A qualidade do Agriturismo toscano Giovanni BALESTRIERI Departamento de Ciências Econômicas Università di Pisa, Italia
Workshop intercâmbio de experiências do turismo rural Brasil/Itália(Toscana/Parana) 03 a 07 de Setembro de 2008
Foz do Iguaçu - PR
LINHAS GERAIS I – O contexto em que se desenvolveu o agriturismo toscano II - As fases do ciclo de vida III - A consistência atual IV – A classificação qualitativa das empresas agriturísticas “autorizadas” V – Criterios de classificação de alguns outros Paises
I - O contexto em que se desenvolveu o agriturismo toscano 1 - Contexto institucional 2 - Contexto econômico e social local
3 - Contexto agrícola local
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO AGRITURISMO TOSCANO
4 – Paisagem rural
6 - Novas tendências do turismo
5 - Imagem idealizada da Toscana no exterior
1 – O contexto institucional a) política agrícola comunitaria e de desenvolvimento rural
ITALIA
b) política nacional de coordenação e a representação na UE TOSCANA
c) política regional para a agricultura e o turismo no regime de autonomia
a) O incentivo da UE ao agriturismo como parte da política comunitaria de desenvolvimento rural Directiva CEE n. 268/75
Incentivo das atividades turísticas e artesanais complementares à agricultura nas regiões montanhosas e desfavorecidas
Artículo 11 Reg. CEE 4253/88
PDR - Planos de Desenvolvimento Rural 2000/2006 e 2007/2013
Iniciativa L.E.A.D.E.R. (Liaisons entre actions de developpement de l’economie rurale) “eixos prioritarios” Para o melhoramento dos sistemas agro-alimentares regionais
b) A legislação nacional para o agriturismo Lei quadro n. 730/85 Lei n. 413/91
Introduz o princípio da “principalidade” da atividade agrícola respeito à turistica Concede ajudas fiscais ao agriturismo
“Lei de orientação” para a Amplia o conceito de “atividades Agricoltura n. 228/01 ligadas” a agricultura
Lei quadro n. 96/06
O centro reivindica o papel de elaborador de criterios homogêneos de classificação para o inteiro território
c) A LEGISLAÇÃO REGIONAL TOSCANA RELATIVA AO AGRITURISMO L.R. n. 36/87
• L.R. n. 76/94 • L.R. n. 64/95
L.R. n. 30/03
Põe em prática a lei quadro nacional de 1985
Contêm instrumentos atos a favorescer o exercício da atividade agriturística em geral e nas zonas desfavorecidas da região Tem como principal objetivo o melhoramento qualitativo da oferta
2 - Contexto econômico e social local A – A distribuição equilibrada por todo o território regional das atividades produtivas extra/agrícolas assim como das áreas habitadas limita os fenómenos de congestão Superfície territorial: aproximadamente 23.000 quilômetros quadrados Montanha 25% Colina 67% Planície 8% População: 3.500.000 habitantes distribuidos em numerosos pequenos centros (as primeiras 4 cidades juntam menos de um quarto da população) Superfície agricola utilizada: cerca de 860.000 ha (8.600 kmq)
3 - Contexto agrícola local A- A agricultura como objeto de um processo de abandono continuado, com liberação de um patrimônio construtivo rural que a organização em granjas de arrendatarios tornou muito particular Atualmente a agricultura toscana: > conta com 85.000 funcionarios, o 5,0% dos empregados totais regionais, > genera o 3,3% do Valor Adjunto regional > é composta por aproxidamente 80.000 fazendas/empresas, das quais: só 28.000 profissionais, prevalentemente pequenas e medias unidades agrícolas de tipo familiar con freqüente part-time e prestação de serviços e mão de obra para terceiros.
3 - Contesto agricolo locale Superficie agricola utilizzata (SAU): circa 860.000 ettari (8.600 km2) di cui biologico 102 000 ha (12% SAU) circa 80.000 aziende agricole di cui biologico 2 850 ( 3,6% tot) sup. media az. : circa 11 ha sup. media az. Bio. : circa 36 ha Sistemi di proprietĂ : terreni di proprietĂ -> 88% proprietĂ e affitto -> 10% affitto -> 2% Sistemi di conduzione: conduzione diretta 97% delle aziende (91% solo lavoro familiare) cond. in economia 3% delle aziende ( 9% con avventizi) frequente part-time e contoterzismo
3 - Contesto agricolo locale Colture Seminativi:
63% della SAU (grano duro, mais, erba medica, girasole, favino) presenti nel 68% delle aziende
Pascoli:
16% della SAU (prevalentemente naturali) presenti nel 27% delle aziende
Arborati:
21% della SAU (prevalentemente vite e olivo + fruttiferi) presenti nel 76% delle aziende
Boschi
presenti nel 45% delle aziende con SAU
Allevamenti
presenti nel 36% delle aziende diffusione nelle aziende: avicoli 85%, suini 11%, bovini 10%, ovini ovini 9%
B - Produção agrícola focalizada nas culturas lenhosas (videira e oliveira) Valor da produção: •
aproximadamente 2,5 bilhões de euros, cuja proveniência é: – 20% de culturas herbáceas, – 50% de culturas lenhosas, principalmente videira e oliveira – 20% da criação de gado, – 10% de serviços (agriturismo, serviços agromecânicos)
C – Presentes, em grande medida, as chamadas “Produções de qualidade” (i) – Produções de qualidade porque “Típicas e Tradicionais“ • 19 produtos DOP e IGP já reconhecidos (o 11% da Itália) • 21 (18+3) produtos DOP e IGP em fase de reconhecimento • 455 produtos “tradicionais” (técnicas > 25 anos)
(ii) - Produções de qualidade porque obtidas por meio de manejos Orgânicos e de “Agricultura Integrada” •
Aprox. 2.500 empresas orgânicas, das quais umas 600 “em processo de transformação”
•
Aprox. 90 produtores e transformadores concessionários da logomarca toscana “agriqualità” de agricultura integrada
D - Investimentos estrangeiros A agricultura da região tem despertado o interesse de investidores estrangeiros, especialmente ativos no setor vitivinícola, o que atribuiu à região uma visibilidade internacional
Os valores fundiários também cresceram de forma notável: -
Mediamente 46.000 euros por hectare nas áreas viveiristicas e florícolas (com pontas de até 290.000 euros)
-
Mediamente 20.000 euros por hectare nas áreas vitivinícolas (com pontas de até 430.000 euros)
-
Mediamente 10.000 euros por hectare a nível regional
4 - Paisagem rural característica Determinada por: - Configuração orográfica colinar - Terraças colinares, cercas vivas e manejo dos terrenos agrícolas - Culturas realizadas, de forma particular videira e oliveira - Presença difundida no territorio de recursos histórico-arquitetônicos , também isolados
5 - Imagem idealizada da Toscana no estrangeiro Presente especialmente na literatura alemã, com caracterizações do tipo: – “beleza das formas simples” – “simplicidade da vida toscana como resultado de uma relação homem/território “natural”, modelada nas formas da paisagem e ainda …
… –
“Ordenada preocupação e atenção pela
paisagem, com modificações do ambiente natural segundo os principios da escultura” – “paisagem conformada segundo o princípio: as coisas à medida do homem” – “relação humanística entre homem e ambiente refletida na arquitetura toscana”
6 - Novas tendências do turismo As potencialidades do agriturismo toscano acharam um ponto de encontro muito favorável com as novas tendências do turismo, em particular após o aparecimento na EUROPA, nos anos Setenta, do
“SANFTER TOURISMUS”, uma concepção do turismo alternativa à do “turismo de massa”, que pode ser simplesmente representada da seguinte forma:
TURISMO DE MASSA
TURISMO ALTERNATIVO
Grupos numerosos
individuos, familias, grupos reduzidos
Poco tempo
muito tempo
Meios de transporte rápidos
meios de transporte lentos
Programa fixo
decisões espontâneas
Dependente
independente
Estilo de vida importado
Preservação da identidade local
Atrações turísticas
experiências
Comfortável e passivo
cansativo e ativo
Nenhuma preparação
preparação sobre o pais visitado
Nenhum conhecimento linguistico
Aprendizagem de linguas estrangeiras
Sentido de superioridade
Vontade de aprender
Shopping, souvenir, fotos
presentear, lembrar, conhecer
Curiosidades
tacto
barulhento
silencioso
II - As fases do ciclo de vita do agriturismo toscano PODEMOS DISTINGUIR: •
A - uma fase inicial de crescimento espontâneo
concentrado territorialmente •
B - uma fase de regulamentação, com interventos
legislativos nacionais e regionais •
C - uma fase de crescimento difundida
territorialmente e de consolidação qualitativa da oferta
A - Fase de crescimento espontâneo (anos ’50 - ’70) •
O agriturismo toscano se concentra na colina central, que inclui os territorios do Chianti e as maiores atrações histórico-culturais da região (eixo Firenze, Siena)
•
A iniciativa empresarial é freqüentemente de ingleses e alemães os quais se relacionam directamente com intermediarios turísticos dos respectivos países de origem
•
Os hóspedes são em forte prevalência estrangeiros
•
O nível qualitativo da oferta é elevado no sentido convencional (comfort, estruturas de recepção de prestigio)
•
O agriturismo toma consciência de si mesmo: nasce na Toscana o Agriturist (1965) a primeira Associação de categoria do agriturismo na Itália
B - Fase de regulamentação jurídica (anos ’80 e início ’90) •
Em 1985 foi emanada a primeira lei quadro nacional sobre o agriturismo, a Toscana adeguou-se seguidamente com uma primeira lei regional em1987
•
Remarca-se a caraterística de “principalidade” da atividade agrícola na gestão agriturística
•
Uma segunda lei regional de 1994 favoresce a difusão no territorio da oferta agriturística mesmo nas áreas turísticamente menos conhecidas e freqüentadas
C - Fase de crescimento ao nível territorial e de consolidação qualitativa da oferta (da lei regional de 1994 a hoje) •
A oferta agriturística extende-se até ás áreas de agriturismo “menores”
•
Aumenta a componente doméstica da demanda
•
Se reconhece a necessidade de reunir a qualidade do agriturismo com as características da agricultura, da sostenibilidade ambiental e social, da valorização dos recursos de todo o território da região.
•
Utilização da logomarca das espigas de trigo na classificação qualitativa dos agriturismos
III – A consistência atual e os diversos aspectos do agriturismo toscano A – As empresas • Aprox. 3.800 empresas agriturísticas “autorizadas”, o 27% do total nacional • Cerca de 48.000 camas, o 28% % do total nacional
B - Os serviços ofertados •
Oferta de alojamento prevalentemente em apartamentos indpendentes
•
Menos de um quarto das empresas oferta também refeições
•
Uma terceira parte oferece degustação de produtos típicos locais
•
Mais de dois terços oferta attividades esportivas, áreas de lazer, cursos, etc.
3. Os tipos de hóspedes
• Aproximadamente 3 milhões de turistas por ano, o 7% das presenças turísticas da região • mais do 60 % são estrangeiros • formação cultural geralmente elevada • classe social meio-alta
C – As estratégias de marketing - Por meio do “passa palavra” e
confiando no “turismo de retorno” - Por meio dos “midia”, em particular a internet - Por meio dos tour operator
D – A curva da demanda e da oferta (tendência da deviação: a oferta cresce com mais regularidade) 5000 4000 3000 2000 1000 0 1999
2000
2001
2002
2003
presenze (000)
2004
2005
N.aziende
2006
2007
E – A colaboração entre o turismo rural e os outros tipos de turismo na Toscana Turismo de arte e cultura
Turismo esportivo
Turismo termal
AGRITURISMO
Turismo Eno-gastronômico
Turismo de praia e de montanha
Turismo em parques e reservas naturais
IV - A classificação qualitativa das empresas agriturísticas adotada pela Região Toscana
A - motivações Contrastar a progressiva qualificação do agriturismo toscano como: •
agriturismo exclusivamente progetado pelos tour operator, muito atentos às exigências de decoro e comfort da clientela estrangeira (símbolo: a piscina)
•
oferta limitada às áreas de “forte” turismo rural da região, base logística para o turismo de arte e cultura nos centros maiores
•
agriturismo baseado em estruturas de recepção turística com baixo valor adjunto (alojamento só em apartamentos independentes) e com escasos benefícios econômicos para a empresa agrícola e o território
B – Características a serem destacadas com a classificação qualitativa Favorescer uma hospitalidade baseada na oferta de serviços agriturísticos: – com elevado valor adjunto e ligados ao uso dos recursos da empresa – capazes de valorizar os elementos paesagísticos, histórico-arquitetônicos, culturais e enogastronômicos do território da “Toscana menor” – Que sejam expressão de um “bom manejo” com o objetivo de obter a sostenibilidade ambiental, econômica e social das áreas hospedes
C –A solução adoptada para alcançar os objetivos da qualificação • Instituição de um sistema obrigatório de autocertificação para a obtenção dos requisitos qualitativos necessarios, previstos pelo esquema de classificação. A autocertificação é obrigatória em quanto necessaria para obter a autorização ou renovação do exercício das atividades agriturísticas
•Atribuição de um número de “espigas” de 1 a 3 segundo os requisitos possuidos. O conferimento de uma espiga, primeiro nível qualitativo, é suficiente para obter a autorização ao exercício da atividade agriturística, sempre e quando sejam respeitados todos os restantes requisitos do processo de autorização.
D - Requisitos considerados REQUISITOS OBRIGATÓRIOS
Necessarios para o conferimento da primeira espiga. Consistem no respeito das normas da lei específica e das diretivas relativas aos apartamentos e quartos REQUISITOS FACULTATIVOS • Necessarios para o conferimento da segunda e terceira espiga •Incluem tanto os elementos de comfort do alojamento quanto os aspectos caraterísticos rurais da fazenda/empresa e do território
E – Exemplos de requisitos facultativos
Requisitos“estruturais”: - calefaçao/aquecimento - iluminação das áreas externas, - presença de banheiros para discapacitados - oferta de refeições - disponibilidade de piscina e campo de ténis Requisitos “caraterísticos”: • Venda de produtos típicos • equipamentos/ferramentas tradicionais de trasformação de produtos agrícolas • disponibilidade de material informativo e guias turísticos do território circundante
F – As pontuações e o acesso aos níveis qualitativos •
•
•
Cada opção facultativa possuida pela empresa recebe uma pontuação (por exemplo, estruturas turísticas que oferecem meia pensão ganham uma puntuação menor daquelas que ofertam pensão completa) No conferimento da pontuação da qualidade os elementos de simples comfort têm um peso menor. A soma dos pontos determina o nível qualitativo conseguido, ou seja, o número de espigas concedidas á empresa.
V – Criterios de classificação de alguns outros Países O sistema toscano de classificação qualitativa do agriturismo situa-se em uma posição intermediaria entre os dois MODELOS predominantes nos restantes países europeus: •
•
MODELO RÍGIDO, semelhante ao modelo hoteleiro, se adapta bem às tipologias de recepção turística consideradas mais homogêneas (Exemplo: oferta hoteleira rural inglesa, adota este sistema sem distinção entre as formas recetivas no campo) MODELLO FLEXÍVEL COM PONTUAÇÃO, adotado também na França, mais adequado para uma oferta agriturística variegada.
Sistemas de classificação qualitativa do turismo rural em alguns Países europeus PAISES
Modelo rígido
Inglaterra
x
França Bélgica/Flandres
Modelo flexível
x x
Bélgica/Valônia
x
Alemanha
x
Dinamarca (TOSCANA)
x (X)
(X)