua 1\Iandu, em que 1113 uoram 21 índios siuci-i apuios . Tínha mos notíci a do 1 ,-c} h o ::\Iand u, p or interm édio do Sr. Curt Ximu endaj u. Sabía mos que era dos tuxan as em que as qualidades de coman do e d e direçã o mais se destac avam. TalYeZ f ôsse o tuxau a mais compl eto que a nume rosa 11 ação t a puia contas se nestes último s anos. F ôra auxili ar presti moso do cientis ta alemã o Kock Grünb erg duran te os dois anos d e sua p erman ência 113 r egião do lçana , em estudo s etnogr áficos (190-1 e 1~:03) . O pobre homem está em apress a da decad ência · física. X ão cam inha. P assa os dias em sua "maqu ira", 1lon de d á orden s e dirige todo o serviç o da casa. É , 1ssistid o carinh osame nte p ela sua mulhe r ·e filhos . 1~ uma esj)éci e de relíqu b da famíli a, a quem todos obed ecem e cm.1 quem se aconse Jhmn. Fomo s visitá- lo. Com o auxili o · de sua mulhe r e um filho hom em, sentou-se na rêde e q u eixou-se da sua moJés tia e das dores que sofri a. A meu p edido o Dr. Touri nho m edicou -o. Seu olhar é arguto e int eligen te. À noite, o Dr. Luetz elburg e o fotóg rafo L ouro batrram um as chapa s à luz do m agnési o e pela manh ã, ·a nosso pedid o, o )1and u permi tiu que fõsse carregado para f ora a fim de ser f otogra fado.· Há um outro tuxaua , o Chico , que têm três filho s h om ens. Um d êstes, ra p az alegr e e tipo de atll'ta ncama r a dou-se logo 30
Maloca Cururu- poço.
o
velho tuxaua l\1andu. (9a)
O velho tuxa ua foi f otografa do.
C'OnOS t;O,
l>eJa manh ã d e 3, o opera dor da tur ma · filmou a dança do ••j apur utu". D ois b elos rapaze s, filhos do tuxaua Chico . em sna radian te nudez . tocara m· e d ançaram o .. japur utu" que é uma flauta de dois metro s de comp rim en to, f eita d e jupati . (' Afora os aci d ent es top ográfi cos cita dos, temos a enum erar, a partir da foz os seguin tes : Ta pira-la go, 0
A dança do " japurutu".
)
Os acidente s t opogrificos mais importantes a partir da
f oz do Aiarl. (9)
(D-.. )
{1°)
Peixe . \'ide índios e Explorações Geográ ficas, pag. 3 1-A. Jupali é uma espécie de pax1un a.
-84-
Largura do rio. A natureza das margens e leit o.
Arar!pil'tl-cach oeira
A varaç3o foi feita com o auxilio dos in-dios da maloca.
,.oa•o
na
maloca
Arariplrá..
à margem esquerda; fapira-par aná-miri, à mesma margem: tariralniro -poço; urumitu-la go, à margem esquerua; naná-poço e naná-igara pé, ainda à margem esquerda; manicoera-lago, à . direita; umeri, paranàmiri, à margem esquerda; mais um paraná-mi ri à margem esquerda, cuja entrada dá para um lago; pouco abaixo dêste, o mituca-iga rapé, pela margem direita; miiuca-lag o à margem direita; sumaúma-lc;go, à margem esquerda; piranha-po ço, piranha-ig arapé e piranha- fapera; micura-iga rapé à margem direita; conori-rapccuca (conglome rático arenoso) à margem direita; Conori (fruta) lago à margem esqu erda, janipaua(genipapo) -lago à margem esquerda puraquê. (peixe elétrico)-la go à margem direita; umari-poç o e umari-rupilé (ponta); uaçu (fruta)-po ço; lago sem nome, à margem esquerda e sítios Murutinga (branco) e Jíira (pau), (le cauâ-tapui os, à margem esquerda. A l argura média observada foi de 60 m f' tros. A partir de Camarã, as margens vão se tornando firmes, ensaiando- se, aqui e aco~á, barrancos que o rio em seu trabalho lento procura consolidar . O leito sempre arenoso. A jornada de 4 foi assinalada p ela passagem da Arari-cach oeira. O Aiari mudou de aspecto; apresentando-nos um ohstúcnl o sério a transpor . O d egrau não é forte, mas as corredeira s são muito perigosas. Afloramen to granítico disposto ue maneira irregular multiplica os canais, impedindo de todo a passagem de embarcaç-õ es por entre os embates das úguas desorientaua s. D escarregad o o batelão, recorreu-s e à esp1a, _varando-o pela margem esquerda, junto aos mat_acõçs de granito que lhe entulh am o leito. Felizmente, éom as pancadas do motor, surgiu uma ubá da maloca situaua pouco acima, à margem direita. e o amável caboclo assumiu a direção do serviço. O seu filho "curumi" não demorou em · tomar a ubá e voltar à mal oca para avisar seus parentes . E dentre minutos, novas ubás vieram e com elas o tuxaua e mais pre~ti mosos auxiliares . Às 16 horas e 50 minutos, parávamo s no pôrto <Ia maloca e ali resolvemo s pousar, pelo adiantado da
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:a . Grande maloca. no estilo de Cururu-po ço, pátio
.errciros bem capi nados e varridos . A de Curzzru -rsent a, .porém, asp ecto mais imponente porque tem ::1chada revestida de casca de pau batido na altura 2"'.5 metros e a cob ertura do teta d escansa, nos -~cos, em um muro de sopapo de l,m5, enquanto a Jraripirá não tem igu al acabamen to. Encontras, aqui, 10 p essoas, às quais pagamos o serviço pres_0 na passagem d a cachoeira . Antes de pn•sseguir mos na jornada de 5, percor-:! os ·parte do t abuleiro que se estende por vários ·:úme tros p ara o interior, rumo 70 S . O. "Cma lom-Ja a r enosa despida de vegetação_ e campestre aos ·os, que vai pE·lo -·interior a dentro, sem fim, comu _;:!a o tuxaua da Araripirá. A partir desta cachoeira, .rio muda completam ente de aspecto: as margens : sam a ser · firmes, corren do o rio em leito defini.: o. Os afloramE-ntos graníticos sucedem-s e freqüen.:Hmte, dando lugar a contínuas cacho eiras e correiras. A velocidade aumenta ex traordinàr iamente, .a presença de blocos e rochedos pelo m eio do rio, formas bizarras. O rio estreita-se , descendo em .·dia a 40 metros, chegando a alguns pontos corno ~ Surubi-cac hoeira. em que o l ençol dágua não ::ha mais de 15 m etros, embora a caixa tivesse 40. go acima de .4raripirá, alagou-se na passagem de ::na corredeira o bote do botânico. Perdemos meia ra com êste incidente. Sah·ou-se o bote, mas tiveos de lam entar a p erda do leme e de duas prensas m coleções de Cururu-po ço . :\osso companhe iro ;-. Filipp Lu etezlbourg n ão cessou de lamentar a "rda desta coleção! Ainda p el a manhã, passamos por Umari-poç o, huilde casa de palha à margem esquerda, onde mora _.,J casal cauá-tapui os com um filhinho e Piranufi-I.:Jarapé com uma casa sem moradores . :\a jornada ..a tarde, remontam os Capi-ponta , sitio à margem c:s<~ crda, com duas casas d e cauá-lapui os, às 16 horas tO minutos, paramos em Surubi-cac hoeira que le:!mos 50 minutos para transpor e, decorrida mais -'Tl::t hora de viagem, atingimos Trovão-ca choeira que
o taboleiro de Ara.ripirâ-<:ach oeira.
O rio muda inteir:a-
m«.>nte de aspecto " partir desta cachoeira.
A alagação d o batelão do bot ânico.
Umarl-poço.
Na !ornada da tarde.
Che;:a da a Apu{-eachoeir&.
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A pu i -c ac ho (li ra
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RIO AIAR l t"1cz1a· planta da maloca "Apuí- Cachoczira · .
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-· 88p oderíamos considerar ponta d e baixo de Apui-cáchoelru.
Foi organizada em A.puí- cachoeira a marcha nas ubãs dos ín dios.
A
jornada de 6.
Como foram pagos o prãtico Garrido e os tripulant es do ••Rãpido".
A m t ssao confiada a o motor do S . P.I.
Aí encontramos o "Rápido" com o Sargento Band eira e a respectiva tri pulação . F omos recebidos no . pôrto de baixo pelo tuxaua de Apuf, Marcelino Eusébio Porfirio, tipo d e velho bonanchão e patriarcal. Por' seu intermédio, mandamos descarregar a ubá, o m o togodi1 e e o "Rápido" e transportar tud o para a grande m aloca, à m argem direita, onde nos aboleta:. mos. Apui era o limite da navegação a vap or. Dali para cima, o Aiari só permlte passagem às ubás. Tínhamos de despachar o batelão e o motor e organizar a m archa n as ubás dos índios. A maloca foi a · mais importante que encontramos no lçana e afluentes. É construída d e madeira de l ei lavrad a, excelente cob ertura, acabam ento a capricho. !\lede 2-tm,lO X Hi,moo X 7m,60 . A m eu pedido, o Dr. Glycon tirou a planta que anexo a êste. Chama a a tenção do viajante o amplo t erreiro nivelado e limpo, qu e dá boa im-. pressão de asseio e ordem . À n oite, o Dr. Felipe e o L ouro tiraram, à luz artificial, aspectos do interior da m aloca. Falham os êste dia em Apui-cachoeira para despacharmos as embarcações qu e d eviam r et roceder a São Gabriel e preparar a nossa vi agem para cima. De manhã, pa_g uei o Sr. Hild ebran do Garrido que nos servira de prático e rle cicerone d esde São Filipe (Cr$ -!00,00) e o frete do seu b a telão (Cr$ 250,00) bem como a tripulação do "Rápido" desde o dia 10 de outubro em q ue saiu d e TunzlÍ p or nossa conta. Aos tripulantes, em m.erca dorias . Forneci rancho para o r egre~só do motogodile e dos caboclos do batelão e present~ei o Sr. Garrido com um pouco de café, açúcar, doce, leite, ::r veia, sal e temperos. O casco do 20 f oi a reboque d o mo togodile do Serviço de Proteção aos índios. A êste, incumbi de leYar de São Gabriel ao 11osso encontro em Jaurcté-cach•H'ira n o Uaupés o resto d e n ossa carga que l á deixáramos depos!tada. b em assim o querosene. a gasolina e o óleo encomendados em :\lanaus para as expedições do Ua upés e seus afluentes Papori e Tiquié .
+
I
89 De ·p assa gem por São Feli pe, dev ia aind a o mot o-
e~o dile tom ar o rádi o Bar bosa e levá -lo. a Tara cuá, no
[ ·011 pés,·
ond e se en tend eria com os miss ioná rios .sale sian os a fim de inst alar até segu nda orde m, nest e loca l, o resp ecti vo apa relh o. Apr ovei tam os a desc ida do mot or para env iar corr espo ndên cia para o Rio c • 13 ra J!an aus. À tard e dêst e dia, prov iden ciam os as ~l.>ás para noss o tran spor te até o vara dou ro para Juti ca ~ fize mos a cam inha da por Cami nhada por terra , liga ndo o rem anso · terra.. .le Trov ão-c aciw cira à mal oca e ao pôrt o de cim a, à ::10 ntan te de Apu í-ca clzo eira . Par a desn h·el entr e os O desnit >el encon trado foi de 6 .:ois pon tos extr emo s, enco ntra mos 6 met ros. A noit e, meros . dem os bala nço em noss a carg a refa zend o a emb alag em. Part imo s de Apu i em 5 ubás , cond uzin A jorna da de 7. do tôda a hnga gem ·e part e da carg a. Deix amo s,_ ali, o Sarg ento Ban deir a e dua s praç as tom ando con ta do rest o da : nrga e enca rreg ado s de acom pan há-l as na segu nda , i agem das ubás até o vara dou ro. Partid a em ubás. Inic iand o noss o leva ntam ento às 8 hora s e 35 minu tos, apó s têrm os afer ido por dive rsas véze s a ve:ocid ade de noss a ubá a 5 rem os e a 4 e tom ârm os as ::-esp ecti vas méd ias, dep aram os, às 9 hora s com a Pa:;wquari-caclwt>ira que rem on !am os com faci lida de. .\s 7 h oras e -10 min utos , pass amo s pelo O Uaran á-iga rapé bôc a do Uaracom 50 metro s na ná-i gara pé. com 50 met ros. Log o adia bôca e 3 sítios de nte, enco ntra hohod êni e siuci. mos o tuxa ua l\Ian du, do refe rido igar apé, que nos rleu as segu inte s info rma ções : há três sítio s nest e igarapé , com os nom es de l'cu qui, r-:ar aiuru e Seri nga ; acho cira , a part ir da bôc a. Tem cêrc a de cinq üen ta --~ :->ess oas . Sã_o qua se todo s lzoh oúen is, hav end o algu.ns siuc i. e cuq ui fica a qua tro hora s de viag em de ubá . . land u prom eteu -nos ir ao noss o enco ntro em Jutic a, O l'<'lho ~tandu do t ."aran á-igar apé. .evan do uns abac axis e cará s para vend er, o que real :1Jen te f êz. As 1-t hora s, para mos em Jaua Jauar etHPo ço. relé -poç o, peç ucna mal oca à mar gem dire ita, em que mor am dois -asa is e uma cria nça : Ant ônio e irm ã - siuc is - e -~ dão e mul her jibó ias- tapu ios. Yim os, ali, bon i..;)5 ralo s em prep aro. O rio estr eita -se cada v ez mai s, tend o perd ido a ::-an de con trib uiçã o do Car aná- igar apé. Aflo ram ento s _:-aníticos se suce dem . Pou co depo is das 16 hora s,
-90-. A chepda à maloca Uacart.
O mais interessa nte exemplar que encontramos na região.
rm
dos ín dios estaTa em retiro por t!'r sido mordido por uma jararaca.
A jornada de 8.
A varação da .:Jura-
pari-cach oeira.
saltam os no pôrto de Uacari , p equena maloca à margem esquer da. X o estirão da chegad a, avistam os uma canoa em que iam mulhe res e criança s . Surprê sas com a aproxi mação de · nossas ·ubás, começ aram a remar desesp eradam ente, rio acima, fugind o de nós . :-\ossos cabocl os tripula ntes, por sua vez fiz.eram o mesmo , mas não lograr am alcanç ar as fugitiv as que tinham ubás mais leves e descar regada s. Com a chega da dos indi os do Apuí, o pessoa l de Uacari reanim ou-se. Armam os o nosso tôldo junto à pequen a maloca . Xo trecho· percor rido nesta jornad a, as marge ns aprese ntam terreno mais firme, barra-r;co alto, argilos o. Em Uacari, recens eamos 8 p essoas, das quais 3 homen s, 2 mulhe res e 3 crianç as . Dos homen s, 1 é jauarr t é-tapni o e 2 são cubeua s, do Uaupé s. D as mulhe res, uma é, também , jazwrc té e outra é Cllbeua do alto Gaupé s . Foi a índi a m ais intelig ente e bonita que vimos em tôd a a r egião (Rita) . O fotógrafo L ouro tirou o seu retrato , que figura em nossa coleçã o. ( 1 ~) Inform ados na maloca que um índio se achava em r etiro num ta piri próxim o, por ter sido mordid o por uma j ararac a, cinco di as antes, f omos visità-l o na manhã sc>guinte. Tinha o torn ozelo do pé direito ligeiram ente inchad o, nã o mais se p ercebe ndo as dentadas da cobra. E stava em r etiro porque nenhum a mulhe r grávid a, n em p essoa alguma que tenha parente g t:úvicla deveri a vê-lo! Se isso acont ecesse. as dores se ag ravaria m e o sangue brotar ia em borLot õcs! O . Dr. Tourin ho f êz-lhe aplicaç ão de iôdo e indicou um purgat ivo, à n oite, c na manhã seguin te fêz com que êle viesse ao pôsto p ara perder o mêdo e servir- se de um prato de minga u . Era um rapaz forte · e bonito e tinha emag1·ecido b as tante, em conseq üência da dieta a que se conden ara. ?\a jornad a de 8, passam os por .Periqu ito-cac hoeira, Uiluca -catapi (grand e roched o no meio do rio), Abiú· cachoe ira, Cbá-ju rupari -cacho eira, defron tando às 8 e 30 a famosa Jurupa ri-cacl weira. Aí descar regamo s compl etamen te as úbas para fazê-la s varar pelo es(1~ )
\'i de índios e E:rplora çúes Geográf icas, pág. 31-B.
91,,.ilo canal de 6 metros aberto na rocha, pela margrm . ~ ucrda . Acima de Periquito, o rio estreita-se ainda :nis, fi cando o lei to atravancado de pedras de todo wm:mbo e de todo o feitio. Os tripul a ntes redobra;:lll de esforços para v encer as corredeiras. Levamos :ccisamente uma hora para varar a Jurupari-c-a·:wcira. O fotógrafo Louro filmou a varação das ubás r os aspectos mais pitorescos da cachoeira. As 10 horas, passamos pela bôca do Pinima-iga-.:pé onde há um s itio do velho l\Iandu (há tantos ::andus entre os índios), com três pessoas. Êle é .w·:m'ú e a mulher jibóia-tapuia . Às 10 e -15, paramos no . ·,:;to de Cipó-p-?ço. maloca 3. .m argem direita, :.WO ::l'irOs para o <:entro, cujos mora dores estavam nu,_.n tcs. F omos informados que ai r esidiam sete jibóias..fr.puios. Às 13 horas, passamos p el a bôca do Piramiri.;garapé, 3. margem esquerda. Dêste ponto até o va:aclouro que atingimos às 15 horas e m eia, o rio faz Hlllas con tinuas que complicam cada vez mais o :t•Yan tamento . );'o Yaradouro, o Aiari têm 30 metros d e largura . O pôrto do varadouro é mau. :\!andamos abri-lo mais e adaptá-lo p ara nosso acampament o. SC'g undo informações do Sr. Curt, há no Aiari, :!rima do Yaradouro, oito sítios, a saber :
Jacaré-cacho eira, de jibóia-lapuio s (abandonado ). Pira-miri-iya rü.pé, com 3 pessoas jibóia-tapuio s . Castanha-cachoeira, com 11 pessoas jibóias-fapuios. Jacundá-igar apé, com 7 pcsso:;1s jibóia-fapuio s. Iauti-c~i.r:.o.... com 5 pessoas jibóia-tapuio s. Tapuru-igara pé, com G pessoas jibóia-tapuio s. Sacu-igarapé, com 8 pessoas jibóiu-fapuio s. Cubiu:[ago, com 7 pessoas uwwna:~ e jibóias. A meu pedido, enquanto procedia ao levantamrnto do vara douro para o L'aupés, o Dr. Glycon de Pniva :01 até Jacaré-cacho eira, a uma h ora d e ubá acimn do ,·aradouro. A casa estava fechada, sem moradores. Despachamo s na manhã de 9 as ubás para Apuí~achoeira a fim de conduzirem o resto da carga <' as
Plrllilla -i;:arapé.
llla 1111 ~ Cipó-poço.
Chrr •' da ao Varadtll 11o para o !l dupés•
Os 11 , 1, •~os. de po-
vo:\\ "'' acJ.!l1a do
, ·"" douro.
-92praças que lá ainda se achavam. Conosc.o, ficaram oito índios que transportaram para Iulica dois caixotes de rancho e miúdezas indispensáveis da nossa bagagem.
O transporte da bagagem e da ca:rga pelo '<aradouro.
A medição, à corda, foi feita pi!lo botánico e pelo médico.
Noticia do '<aradouro pa:-a o Uaupés.
Fiquei em· dificuldade para atender ao botâmco Dr. Felipe. Sua bagagem era por . demais Yolumosa e complicada, precisando de mais de 10 homens para transportá-la, inclusive seu bote desmontado que não queria deixar para trás. Sua bagagem era maior que a de todos nós reunidos. Os oficiais encarrega'ram seus próprios bagageiros do transporte de sua bagagem, de modo que, ao iniciar o levantamento do varadouro, tive de recorrer ao Dr. Felipe ~ ao Dr. Tourinho para o serviço de medição, à corda. X ossos-distintos companheiros prestaram-se gentilmente a êsse serviço. Partimos da marge!n direita do Aiari às 8 e 30, chegando a Iutica às 17 e 15. Xão se trata propriamente de um varadouro: é um trilho de índios muito trafegado, simplesmente. E, por ser de índios, é mau, todo atravancado de paus e árvores, atravessando grande extensão de igapós em que as raíses das árvores, expostas, embaraçam a n1archa. Seu rumo geral é de 30 SO, com ligeiras deflexões. A medição acusou 13.160 metros mas não lhe demos mais de 13 quilómetros. Depois de cortar alguns igarapés que vão cair no Aiari e atravessar vários trechos de igapós, o varadouro ganha, a 4 quilômetros dêste rio, o espigão que se prolonga cêrca de 2 q~ilómetros em terreno firme, mata alta e limpa para. descer em seguida para o vale do Vaupés_ Surgem, então, os contribuintes dêste rio, entre oSq'ú'ãís.. o Caá-igarapé que apresenta um degrau de um ;metro, leito cavado, água cristalina . De novo os igapós dominam o varadouro até o quilómetro 9, em que o horiz.o nte se aclara com o aparecimento do· "capoeirão", e, em seguida, de campestre (terreno arenoso). l\1ais um trecho de igapó seguido de cerrado sujo e chavascal, mata com chavascal, ainda igapó e, por fim, mata grossa, limpa e trecho de igapó até a vizinhança do
•
93 rio. A altitude obsen-a da no divisor foi de 157 metros e a de lutica, de 1-!5, o que nos dá 12 metros para a diferen ça de nível. Fomos recebid os em lutica por todos os índios, tendo à frente os tux a uas Felício (capitão ) e o l\Iandu, !>CU irmão. Fica o importa nte povoad o dos uanana s à margem esquerd a do Caupés ou Caiari, em excelen te pos i~·5o, domina ndo os dois grandes estirões , de que 3 ilha que lhe f ica confron te é o vértice . Xa saída para o varadou ro está a grande maloca que continu a 3 resistir à as·ão d estruido ra da civiliza ção. Treze rasas de sopapo, à imitaçã o d e ch·iliza dos, f ormam a rua do p ovoa do, acompa nhando o barranc o. D elas, ::-õmente seis e~ tão acabada s; as outras estão cobert3s, faltand o receber o estuque e o barro. O program a do Capitão Felício é constru ir uma casa para cada família . Aconselhei-o que fizesse casas amplas, bem arejada s e altas, pois as que estão sendo constru ídas silo pequen as, abafada s e escuras . Acanto namos em uma boa casa, antigam ente morada e casa de negócio de um peruano de nome Barreto , a quem se atribui muitas proezas na região. Incomp atibiliza do pelos . cus crimes e violênc ias, o famiger ado peruano mudou-se para o ]apurá, deixand o como seus prepost os cm Iutica o brasilei ro Antônio )laia e um outro.
A altura t>ncontrad a para o di<"isor foi de 12 metros.
Chegada a Iutica no rio I:aupés. A grande maloca e o
po'l'oado dos ua• nanas.
O fami gerado perua-
no Barreto.
O negócio princip al era a venda da cachaça . A taberna era o covil onde se reuniam forastei ros colombian os e brasilei ros (como testa de ferro) para a l'Xplnra ção dos índios, sujeitan do-os pelo terror, pela violênc ia - às explora ções as mais torpes . An_ _;~mio l\Iaia foi morto pelos índios no rio Qu('rar i em fin s de 192í, em represá lia aos estupro s e violênc ias que comete u na região. Felizme nte, com sua morte, des aparece u a taberna de lutica. Ai, encontr ei, entretanto, um colomb iano ch·iliza do, amasiad o com índia <"olomb iana, foragid o e a quem se atribuía a morte de um sírio no Departa mento do Uaupés !
Seu preposto Antônio l\laia foi morto pelos índios do Querari.
O fato que nos constav a vagame nte em lutica, nos foi pormen orizado pelo Padre Baron, superio r da :'>Iissão colomb iana de "~Iont Fort", do rio Papori.
Um cnmmoso foragido da Colômbia encontra'l'a -se em Iutlca..
A taberna que mon-
tara em Jutica para a venda da cachaça e exploração dos índios.
-94O reve rend o diss e-no s que o crim e hav ia sido prat icado em legi tima defe sa. ~ão
perc el)e mos nen hum inte rêss e por part e das auto dda des colo mbi anas do u·au pés e do Pap ori no sent ido de denu nciá -lo à poli cia. Esir anh ei sua pres ença em Iutic a e intim ei-o a que se retir asse dnli dent ro do praz o de 8 dias . Pediu- me que cons enti sse em fica r mai s algu ns àias cm aten çiiu ã sua mul her que esta va doen te, o que permiti , decl aran do-l he, poré m, e ao tux:: n1a Felí cio, em sua pres ença , que iicn va exp r essa men te proi bida a perm anê ncia de civH izad os - naci ona is e estr ange iros - no Pov oad o Indí gen a. Xão lhes era perm itid a senã o curt a dem ora, a titul o de trân sito . Aos tuxa uasJ e a todo s os índi os reun idos , exor tei a que defe ndessem com altiv ez e dign idad e as suns prop ried ades e a hon ra das suas mul here s e filha s, exp ond o a própria vida . As instru ções prt:ib iti'ras da perm anênc ia de civili zados no po..-o ado.
A 12 estav a termi nado o trans porte de tõda a carga pelo varad ouro.
Fiz- lhes sent ir que não devi am tem er aos ch·i !izado s que, tran sfor mad os em arse nal, assa ltav am as suas mal ocas . Emb ora desa rma dos, êles eram mui tos. Pod ia, tam bém , asse gura r-lh es que os bala teiro s e regatõ es colo mbi anos não se atra veri am em repe tir as suas faça nha s qua ndo inte irad os da rc~ ação que os E>spera va. A represál ia do Que rari era um exeÍ11plo. Acr esce ntei que os índi os não dev iam perm itir que civi liza do algu m dese mba rcas se arm ado no povoa do; e, para dar mai or auto rida de às min has palavr as, deix ei um decl araç ão feita pelo meu prôp rio pun ho, que o tuxa na afix ou numa--t~ul'@ ta, na pare de, par a os devi dos efei tos. Xos dias 10 e 11 noss os trip ulan tes de Apu í-ca cho eira fize ram dua s viag ens pelo vara dou ro. traz end o o rest o de noss a carg a, e, a 12, todo o pess oal dispon ível de Juli ca tam bém viaj ou para o Aiar i para bus car a carg a cheg ada na vésp era pela s ubás vind as do Apu i.
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Com a mob iliza ção dos índi os de lulic a, de Apu i e do Dar aná- igar apé, que se apre sent aram espo ntânea men te para êste serv iço, fico u conc luíd o todo o
' ,i
I
95bagagens e mercadorias. As mu"""!'5 fazem séria concorrência aos h omens n este e:-. Algumas procuram os volumes mais pesados - a houve que reclamou uma saia em pagamento _ cond ução de uma mala pesadissima do Dr. Fe-· Era justíssimo e satisfizemos-lhe a vontade.
As
mulheres fazem concorrência aos h om~ns no serviço de transporte de c,arga.
~a
tarde de 12, chegaram a Iutica o Dr. Glycon praças que lhe fizeram companhia no pôrto do como as que haviam ficado em Apuí-ca_.ra . ....om estas, vieram também o tuxaua desta maloca - !! gente e cmil êles algumas de nossas miúdezas. :.ogo após minha chegada a Iutica, p edi ao tu~ que reunisse todos os uananas da região para _ grande festa pagã, pois nós desejávamos filmar ":::n ~·as e tudo o que se relacionasse com a vida e os ..:m es da tribo, a fim de documentar-lhes os hás e as tradi ~ões que tendiam a desaparecer, à me.:. que a civilização e particularmente a intolerante ? aganda catôlica penetrava em suas terras. Já no --i, cm que Kock Grünberg ainda encontrou êstes .~os cultivados com fervor, nada mais existe. Preementc, só os uananas c os cubeuas, do alto Uaumantêm suas tradições. Para baixo, (Uaupés, -:a e afluentes) a fnfluência derical predomina: :nalocas são destruídas; suas imponentes festas : .Js foram abolidas, surgindo o~ povoados de ca- .as de sopapo e as capelas para os improvizados
As f estas pagãs dos índios Uananas e Cube nas.
.S .
Desde o dia 12 o pessoal de Iutica se movimen~ para o preparo das festas. Uma turma de "'""ens partira p ara a mala para cortar "tururi" de • :! entrecasca se preparam as máscaras de dança. :11ulh eres ocupavam-se com o fabrico da farinha e beiju para o preparo do "cachiri". A faina no inte- das casas era grande. As "cunhãs", as "cunhan1ucus", e as "cunhatãs" ?ejavam pesados baquitéis carregados de raizes de _:Jdioca, de cará e batata doce. Lmas descascavam preciosos tubércul os, enquanto outras os trituravam
In.lci.un-se a l:Z, os preparativos para as festas.
O preparo do cachirL
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nos "iuicés" senta das no chão. C·;n o apóio das coxas, mantinham os artísticos ralos c com as miíos assim libertas se entregam ao vai-e-Wd l incessante, duplicando os braços. Outras assavan~ os beijus de man(Jioca ou tapioca, ou preparavan~ a massa da batata ou do cará, para o ''cachiri". E g~· :1nde coxos e formidáveis "camotis" se enchiam da p~-eciosa mistura a ser ferm entada. As máscaras :Para as danças são fdt..s da en trecasca de ••I'ururi., ..
Como são preparadas..
O pagamento aos indios
do Apuí-
-cachoeira e do Uar:tná-igarapé.
Os toros de "tururi", entrav;~\ll, por sua vez~· en1 ath·idade. Prim eiramente, ernm ,·uid~dosamente raspados. Depois, com uns cacetinhos de madeira especial, nos quais se faziam frizos longitudinais , os índios batiam de encontro à superfície exlt'rior dos toros, girando-os, d e modo a desprender a cntrccasca. Esta desligava-se inteiramente dos toros. EJH seguida, eram levaelas ao rio para serem lavadas c se tornarem macias. Feito isto, abria-se b em o tecido JHtra a um entar-lhe as dimensõc>s, sem prejuízo da con lt'stura ·das malhas. Outros os vestiam em manequin~ adrede preparados para receberem a forma do coqw a que se destinavam. Depois de sêcas, passavam a receher as pintu-ras ·em que predominavam as tintas do urucmn, do "caiuru" e do genipapo. O índio nilo confia na leveza da miio. Em geral, tem molde p:n·a tudo c todos os desenhos das suas máscnras eqmo ns pinttu·as do pr,óprio corpo obedecem a modelos que un s passam a outros . Entretanto, sempre há un1 csj) ecialista que é consultado a rc~peito no r em a te ck uma 1~1áscara ou na disposição de um ornato. l ' m cl<'les, em Iutira, era o Paulino, índi o de m eia idade, civilizado e amável. É irmão dos tu xauas ).1andu e Capitão Felício. :\a grande festa ~~cangatara", ern o mestre de cerimônias . O dia 1-t foi consagrado aos judios do Apui e ào Uaranú-igara pé que desejavam regressar às suas casas. Pagamos-lhe s, em mercadorias, o 11osso transporte nas suas ubás a partir de Apuí c o du ,. cargas através do varadouro. Como de costume, pagamos w·n e1·osamentc, mas os índios são incontentáve is e qut·rcm tudo, tenham ou não serviço cor responden te. Fizemos o possível
97-
i ' I
~ara
lhes ser agradáveis dando um pouco de tudo a
~ ldOS ; ter~ad os, saias, cal~as, camisas, linha, agulha, !ósforos, •.abaco, sab;lo, sal, pólvora, chumbo, espole:as, espelhos, pentes de coque, pente fino, anzóis, linha le pescar, contas (alj}lfre) e mi ssangas . ~o fim do :?agamenfo, estãsamos quase falidos. :\a distribuição, se esgotara tôda a mercadoria :ue mandara vir do Posto do Serviço de Protec;ão aos :ndios, de Jauarelé-cac hoeira. Ao chegar a ~~pu~-cachoeira do Aiari, prevendo .l apuro que iria ficar em Iutica para o pagamento aos tripulantes contratados naquela maloca e o trans:'orte pelo varadouro, destaq~tei o índio !ariana . Pau:!no, n osso tri pulante do motogodile, p ura Caruru-ca,·hoeira no C.:mzpés, onde deveria tomar uma ubá e descer, sem d emo~a, para Jauareté-:ac hoeira com a :-n issão de trazer mercadorias do Pósto do Serviço de P roteçiio aos índios que eu requisitara em carta ao Sr. Arruda Cabral, esforçado encarregado d.o Pôsto. O varadouro que liga .4puí-cachoc ira ao CazÍpés é muito mais longo que o outro que se dirige para Iutica. :'\frsmo assim, para os índios, não ~ longo_. Fazem em menos de um dia d e man:ha a pé e saem muito mais em baixo no Fauph;, compensand o, p erfeitament e, a marcha por terra. Xosso diligente emissário fêz o trajeto até Jauarclé em dois dias apenas. ·E. qu a ndo chegamos a Jutica, lú o encon tramos com uma caixa de m erl'adorias enYiadas pelo Sr. Arruda Cabral. Como f azem prodígios os índios inteligentes e d e_d ica dos! · Xa rn~nhã de 15 de novembro, iniciamos o levantamento do rio Faupés acima de lulica. Deixamos os índios nos preparativos para as festas. Xosso operador cinematográf ico José Louro ficou ali incumbido d e film a r tais .preparativos . O capitão médico Dr. Tourinho também fko u em Iutica a nossa esp era. Para o dito levantamento , encomendáramos duas ubás ao Capitão Felicio . É certo que dispúnhamos do confortável batelão (11 ) que. o Sr. Arruda Cabral le(lt)
Tinha uma excelente ]Jamarica (tolda de palha).
·O >ar adouro d~ Apui-cachoeira para Caruru-cach oeira, no Uaupés.
Os prodígios de n osso em issãrlo índio Paullno.
A organiza~áo da turma de levantamento do alto Uaupés.
-98vara de Jauareté em fins de outubro, quando por um rebate falso que lhe chegara ao Pôsto de que é cncaiTegado - soube que já está...-amos em lutica . Mas o batelão era um tanto pesado c exigia guarnição de 10 remos, pelo menos, pelo que preferimos subir em montarias ou ubás. Porque o botânico não nos acompanhou .
Considerações a respeito de nosso botânico.
Disse ao Dr. Felipe que teria muito prazer em tê-lo tomo companheiro de viagem, contanto que aligeirasse sua bagagem, pois a montaria tinha pouca capacidade . :!\osso b o tâ nico não se agradou da restrição imposta e recusou nosso convite, visivelmente contrariado. Como é difícil contentar-se a certos homens! Aborrecia-se o naturalista alemão porque nossa viagem não lhe proporcionav a f acilidades que lhe permitissem pesquisas mais demoradas nas matas. Precisava, também - de quando em quando de falhar dois ou três dias para secar as plantas que ia colecionando , pois as chuvas continuas que caiam não lhe davam tempo para src:i-las ao sol. E, quando aparece uma oportunidad e como essa de lulica, em que o botânico passaria a dispor de largo tempo para sua especialidade , nosso companheiro estrila. . . Mas, à última h ora, verificamos que um a das montarias dos caboclos fazia muita água, não prestava absolutamente. Xão haYia outra para subtitui-la . Era forçoso apelar para o batelão! Do ocorrido, avisei imediatamen te o Dr. Felipe e embora e.u insiste no convite, preferiu ficar em lufica.
Afinal de contas, penso que a ciência lucrou com do nosso botünico naquele povoado, __,_~_que, só assim, teve êle tempo para vasculhar as matas da cercania e, particularme nte, do v aradouro que lhe proporciona ram exemplares interessantissunos. a
De como nem sempre é conveniente anexar-se naturalistas dessa especialidade a expedições aligeiradas.
per1~1anência
Do exposto, verifica-se a inconveniênc ia de se anexar naturalistas a expedições, cujos objetivos demandam rapidez, p r emidos pela escassez de tempo e de mercadorias - sempre tão exíguos em relação às missões que lhes cumprem desempenhar . Os objetivos e processos sendo tão diversos como êstes que nos di-
~
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; i j lU respeito, torna-se necessário muita pacJe nc1a e ,r:JnsJgencia recíprocas para evitarem-se choques e -uorrecimen tos. De minha parte, fiz todo o ' passivei contentá-lo, demorando-me nas paradas tôdas as :~·zes que n ecessitava de mais tempo para suas pes·uisas ·. Procurei, assim, conciliar a urgência do nosso ~~rv1ço com as necessid ade do nosso naturalista, co:orando sempre o se-rviço público acima de nossas sus_-rtibilidades.
:or
Aliás, com a conv1vencia, verifiquei ser o nosso :,otânico um tempera m en to de bandeirante infa tigá\cl, um excursionista e andarilho impenitente, sempre 'lronto para qualquer excursão, se dento de curiosi:!ade . Eis a razão porque desejava acompanhar-nos a ,(leia parte, mesmo com prejuízo d e sua especialidade.
O seu temperamento de bandeirante insaciáveL
:'\osso batelão foi garnecido por 12 r emos, dos quais 9 eram índios uananas, d e Iutica, e 3 eram /arianas de fauarelé-cachoci ra. O Capitão F elicio nos 3 companhou . O pilôt<' era um dos irmãos do tuxaua, I) mais velho. :'\a jorna da de 15, atingimos a p equena :naloca Taracuá, à m a rge1?1 esque rda, brasil eira. A .u argcm col ombiana está despovoada. Os colombia:JOS gastaram-lhe os índios. Entre Iutica e Taracuá :;ci existe um sitio. Chama-se Tainha e fica junto à b(">ca do ig arapé do mesmo nome. Seus moradores, como os d e Taracuá, achavam-se, quase todos, em Juiica, cm preparativo das festas proj .etadas. São uananas.
A subi da do Uaupés.
O ri o, no trecho até Taracuâ, apresenta a l argura média de 400 metr os e longos estirõcs. De uma placidez admirável suas úguas, que são claras, ligcira"'~ tcnte averm elhadas. É p erfeitamente nave,aável até ai . Suas margens são firmes e a mata m aj estosa. Xota-se a 1'ucunc.:.ré-capoam a, ilha alongada d e mais de 5 quilómetros que divide o rio cm dois canais, parecendo ter sido originada por uma prata que as sedimentações p eriódicas do rio consolidaram .
Como o rio se apresenta nesse trecho.
~a
jor nada de 16, iniciamos o levantamento às G c 23, após ter batido uma chapa da modes ta maluca Taracuá!
Maloca Taracuá..
Tainha.
A Tucunaré-capo-
ama.
A jor nada de 16.
o encon tro com os
índios do Paca• iJ;arap é e do Assaf-igarapé.
As "<"iolen cias comet idas por bala.te iros c.-olom biano s contra os índios bras ileiros da r egião.
----r- .
100 -
O T..:aupés cont inua maje stos o, larg ura en. t re 300 e 350 metr os, mar gens firm es . Ao pass armo s, às 1~ hora s, p or Uap ixun a-(g arap é, vim os uma ubá que se met ia entr e as ram agen s da mur gem esqu erda . Apr essam os o noss o bate lão, d epar ando com uma gran de ubá c um grup o de indi os, ali amo itado s . . Viaj avam para lulic a, onde iam tom ar part e nas festa s. Fug iram , ao avis tar-n os, p ensa ndo que fôss emo s colo mbian os. LTma d as mul here s, aind a jove m e r obus ta, esta va com o rosto ,· os braç os e o bust o todo pint ado de ••ca raiu ru", oste ntan do lind os dese nhos . L ogo adia nte, avis tamo s duas ubás e, çm segu ida, duas outr as que fugi am .dese sp erad ame nte. P aram os e noss os índi os os cham aram . Só depo is de mui ta insis tênc ia, grito s e sina is, reso lver am atra vess ar o rio e enco star suas ubás . Uma dela s era tripu lada por três guap as mul here s - a Isau ra, a Luís a e a Lau ra, - cada uma com o seu curu mizi nho ao colo - ao todo - 14 pess oas. Esta s mor am no Arra í-iga rapé e as que se dirig iam para Iutic a r esid em no Paca . -iga rapé . Por êles, soub emo s que os colo mbia nos, dias ante s, h avia m desc i do o Uau pés e entr ado no Cara paná -iga rapé, dond e leva ram - de uma mal oca de cube uas - 2 rapa zes e 2 mul heres, ama rrad os, à fôrç a, para os seus bala t ais, sob pret exto de que esse s índi os lhes devi am. Kão fora m até I ulica, por tere m sido info rmà dos .de que lá havi a gent e do govê rno e com sold ados .... Ten do cheg ado ao meu conh ecim ento , aind a em Iutic a, que o tal fora gid o colo mbia no fôra quem leva ra o avis o aos seus patr ícios , man d ei chamá- lo. Com o tives se ·n egad o com firm eza e nenh uma prov a obti vera , ame acei-o mais uma vez, intim ando -o a que se retir asse do povo ado, tão logo sua mul her pudess e viaj ar. ?\ão usei de violê ncia para não cria r para os índi os de Iu tica uma situa çã o de dific ulda des, pois , com a min ha r etira da, os colo mbi anos p od eria m comet er viol ênci as, favo recid os pela ausê ncia do tüxaua e dos hom ens que nos acom panh aram . l\fas , quan do desc i de Iutic a, tome i sua ubá , reco men dand o ao Cap itão F elíci o - que me acom panh ou até Jaua -
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O Ca}Jifú.o .\"icolau, ch efe elos fndios t nrinnos, de Jauarcté-cachoeira, com sua família.
Convidados de l.Illl a.pi-cachoeira chegam para as f es tas d e Iutica
-10 2rdé - que, no seu regre sso, restit uísse a ubá do colomb iano e lhe orden asse retira da hned iata. Da necess idade urgente da criação do destac amento militar na froneir a com a Colôm bia.
I \
~ colabo ração do Ser'l"iço de Proteção aos lndios.
A
A instala ção do põsto de 'l"igilãn cia d o alto
Uaupés .
Resu lta das consi dera< ;ões acim a que urge ampa mr os índio s brasi leiro s do alto Canp és, contr a as ·violênci as e abus os por parte dos balat eiros e regat ões olom biano s. Impõ e-se a criaç ão de um dest_ acam ento } 1ilHa r na front eira · com a Colô mbia , cuja sede poeria ser Jaua rclé- cacho eira, forne cend o conti ngen tes ara o alto Caup és, o alto Papo ri e o Tiqzz ié. ·. O apôio do desta came nto do Exér c·ito deve ser feito em colab ora<; ão com o Servi ço de Prote ção aos índio s que pode ria insta lar trôs p ostos de vigilâ ncia na front eira. O do alto C.:aupés pode rá ficar em Lour o-capo ama, ilha firme que domi na os dois cana is ou à marg em esqu erda, mais acim a, confr onte a Apzzí -cach oeira . Parec e-me prefe rível a prim eira porq ue as emba rcaçõ es que desce m na époc a da cheia pode rão fazê- lo junto à marg em direi ta, d esbo rdan do o trave ssã o de Apuí -cach oeira e fugin do, assiP l, à ação imed iata dos guar das do pôsto . Exam inei ·o caso com o Capi tão Fclic io. Ao enca rrega do do pôs to de Jaua ·· · relé ficar á, entre tanto , a libt•r dade de r esolv er cm definiti vo, estud ando mais a tenta ment e o assun to. A parti r do Assai -iyar apé, o l Taupés apres enta feiçã o comp letam ente diver sa: desap 3recc ram os grand es estirõ es; à placi dez das úgua s, suced em-s e contí nuas corre deira s e cacho eiras , entre as quais a Jaram in, a Pacu , a Tama nclzu i, a Tura no e a Tuczma ré, estas já em frent e à bôca do Qu('r ari. Ilhas diver sas se antep õem à torre nte, das quais , as mais notávei-s· são a Jaca mim, a Lour o-pur o, a :llani oca-p irera e ~ grup o em frent e ao Quer ari, que dilat a a largura do rio para mais de um quiló metro . Cont ornand o-o, depo is de fixar a foz do Quer ari e toma r o rumo com que pross eguiã o l'mzp és (SO) , salta mos na Tucu narf> -poço -capo ama, onde perno itamo s. Todo o aflor amen to que atrav nnca o leito do no neste trech o é de roch a graní tica. Em Mani oca-p irera , a mass a de gran ito apres enta um esfol eamc nto caracte rístic o notad o pelos indiü s que o defin iram com
U
-103-
.ü vcstimentas pam a f esta estão prontas •
.l!áscaras para dança. depois de prontcu.
-104
A primeira cachoeira do Querari. Sua largura. Seu rumo.
Regresso i. Jutica. Em franca atividade
os preparat ivos para as festas.
Da ('asca de matamatã preparam-se as ~aias ent forma de franjas.
Têm início as f est.ts com a dança de máscaras.
o nome dado à ilha (casca de nwndioc;:~). Desta ilha, visamos a foz do Qurrari (60 SO) e para o rumo do Uaupb (20 SO}. Na foz, o Querari tem HO metros de largura. Suas margens são firmes, o subsolo de granito . Subindo-o, rumo N., deparamos 100 metros adma, com a primeira cachoeira, a Piranhc~-cachoeira e Piranha-igarapé, à margem direita. Sua largura, aí, era de 100 metros. Suas ãguas são mais claras que as do Ccwpés. Prossegue rom rumo NO. Retrocedemos dês te po1~to fronteiriço com a Colômbia, na manhã de li, chegando na tarde do mesmo dia a Iutica. Encontramos os zwnanas em franca ath·idade nos preparativos para a festa. As máscaras recebiam as pinturas e os que as tinham prontas, desfiava~n a casca de "matamatá" para o preparo das franjas com que se confeccionam as saias. Outros entretinham-se no arr~mjo dos enfeites para a dança da "acangatura" e as "cunhãs" e as "cunhamucus" davam a última demão no preparo do "cachiri". O tuxaua nos comunicava, constantemente, a marcha dos preparativos. Concluídos êstes, foi marcada a festa para a manhã de 21. Às 9 horas, teve ela inicio, com a dança das máscaras. :\esta, só os homens e alguns "curmnis" toman1 parte . ::\letidos na vestim enta feita de entrecasca de "tururi" e casca de "matamatá" , l evando aquela a pintura e a mascar~ que representavam os bichos da floresta, marchm·am os índios e m uma só fila rumo à grande ma loca. Ao aproximarem-se desta, correram para ela, c, num ,·ozerio inferna], batiam os paus que empunhavam de encontro ao revestimento de palha da parede, penetrando, em sPgnida, no Yasto salão. A onça marchava .na frente e parecia ser o personagem mais importante. O sapo, o papagaio, a borboleta, o rouxinol, o aracu, o araripirá e o tapurn formavam-lhe o cortejo. :\ão consegui interpretar os detalhes dessa interessantíssima dança, · em que, ora os papagaios, ora as borboletas, marchavam solenemente, entoando cânticos alusivos às cenas que se desdobravam . O sapo, o rouxinol e os outros bichos revezavam-se nas danças e cânticos; mas, incontestàvel-
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Transport c dos
10:5-
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de tururi.
.() fndio Paulino. irmrín dn· tu:rm111 Felír:in mo.~fro.- nos como se retira a ent recasca de tururi , en{ileir rulc. s tw cluio os f uros ele tuntri.
-106-
Prepnrrrtitâ&#x20AC;˘os pura ns f estas.
Um grupo de curumis de Iutica.
-107;nente, o~ papagaios e as borboleta~ (2 a 2 ou 1 papagaio e 1 borboleta), eram as figuras que mais predominavam. A onça, de vez em quando, aparecia e fazia um estardalhaço interessante. :\os intervalos, grupos diversos divertiam-se com a dança do carriço, ; Jcgrando a assistência. Ela é assim chamada por que os rapazes, ao mesmo tempo que dançam, arrastando uma mulher, tocam a flauta de pan, composta de 4, 5 ou 6 carriços. .I;:stes são feitos de talos de bambu cujos comprimeptos variam de 6 a 20 centímetros, de gross ura de .0 a 2 centímetros. Os índios empunham a flauta com duas mãos e correndo o beiço pela escala dos carriças, consegue>m emitir desde os 111 ais graves, aos mais agudos sons. A música é pobre: só distingui d ois temas que se revezavam. Grupos de 3 ou 4. pares formando fila dançavam incessantemente · num canto dà m aloca ou no pátio; ou então, formavam roda e a d~nça passava a ter novo tema .
A dança chamada do carriço.
Os rapazes enfeitavam a fronte coli1 um diadema e os quadris com ramos de árvore, um espelho ou outro penderucalho qualquer. As mulheres vestiam somente saia, trazendo algmnas os braços e o busto <·om lindos desenhos feitos de "caiauru" ou urucum .
Como se apresentayam os rapaus e as mulheres. •
A assistência no interior da mal oca era grande: os homens sentados cm uma só fila à direita e as mulheres à sua frente, à esquerda. Xo centro, dançavam os grupos dos carriças. E o interessante é qu~ as mulheres é que escolhiam os seus pares, quer na dança dos carriças, quer na da "acangatara" .
A assis~ência...
Esta é mais solene. É uma festa guerreira, de um simbolismo impressionante. ?\ela tomam parte · lodos os índios e índias formando uma roda enorme. Os homens se paramentam todos: pintam o corpo todo de urucum, colocam na cabeça a "acangatara" (lindo diadema feio de penas de arara, de tucano e de outros pássaros); completam êsse ornato com "aigra itte" e pente feito de fibra de piaçaba; no pescoço, ]1cnduram o "itá", prêso a um colar de scme11tcs (quiquica); no busto - duas ou três voltas de dentes de onça ou de porco do mato - e chocalhos nos torno-
mulheres é que escolhem seu par,
As
A dança de "acan-
gatara".
Como se enfeitam os homens.
-·108-
Na c{icina de co11[ecçüo das
máscara.~
c índio Jligu el dirige o serviço.
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A dança dos índio's tujucas •
I
do
alto Ti?uié .
-109 Os taxauas empunham a lança e o escudo. As ·heres pintam todo o corpo e as que possuem tan....:: de missanggas, despem-se inteiramente . Formada rande roda, tem início a festa, entoando-se por " . _:to t~mpo uma espécie de ladainha em homenagem • "'caapi". A seguir, começa propriamente a dança. :orla é agora uma cadeia, em que uma mulher fka _.rc dois homens. Lentamente oscila a cadeia para jjrcita, para a esquerda. para frente, para a reta::rda, sob cânticos guerreiros que empolgam .os as"JS .
Os chefes empu-• nham a lança e o escudo• A ladainha em
hom~
nagem ao "Caapl".
.s~cntes.
De quando em quando, uma mulher - que per- .:nece no centro da roda - caminha soltando ·um _-.lo estridente e lúgubre que perdura de 30 a 40 se_.,dos .
:
E entre a dança do carriço e a da "acangatara". de:OJrreram os festejos durante tôda a noite dêsse dia. ·r111inando às 9 horas da manhã seguinte . Foram _t horas seguidas de dança que escoaram d entro da - aior ordem e . alegria. Durante a festa, os· índios
A festa prolongou-se
por tõda a noite. Reinou ordem c respeito absolutos.
.-i ·entrecasca de tururi acaba de receber a pintura para a vestimenta .
-110servem-se exclusivamen te do .. cachiri"; n,enhum outro alimento! Grupo de três ou quatro rapazes encarrega-se de correr o salão, oferecendo a famosa bebida. -<:orno é ser.-ido o Em um grande .. cachiri" que presenciei em 1927, .,cachiri". na maloca do José Maluco, no rio Branco, entre índios uapb:anas e macu:ris, a apreciada bebida era servida por uma menina acompanhad a de uma · velha. Esta parava em frente ao convid ado e dançava, cantando uma ária especial, no fim da qual a menina oferecia a saborosa bebida. Entre os zum a nas, o grupo de rapazes correndo a um de fun do paJ?ava bruscamente em frente ao conviva e oferecia a cuia de .. cachiri". Quando corriam, martelavam uma palavra qualquer em sua língua, que parecia exprimir bababababab abá . "' Pela manhã, alguns índios estavam vish·elmen!e alcoolizados, mas, apesar disso, observamos o max1mo r espeito c ordem absoluta. Festa igual entre civilizados a quantos incidentes não daria lugar?! O resto do dia consideramo s inteiramente perdido, destinado - como era natural - ao repouso dos índios. Convém deixar consignado que a dança das máscaras e a da "acangatara" só se realizam cm condições excepcionais quando morre um tuxaua, por exemplo . Realizaram-s e, porém, em homenagem à expedição, Nosso operador a nosso pedido . Kosso operador José Louro filmou filmou a s danças. as danças. Como havia prometido aos índios, adquiri qua~e todas as máscaras e alguns exemplares dos a rtefatos e enfei.tes. Toda a manhã de 22 foi consumida .As máscaras e os enneste serviço. O nosso .. s tock" de mercadorias e ferfeites loraJn adiquiridos p:1ra o ramentns foi insuficiente para pagar a aquisição dêsses l\Iuscu Nacional. artigos e outras dh·idas de que ainda eram credores os uananas. Como tínhamos de oc-.upá-los para guarnecer nosso batelão na descida do Uaupés, combinei com o tuxaua pagar-lhes· o resto das dívidas em Jaua.Prosseg uindo no ler eté-cachoeira com as m ercadorias que lá mandara vantamento do U:1upés. depositar, previamente . Às 11 horas, retomamos o l evantamento do rio, descendo no batelão do Serviço de Proteção aos índios. Sua capacidade permitiu que levássemõs de uma só vez tôda a nossa carga, a bagagel)l ·e o pessoal
da turma.
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-111 0 primeir o degrau que encontr amos foi a Jacaré.~ch o eira, 8 quilàm etros abaixo de Iutica. O rio neste. --cho tem a l argura m édia de 350 m etros, margen s ::-mes, vegetaç ão exubera nte. A ca choeira , que é form ada por dois travessõ es ,_p:.~rados pela Jacaré- cachoei ra, tem cêrca de dois -ctros de desníve l. O travessã o que vai ter à mar.m direita tem 200 metr os e o outro cêrca de 300. rumo do póm eiro é 65 SE. A passagem se faz --ela margem direita. Os p assageir os servem- se de ~rn varadou ro C.e 180 m etros e a embarc ação é ar::-Jstad a, a ;6 caga, sôbre as laj es que beiram esta da ::1argem. Contorn ando a g rande enseada à jusante des, 3 chocira , o que dilata demasi ado o p ereurso , asonde a :_ordamo -la, alcança ndo a m argem esquerd ·nla a m oloca que tem o nome da cach oeira. Ali !;z.cm os ligeira visita ao tuxaua e a sua família , que ::aviam tom ado parte nas festas de lutica. P:rosseguindo, atingim os - 6 quilôme tros abaixo _ a 1'apiira -iurau-c achoeir a, de que j á tính amos conhc·cime nto por informa ções do Sr. Curt . P ara transpô-la, o Sr. Curt. gastou uma semana , tendo arraslado com g rande dificuld ade sua ubá por um varadouro de m a is de 1 quilôm etro. F elizmen te para nós, na época em que ' 'iajamo s, o rio tinha m ais á gua e nosso barco pôde descer p elo fio da corrent e?a, h àbilmcnte tripulad o por peritos e valente s uanana s. Kcs te p ercurso, há um trecho em que os degraus se sucedem , saltand o os barcos pelo tombo das cachoeira s. A passagem é b astante _p erigos a. Com a prudência que os car acteriza , os índios lançara m o batelão, d epois de se certific arem que havia água suficien te p ara protegê -lo em sua queda . :Na varação, desp endem os uma hora e 10 minuto s. A carga mais pesada foi transpo rtada sôbre a pedrari a que entulha va o no numa extensã o de 200 m etros. Contorn ando, como em Jacaré, a enseada à j:Isante da ca choeira , chegam os ao p ôrto de Matapi- cachoeira, à margem esquerd a, às 16 e 10. :tste último
Jacaré-cachoeira.
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A
Ta.piira~iúrau
-cachoeir.L.
O Tuchaua Gomes, a quem nomeamos capitão dos nananas do médio 'Qaupés.
lhe entreguei a Patente que, solenemente, o investia do alto cargo de Capitão dos uananas, - na presença do Capitão Felício e dos membros da expedição - o tuxaua d eixou transparecer na sua fisionomia austera e enérgica a satisfação iniima de ser o esco-
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O tuxaua Gomes, Capitão dos uananas, de Caruru- cachoeira (rio Uaupés) •
lhido para o alto comando de sua tribo. Parecia compenetrado da responsabilid ade de suas árduas funções! A meu p edido, os nossos intérpretes exvlicaram ao novo Capitão e aos índios o · que se continha na referida Patente. Junto-a, por cópia.
-1 15 Auto rizad o pelo Dr. Ben to Lem os, Insp etor do Serv iço de Prot eção aos 1ndi os no Esta do do Ama zonas e Terr itóri o do Acre , nom eio Cap itão dos uana nas do rio Uau pés ou Caiari, com sede em Caru ru-c acho(.ira e junt o aos índi os uana nas das malo cas de
Pma ri-ig arap é, Iand u-ca choe ira, Arar a-ca choe ira, Taia çu-c acho cira e Peri quito -cac hoei ra o tuxa ua :\!an ue! Gom es, de Caru ru-c acho eira , com petin do-l he prot eger
e amp arar todo s os índi os mor ador es n essa regi ão, fisca lizar as trans ac;õ es entr e os mesmos índi os e os civil izad os - naci onai s ou estra ngei ros - e reso lver qual quer dúvi da que surg ir entr e os mes mos .
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Tôd as as p esso as às quai~ for mos trad a esta Cart a-Pa tente ou dela vier em a ter conh ecim ento deverã o resp eitar as orde ns e reco men daçõ es dada s pelo Cap itão Gom es e pres tar-l he tôda a ajud a e coop erac;ã _o, asse gura ndo aos mes mos índi os a poss e das terra s que habi tam e a hon ra e integ rida de de suas fam ilias .
Caru ru-c acho eira , 22 de nove mbr o de 1928 . Maj or Boa nerg es Lop es de Sou sa. Os uana nas fica ram , assim , com dois chef es: o Cap itão Felic io, na regi ão .de Mat api a Tara cuá sede em Iuiic a; o Cap itão Gom es, na de Iuac ura- igarapé -lan du, - sede em Caruru:-cachoeira. O próp rio Cap itão Feli cio reco nhec ia a nece ssid ade da nom eação de um Cap itão pa:a a regi ão de Car uru. Con ta o povo ado 46 pess oas. Gen te sadi a, boni ta e robu sta que os noss os fotó graf os fixa ram em boas chap as.
Iand u-ca choe ira, no extr emo do -Yar~'\.dQ uro que liga a Caru ru, cont a duas malo cas dista ntes 300 metr os
uma da outr a. Xela s, anot amo s 23 pess oas. A~ termin a a regi ão dos uana nas, surg indo os !aria nos e os pira-tap uios . Em prim eiro luga r a Pan apan a-ig arap é com 14 alma s entr e taria nos, pira -tap uios e tuca nos; a segu ir - luac aua - e m fren te a Vira -mir i-iga rapé s, com 26 índi os - taria nos e tuca nos ; - Mag uari, com 5 pira -tap uios ; irai- igar apé, com 6 taria nos; Mira pire ra - com 1 malo ca e um barr acão em cons truç ão - 10
O capitã o Felicl o. .
Em I:a.nd u-cach oelra termi na a região dos Uanan as. ·
116O povoado Umui-cachoeira e a
sua
artística m.al oca.
tarianos; Umari-cachoeira, um dos mais bonitos sítios do Uaupés. Nêle, se destaca uma grande maloca cuja frente é or~amentada com pintura a óleo. No interior, duas elegantes colunas apresentam todos o.s motivos que os uananas traduzem na sua cerâmica e
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Um belo- tipo de uanana, ornado com o "panapaná"
nos artefatos . São lindos e originais desenhos que os. Drs. Felipe e Glycon fixaram cm suas películas. Conta o povoado com mais 4 casas e 2 grandes barracões construídos de madeira de lei. A ordem e o asseio
-117-
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dominam em tôda parte. Fomos, porém, recebidos com desc~nfiança pelos moradore~ do sítio.' Mostrar am-se retraídos e só com muita insistência conseguimos apurar quantos eram - 38. Ficaram com mêdo dos nossos soldados, receiando, talvez, que nós quiséssemos arrebatar-lhe s alguns rapaz.es... São farianos e uçá-tapuios. Adi:mte, um bom sítio r ecebe o nome de Curuaua-ponta, com 13 tarianos e em frente, à margem colom,........_ biana, Anuiá-ponta , uma barraca em que moram "oito la.-ianos . .__..---.
Curuaua-ponta é um si ti o i m..a.r:-e:rn colombian.a.
Já no estirão em que se alcança Jaureté, sítios diversos atestam a prosperidade dos tarianos: Piripíri, Turumão-iga rapé, Acangatara-p onta, ;uacucu-r.apoama, Samambaia-p onta, lrauaçu-pont a (em frente ao Pôsto aduaneiro colombiano) e Cuizí-Cuiú (em frente ao Pôs to brasileiro do Serviço de Proteção aos índios) . Neste último povoado, os Padres Salesianos estão instalando a Missão Indígena São Miguel. ~ ~ a g rande .J)l..al,Qca e. em _sua suhstituicão. ~stã..o -sendo levantadas seis boas ca~ um igreja ••
Todo o estirão que Yae ter a Jananú! é poyoado por ta-
A posição é magnifica: domina os dois grandes -es\irões do Uaupés e a bôca do Papori. Nosso fotó~rafo filmou o respectivo panorama.
Sua mar;nifica posi• ção d omi.n..a.nte:
_____
);"a margem colombiana - entre a foz d<;> Querari a do Papori - notamos somente o sitio Anuiaruca ou Anuiá-ponta, de tarianos. Entretanto, pela esta1istica fornecida pelo Sr. Curt, os sítios à margem col ombiana eram em-nú>-trero de seis, a saber:
rianos.
A
Missão indir;e n.a de S. l\tigueL
~
P eriquito-cachoeira- uananns e pira- tnpuios .. Frrwra-igarapé - tarianos e juruparis ...•..... .Seri.nga-igarap é - uananas . .- . .............. . . Pn.ranapaná-ig arapé ttçás.-tapuios ... ...... . C"mari- igarapé - pi-ra-tapzâos .. . . . .......... . .4.nuia-ruca - tarianos .............. ...... .. .
Total •... . .......... .. .. . ... ...
10
pe~soas
iO
8
8
"
11
i2 60 pP.ssoas
Os meus guias não me deram notícia dos cinco primeiros dêstes poyoados.
Mais S núcleos lndJ• genas foram assiru· lados na mar~:em colombiana.
Chegada a Jauareté ~ foz do P.:~.porl.
Às 18 horas de 25, atingimos a Jauareté.:cachoeira. a famosa cachoeira que dá o nome à região da foz do Papoâ- o centro mais populoso do Uaupés A ':aração da cachoeira se faz pela margem direita. ~ Il,!_Os no_p.ôr..t.o_QQ__p.ôsio~aduaneiro colombiano . As alltoridades a duaneiras vieram a o n.~o encontrQ. tendo à._ ~-fr~e_o-r~..e.cf 'O rul!n.in-isb::ru;!QI:,-Do-11--AJ.u:el~~eu ajudwt~ ~Carl~. Aliviado dos volumes mais pesaàos que foram transportado s por terra pelos tripulantes, foi o batelão arrastado e conduzido para o pôrto a jusante de cachoeira - enquanto os expedicionários subiam a colina de 25 m etros de altura em que está assente a aduana colombiana, donde prosseguiram, por um bom caminho, p ara o pôrto de embarque onde aguardaram o batelão. As autoridades colombianas apresentaram -nos cumprimento s de boas vindas e acompanhara m-nos gentilmente no percurso que fiz emos pela m argem colombiana. O desnível da cachoeira tem cêrca de 2 metros, subdividido em três degraus. Com pouca água, pode-se transpô-la pela margem brasileira, mas, quando o rio está em suas n1aiores enchentes como na ocasião em que operávamos, a passagem se faz pela margem direita.
-
A Taração da emb:u--
cação e o desembarque dos passat:eiros são feitos p ela m argem colombiana.
118-
--
Atravessando a bôca do Papori, desembarcam os no pôrto do P ôsto do Serviço de Proteção aos índios. instalado no pontal formado por êste rio e o Uaupés - sôbre o barranço de 18 m etros de altura. Fica em frente ao pôsto colombiano - êste à m argem esquerda do rio Papori e o outro à margem direita. · O põsto colombiano domina tõda a região do Jauareté-ca--
choelu.
Como es tá instalado o pósto do Ser..-lço de Proteção aos 1ndioli.
O povoado indi~:ena de Janareté.
O pôsto do Serviço de Proteção aos índios está instalado em boa casa assobrabada, assoalhada de paxiúba, cobertura de palha e está dh·idida em seis compartimentos. No pavimento superior reside o encarregado do pôsto e sua família. K este pavimento, também estão o depósito e o escritório. Alojamo-nos na s duas salas da frente, a convite do Sr. Arruda Cabral~ operoso e dedicado encarrega dó do pôs to. O povoado indígena dos tarianos compõe-se de 4 ma]ocas e 22 casas de taipa, distribuídas em dois grupos em que o Xibui-igarap é é a linha divisória.
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119 --
Povoação indígena de Taracuá, 1·io Uaupés.
--
- -- =-. -·-
~
- -- ~-
..
:~~..;-__--:_ ~~ ---~
Povoação Jutica, de índios uananas, rio Uaupés.
120os tuxauas, capltãec Leopoldino e Nicolau.
c ont.L o poYoado 1::8 almas.
Despacham os a 26. os nossos b ons tripulantes de Iutica.
A nossa correspondência estava encalhada em J a uareté.
VIsita à. Aduana colombiana ..
O primeir o, que é maior, obedece ao comand o do Capitão Leopol dina e o segundo ao do Capitão Nicol au. Aquêle é mais afeiçoa do ao Pôs to do Serviço de Proteçã o aos índios e é por seu intermé dio que o senhor Cabral contrat a os tripulan tes e os prá ticos para as embarc ações e com quem se entende a respeito de todo e qualqu er seniço . É um chefe ath·o, enérgic o e bas tante ciYiliza do. É bem grande a área cultivad a pelos índios do pôsto. l 1ma al éia de banane iras e farto canavia l se estende cêrca de 700 metros ao longo da es trada que liga os doi~ grupos do povoad o. A roça de mandio ca é bem grande e há abundâ ncia de legumes. K ossa estatísti ca acusou 138 índios entre homens , mulhere s e criança s e quatro civiliza dos, constitu ídos pelo encarre gado do pôsto ·c sua família . O dia seguint e foi de~tinado ao pagame nto dos tripulan tes de lutica e às inúmer as visitas dos nossos parente s de laurel é. Todos os índios da Região nos visitara m, muitos dos quais nos oferece ram galinha s, abacaxi s, carás e banana s em troca de mercad orias de que n ecessita vam. A maior procura é de saias. A oferta é de uma galinha por um metro de fazenda cretone , de preferê ncia o encarna do, côres vistosas , ou então o azulão ou mesmo o lona ou o mescla de mais uso para os trabalh os de roça. 1\Ias, nas transações - sempre aparece m uns espertos , como entre os civiliza dos, que cobram em duplica ta ou que reclamam pagame nto que absolut amente não corresponde à oferta. Em Jauaret é, tivemos a satisfaç ão de ler a nossa corresp ondênc ia· e os jornais do Rio que ali esrá'\·· u.-·n·· a nossa espera. Median te prévio aviso, fizemos , a 27, U.l}!_a ·visita oficiaL ª-9 pôsto~lombiano: t rês casas de sopapo. amplas , articula das em madeir a de lei, · piso de chão batido e cobertu ra de palha e dois ranchos para pouso de índios e empreg ados. tJma das casas serve de residên cia e escritór io do cncarreg~do da aduana , outra de depósit o de mercad orias em trânsito (balata) . e a terceira é a morada de Don Carlos e Senhor a. Afora êsses dois funcion ários, vimos dois empreg ados (piões) e dois policiai s. Tôda a bala ta que
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Jlissii:CJ Salesiana ~" To ruc!IÓ. Parilluío dos meninos, rio Ut?-upél.
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Missão '""'n1rsimla de Taracuá, seção f eminina . :
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Como se faz a cobrança do irnpõsto - A quota que reverte ao adminis-
trador.
A saudação que fize-
mos à nação irmã e o apêlo que tive ensej o de lhe diri~:ir.
O administrador mandara vir, prêviamente, champanhe para obse'!uiarnos.
recomenrlação relati"ra a transações entre ci'rilizad~s e índios.
A
A
intervençã.-
do
enC'arregado do põs-
to do Serviço de Proteção aos 1ndios.
Despachamos , a 28, nosso batelão para São Gabriel.
d esce pelo Vaupé.-; e Papori é proced en te da Colômbia. A aduana cobra em espécie 10.0 7o da mercadoria . A bnlata proveniente desta cobrança é vendida ou despachada diretamente pelo administrador da aduana que retira para o Estado 85ú correspondentes ao impõsto de e xportação, ficando com os 2 % restantes, a título de comissão . A mercadoria é embarcada pnra Santa I sabel e ali bald eada para a chata da "Amazon Ri\' er" que a tra nsporta p a ra Manmzs . F.m vi sita que fizemos ao pôsto colombiano, l)audaJlli)s ....a ~~~presenta.Q_a pela s _al}forid.ade.s.__d.as duas renúblicas y jzinhas. c ;i..as_antecedéotes his tó ·~--' cos _sempre fo~de. _h a.rm_onia e est.ii.Da _iratern.a}. Aproveitei o e nsejo para fazer um apêlo às autoridad es colombianas em prol de nossos índios, continuam ente viol entados e m a rtirizados p elos ave ntureiros que exploram a balata no rincão colombiano, quer sejam brasileir os, venezuelanos ou colombianos. Sugeri a idéia de ser criada pela Colômbia um Serviço d e Proteção aos índios: análogo ao serviço f ederal brasileiro. Em rápidas palavras expliquei às autoridad E-s colombianas em que consistia esta proteção e recomendei que tôda e qualquer transação ou serviço entre civiliza dos e indios fôsse f eita exclusivamente por intermédio do encarregado do Pôsto d e· Serviço d e Proteção aos índios, de acôrdo com as l ~is brasileil·as. Aliás, er.a n ecessário que nossos vizinhos se compenetrassem disto para eYitar desinteligências que poderiam d egenerar em conflitos. Porque, mais de uma vez, · o encarrega do do pôsto brasileiro teve de intervir em favor dos nossos indios an ulando transacões ou . d e tendo embarcacões e m erc~ dorias, em ga;·antia <.le salários a tripuÍa ntes, s-;;-j~~dicionados .
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X a· manhã d e 28, organizamos n ossa expedição ao rio Papori d e que d a mos notícia à parte - e despachamos n osso batelão para São Gabriel, tripulando-o com índios d e J auareté. ~assas
mercadorias esta•·am escasseando e cumpria-nos aligeirar nossas expedições aos rios Papori e Tiquié.
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J.iu;são salesiana de Taracuá (1·io l7aupés) .
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Com o Dr. Glycon, que tinha ainda serviços n executar no baixo rio Negro, fiz seguir o operador cinematográ fico José Louro que estava adoentado e dispunha de pouco material (menos de 200 melros de negativo) - recomenda ndo-lhe que filmasse a famosa cachoeira lpanoré, a Missão Indígena de Taracuá ~ os assuntos mais interessan tes que deparasse;: no trajeto até a foz do Uaupés.
Nêle, St'guiram o geólogo, Dr. Glycon. o operador cinematográfico e 4 praças.
A EXPEDIÇÃO AO PAPORI
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Foi orga niza da com elem ento s forn ecid os pelo Sr. Arr uda Cab ral, enca rreg ado do pôst o do Serv iço de Prot eção aos índi os, e Cap itão Leo pold ina, chef e dos i aria nos: dua s ubá s e uma mon tari a, trip ulad as por 11 índi os, incl usiv e o pilô to Raim und o, irmã o do Cap itão Leo pold ino. Ka ubá mai or, d estin ada ao serv iço de leva ntamen to, me abol etei com o Dr. Tou rinh o. Foi gua rnecida por qua tro rem os, excl usiv e o pilô to. Na mon tari a, segu iram o Dr. F~lipe, os noss o baga geir os e qua tro índi os e na ubá men or, dest inad a ao serv iço de cozi nha, o resp ecti vo cozi nhe iro e dois indi us. Nos sas carg as e baga gens fora m dist ribu ídas prop orporc iona lme nte à capa cida de das emb arca ções . De ranc ho, disp únh amo s sàm ente de seis caix otes (gên eros para seis dias ) . Tính amo s, poré m, açúc ar, café , fari nha e sal a mai s, de mod o que, junt o aos recu rsos loca is, nos arra njar íam os perf eita men te. • O Pap ori corr e todo· sôbr e um leito de gran ito, com aflo ram ento s em seu mai or curs o. Log o de entrad a, peri gosa · cach oeir a barr a-no s a pass agem atirand o suas vaga s de enco ntro às águ as cris pad as da Jaua reté-crzch_oeira . Sua larg ura, aí, é de 250 met ros, dire ção do Poe nte. A prim eira cach oeir a tem o nom e de And irá. Par a desb ordá -la, pass amo s pela mar gem esqu erd a, salt and o mai s uma vez, pela orla colo mbian a. O estir ão que se segu e é todo um só grup o de que And irá faz part e: Ucu cuí, Tuiu caq uara e Uaiapic á, con stitu indo deg raus dive rsos . A larg ura reduz- se logo a 150 me! ros, dila tand o-se em Tuiucaquara_ para 220. Ilho tas dive rsas e ped ras pelo mei o do rio reco rtam os cana is dan do luga r a inúm eras corr edei ras até alca nçar -se a Japu rá-c apo ama , uma gran de
Como · !ol orran l· :zada a exped içio.
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prime iro
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de ·c:acb odru..
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A Jamã ou Suaçucachoeira.
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Saulá-Cac hoeira.
A formidável Uaracapá-cacho eira.
T .<tcira-tcn1:u ta e A..acira-cac hoelr:... Termina ai a região dos tarlanas, surgindo os tucanos e os seus parentes pira-tapui os.
O aspecto do rio nesse trecho.
ilha com um bom sitio de lariano s 19 pessoas . Aí pousam os, tendo vencido menos de três qurlôme tros nessa tarde! Prosseg uindo na manhã de 29, deparamo.>, dois quilôme tros acima, com a Suaçu ou Jamã ' 'eado) -caclzoe ira. i\ossa ubá não resistiu às ondas dos rápidos , alagar:d o-se fàcilme n le; onde havia uma cachoei ra, era preciso que se saltasse , recorren do-se à marcha por terra. Foi o que fizemos ao chegar a Suaçu. Tomam os o varadou ro pela margem dir~ita e nêle prosseg uimos cêrca de 2.000 metros, d esborda ndo a SuaçLZ, como a Uaraca pá. O varadou ro vai sair a montan te de Taeira-cac hoeira, no pôrto da maloca do m esmo nome. Assim remont amos de uma só vez 4 cachoei ras, mas, no regresso , tendo trocado , em São Gabriel, com o Capitão Cândido , nossa ubá por uma excelen te montaria, descem os pelo tombo dessa cachoei ra .• Tivemos, então, oportun idade de conhecê -las. A Suaçu e a Sauiá, têm vários degraus e tombos ; ilhotas e pedras por tôda parte dão origem a canais diversos , dilatando o rio em largura superior a 500 metros. Mas, a mais importa nte dentre elas é a Uracaná que tem mais ou menos 1 quilômetro de extensã o e vários degraus , sendo que o segundo tem 2 metros de altura . A montar ia foi arrasta da sôbre formidá veis blocos de granito, de uma altura de 4 metr:os . Inúmeras ilhotas e pedras cobrem o leito do rio multipl icando os canais em rumos diverso s, o que dilata a largura do rio par·a além de 500 metros, reduzjn do-o mais adiante , ao transpo r novo degrau. Em Sauiá, (marge m direita) há uma maloca cujo tuxaua chama-se Idalino . Tem 21 pessoas , iariana s. Na de Taeira, moram 19 pessoas , ctrnin'ando-se Pedro, o tuxaua. Termin a, aí, a região dos tarzana s surgind o os tucc:.nos e os pira-tap uios . O rio, acima de Tacira, deslisa sôbre um terr~ço até o Pircpoc u-igara pé, cêrca de 26 quilôme tros, apresen tando vários estírões de mais de quilôme tro. Sua largura média neste trecho é de 120 metros, margen s, em geral, firmes . Sua ve... locid a<.le eslava acrescid a pelo volume extraor dinário das águas em conseqü ência <.las últimas chuvas .
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Entre os acidentes mais importante s neste trecho, observamo s: Manioca-p irera-ponl a grande e bonita maloca na margem colombian a, maior do que a de A.pui-cachoeira, no rio Aiari. Tem 28"·,20X20:n,10X8m20. Está colocada em terreno firme, sôbre b ela esplanada . O tuxaua Miguel, sua mulher e duas crianças achavam-se em r etiro na mata por estarem atacados de catarro. Os índios têm muito mêdo da gripe que lhes ceifa muitas vidas, sobretudo entre as crianças; e, quando alguém aparece com esta doença, por falta ele outro recurso, isolam-se no mato para não contamin :::r os outros . Conta a 1naloca com 22 p essoas, das quais 5 •homens, 8 mulheres, 4 rapazes e 5 crianças. Os homens são pira-lapui os e as mulheres - tucanas. As mulheres são de Santa Luzia e protestaram indig- \ ( nadas contra a ocupação da margem esquerda por ~ parte dos colombian os. Disseram, exaltados, que eram ) brasileiras . Talá-Pont a é uma pequena maloca à margem A maloca Tatá.-ponta re..-ela muito gôsto e brasileira concluída havia pouco t empo, otimamen tc arte d os tucanos. construída , de acabamen to p erfeito 2 cujo r emate revela muito gôsto e arte por parte dos tucanos. Foi a maloca mais bem feita que encontram os em tôda a região . O jovem tuxaua José Quintino, que se diz . tucano-mi ra, me informou que o velho tuxaua morrera tendo fundado ês te novo sitio. A maloca tem 15,60 X 14. José Quintino mora com mais três irmãos. Um d êles é solteiro. Yi na maloca, em preparo, umas " maquiras" e uns balaios . Ao tuxaua encomend ei para a m inha descida uns halaiozinh os pinta dos e uma p eneira original em que as mnlhas lembram as de palhinha de cadeira. No meu regresso, não o encontrei . na maloca, mas, um dos seus irmãos entregou-m e três dos baiaios e a peneira. Ofereci um dêles ao Dr. Luetzelbou rg, por ter Os artefactos para ~ Musen. dois exemplare s iguais . Infelizmen te, os balaiozinh os desaparec eram ainda em viagem e o nosso l\Iuseu ficou privado dessas interessan tes amostras. Em Talá-ponta , pousamos na noite de 29. Xa manhã de Povoaçáô Santa Ln %ia. 30, paramos em Santa Luzia, povoado à margem brasileira, com 41 pessoas.
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A Missão Salesiarua val estabe!e(:er, a.í, a sua bas'e de operaç ões do Paporí.
Do Turi-lgar.apé sai urn t".aradou ro para o :riqmé.
MalO('_as de deçana!:.
Pirapocu-lgara~.
Rocomeçam as cachoeiras com os afloramentos graníticos.
São tucanos ( 1 ) - Santa Luzia é um povoado em decadência. Yimos uma grande maloca do tuxaua Pedro com í homens, 7 mulheres e 9 crianças, uma outra pequena com 5 pessoas e 3 casas de sopapos, tôdas mal conservadas. Nota-se que o povoado é antigo pelas capoeiras da cercania. O povoado vai reanimar-se com o apôio da Missão Salesiana que pretende aí estabelecer a sua primeira base de op erações do Papori. Mil e trezentos metros acima, à m esma margem, desemboca o Turi-igarap:J, que, ai, t em 30 metros de largura . O igarapé é francamente navegável e po-voado por f.!:!_canos e d eçanas; tem 4 sítios - cêrca de 60 almas . Com meio diá de viagem pelo 'igarapé, chega-se a um varadouro que vai sair pouco acima de Floresta, bonito povoado do Tiquié. Qs salesianos pretendem alargá-lo, transformando-o em boa estrada. É um dia de marcha bem puxada, disse-nos o Padre João l\Iarchesi, o ~bnegado apóstolo de Taracuá, no Uaupés. Ko meio do varadouro, há t:ma grande maloca de deçanas e outras casas .
l\o Japiin-igarapé, pouco abaixo de Santa I.uzia. há, bem para o centro, depois de cinco dias de via.: gem, outra grande maloca de deçanas do tuxaua 1\Iandu que encontramos em Tacira-fendaua, descendo o Papori. Com êle viaj avam 6 belos rapazes. Informou-me que no sítio haviam ficado 3 mulh eres e 5 crianças. ·Conduziam na "igarité" farinha, t apioca e milho pa_ra negociarem em Jauareté, em troca de fazenda e sal. Em Pirapocu-igarapé (margem colombiana) há um sitio de pira-tapuios. Pouco acima dêste igarapé recomeçam, em Jararaca-cachoeira, os afloramentos graníticos, aumentando a corren te. Mais adiante- Iapiin-cachoeira e, a seguir, Mumtinga-ponta , povoado à margciJl colombiana, em decadência. Das 6 casas, aliás de boa aparência, só u~a
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Quando dizemos tucanos, ou tarianos, etc., queremos nos referir à tribo a que pertencem os homens porque, como Já fizemos sentir, os índios não se casam com parentes . As mulhere.s pertencem, portanto a outras tr·i bos. (1)
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-131 estava habita da pelo tuxaua Miguel e sua família 14 pessoa s. Os morad ores das casas abando nadas mudaram -se - uns para o Pirapo cu-igar apé, outros para o alto Papor i. Das mulhe res, uma era i ariana e três t ucanas . Os homen s são pira-fa puios. Ko A caiú-ig arapé, pouco abaixo de Muruti nga, há, também , uma maloca de pira-la puios. Nosso pouso de 30 de novem bro foi em Puraqu iquara -cacho eira, mal oca à marge m direita . Não encont ramos os moradore s. Na jornad a de 1 de dezem bro, param os, de manhã , · em Macaca-cacho eira, saltand o na marge m esquer da, onde tomam os um varado uro que nos conduz iu à monta nte de Pirami ri-cacl zocira. O caminh o tem 1.130 metros , sendo encach oeirad o todo o percur so ào rio. Na descid a, passam os por êle. Uacaca -cacho eira tem uma barrac a à marge m brasileira com 3 homen s, 3 n1Ulfleres e 3 criança s (piratapuio s) e uma outra à marge m colomb iana, com 3 pessoas. 1\lais para cima - 300 metros ainda n esta margem há quatro casas, das quais uma está abando nada. Perten cia ao filho do ·velho José, que, não se confor mando em seguir com uma turma de colomb ianos que ali aparta ra, foi por êles surrad o com chicote de baIata (que o velho me ofertou ), tendo fugido para Jacitara, no baixo Uaupé s, onde .reside . Kas outras moram o velho José, de mais de 80 anos, &ua mulhe r e sete pessoa s, todos pira-ta puios. Com uma hora de viagem acima de Pirami ri-cach oeira, alcanç amos o bonito povoad o São Gabrie l, à marge m brasile ira, de piratapuia .<;, do tuxaua. Capitã o · Cândid o. C ma grande -rfi"ã'i.ntn, em que mora o tuxaua , e seis casas avaran dadas, com puxado s . aos fundos e alinha das com frente para o rio. Lindas popun heiras ~ um renque de lara~ jeiras dão aspecto progre ssista ao povoad o. Rec.enseamo s 54 pessoa s . O Capitã o Cândid o é um dos mais belos tipos de tuxaua que encont ramos. Homem bonito, fisiono mia franca , enérgic o, nltivo. Não fala portug uês. Pelo nosso intérpr ete, soubem os que êle fiz~ra, há anos, uma viagem com um doutor inglês,
O primeiro povoado
à margem
colomb~
na est.á em deatdênc.IL
Aca!u-!ga rapé. O pouso de 30 de novembro .
Macaca e Plramirlcachoeira s estão ligadas por um
varadour o.
Uacaca-co choelra..
S. Gabrid, bonito povoado de Pira·tapuios à mar,ent brasileira .
O tuxana Capi~o Cândido.
-13 2 _. passa ndo das cabec eiras do Tiqui é para o Apap óris, donde foi ter a .Mana us. Uacará-<apoa..u:;:a..
Das cabecei ras do 1\lacu-ig -arapé se p;u;sa por um \"aradou ro, para o Uaupes (Iutica) .
O l\tacu-ig -arapé e suas cabecei ras são muito po"rcada s.
A maloca Ta.ta-iu itera.
Os afluent es no trecho UacaraTatu.
S. Paulo de Boiacuara.
E;m frente ao povoa do fica a Uacará-cap oama . nome antig o do · lugar . Por influê ncia dos padre s, os nome s indíg enas vão sendo subst ituído s pelos de san.,. tos: Santa Luzia , São Gabri el, São Paulo ... Atrás de C:acar á, na marg em esque rda, desem boca o Macu -igara pé, de cuj as cabec eiras se passa , por um varad ouro, para Iulica , no r; aupés . São três dias de ubá no igara pé e um dia pelo varad ouro. Ko igara pé, há três malo cas de pira-l apuio s com os nome s de Micura-caclzoeira, Boiar uca e Assaí-igarapé, e cinco malo cas de deçanas, es tas já . no alto Macu e no camin ho que vai para Iulica (150 pesso as, mais ou meno s) . Da antig a Uacará, decor ridas duas horas , apart amos à grand e malo ca Tatu- iuiter a, à marg em brasi Ieira. K este trech o, o rio• retom a águas calma s e longo s estirõ es; mant ém a largu ra médi a de 100 metro s e receb e diver sos aflue ntes, a sau{·r : Piram iri-ig arapé , à marg em direit a; Curur u-iga rapé, també m à margem direit a; Mara canã- igara pé, idem ; Cipó-igara pé, nas duas marg ens; Tucu naré- igara pé, à marg em direita; Jabot i-igar apé, à marg em direit a; Guac u-iga rapé, à marg em esque rda e Tatui -igara pé, també m à marg em esque rda. Os índio s de Tatu- iuiter a també m são pira- lapui os. O tuxau a cham a-se Cl emen te e tem três filhos iwme ns mora ndo em São Gabri el (Mac ará). Depo is de remo ntarm os o peque no degra u Snaçu -cach oeira , atingi mos, com 1 hora e 20 minu tos de march a, o antig o povo ado à marg em brasil eira uâr7'---· riram ba hoje São Paulo de Boiac uara. Como Uacará, apres enta agrad ável aspec to, uma maloc a mais para o fundo e, na frente , acom panha ndo o barra nco, quatro boas casas . Bonit o terren o, renqu e de popun heiras, colôn ias de banan eiras e algum as laran jeiras . O tuxau a Capit ão Agos tinho é muito conve rsado e gaba- se de falar o portu guês. Kossa estatí stica acuso u 51 pesso<1s sendo 14 home ns, 12 mulhe !"es, 2 rapaz es e 23 crianç~.
-13 3Havi a festa dura nte a noite no povo ado dos pira-lapu ios. O Capi tão estav a um pouc o alegr e e nos entrete ve com sua prosa inter essan te. Pouc o acim a de São Paul o, fica o Babu ru-ig arap é, à marg em colom biana , onde há duas malo cas de deçana s.
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Infle tindo para o Sul, o rio passa a corre r sôbre l eito todo movi ment ado: em prim eiro lugar a Andorin ha-ca cho eira, que é remo ntada pela m argem esquer da, no prim eiro d egrau , volta ndo o cana l p~ra u meio do rio a· fim de trans por o segun do tomb o entre duas ilhas - despo ntand o pela direi ta uma terceira ilha. Já no rumo 40 SO, o viaja nte depa ra com a g:.:-ande cacho eira Jand iá cujo trave ssão nos detev e por algum temp o e, a segu ir a Tapir a-cac hoeir a e as duas grand es ilhas Tatu e Miril i. Em conti nuaç ão desta , duas outra s ilhas for-m ando -se entre elas a Jfira -aca- cacho eira, que é um degr au de: 1 metr o. Ai saltamo s pross eguin do a pé pela marg em esq~erda cêrca de um quilô metr o remo ntand o a Uacu cu-ca choe ira (desn ível de dois metr os) e a Meiú-cachoeira, const ituída por dois degrá us e desn ível de dois m etros . Um pouc o para o centr o, há uma malo ca de deçan as com 13 pesso as. Pross eguin do nosso levan tame nto por água foi for.:. çoso toma rmos um cana l apert ado entre a Urub u-capoam a e a marg em esqu erda porq ue, p elo meio do rio, uma outra ilha - a Meiú -cach oeira - inter cepta va o cana l num a exten são de um e meio quilô metr o. (Juan do desce mos o Papo ri, lança mos o batel ão p elo fio da correnteza , recon hece ndo, assim , estas cachoe iras. Rem ontad a a Meiú, alcan çamo s 600 metr os acim a - a marg em brasi leira : Pato- poço ou lacat apá (ped ra lisa) - cons tituíd a por uma malo ca em que mora m o velho l\Iand u, e mais 12 pesso as e dois bar- · r acões - êstes bem em frent e à pont a de cima da Meiú -capo ama -. dos índio s Joaq uim e Agos tinho , suas mulh eres e quatr o crian ças. Todo s são tucan os. Reco meça aqui o domí nio dos tucan os.
Na Baburu -lgara~ há 2 maloca s de deçana s.
Jandiá -cacbo eira. Tapira -cachoeira.
lllira-a ca-cac hodrs.
llfacuc u e Meiú-c achoeira .
Urubu- capoam .a.
Pato-p oço ou lacatapá à marg-em bras!l(i ra.
Recom eça, ai. o domínio dos tucan~s.
-1 34 Com a instala~ da !lfissã o "Mon tfort", despo l'oou- se, & margem brasileira .
No Urucu -igara pé h.á 3 maloc as de d eranas.
Os peque nos degraus Ituin, Slputi e OnorL
Cacão -ca.ch oeira apres enu passa ~:em dificU .
Puebl o Piraq uan .
Com a insta laçã o, em 1914, da miss ão "Mo nt-F ort" no luga r deno min ado Cup im - na mar gem colo mbian a - desp ovoo u-se , dali para cima , a mar gem brasilei ra. Atra ídos pelo s padr es, os índi os tuca nos tran s ferir am- se para a mar gem esqu erda . Nad a men os de cinc o sítio s desa pare cera m da mar gem bras ileir a. Form ou-s e, entã o, à som bra da miss ão o povo ado Uap i.run a, à cust a da popu laçã o bras ileir a. Acim a de Iaca iapá , o rio apre sent a-se nova men te calm o com boni tos estir ões. É o fenô men o das cach oeir as alua ndo com o repr êsas , que se repe te freqüen teme nte.
~o l.:ru cu-ig arap é, aflu ente da mar gem bras ileir a, há três maloca s de deça nas com 46 pess oas. Obs ervam os que êste índi os se esta bele cem , de pref erên cia, ao l ongo dos igar apés , para o inter ior, fugi ndo dos rios, do cont acto dos civil izad os. Ifuin (•n uçum )-ca choe ira, Sipu li-ca choe ira e Travess ão e H onor i-cac hoei ra são pequ enos degr aus, vencido s com facil idad e, que se inte rpõe m en tre Acu ti-iga rapé e J!ac achi -iga rapé , amb os da mar gem dire ita. Acim a dêst e igar apé, a Peri quif o-ca poam a prec ede a um grup o de ilha s que tivem os de cont orna r, pela mar gem dire ita. Para tran spor a Cacã o-ca ch oeira , serv imo- nos de um para ná-m iri (do Cur uru) . O rio form a, ai, um gran de .saco todo entu lhad o de ilho tas e pedr as com deze nas de corr edei ras . . A páss agem é bast ante difíc il, send o prec iso recorr er à espi a, à vara e à forq uilh a. Cheg amo s, assim , a ou tra cach oeir a do mes mo grup o que aí tem o nom e de éuru ru-m iri - para , em 5egtiídã ; defr onta r mais uma - a Cata tinga -cac hoei ra e mais adia nte a Pira qzza ra-c acho eira, já à mar gem da Pira quar a-ca poam a. Tran spos to o obst ácul o, §~gerr:t -GO lom bian a, em vista ao "pue blo" dês te nom e. Com o ~ povo ados indí gena s, Pira quar a está em ter- rena firm e e a cava leiro da regi ão vizi nha. Uma gran de aven ida de 150 metr os de. com prim ento por 50 de larg ura cons titui o " pueb lo". De um lado . cmc o casa s; do outr o, seis, tôda s alin hada s e espa çada s uma s
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Missão "Mont-Fort" {rio Papori). serão feminina
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Missão "J! ont- Fort" (rio Papr:ri ), scção m a -cu[ i na.
136 -:-
Os indios de "Pueblo" cons ideram-se brasileiros.
Arapace e P.apnrl-cach oeir;,s.
Cuin-<:uiu-iga r.apé.
Vivita ao MPueblo" Cuiú-cui ú.
O
di ~posltivo
do
··Pueblo".
Os ..-aradou.'('S que saem do "Pt.eblo'· .
das outras . Cada uma corresponde a uma família, a semelhança das civilizadas. 1\o fundo da avenida, ao centro, uma igreja m od esta e, ao lado, a casa p ara a hosp edagem do padre. Con ta o p ovoado com 54 pessoas. São tucanos. O tuxaua Estêvão estava ausente, rnas o índio Antônio .l\lanuel da Silva - que fala o p ortuguês e foi educado J?O rio X egro - serviu amàvelmente de dcerone. T odos considera1~1-se brasileiros p or terem nascido em terra brasileira, ::m~ es do Trata do de Bogotá. A maior parte dos moradores estava em Cupim, a serviço da 1\Iissã o. Deram-nos nota ·de 19 índios e 1 í índias. Acima do "Pueblo" o Papori continua moviment ado : a A rapace-traves são e cachoeira e a Pupuri-cachoeira são degraus peque·nos, mas as passagens são difíceis porque o afloram ento granítico é multiforme e ilhas diver_sas - entre as quais a Arapace-capo ama dão lugar a correntes desencontrad as. Pouco acima, desemboca, p ela margem esquerda, o Cuiú-cuiú-igarapé, grande afluente com 60 m etros na bôca. P enetramos no igarapé para visitar o .. Pueblo" do mesmo nome. Está situado à m argem direita, a 700 m etros da foz . É um grande povoado com 19 casas e uma igreja de 20mx 7, tôdas no estilo das de Piraquara . Conta 50 d eçanos e 39 tucc.n os . ~ela primeira vêz, vimos um povoado em que as duas tribos3 ç ;:eu; niram. ~:las há separação compl eta. Em ;:é"z da forma <c~a dos "Pueblos" colombianos com a avenida e a igrej2. ao fundo - o. dispositivo de Cuiú-cuiú era em esqua dro duplo, separado p or uma avenida de 20 _m etros . 0 exterior pertencia aos tucanos e tem sete casas; o interior t em 11 e pertence aos deçanas. A igreja e a casa do p a dre ficam no vértice do povoado dos tucanos com a frente para a entrada do "Pueblo". D e Cuiú-cuiú, há b om caminho que vai par_a a M_issão em Cupim e um varadouro que sai em lulica, no Uaupés . O :::aminho p ara Cupim encurta muito a distância. Por água, levamos quatro horas, · pois, tendo partido às 13 horas, da b ôca do CuilÍ-
137~cwu,
so as 17 chegamos à Missão . Neste trecho, o rio tem a largura média de 70 metros e apresenta vários degraus, embora de menor importância.
O aspecto do rio n~ssc trecho.
Em Cumã~cachoeira, o rió _ estreita-se para 40 metros.
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A Missão dos Padres da Congressão de "Mont Fort" está otimamente· colocada em terreno firme e alto, dominando o grande estirão de 1.000 metros que lhe fica à jusante. Em todo êste estirão a margem colomhiaua foi transformada em grande roça, estando grande parte gramada e estendendo-se para o. interior por mais de dois quilômetros. Possui a Missão um pavilhão com dois pavimentos . Xo térreo, está instalado o colégio e no de cima a residência dos padres; outro, também, de dois· pavimentos, o Colégio das Irmãs e a respectiva residência. Anexo ao dos padres, existe uma oficina de carpinteiro. Há uma igreja provisória e outra em construção . O povoado indígena compõe-se de 16 casas de sopapo, cobertura de palha, com dispositivo análogo àqueles por nós referidos. Por ocasião de nossa visita, l1avia 89 colegiais, dos quais 34. meninas e 55 meninos. O Diretor da Missão é o Padre Baron, de nacionalidade francesa, tendo; como auxiliares, os Padres José e l\Iartin, ambos holandeses. Êste havia apenas um ano que se achava no Papori e o seu companheiro estava· gravemente enfêrmo, de tuberculose pulmonar bem adiantada, segundo parecer do Dr. Tourinho, que aconselhou sua retirada. A povoação. indígena· contava 70 pessoas . O colégio das m efrirrà~é· dirigido por quatro irmãs, tôdas colombianas . Ao desembarcarmos em Cupint, fomos recebidos, no pôrto, pelos padres, que nos ofereceram hospedagem. O diretor pôs os recursos da missão ,à nossa disposição. Felizmente, tínhamos de tudo e agradecemos a gentileza do amável Padre Baron. Visitamos todo o seu estabelecimento, montado com modéstia. Há falta de recursos para a restauração dos pavilhões que se ressentem de sérios reparos.
A Missão "Mont Fort" foi instalath no lugar denominado Cupim.
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A população Indígena anexa à Missão.
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·jo Jfont-Fort (Cupim. rio Papori). .\'o centro, o Padre Baron, d iretor da Jlissão, à esquerda, o Pculre José e à direita o Padre Jlartin.
Todo o fornecimento é feito pela praça de Manaus, pois, de Bogotá, chegaria com mais de dois meses de vwgem e percurso complicado através de serras e cachoeir:::.:;.
A missão mantém um serviço de correio em correspondência com _o de Taracuá no Uaupés, com es· cala em Jauarelé· cachoeira, pôsto aduaneiro . Em Taracuá, o correio recebe e deixa tôda a correspondência que procede e se destina a Manaus. A q ue é dirigida a Bogotá toma o seguinte itinerário: sobe o ~ · ~ Duupés (a partir de Jauarcté-foz do Papori) até Ca- \}~'d -r/' !amar - 32 dias, cm igarité e depois em ubás dos índios; de Calamar.a um pôrto no rio Goiabero- cinco di as em cargueiro; subindo êste rio - 12 dias em ubá chega-se a Puerlo-Runon, donde se vai, por terra, a "pueblo" Sun Ma-r tin - mais um dia; daí prossegue·se _V~ll~r o~ · para ~. ainda por terr a (a cavalo) - três dias. Desta vila, chega-se, finalmente, a Bogotá - se1s horas em bonde . Total 5-1 dias, viagem normal.
-139Subindo o Uaupés. gasta-se cinco dias da foz 4o Papori a lulica, nove dias dêste pôrto a Jurupari-cachoeira e 18 dias da a Calamar, sede de um Juizado e _Capital do Departament o do Vaupés. Os colegiais estavam em férias. Mesmo assim, vimos alguns dos trabalhos em ·aulas. Quis me parecer que estão ainda na classe elementar. Tôda a população indígena é tucana. · Assisti à prédica e lição de catecismo dadas pelo Padre Martin em tucano. Um dos padres fundadores da Missão estudou a língua dos naturais da região e publicou uma gramática, um dicionário "tucano-espa nhol", a história sagrada, o catecismo e outros folhetos em tucano e em pira-tapuia. Fi2. entrega dos exemplares que o Padre Baron me ofereceu ao escritório da Comissão Rondon, na pessoa do seu etnógrafo, Dr. João Barboza de Faria.
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A prédica e a llçl.o de Catecismo são dadas em tucano.
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Na prática a que me referi, notei falta de vivacidade ou de aproveitamen to por parte dos educándos indigcn~s. :Estes não responderam uma só das perguntas sôbre o assunto que o padre explanava! em tucano, embora insistisse por diversas vêzes, perguntando ora a um, ora a outro. Era o padre que sempre · respondia às suas próprias perguntas! Talvez o assunto não interessasse aos meninos! A missão foi instalada em 1915. As suas primeiras missionárias foram .~?rasileiras, as quais, por motivo de doença se recolheram a Manaus.
A Missão foi criada em 1915.
Pouco resultado têm tido os padres de "Mont Fort". Com 15 anos de propaganda e de ensino, já deviam ter restituído aos povoados indígenas dezenas de meninos e meninas devidamente instruídos e preparados para a obra de civilização que, penso, têm em vista . Ko entanto, n2 visita que fiz a todos os povoados colombianos - e não deixei de visitar um só mesmo o de Samaúma-ca choeira a que tive ocasião de ·me referir - não observei nenhum progresso por
Pouco resultado tem tido os padres com a Mlssáo.
( •) Es tas informacões foram-se prestadas pelo contratante do serviço do correio, quando de passagem por Jutica.
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-1 4 0 -
A lmpr~ssão dos "Pu ebl os" fun dad os pel a Mis 5ão é d~ des ânim o e dec adê ncia .
pa rte do s índ ios . Se mp re os me sm os po vo ado s de ca sin ha s de so pa po ma l co ns erv ad as, sem co nfô rto , sem Iuz , sem ar . Mu ita po bre za e de sân im o. :Fa lia-lh es a so lid ari ed ad e e a co esã o au c nid ad e da ma loc aS Ín an tém . Co m a de str uiç ão d est as, de sap are ce u a · au tor ida de do · tux au a e afr ou xa do s os laç os da vid a em co mu m, en tre gu e ca da um a su a sor te, sob rev eio a de ca dê nc ia. Al ém dis to, gra nd e pa rte do tra ba lho do s lnd ios rev ert e à ::\Iissiío, pn ra ~ustcnto do s col egi ais , e os co lom bia no s co ntr ibu em , po r su a ve~, pa ra pe rtur ba r-l he s o tra ba lho e tir ar- lhe s o est im ulo Saan do " ho me ns e rap az es pa ra seu s ba lat ais , mu ita s ·êz es qu an do os índ ios est ão em pre pa ro de roç as e eco ns tru çã o de su as ca sas . Tr an sm iti ao Pa dr e Ba ron , em me u reg res so, as mi nh as im pre ssõ es e as qu eix as do s índ ios . Qu an to à pr im eir a pa rte , jul ga o mi ssi on ári o qu e os índ ios
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As imp ress ões qut : tran smi ti ao Pad re Bar on e as q u eixa s dos índ ios.
O que pen sa o dire tor da Mis são a r~s pei to dos índ ios:
Mes mo qua nto ao esp írit o de nac ion alid a de, a obr a da Mis são tem sido pre eárl a.
o s adu ltos são bra sile lros .
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-~~:~~~oa a=~~i~!":i:~ f0o::c~ea~1:~~:~::d:!~ ::;;:)· rup çã o, de org ia; os índ ios
são un s dege ne rad os, sem mo ral ! Ao juí zo do s pa dre s, op us co nc eit o alt am en te lis on jei ro d..e_ci.cn-ti.s.f..a-s -oc asi tei rns -e-est ran ge iro s .Af ina l de co nta s, sem en tus ias mo , sem fé, sem ide al, qu e ad ian ta a ob ra da :\I iss ão ? A sim ple s con ve rsã o da s _su as alm as ao cri sti an ism o? Es sa co nv ersão é me sm o tan to du vid os a ... A lição de cat eci sm o do Pa dr e :Martim era um ex em plo do int erê sse qu e os índ ios rev ela m sô bre o ass un to ... Me sm o qu an to ao esp íri to de na cio na lid ad e, a ob ra da Mi ssã o tem sid o prec ári a .. Po rqu e, a nã o ser em 2 ou 3 índ ios qu e já ha via m tra ba lha do no s ba lat ais , nã o en co ntr ei um só qu e fal ass e o esp an ho l; tod os tin ha m qu eix as do s co lom bia no s e pre fer iam no ssa na cio na lid ad e. As mu lhe res , so bre tud o, faz iam qu est ão em de cla rar qu e era m bra sil eir as e pa ra mu ita s era um ag rav o o ch amá -la s de co lom bia na s. Al iás , na s mi nh as ·vi sit a~ fiz -lh es ve r qu e todos· os ad ult os era m bra sil eir os, po r ter em na sci do qu an do a ma rge m co lom.bi an a ain da pe rte nc ia ao ~ra~il.
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que o fato de r esiJ irem em terra s colo nobi anas não imp orta va na mud ança de naci onalida de - só os seus filho s pass aria m a ser colo mbi anos; êles cont inu aria m a ser bras ileir os, mor ando em /. __ -terra s colo mbi --anas . De algu ns, resp onde ndo--a......__ min ha <:...!-.:: pcrg Üniã ; om·i a dize r: prim eiro bras ileir o, agor a colomb iano s, r~petindo, assim , o que êstes lhes dizia m ... De acôr do com as leis colo mbi anas, aos padr es Aos padre s comp ete 11 com pete o govê rno dos índio s, loca lizáGovér no e proteç ão los em "Pue - 'do índio, segun do leis hlos ", regu lar as tran saçõ es entr e civil izad colom bianas . os e índio s, distr ibui r o serv iço e apli car as pena lida des prev istas na orga niza ção das coló nias corr ecio nais . Incu mbe-lh es. tamb ém, a prot eção dos índi os,. das suas propried~c: es, das suas terra s. Aind a a resp eito das quei xas dos índi os, o Pad re Baro n disse-,me que não tinh a elem ento s para imp edir as · "lev as" feita s pelo s colo mbian os. ;
..:
De Cup im há um vara dour o, que, enco n tran do o de Cuíú -Cui ú, por nós rder ido, vai a Iutic a, no Vau pés. Um outr o vara dour o (1 dia de mar cha) vai ter à cabe ceir a do Vma ri-ig arap é, dond e se desc e (1 dia em ubá) para o Tiqu ié. Pros segu indo na tard e de 4, alca nçam os, com 4 hora s de mar cha, "Pue blo" Uap ixun a, a mon tant e da cach oeir a dêst e nom e . L ogo acim a de Cup im nos deteve por algu m temp o a Cup im-c acho eira e mais adia nte a lapu -cac hoei ra, degr au· mais frac o.. Ilho tas dive rsas en tre as quai s a Cha uner a-ca poam a (ped ra do defu nto) , a ·Jap u-ca poam a e a Uapi:run a-cap oam a,· enco ntra m-se nest e trech o, cuja larg ura media redu zi-se a 60 metr os . "Pue blo" Uap ixun a cont a 10 casi nhas sepa rada s por uma aven ida de 20 metr os de larg ura, com a igre ja e a casa do padr e ao fund o. Con ta 51 índi os tucanos, send o 15 hom ens, 13 mulh eres e 23 cria nças . Mor avam à mar gem bras ileir a dond e pass aram para a mar gem esqu erda , atra ídos pelo s padr es. Em Uap ixuna -iga rapé , à mar gem bras ileir a, 700 metr os para o cent ro, info rma ram -me have r a~nda mna malo ca de tuca nos com 7 pess oas.
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Va:-ad ouro para Iutl-
ca, no Uaupé s e pár.l o rio Tiquié .
O trecho acima de · Cupim .
_____\ _...., __ "Pueb lo" Uap!x una.
-14 2-
V1Sita 1 m.aloc a Sumaú ma-ca cboeir a para o interio r do Uirarl -igara pé.
O critéri o para o
censo nas malOcas.
A maloc a v:ú sl!'r
demoli da..
Na jorn a da de 5, pass amo s por Uapiça, arqu ipélago e cach oeira pouc o acim a de Uapi xuna (can al pela marg em direi ta) Pati- cach oeira , !ad-c acho eira, Tapira-cachoei.~a e Uira ri-ca choe ira, ·parando , às lOJ;S à bôca do Vira ri-ig arap é, aflue nte da marg em esqu erda. Subi êste igara pé cêrc a de 3 quilô metr os para visitar a malo ca de d cçan as, Suma úma- cach oeira , colocada a 2 quilô metr os para o centr o. Mau cami nho, só mesm o próp rio para índio s, liga a malo ca ao pôrto do igara pé. Pouc o amáv el o tuxa ua l\lan du e sua gen te. ~ão enco ntram os nada para éom prar. Com o de costu me, as índia s ofere cera m a noss os tripu lante s mdio s o bala io com beiju s e a .. map oa" com a guin hapira . Cont amos na mal oca 25 ''ma quir as" nas 8 divisões que deve m corre spon der a 8 ''cun hãs" (mul here s). E como , em gera l, a cada .. cunh ã" deve corre spon der um curu mizi nh o que dorm e agar rado ao sei mate rno, calcu lamo s 33 os habi tante s da velh a malo ca. o~
g~ :.uantas ess~ O proc esso mais práti co é cont ar os com parti ment os e as "ma quir as" e acres centa r uma crian ça a cada divis ão. Quas e semp re se erra para meno s, pois, às vêz.e s, num a rêde, dorm em duas crin· ças em vez de uma . Em todo o caso, foi o crité rio qu~ adot amu s semp re que não era poss ível reun ir todo s os mor adores ou cont ar com as infor maçõ es do tuxa ua . A malo ca vai ser demo lida, estan do em cons - ~· truçã o ~a s e- Ligr e· a . É orde m dos adres . info - )> Len-1-a--n~.
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Pros segu indo às 14 hora s e 46 minu tos, remo nta~ mos a lqua ra-ca clwe ira, a Bóia -cach oeira (trav essão , cana l pela marg em direi ta) cheg ando uma hora depois à malo ca Jand iá-po ço, à marg em esqu erda , pouc o abaix o da Jandiá~capoama e Jand iá-ca choe ira. Visitamo s a malo ca de tuca nos do tuxa ua Amâ ncio (22 pessoas ), boa gent e, que nos receb eu com agra do. A pedido de noss o pilôt o taria na, o tuxa ua ofere ceu-s e para nos auxi liar na pass agem da perig osa cach oeira que íamo s enfr enta r: Salta mos na marg em direi ta e remo ntam os a cach oeira , por um vara dour o de índio s
-1 43 - de 660 met ros -va ran do- se as mon taria -s p ela mar gem dire ita; mas , qua ndo desc emo s o rio, lanç amo s noss as emb arca ções , pelo fio da corr ente za. Com a long a estia gem que se fazi a desd e o dia em .JUe part íram os de Jaua reté - o Pap ori apre sent ava men os águ a no seu alto curs o, desc obri ndo prai as e barr anc os . Com isso, mod ifica vam -se os cana is. Na desc ida por Jand iá, tom amo s o cana l pela mar gem esqu erda .
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Não chovr u duru a exped lçáo ao i Papor L :
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A pass agem do trav essã o exig iu cuid ado s esp~ ciai s dos pilo tos que salt aram para exam iná- lo. Gui ados pelo tuxa ua Amâ ncio , fize ram o devi do reconhe-. cim ento e asse ntar am as idéi as. A tudo a ssist íam os, adm iran do a prua enc ia e a perí cia de noss os caboê"Ios. Feli zme nte a pass agem fez- se sem inci dent e, emb ora com o risco de sem pre. Jand iá é a mai or e a mai s peri gosa cach oeir a do alto Pap ori . Com põe- se de três degr aus, send o o de baix o o mai s peri goso . O leito do rio é aí cobe rto de bloc os de gran ito e ilho tas. Biva cam os à mon tant e da cach oeir a. Pros segu indo na man hã de 6, pass amo s por.•)cun ha ( estr êla) -cac hoei ra com 3 degr aus que tran spus emos sem gran de dific ulda de, a Japu -cac hoei ra e a Pupura -cac hoe ira alca nçan do, às 11 e 50, o "Pu eblo " S. Vicent e ou S. José , à mar gem esqu erda . O rio, nest e trec ho, t em a larg ura méd ia de 50 met ros, e, entr e os acid ente s mai s inte ress ante s, dest acam -se a Estr êla-::a poam a e Coti a-ca poam a. Qua tro quil ôme tros abai xo de S. José , à · mar gem ·d ireit a, ÍÍ!;.ª--.. .Ç-k.~J:ambu-igarapé, nav egáv el por cano a, e ond e há - a 1 dia de viag em uma mal oca de tuiu cas- tapu ios, índi os proc eden tes da cabe ceir a do Tiqu ié; e, já para as cabe ceir as, outr as dna s mal ocas tam bém de tuiu cas- fapu ios, com mui ta gent e, mai s de · 100 pess oas. São José é um pov oad o com 8 casa s e 70 índi os, dos quai s 21 hom ens, 18 mul here s e 31 cria nças . São tuca nos. O disp ositivo é o mes mo dos outr os com a igre ja e a casa do pad re.
Jand iá é a maio r
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mais perl:; osa' cacho eira do 1 alto Papor t. ,
. "Pueb lo" S. 3osé.
Namb u-iga rapé ten uma maloc a de tujuca s-tapu los..
-144Os adultos são brasileiros e assim se con.sideram; as mulheres queixam-se de que os brancos costur.1am chamá-las colombianas, o que lhes desagrada .•• Mais um tuxaua l\Iandu que se mostra descontente com os padres e que deseja voltar ao Brasil. .. "Pueblo" Santa l'tlaria.
::\"osso pouso na jornada dêste dia foi em Santa Maria, dezesseis quilômetros acima de S. José, .. Pueblo" colombiano. Como São José, decadência. Tôdas as casas necessitam de grandes reparos e r eforma completa das coberturas. Algumas estão em ruínas. Quartos escuros, sem ar e sem luz, com janelinhas para andorinhas e morcegos! Igreja no fim da avenida, do mesmo estilo das outras, sem arte .
Que juizo farão os indios da obra do civilizados? Considerações r espeito.
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Que juízo farão os índios da obra dos civilizados? Destruir-lhes as malocas cujas construções traduzem tôda a grandeza da sua raça, o templo de arte que revive a todo o momento os seus antepassados, as suas tradições e onde se realizam as ünponentes c sugestivas festas pagãs - para, em troca, obrigá-los a viver em casinhas sem confôrto e sem higi ene? !
Os padres proíbem terminantemente os "cachiris" que nào siio outra coisa senão um pretexto para os índios se reunirem e se divertirem. É também uma festa de cordialidade, de fraternidade, em que os laços de amizade se consolid am, em que os parentes se rc:>vêem e de que 'r esultam, muitas vêzes - como entre civilizados -:- diversos noivados. Demais, o "cachiri" é outras vêzes o recurso para certas obras que requerem muitos braços. O tuxaua necessita, por exemplo, cobrir uma casa, estucn-la a barro ou der--~~·1-:a.r a mata para roça: é só preparar o "cachiri" e convocar os parentes da redondeza. São 2 ou 3 dias de trabalho e de festas; e, muitas vêz.es, terminado o "cachiri" um outro já está se preparando num povoado mais acima, mais abaixo ou lá para o interior de um igarapé! Quanta simplicidade, Quanta simplicidade, quanta felicidade na vida · quanta felicidade na e vida modesta modesta e obscura do índio! Que mal não lhes fazem obscura do indio! os civilizados - aliás na melhor das intenções - de ir perturbar-lhes o socêgo, a vida natural e simples,
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par a, em troc a, não lhe s dar coi sa mel hor ? O índ io sem seu s háb itos , sem sua s aleg rias e sua s fest as, é um hom em em dec adê nci a, sem cor age m, sem estimu lo, sem ide al. .f:le não atin a com o obj etiv o do pad re que des eja tran sfo rmá -lo - de um dia par~ o out ro - em um cris tão pra tica nte a freq üen tar dià riam ent e a igre ja e a ass isti r a cer imô nia s reli gio sas que êle não com pre end e ... É por isso que êles mai s se que ixa m dos pad res , e, des ilud ido s com as pro mes sas , ·ãs que lhe fiz er am , rec lam am a nac ion alid ade bra sile ira - com o um r em édi o e salv açã o. l\Ial sab em êles que ,_ de nos so lad o, de igu al sor te estã o os seu s par ent es am eaç ado s se em seu fa,·or o bom sen so e ori~ntação inteligent~ não gui are m os mis sion ário s inc um bid os de cat equ izá-l os ! San ta Ma ria é um gra nde pov oad o com 14 cas as e 1()7 alm as. São índ ios tuc ano s, dos qua is, 28 hom ens e 31 mu lhe res , 3 rap aze s, 2 mo ças e 43 cria nça s . O tux aua cham~-se Mig uel . 1\Ior::r\· am na mar gem bra sile ira, e, a con vite dos pad re5 , pas sara m-s e par a a Col ôm bia . Nen hum acid ent e imp orta nte há nes te trec ho do rio, a não ser And orin ha- poç o, que vem a ser um a dila taç ão. alo nga da pel a ma rge m dire ita, pou co acim a de Tar ira- iga rap é e que dá a imp res são de que o rio ai se sub div ide em doi s! . A par tir de Santa-Maria, o rio pas sa a ser mo vim ent ado : Arara-cachoeira, San ta-Ma ria- cac hoe ira, Tuc u-c acl weira e tra vess ão são degra us que ven cem os com fa cili dad e. Com três qui lôme tros de ma rch a, atin gim os a con fluê nci a dos rios Pac a e Uaracapor_i. Pou co aba ixo , à ma rge m dire ita, vim os um sobra do em ruí nas· ate stan do a pro spe rida de a que atin giu o pov oad o con hec ido por Tri nda de ou A rara-p oço, fun dad o por Ma ndu ca de Alb uqu erq ue, já fale cido , e que foi del ega do dos índ ios no Uau pés . Os pad res mu dar am esta gen te par a San ta Ma ria. Um irm ão do tux aua l\Iig uel e o índ io Ped ro, seu sob rinh o, não qui ser am fica r na Col ôm bia e tran sfe rira m-s e par a Ipa nor é, no bai xo Uau pés .
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Sant a Mari a.
Ando rinha -poç o.
Na conO u éncl a do Paca com o A va-ipar apé ou Uara capo rt. - - - . - . -.
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antig o povo ado de Man duca de Albu quer que.
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Paca-l~:arapé é o mais impor tante anuen te do P apori.
Aspee to do Uaraca pori.
O rio contin ua a ser movim entado : vários degrau s.
O sítio Trinda de à marge m colom biana.
rum o O Papo ri tem 65 metr os na conf luên cia. O o, ~ do Paca é 45 NO e o de Fara capo ri 85 NO. Dete rmios colo_gibia nos deno mina n .4 va-igara é. capo ri nei a seção de ambo s na conf luên cia. O Uara o volu me têm 55 m etros de largu ra e o Paca 56, _ I~las Sua prodágu a dêste é ~nenos da meta de do outro . a do Uarafund idad e máx ima é de 2m,íO, enqu anto que e a capo ri é de 6"',80 . A velo cidad e dêste é de om,56 um tredo Paca é de 0"',23. ~a conf luên cia, subi mos ecer -lhe a cho d êste cont ribui nte do Papo ri para conh em di- · marg A . natu reza das marg ens e o seu rumo água s r eita é firm e; a esqu erda , sujei ta a igap ós. Suas larg ura são da mesm a côr que as do Papo ri. Sua ia 2 meméd ia é 30 metr os e sua prof undi dade méd dia de um a tros. Na marg em, só tem uma malo ca, ior (par a viag em da bôca . As outra s são para o inter "el Mon te", como dizem os colo mbia nos) . pé. Pros segu imos pelo Uara capo ri ou Ava- igara o próp rio pois não havi a dúvi da algu ma que êle era Papo ri. ura Seu rumo gera l cont inua ao do Poen te. Larg oso. A méd ia 30 metr os, marg ens firme s, l eito aren de form avasa nte do rio desc obre praia s e barr anco ção argil osa. o poCom 28 quiló metr os de marc ha, a tingi mos o trech ·:xo . na mbia voad o Trin dade à marg em · colo eira, acho p erco rrido , pass amos pelo s degr aus Urum itu-c a-ca Tarir i, rir a-T.: Gaz>ião-cachoeira~ M afap i-ccc hoeir eira que choeira, Caiu aná- cach oeira e Ma_rapú-cacho a Tari ratra nspu semo s com relat iva fa cilid ade, salvo -cach ocira, que nos detev e meia hora . enas De povo ados , só enco ntram os as duas pequ nos. mal ocas Tam aqua ri e Gavi ão, de índios tuca a peEm Tarir a-cachoe ira - para o cent ro - há elino , com quen a malo ca dos índio s Germ ano e Marc barr aca t 8 p esso as. Trin dade poss ui uma mal oca e uma o tuxa ua recé m-co nstru ída. i\aqu ela, mora m o velh 5 mulh ePedr o, que se acha va doen te, mais 2 hom ens, mbia no colo res c 8 crian~as todo s tucanos. Nest a, o
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civ iliz ado Do n R obe rto Av ilez e um a índ ia civ iliz ada bra sil eir a qu e fal a des am bar aça dar nen te o cas telh ano , com um filh inh o . Mu ito am ável a nos sa pat ric ia que nos dec lar ou log o sua nac ion ali dad e e que me cha mo u à par te pa ra diz er- me qu e seu filh inh o tam bém era bra sil eir o. Fa zia qu est ão dis so, dec lar ou- me . Seu pa i est ava pas sea nd o. Vim os na rna loc a um a cai xa rep let a de enf eite s e fai xas de "tu rur i" com os ma is lin dos e exp res siv os des enh os . Tra bal ho s de fin a art e e que tra duz em tod os os mo tiv os qu e a sen sib ilid ade da raç a ma nifes ta em sua s ves tim ent as gue rre ira s, em sua s fes tas , em seu s art efa tos . Be líss im a col eçã o! Pro pus em os cor :1p rar pa ra o Mu seu ma s o don o ach ava -se aus ent e e ali ás no3 inf orm ara m qu e êle já rec usa ra out ras pro po sta s. Em tod o o cas o, ins isti mo s e dei xam os o ped ido . Do n Ro ber to deu -no s as inf m:m açõ es seg uin fes : tra nsp ost a a !ap ara -ca cho eir a que íam os enf ren tar pou co aci ma de Tri nda de, ch ega ría mo s com 2 hor as de via gem à con flu ênc ia do Iap u-i g_a rap é com o Uaracap ori ; com ma is 7 her as de via gem ati ngi ría mo s Pa rua -ca cho eir a; aci ma des ta cac hoe ira , ain da se po.: der ia sub ir de ub á - dia e me io. Ke ste pon to, o rio div ide -se em par aná s, atr ava nca do de ·pa us ond e c dif ícil en tra r em ub: L Xã o sab e pre cis ar as cab ece iras do rio ; jul ga, po rém , que não fic am lon ge. En tre tan to, cal cul a qu e se gas tar ia ma is 4 ou 5 dia s pel os em bar aço s de se arr ast ar as ub ás par a ati ng ir as nas cen tes . - · E ra me u d ese JO rec on l1ec ê -}as; n1as, est • -~ e prO Je t otin ha qu e ser pôs to à ma rge m poi s, não só não dis pú nh am os de vív ere s pa ra ma is um a sem ana de via gem , cor no era for ços o reg res sar ao Va upé s, com tem po de l eva nta r-l he o bai xo cur so e o seu afl uen te Tiq uié , e rec olh er- me a São Ga bri el, a tem po de alc anç ar o Inc a em Sa nta Isa bel . Co mo tiv e oca siã o de ref eri r, o "In ca" faz. som ent e urn a via gem me nsa l, reg res san do de Sa nta Isa bel a 8 de cad a mê s. As sim me sm o qu e dis pus éss em os de vívere s, a per ma nên cia de ma is
Don Rob orto
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Sua com pan heir a t 1\ uma incl ia civi liza da f bras ileir a.
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A ban lta cole çlio de faix as de tUTUrt •
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O Pap ori ·ou U:u-acapo rt.
Ond e fica m sua s nasc ente s.
--Porq ue tive de renun ciar ao proj <to de lden ttnc á-w .
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A famos a !apar acacho eira.
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Don Rober to nos cedeu monta rias em ·que prosse ,;uilllOS a monta nte de cachó eira.
Tipiá- cacho elra.
Tainh a-cach oeira.
O aspec to é de um caii.al artific ial.
a dem ora de uma sem ana no alto Pap ori dete rmin aria aco~selhável. mais um mês na regi ão, o que não era r a êste Com verd adei ro pesa r, tive de renu ncia -cac hoei ra e proj eto, cont enta ndo- me em atin gir lapu Uara capo ri. reco nhec er êste imp orta nte tribu tário do ram os com a A 500 metr os acim a de Trin dade , depa de 1·80 mefamo sa !apa ra-c acho eira . É · uma garg anta 4 metr os em tros de e:Xtensão com desn h·el de 3 a na roch a, forque o rio se prec ipita abri ndo cam inho desf ilade iro, man do boni ta casc a ta. Tão estre ito é o rio se caque há um pont o em que tôda a água do de larg ura, naliz a por uma brec ha de um metr o colo mbia no pode ndo um bras ileir o de um lado e um de outr o aper tarem -se as mão s! ubás à Com o Don Rob erto disp uses se de duas m'as cede sse mon tant e da cach oeir a, pedi -lhe que taria s de vapor emp résti mo para pou par no~sas mon dour o de 240 raçã o sôbr e as pedr as atra vés do vara dia segu inte metr os. Com a prom essa de resti tuí-l as no para o alto - pois Don Rob erto esta va de part ida ao Uau pés, rio, com dest ino ao vara dour o que cond uz e t!nh a a guar niçã o já a post os. m, pros Obti ve as ubás e 4 índi os que as tripu lava as mon tasegu indo nela s em dem anda do lapu . ~oss poss a gent e. rias fica ram em Trin dade , aos cuid ados de min utos de Part imo s às 12 e 30, alca nçan do com 20 metr o que mar cha a Tipi á-ca choe ira, degr au de um de mar cha, venc emo s sem el!lb araç o e, com uma hora z a 3 mea Tain ha-c acho eira , em que o cana l se redu tôda a lartros entr e duas lajes que tom am quas e And orin ha) o güra do rio. ~este trech o (de Tipi á a ens dest a rio corr e sôbr e um leito de gran ito e marg árvo res mar roch a, talh adas a pr_u mo. As maje stos as ao rio o asgina is abra yam -se às rama gens , dand o flore sta, em pect o de um cana l artif icial aber to na que as água s desl izam sere nam ente ..• ido meri diano NoT..._: Verif icam os mais tarde que o refer Tara ira e sim o corta não · tá Bogo de do Trata de que cogit a o o alto Apap ori, do qual é tribu tário .
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Sua largu ra é de 20 metr os. A mon tante de Ando ri[lh a-ca choe ira, 600 metr os adm a, o Uaracapo ri recebe , p ela marg em direi ta, o I apu- igarc pé. Aí, na confluên cia, sua largu ra é de 30 metr os, pross eguin do, poré m com 20 metr os. A do Japu é tamb ém de 20 m e lros, mas sua prof undi dade máx ima é de l,m60 enquan to que a do Uara capo ri é de 3. O Iapu acha va-se repr esad o. Subi mo-l o um trech o para recon hecê -lo, tend o nest a ocas ião apan hado um filho te de vead o que atrav essa va o igara pé. Acim a da conf luên cia, à marg em direi ta, no gran de · prom ontó rio form ado pelo Uaracapo ri- e o l apu, os mauá s-tap uios inici aram a fund ação de um pO"\ oado . Aí salta mos para visit á-los . Para o centr o - :300 metr os do Uara capo ri e 180 de Iapu-cach oeira, uma casa de palh a bem feita dá agas alho ao índio Mate us e sua f amíl ia (mul her, 3 filho s e 2 irmã os, rapaze s). Gran de roça está send o aber ta pelo Mate us, seus irmã os e um seu cunh ado Pedr o que mora no Mac ucu- igara pé, cabe ceira do Tiqu ié e que prete nde de lá trazer a sua famí lia. Pedr o me cont ou que mora va com um seu tio e oulí"OS pare ntes no Pirâ -igar apé, aflue nte do Tiqu ié. Lá apar ecer am os colom bian os e cond uzira m, à fôrça , d ois rapa zes. Seu tio, tend o resis tido, foi espan cado , vind o a falec er. Por isso, reso lvera m mud ar-se para o Jlaru cu-ig arap é. Diss e-no s aind a que o Padr e João (da Miss ão de Tara cuá) , deu pate nte para um seu irmã o abri r um povo ado no Tiqu ié e que os colom bian os, subi ndo pelo lapu -igar apé, lá surg iram e os expu lsara m, arreb atan do a tal pate nte ... Reto man do noss o leva ntam ento , subim os o Uaracapo ri, mais 2 quilô metr os . Nest E!}feH~llrso, sua largura vari a entre 12 a 20 metr os. Mais de uma vez tivem os de deso bstru í-lo para abrir pass agem para noss a ubá. Suas marg ens são baix as e alaga diças . O rio estav a vasa ndo sens ivelm ente. Para mos em frent e a um pôrto dond e um mau cam inho ia ter a uma malo ca da marg em direi ta. Não havi a ning uém nela . Aí mora m 12 índio s cara panás- tapu ios .
A larg-ur a média do rio reduz- se a 20 metros .
Os mauás -tapul os iniciar am a fundação de um povoado à m:uge m brasile ira.
O índio J\lateu s.
O que nos refere seu cunha do Pedro a respeit o dos colomb ianos.
O Uaraca porl acinu. da bôca do Iapu-l,gara~
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150-
B.e:resso a Iapucachoelra.
Dei por terminado meu serviço, retornando a · lapu-cach oeira, onde bivacamos.
O I apu-lgarapé é povoado.
Por informações do :Mateus e de seu cunhado P edro, soubemos que' no lapll-igarapé, há três sítios de mauás-tapuios, - com 28 pessoas - dos quais ·dois bem p ara o .centro, já na proximidade de su as cabeceiras, onde p assa o varadouro que vai para o Tiquié; três horas acima de Iapzz-cachoeira, desemboca o Tauart-igarapé, afluente da margem brasileira onde há outra maloca de carapanás-fapuios com cinco pessoas; pouco acim a, fica a Uari-ra-Jza-cachoeira com duas m al ocas, também de carapanás, com 21 pessoas; ainda mais acima, à margem direita, deságua o Cumã-igarapé, onde r eside Emiliano e sua família - nove p essoas - carapanás-tapuios.
Tauarl-igarapé.
Uari-ra-ha-cacboein.
Os últimos morado-
res do Papori são carapanãs-tapulos.
São êstes os últimos moradores do Papori. Saindo-se de m anhã cedo em ubá, chega-se de tarde a Cumã-igarapé .
Do alto P apori s~ p assa por um varad ouro para o Uaupés.
Os colombianos p assam do alto Papori para o Caiipés por um varadouro que liga o Naná-igarapé, afluente da margem esquerda do Papori, ao It in-igarapé, afluente da margem direita do Uaupés. Subindo o Papori, a partir de Iapu-cachoeira, alcança-se com 2 dias ou 20 dias, conforme as águas, o Naná-igarapé; sobe-se êste igarap é meio dia (5 h oras) e, com 1 0 hora de m arch a pelo varadouro, chega-se ao Ilim-igarapé, saindo-se no Ua upés, 6 horas abaixo de Circácia. ~ste povoado fica a um dia de viagem da famosa Jurupari-cachoeira, que foi o extremo limite do Brasil com .a Colômbia . É por êste varadouro que D on Roberto Avilez p assa p ara a Colômbia. Éle trabalha por conta de Manuel Antônio Gomez, o já celebrizado Gomez do Marco de Iapu-cachoeira. Compra farinha e galinhas dos índios, em troca de fazendas e miudezas, e leva-as para Circácia com destino aos balatais.
As nascentes de Iapu-igarapé.
Informam os índios de Iapu, que êste igarapé tem suas nascentes em Pira-iuilera, .. serra a lta· onde êle se acaba" diz o índio.
-151As do Papori contraverte:-jam com o Tatu-igarapé, afluente do Uaupés. Ainda se pode ir ao Uaupés, por um varadouro que sai das cabeceiras do Paca-igarapé e vai ter ao Gi-igarapé, afluente do Uaupés _ Os colombianos, part indo da ~1issâo .. Mont Fort,. {Cupim) gastam 5 dias p ara atingir as cabeceiras do Paca; com 3 horas de marcha no varadouro, chega-se ao Gi-igarapé e, com mais um dia em canoa, descendo o igarapé, alcança-se o povoado ]Jitu (Urania) "Corregiemento".
Das cabeceiras d ~ Paca-!garapé 5e passa pal'a o Uanpés.
Regressamos de lapu às 13 h oras do dia 9. Na m a nhã de 14, apartamos a Jauareté-cachoeira_
Regresso do alto Paporl.
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O resto do di a foi consagrado ao pagamento dos nossos tripulantes da expediçã o ao Papori. :\!ais uma vez, o Pôsto do S en·iço de Proteção aos índios nos auxiliou no fornecim ento de diversas miudezas r eclamadas p elos índios. O Sr. Arruda Cabral nos f acilitou tudo, sempre muito gentil. Fizemos nô dia seguinte uma visita a todos os povoados vizinhos de Jauareté e prep aramos nossa viagem ao baixo C:aupés. Às 9 horas e 50 minutos, reencetávamos o levantamento d êste rio, partindo do p ôrto Tc.boatú-ponta, da maloca do Capitão Xicolau, 700 metros a baixo do Pôs to do Serviço de Protcção aos índios. Descemos no motogodile, alcançando, às 18 horas, a povoação indígena Loiro-poÇo, à margem direita, e, no dia seguinte, o povoado Urubuquara, à margem esquerda.
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1•
Com a contribui ção do Papori, o no apresenta-se maj estoso, permitindo navega ção fran ca ao nosso m o togodi.le a té Urubuquara . Apenas a Ariripirá-cacho eira e ~s corredeirã::.-que a precedem, à m ontante da Araripirá-capoama, 3 quilômetros abaixo do Papori, exigem cuidados especiais. Tr:msposto êste pequeno degrau, dispensamos o prático que leváramos de Jauaret é. No trecho assim percorrido nas jornadas d e 16 e 17 - de 95 quilôm etros - o rio apresenta bonitos estirões de 2, 3 e mais quilômetros com muitas ilhas.
Reencetamos, a 16, ' l el'an tamento do Uaupés.
O a specto do rio abaixo da foz do
Pap orl.
_:. 152 As ilhas mais im-
portante s.
Os aOuent.e s mais importa nt es.
Os povoado s mais importa ntes.
Em Araripir á termina a regiã o d os tarianas. surginêo a dos pira-tap uios e tucanos.
A lnnnênc ia dos padres da missão de Taracnã .
Parn.aiuicatl41..
Louro-p oço.
Entre as mais impor tantes anotam os a Ararip irácapoa ma, a Iracob i-capo ama, o grupo Panem a-capoama ; a Uirau açu-ca pouma , a Cunhã -capoa ma, as três .. capoa mas" no grand e estirão de São Bento -ponta , a Busin a-cap oama a Curru pira-capoam a, e a grand e Camp ina-ca poama que dilata a largur a do rio p ara mais de 3 quilôm etros. Entre os afluen tes, destac am-se o Abiu-i garap é, Cangaiarc.-igarapé, o Aracu -igara pé, o Cigarro-igarapé e o Timbó -igara pé. É o trecho do Uaupé s que conta maior núme ro de povoa dos. Entre os n1ais impor tantes, notam os: Ararip irá-ca ch oeira com duas casas a marge m direita e uma na ilha, sitio do · nosso inteligente intérp re!e Paulin o. Termi na, ai, a região dos !arian as, surgin do de novo os pira-t apuios e os tucanos. Jaci-p onta, Uirauaçu e Ipiran ga-poç o, maloc as à marge m esque rda, Aracu -ponta - com duas casas à marge m direita e uma outra mais para o centro - e uma maloc a no interio r do Jurup ari-ig arapé são povoado s de pira-t apuio s. A seguir vem Iuquir a, povoa ção à marge m direita , otima mente situad a. Di demol ida a antiga maloc a, levant~,._em ~~; 11 casas e uma Jireja . Com~ça, aqui, a influê ncia dos padres da missã o de Tarac uá. A povoaçã o está sendo funda da por inicia tiva da missã o que forn ece ferram entas aos índios . A igreja está, ainda, em constr ução . Conta o povoa do 50 índios tucanos, consti tuindo 11 famíli as cujos chefes são Eduar do, Loure nço, Bened ito, Juanico, Domin gos, Chico, Bened ito 2.0 , Guilherme, Venâncio , · Silves tre ·e Chico 2.0 • Dois quilôm etros abaixo , desem boca, à marge m direitá , o lapu-i garap é onde há três maloc as de pira-tapui os e, 5 quilôm etros mais abaixo , ainda à mesm a marge m, fica o sítio Paran á-iuic aua ou Parna iuicau a ("pop unha" gorda do paran á), de índios arapa ces (pica- pau), do tuxau a Albino , com 4 homen s, 6 mu·lhere s e 4 crianç as. As mulhe res são tucano s . Nosso pouso na jornad a de 16 foi em Louro -poço, bonito povoa do à marge m direita , do tuxau a Ângel o
-153que nos pediu confirmas se a sua patente de Capitão, forn ecida p elo Del egado dos índios do Uaupés. A maloca ainda está de pé, mas as casas novas, cujo alinhamen to é paralelo ao barranco, estão <;uase concluída s. Contamos cinco casas e uma igreja em construção . Trouxemo s, dai, dois penderucalhos "itá") com colares f eitos de sementes ("quiquica ") para o nosso l\Iuseu e um bonito p ássaro azul "Uanambé " que morreu em viagem . Xa jornada de li, visitamos o sítio Conori ou Jurupari-uca (casa de "jurupari" ) do velho Pedro Jurupari e s ua família (arapaces) ; Cunhaitã-rcndaua · (sitio da mulher) - mal oca de arapaces do tuxaua H enrique, à margem esquerda; São Bento Ponta, bani to povoado em bela explanada que domina o estirão G.e doze quilômetros à montante . Encontram os a povoação em festas promovidas p elo velho tuxaua Firmino para apressar a construção de quatro casas noYas e da igreja. A~.cas velhas igw_s.er demolidas ~or _qrdem dos adre~ .. Excluindo 0S convida,dos do "cachiri", contamos 49 índios arcpaces. De novo aparecem os tarianos desde Tam anduá-igarapé, . dois quilômetro s acima de Currupira até lpanoré, povoando as m alocas d e Pitima-iga rapé, Cigarro-igar apé e povoações Urubuquar a e Ipanoré, abrindo uma exceção para Currupira -p onta cu:os habitantes são arapaces . ~te povoado, que fi ca ?i margem direita, possui quatro casas novas bem feitas, amplas e higiénicas . Tr-ês outras casas estão sendo construída s e uma igreja vai ser levantada. Com a morte do velho tuxa ua, os seus filhos demol:.ram a - rnmcrea; e à conselho do~ padres, iniciaram a fundação do povoado, correspond endo uma casa para cada f amília. Foi nosso cicer one o jovem arapace Antônio Pedro, rapaz educado pelos padres.
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Cigarro, à margem esquerda, junto à bôca do igarapé do mesmo nome, pouco abaixo de Currz:pira, é uma das m aiores malocas que vimos n a regiãc, sendo a maior de todo o Uaupés . Tem 30"'X2Ü"'X9m e é divi-
Outros povoados.
São Bento ponta..
Reap:uecem, os tarianas.
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154 -
dida em 12 compartimentos de cada lado, podendo agazalhar 24 famílias. Kossa estatística apurou, sOmente, 36 almas. São índios tarianos que, a exemplo dos baniuas do Jçana, esconderam-se quando saltamos no pôrto. Trouxemos de lá um grande e bonito balaio novo que adquiri para o Museu, em troca de um machado novo . Urobuquara.
As ferramentas para
a construção d<.S casas nos povoados.
A carga e os passageiros servem-se do excelente ..-aradouro na travessia de Urubuquara para Ipanoré.
Ipanoré-cachoe!ra.
Ao anoitecer, chegamos a Urubuquara, povoado à margem esquerda, do tuxaua 1\Iiguel, índio viajado e bastante civilizado, filho do falecido Capitão 1\Iandu. Tem o povoado 10 casas, das quais. 6 em construção e uma igreja. O Capitão 1\Iiguel, como os demais tuxauas queixam-se da falta de ferramentas para as obras de carpintaria . Os padres não podem dotar todos os povoados de tôdas as ferramentas . Há, sobretudo, falta de serras para desdobrar madeiras. Transmiti ao padre l\1archesi, em TC!racuá, o pedido dos tuxauas e ao de Urubuquara- que me acompanhou a l\fanam• - forneci boa coleção do que dispunha a turma do rio Negro. Descarregamos completamente nosso batelão em Frubuqum;a . Xo dia seguinte, pela manhã, o tuxaua :Miguel providenciou o seu transporte pelo excelente varadouro aberto pelos índios sob a direção dos padres, mobilizando todos os índios do povoado, inclusive as mulheres e as crianças. O batelão, inteiramente des- · carregado, inclusive o motor, foi entregue a índios que se incumbiram de iazê-lo descer sôbre a perigosa cachoeira lpanoré. Todo o trecho de Urubuquara e l panoré (o varadouro tem 2.500 metros) - é encachoeirado.
lpanoré é o mais sério obstáculo à navegação\10'...,--.. Uaupés (Z) Continuamente, alagam-se as embarcações quando não pilotadas por práticos hábeis . Como o Sen-iço de Proteção aos índios mantém serviço organizado de transporte entre São Gabriel e Jauar eté. ·conviria possuir dois batelões - um em Urubuquara (2) Compreende os seguintes degraus Urubuquara, Pinu·-Pi?zu, .Manicoera, Pirá e Jpanoré .
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-155 t
e outro em Ipanoré - para poupar o trabalh o sempre arriscad o da varação do batelão . ( 1 ) Retoma ndo o levanta mento às 15 horas e 25 minutos de 18, alcança mos, às 19 e 40, Tarecuá , à margem esquerd a. Com meia hora de marcha , atingim os a bôca do Tiquié, de longe assinala da pela Arara-capoam a. A contribu ição do Tiqzzié é imensa! "'F:ste rio tem na foz a largura de íOO metros. A do Vau pés, ai, é de dois quilôme tros, reduzin do-se, depois de remontar a Mandi-c apoama a 1.000 metros, largura que mantém até a Japurá- capoam a quando , então, aumenta para 1.500 até a Jacaré- capoam a. Antiga Paranaúca , Jacaré- capoam a tem boa casa de telha, morada de Francis co Antônio de Albuqu erque (o velho Chico, como é conheci do) - um dos meinbro s da família dos Albuqu erques que monopo lizar-am , para seu serviço particu lar, por longo tempo, os índios do Uaupés, baseado s na tutela qu~ exercia m como delegad os dos índios . Pouco abaixo da Jap11râ-capoama, está situado , à margem esquerd a, o bonito povoad o - Ananás , de índios tucanos e !ariano s. Possui 19 casas e uma igreja em constru ção. Recense amos 89 pessoas . O povoad o. está bem lançado c a igreja não é do estilo banal das outras. Entre os acident es mais importa ntes no trecho Japurá-Ja caré-ca poama, destaca m-se: J apurá-i garapé. à margem esquerd a; Cururu -capoam a; ilhotas pouco abaixo da R edonda- capoem a; o grande lago Matapi, à margem direita; Tapira, barreira , à margem direita; o paraná- miri-ua ssaí, à margem esquerd a; Jacitara-lag o, à margem · esquerd a e o grande igarapé Tarainiri, à margem ~squerda. Prosseguindo em sua marcha para o rio Negro ainda rumo Leste, o Uaupés apresen ta cada vez mais o aspecto de grande rio. Seu leito continu a a ser ar_e noso, as margen s são mais baixas, mas, em geral, f~r mes. A largura varia de 600 a 1. 500 metros, atin(3) I panoré é um povoado de índios turianos . O t.uxaua chama-s e Raimund o. Possui 10 casas e 40 habitant es.
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A bõca do rio Tiqu!é.
A largura do Uaupés.
Jacaré-cap oama.
O velho Chlco de
Albuquerq ue.
Povoação Ananis.
O trecho entre Japurá a Jacaré-capoamas.
--156 gindo cêrca de 3 quilôme tros acima de Pira-iga rapé com a f ormaçã o do grupo de ilhas que se escalon am para XE até Pituna- rapecum a. Entre os afluente s mais importa ntes, notamo s: Xibuiar i-igarap é, à margem direita; Tucano- igarapé , à margem esquerd a; Piiuna,· à mesma margem ; lui-igarapé , à margem direita; Ciarara, Piramir i-igarap é, Jurupar i-igarap é, à margem direita; Tocangu ira-igarapé e JIIicura-igarapé, à margem esquerd a. Como sentine las avançad as d a serra de Cabari, vimos Jficura-iu itera, morro de 120 metros aproxim âdamen te, o cerro Jurupar i, com cêrca de 200, Panela- iuitera, com mais de 300 metros e Tatu-iu tera, eom mais dois picos de mais de 200 m etros .
Fechamos em S. Felipe o nosso caminhamento iniciado a 8 de outubro.
Ao defront armos CuiC.!-capoama, na foz do Uaupés, deshord amo-la pela esquerd a, onde o canal tem cêrca de 160 metros, prosseg uindo rio Negro acima até São Felipe onde fechamo s o circuito iniciado a 8 de outubro . Pelo lado direito d~ grande ilha, o canal tem mais de quilôme tro e vai sair em São Pedro, da bôca do C:aupés, a que já tivemos ocasião de nos referir.
No baixo Uaupés aparecem os primeiros povoados de civilizados .
Xo trecho aludido , o Uaupés é bastante .povoad o por ch·iliza dos. Já pouco acima de Taracuá , à margem esqu erda, aparece o sítio do venezue lano Carlos Valero, em frente a Jacaré- capoam a, o sítio Bela-ri sto com casas de alvenar ia do falecido Manduc a de Albuquerq ue; pouco abaixo de Jacaré o sítio São Salvador, com boa casa de morada , de Arsênio de Oliveira, ex-Sarg ento do Exércit o e Pituna- capoam a, pertenc ente a João Tromba das, nordest ino que expiora balata no alto Uaupés e armazém de armarinho e miudez as em sua residên cia . O Sr. Tromba das é casado com D. Januári a de Albuque rque, da família dos Albuqu erque, que herdou as qualida des varonis dos seus pais. É tecedeir a hábil de rêdes de tu c um . Yimos no tear uma rêde finíssim a pela qual D. Januária pedia 400,00 (cruzeir os). Como estivess e adoentada e não garantiu dar-nos pronta até fevereir o, desistimo s de adquiri -la. O Sr. Chico de Albuqu erque, ~ ._ -.
D.a Januárla de
Albuquerq ue.
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de Jacaré-igarap é, explora a abiur ana, sucedânea da borracha, preparando-a em blocos (cosidos) para exportação, em cipó e em preparo mistura, dos quais t rouxemos amostras. Explora, também, a balatarana, sucedânea da balata, que abunda nos igapós do baixo raupés e que se encontra também no seu sítio Cabari• acima de São Gabriel. onde reside sua família. Povoações indígenas existem ainda as de Iu-rapecuma, à margem esquerda, com uma casa (índ~os tucanos e !arianos) e um barraci.io; Coró-coró, com 4 casas, à margem direHa (tucanos e deçanos) e os de nomes Conori-ponta, Trovão, Puraquiquara e Pacuasororoc(:, todos à margem direita, e de índios civiliz~dos como os que povoam o rio Negro. . Xa bôca do C.:aupés. à margem direi~a, assenta o an tigo povoado São Joaquim com 10 casas e uma igreja. Está em situação magnifica, oferecendo aspecto animador para quem desce o rio. Nosso desapontamento, ao encontrá-lo inteiramente abandonado foi grande - o cemitério local tem cêrca de 100 sepulturas. Informaram-me que sua . decadência ' foi apressada com a epidemia da gripe que dizimou grande parte da população. Yimos no cemitério placas ainda com data de 1925.
A exploração da ablurana e da ba.J.ataran&.
Iu-rapecuma..
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S. Joaquim.
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A área do povoado tinha sido roçada recentemente, pois os habitantes das cercanias costumam ali reunir-se por ocasião das festas do Padroeiro e do Divino.
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A Missão de Taracuá: Foi fundada em 1923 pelo padre Balzola, da Prelazia Apostólica do rio Negro, sob a orientação de. l\Ionsenhor l\lassa, atual prefeito _apostólico . É seu diretor, presen temente, o padre João Marchesi, auxiliado por padre Antônio, ambos de nacionalidade italiana. No local em que se instalou a missão indígena, havia, em 1923, uma maloca de tarianos, com 26 almas. Na sede improvisada, hoje demolida, mas cujos alicerces ali permanece~ para atestar o inicio da missão, os padres construíram uma escola que, no ano .escolar 23-24 foi freqüentada por 10 alunos, número que se elevou a 20 no ano seguinte.
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Missão de Tuacuá.
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i A antiga maloca
Taracuá.
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A povoaçã o
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indígena.
classe das meninas.
os missionários. índice demográfico.
Pela estatí stica que anexo a êste relató rio e que I','-~ foi forne cida pelo padre João March esi, direto r, vê '<,: que a povoa ção indíg ena atingi u a 187 p essoa s, e-h' v ando- se a 123 o núme ro de. aluno s, todos intern \~~ dos quais 75 menin os e 48 meni nas. A classe das meni nas foi abert a em 1925, com I' ch egada de três irmãs .de Maria Auxil iador a, tôd!\"~~ brasi leiras . Inclu indo os irmão s leigos , a missã o conli\ com seis missi onári os ·e cinco missi onári as. Deram -li\\ em 1928, 13 nasci mento s e 3 fal ecime ntos, soman 1 ,\1 331 o núme ro de habit antes da missã o e povoa ção in digen a de Tarac uá.
Tarac uá-po nfa está coloc ada em excel ente posiçéW
topog ráfica , domi nando os dois grand es estirõ es ,h' rio. Apres enta belíss imo aspec to, empo lgand o a atrll ção do viaja nte que se sente surpr êso com o progr~ s"'' e a grand iosida de da obr~ da Missã o . E a admi raçiW cresc e sobre mane ira quand o então se é infor mado q\11' t udo aquiló é traba lho dêstcs cinco anos, devid o à d etll cação dos l\lissi onário s e contr ibuiçã o exclu siva dos iii dios que entra ram com a mão de obra com o maÍ1' ' e ntusi asmo . As mulh eres, sobre tudo, toma.r am parlt· ativa no trans porte da pedra , barro p ara a têrro e con" truçã o das pared es. D estaca m-se e m Tarac uá a igreja , o grand e e m•' jestos o pavil hão dos nienin os e o pavil hão das· irmii" • ambo s de dois pavim entos . :!\aqu ele, o pavil hão inf'' rior foi resetv ado para as aulas , o gabin ete do Din• tor, o depós ito de merca doria s, o salão de refeitó dcto cozin ha, etc. ; o anda r super ior é ocupa do exclus ivA ment e pelo d ormi tório- ào:,-a lunos e dos padre s, an1 pios, areja dos e de asseio irrep reensí vel. O pavilh fttt das irmãs tem instal ação análo ga. Xo. pavim ento iii feriar , visita mos uma b em mont ada farmá cia a cargtt de uma das irmãs . Yisita mos tôda a missã o, const atand o, a orden t• o asseio e o zêlo dos missi onári os, a cuja frente ~" acha o padre João, bonís simo e abneg ado sacer dotl' . Nas festas que nos propo rcion aram por ocasi ão d,. nossa desci da do Tiqui é, já na classe dos menin os, j/1
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na das menina s, tivemos a satisfaç ão de verifica r o carinho , a dedicaç ão e o amor com que as irmãs· e os padres tratam a infânci a indígen a. As criança s revelam grande aprovei tamento e sobretu do exato conhecimento de nossa naciona lidade. Como em São Gabriel, os mission ários de Taracuá imprim em cunho patrióti co ao ensinq, desenvo lvendo nos jovens o amor à Pátria e cultuan dó a sua Bandei ra, os seus grandes homens , as suas datas gloriosa s. Fomos conside rados hóspede s da missão . Consign amos aqui nosso sincero reconhe cimento ao boníssim o padre Marche si e às dignas irmãs p elo carinho e gentilez a cativan tes que· nos dispens aram durante as 24 horas que ali permanecemo s. O povoad o indígen a está bem lançado . Contam os 18 casas distribu ídas em uma rua larga que termina em uma praça ajardin ada na qual se ergue uma coluna com a _imagem de l\Iaria Auxilia dora .
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Além da casa reserva da aos hóspede s da missão, há, no pôsto, um grande ba_rracão destinad o aos viajantes e tripulan tes em trânsito .
A EXPEDIÇÃO DO RIO TIQUIÉ
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. Co mo tiv em os oc asi ão de rel ata r, ao tra tar do le,·a nta me nto do Ua up és, ch eg am os a Ta rac uá na no ite de 12 de de zem bro . Na ma nh ã seg uin te, org an iza mo s a ex pe diç ão ao rio Tiq uié , faz en do pe qu en a ba se em Ta rac uá . Al i en co ntr am os, a no ssa ch eg ad a, um ca ixã o co m me rca do ria s e mi ud eza s qu e en co me dá ram os de Sã c Ga bri el, po r int erm éd io do Dr . Gl yco n, be m cor no um, po uc o de ran ch o de qu e est áv am os t am bé m de sfal cad os. Dê s te, po rém Com o foi org aniz ada , no sso s for ne ced ore s ha a exp ediç ão. via iil se esq ue cid o do art igo ma is im po rta nte , - qu e era o sal - do fei jão e da ca rne sêc a - ba se da alime nta çã o do pe sso al. Po r ind isc riç ão de no sso coz inh eir o, o am áv el pa dre :l\Iarchesi tev e co nh eci me nto da sit ua ção de no sso ran ch o e pro nta me nte se ofe rec eu pa ra su pri rno s, o qu e ace ite i sob a co nd içã o de ind eni zálos à mi nh a ch eg ad a àq ue la vil a, o qu e rea lm en te fiz , ap esa r da ge nti l ins ist ên cia do pa dre em nã o qu ere r re;ce be r o pa ga me nto . O rio Tiq uié pe rm ite na ve ga ção fra nc a a lan ch as A ~:entile= do pad re de pe qu en o cal ad o até Mar che si. Pa ri- cac ho eir a - 320 qu ilô me tro s da foz ; e, co mo é mu ito po vo ad o no mé dio e alt o cu rso e est á lig ad o ao s rio s Pa po ri e Ap ap óri s po r va rad ou ros de fác il ace sso , é ba sta nte ex plo rad o e co nh eci do . Af ora as inc urs ões do s cie n tis tas e do s O rio ba lat eir os co lom bia no s, é fran cam ent e há as do s pa dre s da Pr nav egáv el por lan ela zja do rio /I.Tegr o . Al gu ns co cha s de peq uen & nse gu ira m ati ng ir sua s cala do até Par i-· cab ece ira s. O pa dre Jo ão Ma cac hoe ira qui rch esi sub iu o rio Pa po ri l õme tro 320. até Cu pim (M iss ão "M on t Fo rt" ) e de lá pa sso u pa ra o Tiq uié , po r um va rad ou ro qu e va i sai r em Um ari -ca ch oe {ra . As exc ursões dos Yi sit ou tôd as as ma loc as dês te rio, de sce nd o-o , ap ós, rum o a Ta rac uá , Mo nse nh or Ma ssa , dir eto r da
denti stas e dos pad res sale sian os.
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-1 6 4 pr ela zia , tam bé m ex cu rsi on ou até Pa ri- ca ch oe ira e a res pe ito pu bli co u um as no tas em se u liv ro "P elo Ri o Ma r", b em co mo o fal ec ido pa dr e Ba lzo la. Xã o tin ha m, en tre tan to, ex ec uta do o res pe cti vo lev an tam en to, ne m dis pu nh am de pla nta ou sim ple s .. cro qu is" . O pa dr e :M archesi pô s à mi nh a dis po siç ão do is índ ios pa ra sen ·ü· em de prá tic os e fo rn ec eu -m e um a est a tís tic a da po pu laç ão . Al ivi ad os da ca rga qu e tra zía mo s do alt o Ca up és na qu al pr ed om ina va m os .. ch iri mb ab os " e os art efa tos ind íge na s, larga mo s de Ta ra cu á às l.J ho ras e me ia do dia 19 , no no sso mo tog od ile 5 H . P . do Se rvi ço de Pr ote çã o ao s índ ios . Co m me ia ho ra de ma rch a, alc an ça mo s a bô ca do Ti qu ié qu e, aí, tem po uc o ma is de 700 me tro s de lar gu ra . Su as ág ua s sã o ma is cla ras qu e as do Ua up és, O rio es tav a va san do , ap res en tan do pr aia s, o qu e de nu nc iav a se u lei to, int eir am en te aren os o. Po us am os ne ste dia em Sa nto -.4 .nl ôn io, ma loc a de índ ios ma cu s, jun to à bô ca do Jra -ig ara pé, a 20 qu ilô me tro s do l'ü up és .
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A bõc a do 'Iiq uié .
O trec ho ati o lra- lga rap é.
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O Jra - iga rap é é um ver dad eiro rio - é o seu ma is imp ort ant e t ri but ário .
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tre ch o deco rri do , o Tiq uié tem -!00 me tro s de lar gu ra, em mé dia , e, de po vo ad os , só en co ntr am os os . sít ios Ca mp ina , an tig a Sã o Cl em en te, e Çu ru ru , pe qu en a ba rra ca d e pa lha , am bo s de índ ios tuc an os . O lra -ig ar ap é trá s gr an de co ntr ibu içã o ao Tiqu ié . É um ve rd ad eÍr o rio qu e, na foz têm cê rca de 20 0 me tro s de l ar gu ra, dil ata nd o em gr an de po ço a ma rg em dir eit a do Tiq uié , no ba rra nc o em qu e asse nta a ma loc a Sa nto An tôn io: Da í pa ra cim a, o Tiq uié red uz -se a me no s de 20 0 me tro s de l arg ur a e pa ssa a div ag ar, em l eit o ins táv el, em bo ra ma nte nd o o ru mo ge ral pa ra o Po en te. Con~ tin uo tra ba lho ila s ág ua s, desm on tan do um a da s ma rge ns pa ra ate rra r a ou tra , de pó sit os qu e a ve ge taç ão típ ica log o co ns ol ida , de sv ian do o ca na l. As sin uo sida de s sã o co n tin ua s e mu ito pr on un cia da s vo lta s seg uid as um ou ou tro es tir ão . O tra ba lho da s ág ua s ati ng e a ce nte na s de me tro s, av an ça nd o e recu an do - or a um a ma rg em , or a ou tra , mo dif ica nd o-
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As mesma s formac ões de lagos e barreir as anáas do Içana e do Airi, mante ndo êstc. aspecto até Tucano -cacho eira, quilôm etro 215, quando apareceu os primei ros afloram entos graniti eos. Entre os lagos, anotam os: ll!ucum , })OUco acima de Cururu , à marge m dii·cita ; Curucu ru, à mesma marge m; · Taiaçu , Cipó e Turuli, à marge m esquer da; Conori , Boiu.ruca e Jiauá, à marge m direita ; Socó. Baculi no, Tarira e Tariia, à marge m esquer da; Crugu, l'llacucu e Jauareté, à mnrge m direita ; Pi:runa e Caruru , à margem esquer da; êste, à 6 quilôm etros abaixo de Tucano -cacho eira. Entre as barreir as (depós itos de areia) -- registamos Lua. a marge m direita , pouco acima de Tui-igarap é. Enfl·e os afluent es, n este trecho , distaca m-se Inambi -igara pé, éom uma pequen a maloca de iucáno s, Jazzacaca-igarapé, cuja largur a média é de 30 metros , tendo 50 na bôca; Popun ha-rup ilá-iga rapé, com uma maloca de miritis -tapuio s, Acaiú- iyarap é. onde há, também - um dia de viagem - grande maloca de miritis-tapuio s; l..:assai -igarap é, com mais de 60 metros na bôca e Maracu -igarap é, com uma maloca de mirilis -tapuio s (todos à marge m esquer da) . :?\as cabece iras de Conori -igarap é há uma grande muloca de ai-fapu ios e muitos macus . Como as margens são baixas e muito trabalh adas pelas águas, os índios procur am os igarap és e suas cabece iras, onde o terreno é mais firme . À marge m do Tiquié, encont ram-se : Maiapi , pequena _casa de palha, de índios tucano s, a maloca de loga~-
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-lhe o sentido da curva; e as marge ns assim ren?va ' das e amplia das contra stam com as do lado oposto em que a devast ação das águas deix am os hàrran cos solapa dos a· desmo ronare m-se, levand o em _sua queda árvore s - que a corren teza conduz . . As colô!li as de "jauar is" bordam infaliv elment e as marge ns convex as, outror a côncav as. Com o tempo, o rio terá traçad o outro caminh amento na faixa do seu leito moved iço.
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As colônias de
..Jauarls".
N este arecho o ~ p ecto é análogo se d os rios Iç.ana e Aiarí, com a formação de )agos, barre iras e paranãs-mi rlns.
Os afluentes mais importan tes são os da margem esquerd a.
Os Igarapés são m:.ús po-roados q u e o rio.
-16 6lucano.ç à bóca do Jfacu cu-la go e a de Sum aúm a (deçano s e tuca nos) , já no quiló metr o 205, à marg em di-
reita . x.arcura
do rio.
TUcan o-cach oeira.
Uirapa je-cac hoeira .
o
rio passa a correr em Jeito definit ivo.
o planal to que vai de Uirá-p oço e Bela Vista.
Varad ouro para o Turi-i garapé , no PaporL
Do Ira-i gara pé a r:onor-igarapé, a largu ra méd ia é 150 metr os. Dai a Tuca no-c acho eira. redu z-se
a 100 metr os. X o quiló metr o 71, noss~ pous o no dia 20, a l argu ra enco ntrad a foi de 93 metr os. Tuca no-c achoe ira foi remo ntad a com facil idad e. Pouc o acim a: uma outr a cach oeira rece be o nom e de Tapi ira e 3,5 quiló metr os adia nte outro aflor amen to gran ítico dá orige m à Paca -cacl weir a, tamb ém trans posta sem dificul dade .
À mon tante da cach oeira , o Tiqu ié cont inua a tecer l!1ea ndro s até o Arar a-iga rapé , quiló metr o 238, em que as marg ens pass am a ser firm es, surg indo os prim ei- · ros estir ões. [Tirapaie-cachoeira é um pequ eno degr au no quiló metr o 262, pouc o abaix~ da povo ação Uira-poç o ou Naza ré, onde pous amos no dia 23.
Xa jorn ada de 2-1, o Tiqu ié nos prop orcio nou ixrpres são mais agra dáve l: o. rio corre , então , sôbr e leito defin itivo ; sua largu ra méd ia pass a a ser de 60 metr os, maio r prof undi dade . A nave gaçã o é franc a. A velocida de aum enta em cons eqüê ncia dos estii: ões de mais de quiló metr o, que se apre senta m. A marg em direi ta é mais alta e um plan alto de 20 a 30 metr os de a ltura em relaç ão à linha dúgu a esten de-se , indefinid ame nte para o poen te. )\êle , os tucan os fund aram os boni tos povo ados
Cuir á-po ço. Flor esta, S/io José, Sant a-Lu zia, Jlara cajá , Uaca ri c Bel(I- ris ta (quil ómet ro 314) . Há um pequ eno trech o de G quiló metr os acim a de Caba ri-ig arap é, em que o rio se desv ia do terre no firm e, corre ndo em leito .inst ável, no qual reap arece m os lago s, os para nás- miri ns e os infal iveis "'jau aris, . Entr e os acide ntes mais impo rtant es, neste trech o, notamo s: Mitu -igar apé, pouc o acim a de l.'ira-por_: ô, à margem esqu erda , dond e sai o vara dour o para a cabe ceira do Turi -igar apé, no rio Papo ri, a que ti·vem os ense jo de nos refer ir quan do trata mos d êste últim o rio
16 7(ga sta -se doi s dia s par a che gar ao Tur i-ig ara pé, ( 1 ) Uma ri-lg arap é é poXm ari -ig ara pé, ' afl uen te da voad o por índi os ma rge m esq uer da (su bin ma cus. d o-s e êst e iga rap é doi s dia s em can oa, che ga- se a dua s gra nde s ma l oca s de ma cus . Ca sta nha -ig ara pé, gra nde afl uen te da ma rge m di- O Cast anha -!ga rapé rei ta, a um qui lôm etr o aci ma ante povo ado. de Um ari -ig ara pé, ond e eE' bast por êle que os ' há qua tro ma loc as d e índ ios mbia nos pass am tuc anos, pir a-t apu ios e dc- colo do Apa póri s, para o çan as. É po r êst e iga rap é que Tiqu ié. os col om bia nos passam do Ap apú ris par a o Tiq uié . En tre Um ari e o Ca sla nha -ig ara pé, n oss a ate n- O l ençol de linb lto ção foi de~;l>er tada pel a pre que se es tend e a sen ça de um a cam ada · rle part ir de Uirá 1 a 2 me tro s de esp ess ura -poç o. de linh ito, à ma rge m esçue rda , no bar ran co tal had o a pru mo . Sob a açã o da um ida de, c tal ude tin ha o asp ect o de r och a . Co m o As amo stra s que cor te que fiz em os, con sta t trou xem os. am os tra tar -se de linh ito, cuj as amo~tras for am ret ira das em blo cos e ent regue s em Jla nau s ao Dr. Gly con , par a o dev ido exa me . O len çol apr ese nta va- se ent re cam ada s de tab atin ga e de are ia ou tab atin ga, are ia e at·g ila. 1\Iais aci ma , ver ific am os idê nti co len çol à ma rge m dir eita , com (.Sp ess ura inf eri or . ~as jor nad as de 23 e 2-!, ·v isit am os os seg um tes pov oad os: Tuc ano -ca cho eir a, à m arg em dir eita , com Tuc ano-cach oeir a. um a ma loc a do Ca pit ão H enr iqu e e cin co cas as de pal ha. Rec ens eam os 37 pes soa s, ma s a est atís tica do p adr e acu sa 63 ent re tuc ano s, deç.anas e tui uca s. ~ão encont ram os, aí, nad a par a adq uir ir. Jraiti, à ma rge m -es que rda , no vér tice de doi s gra nde s est irõ es, sôb re bar ran co alto - gra nde ma loc a e ci nco bon itas c~sas Ca pit ão Leo nar do, hom em Cap itão Leo nard o for te c civ iliz ado _que se gab a de fal ar portu~_em bor a est rop iad o. É hospit ale iro e ale gre . Co nhe ce tod o o Tiq uié . Em sua ma l oca _é que eu org ani zei , de r egr ess o de Pa ri-cach oeira, o "cr oqu is" do alto Tiq uié , con fro nta ndo su.a s inf orm açõ es com as for nec ida s pel o tux aua Jos é, de Par i, e nos so trip ula nte civHiz~do Cir o de Alb uqu erq ue. A pov oaç ão est á sen do Jev antl.)Na cab ece ira do Tur i-ig ara pé hã uma gra nde ma!Qra
de m actl s.
168-
o
filho do Capitão.
Os serviços de derrubada e· outros ( pesados são feitos pelos macus.
Os macus são ~scra· vizados pelos tur-anos c os mirltis-tapu!os.
serviços que como camaradas e como capangas.
Os
pr~tam
tada segundo instruções do padre Marcl1esi,. que já escolheu o local para a futura igreja. O Capitão Leonardo queixou-se de falta de ferramentas, sobretudo terçados e pediu-me intercedess e junto ao padre e ao inspetor dos índios no sentido de lhe serem fornecidas não só as ferramenta s, como espingarda de caça, calças e camisas para os lwmens e saias para as mulheres. A seu })edido, levei um seu filho como prático do rio, para proporcion ar-lhe o ensejo de ganhar uma calça e uma camisa. Mas, no regresso, pediu-me para leva:· o rapaz até Jlanaus, para passear, dizia o Capitão . Fiz-lhe, em parle a vontade, fazendo regressar o jovem de Taracuá, pois verifiquei nos dias em que o tive em nosso serviço, que êle não tinha qualidades aproveitáv eis para serem desenvoh ·idas. Aliás, na J)alestra que mantive com o Capitão Leonardo, me capacitei que êle e seus filhos não gostam de trabalhos pesados. Os rapaz.es tinham pele ciar~, luzidia e cabelos bem tratados! Suas mãos er::~m delicadas! Os 1I trabalhos p esa dos são feitos pelos macus, que os índios do Tiquié escraviz~m, trabalhand o para êstes como ( cam aradas . Por isso, êstes inclios fogem para o cen- _ tw. armando suas tendas bem para o interior . Mesmo \ assim, os tucanos e os miritis-tap uios lhes dão caça e os tt·azem para os trabalhos de derrubada e outros sen·iços grosseiros . Os macus nâo se rebelam - ao contrário -estão convencid os da sua inferiorida de e alguns chegam a se afeiçoar a seus "patrões" com a dedicação e fanatismo dos an tigos escravos africanos! A propósito, o padre l\iarchesi me ofereceu um cacete de itaúba com que um indio macu, a ordem dos tucanos, matara um chefe deçana, a quem se atribuíra a morte de um tux aua tucano, de Uirá-poço. ~ste fôra vitimado por uma moléstia qualquer; mas o indio não acredita em moléstia a não ser a do catarro (gripe) e morde<!ura de cobra. Tudo mais é sôpro, coisa feita, de um inimigo ou r epresentan te de outra tribo . Atribuem sempre a um sôpro ou veneno e, daí, as vinganças. Pois OS l_llaCUS, COmO bons capangas, também Se pres-
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-1 69 tam ao mi ste r de vin gar em a mo rte dos seu s pat rõe s e, a pro pós ito , o pad re 1\f arc hes i me rel ato u ma is de um cas o . .. E o est igm a da raç a v ai ma is longe ... (=) O pad re 1\I arc hes i con tou -m e que um che fe tuc ano con sen tiu em qu e um seu filh o fic ass e com o inte rno no col égi o de Ta rac uá, con tan to qu e um ind ioz inh o ma cu, qu e ser via de pag em , o aco mp anh ass e, com que de bo m gra do con eor dou o mi ssi oná rio , na esp era nça de con ver ter am bo s. Ma s a tar efa não é tão fác il po rqu e o p:.-econceltú est end e-s e às cri anç as, c, me sm o no col égi o, os fuc anc•s e pir a-tc;puios iso lam -se dos p equ eno s macus e os des pre zam . Xe tn sem pre êst es r esi ste m à pre ssã o do m •~io e reg res sam às sua s lon gín qu as ma loe as. Co m pac i<; nci a e p e rse ver a nça , os pad res :vão con seg uin do qu eb rar o pre con cei to de raç a, e ent re as cri anç as qu e tom ara m par te nas f est as de Ta rac uá Yimos algu ma s bem int ere ssa nte s filh as de ma cus , que par ecia m sen tir- se hem no ine io das col ega s. · Re cen sea mo s 42 pes soa s em I rat i. Os hom ens são mi ritü -la pu ios . as mu lhe rse são lúcanás~ Cira-poc;o ou Xa=aré (:\" oss a S enh ora de) , nom e Uira -poç o tem prodad o pel os pad res , est á porções para ser unu col oca do em exc ele nte situ boa cida de. ação top ogr áfi ca, com pro por çõe s par a um a boa cid ade . Po ss ui um a gra nd e ma l oca e nov e cas as. De sta , qua tro são nov as, com par ede s d e bar ro bem bat ído , po rta s e jan ela s de ma dei ra lav rad a . Per ten cem ao tux aua l\ln t·ti nho e seu irm ão qu e enc ont ram os de Õ.e3cid a no Tiq uié , em via gem pa ra Tar acu á, ond e iam tom ar par te nas fes tas de Xa tal pro mo vid as anu alm ent e p elo s padr~s . -~.--.
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Em fre nte ao pov oad o (m arg em esq uer da} , bà um cam inh o qu e vai sai r em um a gra nd e ma loc a de ma cus , bem pa ra o cen tro . Em nos sa pas sag em por Cir á-p oço , enc ont ram os alg uns ma cus des ta m alo ca. Fo mo s vis itá- los no bar rac ão ond e est ava m hosped ad os. Pa rec iam con t raf eito s, bis onh os, ma ltra tad os, es· qui van do- se dos P.s tra nho s. (: )
Cha ma r um Aru aqll e de nwc tt
~
im:u llá- lô!
Maloc:.a de Mac ús.
Os que enco ntra mos em Ulrá -poç o.
-170 Mal oca Floresta.
Floresta é um bonito povoado, também à niargem direit&, com uma maloca e quatro casas, armadas em madeira de lei lavrada. A maloca está assente em posição dominante entre os igarapés Cane e Uaracu. Xela, estão enterrados o velho tuxaua .7!/andu, sua I~llllher e mais 10 parentes.
,utefacto adquirido.
Con1 o tuxaua Caetano, adquirimos um "cuac0rô'~ (em deçana) e "hatô" (em tucano) - vasilha feita de "jamaru·· (espécie de cabaça), com bocal de ''mirapiranga" e chupeta de tíbia de jacamin - com que os índios sorve1n o "ipadu". Cmno se sabe, ó "ipadu" é um tónico excitante e poderoso feito de fôlhas de coca reduzido a pó finíssimo e a que costumam adicionar ci nza d e fôlha de embaúba. Depois de torrar as fÓlhas da coca que chamam "ipadu" ou simplesment e .. padu" - levam-nas a um pilão feito do "mirapiranga" - que é uma das melhores madeiras de lei onde são re~uzidas a pó.
o
prep:uo do ipa du.
como se r eduzem a pó finíssimo.
:\s
cinzas da fõlha
em embaúba.
O aspirador padu-papu.
Patõ-punê.
:Este é, então, colocado cm outro pilão ("paduparu"), de 2'",5 oe comprimento por om,25 de diâmetro, ôco, feito de "maruru". Em v ez da mão de pilão, servem-se no "padu-padu~ ' de uma vara comprida, na Pxtremidade da qual a da ptàm um passador feito de tururi, " padu-paquê" , que agitam repetidas v êzes r eduzindo o con tcúdo a pó finíssimo. Torram, . d epois, fôlhas de embaúba e adicionam as cinzas ao "ipadu", dosando de acôrdo çom o gôsto de cada um. Em Pari-cachoeir a, adquirimos o "padu-padu" com u tuxaua José, para o nosso 1\Iuseu, bem como um outro ~ · feito de casca de tururi ("pátuga") que se a perta, expelindo o pó por uma cfmula "hiéhen-uá") , f eita de tíbia de garça . As fôlhas de coca, os tucc.mos denominam "pa tô-punê"! O "padu" é muito cultivado entre os índios do Tiquié. De V ira-poço, trouxemos umas amostras. Nosso botânico, Dr. Luetzelburg, também trouxe boas amostras . Observei que o "ipadu" é usado só pelos adultos e de preferência pelos velhos que fa zem a roda, passando, de um a um, o "ható" ou "patuga", con1o os gaúchos o fazem com o chimarrão.
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-1 71 O Dr. Ric e con ta que os inclios cos tum am prep aOs comp rimid os de J·ar uns com prim idos de "ipa du" , "ipad u .. e tapio ca. adic iona ndo -lhe farinh a de tapi oca par a dar- lhe con sist ênc ia. Yia jam 2 e 3 dias , alim enta ndo -se exc lush:.anl .en-te -ca n ê.les, sem sen fir !om e, nem son o! '· Os índi os de Flo rest a são dec ana s; sua s mul heres são tu can as. São José é um pov oad o em dec adê ncia São José e Sant a , com uma Luzia . mal oc'a e qua tro casa s, 5 quil ôme tros acim a de Flo rest a. É de índi os tuca nos e o tux aua é o mes mo de San ta Lu::ia, gran de mal oca em ruín as, à mar gem esque rda, um quil ôme tro acim a de São José ! O rece nseam ento do pad re dá 56 alm as par a os pov oad os do tux nua Ant ônio . Enc ontr amo -lo em San ta Luz ia. O tuxau a AntÔ nio Que ixou -se ao tinha sido vítim a nos so méd ico de sua s doe nça s . É um hom em fort e, de de um sopro . boa esta tura . Esta Ya visi velm ente doe nte e o atri buía a um sôp ro qua lqu er. Ent re São José e San ta Luz ia, há uma gran de mal oca de dcça nas que deix amo s de No Tucu ra-lg arapé há uma malo ca de visi tar, por esta r a um dia de viag em, no Tuc ura- gad~çanas. rap e. ]'l!aracajá é um pob re núc leo de tu can os, cujo Mara cajá ou Santa Maria . tuxa ua é o Cap itão Ton quin ho (Ca van haq ue) . É con stitu ído por uma casa e dua s bar raca s de palh a, acu san do a esta tísti ca do pad re 49 pess oas. O Cap itão é mui to amá vel e gos ta de neg ocia r com os civi liza dos . Yen dcu -nos cará s e aba cax is. Em segu ida, vem Uacari, gran de mal ocâ à mar Uaca. ri. gem dire ita, bon ito sítio , no belo plan alto que se estend e até Bela l'isl a. A mal oca nec essi ta de gran des r epa ros. Ser ia pref erív el deit á-la aba ixo e con trui r nov a, assi m me diss e o. Ca pi tão Hen riqu e . Não dispõe , por ém, de gente......p.~ . obr a de tam anh o vult o, pelo que se c~ntentou em leva ntar dua s casa s de palh a ao lado . Com prei do Cap itão uma lanç a par a nos sa cole ção . Ao ano itec er, che gam os a Bela 1'ista, nom e Bela- VIsta - O C:apltão Domi ngos. mui to bem esco lhid o par a o sítio do Cap itão Dom ingos, que foi rece ber- nos no ppr to com tôda a sua gen te. Hom em inte lige nte, ativ o e ené rgic o, aco lheu nos com aleg ria e pro ntam ente man dou leva r par a a mal oca nos sas miu dez as.
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J'o Umari-i garapé há 4 malocas de deçanas e no caminho para J3,ela vista 1 outra..
Pari-cac hoeira.
Sumaum a-cachoe ir:t.
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povoaçã o.
A grande maloca elos tucanos é um mo· numento de sabedoria e arte.
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A maluc a foi recent ement e recon struíd a. Al~m dela, há uma casa de palha onde adqui rimos , em troca de um corte de saia, um casal de maria nitas e um Lnlao zinho com desen hos de .. caiau ru". Não encontra mos nada para nossa colec;ã o na maloe a do Capitüo Domin gos. Três e meio quilôm etros abaixo de Bela rista, à marge m esquer da, deság ua o Fmari -igarapé, onde existe m quatro mal ocas de deçun as. De uma delas, sai um camin lio que a comun ica com Bela ''isla, passan do por outro maloc a de de·çun as . . . . . A estatís tica do padre l\Iarch esi dá para os povoa dos de Bela risla e Cmari -igura pé 67 tucano s e 73 deçanas . Como não visitam os as maloc as dos deçana~. tomam os por base o censo f eito pelo padre . .Xa manh ã seguin te, alcanç amos, com 60 minut os de march a Pari-c achoe ira. Xeste trecho , o do mantém, ainda, a largur a média de 60 metro s. Pari-r achoeir a é forma da por dois degra us de nível de 1~ metro , separ ada pela Pari-c achoe ira-ca poama que, 3i, dilata a largur a do r io para -tOO metro s. Ao degt·a u da· marge m direita , os índios denom inam Buiaq uara-carho eira e ao da marge m esque rda Pari-c achoe ira. A passag em se faz sempr e por Pari-c achoe ira. Remonta da a Pari-c acho eira-c apoam a (ilha) , o rio estreita- se para 120 m e tros, d epois de recebe r Suma úma-igara pé, impor ta nte afluen te da marge m esqu erda. Daí, com 650 metro s de curso, atingi mos a Sumar íma-cacho eira, cujo desníy el é d e f'",60, aprese ntand o empolga nte espetá culo. Para tran spô-lo , é mjste r arrastar a emba_rcação sôbre as l ajes de grani to, à margem esque rda. Dali , retroc edemo s a Pari-c achoe ira. Const a o povoa do de uma g1·ande maloc a à marge m direita , do tuxau a Capitã o José, e de uma outra e uma casa, à marge m esque rda. Esta é residê ncia de uma viúva e 4 filhos e, na maloc a mora o índio l\Iarco , irmão do Capitã o José. Foi n esta que vimos o preparo do "ipad u" e a roda que se fêz passa ndo de mão em mão o "pa-tu ga", a que nos referi mos. A maloc a do Capitã o José é a maior e a mais bonita de tôdas as que vimos na região . l\Iede 37m X21mX9"',60 e o fundo termin a em cúpola . É uma
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17: 1-
obra giga ntes ca, de cons truç ão sólid a, eleg ante e artísti ca que desp erta surp rêsa e entu siasm o ao ·viaj ante . O acab ame nto na tece dura do teto é perf eito . O arca bouç o de~cansa sôbr e três orde ns de colu nas de madeir a de lei roliç as, respecti...-amente de 2, 6 e gm,5 de altu ra, às quai s vêm ter as linha s, a guis a de teso ura. Ao lado da atua l malo ca, havi a outr a que foi dem olida devi do ao gran de núm ero de sepu ltura s que já cont inha . Roc k Grü nber g não conh eceu a atual maloca . Refe re-se a do Sara pó, a últim a das malo cas elos tuca nos do Tiqu ié, a maio r de tôda s (45mX36m Xllm ) , tamb ém com fund o de cúpo la. Prov àvel men te, o tuxa ua José - que conh ecia a de Sara pq e as demai s de, alto Tiqu ié - a imit ou quan do cons truiu a nova mal oca. O Cap itão José é um hom em alto, cêrc a de 1m,80, mag ro, olha r intel igen te c astu to, esbo çand ó, a miúd o, um sorr iso irân ico. Fala o tuca no e ente nde algo de líng ua gera l. : Por meio de noss o tripu lant e Ciro d~ · Albu quer que, que fôra seu genr o, man th·em os com êle inte ress ante pale stra . Deu -nos info rmaç ões sôbr e o alto Tiqu ié, que êle conh ece desd e curu mi, traç ando na a1·eia com a pon ta rlo dedo o curs o do rio, a po-. siçã o das cach oeir as, dos igar apés e das malo cas. As n otas que nos forn eceu com bina ram muit o bem com o as do Cap itão Leo nard o, de lrait i e do Pad re :\Iar ches i. Rev istan do a malo ca, dem os com uma gran de caix a de palh a prês a num dos gira us, a qual desp ertou noss a curi osid ade, pois tôda s as caix as de palh a susp ensa s ao .teto cont êm orna tos e enfe ites de fésta s. ' --..-,....,~A mui to cust o, cons entiu o capi tão em abri -las e . d.e- , vass ar a noss os ·oJhc)s prof anos as relíq uias que ·se " cont inha m no seu pequ enin o mus eu . E que belís sima cole ção de "aca ngat aras ", de faix as de .. turu ri" e outr os orna tos nos mos trou o tuxa ua! Fica mos enca ntados e arris cam os uma ofer ta. O capi tão sorr iu disp licent eme nte e foi arru m ando cuid ados ame nte um a um os orna tos. E o noss o jnté rpre te nos expl icou que o capi tão não os vend ia. Dep ois, disse -nos , a grac ejar,
A antiga maloe a foi
demol ida.
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Tuxau 2 José, df' Pari·C acboe ira.
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O Major Boanerges e o t!Lxaua José de Pari-cachoeira
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que só dari a uma das acan gata ras por um espi ngar da, na certe za de que recu saría mos a prop osta . Com o conc ordá ssem os, riu, aban ou a cabe ça e disse -nos fran cam ente que não a vend ia . por preç o algu m! Do mes mo mod o nego u-se a vend er-n os um vaso que serv ia de depó sito de .. capi " <o ópio dos gent ílico s) . por ser uma das relíq uias dos seus ante pass ados ! Con -· sent iu, entr etan to, que um seu irmã o e um do~ seus filho s nos vend esse m algu ma cois a: assim foi que adquir imo s uma busi na "upi -té" ), o d epós ito de "ipa du"· (.. pa-t uga" ) e uma cole ção de mar acás pint ados ("ia-cas "). Pess oalm ente , nego ciou cono sco um gran de halaio ("hu i-ba tê") e uma enor me urup ema (pen eira) ct:.jas bord as form am uma grad e de cipó gros so que a man tém susp ensa do solo cêrc a de Om20. Serv e ela para a expo sição das acan gata ras, por ocas ião das gran des festa s. Êste s dois últim os arte facto s tinh am bast ante uso e esta vam mui to eneg recid os pela fum aça . Trou xem o-lo s para o Mus eu, em hom enag em à gran de maloca dos tuca nos, de que são dign os fruto s! O Cap itão José é o tuxa ua d e mai or fam a do Tiqu ié. É um dign o repr esen tant e das velh as trad içõe s da raça indí gena tão deca ntad a pelo s poet as e pros ador es da liter atur a indi ana. Seu pres tigio este nde- se até as cabe ceira s do rio. É resp eitad o e tem ido p elos outr os tuxa uas. Do ·seu pres tigio , fala Koc k Grüh berg quan do 25 anos atrá s, subi u o Tiquié, dond e pass ou para o Apa póri s: Con ta-se , entr e suas proe zas, que, certa vez, bloq ueou gran de part e do rio - por deze nas de quil ôme tros, c erca ndo- o a vara , para que ning uém pesc asse nest e trec ho. · Fê-l o em r eprc sáÚa a uns índi os que cost u·mav am faze r colh eitas serv indo -se do timb ó . Com o se sabe , o timb ó é um cipó que cont ém uma subs tância vene nosa que mat a os peix es, sem entr etan to tor:::á-J os noci vos a quem dêle s se alim enta , da mes ma man eira que não o é a caça mor ta pcl? flex a herv ada de "uir ari" (cur are) , expe lida pelo proc esso da sara baia na. Agit ando -se o timb ó nágu a, de préf erên cia nos luga res onde cost uma m apar ecer os card ume s, obte m-se boa colh eita.
O depós ito de "up1 ".
Os artefa etos adqui ridos em Parl-c achoelr a.
O Capit ão .J os~ ~ o tuxau a de mals fama no Tiqui~
Seu presti gio estende-se d~s de longo s anos até as cabeceiras do rio. As proeza s que s e lha atribu em. O bloqu eio em ~on seqüé ncla do Tlmbú .
-176O n s o do timbó como o da dinamite entre os civilizados.
Outro episó!lio que define o caráter do Tuxana.
Os dois hóspedes levianos escaparam milagrosamen te na cachoeira.
A espada do tuxaua.
O tuxana mandava enterrar as filhas ao nascerem.
Semelhant e processo, que vai ao encontro da ganância de uns, lembra as pescarias a dinamite de que lan_çam mão certos civilizados em detrimento de outros, o que é proibido por lei. O a to violento do tuxaua José d('u resultado porque ()S prejudicad os, receando-lhe a luta, propu seram-lhe acôrdo, aceitando suas imposições. E assim foi reaberto o trftnsito nos domí· nios do Capitão José, ficando boa parte do Tiquié liHe da ação aniquilado ra do timbó. Outro fato interessante que me relataram: Anos atrás, apareceram em Pari-cacho eira. procedente do Apapóris. dois estrangeiro s: J:!!!L.ll.O-~S e l:lifl--it_aliano. Recebidos como hóspedes pelo tuxaua, ficaram como nós outros - encantados com os belíssimos ornatos e acangatara s. Ou porque não dispusessem de reéursos para adquiri-los , ou porque de antemão soubessem que o tuxaua se negaria a vendê-los, o certo é que escamotea ram duas bonitas acangataras, tratando imediatam ente de sair dali. O tuxaua não tardou em dar por falta de suas relíquias e foi ao encalço dos fugitivos, a tempo de soltá-los à mercê de perigosa cachoeira. Os pobres homens ressuscitaram neste dia porque escaparam. milagrosam ente, embora com algumas escoriações . A tudo assistiu o terrível tuxaua, que, depois da lição aos seus ingratos hóspedes, mand~u socorrê-los , fazendo-os prosseguir rio abaixo, no dia seguinte. O tuxaua mostrou-m e sua espada, herança de seus antepassad os, ainda do tempo do h.n pério . Contaram- me que, nos dias em que êle se excede nos "cachiris", costu'lliãê xperimentá -la nas costas de sua mulher, pespegand o-lhe boas surras. Mais de uma vez, foi ela socorrida da sua bravata alcoólica. Seu genro · Ciro de Albuquerq ue confirmou o seguinte: o Capitão José não queria ter filhas fêmeas (os indios, como, em geral, os matutas, dizem filho macho, filha fêmea); os que nascessem fêmeas deviam ser, imediatamente enterrados . E suas ordens foram cumpridas mais de uma vez . Conseguiu, assim, criar 4 filhos que já são adultos.
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-1i7-
Ma s, ce rta oc asi ão , su a mu lhe r de lib ero u en ganá -lo e co ns eg uiu es co nd er um a da s fil ha s rec ém -n as cid as , qu e foi cri ad a sem co nh ec im en to do Ca pit ão . F0 i es ta qu e ma is tar de se ca so u co m o Ci ro, qu e é fil ho de um a índ ia do Uaupés co m o M an du ca de Al bu qu erq ue , de ,qu em já f ala mo s. In fel izm en te o qu e é ra ro en tre os índ ios - ve io ela a mo rre r de pa rto , ao da r à luz , a pr im eir a ve z. A mu lhe r do tu- o cas o da sua filb~ xa ua cri ou ód io ao ge nr o e o Ca pit ão ju rar cas ada com o civ ilia ma tá- lo, zad o Cir o de Alb uinc ulp an do -o da mo rte da fil ha ! E o Ci ro se que rqu e. esq uiva ra de vo lta r ao Ti qu ié co m jus to rec eio da pr om es sa do so gro . Co nc or do u, po rém , em ac om pa nh ar- me , co nf iad o em qu e se ria po up ad o cm mi nh a co mp an hia , o qu e rea lm en te su ce de u, co ns eg uin do , de sta fo rm a, rea bil ita r-s e jun to ao tu xa ua e fa ze r as pa ze s. Mu ito eu ter ia a re lat ar a res pe ito do tux au a Jo sé . Ma s, nã o me fu rto ao de sej o de ref eri r ma is do is ep isó dio s qu e tra du ze m no va s fac eta s do se u ca rá ter : co mo eu já tiv e en sej o de diz er, os jnd ios do Ua up és e afl ue nte s dã o gr an de O nso do "ltá'' é ap reç o ao "it á" . Co ns gen era liza do no ist e êst e oi· na to em um pe nd ur Tiq ulé . ica lho f eit o de qu art zo lei tos o qu e po de se r de 8 a 10 ce ntí me tro s d e co mp rim en to po r 3 de dià me tro us ad o pe los ho me ns ou 3,0 po r 1 _0, us ad o p elo s cu ru mi s. A est a pe dr a dã o a fo rm a cil índ ric a, po lin do -a de en co ntr o às laj es de · gr an ito , o qu e co ns om e lar go tem po . De po is de int eira m.cn te lis a, ab r< 'm -lh e um ori fci o no sen tid o do eix o ma ior , de mo do a pe rm iti r a pa ssa ge m de um fio no qu al co stu ma m en fia r co nta s ("q uiq uic a" ), im pr ovis an do , ass im um co lar . O seu us o ve m desd e os ma is rem oto s tem po s e é mu ito ge ne ral iza do de que tra gam o no Tiq uié , Des faz .en do p·a rte da "to ··cu eio " e o c-.ol:tr ile tte " co m qu e os tuc com o "!t~" os an os rece be m as vis ita s. No t u can os se con siUa up és, vim o-l o en tre der am ma is Lem os ua na na s, na oc asi ão da s fes apr ese ntá veis do tas de Ju fica, e, en tre que com as •·es os fariano s, só os , ·im os na s co tim ent as do; clvt ,. leç õe s da s qu ais ali ás liza dos . est ão se de sfa ze nd o pe los no vo s há bit os co ntr ajd os pe la influ ên cia do s pa dr es . Po is em Pa ri- ca ch oe ira , de po is de se ref az er da su rp rês a da no ssa vis ita , o tux au a Jo sé ap are ce u co m o co lar e o pe nd eru ca lho e, co mo lhe int erp elá sse mo s a res pe ito do ve stu ári o, de u-n os a en ten de r, so rri nd o br eje ira me nte , qu e se co ns ide -
-178-
A sua bela e radiante nudez.
O tuxaua não querb
ser fotografad:>,
A sua personalidade.
rava mais bem apresentad o que nós civilizados . Nenhum valor tinha a nossa roupa em comparaçã o ao "cueio" que trazia e o seu original colar que lhe emprestava ar solene. Assim nos explicou o Sr Ciro. E o padre Bolzola, ao referir-se ao tuxaua, fala da s ua visita à missão Taracuá onde - em vez de vestir pelo m enos calça como costumam fazer outros tuxauas que se apressam em imitar os civilizados apresentou -se unicament e de "cueio" (nu, como diz C! padre) e com o colar. É que os tucanos se consideram mais bem apresentáv eis ostentando . a sua .bela e radiante nudez do que as roupas dos civilizados , que lhes dão aspecto de caipiras! Os índios, em geral, deixam-se fotografar e parecem revelar nisso grande prazer. l\fas o nosso Capitão José recusou-se em permiti-lo, consentind o, afinal, em que o nosso amador Dr. F elipe lhe tirasse o retrato contanto que eu ficasse a seu lado . ( 3 ) O que teria _imaginado o original tuxaua ao impôr semelhant e condição? O que não resta dúvida é que êle é um tuxaua de verdade, com personalid ade que se destaca de todos os chefes que conhecemo s, convencido do seu valor, zeloso de suas tt·adições, cuja glória e dignidade defende com ardor. H.etrocede ndo de Pari-cacho eira ainda na tarde de 25, pousamos na grande dat_a da Cristan.dad e na bela maloca do Capitão Domingos . Com pesar retroced emos de Pari sem conhecer o alto Tiquié que passara a nos interessar cada vez mais. Pari-cachoeira tinha sido para nós uma revelação e daí para cima o rio passava a ser movim('nt ado apresentan do beÍas cãciiõelfàs entre as quais uma com uma queda de 15 metros de que nos fala Kóck Grünberg. E as grandes malocas como as de Pari-cacho eira se sucedem: de Cara pó, a última maloca dos tucanos; a Tujucaquara - a decantada maloca dos tujucas; - a (s) E foi assim que, de ~po ucadas prop01~cõ~ físicas agravadas par uma explorarão <:le quatro meses a(> rios encachoeirados e varadouros de índios a fJUe se juntara pertinaz "colite" para abater-lh(> as fôrças o aut.or <:lestas linhas apareceu ainda mais minguado ao lado· do gigantesco tuxaua.
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179-
Anacá-cachoeira, grande maloca dos barás e, afinal, a de Aracu-pirara, já na vizinhança das nascentes do· Tiquié. . . Mas o médico da turma achava-se bastante abatido em conseqüência de repetidas gripes que apanhara no lçana e no Pupori e considerava a minha saúde muito precária para arrostar novas provações e exigirem dispêndio de enérgias fisicas que escasseavam. Mesmo assim tentávamos empreender a cursão ao alto rio quando o cabo do rancho veio ·avisar-nos que os gêneros tinham se esgotado. Acabou-se o feijão, a carne, o arroz e o café e. de sal, só restava uma latinha. ::\enhuma mercadoria .Para troca com os índios e pagamento de seus serviços na v ar 1ção das cachoeiras. T udo acabara na excursão pelo Tiquié e com a aquisição de artcfatos em Pari-r:a.·hoeira. Como empreender a viagem em semelh ante condição de penúria? É pena que assim tivesse acontecido. Penso que conviria completar-se o levantamento e a estatística do Tiquié que é o mais interessante núcleo de povoações da região, estudando-se os diversos varadouros que o ligam ao Papori e ao Apapóris.
Porque razão retrocedemas de Pan-cachoeira..
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São estas as informações que reuni, controlando as que me forneceram os Capitães José e Leonardo, o Padre l\larchesi e nosso tripulante Ciro .de Albuquerque. A partir de Suinaúma-cachoeira, o rio infle te ligeiramente para :\O até suas cabeceiras. Estas acham-se situadas em um grande miritizal a que os índios denominam Tauâ-lago. :\esse mesmo miritizal nascem os igarapés Tipiaga, afluente do Papori e o Timi, afluente do Pirá-igarapé, por sua vez tributário do Apapóris. As nascentes ficam em mn planalto (terra firme). Pode-se alcancá-las em cinco dias. O itinerário é o seguinte; saindo-se muito cedo de Pari-cachoeira, pode-se pàusar em Jaboti-cacho eira, · onde há uma maloca. Antes ~e lá chegar, há a maloca Cabari, junto à bôca do Cabari-igarapé, afluente da ~argem esquerda, e a de Arapaço-cachoeira, um quilômetro abaixo de Jaboti . De Pari a Cabari, calcula-se 20 quilômetros e de Cabari a Jaboti, 10- total 30 quilômetros para a primeira jornada ..
Informações relatil'as ao alto Tiquié.
As suas nascentes. Suas cabeceiras contraYertem com as do Timi-isarapé e Tipiaga-igara,l'é.
As primeiras malocas do alto Tiqnlé..
-18 0Caruru- eachoelr a..
De Jabot i, chega -se, com 2~ horas de viage m, a Cururu-caclzoe"ira (11 quiló metro s), onde há outra maloca. Aí desca rrega m-se as canoa s, arras tando -as pela marg em esque rda para de novo retom á-las acima da cachoeira. Com meio- dia de viage m, alcan ça-se Iatuca ou Atucalaluc a-cac hoeir a ou Atuca , como diz o padre , que tem ~choeira.. um só degra u, de 4 m etros . As canoa s são novam ente · \'ar.ado uro para o arras tadas por terra, pela marg em direit a. Pouc o Papori. abaix o da cacho eira, desem boca, pela marg em es· querd a, o Umar i-igar apé, donde parte o vadar ouro que vai sair 2 horas acima de Cupim , no Papo ri (informa ção do Padre Marc hesj) . Com mais 2 horas de marc ha, depoi s, de :venc idas 2 corre deira s sem grand e O salto Ipocu ou impo rtânc ia, chega -se a lpocu -cach oeira , que quer diz.er Pacu. segun do o padre - cacho eir a comp rida, enqua nto a latuc a signif ica cacho eira curta . Costu ma-se d eixar ali as canoa s, segui ndo-s e por terra, pela margem direit a, até Sarap ó (10 quiló metro s de varadouro ). Refer indo- se a esta cacho eira (lapo cu) a que o padre dá o nome de Pacu - diz êle que "depo is de rolar de preci pício em precip ício, vai chega r ao A impressão do Padre pé da cacho eira, onde form a um grand e lago no qual Balzola . se atira num arrem êsso gigan te o enorm e volw ne dágua , que, na s ua queda , levan ta uma imen sa nuvem de fuma ça, como se ai, cm lugar de águas que se preci pitam , houve sse um imens o brase iro forma do pelo incên dio de mata s secul ares" . Deve ser 'esta a cacho eira a que · se refer e Koch Grünb erg, ao dar notí~ia do salto de ·15 metro s de altura que o emSarapõ é a maior polgo u, dever as. Como tive oca~ião de dizer, é esta maloca do Tiquié. a maio r maloc a do Tiqui é tendo 45m de comp rimen to por 36 de largu ra. O padre não lhe dá a altura . Penso -------. -llu e não dever á ser infer ior a 12 metro s, pois a A grande maloca de Pari, que é meno r, tem 10m ,5 . Saind dos tujucas . o-se no meio dia de Sarap ó, pode- se ainda alcan çar, cm ubá, Tujucaqua ra. maloc a dos tujuca s-lapu ios, coloc ada à margem direit a (18 quiló metro s) . Macucn -i,arapé é o Com meio dia de viage m de Tujuc aquar a, alcan g alho mais importante do :alto ça-se a embo cadur a do Macu cu-iga rapé, que é o mais Tiquié. impo rtante form ador do alto Tiquié, seu galho à margem esque rda, nasce ndo - como êle - em Tauá- lago.
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Da bõca do Macucu, com meio dia de viagem, chega-se à bôca do .4biu-igara pé, cabeceirà, como .o Macu cu. H á malocas de lujucas neste igarapé. É aí que o Padre :\1archesi pretende fundar uma povoação. Com mais meio dia de viagem, · puxada, alcança-se Anacá-cac hoeira, a grande maloca dos barás . Pouco abaixo, pela m argem direita, desemboca o Caravaiana-igara pé . Fin alm en te, com 3 horas de m archa, de Anacá-cac hoeira, chega-se à última maloca · - Aracu-pirera, do estilo da de Pari-cacho eira. Do abiu-igarapé sai um varadouro para o Papori, em Jandiá-cachoeira. De Aracu-pire ra, saindo-se de manhã, chega-se por um mau c.aminho, desbordan do as cabeceiras do Tiq :.Jié, ao meio dia, no Timi-igara pé, bem em frente da maloca Ucauiua-a ruca (casa da formi ga, "içá"). D escendo-se um dia o Timi, em p equena ubá, alcança-se o Pirá-igara pé, que é afluente do Apapóris . Há ainda outro Yaradouro que vai ter ao Cananari que também é afluente do Apapóris. Para a tingi-lo, sobe-se, em ubá, 2 dias o Pirá, a partir da bôca do Tim i. São 7 a 8 horas de marcha por terra, atra·vés do varadouro . Há barracas de índios moradores desta Região. São barás, piruca-mir a, buiaruá, cauiria, eruria, nhunãeiara. Os barás e os piruca-mir a moram nas cabeceiras do Tiquié e os outros nos rios Pirá e Cananari. Há malocas grandes como as do Tiquié, mas os últimos são errantes e andam fugidos dos colombianos, que, quando os encOJ?tram , os amarram e os conduzem para os bala tais. f:stes índios andam completamente nus. Cakula-se de 120 a 130 quilómetro s o curso do Tiquié acima de Pari-cacho eira. De Bela Yisfa, descemos na manhã de 26, pousando em lraili. Dês te povoado, fomos a Macucu-la go, alcan çando, ao anoitecer de 28, Taracuá. Em nossa descida pelo Tiquié fomos assediados por "'nossos parentes para a compra de galinhas (em troca de cortes de saias), carás, batata doce, abacaxi e peixe moqueado. Foi um apuro terrível porque nosso armarinho e nossa despensa estavam inteiramen te falidos e .não havia outro remédio senão atender aos interessa-
Ablu-lgarapé, tem Z malocas de tujucu..
A
; rande maloca dos bará.s.
Aracu-Piren..
Varadouro pano. • Papori.
De Ablu-lgarapé parte um varadouro para Jandiá-cachoelra, no Papori.
Os varadouros qn~ ligam o TlquJé com o Apaporl.;..
nações que povoam as c a becelras do Tlqulé.
As
Os pobres índios s.ío perseg uidos pelos colombianos.
Desce ndo
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TlquJé.
O apuro em que n~ metemos para atender aos indiCK.
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-182do s qu e no s pe rs eg ui am em su as ub ás , at ra ca nd em no ss o ba te lã o- as o, re so lv id os a ne go ci ar su as es pe lid ad es de qu al qu ci aer m an ei ra . Co mo at~ndemo ~ índ ios na des cid os O ce rt o é qu e se m 2 pr e o co ns eg ui ra do rio . m , re ce be nd o um as ca ix in ha s de fó sf or os , m aç os de ta ba co , an zó is pó lv or a, ca rr et éi , s de lin ha e ag ul ha do us o pa rt ic ul ar do s tr ip ul an te s e ba ga ge ir os . :\"em m es m o no ss os le çó is es ca pa ra m , npo rq ue er a m is te r se rv ir as m ul he re s qu e pr ec is av am de sa ia s. O m eu le nç ol fic ou co m m ul he r ?o tu xa a ua de Be la Vi st O Go vh no d~e a. am Fo i pe su bi na pa rar a po pu laç do tê o rm Ti qu ié co m tã o os ão . po uc os re cu rs os ! ri o qu e o G ov êr no É ne ce ss áam pa re su a po pu la çã o, qu e é sa di in te lig en te e cu jo a, se nt im en to de na ci on al id ad e é be pr on un ci ad o. E, m so br et ud o, é ne ce ss ár io ve st ir m ul he re s e el as as se co nt en ta m co m tã o po uc o! Só te m sa ia s! E de ve sst a fe ita , es pe ra O Ca pit ão L~on m pe la pr ot eç ão G ov êr no . O C ap ma nd ou lem braardQ do itã o Le on ar do , de nç as ao Go vé rno ! Ir ai ti, nã o se es qu ce u de m an da r ele m br an ça s ao G ov êr no e es tá es pe ra da s fe rr am à en ta s, da es pi ng ar da e da s pe ça s fa ze nd a qu e en co de m en do u .. . E já qu e m e re fe ri à es pi ng ar da , co nv ém re gi st ar aq ui qu e há fa lta ab Os tux au as da re~ so lu ta de la s em tô :ião da a re gi ão do pe de m esp ing ard Iç an a e do [Tau pé s. Os ín di os já pa ra su as caç ad as as. es tã o em es ta do de ci vi liz aç ão qu e nã o se se rv em m ai s de ar co s e fl ec Q ua se nã o se en ha s. co nt ra m m ai s dê st es ar tig os em m al oc as . Y iv em su as ex cl us iv am en te da pe qu en a ag ri cu ltu ra e da s pe sc ar ia s. Os qu e re si de m na s re gi õe s do la go s ou à s ua pr s ox im id ad e, po de m fa ze r gr an de s lh ei ta s qu e en fa rd co am , de po is de m oq ue ad as - pa ra pr ev en ir em no in se ve rn o. A ss im o fa ze m os ín di os l<;ana, do Ai ar i do e os do ba ix o Ti quié........:Mas..o s ou A o 1ü en os ao s tu tr os ? xa u, as é pr ec is o qu e se lh es fo rn es pi ng ar da s de ca eç a ça pa ra au xi lia r O Go vé rno pod o su st en to na s po vo aç õe s. O G ov for ne cé- las em cri:J. êr no po de ri a fo rn tro ca de art efa cto s ind ec ê- la 5 em tr oc a iar te fa to s in dí ge na de 'en as . s pa ra o M us eu , po de nd o, se ju ga ss e co nv en ie nt le, fu nd ar um m us eu ou m os tr uá et no gr áf ic o em ri o co rr es po nd ên ci a co m os m us eu s tr an ge ir os qu e es ce r-t am en te nã o re ga te ar ia m ve rb pa ra do ta r su as as se çõ es et no gr áf ic as do s va lio so s ra ro s ex em pl ar es qu e ai nd a e O Dr . Fe l!p p tro ux ex is te m es pa lh ad u.l los a col eçã o. e m al oc as ! O no ss o os pe la s bo tâ ni co D r. Lu et ze lb ur g, ho m em pr á-
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-18 3fico e intelig ente como todos os cienti stas alemã es, condu ziu em sua formi dável bagag em muita merca doria e bugig angas para ·negoc iar com os índios , conseguin do, assim valios a coleçã o para si. Xão o imped i de fazê-lo , porqu e eu não podia conte ntar a todos os índios intere ssados em vende r suas miude zas. Dema is, parte das merca dorias de que dispún hamos destin ava-se a pagam en'to de alugue l de ubás e serviç os dos índios (como tripul antes, prátic os e de varaçã o das embar caçõe s a través das cacho eiras) ,-.....d ispondo só do restan te para a aquisi ç_ão de artefat Qs para o IYluseu .- PensÕ, entret anto, ter obtido coleçã o quase compl eta de tudo que encon tramo s na ·região não esque cendo o tambo ril adqui rido no Uaupé s em troca de uma esping arda. É um dos artefa tos difí ceis de se obter e de transp orte trabal hoso. Conta ram-m e que o Dr. Rice obteve um no Uaupé s por um conto de réis - e que uma comis são ameri cana (?) oferec era 6 contos por um outro!
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APRECIAÇÃO SINTÉTICA
FISIOGRAFIA A reg1ao ocidental do alto do rio Negro vem a ser um prolongamento da vasta planície amazônica. Sua altitude, pouco superior a baixada aluvial, varia ·en.tre 7C e 170 metros. Seus cursos dágua mais importantes são o caiari -ou Uaupés, a que os colombianos denominam "Faupés, e o I çana. Depois do rio Branco, ó Caiari é o mais importante tributário do Negro . Suas águas são claras. É formado pelo junção dos rios Unila e Itila .cujas nascentes estão situadas nos contrafortes dos Andl's. O Uni! a tem maior ·curso e banha o ''pueblo" Calamar, capital do Departame~to do Vaupés, cuja .altitude é de 318 metros. ( 1 ) As cabeceiras de seu afluente "Cauracui (contravertem com as do Cano Grande, afluente da Jnirida . O /fila banha o "pueblo" San Camillo cuja altitude é de 333 metros. Ka confluência, as coordenadas são Lat. 1°54'0" e·Long. 71°-13'0", O. de Greenwich, apresentando o "Cnila 42 metros de largura e o Itila 30 metros, ambos com mais de 4 metros de profundidade. O Caiari ou Uaupés tem cêrca de 850 quilômetr?s de curso, dos .quais aproximadamente 517 em território bi"asileiro e deságua na linha equatorial. Seu rumo é francamente SE até cortar o paralel~ 1' 0'0"; segue com rumo Leste até receber o Pana-paná e dai 5 SE até a confluência do Iapu-igarapé, voltando ao rumo Leste até sua embocadura . Em território brasileiro, sua largura varia (médio Caiari) entre trezentos e seiscentos metros e no baixo curso entre (1) Dr. Hamilton Rice, da Sodedade de Geografia. de J\ova York - Geographical Journal - Julho 1914 - n.0 44.
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rio Calari ou Uaup.;s.
-188 setecen tos e dois mil metros. Seus principa i,s afluentes são os rios Tiquié e Papori, à margem direita e Querari e Cuduia ri à margem esquerd a. O PaporL
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Tiqui~
Rios Quenrt e Cnduiarl.
Rio Papori - Sua nascent e ainda não fo1 identificada. Pelas informa ções dos índios da região e d<?s balateir os colomb ianos, deve estar próxim a aos 70° O' O" de Long. O. de Greenw ich. ( 2 ) É um rio de águas cJaras, corrend o no sentido de O. para L. com o desenvo h·iment o aproxim ado de 280 quilôm etros. Seu leito é todo de rocha granític a, com inúmer os afloram entos que formam cêrca de 60 cachoei ras. Não é acessíve l à navegaç ão, a não ser às montar ias e ubás dos índios . Os seus princip ais afluente s são os da margem esquerd a: Paca-ig arapé, Girari-i garapé, .l!ont-F ort-Pap ori-igar apé, Cuiu-C~iu-igarapé, Buburi-igarap é, M acu-iga rapé e Pirapocu-igara pé. Os da margem brasilei ra são o Turi-iga rapé, o lapu-ig arapé, o .Yambu -igarap é, o Urucu-i garapé e o Acuiú-i garapé, como os da margem colomb iana, todos povoad os. O Tiquié corre paralela mente ao Papori. É um grande rio, o mais importa nte contrib uinte do Caiari. Como êste, tem as águas claras. Seu curso aproximado é de -120 quilóme tros, dos quais 320 francam ente n avegáYeis. (Pari-ca choeira ). Sua largura na foz é de 700 metros; reduz-s e logo para 400 até ~·eceber o Jrc~-igarapé seu mais importa nte afluente da margem direita, manten do-se daí para cima entre 200 e 100 metros, até Pari-ca choeira . Os dos Qu erari e Cuduia ri correm inteiram ente em territór io colomb iano. O 1.0 tem 90 metros na foz. e o 2. 0 40. Ambos são muito · ( 2) Pelo Tratado de Bogotá as nascente s do Pnpori eram consider adas nas proximid ades dos 69° 30' <r' dr Long.O. de Greenwi ch. dali baixando <> meridian o que iria cortar o Taraira-pa1·aná, pelo qual prossrgu iria a linha de limiles até a foz do .4papóris no Japurá. Tornando por base esta coordena da, as carta~ colombia nas corno as brasileir as (a do Centenár io) - faziam baixar o dito meridian o da foz do Cuiu-cui u-igarapé, ~eu afluente da margem esquerda . em oposição ao mesmo Tratado que estendia a linha dr fronteira até sua nascente . Hesulta dêste equ ívoco do Tratado, que o méridian o baixado da nascente do Papori não cortará mais o Taraira e sim o alto Apapóris , !icando pertence nte ao Brasil quase todo o curso deste rio e a região do Taraira e do Pira-par aná.
-1 89 enca cho eira dos e só mon tari as.
p~rmitem
nav egaç ão a bate lões e
O lçan a tem suas nasc ente s na regi ão conh eci da por Pap una ua, aos 1° 53' 37" de Lat. N. e 70° 8' 53" de Lon g. O. Gre ewic h e altit ude de 280 met ros. (Dr. Rice , revi sta cita da). Tem cêrc a de 650 quil óme tros de curs o. Seu rum o gera l é 45° SE. ·
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;\o curs o infe rior , têm as águ as da côr do Neg ro, clar eand o-as a med ida que se apro xim a da zon a encach oeir ada. No terr itór io bras lleir o, sua larg u.ra média é de 200 met ros, até rece ber o Aia ri e de 100 met ros acim a dêst e rio. Kas gran des águ as pod e ser nav egad o acim a de Ara cu-c aclw cira , por lanc has de peq uen o cala do, vara ndo -se as emb arca ções nos degrau s Tun ui, land u e Ara cu, com o auxí lio dos índi os da regi ão. Seu s aflu ente s prin cipa is são o Cuia ri ou lqui ari, à mar gem esqu erda , e o Aiar i, à mar gem dire ita. O Car iri corr e de oest e para este até o pôrt o Esca da (qui lóm etro 130 ); dai segu e rum o SE até a foz do Pég ua e S. até a sua barr a no lçan a. Sua s águ as são mai s clar as que as dêst e rio. Tem cêrc a de 200 quil óme tros de curs o, dos qua is a met ade em terr itór io bras ileir 9. Sua la rgur a méd ia, nest e trec ho, é de 70 met ros. Atra vés do seu aflu ente da mar gem esqu erda laná -iga rapé , prol ong a o seu curs o em terr a bras ileir a até próx imo à cabe ceira prin cipa l do Mem ach i cuja s água s corr em par a o Gua inia . Pod e ser nav egad o na épo ca das chu vas todo o _c urso bras ileir o - por lanc has de peq uen o calado , e .por b atel ão em tôda a épo ca. O Aia ri é um rio de água s pret as corr end o em dire ção gera l de 60° NE, com um perc urso sup erio r a 200 quil óme tros , todo em terr itór io bras ileir o. 'Ko baix o curs o, a largur a méd ia é de 75 met ros e no méd io é de 45. Ent re o Neg ro e o l çana corr e o Xié, para lelo àqu êle, um rio, c:;om águ as pou co mai s clar as que o Neg ro,· no qua l dese mbo ca junt o ao anti go pov oad o de São Mar celi no. · Tem cêrc a de 300 quil óme tros de curs o. Seu rum o é de Oes te para Les te até rece ber o Tva pori (ou Jap ori) ; aí infl ete lige iram ente para
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O rio Negro. Seu curso em tt'rritório brasileiro é aproxirna llamente, de 1.100 kls. Seu rumo.
Sua largura.
Na gar~anta Sã!> Gabriel reduz-se
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Suas ilhas.
S. e depois para SO. Sua largur a na foz é de 360 metros. Até Cumat i-cacho eira, trecho em que a navegação é franca (quilôm etro 80), sua largur a varia entre 250 e 150 metros e daí até o Tvapor i sua largur a média é de 100 metros . Acima de Cumat i, notam -se ainda as cabece iras Quati, Pamá, Jlfalacenha e Arô. Seus princip ais afluen tes são os da marge m esquer da, a saber: o Xié-mi rim, o Japura bi, o Caruru , o Tvapor i, o Uriapi s e o Canho candel a. Seu afluen te Tvapo ri contra verte com o rio . Tomo, tributá rio do Guaíni a. Pelo respec tivo divisor , passa a linha de fronte ira. O rio Kegro - Nasce pouco a leste da conflu ência do Papun aua com o lrída (Dr. Hamil ton Rice, revista citada ). Tem cêrcá de 1.600 quilôm etros de curso, dos quais 1 .100 em territó rio brasile iro. Corre, a princip io, no rumo 70 NE até Maroa, depois SE até recebe r o Xié, passan do a rumo Sul até a foz do Caupé s; prosse gue então, com o rumo leste até Tomar e em seguid a SE até lançar- se no Amazo nas, a 15 quilôm etros abaixo de M anaus . Sua largur a é extrem amente variáv el. Entra em territó rio brasil eiro com a de 1.020 metros (na ilha de São José), tem 7-10 em frente a Cucuí (destac amento ) e 1.240 na foz do Xié. Até recebe r o Faupés , prosse gue com largura entre 1.200 e 2.500 metros r eceben do neste trecho ? l~ana p ela marge m direita e o Dimiti , pela esquerda . _ Grand e númer o de ilhas dilatm n-lhe o canal. Em Tatu-r apecum a, ou ·são Pedro da foz do Uaupé s, sua largur a. reduz- se a 500 m etros para alarga r em seguid a até 3 quilôm etros ao espraia r-se nos .contra fortes da serra Cabari e do V rue um. Na gargan ta de São . Gabriel, estrang ula-se para 370 metros . Abaixo desta vila, sua largur a média é de 3 quilôm etros e no baixo curso atinge a vários quilôm etros. O ·número de ilhas é enorm e "tôdas · elas dispos tas como guias-c orrente s, dividin do o rio em 3 ou 4 canais diversos . No baixo Negro, a disposi ção das ilhas é labirínti ca e casos de embarc ações desorie ntadas , diJlS inteiro s, são freqüe ntes. Em geral, aprese ntam uma forma esguia, acomp anhand o o rio quilôm etros e quilômetros, · parece ndo que sua origem se prende a tra-
. - 191 balhos da corren te. São pra1as que surgem nas vasantes e que fertiliz adas pelas enchen tes periód icas, se consol idam pela vegeta ção. ~o alto curso, em geral, são firmes ; no baixo, sujeita s a inunda ções". (3) Sua colora ção foi atribuí da por Humbo ldt a càrburetos que a água l eva em dissolu ção; segund o outros, à presen ça de algas micros cópica s ou a de ácido úlmico. Alguns de seus afluen tes são de água branca ; e o interes sante . é que os rios pretos e branco s já brotam do seio da terra cada um com a sua côr uns branco s e outros pretos e, às vêzes, nascem a poucos m etros de distânc ia.
A que é atrlboica ;a
coloração de: su.u; i : o as.
Como já dissem os, é francam ente navegá vel até Santa Isabel (423 milhas acima de Manau s) e transp osto o trecho encach oeirad o de Caman aus a Carap anã (49 quilóm etros) permit e navega ção livre, Guaini a a dentro . Seus afluen tes mais import antes, no curso superi or são, na marge m direita : o Xié, o Jçana, o Uaupé s e o Curicu riari e na marge m esquer da: o Dimiti, o Caabori e o Padau ari . Dêstes rios já tra tamos longamente, no capítul o Região Orient al do alto rio l•{egro. O Curicu riari repres enta papel import ante porque Rio CuricurU rt. dêle se pode passar , por um varado uro para o Caraná-ig arapé, afluen te da marge m direita do Uaupé s, remon tando- se, assim, o trecho encach ocirad o. Foi antiga mente r eduto dos macus e escond erijo dos índios tucano s do Caiari (Uaupé s) que dêste rio fugiam das perseg uições e batida s do célebre coman dante de Cucui. Rock Grimb erg fêz a travess ia, gastan do 1í "\":>.r~d~",.';~r~:ara dias• J)ara · alcanc• ar o varado uro. Subiu o Curirli fíãf { · Tr~vmia ~~I ta por . Kock Grunberc . em canoa, atingin do, com 7 dias de viagem , 3 malocas com tucano s . fugitiv os do Caiari . Mais 2 dias passou pelo Capau ari-iga rapé, afluen te da marge m esquerda , com 40 metros de largur a, onde encont rou 4 maloca s de tucano s. 1\Iais 5 dias chegou à cachoe ira Jufu iru , Yarado uro íngrem e e perigo so. Ainda mais 3 dias para chegar ao varado uro e, com uma hora ( 3)
Dr. Glycon Paiva, Geólogo .
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A serra Curicu!'ia .ri.
Os canais de lipção n.L bacia do rio ~eço.
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Tar:lÓOllrO S.
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de march a por terra, alcanço 14 finalm ente, o Caraná -iyarap é que desceu , saindo depois de um dia de viagem, no sitio Pôrlo Alegre , à marge m direita do Caiari. O Caranâ-igar:apé é muito estreito e atrava ncado de paus. Gastou mais um dia para passar a canoa pelo varado uro. Consu miu, ao todo, um mês, porque íêz uma explora~·âo à serra Curicu riari, tendo verific ado que ela aprese nta 3 picos: um de 1.000 metros , outro de 900 e o terceir o mais baixo. Os picos são rochas despid as de vegeta ção, mas a falda da serra é ricamente vestida de mata alta e pujant e . .O rio tem 100 metros na foz e a partir do curso médio encont ram-se várias corrcd eiras e afloram entos graníti cos. A bacia superi or do rio 1\Tegro aprese nta dois caracterí sticos bem distint os:. na faixa orienta l, o seu afluen te Caabo ri comun ica-se por interm édio do canal Malura cá com o Bária, cujas águas correm para o Cassiq uiare, e, por meio dêste, Uga-se à bacia do Orenoco, permit indo ainda, que no invern o, as águas dos . seus afluen tes Dimiti e Caabo ri se unam através do lá e outros canais secund ários; na ociden tal, se o relêvo do terreno não permit e tais ligaçõe s, é possíve l, enfretand o, passar -se de um rio a outro, servind o-se dos varado uros que ligam os trechos navegá veis dos igarap és contra verten tes ou, sem o concur so dêstes, nos trecho s em que os rios correm próxim os um do outro, como eritre o Aiari e o Caiari . :\1esmo assim, vimos no médio Içana o paraná -miri que comun ica êste rio a seu afluen te Aiari. E há varado uros e trilhas de índios diverso s ligand o entre si todos os altos I tributá rios do 1\_"egro e os seus contrib uintes secun·dários.;.,. _ _ Os rios da região partici pam do regime d~s águas dos hemisf érios sul e norte. Enqua nto o baixo rio .N egro (cl!rso navegá vel) tem suas maiore s chuvas no períod o de março a junho, época em que os navios da "Amaz on River" podem chegar até Caman aus, e águas médias em setemb ro e outubr o, corresp ondend o a estiage m aos meses de janeiro e fevere iro - estendendo- se, às vêz.es, até marco - o alto rio X egro e - grande os seus tributá rios aprese ntam ~gâás !.po"pe -
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-19 3ríodo de outub ro a dezem bro. Xossa viage m no alto .\'egro foi a comp anhad a de chuva s diária s e o rio em Cucu í apres entav a muita água. T odo o mês de outubro c o de novem bro, em que proce demo s ao levánta mcnt o dos rios Xiê, Içana , Caiari, Aiari e Uaup és, nosso serviç-o foi castig ado de chuva s quase que diárias e v ários temp orais , estan do os rios com muita água. Só a prim eira quinz ena d e dezem bro - em que levan tamos o Papo ri - fomos poup ados p ela chuva . Quan do subim os êste rio, achav a-se êle inteir amen te cheio ; na desci da, vasav a franc am ente . O contr ário deu-s e com o Tiqui é, cujo l evant amen to segui u-se ao do Papo ri e que na subid a estav a com águ as média s, apres entan do praia s no curso inferi or e que se achav a inteir amen te cheio quan do desce mos. Xão se tratav a de repiq uetes . A veloc idade dêstes rios depen de muito do nível das águas . Em águas média s, a veloc idade não exced e, em geral , d e meia ~nilha por hora. Na garga nta de São Gabr iel e em todos os trech os encacho eirad os e de aflora ment os rocho sos ela vai muito além. Xo curso infer ior dos rios l çana, do Aiari , do Caiar i e do Tiqui é, a veloc idade - em águas m édias não exced e de uma milha por hora. O rio Papo ri corre muito por ser todo cn cacho eirad o . Para o rio Cuiar i, a veloc idade médi a encon trada foi de uma e meia milha , salvo nas corre deira s (aflor amen tos, p ontas de pedra s) e nas cabec eiras em que é anorm al. O Xié corre meno s, varia ndo entre uma e uma e meia milha . A VEGETAÇÃO
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A turma do rio Negro pode apres entar copio sas inform ações da flora da região perco rrida, graça s à opero sidad e e infati gável ativid adc do técnic o alemã o Dr. Luctz elbur g, que conse guiu varia díssim a coleç ão, apesa r do pouco temp o de que dispô s atrav és de nossa excur são . Amp arand o-me em sua opini ão abaliz ada. conti da em seu relató rio, passo a dar as segui ntes informa ções: Rio Kegro - Vege tação geral : mata s altas e densas do tipo higro e hidró filo mega térmi co ecolo gica-
A vdo:id<
-194mente divididas em matas da terra firme e matas inundadas (igapós), com abundância de palmeiras de diversas espécies conforme a topografia do terreno. Na terra firma, encontram-se as palmeiras bacaba, patauá, assai, inajá, pupunha, miriti-ruã, leopoldina, paxiúba, caranai e tauaçu em colónias ou isoladas entre as àrvores da mata; nos igapós: as· palmeiras jauari, buriti ou miriti, caraná, jará, ubim do igapó, ubi.m-ui, piassaba e tucumã. Estas dominam, em certos trechos, formando verdadeiros bosques constituídos somente de uma ou outra espécie de palmeira, ou acompanham, outras vêzes, as marge.ns _do Negro e seus afluentes, por quilómetros de extensão.
Na região serrana - Sabe-se que a natureza da mata depende, entre outros fatõres, da topografia do terreno. Considerando a respeito a região do rio Negro, ein que as serras são escassas, não excedendo de 500 metros os mais altos picos, salvo a de Curicuriari, em que a altitude alcança 1 .000 metros, segundo Rock Grünberg; mas, tomando por base o cerro de Cucui e a serra de São Gabriel por nós reconhecidos, pudemos constatar que, em geral, suas matas são semelhantes à região da planície. Nestas há, entretanto, maior riqueza de palmeiras, enquanto na região das serras há maior abundância de elementos arbustivos e de cipós. A mata costuma, porém. subir até a altura de ·400 metros e só desaparece nos terrenos absolutamente pedregosos ou de rocha a prumo onde, não obstante, ainda se encontra ''egetação criptogâmica niisturada com mu1tas espécies de monocotiledones como arácias e musácias, ao lado de inúmeras orquídeas terrestres. :\os cumes mais altos, as rochas são ainda cobertas, em parte, por densos arbustos de clusias de quatro espécies, birsonimas, e, nas fendas, entre as lajes, encontram-se em abundância - heliconius de viço imponente. O mesmo se dá na serra de São Gabriel onde seu cume é coberto de matas higrófilas meta!érmicas, de imponente conformação, em nada diferindo das do redor da serra. Kossas observações induzem-nos, assim, a declarar que as altitudes - nas zonas das matas da região
-195 reduzem os componen tes da madeira de lei em favor da vegetação arbustiva e herbácea, em conseqüên cia exclusiva da ausência de humus que, nestas alturas, não pode mais segurar-se à rocha, devido a sua pronunciada inclinação .
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O Dr. Luetzclbu rg deu o nome de "campos intercalados" aos campos da região do rio .Vegro, porque êstes campos diferem em sua qualidade ecológica, florística e biológica dos campos geralment e encontrados nas imensas regiões amazónica s, como as do rio Branco ou as do alto Orenoco . Enquanto êstes são condiciona dos a clima árido, terreno arenoso, com pr ecipitaçõe s irregulares , longas estiagens, às vêzes sob lençóis dágua bas tante profundos e fora do alcapce d&s raízes, fi siolàgicam ente sêcos, os campos a que denomino u intercalad os estão em clima quente, na faixa equatorial , onde a humidade é mantida permanentement e - porque, mesmo evaporand o-se durante o dia em conseqüên cia do intenso calor, é ela restituída imediatam ente pelas precipitaçõ es em forma de chuva ou na de condensaç ão de vapores contidos no ar, em conseqüên cia da queda da temperatu ra durante a noite. A vegetação dêstes campos difere, portanto, da dos campos em geral, sendo assim constituída de flora hidro-higr ófila, metatérmi ca, ladeada - nas zonas intermediá rias - por v('getação hemi-xerófila, arbustiva, de fôlhas coriáceas e duras, resistentes a·o calor e com meios de evitar respiração demasiada . Entre outros elementos típicos da flora do rio .Yr>gro, pqclemos citar a laurácea chamada inhanwim ou "pau de gasolina", árvore de mais de 20 metros de altura que habita as matas as mais viçosas e úmidas das margens e das ilhas do ~\Tegro, acima de J.farabitanas. Diversas espécies de Mimusosop s, chamadas balatas, empregada s no preparo das pastas de mastigaçã o, foram descoberta s ultimamen te. Tais balatas como o inhamuim , habitam os terrenos baixos e diferem muito da balata verdadeira que prefere terreno alto e solo firme, como o da região do alto lni-
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Do Ic;ana .
Rio Al.ari.
rida , do alto Oren oco e da regi ão do rio Bran co. Cum pre aind a men cion ar a piass a.ba , espe ciali dade do Xi~ e dos rios Prêt o, Erer é e Padc wari , com o tamb ém no méd io Curicur~ari (pou co expl orad o) . Esta palm eira habi ta solo úmi do, frou xo, emb ebid o de água s e mat as espê ssas e som bria s. Segu ndo o Dr. Luet zelb urg, pode ser divid ido, fi· toge ogrà ficam ente , em três part es disti ntas : a) a das caat inga s: este nde- se por quas e tôda a mar gem direita no baix o Içan a. (4) É cons tituí da de mata s baixas, mui to irreg ular es sem paus gros sos, linh eiros , com vege taçã o dens a de p alme iras, plan tas folia das ·e cipó s, nmn a mist ura cont ínua sôbr e · terre no alagado , do tipo de igap ós. É rica de mad eira men to mole , com o cecr ópia s, anon ácea s, .bom báce as, eterc uliác ias, legu mino sas aquá ticas e é paup érrim a em mad eira de lei, não med rand o, ali, a serin guei ra; b) a r egiã o entr e Tun uí e o Pirá -lag o, cons tituí da de mar gens mais firm es, em que a flora é rica em palm eiras , especi alme nte das leop oldí nias , que assi nala m terre no mais firm e; c) a regi ão entr e Pirá -lag o e Iand u-ca choe ira. ( 6 ) Sua vege taçã o é mui to sem elha nte à do lçan a. No curs o infe rior, a flora é hidr ohig rófil a, ricá de caraná s e jaua ris, apre sent ando exte nsos igap ós; é a zona dos lago s ~ para nás- miri ns que se prol onga at~ o Pura quê- lago . Segu e-se a r egiã o dos aflo ram ento s gran ítico s e das cach oeir as com mar gens em geya l altas e firm es. onde habi tam em gran de esca la as leopold ínias - palm eira s sem tron co, com fôlh as inte iras. elíti cas, da form a das arác eas. Desd e Cub iu-la go, o Dr. Filip p obse rvou a pres ença das palm eiral t taua çus~ aliás com bast ante estra nh eza, porq ue esta palm eira têm o seu "hab itat" no Oren oco e na part e superi or do Cass iquia re, pare cend o assim , que o A iarí (i ) Até Tunu í-cachoeir a. A marg em el'QU(' r rla é ma i ~ firm e e apre sent.a mala puja nte . . (~ ) Qur. pode mos subd ividi r em cluas ; a da.;; barre ir a!' ~ a dos lagos e paraná ~-mir im:. Lá, o terre no aprr senLa o a.spect.o de camp inas com vegetac:ão semi tação higró fila, idênt ica à do bai:m -/çan- xeró fila e aqui vege a.
-197 vem a ser, a êste respeito , um prolong amento para SE, de expansã o das tauaçus daquela região. 1'\a zona das cachoei ras, e, particu larment e, atr-cis das grandes maloca s de Araripi rá-cach oeira e Cururu -poço, os grandes taboleir os de arenito que se estendem quilôme tros para dentro apresen tam vegetaç ão semi-xe rófila dando lugar à conglom eração de árvores de fôlhas duras, arbusto s de folhage m espraia da, forman do campin as ou terreno s semi-ár idos que, provàvelm ente, se comuni cam com as grandes campin as xerófila s da região de Iui-iuil aa, no Içana. O Dr. Filipp notara - em todo o percurs o do Ip.na - o apareci mento de três legumin osas e duas ar. onas (cuja classifi cação ainda está por fazer) que dão à .-egetnç:ão um cunho especia l: de um tronco regular saem os galhos chatos, mas comprid os, paralelos à linha dágua, espraia dos ·horizon talment e, sem sub-gal ho algum vertica l. Biolàgi camente , é êste fenômeno explicá vel pela falta de espaço dentro da mata .espêssa , como também pela necessi dade de ganhar bastant e luz para a floração , condiçõ es que a margem do rio favorec e. 1'\o Aiari, êste fenôme no se caracte riza de forma mais acentua da: são os iraitis e iraitiran as (anonác eas), os cumand aús e cumandaúcaçu s (legumi nosas), o "formig ueiro", etc., que obedece m a . êste sistema morfoló gico, pondo seus galhos em andares certos, beú1 distanci ados, estirado s longe por cima das águas. O varadou ro do Aiari para o Caiari (Uallpé s), fornece u a nosso botânic o materia l interess antíssim o para es.t udo. Em · sua opinião , êste varadou ro representa o que há de caracte dstico, de int~essànte de variedade s floristic as biológic o-ecoló gicas de todo o rio .Yegro e afluente s. Atraves sa matas altas, virgens , do tipo metatér mico-hi dro-hig rófilo, com grandes faixas de matas tipo de igapós, e de campes tres sôbre terreno arenoso , intercal ados com vegetaç ões semi-xe rófila c flora genuína criptogá mica, caracte rística daquelas regiões e únicas no seu gênero. Encontr ou, ali, um "habita t" de palmeir as interess antes e represe nta-
O varadonro :;~::n Jutica no t·;mpés..
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das por tipos novos como as palmeir as muçura ua e · caruaru a, de troncos baixos ou mesmo sem tronco, com folhage m gigante sca de seis e mais metros de comprim ento, habitan do as partes mais úmidas e sombrias da mata, no centro do varadou ro. Daqui, expall(tem -se ao redor e em maior área, as miritis- ruãs de 15 metros de ai tu r a, do tipo dos bm itis, com o caracterís tico de que aquelas aparece m isolada s no seio da mata virgem, tendo frutos redondo s e fibras compridas na base das fõlhas gra_ndes, muito cobiçad as pelos índios para cobertu1 ·a de suas casas. Partind o de Jutira. já no l:aupés , numa de suas_ excursõ es, o Dr. Filipp deparou num trecho, na direção N .E., com uma flora quase exclush ·amente epifítica , composta de milhare s de orquíde as, não só espalha das J)elo chão úmido e lamacent~, como agarrad as às árvores coberta s de vegetaç ão criptogâ mica, de vadedade extraor dinária . Os trechos de campes tre _a que acima nos referim os, contém flora xerófila sôbre areia fofa, coberta de tapetes de líquene s, fetos, selaginelas, rodeada s por matas impone ntes e virgens ; contras tam com a vegetaç ão nas cercani as da ~egião, embora pouco distante s, um do outro . O nosso botânico ficou deveras encanta do com a flora do varadouro que percorr eu oito vêzes, e prediz para ela grande renome , por conside rá-la uma região sem exempl o, na flora amazón ica. Rio l::tU)lés.
A vegetaç ão dês te rio assemel ha-se a do Içana. Em sua maior parte, pertenc e, floristic amente falando , a matas magaté rmicas hidro-h igrófila s de porte altivo e impone nte, de uma riqueza e varicda rle ex-traordi nárias. l'\as margen s baixas, há grandes palmeirais de jauaris e caranás . Corresp ondem elas ao curso médio do rio. Xo curso inferior , as jauaris são substitu ídas pelas tucumã s, influên cia devida à aproximaçã o do rio Negro. Xas grandes cachoei ras, encontr ou nosso botânico rica flora aquátic a de podoste monáce as várias e nas margen s firmes e pedrego sas - as palmeir as leo-
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pol dín ias , lad ead as po r gra nde s gru pos de mu sác eas , ará cea s e hel ico niu s ens om bra das pel as cec róp ias qu e ali são ma is frc qüe nte s do que em out ros trib utá rio s do Ne gro . ~ste rio for nec eu int ere ssa nte col cçâ o par a nos so bot âni co, ma ter ial gen uín o, pró pri o e exc lus ivo dês te rio . Co mo é tod o enc ach oei rad o, a flo ra aqu áti ca com o a do l.:apés - é riq uís sim a sob ret udo de podos tem oná cea s. O Dr. Fil ipp tev e opo rtu nid ade de v eri fic ar que as pal me ira s que cos tum am em bel eza r as pra ias e as ma rge ns bai xas - com o as j aua ris, as car aílá s e out ras - fre qüe nta m ma is os rio s de águ as cal ma s. de me nor cor ren tez a. Ass im, sub ind o-s e o Pa por i, ver ific a-s e que , de tre cho em ti·e dw. aca ba um a esp éei e de pal me ira e sur ge out ra . A jau ari tem seu lim ite na pro xim ida de de Cu pim (m iss ão :.\lont Fo rt) ; a pax iúb a vai alé m, ma s des apa rec e em Tap iira -mi rim -ca cho eir a. Sem pre que o rio apr ese nta um a feiç ão nov a, de acô rdo com a nat ure za do seu leit o e de sua s ma rge ns, tam bém se mo dif ica a veg eta ção - sem pre em tre cho s cur tos . Ass im, ora sur gem pal me ira is do tip o de iga pós , pal me ira is do tip o das ma rge ns alta s (le opo ldí nia s), car ana sai s em peq uen os núc leo s e até cam pos int erc ala dos , idê nti cos aos do var ado uro de · Iut ica e do Aia ri.
Xo bai xo cur so - ma rge ns bai xas . em con tín uas ren ova çõe s, for ma ndo pra ias sin uos as ond e ma is tar de se fix am cip erá cea s a que se ass oci am ca1)inzais, que se tr& nfo rm am pos ter ior me nte em bos que s, nos qua is enc ont ram -se gen ipa pei ros , ing aze iro s e cec róp ias que for ma m, ass im, um a espéeie ,..,..(Ie-c.ortina na fre nte dos ant igo s ma tos de jau ari s, out ror a rep res ent ant es da veg eta ção das ánt iga s pra ias , atu alm ent c ala rga das e fix ada s pel a nov a veg eta ção adv ent ícia . :\lu ita abu ndân cia de jau ari s e car aná s. Co ntí nuo s iga pós aco mpan ham êst es pal me ira is. Na reg ião do pla nal to bur itis eno rm es de fol hag em gig ant esc a, ma s de tro nco s rel ati vam ent e cur tos (8 a 9 me tro s) apa rec em em lug ar dos j aua ris . Pop unh eir as, bur itis e bac aba s en-
Rio P:tp ori.
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Tiqul~.
feitam as llabitações dos índios. Xa rrgi<io dos pia~ naltos, a vegetação é raquítica, semixcrófila, ao passo que as margens mais baixas são cobertas de matas majestosas, ricas de palmeiras e flora variadíssima, composta de ciplogamas, e epifitas interessantes. Nas cabeceiras, grandes miritisais {Informação dos índios e de Rock Grünberg) .
POPVLAÇÃO
Recenseamos 356 núcleos de povoação com um total de 7.581 almas, em quase tôrla a sua totalidade constituíf.a de índios semi-civiliz.a dos que vivem da pequen_a lavoura, da caça e da p esca. Con1 exceção do rio .Yegro . e do curso inferior do Uaupés, tôda a região percorrida é exclusivamente habitada por seh-ícolas, não havendo um só civilizado, salvo os funcionários du aduana colombiana e do pôsto do Serviço de Proteção aos índios instalados na foz do rio Papori e a missão de .. l\lont-Fort'•, de Cupim, do . referido rio Papori. O rio Xié, o rio Jç-ana e seus afluentes, o Uaupés e seus afluentes são povoados pelas nobres nações de origem aruaque e caaribas, e pelas poderosas tribos dos iucçmos e cubeuas. Foi-nos dada a oportunidade de conviver, como expusemos no decorrer dêste relato, durante três meses seguidos, em um ambien te constituído umcamente por índios sadios e fortes, inteligentes e dóceis, certamente um dos redutos que escaparam, no Brasil, à cobiça c à u surpnção dos civilizados. :tstes ainda lhes não. conquisla.ram as t:rras, porque estas, para felicidade dos índios, não possuem a cast~nha , a borracha, nem a balata, prestando-se somente para a la~ voura. A presente estatística apresenta, certamente, muitas falhas, send o muito provável que o número dos núcleos recenseados e. o dos seus habitantes seja muito inferior ao que realmente existe . Esforçamo-nos, porém, em colhêr as informações, as mais completas .
-2 01 A popu~ação rec en sea da ach a-s e ass im dis trib uíd a, con for me os qu ad ros an ex os: '
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Rio .~·egro Sã o Jos é .
da foz do Ua up és à fro nte ira -Il ha de
Nú cle os - 103 - Po pu laç ão De sta cam ent o de Cu cu í . .. .. . . .. .. . . To tal
688 -
57
745
Rio Xié Nú cle os - 19 -
Po pu laç ão . . . . . . . . .
165
Rio Iça na Nú cle os - 47
Po pu laç ão
672
Rio Cu iar i Xú cle os - 14
Po pu laç ão
160
Po pu laç ão ... ... .. .
300
Po pu laç ão ... ... .. .
2 .000
46 -
Po pu laç ão
1.5 39
Rio Tiq uié ::-\úcleos - 35 -
Po pu laç ão
2.0 00
Rio Aia ri
Nú cle os - 30 Rio Ua llp és )[ú cle os - í1 Rio Pa po ri
:\ú cle os -
To tal
í .581 alm as
En tre os 707 ha bit an tes rec ens ead os no rio Ne gro , enc onÚ ·am os- 17 est ran gei ros , a sab er: Ye nez uel ano s ... ... 29 ho me ns e 10 mu lhe res Po rtu gu êse s . . . . . . . . 3 ho me ns Tu rco s . . . . . . . . . . . . 3 ho me ns Ita lia no s . . . . . . . . . . 1 ho me m Pa rag ua ios . . . . . . . . 1 mu lhe r 36 ho me ns
11 mu lhe res
-202No destacame nto de Cru· ui: Praças ... :. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . :M ulheres .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
26
Crianças ..... . ......... : . . . . ..
14
Total
17
57
Das mulheres, 1 é venez.uela na. ·nas crianças, 9 nasceram em Cucui. Clima,
ternp ~"atura, Tentos pr,.domi-
nantes.
A região percorrida participan do das condições gerais da vasta planície amazõnica , abundante mente irrigada e vestida por densa e pujante vegetação p ossui clima quente e úmido. A temperatu ra observada variou entre 23° e 3~, à sombra, média de 26°,5. O calor é bastante temperado pelas chuvas quase diárias e pelos Yentos do quadrante XO. e :\'E. As noites se apresentav am, em geral, frescas.
Condiçves de s:.alubridade.
X o ·vale propriame nte· dito do rio X egro, as condições de salubridad e não si'io boas. ::\a vila de São Gabriel e arredores, o imp?ludis mo é quase endêmico e surtos ·violentos são comuns por ocasião das vasan.: tcs. Em nossa. passagem nos primeiros dias de janeiro, êste flagelo grassava em quase tõda a população da vila. ::\o alto curso do rio .\~egro, vários enfermos desta moléstia foram encontrado s à nossa passagem e, em Cucui, cuja fama de salubridad e era proclamad a, um surto epidêmico aparecera meses antes de nossa chegada,- tendo feito 6 vitimas. A regif.o ocidental do alto rio Negro (bacias do Içana e do l'aupés) - é mais saudável. O Içana e seus afluentes, como o C.:aupés. e os seus tributários , oferece excelentes condições de salubridade. O médico da turma ni.io constatou um único caso de impaludis mo. A não ser a moléstia de pele que observamo s no Irana e seus afluentes, nenhuma outra digna de nota
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-2 03 cha mo u a aten ção de nos so facu ltat ivo . A pop ula_ção da r egiã o é, em ger al, fort e e sad ia e os tipo s de índ ios a tlet as são enc ont rad os con stan tem ente , hon ran do a raç a bra sile ira. L~vantamen to
SERY IÇO DE LEY ANT AME .STO
exec utado .
O d esen voh ime nto tota l do lev ant ame nto exp edito exe cut ado foi d e 2.08 5 qui lôm etro s, assi m dist ribuí dos :
Rio ..Veg ro: De Eão Gab riel à foz do Içan à Rio Xié : Da f oz ao seu aflu ente Jap ori, incl usiv e o o trec ho dês te aflu ent e . . . .... . .... . Rio l çan a: Da foz a Ara cu- cac fwe ira Rio Cui ari: Da foz ao siti o esca da Rio Aia ri: Da foz ao ' ;ara dou ro p/ o Uau pés ... .. .. . 1'ar ado uro .... . .. . . .. .. .. .... .... ... . . Rio r.:au pés : D a foz à bôc a do Que rari Rio Pap ori: A par tir da foz Rio Tiq uié : Da foz a Szim aúm a-ca cho eira
75 Km s.
224
,
397
·"
Auc u-ea choe lra
131 172 13
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517
,
237
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"
319
O p ercu rso total, .a par tir d e Ma nau s foi de . 5.450 qui lôm etro s, incl usiv e 2.30 0 qui lôm etros d e ida e vol ta a Cuc uí. ?\ão fi gur ou n este cá1 culo a exc ursã o ao alto Ore noc o, emp reen did a pel a tur ma d os natu rali stas . As des pes as da turm a do rio N egro , "inc luiu do a sub -tur ma d o alto Ore noc o" imp orta ram em 37 con tos de réis (37 mil cru uiro s) . Acr esc enta ndo -se as des p esas de r anc ho adq uiri do nas pra ças do Rio e na de Bel ém, atin gem elas a Cr$ 46.8 00,0 0.
Desp~as
da tlrr.rn:l.
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20- 1HIST ÓRIC O
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d~spo..-oamento r~l>lão.
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que re ~1st.: n1 as cr&nir;..,.i·
O progr t-:"o d .. Capitan!:~.
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X a regJ<to do rio S eyro , as crón icas regi stra m o mar tilo lógi o dos indi os, des de o · tem po das dem arcaçõ es luso -esp anh olas . Yie ram em segu ida os. "de scim ento s", as "ag arra çõe s" e a caç a ao índi o par a .o com érci o de escr avid ão que se esta bele ceu sob o con trôl e das auto rida des da Cap itan ia. O Cón ego And ré Fer nan des de Sou sa, que v1veu 37 ano s na regi ão do rio 1\"egro prim eira met ade rlo sécu lo XIX - no opú scul o que ofer ece u ao Imp erad or D. Ped ro !.0 (Re vist a do Inst itut o His tóri co, 4.0 trimes tre de 18-18), assi m rela ta, ao refe rir-s e à naç ão l.lere que na, que hab itav a o rio lçan a: "Em 1787, o Sar gen to Mig uel Arc anjo , c_o nhe cido pelo nom e de Sar gen to da Rai nha , foi a êste rio, à aga rraç ão de gen tios , a que na sua fras e se da o nom e de descim ento , com 30 pra ças mil itar es, arm ada s de pólvor a e bala e outr os tant os índi os com cord as. Sur pre end eram uma pov oaç ão de gen tios , dos qua is escap aram os hom ens , ama rrar am as mul here s e a~ con duz iram con sigo em volt a viag em; fora m por êles gen tios aco met idos com vári os assa ltos e balr oad as que não só per der am a prês a, sen ão arm as, man timen tos e mes mo as vida s, se não fôss em tão lige iros . Daq ui se pod e infe rir que os gen tios são tão beli coso s com o out ra qua lqu er naç ão, hav end o que m os cap itane ie, mor men te tend o em seu fav or a just iça da sua cau sa".
Diz aind a: - O pro gres so da Cap itan ia pro vém do gov êrno de Lob o de Alm ada no fim do sécu lo XVI II. Com as riva lida des que surg iram entre êste gov ern a---r---.... . dor e o Gen eral do Par a, D . Fra ncis co de Sou sa Cou tinh o, susp end eram -se os sub sidi as e pro vim ento s que a Faz end a Rea l do Par a dav a à do ri~ Ne-g· ro. Privad o dêst es recu rsos . Lôb o de Alm ada crio u as fábr icas dos pan os gros sos, anil , olar ias e inst itui u as cultura s de aniz ais, cafe zais e algo doa is, que "em su:.1s mão s lim pas " (diz o hist oria dor ) pro duz iu gran des van tage ns, mas na de seus suce ssor es não foi sen ão um flag elo par a os seus hab itan tes. :Morto Lôb o de
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-205 -. Almada, em conseque ncia de calúnias c intrigas que lhe minaram o organism o, sucedeu- lhe no govêrn'o o Tenente- Coronel José Antônio Salgado, preposto do Governa dor do Pará, inimigo de Lôbo de Almada . Foi no seu govêrni que ~e pôs em prática a detestável "agarraç ão" dos índios, sob disfarce de serviço nas fábricas reais, mas de fato expl~rada na indústria particula r e no cultivo de chácaras . As "fintas da farinha" impostas aos seus habitante s no período de 1808 a 1820, além dos dízimos e a mudança da sede da Capitani a da vila de Barcelos para a da Barra (depois Manaus) , de que resultou a demoliçã o de quase todos os edifícios da fazenda real e o êxodo de quase tôda sua populaçã o muito contribu íram para .a decadênc ia da região do rio l\Tegro. O regime das "fintas" deu lugar às maiores exploraç ões e vexames, diz o Cônego André Fernand es de Sousa: "Como a teoria do govêrno era opressiv a e geral, surgiu na Capitani a uma maldita intriga misturad a com calúnias entre os comanda ntes militares , camarad as e morador es pacíficos , de que resultara m persegui -. ções e violência s de tôda a espécie" . - "Dai a dispersão dos morador es (índios), concentr ando-se uns nas matas, outros na Comarca do Pará, morrend o outros sem recursos ". "Em conseqüê ncia, explicar o J!istério que perdeu o rio Negro, não é da minha pena: contudo digo que foram os vexames , os serviços· sem paga, plantios e fábricas reais administ radas por oficiais e comanda ntes :militares , que à sombra dêles saciavam a sua varcza" . Diz ainda o Cônego André: "Yendo o Governa dor a Capitani a evacuad a de gente indiana, permitiu que se fizessem descimcn los. por meio de amarraçõ es e que se venaesse m a quem os quisesse m". Era Governa dor José Joaquim Vi tório da Costa, sucessor do Tenente- Coronel Salgado, e, apesar da expressa determin ação da Carta Régia de 12 de maio de 1798 - que proibia os "descim entos" por processo s violentos e só os autoriza va por meios pacíficos - não só manteve tais "agarraç ões" - como promove u e animou o comércio e a escravid ão do índio.
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Ainda a a çã.:> n"!a.st.a de outro>
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Diz o côneg o que não há pena capaz de descre ve1 o que foi o .. incênd io · físico e moral " dêste maldi to Gover nador . O do Pará conser vou-se surdo aos reclamos daque la popul ação martir izada, parece ndo que dera mãos aos seus algoze s. Seu sucess or, l\Ianu el Joaqu im do Paço, não fez outra coisa senão agrav ar ainda m ais a opress ão de que eram vitim as os habita ntes do rio Negr~. Ins.tttuiu o recru ta~nento forçad o para os rapaz es maior es de 12 anos ( !) isenta ndo-o s, porém , do servjç o me-. diante o pagam ento da quota de Cr~ 200,00 e Cr$ 100,00 e mesm o Cr~ 80,00 (o que era uma extors ão naque le· • tempo ) - m as os habit antes que tinham h averes dispunha m dêles para evitar que seus filhos fôssem sold ados do Gover nador . E desta forma se fi zeram fortunas à custa do aniqu ilame nto da Capit ania. Não satisfe itos com isso, mand ou cobra r redízi mos, quand o já_ pagav am dízimo s e fintas (um alqueire de farinh a por cada três da safra orçad a) e não tinha escrúp ulo em declar ar que sua nomea ção lhe custar a 12.000 cruzad os na Côrte do Rio e qZLe era precis o desfor rar-se ! Não é, portan to, para admir ar que reduz ida à escravid ão e à especulação de tôda a ord em, agrav ada com a muda nça da sede da Capita nia de Barce los para a vila da Barra , a região do rio Negro, outror a a mais flores cente e mais popul osa do Amaz onas e que dera o seu nome à Capita nia, camin hasse franca mente para a decad ência cm que ainda se encon tra. Apesa r de semel hantes extors ões, pode-s e ter uma idéia do seu estado econó mico em 1819, pela tabela seguin te, contid a na citada-----nwl"lagraf ia do Côneg o André Ferna ndes de Sousa : DA REYIST A :!\lEXSA L DE HISTÓR IA E GEOGR AFIA
Gêner os expor tados da provín cia do rio N egro para a do Pará em todo o ano de 1819, segun do o mapa que me foi aprese nt ado pelo Sr. Gover nador Manu el Joaqu im do Paço, Sarge nto- mot das tropas do Maranha o.
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5. 045 Ar rob as de tab aco a Cr $ 8,0 0 •. 3 .512 Ar rob as de sal sap arr ilh a a Cr $ 9,00 Cr~ 9,00 ... . .. ... ... ... ... .. . . .. . 5. 936 Ar rob as de caf é a Cr $ 3,20 ... .. . 1. 948 Ar rob as de cra vo fin o a Cr $ 6,40 .. 1.8 00 Ar rob as de cac au a Cr $ 1,6 0 .. . .. . 10..42 5 Ar rob as de pei xe a Cr$ 1,28 . .. . .. . 8.034. Po tes de ma nte iga de tar tar ug a a Cr$ 3,20 ... ... . . ... ... ... ... . . . . . 11 Po tes de rni xir a a Cr$ 2,0 0 . . ... .. . 17 Po tes dE~ cu pa íba a Cr $ 3,00 .. .. . 733 Po leg ada !: de pia ssa ba a Cr~ 3,00 10 Ar rob as de ani l a Cr $ 32,00 ... .. . 350 Ar rob as de qu ina a Cr $ 64,00 .. . . 18 Ar rob as de bre u a Cr$ 0,80 .. . ·.. . 128 Ar rob as de est ôp a da ter ra a Cr $ 0,50 ... ... ... ... ... .. . ... ... . 5 Ar rob as de ca raj uru a Cr $ 38,20 .. . 166 Al qu eir es de cas tan ha a Cr $ 0,20 190 Ar rob as de alg od ão em car ôç o ~ Cr $ 0,80 ... ... . . ... ... ... . . . . ... . 220 R êde s de pa lha , po r ou tro no me "m aq uir as" a Cr$ 3,20 ... .. .. . .. .
\ Cr $ 40. 360 ,00 31. 608 ,00 31. 608,(1() 18.995,.20 12. 467 ,20 2.8 80, 00 13. 344 ,00
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So ma . . . ... ... . . ... ... ... .. . 170 .959,20 Ko ck Gr ün be rg diz qu e em Cu cuí ha via um ten ent e co ma nd an te do con tin gen te, qu e, co m o aux ílio das pra ças do seu co ma nd o da va caç a aos índ ios do Iça na e do Ca iar i pa ra gu arn ece r sua s em bar caç ões e for nec er r em ad ore s aos qu e tra nsi tav am po r lá. ~ste tenen te ma nti nh a bo m com érc io com a Ye nez uel a e os pro du tos da va m en tra da liv re de im po sto s. Er a alt o neg óci o! O co ma nd an te fazil! ba tid a na s ma loc as e req uis ita va gal inh as, pan eir os de far inh a, ral os, etc ., e ain da lev av a os índ ios pa ra seu s rem ad ore s e pa ra pa ssa r ad ian te ... E tod os os qu e nec ess it_av am de tai s me rca do ria s e de trip ula nte s sab iam qu e era com êle qu e tin ham de se en ten de r ... Ac res cen ta qu e, ao sub ir o Jçana, enc on tro u-o des po vo ado em seu cur so inf eri or até Tu nu í. Os índ ios
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O que nos rela b o etnó log- o alem .io Koc k Grünb~.
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208haviam fugido para os altos igarapés, ~scapando, assim, às batidas da fôrça de Cucuí. Em Tunui, encontrou as casas abandonadas. Seus moradores estavam na serra e só a muito custo, quando se certificaram que êle Kock, não era o comandante, nem seu emissário e que lhes pagava as mercadorias, é que foram chegando, um a um. O comandante era o pavor dos indios! Os próprios tucanos do Caiari metiam-se pelos altos igarapés. Kock encontrou grupos dêstes índios fugidos do Caiari quando fêz a travessia pelo Cwicuriari. ORIGE~I ÉT.KICA DOS POVOS DO IÇAXA E DO UAUPÉS
A contribuição do etnólogo alemão Kock Grünberg Generalidades..
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Professor __Il~?d!?!Q_ Ro_ck ~üi~}?~rK,$~P$~~ a 1:egiã~ ls_ana _e _ dÔ:U~u pes en~~s=!la-,..sua -CSJ?ecialidad~~.Q_p_eríodo <te 1903a l905 1;;blicou um livro sob o titulo "Xwei '!ãll"f.tiief"~n indianern Nordwest Brasiliens". Não podemos escolher melhor fonte de informações que a obra citada do abnegado cientista alemão cujos restos mortais descançam em terra brasileira. À obsequiosa gentileza do Dr. FHipp Lu etzelburg, nosso prezado companheiro na expedição ao rio Negro. devo a tradução do que mais nos interessava na publicação de Kock Grünberg, cujo resumo passo a fazer, no sentido de elucidar a origem étnica das diversas tribos que povoam a região que percorremos, as correlações existentes, sua evolução, etc . ~~ll:J.ós.!:-afo_,alemão_
Estudar-lhes as migrações e emigrações, é perquirir-lhes a história que se perde na noite dos séculos. Provêem elas dos povos de origem aruaque, dos caaribas, e das grandes nações cubcuas e tucanos, cujas línguas ---' por sua semelhança - indicam a mesma origem, parecendo terem emigrado do Sul e do ·sudoeste. Também procedem dos povos conhecidos por macus, de raça inferior, ainda nômades, e que habitam o recôndito das florestas, fugindo ao contato da civilização e da ação absorvente das outras tribos
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ma is a dia nta das . Aco mp anh and o a evo luc ão nat ura l da raç a ind ige na, mu itas trib os hoj e sem i-ci vili zad as e que se ach am ins tala das em con for táv eis ma loc as ou pov oad os, ant iga me nte er_ m n nôm ade s e viv iam com o ma cus , fala ndo -lín gua idê ntic a. Com o cor rer dos tem pos , for am ela s sub jug ada s por trib os ma is adi ant ada s, pel as qua is for am abs orvid as, inc orp ora ndo -lhe s a líng ua, os cos tum es, a arte , etc . Ent re out ros exe mp los, Kock me nci ona alg um as sub -tri bos dos cub eua s que hoj e fala m e viven1, com o os ver dad eiro s cub eua s e que era m ant iga me nte ma cus . O me smo dav a-se com os ban iua s, os siuc is e out ras de esti rp= dos aru aqu es. Ko ck diz que , em prin cíp io, as div ers as trib os vivia m em sua s terr as per feit am ent e )im itad as por acid ent es geo grá fico s, ent reg and o-s e à caç a, à p esc a, ma is ou me nos isol ada s um as das out ras . Com o tem po, ess as fro nte iras for am des apa rec end o, esta bel ece ndo -se u con tac to ent re os pov os e em con seq üên cia, - a troc a de me rca dor ias . Ass im, por exe mp lo, os ind ios do alto Uua pés ou Caiari não con hec iam os ralo s com a gua i·ni ção de ma dei ra, cria ção dos índ ios do lça na: usa vam as pró p rias ped ras , nes se mis ter . Em com pen saç ão, sua s "sa rab ata nas " tinh am o tub o inte rno que con sti_tui a alm a d ês te a rtef ato . E a troc a esta bel ece u-s e. Da m esm a for ma , a cer âm ica era priv ilég io dos índ ios do l çan a e não era con hec ida dos ind ios do Gua inia e dos que pov oav am os rios Cau aba ri e Padau ari . E os seu s pro dut os gan hav am esta s reg iõe s em troc a d e "ui rai i" (cu ra;e ), ~6 pre par o era por sua vez priv ilég io _d êste s ind ios ; e as troc as este ndi am -se até o alto Ore noc o em bus ca do pre cio so ven eno . E com esta s tran saç ões reg ula rizo u-s e o com érc io con trib uin do par a o cru zam ent o de que sur gir am as· sub -_ -es péc ies, já de orig em aru aqu e, já de orig em caa riba s, e ent re esta s. D esc era m par a o Cai ari e aflu ent es e com uni car am -se tam bém ao Iça na, atra vés de seu s trib utár :o:: . .
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-21 0Os arnaqu es.
Mora vam nos temp os remo tos e antiq uíssil .nos em todo o rio Uaup és, emig rados ·do extre mo Xord este do Cont inent e Sul-A meric ano . Fixa ram suas se<les nume rosas nos rios Uaup és e Quer ari. Mais tarde , viera m do Sul e do Sudo este - povo s mais pode rosos os cube uas e os tucan os que, em parte , os subju garam . Daí surgi ram nova s espéc ies, pelo cruza ment o que se estab el eceu." Algu mas tribo s refug ia-ram -se no alto curso de algun s aflue ntes dêste s rios, como os deçana s, resto dos antig os arua ques do Uaupés, que hoje h abita m os rios Popo ri e Tiqu ié. Tôda s as tribo s mora dora s do rio Cuia ri são arua ques . Os mais puro s são os siuci s, do Aiari . São ainda arua ques : a) Os tarla nas que povo am o m édio Uaup és e u baixo Papo rc.
Os cubeua s.
b) Os carut anas que habit am o Içana infer ior. c) Os antig os baniu as de Tunu í (no lçana ), chamado s pelos siucis , catap olita na. d) Os hoho dênis , do Aiar i e do Içana , que eram antig amen te macu s, depo is subju gado s e calde ados pelos siuci s. e) Os i peca s que povo am o Içana supe rior. f) Os deçan as, a quem já nos refer imos e cuja sede princ ipal é no médi o Papori. Os tucan ôs os denomi nam Papo ri-ua ra e os i arian os, datsa nas. \..._ Cons idera m-se · paren tes dos tucanos, falan do Hngu a idênt ica, com peq-u enas modi ficaç ões . Habi tavam todo o curso do Cudu iari. Ultim amen te, a sede mais pura dos cubeuas deslo cara- se para a foz dêste rio, -;w-; eacir de Nam acoli ba. Cham am-s e de hach aenaua s e são apare ntado s com os cube uas do Aiari , que se cham am cauá s-tap uios: Semp re foram consi derados, desd e temp os remo tos, naçã o fort e que subjugara outra s tribo s, impo ndo- lhes a língu a, seus habit os, suas artes , etc. A êles se deve a criaç ão das "más caras", mais tarde assim ilada s pelos Uana nas e outra s naçõ es Os cauá s, que são os cube uas do A iari, têm uma histó ria inter essan te: p erten ciam aos arua ques do
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-211rio Quaari; oprimidos pelos cubeuas, foram por êstes, aos poucos absorvidos, caldeando-se dia a d ia em cubeuas. Depois, d eixaram o Querari, emigrando para o Aiari superior, mas ali encontraram de novo os aruaques porque deram com os siucis, que são aruaque3 verdadeiros, embora também muito modificados pelos cubeuas, seus dominadores primitivos . Assim, verteram-se, novamente, em aruaques. Só os antigos falam cubeua; os modernos falam siuci. Os cubeaus são inimigos antiquíssimos d os aruaques. Constituem a nação mais forte, mais adiantada e mais inteligente da região. Com os cubeuas desalojaram, subjugaram e absorveram os povos de origem aruaque do Uaupés. Povoavam o rio Tiquié até Cabari-cachoeira, quase todo o curso do Papori e o baixo Uaupés .
Os t u canos.
São seus parentes, falando língua semelhante: Os piratapuias - do Uaupés e Papori. JS miritis-tapuios - do Tiquié (outrora macus) . Os arapaces - do Uaupés. Os tujucas - do Tiquié (alto curso) . Os barás - do Tiquié (alto curso). Os tsoeloas -
do Tiquié - cabeceiras. do Pirá-paraná (afluente do Apa-
Os erúlias póris). Os upaimas - do .Pirá-paraná e Apapóris. Os jaúnas- do Apapóris superior. Os palaenoas - do Pirá-paraná superior, e outros menos in~portantes. A palavra uanana, em siuci, quer dizer ladrão! Chamam a si mesmos cofitias. Moraram antigamente no alto Querari. São parentes afastados dos tucanos com os quais vieram nos tempos remotos do extremo sul. Há alguns séculos que habitam o rio Uaupés. Suas sedes principais são Iuiica e Caruru-cachoeira.
Os uananas;·. ---.
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A REGIAO ORIENTAL DO ALTO RIO iNEGRO
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A fronteira do Brasil com a Yenezuela começava, antigamente, na cabeceira principal do Memachi, afluente do 1'\aquieni, que deságua no Guaínia, (1 ) e • : .... .1._: prolongava-se até o cerro Anaí, na divisa com a Guiana inglêsa, abrangendo cêrca de 9 graus em longitude. c. · ; Dois laudos arbitrais reduziram-na a pouco mais de .. ' ·6 graus, de um extremo a outro. O primeiro, proferido pelo rei da Espanha, favorável à Colômbia, tirou-lhe a parte compreendida entre a origem do Memachi e o cerro de Cucuí. da linha O segundo deu à Inglaterra o território que se es- D escrição de limites. tende desde o Anai até o Roroimã . Presentemente, a linha de limites é a seguinte: parte da margem esçuerda do rio Negro em frente ao cerro ou p edra de Cucui, segue por uma linha geodésica, rumo SE até Salto Ruá, no Maturacá, dali para o cerro Cupi, na margem esquerda do Bária . Começa ai a serra que serve de divisa entre os dois países e que perten.ce ao sistema orográfico de Parima. Do cerro Cu pi, segue pelo "divortiumaquar um" passando pelas serras Imeri, ., J : ' 1 Tapurapecó e Currupira, correndo rumo geral de Oeste para Leste, excetuando, porém, na serra Imeri, onde <·orre de sul para norte. No alto da serra Ta purapecá, existe um . grande penedo denominado Curumicuera-uruçacang a, que pode servir de marco natural.-.....:...._..___ Entre as serras Tapürapecó e Currupira, passa o caminho que vai do rio ll!arari, afluente do Padauari, ao rio Castanho, cujas águas correm para o Negro. t:ste caminho corta a linha de limites no cerro Pirada[ na Lat. N. 1°14' 36" e Long."21°40'20" a oeste do Rio de Janeiro e corre, depois, pela cu miada da (1)
siquiare.
l\'ome que toma o rio .\"euro acima da bôca do Ca.s -
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A demarcação da fronteira feita pela Comissão ..Barão de P.3.ri.tna".
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ligação entre o Pacimonla e o Canabori - Trabalhos execnta.dos pelo entã• :!\bjor Dionisio de Cerqueira.
cordilheira Parima, que separa as águas do Orenoco das do rio Branco. No cerro Mashiati, torna de novo a fronteira a correr no rumo geral de oeste para leste, percorrendo ~ grande cordilheira Pacaraima e descreven do uma linha chei~ de sinuosidades- . Esta linha passa pelo cerro Piá-sauí próximo ao caminho que do Uraricapará vai ter ao Auapirá, afluente do Paraumuxi, terminando, afinal, -em Roroimã. (2) A Comissão de Limites Brasil-Yenez uela que operou no período de 1879 a 1882, sendo chefe da Comissão Brasileira o T enente-Coron el de Engenheiros Francisco :Xavier Lopes de Araújo, depois Barão ·de Parima, procedeu à demarcação da fronteira, d esde a cabeceira do llfemachi até o cerro Cupi. levantou os rios Memachi, o Ãquio, o Tomo, o Guaínia - até a foz. do até a foz do Naqu~eni, os rios Cauabori, Padauri o seu afluente Marari, cujo levantament topográfico também foi executado. O então Major Dionísio de Cerqueira procedeu aos estudos de ligação entre o Pacimonia e o Cauabori, tendo para isto levantado os rios Dimiti, Xá e Bária, os igarapés Jauiabu, da Estrada, dos Trabalhos, Bodababici e canais Maluracá e Ocuêni. A comissão colocou um marco de madeira de lei à cabeceira""'d;) Mem-;chi:=li";;i_7utro nõ 'êamin.l~o "do'G?a~~g~rá'pe une o riÕ:tQmo {'ifJueR te 3k _. !lo. ....,.. ~~--:=;::;;;o=y ---:Jõpe ri (Tvapon), afluell!L~ié e um outro, ainda ãeffiâ deira, na cabeccil:.Ldo Jf~C~22'j_@()nij" tros a- oeste de ped.I:a_de.._Cucuí. O cerro Caparro asSi'llála um dos pontos da linha de limites. Como dissemos, tôda essa região a oeste do Guaínia é hoje fronteira com a Colômbia. A comissão colocou ainda um marco de madeira de lei lavrada na interseção do caminho que liga o Castanho ao llfarari - com a linha de limites . Está situado no cerro Piradai, ramificação da serra Tapurapecó. A extensão dês te caminho, que é muito acidentado, é de 14.700 metros.
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coloc.ados pela Comissão de Llm.it~.
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Todo o trecho entre a pedra de Cucui e o salto Huá é um vasto igapó. Pelo protocolo assinado em 9 de fevereiro de 1905, foi reconhecida a demarcação ( 2)
Relatório do Barão de Parima -
1884 .
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feita em comum no ano de 1880, desde a pedra de Cucuí até o cerro Cupi, na direçâo de Leste. A Comissão Melo Nunes, que operou no p eríodo 1913-1914, determinou o azimute de um ponto do pico sul do cerro de Cucui, e d ep ois traçou a linha geodésica com o azim ute 51 o 6' 23", abrindo para isso, na ilha de São José e até o primeiro marco, uma picada de 20 m etros de l argur a p or 8 quilómetros . Nenhum vestigio existe mais desta picada! Ko salto Iiuá, coloc ou ainda esta comissão dois marcos, tendo, para isso, a berto uma picada e uma grande clareira : o 1.0 si0 tuado a 24m,57 do centro do salto Huá e o 2. a 83m,06 do cen rro do primeirÇ>. Durante a construção dêstes marcos, f êz uma excursão ao cerro Cupi, mas a linha g eodésica Hu_á (Matu~:~~o fo~ ~ra d::. p~r que as Instru~s não ~~~I:L~.-a,... esta, .ear~a ..fr 'C5ti"íei"fãf--Colocou mais dois marcos de alvenaria: -----~~~' o principal, à margem esquerda -do rio N egro, a um, 1.5901J1,65 do poste de mad eira que na margem direita d êste rio e defronte da ilha de São José fôra, em 1880, colocado p ela Comissão Parima, e outro a 222m,50 de dis tâ ncia do centro do primeiro. F oram êstes os marcos que visitamos e cujas fotografias anexo. O Com a ndante Braz de Aguiar - que foi sub-chefe da Comissão de Limites Almirante Ferreira da Silva acaba de ser nomeado Chefe da Comissão Brasilei:J,· a d e Dem ar cação de nossas fr onteiras com as Guianas e a Venezuela, pelo que. deverá en cetar brevemente <>s trabalhos que dizem resp eito a nossa fronteira com esse país . As comunicações fluviais são: RIO CABORI, CAUABORI OU CAABORI
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Nasce na cordilheira ParimO., desembocan do no rio Negro, à jusante· da vila de São Gabriel, pouco' acima do povoado do Castanheiro. Sua direção é de 30 SO até receber o lá e daí SE -até a foz . Só permite navegação - em lanchas de pequeno -calado - até a gra nde cachoeira situada pouco abaixo
A Comissão Melo Nunes.
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Comand.~.nte
Braz de Aguiar.
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da foz do seu afluente Maiá, cêt ;·a de 6 horas de v1agem, oa hôca. constituiu antiga mente uma linha de comunicaçã o dos venezuelan? s.
O rio foi
bas~.ante
povoado a montante pa primeira cachoeira.
Está boje nteiramente abandonado devido aos ataques dos índios Guabaj:uibo s.
Constitu iu an tigament e um a liHha de comunic ação para os venezuel anos, mas hoje está abandon ada porque os índios guahajar ibos (como lhes chamam os venezuelan os) que estão aldeiado s na cordilhe ira Parima, fazem continua s incursõe s no Caabori e no alto Padauari e atacam os explorad ores que tentam invadir seus novos domínio s . O rio foi bastante poYoado , à montant e da primeira cachoeir a, informa o Sr. Amâncio José de Lima, antigo explorad or da. região, hoje residente na povoaçã o de Castanhe iro. À jusan te, não havia nenhum sítio, porque suas margens constitue m várzeas al agadiças . O primeiro ' si tio denomin ava-se Cachoeir a âo Teiú e pertenci a ao venezuel ano Paulino Delgado, j á fal eci do. Fica a 1 dia d e viagem da bôca ou seja 0 dia acima da dita cachoeira. O segundo sítio cham a-se Cunubán ia e pertencia a Francisc o Delgado que se mudou para o rio Marié. Fica a um dia e meio da bôca. Outros 10 sítios existiam , sendo o último já no .Uatúrac á, bem p erto da Yen ezuela . Em parte. est a gente desapare ceu em conseqüê ncia de febres de mau caráter, muito tendo concorri do a epidemia de gripe quando assolou a r egião. Os Guahajaribos incumbir am-se de desalojar os r estantes. O Caabori está, _hoje, inteiram ente desabita do. Suas cabeceir as são r icas em bala ta. Encontra -se, também alguma castanha na região serrana. RIO PRÊTO
Não é povoado por indios. E' bastante navegável.
Foi levantad o pela Comissão Parima até a foz do seu afluente rio Padauar i, onde se chega com 5 horas de viagem. Só êste rio interessa va à Comissã o de Limites, porque suas cabeceir as contrave rtem com as do Castanho , cujas águas correm para o rio Negro. Ko respectiv o divjsor, passa · a linha_ de fronteira . Sua largura na foz é de 170 metros, reduzind o-se a metade acima da bôca do Padauar i. A não ser no baixo curso, a jusante de Seio José de Maboabi , suas margens são
-221firmes. É bastante saudável, o que contrasta com os rios Caabori e Padauari. navegável no tempo das águas por lanchas de pequeno calado (10 a 15 H. P.)- até Curnru-cacho eira, distante da foz cêrca de 4 a 5 dias. Dai para cima, só em canoa, porque aparecem outras cachoeiras. No tempo da sêca (verão), pode-se ir de lancha até Matupiri-cachoe ira, cêrca de 18 horas da bôca. Pode-se, porém, varar à l ancha, a cabo, e subir mais um pouco. !\'as grandes vasantes, não se pode transpô-la. Não é habitada por índios. É
PRODUÇÃO
O rio Prêlo é rico em piassabais, -na safra 192í-1928 (ela vai de outubro a março) a produção atingiu a 200 toneladas. !\este ano (1928-Hl29), como ninguém colocou pessoal a extrair seringa, a safra deve .exce- · der de 300 toneladas. Os maiores produtores desta 0 indústria são os seguintes: 1. , José Rodrigo Bento, português, que tem sitio no próprio rio Prêto, denominado São José de Maboabi. Exportou na última safra 100 toneladas. 2.0 , Joaquim Silvano (meio sangue, índio e português) que exportou pouco mais de 50 toneladas. l\Iora no rio Negro, mas tem barracão e um pequeno seringal no rio Prêto. 3.0 , Macedo & Irmão, firma estabelecida no pôrto Javari, à margem esquerda do rio Negro; possuem outro barracão na margem direita, porque o pôrto de Jacwri alaga-se no inverno. ~ão trabalhar.a na última safra; esperam ex0 trair ·40 ton-elada,s.-na de· 1928-1929 . 4.0 , e 5. • Deodeciano de Braga e João Gonçalves que em média, costumam extrair de 30 a 40 toneladas. Os outros exportadores, em menor escala, só entram no rio por ocasião da safra.
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Castanhais - só existem os dos pequenos ''rebolados" nas terras ·formadas pelas confluências dos rios Prêto e Padauari. São manchas que procedem do rio Araçá, e atravessam o rio Ereré, como aquêle, afluente do rio Negro. Éstes dois rios são ricos em cas-
E' rico em piassabais. Da exploração da piassaba.
Cast.anh ais.
- Os rios Araçi e Ereré são os mals ricos em cast.anhais que há no rio Neço.
-22 2-
A seringa .
A balata..
tanh ais, cons tituin do a regiã o por êl es form ada a mais rica em casta nhais que há no rio Negr o. Só no Ercré , o Sr. Antô nio José da Silva , abast ado indus trial do Pada uari, extra iu na safra de 19281929, mais de 1 .000 barri cas de casta nhas . · O Araç á prod uziu mais de 2.000 barri cas. A serin ga é pouc o explo rada, devid o a depre ciação do prod uto. A safra de 1928-1929 deu apen as 3 tonel adas. )\este ano ning uém cuido u de explo rá-la. Xão há balat ais no rio Prêto . O Sr. Mace do explo-rou-o até as cabec eiras já nas prox imid ades da serrania Parim a, não lhe enco ntran do vesti gios . RIO PADA UARI
sua
o
navega bilidad e.
seu -anuen te llfararí .
A velocid ad e.
Não é saudáv el A s febres e as desinte rias são
e:!ldêm icas
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·· Foi levan tado no ano de 1880 pelo saud oso General Dion ísio de Cerq ueira . Parti u a 19 de fever eiro. <J.o pôrto X·iba ru, na foz do rio Prêto , em dema nda das cabec eiras dos rios Pada uari e seu aflue nte o Ma, rari. A 22 de març o, cheg ou a foz dêste aflue nte que subiu , ating indo a 3 de abril , o últim o pont o nave gável dêste rio e início da marc ha por terra . O Pada uarl até a cach oeira Uaia nari pode ser nave gado por lan-. cha a vapo r no temp o das água s e por batel ões em tôda a époc a. O Mara ri é muit o estre ito e sinuo so. O Pada uari tem 70 metr os na bôca e cons erva mais ou meno s a mesm a largu ra até receb er o ,"1/ar ari. A l argu ra dês te varia de 30 a 10 metr os. Sua decli vidade é muit o pron uncia da a velocidade regul a 4 milh as por hora, enqu anto a do Pada uari é cêrca de 2,5 milh as. Suas água s são bran cas. Não é nada saud ável. Foi o celei ro da mort e dos habit antes da bacia do alto rio Negr o, por ocasi ão da valor izaçã o da borra cha. Cont a-se um ou outro que tenha escap ado às f ebres e à desin tcria endê mica n este rio. Só é habit ado a fé a bôca do r io Taba co. Em f r ente à foz dês te rio fica a últim a mora da perte ncen te ao serin gueir o Lindoso, já falec ido. Atua lmen te, ningu ém mora dali para cima . ' I
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-223hal>itado pelos índios g11ahajaribos desde suas cabeceiras até a cachoeira C:ianari (ou {:aianari) e bõca do Tal~aco, rio Pilima ou Tabaco. Os seringueiros vão até à bõca dêstc rio e à dita c~choeira na épo~:a das chuvas. Mas na sêca, não pod e-m fazê-lo porque, nesta ocasião, os índios descem à procura das tartarugas que vão desovar nas praias, que então se formam. Logo a jusante da cachoeira, forma-se uma grande bacia muito procurada p elos índios. Diversas expedições têm sido envindas para o alto Padaurari; mas tôdas elas têm sido atacadas p elos índios. As barracas antigas têm sido consenadas p orque estão co}(lcadas em terra firme. o rio é rico em seringais ·que tt:m sido, entretanto, pouco explorados em conseqüência de sua desvalorizaç ão . ~o verão passado, a safra não ultrapassou de 50 ton eladas . Balata não tem sido encontrada. Deve existir, porém, nas · cabeceiras, mas os índios não lhes permitem o acesso l A piassaba é a indústria que ainda m:mtém o malsinado Padazzari. É encontrada nas margens e nos igarapés. Há grandes piassabais. A exploração vai até a referida cachoeira l.."aianari. Alguns mais animosos sobem mais um pouco, mas, no inverno, por causa dos ataques dos índios. Xa safra 1928-1929, qu an do por lá passam os (comêço de janeiro) a exportação havia atingido 30 toneladas, esperanc~o-se que ela alcançasse mais · de 200. Os seus maiores produtores são os seguintes: 0 1. , Antônio José da Sih·a - domina todo o baixo rio, possuindo ' :ários lotes de seringais. ?\a última safra, exportou 30 toneladas de seringa e -10 de piassaba. O Sr. Antônio José da Silva, que é português, tem ......__.___.._]:>ropi ·iedade à margem do rio Negro, à ju~nnte de Santa Isabel. Chama-se B ela rista e a ela nos referimos ao relatar o itinerário do rio Xf'gro. Possui lan0 chas e grande número de camaradas. 2. , B. A. de Carvalho, brasileiro, localizado com família em Vila Conceição, a 2 dias de viagem, em lancha, a partir da 0 bõca. Foi ele quem fundou o povoado. 3. , Augusto Lacerda, proprietário em São Joaquim, no rio .Vegro. Possui seringais pouco acima dos lotes pertencentes É
O seu alto curso é habitado pelos índios Guahaj:.ribos.
Os indios descrru até a •primeira cachoeira, na época da s<-<:a, ;. procura de tartarugas.
E' rico em sabais.
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Os mais importantes produtores.
Vila Conceição.
-22 4A
l"Xploraç ão da borracha .
Os balatais.
Os cast.anh ais.
a B. A. de Carva lho, confin ando ~s tes com um lote de J. G. Araúj o, de Mana us. X estes dois último s anos, não explo ro u sering a porqu e o rio, neste trecho , mant eve-se alagad o, cm conse qüênc ia de chuva s continuas. É possh- el, <1 ue, neste ano, se trabal he um pouco nes ta indús tria, porqu e o rio j á estava com pouca água em janeir o, mas o preço ínfimo n5.o convid ava. 4.0 e 5. 0 , sering ais situad os acima dos de Lacer da, perten centes a )l a nuel T a vares e Ma nuel da Luz o 1. 0 mora num afluen te do Padau ari, de nome Pu.l:irifina ou Pu.rir itena - 6.0 , Chico Lindo so, com seringais entre os de Tavares e ::\Ianu el da Luz .. Para cima. n:1o h á morad ores. A safra n ormal da sering a (borra cha) é calcul ada em 70 tonela das. Os m elhore s piassa bais es tão no alto do rio, nonde os índios não p ermit em acesso . Também é rico em Lalata is, já na região da serran ia, mas não podem ser explor ados pelos motiv os citado s. De castan hais, só existe m os das "rebol adas'" a que já nos referi mos. EXPEDiÇ.~O AO RIO l\BTl"R AC..\
O )Iajor Dionís io de Cerqu eira, como ajuda nte da Comis são Parim a foi incum bido d e fazer o levantam en to topog ráfico do Jlatur acá. Dois camin hos se lhe oferec iam: descer o Gtwin ia até à Lôca do Cassiquiare (parti ndo de Jlaroa ), subir êste canal e os rios Pa cimôn ia e Bária, passa r p a ra o Jlalur acá e seguir por êle até a sua junçã o com o rio Cauab ori - ou descer o rio Segro até a foz do Dimit i, subir êste rio e passa r por meio dos seus afluen tes para afluen tes do rio lá, descê- lo até o Cauab ori, subir êste rio, e ntrar no · JJaturac á, passa r para o Bária, d escê-lo e o Pac~ - mônia e canal Cassiq uiare até entrar de novo no .\'egro e sair em Maroa . O prime iro era muito conhe cido e não excito u a sua curios idade. Do segundo , tinha notici as por inform ações dos índios . Deu prefer ência a êste, com o justo propó sito de esclarec er uma intere ssante questa o geogr áfica. Sua exp edição era consti tuída por 7 praças do Contin gente do 11.0 Batalh ã o de Infant aria e dois índios como prá-
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ticos. Execu tou-a em <luas pequen as canoas . A 22 de janC'iro rlc 1880, partiu rle .liaroa , no Guaíni a, chegando, ali, de regress o, a 19 de abril, com três meses de vi agem r edond a . Dou, aqm, uma ligeira noticia , extraíd a do seu relatór io: O Dimiti tem cêrca de 80 quilóm e tros rle curso; corre na direçã o geral de leste a oeste alé recebe r o igarap é Iauiab u e dai até n foz na de SE para ~0 . As ruas marge ns são cm sua totalid ade coberta s de uma vegeta ção rlensa e vasta e em grande parte alagadiça s. A sua maior largura é 120 metros . Antes de recebe r aqnêle afluent e, pela mar~em esquer da, sua largur a não excedi a 15 metros . É b astante profun do e suas águas têm a côr das do rio .~\T egro. Suas margens são contín uos igapós . Com 7 dias de subida , executand o o levanta nJento do Dimili , atingiu a bôca do lauiab u, cuja subida · iniciou . Xão obstant<:: ser bastant e profun do, êste igarap é não permit e navega ção a igarité s ou outras embarc ações, por srr estreito , tortuos o e atrava ncado de paus. Execut on ú leva-nta mento a Lugco l e a bú'isol a. Com três dias de march a moros a, parte d evido às copios as chuvas que caíam, parte pela n ecessid ade de d esobstr uir 1.; igarap é para a passag em das canoas , tomou um seu pequen o afluen te da marge m direita . Suas marge ns eram mais ou menos firm es, parec.:endo, entreta nto, que deveri am ficar alagad as no tempo das grande s iigua~. O igarapezi nho serpen teando suas águas cristali nas em voltas tão rápida s ··- que mal davam passag em às monta rias - foi diminu indo ràpida mente c antes do pôr do sol o :\lajor Dionís io iniciou a march a por terra. fazend o arrasta r as canoas . A êste igarap é deu o nome de igarap é da Estrad a. Com um e meio dia de subida trabalh osa, atingiu o caminh o por onde se passa para um dos pequen os afluen tes do lá, contra verten te do da Estrad a . .l\landou limpar a picada e arrasta ndo as canoas sôbre rolos de madei ra, através um percur so de 1 .350 me- ...
O rio Dimiti.
O lgarapé Jauia bu.
O igarapé da El;trada.
ô
igarap~
dos Trabalhos.
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l:;arapê Badababid.
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lá.
lros, alcançou o igarapczinho . Deu-lhe o nome de igarapé dos Trabalhos, porque sua descida foi muito trabalhosa . Corre apertado cntrt os dois barrancos e é tão estreito que mal dá passagem em certos lugares às pequenas montarias. O ::\Iajor Dionísio teve a feliz idéia de fazer reprêsas - de distância em distância - com o fim de elevar o ní \'el das águas. Só assim conseguiu arrastar as canoas. Levou -t dias neste trabalho. ~o 5.0 dia, alcançou .o igarapé Badababici, afluente do lá, e muito mais Yolumoso do que o dos Trabalhos. Corre cm terreno alagadic;o e é em tudo semelhante ao Jauiabu. Desc~n do o Bc~dalwbici, alcançou, no 3.0 dia, o lá, que jà tem aspecto de rio. Desceu êste igurapé durante 7 dias para alcançar o Cauabori . Encontrou qua tro cachoeiras no lá, sendo a mais importante a Sivaumini . O lá liga-se ao Bária por meio de um dos afluentes · dêstc. É um rio maior que o Dimili, não só em extensão, como em volume. Esfaya cheio e corria impetuosamE> nte. Suas águas são b:!rrentas.
Canal :\laturac:i.
A caratara de Huá.
Subiu o Ccwabori durante 7 dias para alcançar a foz do seu aflu ente o Maluracá, rio de águas negras. Acima da búca dêste rio, o Ca!labori estreita-se muito, não excedendo sua largura a 10 metros em alguns pontos. Com 6 dias de murcha, Mcduracá acima, chegou à catarat a de Huá; oude o rio dá um grande salto, precipitando -se em tóda a largura de mais de 6 metros, de altUI·a. A travessia de canoas faz-se por terra. Dai para cima, o Maturacá corre quase sempre entre margens elevadas, formadas pelas bases das serras ·onori, à direita, c PirapoCll , à esqucr..d,.a,......Ç~·esce no sel.í vale a Estriquinéas com a qual os índios preparam o "uirari" . Transposta a catarata lluá, continuani a subir o Maturacá, 3-lcançando, no 5.0 dia de viagem, o rio Baiua (Bária), do qual recebe as suas águas. O Baiua divide-se em dois cursos: o Maturacá, que é um Cassiquiare cm miniatura, e o Maricu êni, que é o mesmo rio Bária com outra denominação . No dia seguinte, desceu o Maturacaá até a s ua bifurcação, passou para
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227o furo (paranà-miri) Tcmaribici, subiu-o até o canal Iaiminara, t:hegando lllC!>lllO dia, no anoitecer, no principio do canal Ocuêni, que vai ter ao Bária. ~sle rio é francamente HavcgáYel. Yiaj ando ntle, 15 dias, o Gener:l l Dionísio chegou a Pu eblo E:;léban, povoa<;âo venezuelana situada à margem esquerda e perto da foz. As águas do Bária são negras. De Pueblo Esléban avista-se, no rumo SE, o 'perfil azulado da serra fmeri por onde passa a linha de limites. Atingindo no mesmo dia a foz do Bária, a turm a subiu o Pacimônia, chegando no dia seguinte à sua foz no Cassiquiarl!.
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O Pacimônia, do Bária para cima, toma o nome de Iâtua. Suas águas são negras e sua largura varia entre 150 e 300 melros. As margens silo baixas. Xasce na sena /nu• ri. Pode-se passar dêle para o Segro, por meio do seu afluente da margem esquerda Cacábici que comunica com o Anabo, afluente do Negro, fazendo-se uma pequena travessia por terra.
Canal Ocuenl.
Pucblo
IS:éh~ n.
O Pac.i:nõ nia..
O General Dionísio wrifkou que os índios habitantes do Cassiquiarc sofriam - cm sua generalidade - de uma moléstia cutânea, a que dilo no Amazonas o nome de PtiruJmru e que consiste - ora na perda do pigmento, deixando a descoberto as manchas brancas - ora adquirindo uma c<ir bronzeada. É a mesma doença elos índios do Iç-ana e afluentes.
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Aproveitando as grandés águas do mês. de junho (1880) uma comissão const ituída do General Dionísio, Dr. Lassancc e Don ~ligue] Oropeza, membros da Comissilo de Limites Brasii-Yenezucla, incumbida de det erminar a posição do cerro Cupi, seguiu êste itinerário, saii1do no Cw;:;iquiare e no rio Negro, com a maior facilidade. O rio Xegro e os cursos dágua acima referidos comunicam-se na época das águas formando uma gr ande ilha a que a Comissão denominou Ilha Pedro II, em hom enagem ao Imperad or do Brasil. O percurso circul11r iniciado cm Maroa, base da Comissão, no Guaínia, foi de 890 quilômétros, tendo então o :Major Dionísio gasto 3 meses para efctuá-lo, na époc!l da sêca .
Purupuru.
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,;rand~ llb:a Ptdro JL
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22&ESTADO FEDERAL A: :...:JXAS
Ao regressar de Cucuí a fim e iniciar as explora- ções geográficas nas bacias do l r.aa e do L'auph, organiz ei uma turma sob a chefia do ~genheiro Dr.. (ilycon ele P a iva Teixeira, a fim de visit:r J pais amigo e estudar a região do Cassiquiare e d[ :lto Orenoco no que pud esse interessar as condições ~ográficas, econômicas e comerciais com relação ao =sso pais. Arvorando as bandeiras do J r:!.Sil e da Yenezuela, a expedição subiu o Guainia, n a ::ncha "Yitória", penetrou pelo Cassiquiare até o alL Orenoco. atingindo o pórt::> Esmeralda, donde regresu ao Brasil.. As inform ações colhidas pel< :)r.. Glycon T eixeira são as seguintes: A situação ..con ómka da Yen Pz u ~b..
"Território ftde.-al 1\mazonas·• tevt" por capital San Ferna ndo dP At:~ bapo ..
Organização administrativa do Território..
um pais em ótima situaçill econômic:a; apesar de estar colocado em quarto lupr no mundo como produtor de p etróleo, - a sua ]rilcipal fonte de riqu<>za, na opinião dos naturais ci; país, é a indústria "ganadera" (pecuária). A maio:- ] Orcentagem de cstrang<>iros é italiana . A regiã c front eiriça com o Brasil é um D epartamento Feder L. como o nosso Acre .. Chama-se "Território F ederal A::3Zonas", cuja capital era San Femando de Atal>a_-:v até fins de 1928, quando foi transferida j)ara Ate·~. A maior autoridade do Território Federal é um ;oYcrnador nomeado pelo Presid ente da República. F.. .:::1 1928, era o Coronel Carlos de Grcgorio a quem jJ. tivemos ensejo ele nos referir. É
Compreende o território ....:LJ;..;.'l.!l~~ ipios, a saber: Rio Xegro -
sede : San Carlos.
Casiquiare -
sed e: :\laroa.
Aturi -
sede: Aturi..
San Fernando -
sede: San Fernando .
Cada município é governado por um chefe civil que acumula função J>olicial.
-2 29 FISIO GRAF IA
O Terr itóri o Fed eral Ama zona s é qui:lse todo cons tituí do por uma imen sa plan ície de 90 metr os de altitud e, rica men te dren ada dura nte as sêca s e quas e tran sfor mad a num só igap ó dura nte as gran des chei as. Os seus prin cipa is curs os são o Oren oco, o l\Teg ro c o Cnss irzui are. O Orrn oco nasc e no divi sor Pari ma e cont rave rte com os altos form ador es do Crar icue ra, no Bras il . . É um enor me rio de água s ama rela s, atra vess ando o terri tório de oest e para leste , com uma larg ura méd ia de 700 metr os, no alto curs o. O rio X egro perc orre -o de nort e a sul e rece be algu ns aflu ente s. Liga ndo estas duas gran des vias fluv iais, exis te um curi oso acid ente geog ráfic o - o Cass iqui are: - um cana l com o rum o gera l 50° grau s sudo este , com 3GO quil óme tros de dese nvoh ·ime nto, vari ando sua larg ura entr e 100 e 1.00 0 metr os. Traz uma pequ ena part e das água s do Oren oco para vasá las no rio Xegr o e rece be no seu perc urso gran de númer o de aflu ente s, entr e os quai s o Siap a e o Paci môn ia. O Dr. Glyc on obse rvou que apen as 10 a 201ft da vasã o total do Cass iquia re, na sua emb ocad ura, repr esen ta o trilm to do Oren oco à baci a indi vidu al do · cana l. O rio Paci môn ia tem m~1a cert a impo rltm cia com o meio de com unic ação eom o terri tório bras ileir o. Com efeit o, o seu aflu ente Bari zw, emit e um pm·a ná-m irim - o Jlai ura râ- (ao pé do cerr o Cup i, na fron trira do B1·asil) que vai ligar -se com as água s do alto Caa bori : (Exp ediç ão ao llatu racá , pág. 211) . Por ai pene trou algu ma borr acha vene zuel ana para o mer cado de Jlfanaus _ Atua lmen te, essa via está aban dona da pelo s repe tido s ataq ues dos jndi os guah ajarib os. "Cm outr o rio pouc o expl orad o pelo s vene zuel anos , mas que o é no alto curs o e nas cabe ceira s pelos colo mbia nos e bras ileir os, é o Iníri cla, aflu ente da mar gem esqu erda do Orenoc-o, desa g uand o junt o do São Fern ando . A imen sa plan ície do T errit ório F eder al Ama zonas é limi tada a les te pela cord ilhei ra Pari ma e a
Fisiog rafia da re,ião .
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4 'Cassi quiare••. supos to can:U, li;and o o Rio Negro é um ann en~ déste Rio p~r feitam ente caracteriza do.
O rio P acimó nia.
O Jnirida ..
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,•s Andes. Para o lado do oeste }H~los contraforte' .. ando 0 Orenoco, um dos Xorte, enconfl·a-s e, atr.~\ .•-;a cordilheira Paracaima , ültil))os esporões da f · :ranco . É o grupo - Duida o grupo Dni d.a,~. r egião serrana do alto l·\·.. \elhante ao Roroimã, erti- m onumento cúbico , 1al ada e elevando seus mais fi cado sôbre a planície n ~ . sôbre o mar. O Orenoco a ltos picos a 2. 900 mr\\ ., \metros. P ara o sul, a piaI', prolonga-o durante 30 tj\ .~\ liga-se à pl anície Amaz.ônície do Território Fedi'\ .\untado no meio da planínica. lma vez ou outr:I \11ma-sc um m onte gram't'1co . . c1e, como um ob eh.se o, :1I"· s cotas de outrora. A ma1s ~ pedra de 1 Cu cu i. isolado, tes temunha das !d\ ' p edra de Cucuí, com 440 elevada delas é o cerro 1111 m et ros de altitude. 1 · Re;;ime das ã;t. • .tts. ·l ··cem ao regime ( as aguas Os rios da região ol 11 '. ~entam águas médias em do h emisfério norte: ál1 1 am vasa ndo em novembro 11 se tcmb1·o e outubro, confl l1 áxima sêca em janeiro e 111 c dezembro e atingem i1 ... vêzcs, até m arço. Junho J unho e julho ''"rrts pondem aQ :m.-... _;. fevereiro, prolOJ1gan do-a, 11 : 1ximo das ãguas. Tooos os mo das águas ~ j=.neiro e fe'i"ere.;""'t'l e julho correspond em ao 11 • t>gáveis, cm particular o i m~xima es tiag_ç..m. . grandes rios são vias iI II 1 )renoco . Em plena ch e1a, .Yegro, o Cassiquiare e ,,- de 6 'a 8 m etms de fundo, existem, nestes rios, cann l grandes embarcaçõ es. Enpermitindo a passagem ti , to rasos durante a sêca e lretanto, êstcs rios são w , cmo, do tipo batel5Ó, (falXo Cassiquian·. as pn)prias embarcaçõ es r• ,1 navegar à vara . 'X o Cascas, piréíguas, etc.) p assa H • ,gores extrem os: cm 1926, .<;iquiare, a sêca atinge n u m ponto situado a m édia yiajava-s e a p é enxuto di· ,11 ra) até Bifurració n, no distúncia do canal (CaJ' ,'1 .. a do rio. Orenoco - ao Jong~ da t· r' , .., depen de muito do nível A n 'locidade d o, rios. · ---A--~.-clocidade dêstcs r • , CJllena p orque, d evido ao das águas. Em geral, é r, d do pelo m odelado topo••plen eplanismo radical S'·' , sentam caracteres senis e gráfico", todos os rios ap..., •)res de praias. Pode-se são simplesme nte consfro 11 1 a 2 milhas por hora contar- em média-< · ' . ·o Cassiquiar e . e um p ouco m ais para o ·assa, e o índice dcmográPopulação. Seu inL A POJHllac.ão é muito , ce demoJ:Táfico. -.mo das zonas brasileiras fico é mais ou menos o n
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front eiriça s. Kão existe m cidad es e sim lugar ejos, regiona lmen te cham ados "pueb los". Dêste s, o m ais im. porta nte é San Ferna ndo de· Ataba po, com casas de comé rcio, Agên da Posta l, etc. Citam -se, além dês te, por ordem d e impo rfâ ncia: San Carlos, J!aroa, '\'icto rino, Santa Rosa d e Aman adona , Solan o e Esme raláa . San Carl o.-: é um "pueb lo" em estilo espan hol clássi co: casas com varan d as dispo stas em r edor d e uma ••plaz a" retan gular . Possu i uma r epart ição aduan eira relati va à front eira do Brasil e da Colôm bia e um "Juzg ado", depar t amen to que p a rticip a ao mesm o tempo de pref ::-itm·a muni cipal e de deleg acia de políci a . o· muni cipio de San Carlo s tem uma popul ação de 1.000 habitan tes e a sede do "pueb lo" apena s 300. X5o l1á corre io oficia l em S an Carlo s. As com uSunc; o Pr nica ções p ostais sã o feitas quand o das viage ns dos particula res, seja para o BrasH , Guain ia até Maroa e daí Ct)mo ... F <. ~'~'· - · vara- se por terra para San Ferna ndo, pelo .. camin o de la mont aiia". A estaç ão telegr áfica mai s próxi ma está em Ciudad Boli.t::lr, quase na foz do Oreno ro, onde exist em rádio s e cabos . P ensa- se em mont ar um a estaçã o Radio em San Ferna ndo . Santa Rosa de Aman aclon a S ant_, .... , ... .. é ,\,-,· ... uma povoa ção com seis grand es casas e cêrca de 80 pesso as da quais o maior al era de desce nd ência brasilei ra (Adol fo Silva ). Está si tuada à marg em do rio l\ye·gro, entre Cucu i e San Carlo s. Foi até p o uco tempo o p ôs to aduan eiro . De Cucu i para Yene:Z uela, encon tra-~e , depoi s d e uma hora de viage m, um pôsto fiscal cham ado El Carm l'i"•SF'I s:'-r • • t'n C ·c ~.'-<· 10. bem instal ado e muito mais apres entáv el que a Coletori a E stadu al da froú teira em Cucu í . Não há reN!a(\ b :t ·. , ... alfa n Ct , ... r : parti.ç ão alfan degár ia brasil eira na fronte ira com ~ih:ir~ .-: ~. . · a t !' l.i".i.. Yene znela . E/ Carm en possu i uma boa casa e um cais reto feito rle estaca s d e m adeir a . Ás autor idad es do pôsto fiscal venez uelan o eram um prêto barba deano e um patríc io nosso , ceare nse . Além do castel hano, falav am, r egula rm ente, o inglês . Os tipos rle raça branc a pura no T erritó rio F edera l são raros . A p opula ção d escen de, em geral , do cruza mento dos Gn;!." ~n p,.,·tj 1 .. :· espan hóis com os antigo s barés, gente aruaq ue que re~ !'"ir "" : : · ~
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outrora habitava a região. É o mesn1o tipo mameluco do caboclo amazonense. ::\~o existem índios puros a não serem algumas raras tribos de maquirilares, porque a ausência de um sistema de protec;ão permitiu uma rápida absorção e destruição pelos seringueiros e balateiros. Ape.Qas os guahajaribos têm resistido, valentemente, aos ataques dos brancos.
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A ~xploração do d~nti s ta americano Ric'e :is c-abeceiras do Orenoco.
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Às Jin~;uas
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falada5: o dialeto baré.
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Como já informamos anteriormente, êstes índios ocupam tôda a cordilheira Parima e, em suas· viagens, descem o Orecono até 4 dias à montante de Esmeralda (Raudal de Guahajaribos). Dominando o alto curso do Siapa, assim como os altos rios Caabori e Padauari, contam-se, por dezenas, os brancos que têm morto a flechadas. O Dr. Hamilton Rice entrou cm luta com êles no po11to assinalado no alto Orenoco, matando "con la más grande cobardia", afirmam os venezuelanos de Esm eralda, um grupo de índios. Retrocedeu, em seguida, desistindo de explorar as cabel'ei ras· do Orenoco,_ para onde se dirigia. o~ estrangeiros são raros: uma família brasileira perto de San Carlos, um comerciante alemão no médio Cassiquiare e mais alguns outros. O castelhano é a lingua corrente fàcilmente apanhada por nós brasileiros, embora nos entendam mal quando nos expressamos em portugu ês. Outra língua muito f altida pela classe mais baixa e entre íntimos, é um dialeto baré que ali desempe~ha o papel idêntico ao da língua geral no rio Negro :
Tôda a população se ocupa da indústria extrath·a (seringa, piassaba, etc.) . São quase todos analfabetos, com os costumes e hábitos dos nossos caboclos. PRODUÇ.:\0 E CO:l\1.ÉRCJO
Comércio. rrodução.
A exploração da borracha está a~andonada.
Sob êste ponto de vista, o Território Federal é uma província comercial do Amazonas. Em geral, os seringueiros são aviados na praça de lJ!anaus e a influência dêste centro comercial faz-se sentir até o Orenoco, sujeito às casas comerciais de Bolívar. Com o preço ínfimo a que atingiu a borracha, o desânimo invadiu aquela gente, entregando-se atualmente .à
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p esca e à agri cult ura rudi men tar, com o o cabo clo do Am azon as.
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Xo alto Oren oco, em Esm eral da, apar ecem cam pos idên ticos aos do rio Bran co - no Ama zona s com os quai s pare cem ligar -se por inter méd io do alto V entu ari.
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Fuerte (dólar nne<u elano) .. .. ...... .. . .... . IC:>.llao . .••.•. .. .. ... ••. . . ... . .• .. .. ...... ..
100 cêntim os 8 qu:>.rtilhos 4 medi05
2 reates 4 bolh·ar es 5 bolh·ar es ] ()() bo)[vareo
H á bilh etes d e b an co de 10, 20, 50, 100, 200, 500 e 1 .000 bolh·ares . O bolí var era cota do a razã o de Cr~ 1,60, a noss a m oeda , o que enca r ecia , d em asia do, a vid a para os bras ileir os. Por uma caix a de quer osene naci onal, a Exp ediçã o B rasil eira pago u 75 bolí·.;ares (CrS 120,00) e um trab alha dor arra ncha do vencia 5 b olív ares di:il'ios (Cr$ 8,00) . C0~1 t:.:-.:IC AÇÓE S
Cma vi agc>m r ápid a d e Cuc ui a San F erna ndo ex ige 6 a g dias com o rio ch eio, e uma boa la ncha (131 -W), s upon de que se vá p elo .. emp ino d e la mon taiia ", isto é, s ubin do o rio X cgro e o Gua ínia até Mar oa e aí atra vess ando por terra para S an Fern ando . Não exis tem cach oeir as na p a rte flm·ial do traj eto ; apenas as corr enta das de Müb ojal c e L omb rijo à bôca do Cas.-;iquiare. Pode -se faze r a viag em pelo can al ; é, poré m, demor ada (12 a 16 dias ) . At é San Fern andu , se faz sent ir a influ êncJa comer cial de Man aus. À jusa nte, Oren oco abaixo, todo o com ércio é feito em Ciud ad Bolí uar, cid ade um pouc u m aior que )lan aus, com uma reg ular conc en tr ação de fôrç as mili tar es e se r\'id a p o r gran âes navl us. Log o abai xo d e San F ernan do, há um long o trech o Last ante enca chod rado , à sem elha n ça da garg anta de
Comu nicaçõ es.
----t---. Aint!.a o
com~rclo.
23-J Aturi-M alpurl.
São Gabrie l, no rio Negro . É o trecl1o Aluri- Maipu ri, conto rnado por uma magni fica ••carr etera" . Outro ra, no tempo das missõe s jesuíti Cas, o .. pueblo" Esmer aldâ era ligado a Angus fura (hoje .. ciudad Bolh·a r") . por iln'a estrad a _com o rumo geral SN, cortan do os campo s. Est~ via está aband onada de há muito s anos. Dada, porém , a _facilid ade de varar os campo s em tempo de sêca, qualqu er ten tath·a de travessia seria bem suced ida. A viagem Esmer alda-B oliuar seria reduz ida a dois terços do percur so atual . FORTE S. FEUPE
Atualm ente, não existe m fortifi cações no Guaín ia. Existi u outror a o forte S. Felipe , em frente a San Carlos , constr uído com o fim de evitar as incurs ões portug uêsas. O Dr. Glyco n visitou suas ruínas em · comp anhia do "Jefe Civil" de San Carlos, D. Jesús Maria e do Ad-minis trador da Aduan a, Gener al :;\lanuel }\faria Cisneros. Está mais bem conser vado que os cor tempó râneo s em territó rio brasile iro . Seus canhõ es ainda são usado s em San Carlos para salvar em <Has de festa. A bandeira Trnezudana.
Em seu regres so_ do alto Vreno co, a expediç-:io oferec eu em San Carlos, ao (1encr al Cisneros, a bande ira ·venez uelana que arvora ra na lanch a S. Gabri el duran te a · incurs ão em terras dês te país, retrib uindo com êste nobre gesto, a cortez ia por ela recebi da das autori dades e povo venez uelano . ~brasileira
CACHOEIRAS DO PAP ORI A parl ir da foz: And irá 'Feu cui · Tuiu cacu ara Sua cu ou !anã Saui á Uara capá Taci ra-e acbo eira Jara raca Japi in PUI· aqui cuar a l 1 arac a P iram iri-c acho eira Suac u-ca choe ira Ano ori nha -cac ho eira Jand iá-c acho eira Tap ira-c acho eira ?I! iraa ra-e acho eira Mac ucu- carh oeir a :.\fe iú-ca rhoe ira I tuin -mu cum -cac hoe ira Sipu ti-ca choe ira Ono ri-ca choe ira Cacão-ca cboe ira r:: a tat inga - cacb oeir a P ir aqua ra-c acho eira _o\rapac!:!- Cach oeir a Pup uri-c ac hoei ra Comã -cachoei ra Mem i-eac hoei ra Pira pocu -cac hoei ra
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Ingá -rac hoel ra Chiquiaca-;cach oeira Cup im-c acho eira J apu- cach oeir a Uap ixnn a-ca c hoei ra Uaia pieá -cac hoei ra Pat i-c ac hoe1r<1 Jac i-eac lwei ra Tap ira-c acho eira nrar i-ca choe ira Iqna ra-c achol'ira Bóia-cachoei ra Jand iá-ca choe ira !cun ha-c acho eira Iapu -cac hoei ra P upur a-ca ch oeir a .-\rara-ca choe ira Sant a Mar ia-ca choe ira Tucu -eac hoei ra 'Cru ndtu -cac hoei ra Ga\' ião-c acbo eira J\lat api-c acho eira- uriri Tari ra-cacho eira Caiu afia- cach oeira iii a rapa tá-ca cho eira Japar a-ca choe ira Tipi á-cachoe ira --..Jf>a{ftha- cach oeir a .-\nd orin ha-c acho cira Ua.r i-ha -ha- cach oeir a. 59 cach oeir as.
PEQCE~O
lnlérprele:
YOCABCLÃRIO
01·ganizado pelo ~lajor Boanerges tuxaua Al exandre, índio sucurití- topu io, de rio Jçana
Homem ot:rinari (t:ri, muito rápido) !narru illulher Menino Tene-11ati :\Irnina ln arru Criança - 'ldm-~êti Ra11az - A t.rinarrn (ou i ) l\Ioça Jnarru Pai - Pn-d:ô l\lãr - .Yoo-duâ Filho .Yoenipé Filha l\'oo-idô !\rio Xwlti-querri :\Pia - .Yrulú.-quedua
<i rm·o -
~Yut:ri-marré
1\ora .Yoo-itó Tio - .Yoo-q~terri Tia - Nocuirró Sobrinho - 1\"i-ri ~ohrinha .Yôpérrirri Cunhado - ,Yô-1·i r.unhada - .Yô-i-duâ A ...-ü - So~perri AYó -
"BA~IUA"
Imlaquê-duá
Cabeça - ft'ê-uí-dâ Olhos Xô-t:ri ülho direito ,\"õtxi-macaia ôlho esquerdo .Yocá-cudá Cabelo 1Yotxi-coré Trsta - l\'oécod Orelhas - 1Yoén·i OuYido - JYo·nacorico Xariz - Jtacó
S e l'inoa-rupitá
Büra - .Ytmumá Língua - 1Yoénêntf D~utcs Noé-t:râ Lábios - .Yunumaia Face - 1\'uca-cuiá Quei~o .Yué-rcl ("r" brando) l'e~uco Sué-galicô Ombros - ,Y t!qui-apá Peilo - .Yô-cudá Cosla, r o::lel:l" .Yumir11ápi Coração - .Yucàrê Pulmão - .Yô- êni Barriga - 1Yô-au-á Braço di l'Pilo ou r~qu~"l'd o - S o-ná-pã 1\fão di1·ri ta ou e.::querda .Yô-capi CmLigo - ft'ô-mot:ri Dedos - 1\'ô-capuira Perna - .Yô-côtxi Pé - ft'ô-ipá Dedos do PP - .Yô-ipé-uidá Calcanhar - ft'1j_-corõ-dâ "Cnha - .Yossô-tá Céu - . E-enó Eslrêlas E-uitxi Sol - Amóri Lua- Kê-*i Rai o, trovão - E-enó Dia - :t-quapi Noite - De-pi ;'llorro, montanha - 1.-::opá Rio-
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-239 '\"enlo - Ca.uára Jgarapé - Inháu-op6 Agua - U-ni llha - Qué-véré Cachoeira - Ri-ipá Hol(a -- K.ênihé Ca:~a Pan-et~ Canoa - Jfi-dá itancho - Ti-iná T erreiro - 1-ipaí Fogo, lenha -Ti-i::é 'l'i~áo, brasa Tb5- vên Rêõe - U -tá Ct.ao - U-paí ArYore - .4. i-cô 1\loquên - Ru-míqué t:ua - Guia Ccm1da - Nô.- inhau-adá Faca - Cápa 1\l<:.chado - Má-târi l'anela - Tô-rrô J:>o te de barro - Tô-rô-dá Baláio - Guaraia l'eneira - D ôpêtzi Banana - Paraná Belju - Pé-tké 1\lanaioca - Cae-ini Farinha - JJa-tçoca Batata doce - Nôo.-cacá; cará-atxi P"irnenla - A pi Cana- Mâpa Galinha - Matxucá Ovo - Rie-te Cachorro - Ci-nô Porco - A-pid:á Onc:a - T:zâui Ycado - 1\'é-irri Colia - Ti-itxi - _,......,...____ Tatu - ·Aridâri Anta - E-mt% Jacaré - Cal,-xerri Pei::~:e Cu-pé Paca - Dapá Bicho - Acôrro F ormiga - Hamé Conta, missanga - ltfa1'ôiaSal - Iuquira (lín~ua geral) Fósforos - Palito (língua geral)
.
Sabão Sabáu Calça - Txurra Camisa - Camisá Chapéu - Chapéu · Pente - Ma- uidá Sim - Hôn-hôn Não, nada ou não tem nada -
Curi·
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Solteira - Nô-i-nô Casado - 1\'ô-i-nêrri ViúYo - l'íô-ine-dzan g6 Bonito, bom - Ma-txi-ádé Feio - I)ôpo Ruim - Matxidé Frio - A-pêrri Quente - A-mút/.~ Febre - Tacúa Dor - Cá-i.dê i - Pauéridza .2 - Dzamáuari is - Madariaui 4 Uadáca ~ Cinco- (Contando nos dedos) 6 - Seis (Contando nos dedos) • t - Etc 8 - Etc 9 - Etc
10- Etc ALGG :\U.S FR-"SES
Tenho sêde - D épi-atoá T enho fome - J;auitá-caí Estou doenle - Manupé--cU Estou com sõno - Numá-too Quero dormir - 1\'umaténa Traga-me um pouco àágua Oni
Pidé:-
Tem fruta? - Panêreta-atx-i Tem alguém doente? - Jd:á-migoitG O que você quer de pagamento? Q11apitt-mariricuada Boa-núile - D:amórt: Bom- dia - Pauari- ecuápe Vou trabalhar na roca ~ Manu-cti Quantos filhos têm? - Manupé:-dé Mora aqui há muito tempo? - Opina· pi.-ha-cuá?
Quantos anos? _: Paná-hamur i?
COMISSÃO RONDON Rel:H:ão dos artefatos indígenas que se remetem no Museu Nacional
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TRIBOS
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NUMEROS
NATUREZA DO ARTEFACTO
TRIBOS
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Panela (estôe) Maracá Fbutas (9) Ada.his (açoites) (3) Imbaúba Camoti grande
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111atapi Cuabá Hcmoquari Macpixoni Satipuari Tairocua.ni Pamoncassa .r6 Quibiró Guizos para os pés Tukiri I uhiquitiri (3) Ihap:ui Uitoinôno Cariço Teceri 1\!ahapixoni Quihiró l\láscam Tururi Matuapuág a Diani zapuripuri Tiriró Mabãpuari Teceri I ahapuariequ en Maracá pequeno Iahapuari Miton Mitomono
•
242 NLMEROS DAS
TRIBUS
NATUREZA DO ARTEFACTO
ETlQCETAS
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I.aipiri Tacapiri Tucanos
103 ......... . . . 104 . .. ....... . . 105 . ..... .. ... . 106 ...... ... .. . ·-107 .. .. ... .. .. . 108. . ......... . 109. .... . ..... . 110 ..... .. . ... . 111. ....... . . . . 112 ......... . . . 113 . . ......... . 114 . . ........ . . 115 .... ... ... . . 116 .. .... .... . . 117 .... ... .. .. . 118 .. ... ..... . . 119 . . ... . . .... . 120 ... ... .. .. . . 121 . .. .... .. .. . 122 .... .. ... . . .
123 .. . . . ... .. . .
!\!a racás Tambor Busina F1auta de osso ::'lliriti-tapuia T ucanos
Cuia para padu Tambor Pülverisad or para padu Abano Guizos (par) I stisi .
Simi-tapu b Tucanos
124 . . . . . . . . .. . . Hohó-tap uia · 125 . ..... .. . . . . :'\Ia.uá-tapuia 126 .... .. ..... . Tucanos 127 .... ... .... . 128 .... ....... . :'\Iiriti-tap uia 129 ..... .. ... . . Siuci-tapu ia 130 .. . ....... . . 13!. ... . ...... . Hohó-tap uia 132 .. . .... . . .. . Tucanos
133 . ........ .. . 134 .. ..... . . .. . 135 .... . .... .. . 136 ..... ...... . 137. ·. ... . ..... . 138 ......... .. . 139 .... .. ..... . 140 .. . ·.· . . . .. . . 141.. ... .. ... . . 142 .. ... .. . .. . . 143 . . .. . . . . . .. . 144 ......... .. . 145 . .. ........ . 146 .. ... . .... . . 147 .... . ...... . 148 .... . , .. ... . 149 ... .... . ... . 150......... .. . 151 ......... .. .
Maracás
Pulseira (',oJar c/"penden tif" de quartzo " Pendentif " de louça Flauta Balaio grande Chapéu grande de cipó Aturá Folhns de p adu (coca) Fibras de tucum L~nça
Um molho de tabaco Um molho..de fibra de tucum Cesta contendo enfeit-es Sarabatan a Aljarva com flechas p/sarabata nb
Siuci-tapu ia
Escudo \'assoura de piassaba
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T::rianas Tucanos ~firiti-tapuia
Um molho de piassaba. Corda de piassaba Bombo Suporte do bombo Torno tubular para padu Balaio Lança
Taria.nas Sucuriju-t .apuia Tucanos
Escudo Ralo Jurupari Lança
-243-
NUMEROS DAS ETIQUETAS
152... . . . . .. . .. 153. ..... . . .. .. 154. . ... . . .... . 155. ...........
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NATUREZA DO ARTEFACTO
TRIBOS
Tucanos
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156 . ..... .... . . c 157 . ........... 158 . .... ...... . 159 .. .... . . . .. . c 160..... - ..... -c 161 ... . ___ _____ _ 162.... .. .. ... . c 163 . . .. . ... --.164 ... . ....... . 165... . ........ Sucuriju-mirá
Tubo de tururi Peneira <
Balaio c c c c
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Tubo Chapéu de capim
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Rio, 21 de março de 1929.
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(as.) General Cândido Mariano da Silva Rondon.
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Colecionou o :Major Boanerges
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l~STAT1STICA DA FOZ DO RIO UAUPJ1:S ATJ1: CUCUt NO'RIO NEGRO
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NACJONA J,I-
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2 3 4 5 f1
7 8 {)
10 11 12 13 l 'l
15
1G 17 18 lO
20 21
22 23 2 11
25
S:io Pedro . ....... . . Atnrn ............ . . ('nrnpnnn . .. ....... . lllm .lnnr.:\11:1. ...... . . ll hn do Hamos . ... , . llmi ritnh:~ ........ . . Jl.hn tio l!mirl .. .... . Tnrirn-Pontn .. ..... . l lh:~ <ln C'uncciç!lo .. Se rrinhr~-Te c l i .... ..
. . 1'. Snnt.nnnn .. ..... . 11111\ Snntnnnn.. .... . Dnut.:í . .... . ....... . Slio Fel i 1Je ... : .... . .
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Pu.lmirn. . ..... . . . . . .
' DADE
Jo:i o Yilnp;c)im .. ......... Portugul\!1 i\Ianoel Jo~ó J.opcs . .. . .. • ERqu crrln Lourenço Jo~ó cln Silvn.. Drnsilciro l'oli cnt·po 1.ir.n relo .. .. .. .. • • Jl ouofrc Umnr,n .... . . ... • Anton io Hnmt )!' • . . . . . • •• Direita 1\lnrio Gnrritlo Otcro .... > r\ CV"<~ Som·e ~ Gnt.o . .. . . . • Jlirritn i\lnnoel Jo:u lcutcrio Co~tn . . . . . . .. . . ..... . • De mel rio ltib ciro Alves. . • Esrptcrdn Lurio D elgado .......... Vcne?.uclnno Samlm Gnrcin ..... .. . . . . • 1litlelbramlo Gnrr i do Otcl'O .. . . .. . ..... . . . . . Brnsilciro E~qucr<ln Auv;usto de t:11 .... ...... • D irei ln Vnlcnlim G. Otero ...... • . Fortunnto Gnrl'ido Otern Jo:í o de tnl. . • Esquerda Tlicl clhrando G' Otcro ... • V:dontim G. Otcro ...... • Albino Arnp;:ic) ........ . . • Dircitn Anfip;o - l'ov ondo ...... J osó Grrgorio l'cinndo ... Veucwclnno Direita
.
un
.
•••••
Cul01ubo ........... . Cnrnv;cnt. . . ....... . Rcrro-1\1iri .... .. ... . S:io Jos6 do Guin . . 'l'ipio ...... ... .... . . l'np;6 ....... . ...... . Pi rá-pucu .. ... . ... . . Amium .... ... . .. . . . Cunori .. .. .. .... . . . Dati . ........ ..... .
m
o
••••
•
.
Fclicinno dn. C.o~tn Prado Guilherme da Silvn .... . . Hicn.rdo Pnyh cma . ...... l'clrn Sabinnp c .......... Ivo Alves do Ah~eidn Filho ...... . . . . . . . . . . . Assumpçiio Gu erro. . . . . . .. Clnudio l'vlunh ós .... ......
--
Pnrtu~u(\g
Dtnsilci ro Vcnczueln.no Vcnczueln.nn Drn.sileiro Vcnezuelnno
•
~~-~
l'ROFIS.~ÃO
Comerciante
HOMENS
I
•
4 1
•
2 3 5 3
l ~mp.
no' Comórcio Seringueiro ...... ..
•
J~mp. no Com6rcio Seringueiro
-
4 1
•
2
•
1
)
1 1
Domóstica Agl'icultor
1 3 1 1 1
•
Comcrcinntc
•
Emp. no Com6rcio
MULIIF.· RES
3
-
-
-
-
•
1 1 '2
-
Agricultor Comerciante ..... . Seringueiro Domósticn MnquiniRtn Comerc:in.nte Emp. no Comércio
3
-
1 2
1
1 3 2 4 4 4
3 1 1
2 --
Seringueiro
2
-
1 2 4 1 1.
-
4 3
2 1 3 1
1 2 1
CRJAN• ÇAS
2
-
2 1
-1
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TOTAL
8 1 .3 8 8
7 {)
2
7
-
5
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•4
-
2 4
-
2
-
3 2
-1 -
-
-
4
-
1
ODBERVAÇÕI
..
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8
-
4 2
7
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5
1
3 4 2
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llOMFlN8
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MUloi!E~
RES
cniAN· ÇA8
~~
OBSERVAÇÕ E
TOTAL
ORDEM
27
28
nruri.. . . . . . . . . . . . . . Esqucnln S:'io ltnquo . . . . . . . .
Ilcrnrlito Lima ......... . Hotlri~o Ilyn mnrc... , , .. . ,José Lu ir. H.ivns ........ . Lc:i o · Ccinumnir6...... . . Dircit:\ ltnymumlo Churuta ... . . Esquerda Cnlisto Victorino .. . .. .. . Direiln
2!)
J uruti.. . . . . . . . . . . . . Esqucrdn
ao
Novn·Vitb. . ........ J ·:~prrnnc;n ......... . Sambn Ho ~ r' 1.•... . . Stio .Joaquim dc ·Nn?.nrrLh.. . . . . . . . . . . Ilh n do Aru ... ... . . Q u~qu ó... . . . . . . . . . . Jlhn cl n Guuribn ... . . Ilhn Burila ....... . Jlhn do Acnni ..... , . {':uni~<~n .. . . . . . . . . . . i\ lncnbn . .. .... .... . llhn tln Abncnbn .. . . l\lnmb6 . ... . . . . . . . . . Tubocnl do Bnnco ... Slio Pedro do Untá.. Tuiucn ........... . . Frnncisro Sales ..... . Povonç:'io St1o Marcelino ... .. ... ... . llnrrnclio Süo Marcelino. . . . . . . . . . . . Bnrrncüo São. Mar· cr.lin•>..... .... , .. l'rcgui çn. .. . . . . . . . . . S:i o Anl{)nio . . ... . . . ltnpinimn ........ .. .
31
32 33 3·1 3!í 3!i
37 3R 3!)
40
41 42 43 44 45 46 47 . 48
-lU
óO 51 1\?.
i\! nrir\ l.lcninn Clarim ... . llufo AnN ......... , .. . .
Direita 'ERqumdn
Dircitn Direita
rvr nrtins ... . .... . .
Dirci t.n
. . . . . . . . . . . . E Ro ucrua
Venczurlnno
Angelo Mn.rin Bustos .... flouz11 . . .... .... . l\1nuorl do ~ <811ntv8 ..... . Joíio Anc·rlmo Lucio .... . Scbn~<lifio Carlos.... ... . . Ivo Alves de Almeida .. .
E~ picli o
Domt\sLicn Agricultor Comerciant e Seringueiro Comerciante Seringuriro
'Drn~ilciro
Venezuelano Brasileiro
2 1 1 3 1 3 3
2
Brnsilci ro
T.nurcnt.ino Aleixo ..... . . Camilo Damaso . . . ..... . Antonio Un rl'ito Otcro . . . Samuel Thomnr. ....... . . Anice!CJ de t.n\. ........ . Vencwclnno nrnsilciro 1\rnnocl :\Jlcmiio ........ . Jo~6 Lin•1 1'ndrou . ..... . Venrzuclnno Pedro Vircntc C:üilnl'ini . r -rn.c:ilciro Francisco Allcmiio ...... . 1\lip;uf!l Cipriano Allemil<~ . . Vnlcu ti m l'crei rn ...... . . Amnn!'io 1\lc)J.wciro. .... . Mnnoel cln Silva .. .. ... . I'nulo 1\lclguciro ... ... .. . André
Esquerda
Vcnezuclnnn Vcnczuclnno Brasileiro Vcnczuelnno
Agricultor.... .... . Seri ngueiro
1
2 3 2
4 1 2 3
4
1
1 4 1 5 1 3 1 1
3
Comcrci nnte Agricultor Seringuei ro
4 1 1 3
1
1 1
4 1 2 3 3
1 2
1
3 4
1
-' 1 -
2
-
7 2 2 6 3 ó 6' 6
•3
8 5
4
R
-3 -2 1
4
-4 -
3
~
2
4
5 7 4 7 6 7
o
3 9 7 9
Agricultor
3
4
Comerciant e
3
1
4 -
-
1
-
-
Emp. no Comércio Seringueiro \ ' ......
,
-3 -
2 1 ~
-
-
6 1 ~
4
3
11 8 ~
.
------------------ .-------------------~-----~----
~----
I
N . 0 DE J,UGARE tl
HARO~: NR
OIIDF.M
55 56 ó7 58
.'íl) 00 01
62
Bucucu ro ..... . ... .. S:'io Joiio Mndit\ . . . Cnl ibnni .. ... ...... . Jg. Cnicu nnu6. . .. ....
•
.......
•
S. M iguel... .. .. . .. . Mnrin Auxi lindorn .. . Vnnndo nn ..... . .. . ..
........... ····· ... ...
• • •
. ··· ··.'o . . l'nrnnd -l\litim. .. .. ..
• •
... ... .
• •
... .. . '
{)3 !H
Conten da. . ... .... .. Mnimu \ . ... . .. . . ....
G!i
Mngnrico . .. . .... . .. Cêun.. . . .' . ... ... . ,. .
(j(j
67 !\8 (\\)
70 71 72
73
74 76
•
•
•
•
•
•
•
•
•• o •• •••
•
•
•
•
•
•
•
o •
••
••
•
A~aituhn .... . .... . l'nrn ~itn . .. .. .....
.. .. Snnto Hosa 2.• ... . .. Curudi ... . . .. .. ... .
•
••••••••
•
o
•
•
•
J\tnmnh i. ... . .. . ... . Nn7.nré ....... ......
• ...... ... . .. .
• .... ........ .
SliO Paulo . ... . . .. . .
Snmnum1L .... . . . . . . Tnhoenl do nlto ... . .
•
•
•
•
•••
o
o
• • .. ...
l'nornu nÁmoa
NACION A I,I DAO'Fl
rnOt' ISSÃO
JIOME!\ 8
MUJ,H E-
m:s
Cl\JANÇAB
2
-
TOTAL
OOSERV AÇÕ I'!
I
Direita
Elpidio Somn .. ..... . ... BrÍUlileiro .Joiio H.icnnlo l\reiF;ue iro • Jo~ó !\lcl~n eiro .. .. ...... I\ l nnoel August o l\Ielgue iro • Ali pio 1\teirtueiro .... .. .. · José Gregchio l\f P\gueiro . • Esquerda I n•Jrcnl'in i\ l clgnci ro ..... • l d nlino l\lclguc iro .. . .. .. II crmcnc gildo l\l clgueiro • • Anto nio l\l rlguriro . . ... . . • • \'i rinto 1\lelgnciro ...... .. • • til a n o c I Pinhrir o do!! SnntoR ... . . . . ... .. . , . . • Pornp!lio dos Santos . .. .. • • Lcvind o dos Snnlo!l .. .... • • D ircitn AI vicie~ C n!-lro Rocha . .. l\louocl· 1\l ell(ll('iro . . . ... . • • T..ou rcnço 1\l clguciro . . ... . • • Antoni o Mell(ueiro ....... • • E squerda Rosa 1\Iimva l . .. .. .. .. . . Venczuelnnn José Bitrnco urt ... . . ... . • ncm:I1'<10 Coélho .. . .. ... Brn~ilriro E~ ucrdn Antonio Ahriio ... . . ..... Turco D'· eitn Louren ço Fnrins ..... . ... Drnsilei ro Honori o Lopell .. .. .. .... • l'<!dro nrnz . ... .. . .... .. • l'!Àlrtu erd a 'rnr~ino Bmz . . .. ... .. .. H enrique Vnlero ....... .. Venezuelnno Jo:io Vnlero .. ... . . .. . . .. • Brasile iro Carlos Vulcro . . . . ..... . . • • C nrmcm Cumeo .. ..... . . Venezu rlnna Vide observa ções . .... . .. • Petm l\larágu n ., .. . . .... Venezu elana J osó Motori sta .... .. .. . • Rrnsile iro , Anteno r de tal .. ... ... . . •
• • • ,•
.
.
~fita
r: . . )
.
.
Soringu eiro
2 1
• •
1 1 1
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•
Domés ticn Seringu eiro
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3 4
• •
1
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• •
1
Domé.'!tica Seringu eiro
•
• •
. • •
Seringu eiro
•
-
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n
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7 2
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Domés t ica
2
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4 1 1 1
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--
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(j
2 4
7 7 4 7
3
2
N otn. do n. • lgnncia Bucno, úvn, vcncr.u rlo Fellipo Conr.ól mulher o 7 rilh mo ó venewe l r Fran ci ~co Silvei mulher o 3 filh C lemend n 13ue Viúvn c/5 ftll Florind a Dueno Solteirn, 2 tu lados. l\ la.noela Cnr quero, Viúva filho!>, Is mnel Bncno, ' Í1io de 18 anc G uilherm ina Mr thin.s, Vener.u e na, viúva c/3 fill
.
No, DF. TI!AROf.NS ORDEM
rnornu:TÁmo!l
LUflAI\ES
NACIO!\AT,l DAJJE
PJlOfo'!AS~f)
I........
MULIIFl
ni:s
CRIAI'! ÇAS
---·--76
I 'I'OTAT,
ODSERVAÇÕE9
I
Povonç:io 1\!nrnbitn-
na~ .. .. . .... ... ... Ditcitn Fnlix 1\fartin ~ . . . ..... ... V<1nczunlnno Seringueiro l 1 1 2 Antenor Leite, 8 .luhnrinn ... , ... .... . Antonio c. Ol('ro .. .. .... -• teiro, 3 nno~ . • llatrrin ... .... . . ... . E~qucrun 1\Indcl l\lclguPiro ........ nrnsilciro Seringueiro 2 1 8 :H pes~on11 5 J'nri('ntulm . ..... . ... Direita Jnventino 1\lclJ.!:neiro .... .'. 1 1 G 4 l'rovi<lt\nein. 2.• 80 José Lniz H.ivn.q......... Venczucl nno Nota do n. 0 ! • • 81 Snnta Lm:ia do Eni. . . Esquerda Pedro do Nn~r imcnto .. . . Brasileiro Seringueiro 3 ó 3 11 Hoje é o f:ovcrr 82 1\lnl'iheno .. , ....... . Antonio de Olivcirn. ...... 1 1 4 6 dor tio Territó • • 83 Porvcnir .. ,, .. ... . . . Carlos '1'. D. OrrJ.!:urio ... Venewelnno Comercirmte 1 1 o Fcclcrnl <lo An 4 Cn nclrln riO" Dei gnclo ...... Seringueiro 1 3 4 .zonM (Venczucl • .. .. ... ... . • • 84 Livramento ......... Manoel Frnnci~ co Melcujn Cnpitnl é • p;uei ro .... . .... .... ... Drn.:;iloiro 1 1 2 4 Fcrnnndo, no r • !) > 85 Novn-Reformn ... . .. Direito. ,\dolpho dn Silvo.... ..... Brnsileiro 5 3 1 Atnbapo, nflue1 > .... .. Cnndclario ria Costl\ .. ... Venezuelano t 2 3 do Orenoco. • • > 86 Rcformn., .......... Esquercln 1\lnnoel d:~ Co8t.n ...... .. 1 1 3 5 Grego rir> Gil ..... . ...... .. ........ .. 2 fi 1 8 • • .......... .. Elius Cnhuin ... .. . . . .... 1 l t 3 . • • 87 Frnn~i~co J acintho ... .. . > Serrinhn ..... . . ... .. D ireita 1 1 4 6 • Jo:io Correia de Arnujo Drnsileiro 1 1 • • • 88 Floresta . . .... . . : ... Esquerda 1\Tarin de Jesus Andrade. I'nrn ~unin 1 1 • Doméstica Antonio Anrlrar.!C' ........ Brnsileiro • ...... .... .. 3 5 8 • .... ....... . Luíz ele Anolrnrlc ...... .. Ural"ilciro S r.ringuciro 1 1 2 > Cipri nno ele :\ndrnde .... 1 1 n 7 Esquercln Zulmim ele Anclrade ..... Brnsilcira • 'o •• ••• • ' ' . Domflstica 1 2 11 8 l'rcl ro l\1irnndn . ..... . , .. Vcnczuelnno Seringueiro • ... .. . .. .... 1 1 2 • 89 Jnrítuhn .... .. . ..... Esquerda llilnrio Holívnr ... . . . .... Bra,;ilciro Srrinp;ueiro 2 3 5 > Pedro Cndrma .... ....... Vcnewclnno !) 1 3 • ó IJO l'onln do Anu . . ,, .. Direita !\Inib i a.~ llcnriquc.q, ..... Brasileiro 1 1 • -·91 Ba.uá .... ... ........ . Bcnvimla da Silvn ..... .. B r n.~ile im Domésticn. 3 1 3 7 • Joiío de Bristol . .. .. .... Rcri nguci ro Brnsilciro 1 1 2 • • > llnymunrla da Silva ..... Dom(~~tícn. Brnsilcirn 1 1 3 5 • •.. ' .••.• ' . o . ' • Seringueiro Mnnocl Venturn . ... .. ... Brasileiro 1 1 3 1. • • 92 S. João Bntistn ..... Zulmira dn Silva . .. ..... Brnsileirn Doméstica 1 2 2 5 • Marituba .. . . ... . : .. Amnncio Ventura., ... . ... Brasileiro Seringueiro 1 1 93 • Bernardo Venturn., .. . .. l 1 • • • ' ... .. . . .. . ....... ..... ............ . ........... -····- . -::.-~=-"7.::.-.-:=::: : --...-.- -:---.--- - - - -· ·-·------ ·-----~-:-::-::::::::---··-------- ·- -~-=--
77 7R 7!1
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'1'01' 1\L . .. . . . .......... .
·-·- ·---
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----- -
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.• • ,.. ....... ~.. .. ... .... .. ~- ·- _
~STATÍSTICA DO ltiO IÇA NA -
N. 0 DE NOME DO ORDEM
Inucnnlt .. . . .. .. ... . . 'l'('iú .. ....... .. .... . Tnxiun .. . ......... . . Irni ti .. . ............ .
12
12
Pirninunm . . . ....... . Cn.<~tnnhn-rum nçnun. ..
12
13 14
Ana ti.. . . .. . .. ... . : . . Snntnna ........ . •...
1()
63
Pirnio.unrn:Pnrnn:i ....
47
5/lll
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'.1.01)
~
l)l)'~
'
'l' c.\~t>M
ORÓANIZADA E~t OUTUBRO DE
1028
NÓCJ,F.OB DE I'Ol'ULAÇÂO INDfomtA
OBSERVAÇÕES
MARGEM
HOMENS
MUI,J1ERE8
CRIANÇAS
__,_
7 8
11
'l\U
,., _ _ _ _.,_.,"" ........ - .. .-.."'-..,_...... ...,......,• .._.., ........_ _....., ...............tcvl' . .'lolf\/tt~·-- ..~---------~-
TRIRO
1() 80
!)
~
I'ESBOAS
Grilo-luit.cm .. .. . ... .. Cubntc-Pnmnll. ..... . .
10
.,
l
2'3'1
qUANTAS
1
2/G
'
NÚCL~O
~
8 H !)
13
J nunrcté-t.o.puios..... . I lohotlên iR, Jnuarcté, Siuci c Eseuri ús, .... J mupnri e Sin<'Í. .. . .. J nu ar cté-tnpuios...... J urupari-tnpuios . .. . .. Sucuriús .. . ...... . ...
'l'uxnun l\Ia reei ino ........ Margem esquerda Afluente dn margem direi> tn do lçnnn. Tem ó s!tios . direito. J llcnriquc c fnmllin . . . .... esquerda J Lnutcano, irmiw c fnm llin direito. J J Lnurcnno c pn.tcntcs . .. .. . André, Li no, Henrique e J ft~mll i o.s ... . .. . ... . ...... esquerda. J Jurupo.ri!! . . . . . ....... llom~ io, l\Inrinno c fnm!lias direita Jnuarcté . .. . . . ....... Vdho tuxaun Gubricl e fn.J mHio. .... .. .... . . .. . . .... direita , esquerda Idem .......... . ... .. Felismina e parentes..... . J urupn.ris, jauarctés c nrnrns .............. PoYonç:io- Tunxún l~ernnnJ elo ........ . ............ direita fdcm, id em .......... Afluente dn. mnrgcm direi· La elo Içn.nn.- 5 s[~ios pertrncentcs 1\ .Jos6 (v<'lho), Jtodrig•J, \V('lleOR l l\11 1 J 1\Tnnc\u (velho) o Dcmingos • Sur.miús-mirn . . .. . .. . Vc\ ho 'l'homi\1. . . . . . . . . ... • • Suemiús ......... . ... Oi<'~ario o Amnncio . . .. ... • • SiueiR . ... . ... . ..... . Velho J,ui:innn, filho~, 110r n~, ctr .... . . ... ...... Sucuritís ... ... ..... . . i\[areo (<' llfOOll) , • . •.....• . Margem direita , Venewelnnos . . ....... Sanf.nnn, I rmilu . . . . . . . . . • Rucuriús . ..... . ... . .. Ttl<'h nun Cnmlidu o mni11 lj J fa111llin~ .. esquerda Idem .. . . .. ... . Tur luuu\ Alt•xnn~l.ro. ~ ·~1·1~r~ J cclino . . diroitn Sucuriús o Siuoi11. ... .Jot1o J•juzuhlu, hlao oto ..
7
4
·4 2 4
-
4
2 4
3
3
3
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20 21 , 22
Iuirn-Pontn ... .... . . . Aqunri .... . .... . .. .. SnnLt\rem (ilhn) . . .. . .
22
23 2/i
Nazaré . . ............ Tnpiro.-Ponta....... .. Tnnu!-Cnchoeiru ... . ..
8 20 32
211
Seringo.-Ru pi tá .. . . .. .
3()
27
Innpu-Pontn. . . .. . . . . .
13
24
13 8
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ESTATÍSTI CA DO RIO lÇANA -
N. 0 DFJ ORDEM
2!)
32 33 3·1 35 3ti
37 38
3!) tiO H
42 •13
""46
4!i
47
1928
NÚC LEOS DE POI'UloAÇÃO INDÍOI!JNA
QUANTAS NOME DO NÚCI,EO
30 31
i
OROANI?:ADA EM OUTUnno DE
TRIDO
OD~ER\' AÇÕEB
MA ROEM
HOMENS
MULIIERF.8
l'ESBOAR
J nrnrr- Puntn . .. .. . . . . Acoti-lgurapé ... .. .. . Pirnrucn ..... ... . ... . l'oJ1111lha-1h1 1)i t li . . .. . .
5 10 2 17
Turum:i -Rupitá ..... . lnndu-Cachocirn ... . . . 'l'ornn~uirn ..... . .... . lfnmni\-ii(nrnp6 .. .... . l'nu mnri-ii(arn pé .. . . . . l'NiC]uito ...... ..... . Tor(]unt.(' . . ......... . i\rnl'u-Cnrhocirn .. .. . . Siu ci-Cnchoriro.. . . . . . . S. J osn (Bc;in-Cnch•) . S. José ............. . R. •lnnquim ... . ..... . Umnri-Poço ..... .... . .J nburu-ip;n.rnpé ... .. . . Cnmoti .. . ........ . . .
6 31 12
SOMA ...... . ...... .
fl
Hl 16 H 11
18 4 fi 13 4
30
072
Sucuriús ...... .... . . . Pu.r!iunre-tnpuios .... . .Jnun.rcté ... . . .. ..... . I l oh odc~nis.. ... .. . . . .
Velho Tomnz .... . . .. . . .. Margem e~querda J osé c famllin ............ .Ton(]uim Amnro c mulhrr. Mnrgcm esqucrdn Tu xo 11 n J onni co, Irmtios c fam!lin.s . .... . ..... ..... . • • Irn-tnpuios .. . ....... . \'idorino c fn.m!lil\ . . .. . .. • • h n-tnpuios . . ........ . Tuxnun. Cn.~flimiro .. . . .... • • • direita I lohod c~ ni c Siuci. . .. . Santini(n, mullwr c 4 filhos Siuci .......... . .... . l'r.dro c fnmfli n . ....... . . Trn-tnpuioa . .. . . . . ... . Lr.nnclro o filh o!! ........ . . Margem direita , Torquato c fnmilin ... . .. . SiuciR ............ . . . Tunxun Homii.o c parentes. , Lino l'nrhnd<1 e fam!lin. . .. • O~[] li Crd !\ fpecn.'!-tnpuios .. . .... . Lino, do Boia o pnrcntos .. • direita Jos6 e fnmflin. .... .... ... . • e~<lu crdn , Antonio e fnm!lin .. .. .... . • direitn. , l\·1nrco c fnmflin. ...... ... . l'nrnimnrcni . . ...... . . Jo~é o famflin. . .... .... . . • eaqucrdB Quati-tnpuios .. .. ... . Lourenço, parentes e família .. . .......... . . . .... .
..
... ..
..
.
2
4
CRIANÇA"
3
1
4 1
.4 1
4 1
4
11
7
13
1
1
2
g
3 4 4 3 11 1 3 3 2
1
4 10 1, 4 4 6 5 2
2 2 1
8 1
6
8
16
155
152
217
r,
4 1 8 5 2 2
1
..
..
.
·- -----·- .. -- -·-·--.-
..
f
I
Eli'fATÍSTIC~ DA rorUJ.AÇÃO INDÍGEN A DO nJU. AlAR! OROANIZAOA EM NOVE MllliO DE
QUANTAS
N. 0 DE
50
11 12
llio Cninri. .......... Ca rá-ig n rnp ~ ......... Hnrnná-ignrap6 ....... Ucuqui-Cachociro.. . , .. Cnr:lUiru . .. . ........ . Seri nga ............. . :\lnrutingn ... : ...... . l\lirn ........... ... .. Cnruru-Poço .........
13/15
l\liriti-ignrnp6 . . ......
36
7/9
lO
lO
17 18
10 20 21 22 23 2·1 25 26 I 27 28 2!1/30 31
JIOM:t.:NB
MULHERES
CRIANÇAS
PESSOA~
ORO:t.:M
()
ODSBRVAÇÕEB
TRIDO
MA ROEM
NOME DO NÚCLEO
1/5
1028
Ararnpirn ....... ... .. Umnri-Poço .......... Cn.pi-Pontn. ..... . ... . Inpui-Cnr hoeira ..... . J nnnrct6-l'oço ........ Cipó- Po~o ........... Unciii'Í. ............. . Pinimn-igarnpé . .. .. .. Cuhin-Lngo .. . . .. .... Pirnmiri-igarapé ...... Cnstnn hn.-Cnchoeirn ... , Inrundá , Jnuti Pnpuri-ignrnp6 ...... .. Sf\CU.' . .. . ' ........ .
SOMA .......... . ...
-
11
13 15 20 3 14
31
10 3 4
-
•
Mnrgem esquerda Cnná-tnpuios.,., . ,,, , Thomnz c Fnmllin., ..... , JoH6, pnrcn tcg, .... .. , . . . . • • • • • direitn Siuri ... . ....... ,., .. Velho Mnndu, filhos .e . pnrente.'! . ..... , . . ... . ... - - ll ohodt'\ni . . ...... . ... M nlocn.'l Tnrncuá, Pnxiua c Cnrnrá ..... ... ... .. .. ,. Margem direita Siud ................ , esquerda Cnuá-tnpu ios ........ .
,•
•
direita
8
,•
3
,
esquerda J auareté, Cabcuas ..... Rita, a mais .bela exemplar da llegiiio .....•.. . ..... . , Jibóia e Sucuritis . . .. Jibóia ...............
ó
7 2 11 7 5 ()
8
3
4
Siuci ................ Ilohcdt:ni .. . . , . ......
.
27
4
Siuci ..... . .. . . .. . ... Cinco núdeos (Sítios) ..... llohodl\ni ... . ... . . ... Tunxun Antônio . . .. . , .. ..
-. -
, ,
-
,
-
,•
.
1 4
ll
R
14
I
--
-
,..;
1 2
-
a
2 11 2
-
2
3
2
1
1
.-
-
•
-
300 I
1
3 1
.
~
1
10
G
-
t
1
3
1
-
-
1 3
-
llohodêni. .. ... . ..... Tuaxua Marcelino Euz6bio Siuci e jibóia .. , ..
--
1
7
ESTATÍSTICA DA POPULAÇÃO INDÍGENA DO RIO CUIAHI ORGANIZADA EM OUTUDRO DE
N. 0 I>E
NOME DO NUCLEO
MARGEM
1 Amnnmlona . . . .. .. .. ..... ... . ....... . . . . Margem direita . . ... . 2 . Cuiun-H.upitá . .... ... : . ... ... ...... .... . .
a 1
li (}
7 R I)
10 11 12 13 14
lmll\rlt-l'oço . . . ........... . : . ........... . . Umnri- H.npccumn ....... . ........ . ... . ... . rvluquinri. .. . .. .. . : .. .. . . .... . . . .... .... .
Quinun-Pon ta .. . ... . ........... ...... . .. . Tnll\-nricoern . . .. . . . . . . ... . . . . .. . . .... . . .
Cnrnpccumn ........... .. : ........ . ...... .
Escndn . .... .. .. . .. . .. . .. . . . . . ........ . . . Tnbo c:li ..... . . . . . . . ...... .. ....... : . ... . S . Pedro .. ..... .. . . . .. . .. . . , . . . . ... ..... .
l\Indiup6 .. ... ... . ... . . .. .. .... ·. . ... .... . . Cnrá-Pontn .. ........... ....... . . . . . .... . J ncu-Poço . . . . ..... .. ......... : . ......... .
esquerda.. ...
1(}
direita . ... .
esquerda . . . .
TRIDO
ODBERVAÇÕE S
SucuriúR .. .. ... . ..... . Bnniuna
13 10 8. 8
Sucuriús . . ......... .
H
Siucis ..... .. .... . .. . Arnrns-tnpuios .. . . .... Baniuns·
o
4
o
9
31
3 20
SOl\1A.:. . . . . . . . . .
j
N. 0 DE PES.'!OAB
1028
160
Vrnewclnos . ..... , .. .
•
Siucia
DA FOZ QUADRO ESTATlST ICO DA POPULAÇÃ O DO HJO UAUP:r!:S OU CAIART, A PARTIR
NATUIIEZA DO
1-'.0 DE NO~Hl
OIISERVAÇÕ ES
MARGBM
DO LIIOA R
Ol'VOADO
Jlllltr.M
PE~S OM!
------------~~ ·------------~-------------~-
direita .. ... Povoac.~iio .. . ..... .. . Mo.rp;em direi to...... Povoação . . .. ... .. . . Na Il ha........ .... 1 .Casa . . . ...... . .. . Purii(}Uiqunra ... ....... . M nrgem direi ta. . . . . l'ovoa.çiio ...... .... . Mar~em
R. J r>nqulm . ........ ,, .. 1 2
3
l'ncun-S<Jro rora .... . .... .
e~(}ucrda.
RI tio . ... ... . . ..... .
J rovuo ....... .. ....... . Conori-Pon ta . . ...... . .. . Corocorc'J ..... , . ·. , ...... . Iu-Repecum a .. . .. . .. .. . .
.. direita . . . . ditei ta.. ... direita..... esquerda. . .
o
10
Siio Salvador ......... . . Bela Vista . ..... ....... .
direita. . . . . Sitio . . .. ....... .. . . esquerda . . . RI tio .... . .. .. . ... . .
11
Jacnr6-Cap oama ........ .
'.2
Annnnz .. ... . . . . . . . . . . . . .
4 5
o
7
8
~'.i tu r~a-H.npecuma. .. .... .
13
'I 'fnrncu~.. ..... . ..... .. ...
14 15
Sllio do Venezuelo.no .. . . lpnnor6 .. , .. : ........ . . .
1(}
Urubuquara ... .. . ...... .
17 18
Cnrnuatan a-Cachoeira . .. . Cigarro .... ,.: ..........
10
Currupira .... .... . .......
Povonçiio .......... . Povonçüo . .. . ... .. . . Povoação . . ......... . Povonçi\o .......... .
30
7 20
24 20 32 21
27
28 G
13 1
Margem esqucrrla ... Povoaçiio . ......... .
89
esquerda. . . Povoação ...... . .... .
331
Sitio ........... . .. . ~ovo nçiio .......... .
40
• direita ..... ?vi aloca ...... .. , ....
•
Povon.çi\o . .
10
57 20
ao 15
Ahnndonnll a - 10 ci\qf\.'1 o 1 igreja Indios ci vil i 1.ndo~ (Fôl.lm de hannna) III em Idem - PurnquÍrJII:lT!\ - s!Lio nnti~o fica mais, ncimn c tem I;!Ó uma caqn .Joiío Tromhndn~ - Comerciant e nortle~ tino Intlio!'l civili7.(\(I0!! -4 cn.qns novas - bonito Rltio. Tem ft cn.'ln~ - Imlios civili7.ado'3 Inclios Tu~anos c Dcço.nos Jntl ios Tucanns c Tarinnos - F oi povoado importante. Po~~ui hoje s<Í cluns cal"o.s - (Tu-e!!pinho) ArRênio do Ol h·eirn - Seringueiro e Comerciant e. ll nrnnça do Mnnduca do Albuquerqu e - C n.<~a de nlvenarin.. Chino de Albuquerqu e - Industrial - Casa de tt•\ha. Tuca noR e TrLrinno!l -10 C!l.'IM c 1 igreja- Bonito · povoado. 1\J i ~s fio Snl l1 ~ innn c P ovoação ind lgena-fndi os 320 -- Civ ilir.nr \o~ 11. Carlos Vnlero - I nrlios 12; CivilizadoR 7. TarittnoH - - T ux!l.na TI.aymundo - 10 cnsns Iprmo1ó ó o nome de uma pedra que há no · pôrto d n povon.tlo. --Em frente, margem direita , ht\ uma barrncn em qu~ mornm 3 p csl:!Oll.'l inclulr\n.q no censo do Jpnnoró. Indios Tnrianos- Tuxnun. Cnpiti\o !\liguei - lO cu..~ns c 1 igrcja. I ndios Tarin.no!l. I ndi os 'l'o.rinnos - Tmmua P edro -Grn.nde tnl\loca - 30X20XO m. Intlios Atnpnccs- ó cn.sns novo.s - Vai ser COIJII · truldn uma igreja.
.,
..
x.•
n~ ~ OME
NATURE ZA DO
DO I .UOAR
J\IARG!::M
ORD I!:M
20 21
22 23 2·1 25 26 27
28
ODBERV AÇÕES
I'OVOAD O
l'ilunii·ÍKnrnp~ ....... .. . Tnrnnn dun-il(n rnp6.: ... . . f:l1io Bento l'ontn ....... .
Unrum!i ....... ....... . . Cunh :i -i l.nr('ndn un . ... . .. . J urupari-Ul'l\ ....... .... . I .ouro-l' oço .. .. ... . ... . . Pnrnnri ucnun ... . .. . ... : . ....... .. ,
lapu-i~:arap~ ..
, •
,
csqucrdn ... . l\Inlocn ...... oooo. o. clircitn. . . . . • Povoaç ão . . ...... .. .
,
Sít io .. ....... ..... . • csqucrcla .. . J\lnlnca ..... ....... . l\Inrgcm direita .... . f'í t io ..... ....... .. . • • Povoaç ão .. . .. , .. .. .
13 15 41)
20 8 {)
48
.,
J
•
Sítio . ... ..
•
3 Sttioso .. o. o... o
o ••
38
•
Povoaç ão
•••
50
o •• o ••••••
15
29
luquirn ....... ..... . ... .
,
30 31
J urupn,·i-igf'lrnp6 ....... . . Arncu- l'nntn ....... .... .
• •
• Sítio .... : ....... . .. esqucn ln. .. •
14
32
I \~irn n gn-Po ço ....... ... .
• •
dirr itn. . . . . • esquer da.. . rvioJoca ..
6 30 1G
3~
l •ll'l\liiiÇU....... ....... . .
34 35
•Jnci-Pon t:\ ....... ...... .
3G
,J nunrel6-Cncho('irn. .. \. .. . .
37
Cuió-C uiú ....... .. ! ....
38
Jrnunçu -Pontn ....... ... .
3\J
41
Sn mnmhn in-Pont a . . ... . . 1\l ncucu-C npoomn ....... . Umnrit iun- Po ntn ... . . . .. .
42
Unrncu -Ponta . ....... .. .
40
Arnripiró-Cn~ hoc i ra. J .•..
1
.
o • •••
•
••
o • • • • • • • • o.
g
Sítio ....... ....... .
22
•
direita ... . . Povonç üo ..... .. .... .
142
•
brnsil.• . . ... 1\l nlocn . . .. . .. . .. .. .
10
2 mnlocr\S ....... .. . .
41
Malora ..... .
20 17
8 10
I nclios Tnrinn os. J nd ios Ta.rinn o~. Jnclios Arupncc~-Tuxnun Firmin o-.') Cl\!11\.'1 novn& c 2 m :d oca.~. In clio~ Ampnr·c ~ Tuxnun Vitorin o. ] ndioH Arnpn cf!'l- (f\!lio dn mulher ) - Henriq ue. lnd ios Arnpnccl'!, vr:l hn l'cclro Jurupori Índios Arnpncc!l, Tu xnun Angelo (Cnpit iio)-7 cn.~ns 1 malorn c 1 igreja ....... ... . .. ....... .... f nclio~ Ampacc~. 'l'uxnun Albino - 2 cn.~n.,. .. . l ndios l'iraL:1p11ios SHios Acurá, !!/nome e J ncnré-l 'oço. Indio~ Tucano s - 11 cnsa~ c 1 igreja cm constrç ão - 'l'ux:1u:1 Jo:ú unrtlo. Índios l'irntnp uios. lndios Pirntnp uios- 3 cn.qus, sendo o. primeir a pnrn o centro. f ndios Pirntnp uio~ - 2 cnsns. lnd ios Pirnt npuios - Tuxnun Quintin o. l nclios Pí rntnpui os . l nclins Tnrinno~- 2 c11sns i\ mnrgcm tlircitn e 1 na ílhn - l'nulino . Índios T nrinno!l - \3R. Civilizndo3 4 - Posto do S. P . I. -4 m1;lncn.q e 22 cusM-T uxnun aCnpit.iic~ Lcopnld ino c N icolnu . l n,lioH Tarinnos - E~tá sendo n! i n~tnlncln 1\ 1\HsF;io íncl!genn clc Sito r-.Iigucl - E m fren te U. fo1. do Papori. fnrli os T 1irinnos - Em frente no l'osto Auun.n('Íro Colomb iano - Tm<n1111 J oilo. 1ndíos T nrirmos - Tuxnuu ~Inrco. lndíos Tariun m1 - Tuxnuu Muthin.'l, Índios T~rínnos - Tuxnua Dcró que estli mor· rend o. Inclios ·rnrinnos - Tripula nte Chico.
.JZ
/ Fnr.
-
~i 'onla ........ ... I
- - _ _ _.,..,,._ _ ,_ ...., • • - • .. ..... .. ""'
·•~- ..,q .~
-----
........"""""·•·,,.,.,,.JC...., .-~~ ..... ~--,....----
MARGEM
NOME DO LUOAU
·1·-,.; ·tt-AC.. ......,_.~...,_ - - - -.. _ ...__ ...........~ ...._....f.._,~_.,..._,_ _..._ ...
I'F..SSOAll
l'OVOADO
OHDT.M
Turunui -igampé ... .. ... .
44 45 47
Pi ripipi. ........ .. , . ... . Anuin-ru cn ou Anuilt-P outn Cnruaun -l'ontn.................. .. Urnnri-ignrnp6 ..... .. ... .
48
Pnrnnnp nnn ........ .... .
49
Scrin(!'n-ignmp6 .... . .... .
50
UrniuR·ignmpé .... . .. . . .
51
Pcriquit o-Cncho cirn ..... .
52
Umn.ri-Cnchocira ..... , .. .
53
Mirnpir cra ..... . .... .. . .
54 55
Maior.!\ ..... . ..... . .
56
Irn-ignrupó. : ........ ... . Mngunr i ou Mnqunr i . .. . Iuncnun ....... ....... . .
57
P nnnpnnti-ignrnp6 .. ..... .
Maloca .. ... .. ..... .
58 i
I nndu-Cnchocirn ........ .
59
Cnruru- Cnchooi rn . ..•. ...
00 01 02
Umnri-ÍI(:1rnpó., ... ,, . , .. Uncun\-ignrnJU~ . . . .. . . . ,, Mutnpi- 11(1\riiJl~ .. ,,,, .. , ,
63
Jaoar6-Caohoc,ro .. . , • • ,,
64
'•' . . . . . . . . . .
I u r·101\, •••••
l nu ios Tnrinno !! - T uxnun ~nnch1, que mornva na mnrgnm Colomh innn. lndio11 Tnriuno s (piripipi 6 pn.~!inrinho) 14 lndios T arinno s- Dcftont o de C nrnnua- Pontl\, 12 . Indios Tnril\no s. 13 Índios l'ira tapnio!! - informação do Sr. Curt Ni11 mu cndnju. Índio~ Uçn-tnp uioa- informnçiio do 8 1. Curt Ni8 muendn j u. lndios Uan:mns - informa ção do Sr. Curt Ni9 . mucnda ju. 10 Índio!! T nrimlO!! c Jnrupnr i - tnpuios -lnform açt\o do Sr. Curt N imunndn ju. lndios UnnnnM e ,,irntapu ios - lnformn.çllo do 10 Sr. Curt Nimucn claju. Índio~ Uçn-t.ap uius n UnmmM - Donit{) povoado 38 - nrt!stir.n mnlocn. Índ ios Tnrinnos - 1 m!llocn e 1 bnrrncã o em cons10 trn(;:1o. lndios Tnrinno s. 6 lndios Pirnlnp u ios. li l ndio11 Tucn.no!! e T nrianos - T~m frente à Viri- 211 mnri-ÍJ!;nrnpó 1 cns!\ e 3 bn.rrncõcs. lndios T ucanos, •rarinnos o Pirntnpu ios - Tuxnua 14 Mnnocl. fndi oR UunnnM - 2 mnlocas - Tuxnu!\S: MIU'2a co'ino c José. lncl ios URnnnns - 6 cnsns - Cnp. Mnnool OomCII 40 - Honito povoado . l ndio!l Uunnnns - Vióvn Angr.lo. •I ·· lndios J)r.çn.nn~. O lndim:1 1Jnnnnns. 24
29
Margém brMilei ra.. . Mnloca ....... .... .
43
46
--
'\' ri11u\n.nto C\úto.
NATUR.V:ZA DO
N.0 DE
~·---
16 \ 1mhns 'ru.rhuu'~ -
Colomb .•..... Sítio ............. .............. • brasil.•.......... • colomb .•....
, • •
.. brnsil.• .... . Povoaçã o, ...... . .. .
•
Povonçiío ........ .. .
l,ovoaçã o . .. . , . . . . . . •
•
•
•
•
•
•
•
•
,
Hítio .. ,·,..... ...... •
• '
16
Maloca ...... . . .....
7'J
. . . •• Povoanl .....io.. . . . . -
11
lndios Uo.nanas.
Índios Uanana e Fellcio.
13
CMM
e 1 maloc& -
Ca,lltlo
I'. o
v•: NOME DO J,UOAil
01\DJ·;~r
G5 (j(j
67
08 oo 70
N.~TU m.:z .~ I lO
..
N,• IHJ
MARCH:M
ODBERV AÇÕ~:S
1'0\'0AnO
I
1'&~80.\fl
.
<'n i\- i~r1rnp6 ........... . . Mnr~~;cm brn.~ilcim Sftio ........ ... .... 'l':linhn-ignrnp(l .......... Mnlocn .. . ..... .. ... • "l'nrnoui\ csq11erdn ... • • t ARsnl-ignrn1>6 . . ........ . . • • Cnrnpnnil-il(nrnpó .. . ..... Sftio ............... • • Pno n-i~~;Mnpó .... .. . .. ... • • • ••
o •••••
lO 2 11 2•1
•• o. o ••
24
1a
I fndio!l Unnn nn.~. Índio!! Fnnn nn.~ .- António Velho. lnrlios Unnnnll8. lnd ios Unnnnn.~. lndios CubcuM. 1ndiofl Cubcuo.a.
I
TOTAL... . . .. .... . . ...... ...... ....
{. Jf~~~ru-Cnchocirn -
1.987
No Rio Qucrnri (Ó>lôrnhin) I
·l\lnlocn 16 índio!! Cubcuo..'l .-
T1oxnun Gregório
I.
...
_.,
~
·---.._...._
__
--
... .......... ...........
. -.
(t .'
..•-••-•-.N- .......... -~ .... ~~· ..,.~...,,., ,.,.. , •*illltt_ _,.,.••___,._..,.. _ _ _ _ _ _ __
, .,.. ' """"' ... ... . ._.......,_.,,..,."""~~'• '4.:....,._,-•,.,*•"'~.,-•..,·MoM.,.
QUADitO r.;.c:;TAT fSTICO DA POPULAÇÃO DO lliO l'APOlli A PltA'l'llt DA FOZ :
N°, 011
NA MAROF.M N O~flol
IH MALOCA OU lll'I'IO
O R ~EIIVAÇÕES
'I'RIDO
ORDE~t
BRMILEIRA
1
2 3 4 5
6 7 8 I)
Dnrrncn do :'-li~ucl. .............. . Tnlinnn..'l • • , •• • •••••• 1 Hnrrnca do Henrique. , . ... .. .. .. . . Tnun-l'ont.'\ . ... . ............... .. . J npun\-Cnt>onmu .... . .. . ..... .... . Sauii\-Cnrhocim ........ , . . , , , . . : . . Tndm-Cn1·hoeirn. , ...... , . , ...... . • 1\lanioca-l'ircrn-Prmtn., . . , . ....... . Turnnos c Pirntnpuios .... , .. ,, .. , . . T ntá-Pontn ... ....... ............. . Tucnuos-mirn ...... , Snnt r\ Luzia ... . ... . ... , .. ...... . . Tucnuo!'l ... .... .... • )
)
14
} ~Pi.n~ignrn pé .. .. .......... . ...... . Idem ..... , . . .. . ... . lun-tgnrnpé ............... .. .. .•.. T ttcnnoa c Dcçnnos . Pitnpor.n-ignrnpé .............. . . . . . l'irntnpuios ..... . .. . Pirnquiqunrn-Cnchocira., . , ...... .. . Idem ......... . .... . Acnil;-ignrnpé... . . . . . . . . . . . . . .. . , ldcm ........ . ..... .
15
i\ Inrutin~.'\-Ponh\ ...... . .......... .
lO 11
12 13
l'irtttapuio~,
Tnriac Tucnnos ... . . Inuncun-Cnchocirn .... . ...... . ... . . l'imtnpuios .... , . . . . I:mnrnn-Cnt'hncim .... .. , ... , .. , .. . Idem .............. . Sti o Gnhricl. , .. ... .. , . . .. . .. , . , . . .
COLOMRIANA
-
3 6 G 19
-
14
22 -
17
9
41 18
-
00
\ (j
-
22 ó
-
IIOR
l(l
17
18 ]!)
20 2L I
..
Tntu-iuitcm . .. . ... ... .. ...... . ... . S:io l'nulo .... , ............. . .... . l\I ncu-ignrttpé . ... , . . . . . . . . . . . . . .. l'irntnpuius . .. ..... . )
)
22 23
2·1 2li
)
l.luburi-ignrnpé .. , ..... , ....... ... . i\feiít-Cnchocirn ................... . Incntnpn ou Pntó ...... . . , , ....... . Urucu-ignrnpé . .. .. , .. , , .. , .. , ... , .
Dcçnnns ... . .. . ... . . Dct;nnu.'l ........... . Idem .............. . Tucanos ...... . . .... . Dcçnno ~ .. .. , .. . , . . .
A TRA!'fSPOH.TAR ... . . .
7 til
!\lalot·n Gmntlc l'vlnloc!\ i\lnloc!\ Povontlo r\n interior,do ig!\rnpé Jtlt•m, 4 Rlt.Ítl~ f;(t.io no interior do ill:tlrnpé 1riem lclt>m
12
l'ovoa~iio
-
l\lnlol'n l'ovonç1io 3 i\lttlrlrn.~ !i 't\lnl01~tl.'l 2 ;>.lnlocns Mn\ocn 2 MidOC!\~ 3 Mnlucns
26
436
tio palha
Cn.~IL~
l'ovoaçiio ( ' :t'~ a ele pnlh!\
50 100
21 HO·,
2
--. Jcl crn
54
1'3
-
cn.~a
14
-
I)
-
-···
-230
I ~
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I
.
"·· QUADRO ESTATlSTICO DA POPULAÇÃO DO RIO PAPORI A PAH.TIR DA FOZ: N°. DE NOMG DA MALOCA. OU SITIO
TRIDO
I I
ORDEM
20 27 28
Transporte l'iraquuro. ........... .{ . .......... . Tucanos ........... . Cuiú-Cuiú·lgnrnpé . . . ·!" ... .... ... . . Dcçano~ ... , . ...... . Tucnno~ ... .. ...... . ~
•
.
... ·r·........... .
Cu;,im ... . . ........... . . . ......... .
:i O
{J npi xun1L·Í.~nrnp6 ........ , ... .. ... . Unpixuun .............. , ..... , ... .
31
Samn(nnn-Cnehocirn...............
29
Turnnos .... . ...... . Civilizados .... . . . .. . Tucnnos ........... . Dcçnnos, Tnrianos e
Tucnnos . ......... . 32 33
,Jancliá-Poço ...... .. .... :. . . . . . . . . .
34 30
Slio Vi rente ou Sü.o José ..... .. ... . Santa l\lnria., ................. .. . <iavi:in . ... ... ........... . , ...... .
a~
:l:nn_HHJHllri ... : .......• , .. ...... . . . 1 nr1ra-Cinchoe1ro. . ................. .
3;)
:n
Ttwanos ........... .
Nnmhu-ignrnp6 ... ....... . ..... ,.. . Tuiucns-tnpuios .. . . . Túrnnos ..... . ..... . Itlcm .. . ... , . . ... .. .
39 40 41 42
I npu-Cachocirn . ....... ·..... .... . . . Mnuás-tnpuios . . .. .. . Inpu-ignropé ................... . . . Idrm .......... . . , .. 1\Inlora ~(im nome ....... . ........ . Cnrupo.nás-tnpuios •..
43 44
Tnunri-ignrnpé .. , .... , . . , . , ...... . Idem .............. . Uuri-hn-ha-Cachoeirn .... , . ..... . .. .
45 40
Cumii-ignr npé .. , .............. .. . .
Trindade . .. .................... :.
Itin-ignrnpé ... , ................... .
NA liAROEM
NA MAROEM
BRASILEIRA
CúWMillANA.
OBSERVAÇÕES
4~1·
239
-
50
-
31)
-
170
7 -
c
MiHRiio da Congrcgaçiio do Mont.-F'ort.
10
Moloca 51
l'ovonclo
33 22
!\r aloca dentro do Uim:i-ignr!lp6... ·... :
\
120
-
-
107
64
8 6
-
Povonçiio l'ovonção
8 24
7
28 12 5
.Mnloca 3 1\{1\locns no interior do ignrapé ..... Povonçiio Idem 1\f nlor.n ...... . ..................... . Idem l'•. o ccn tro ( malocn) 1 Mnlocn c 1 CMI\ ••••••• , .••••••••• Cnsn de pnlhn 3 Ri t.ioB tlontro cio ignrnp6 2 quilomctros ncimn do bpu-Cnchoeim ,
M:llocn
10
~,
11
t)fnloc1~
10
No vnm<louro pnrn o Unupéll
cm cndn margem
Mnlom~ do Ji:milinno
-------~----------------------~--------~--~----------~----------~----------------------61i5
88·1
TOTAL .. ...... .. .. ....... .... .... , .. ·. .. ... . .................. , .... ,
1.630
SOMA ............ .' .......•.. . ......................
... ..
-- · ----~~ - -·
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-
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ESTATÍ STICA DO JUO TIQUif: A PAnTIR DA FOZ DO UAUP. f;S- ORGAN [:T,ADA PELO MAJOR BOA NEH.GE S LOPES DI~ SOUSA E COMPL ETADA POR INFORM AÇOES DO PADRE JOÃO MARCll ESI !(. 0
DE
2
NmHJ DO LtJOAR
MAROEM
Campina .. . .. . ........ ..
Mnrgcm c.lircitn.. ...
3
Cururu. .... .. ........ .. Snnb Anttmio ....... ... .
4
1\Intnpi ..... :. .. .... . ...
esquerda
6
Umnmb i-ignrnp é.........
esquurc.ln
QUANTOS
24
7 30 lU 12
29· 6
Conori-ig nrnpé . . ..... ... .
direita .....
7 8
P opnnha-H .upitá . ... . ·... . Acnjú-ig arapé . . ... ..... .
e~ quc rda
9
Mncuru- lago ...... .. .. . .
direita ... ..
13
10
Snmaúm a ......... .. .. , ,
esquerda... .
22
11
'l'ucnno-C ncheira ........ .
63
12
lrnit.i ..... , ... .. ....... .
42
13
Uirá-Poço ........ . ..... .
14
Cnstnnhn -ignn\pÓ .
·i .... ,
15
Flores tn ... ... . , .
T.. ,..
direrta .....
•
132
1'nJDO
OllSimVA Çilk:l\
'l'ucnnos e 'l'ujucas . . C n1m de pnlhn - Antiw~ S!io Clemen te- Gregório Pnulino l\l11nocl. Tucnuos ........ . ... Casa. do pnlhr\ - H enrique c Chico. Mncus.. .. ... ..... . . Molocn nn blicn do Ira-igarn p6 Tuxn(t Mnthins que tem t nmhó m rc~id l!nr:in cm Tnracuá.. Tucnncs .. . ........ . U mn mnlocn. pcqucnn c 1 ca.sn de pn.l hn- Ji'nmllia.s Almuín o Edu rmlo. 'fu cnnos.. . . . . . . . . . . Uma RÓ mnlocn perto da bóca dn ignrapé. Mcritis-t npuios ..... . ru-t apuos e MncuA.. Grnndc mnlocn nn cabeceira - (Ai-tnpui os e mui· tos MncuR). Mi ri t is-to.puios ..... . Mo.locn no ign rnp.! - lgnorn-so qunntns pessoas Miriti-ta puios . . •... . M tlloca com muitn gente- Ignora-se quantas pe.<tsoo.s - Bem dentro do ignrnpé. Miriti-tn puios e 'fucnno'l. . .. . ... . . . . . . Mnlocn com muita p;cn lc - T uxaun Chico. Tucanos e Dcçanos .. Uma Cl\1!0. nn ucirn do rio c 1 mnlocn mais pnrn o centro - As mulheres ano Tuoanns . T1~ c~ nos Drçnnl\!1 c 1uJucns . . . . . . . . . . . . U mo. malocn c 6 csHa.'! de pnlhn ~ Tuxnun II en· riquc. Miritis-tn puloe. . . . . . Povonçi\o: 1 mnlocn c 5 caBas - C ap. Lcrmnrdo E miliano da S ilva. Mirit.iR·to.puioe o 'l'u· cnnoa . . .. . ........ . 'l'u cnnon, Dcçrmo" c Pirn tnJIUÍon .. .. ... . U irt\-Poço é umn povoação com 1 mnlocs e 7 cnst\8 ' bonll. ('l'ucnnos ). CMtnnhf l-igarnpó tem 4 mnlocM de Deçnno11 n Pi· rntnpuloa . Dcçano11 o Tuoano11•. Doulto povoado: 2 mflloone 3 oMM - 'l'ux8u& Co
N .' Otl
MARGEM
NOMF. DO l oUO Ait
Tu cnno~ .... . . . .. ...
53 10
~~eçnnos ...
49
T ucanos.. .. . . . . . . . .
17
Tuco.nos. . . .........
esquerda ...
73
D eçnnos. . .. ....... .
d ireita .. .. .
67
Tur.nnos...... . .. .. .
direita e es • querda ........... .
83
Tucanos .. .. ....... . Povonçfto nn.~ dun.~ mnr~~;ens 1 grnnde malocf\ na margem direit11 e 1 l' lt.~n; 1 mnlocn e 1 cnsa na mnrgcm e~qucrdn - C npWio JoR6. 1"ucnnos ........... . l\lnlocn.. Tucanos ........ . .. . Mn.IO!\I.I.Il. Tucanos ........ ... . l\ l nlocll. Tujucns-tnpu ios .... . !\l n.locn 11n hôca do ignrapé. T ujucns-tnpuica .... . l\I nlor.n. 110 in terio r do ip;nrnpú. :J:u jucns-tupuios .... . G,·andc mnlnrn - ·Jiíln X aô X '2. Pnri-r.arhor.lrn. I,tllli CI\.~.,, , , . , ,, , ,, l\ l aln ~;:L i~unl 11 1UJUCM. ',',.,. I . • •. 2 1\ l tLioc:;.~ - uma 11n. margem p~qucnln, outrn na i~nrnp6. mar~cm direita Tujur.ns . .. ... . ..... . i\ln!ocn!'. Bnrás ......... . ... . Grande mnlncn (i\racu) c outr!VI noR nrre1lo rc~. Mncus ...... ... .... . E ntre Irn-ignrap(: c cnbrrcirnR d o T iquié. Piru cn-mim, Jlujmll'li, C1duri1\, Eru rin c Nhumii o· irn - l'ovonm t\.'1 cnbcceirl\.~ elo Tiquié.
R1in .Tos~........ . ......
17 18 19
Tucurn-ignrnpé c Centro Snntn Lur.in ........... . l\lnrncnjá o u Snnta 1\larin
•
20
Uncnri .......... .. . . .. . .
,
21
U mnri -i ~nrn( H~ .. ... . .... .
22
lleln Vista ...... . . . .. .. .
23
P n.ri-Cnchcirfl .......... .
2·1
Cnbari . ......... ..... .. . Arnpncc e .J abo ti ....... . Cn mru-enchocirn . . ... .. . lJ rnnri-i~arapé .......... . U n~snl -igarnpé .. ... . ... . . ~.n~np<Í ............. . . . . [ ti)UCI\C)llll r!l . .. . .. , .... . Abiú-i gnrnpé .......... . .
2()
. 27
28 20 30 31
32 3:!
34
35
M ncucu-ignrapé ........ . Unrucu-piréra e arredores. Pelo centro ............ . Uçniunru cn . ... ." .. ... . . • .
cm 11ccnrllln<'in- Tuxnun Antonio (rnl\i! O ca~:t.~) . Informnçõc11 do Pnurc l\fnrchc!li. Mnlorn. - O mr~m., tuxnua de Siio J Mé. l\fn loca vrlhn o 2 r.n..<~ns - - Cnpitii.o Tonquinho (Cnvnp;nnc). C:rnnrlc malo cn. - hJp;nr bonito - Cnp. H em ique . - Poucos rccur11os. fi mnlor.as d entro do ip:nrnp6 - Umo. delM no cnminhr. pnrn Bcln.-ViKtn. Bonit.o lugnr- I mnlr:cn c I cn.qn- Cnp. D o min· gos, alegre, ho~pitnlciro. l\!nloc 1~
46
10
25
ODSF:II V AÇÕ E!!
'TRIDO
QUANTOS
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CSfJIICrda , , . dircitn ... . .
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, direita .....
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20 32 33 12!i
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• TOTAL . • . . •.••.• .• • . . . . . . . . 1 .841
Niio i11 r.luitulo O'l lnd ios d e Conori-ig11rapé c d e Popun hn-Rupitá-i gnrnp6. o que certamente elevari~ n 2 . 00(} o número d e habitantc.q,
·.