eu – de cabeça pra baixo Ilustrações de Biry Sarkis
Rosana Rios jujuba
Este símbolo significa copyright e quer dizer o direito que alguém tem sobre alguma coisa.
© do texto: Rosana Rios © das ilustrações: Biry Sarkis © da edição 2013: Jujuba Editora A Rosana, que é a escritora, tem o direito sobre o texto.
O Biry, que é o ilustrador, tem o direito sobre as imagens.
A Jujuba tem o direito de publicar o livro.
é Quem escreve o livro. é Quem convida a autora para fazer o livro.
Autor: Rosana Rios Ilustrador: Biry Sarkis
é Quem faz os desenhos.
Editora: Daniela Padilha Editora assistente: Áine Menassi
É quem corrige as palavras do texto.
é Quem, junto com a editora, faz o livro.
Revisora: Ana Maria Barbosa Projeto gráfico: Raquel Matsushita
é Quem coloca tudo no computador e faz o livro.
Diagramação: Juliana Freitas | Entrelinha Design é Quem ajuda a montar o livro no computador.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R453c
ISBN é um sistema internacional que identifica o livro de forma numérica, como o nosso RG.
Rios, Rosana Eu – de cabeça pra baixo / Rosana Rios; ilustrações de Biry Sarkis. – São Paulo: Jujuba, 2013. ISBN 978-85-61695-41-5 1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Sarkis, Biry. II. Título. 12-9039. 10.12.12 13.12.12
CDD: 028.5 CDU: 087.5 041427
1ª edição • São Paulo • 2013 Texto em conformidade com as novas normas da ortografia. Jujuba Editora Rua São Columba, 2 São Paulo/SP Brasil 03276-110 www.jujubaeditora.com.br | jujuba@jujubaeditora.com.br
Isto é a ficha catalográfica. sua função é conter as informações necessárias para um livro ser localizado. Os bibliotecários, por exemplo, a utilizam muito em seu trabalho para organizar os livros.
eu – de cabeça pra baixo
Rosana Rios
Ilustrações de Biry Sarkis
jujuba
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Aí todo mundo saiu. Todo mundo mesmo. Foi estranho, porque eu nunca tinha ficado sozinho em casa... Mas naquele dia as coisas aconteceram de um jeito tão diferente, tão ao contrário, tão de cabeça pra baixo! Nossa mãe não ia trabalhar, porque precisava levar a chata da minha irmã no posto de saúde pra tomar vacina. Nosso pai não ia conseguir sair mais cedo do trabalho. O implicante do meu irmão tinha provas na faculdade. Era o dia de o vô jogar xadrez no campeonato do bairro. E nenhuma das tias, primas e vizinhas, que viviam lá em casa, estava por perto. Até o Tevildo, nosso gato, tinha passado a última noite na clínica, porque se esfolou todo numa briga na rua e o veterinário disse que era melhor ele ficar lá pra tomar os remédios e não arrancar os curativos.
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E eu? Eu estava com o pé engessado, tinha me machucado no jogo de bola do domingo, e não podia nem ir pra escola, nem sair com nenhum deles. Que estranho! Todo mundo fora de casa, menos eu. Iam me deixar sozinho... Antes de sair com a chata da minha irmã (ela não parava de reclamar que não queria tomar vacina), minha mãe me disse: — Promete que não vai sair de casa, não vai se debruçar nas janelas, não vai ligar nada, nem telefonar pra ninguém, não vai mexer em nada nem pegar coisas que não são suas? Bah! Que graça tinha ficar em casa sozinho, pela primeira vez na vida, sem poder ligar as coisas, nem mexer naquilo em que eu nunca mexia? Minha mãe sabe direitinho fazer uma coisa boa ficar sem graça. Tive de prometer. E todo mundo sabe que, quando eu prometo uma coisa, faço o que prometi.
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Já disse que todo mundo saiu? Pois é. Todo mundo mesmo. E eu não podia fazer nada divertido... Nem ligar a tevê e ver os programas que eles dizem que eu sou muito novo pra ver. Nem ir fuçar no videogame do meu irmão, só pra deixar ele irritado e me vingar da mania que ele tem de me chamar de miolo mole. Nem desatarrachar as cabeças das bonecas da minha irmã, pra deixar ela apavorada. Nem brincar com as peças do jogo de xadrez do vô. Nem ligar o computador do pai. Nem telefonar pros primos que moram nos outros estados. Nem abrir o armário em que nossa mãe tranca o pote de biscoitos e a caixa de bombons... Fui pra sala arrastando o gesso. Não era muito grande, nem muito pesado, mas eu arrastei só pra deixar um caminho branco no chão. Bem feito pra eles, eu disse que não queria engessar!
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Então eu me deitei no chão, no tapete vermelho que tem no meio da sala, e comecei a pensar numa lista de coisas que podia fazer. Eu podia dormir. (Mas quem tem sono quando está sozinho em casa?) Eu podia ler um livro ou gibi. (Mas já tinha lido todos umas três vezes!) Eu podia desenhar. (Mas meu caderno de desenhos tinha desaparecido!) Eu podia... podia... podia... Podia ficar ali olhando pras paredes sem falar nada nem fazer nada nem mexer em nada. (Mas isso é o que todo mundo queria que eu fizesse!) E é muito chato fazer as coisas que todo mundo quer que a gente faça. Então, quando já estava pensando que ia passar horas sozinho sem poder fazer porcaria nenhuma... eu olhei pro teto.
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O que você faria se, de repente, o mundo ficasse de cabeça pra baixo?
ISBN 978-85-61695-41-5