João Giló História Retida do livro As mais belas Histórias De Lúcia Monteiro Casasanta
José Marcos Ramos
Quem me apresentou o “Joao Giló” foi a minha professora do “primário” Dona Márcia, ao ler algumas histórias do livro As mais belas histórias de Lúcia Monteiro Casasanta. Uma série de cinco volumes altamente didático. João Giló era um caçador que sai para caçar numa sexta-feira feira da Paixão. A Sexta-Feira da Paixão na época da minha infância era muito diferente da de hoje, Era um dia de jejum e penitência, não podíamos comer carne, falar palavrão, gritar ou mesmo sorrir gargalhando e nem brincar na rua. Minha mãe não podia nem varrer a casa. No rádio só tocava música clássica, Á noite seguíamos a procissão do Senhor morto, em fila indiana. Os Homens de Um lado e as mulheres do outro lado. E no centro percorria os padres e alguns fieis que levavam o esquife do Senhor morto todo ornado de manjericão. Tudo que fazíamos de errado, estávamos fazendo contra o Bosso Senhor Jesus Cristo. José Marcos Ramos
JOÃO GILÓ Era uma vez um caçador que saiu para caçar numa sextafeira da Paixão. Todo mundo falava com ele assim: - Não vá hoje, não, João Giló. Na sexta-feira da Paixão, a gente não caça. -Comigo não tem nada disso! -Respondeu João Giló. E foi. João Giló tinha um cachorro feio e magro. Quando João Giló chegou ao mato, o cachorro desapareceu. João Giló ficou sozinho, sozinho.
João Giló andou muito, virou todo o mato e não viu nada, nem um passarinho! De repente, João Giló ouviu um assobio fino. João Giló foi acompanhando o assobio e viu um galo feio, em cima de uma árvore. O galo tinha os olhos vermelhos e arregalados. O galo viu o caçador e falou: - Ai! João Giló! Atire devagar, João Giló, porque dói, dói, dói, João Giló! João Giló atirou e o galo caiu morto. João Giló foi embora com o galo para casa. Ia comê-lo assado.
Chegando a casa, João Giló começou a depenar o galo. O galo, então, começou a falar:
-Ai! João Giló! Depene devagar, João Giló, porque dói, dói, dói, João Giló! João Giló depenou o galo bem depenadinho e temperou-o, pôs o galo na panela e pôs a panela no forno bem quente. O galo, então, começou a falar assim: - Ai! João Giló! Abra a porta para eu sair, João Giló, porque dói, dói, dói, João Giló! João Giló não se incomodou. Ficou bem quieto.
De repente, João Giló começou a ouvir um barulho, vindo do forno: -zzz! zzzz! zzz! zzz! Zzz! Zzz! Zzzz! zzzz! E o galo falou: - Saia daí, João Giló! Eu vou fugir, João Giló, porque dói, dói, dói, João Giló! E a porta do forno abriu-se de repente. O galo saiu voando pela porta da cozinha afora. Atravessou a horta, atravessou a rua, atravessou a cidade e foi ficar espetado na torre da igreja. De lá o galo não saiu ainda, para castigo de João Giló...
Dedicado aos meus Netos Júlia e Miguel
19/06/2021