Bioarquitetura em Complexo de Uso Misto - Trabalho Final de Graduação 1/3

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KOMOREBI

Bioarquitetura em Complexo de Uso Misto
Júlia

Anexo I

Prancha Sístese Caderno Digital

“Pessoas que não sustentam árvores, em breve, viverão em um mundo que não sustenta pessoas.”
- Bryce Nelson

UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL

ARQUITETURA E URBANISMO

CAMPUS CONCEIÇÃO

Júlia da Silva Mendes

Bioarquitetura em Complexo de Uso Misto

Orientadora:

Profa. Dra. Camila Mayumi Nakata Osaki

Citação:

MENDES, Júlia da Silva. Komorebi: Bioarquitetura em Complexo de Uso Misto. Disponível em: < https://issuu.com/julia_mendes/docs/ >

SÃO CAETANO DO SUL - SP 2024

Júlia da Silva Mendes

Bioarquitetura em Complexo de Uso Misto

Trabalho Final de Graduação apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul para a obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em:

Banca Examinadora

Profa. Dra. Camila Mayumi Nakata Osaki

Prof. Me. Daniela Rosselli

Prof. Dr. Walter José Ferreira Galvão

Gostaria de dedicar esse trabalho a minha família e ao Rafael. Graças a vocês, mantive a calma e paciência nesse período acadêmico. Dedico o meu maior trabalho a vocês, sem vocês eu não seria metade da mulher que sou hoje.

Dedico esse trabalho aos profissionais e instituições que buscam sempre preservar o meio ambiente e proporcionar conforto a todos nós.

Agradecer primeiramente a Deus por ter me dado forças e várias oportunidades nesse ano. A minha família por incentivo e apoio em todo meu percurso acadêmico. Ao Rafael, pelas risadas, desabafos, suporte e toda a calmaria que me trouxe para esse momento tão importante. A Bianca e Micarla que passaram esses anos acadêmicos ao meu lado. Aos escritórios e grandes arquitetos que passaram por minha jornada, com vocês eu pude ir além dos meus limites e procurar a perfeição.

A minha orientadora, Profa. Dra. Camila, por aceitar esse desafio e trazer leveza para esse período bem extenso.

Ao coordenador do curso, Enio, por ter dado todo o suporte e atendimento nesses anos acadêmicos.

O presente trabalho consiste em desenvolver um Trabalho de conclusão de curso, referente a um edifício de uso misto na Região Metropolitana de São Paulo com o intuito de qualificar a área por meio da implementação da Bioarquitetura. Com utilização de métodos e estratégias sustentáveis para um bom aproveitamento do projeto no local. Foram realizados levantamentos com diversos tipos de análises da área em questão e aquisição de referênciais teóricos que dê suporte ao desenvolvimento da proposta. Com o térreo comercial acessível, restaurantes, entretenimentos diurnos e noturnos, salas corporativas, apartamentos residênciais e fachada com jardineiras para a criação de uma camada florestal.

Palavras-Chave: edifício de uso misto; Região Metropolitana de São Paulo; Bioarquitetura; Sustentabilidade; Proposta arquitetônica.

The present work consists of developing a course conclusion work, referring to a mixed-use building in the Metropolitan Region of São Paulo with the aim of qualifying the area through the implementation of Bioarchitecture. Using sustainable methods and strategies to make good use of the project on site. Surveys were carried out with different types of analyzes of the area in question and the acquisition of theoretical references to support the development of the proposal. With an accessible commercial ground floor, restaurants, day and night entertainment, corporate rooms, residential apartments and a facade with planters to create a forest layer.

Keywords: mixed-use building; Metropolitan region of Sao Paulo; Bioarchitecture; Sustainability; Architectural proposal.

“Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira, que a Arquitetura pode mudar a vida das pessoas e que vale a pena tentar.”
- Zaha

SUMARIO

1INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização 1.2 Justificativa 1.3 Objetivos 1.4 Problema 1.5 Método

2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Contexto Global das Mudanças Climáticas 2.2 Bioarquitetura 2.3 Conforto Ambiental 2.4 Sistemas Sustentáveis 2.5 LEEDCertificação

4CONTEXTO

4.1 Localização 4.2 Público Alvo 4.3 História do Local 4.4 Legislações

5PROJETO

5.1 Komorebi 5.2 Conceito e Partido 5.3 Funcionamento 5.4 Projeto 5.5 Estratégias Bioclimáticas

6CONCLUSÃO

A Área Metropolitana de São Paulo é famosa pela sua elevada densidade populacional, complexidade na infraestrutura e desafios ambientais. Assim, a aplicação de bioarquitetura e tecnologia em construções de uso misto na área não só atende à demanda crescente por espaços habitáveis e funcionais, como também aborda questões urgentes ligadas à sustentabilidade, eficiência energética e qualidade de vida nas cidades.

A bioarquitetura, que procura harmonizar soluções arquitetônicas com o ambiente de maneira sustentável e harmoniosa, proporciona uma perspectiva inovadora para o projeto e edificação de edificações. Isso pode envolver a utilização de materiais sustentáveis, volumetria que utilize recursos naturais como luz solar e ventilação, além de integrar elementos naturais no espaço construído para fomentar a saúde e o bem-estar dos residentes.

Ademais, o emprego de tec-

nologias adicionais, tais como sistemas inteligentes de administração de energia, coleta de água pluvial e energia solar fotovoltaica, pode melhorar ainda mais a eficácia e o impacto ambiental dos edifícios de uso misto. Os sistemas de gerenciamento de energia inteligentes possibilitam a otimização do uso, ajustando automaticamente os recursos de aquecimento, iluminação e ventilação, de acordo com as demandas dos residentes e as condições climáticas. Isso não apenas aprimora a eficiência de energia, como também diminui os gastos operacionais e o efeito no meio ambiente.

A utilização de água pluvial pode ser incorporada para diminuir a necessidade de fontes de água convencionais, incentivando a reaproveitação desse recurso para fins não potáveis, como a irrigação e a limpeza. Por outro lado, a utilização de energia solar fotovoltaica possibilita que as edificações se tornem mais independentes em termos energéticos, produzindo ele-

tricidade de uma fonte renovável e abundante, diminuindo a necessidade de energia da rede elétrica e reduzindo a emissão de carbono.

A combinação dessas tecnologias com os fundamentos da bioarquitetura não apenas auxilia na elaboração de espaços mais sustentáveis e eficazes, mas também fomenta um ambiente urbano mais saudável e adequado às demandas da população atual, auxiliando na edificação de uma cidade mais resistente e com melhor qualidade de vida.

Figura 1

Problemas da Cidade com a solução de um edifício sustentável

Esquema feito pela autora.

Fonte:

1.2

A construção civil é uma área de grande relevância para o processo de desenvolvimento de uma cidade, No entanto, o setor gera impactos negativos significativos dado desde a produção de materiais até a operação das edificações pelo usuário final. No Brasil, este setor é um grande explorador de resurso naturais e um dos grandes geradores de resíduos sólidos, como mostra nos gráficos abaixo. Resultando em poluição e degradação do meio ambiente, causados pelos processos industriais e metodologias construtivas convencionais.

De acordo com a reportagem da ONU em 2020, os estudos científicos comprovam que os edifícios são responsáveis por uma par-

“...enquanto o consumo global de energia de edifícios permaneceu estável ano a ano, as emissões de CO2 relacionadas à energia aumentaram para 9,95 GtCO2 em 2019. Este aumento foi devido ao fato de a utilização direta de car-

vão, petróleo e biomassa tradicional ter sido substituída, em grande parte, pela utilização de eletricidade, que tinha um maior teor de carbono devido à alta proporção de combustíveis fósseis utilizados na geração.” (NAIROBI, 2020)

cela significativa do consumo global de energia e pela emissão de gases de efeito estufa.

Logo, projetar um edifício sustentável pode reduzir drasticamente esses impactos negativos, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a mitigação das mudanças climáticas. Pensando nisso, a bioarquitetura parte de um princípio de que é possível, viável e necessário construir edificações utilizando tecnologias contemporâneas e formas de construir pensando nos elementos climáticos, como o vento e a insolação. Assim, proporcionando uma melhor qualidade habitacional, além da estética agradável.

Para especificar e identificar os edifícios sustentáveis, utiliza-

Classe A

71.054.176,95 t 61%

Classe B

28.511.367,66 t 25%

Classe C

10.349.205,06 t 9%

Classe D

3.127.692,59 t 3%

Não Especificado

2.609.929,33 t 2%

Gráfico 1

Massa de Resíduos de construção civil gerada por classe

Fonte: Gráfico adaptado do SINIR pela autora

Aterro de Inertes

2.999.139,4 t 35%

Aterro Sanitário

2.871.573,4 t 33%

Outros

1.947.096,8 t 22%

Reciclagem

845.933,7 t 10%

Gráfico 2

Tipo de destinação adotada para os Resíduos de Construção civil

Fonte: Gráfico adaptado do SINIR pela autora

1000117953

1000149276

1000163844

1000170973

1000171092

1000171473

1000171846

1000172811

1000182142

1000182777

1000182781

1000189383

1000169963

Nome do Projeto

Passeio Paulista

Condomínio Setor Offices

Edifício Passarelli

Confidencial

Confidencial

Confidencial

Cond. Ed. Icon Faria Lima

Confidencial

Cond. Ed. Grande São Paulo

Edifício New Century

Cond. Ed. Santa Catarina

Confidencial

Subcondomínio Ed. Villa Lobos

Tabela 1

Endereço

Rua da Consolação, 1601

Av. Paulista, 2064

Rua Pais Leme, 524

Confidencial

Confidencial

Confidencial

Av. Brig. Faria Lima, 3311

Confidencial

Rua Líbero Badar, 425

R. Leopoldo C. de Magalhães Júnior, 7

Av. Paulista, 283

Confidencial

Av. Doutora Ruth Cardoso, 4777

Cidade/UF

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

São Paulo/SP

Relação de Edifícios de Uso Misto aprovados na certificação LEED

Fonte: Tabela feita pela autora com dados do site LEED.

Data do registro

15/04/2019

10/09/2021

08/11/2022

20/01/2023

24/01/2023

01/02/2023

08/02/2023

23/02/2023

19/07/2023

01/08/2023

01/08/2023

13/12/2023

22/12/2022

Certificado Sim Sim Sim Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não

Data da Certificação

09/01/2024

651 projetos não certificados pelo LEED

Gráfico 3

Edifícios Certificados em São Paulo pelo LEED. Fonte: Criado pela autora com os dados do LEED. 568 projetos certificados pelo LEED

mos o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) que é uma certificação que fornece estrutura para edifícios sustentáveis e saudáveis.

Na região metropolitana de São Paulo há baixa quantidade de edifícios de uso misto com certificação do LEED. (Ver tabela 01)

Conclui-se que, os edifícios de uso misto sustentáveis podem promover a revitalização de áreas urbanas degradadas, criando espaços vibrantes e atrativos para viver, trabalhar e socializar. Isso pode impulsionar o desenvolvimento econômico local, criar empregos e aumentar a qualidade de vida das comunidades.

Fachada do Passeio Paulista

Fonte: < https://spcorporate.com.br/imoveis/passeiopaulista>

Fachada do Cond. Ed. Icon Faria Lima

Fonte: < https://spcorporate.com.br/imoveis/iconfaria-lima>

Figura 2
Figura 3

1.3OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Desenvolver um projeto de edifício habitacional multifuncional visando integrar tecnologias sustentáveis e princípios de bioarquitetura para garantir eficiência energética, redução do impacto ambiental e melhoria da qualidade de vida dos ocupantes, além de promover a interação positiva com o entorno urbano.

Objetivos Específicos:

» Eficiência Energética: Incorporar estratégias de projeto que minimizem o consumo de energia e captação de água da chuva, utilizando fontes renováveis sempre que possível, como energia solar, e promovendo a eficiência no uso de recursos energéticos.

» Sustentabilidade: Garantir qualidade do ar e conforto térmico por meio de ventilação natural cruzada, cores que diminuem a absorção do calor e utilização de uma camada externa de Vegetação, promovendo assim um ambiente interno saudável e mais emissão de Oxigênio para a Cidade.

1.4PROBLEMA

A área da Liberdade, localizada em São Paulo, é uma das mais ricas cultural e historicamente, sobressaindo-se pela sua variedade arquitetônica e intensa atividade. O bairro é reconhecido como um polo de interação multicultural, apresentando uma combinação de comércio, moradias e locais de cultura. A proximidade com áreas relevantes para a população, como hospitais e escolas, faz com que a área se torne ainda mais vibrante e estratégica. Ademais, o Centro Cultural de São Paulo, situado nas proximidades, proporciona à região um forte apelo cultural e um grande potencial para a criação de projetos inovadores.

O local selecionado para o projeto, não possui questões ambientais sérias, como poluição do solo. No entanto, os obstáculos naturais, tais como o relevo e a vizinhança, são elementos fundamentais a serem levados em conta no planejamento. O terreno abrange uma grande área de vegetação e sem uso, apresentando um de-

clive acentuado que se inicia no ponto médio da área. Isso restringe as possibilidades de utilização do espaço, particularmente quando se leva em conta a elaboração de um projeto de grande porte. A limitação da largura do terreno resulta em um uso mais eficaz do comprimento e das peculiaridades do relevo para assegurar a funcionalidade do local.

Ao conceber um complexo de uso misto, o projeto deve combinar atividades comerciais, empresariais e residenciais, com a possibilidade de abranger outros segmentos, como um hotel ou centros de convenções. A combinação dessas funções em um único ambiente requer uma estratégia meticulosa e inovadora, permitindo que as diversas atividades coexistam de maneira harmoniosa. A eficácia e a sustentabilidade do projeto são cruciais, particularmente devido à proximidade com o Centro Cultural de São Paulo. Isso impacta na criação de um ambiente contemporâneo e de baixo impacto ambiental,

com soluções que promovam o uso consciente dos recursos.

O principal obstáculo do terreno é o seu acesso complicado, que representa um grande obstáculo para o trânsito de pessoas. O íngreme declive complica o trânsito e, além disso, um muro barra o acesso direto à Avenida 23 de Maio, uma das vias mais movimentadas da área. Isso provoca um bloqueio no trânsito de pedestres, forçando-os a usar rotas impróprias, como áreas de gramado e terrenos não pavimentados, para alcançar a Rua Vergueiro. É crucial encontrar uma solução para este problema de acessibilidade para assegurar a funcionalidade e atratividade do projeto, que deve oferecer um acesso seguro e eficaz para pedestres, veículos e ciclistas.

O objeto de estudo é o desenvolvimento de um projeto para um edifício de Uso Misto utilizando-se de práticas e estratégias bioconstrutivas. A abordagem é qualitativa analisando estratégias de sistemas sustentáveis trazendo uma construção autossustentáveis.

A princípio se realizou uma pesquisa afim de promover a fundamentação teórica para embasamento referente à temática, abordando conceitos a respeito da bioarquitetura e sua relevância.

Por meio de dados fornecidos por livros e artigos relacionados ao tema, foi possível observar a quantidade e a necessidade do tema.

Também, por meio de estudos de casos, foi identificado diferentes formas de implementação dos tipos de técnicas e estratégias de conforto e estruturais. Observando o comportamento proveniente das vegetações com o entorno.

Posteriormente a revisão teórica, é definida a localidade para o desenvolvimento do projeto. Para

definição da localidade e consequentemente do terreno, é indispensável a definição e adoção de alguns critérios, com o intuito de justificar a escolha dos materiais, estratégias e tipologia do projeto, assim, torna-se necessário: A presença de fluxos de pedestres e de automóveis na região; A presença de elementos hídricos e/ou vegetações nas proximidades; Relação de empreendimentos ao redor.

Definida a área para a implementação para a proposta de projeto, se realiza então, uma análise detalhada do terreno e de seu entorno, com o intuito de caracterizar as condicionantes ali presentes, assim, se materializa as informações por meio de mapas, infográficos, tabelas e gráficos. Possibilitando a descrição dos dados obtidos a respeito das especificidades da localidade; possibilitando, uma série de tomadas de decisões quanto às possíveis estratégias adotadas, resultando na resolução de uma proposta arquitetônica obtida através de materiais e estratégias que proporciona sustentabilidade.

1

Pesquisa

Pesquisa inicial sobre o tema

Pesquisa aprofundada sobre o tema

2

Estudos de casos

3

Local

Soluções Sustentáveis

Formas Volumétricas

Estrutura

Diagnóstico do Local Legislações

4

Projeto

Programa de Necessidades

Desenhos Técnicos

Soluções Sustentáveis

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONTEXTO GLOBAL

As mudanças climáticas são um dos maiores desafios globais, e a construção civil é um dos principais setores responsáveis pelos impactos ambientais, desde a construção até a manutenção dos edifícios.

Como é visto na linha do tempo abaixo, desde 1972, o pensamento sobre o meio ambiente tem sido integrado aos esforços globais, levando a acordos e mo-

1ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente

vimentos para reduzir os impactos, incluindo a adoção de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos e o uso de vegetação para reduzir a poluição do ar. No entanto, o crescimento urbano representa um grande desafio, já que mais da metade da população mundial vive em cidades, e a construção dessas áreas resultará em metade das emissões de carbono permitidas para atingir a meta glo-

Realizada em Estocolmo, na Suécia. 1972 1985 1988 1992

Criação do Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima), o IPCC.

Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio.

2ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a Rio 92. Nessa oportunidade, foi assinada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e a Convenção sobre a Diversidade Biológica.

bal de limitar o aumento da temperatura a 2°C até 2100.

No entanto, essa situação foi acumulada por meio de anos, décadas de civilização. A história é importante porque desde o início da revolução industrial, o aquecimento de 1,5°C foi diretamente relacionado à quantidade total de dióxido de carbono (CO2) emitido.

As emissões históricas de CO2 de 1850 a 2021 foi atualizada pela

Assinatura do Protocolo de Kyoto

A qual os países desenvolvidos, se comprometeram a reduzir suas emissões totais de gases de efeito estufa a, no mínimo, 5% abaixo dos níveis de 1990, também chamado de primeiro período de compromisso.

CarbonBrief em 2021.

As emissões de CO2, resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis, têm uma relação direta com o aumento da temperatura global. Desde a Revolução Industrial, as emissões acumuladas têm contribuído para o aquecimento global. Entre os países com maior responsabilidade histórica, destacam-se os EUA (20% das emissões globais desde 1850),

Acordo de Paris

Objetivo principal de limitar o aumento da temperatura do planeta em 1,5°C até o final do século 21. O compromisso foi aprovado por 195 países para redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs)

Entrada em vigor do Protocolo de Kyoto

A primeira etapa do Protocolo ocorreu entre 2008 e 2012, ano em que os países decidiram estendê-lo até 2020, quando será passará a viger novo compromisso de corte de emissões. Publicado o 1º Inventário de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Município de São Paulo, tendo 2003 como ano base.

seguidos pela China (11%), Rússia (7%), Brasil (5%) e Indonésia (4%). (CARBOBRIEF, 2021)

O aumento das emissões de CO2 nas últimas décadas está principalmente ligado ao uso de combustíveis fósseis, com a China superando os EUA desde 2000, sendo agora o maior emissor anual de CO2, com cerca de um quarto das emissões globais. O Brasil, por sua vez, continua entre os dez maiores

Início dos trabalhos de elaboração do 3º Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa do Município de São Paulo.

Ratificado por 185 países membros das Nações Unidas, Acordo de Paris. Estabeleceu o compromisso dos governos nacionais em restringir o aumento da temperatura global média abaixo dos 2°C, em relação aos níveis pré-industriais, e para continuar os esforços para limitar esse o aumento a um máximo de 1,5°C.

emissores devido à desflorestação.

As emissões de CO2 acumuladas ao longo do tempo são diretamente responsáveis pelo aquecimento atual, com os países desenvolvidos tendo uma grande participação histórica nas emissões. (CARBOBRIEF, 2021)

A mudança no uso da terra, como a desflorestação, tem sido um dos principais contribuintes para as emissões de CO2, sendo responsável por um terço das emissões históricas, com os dois terços restantes provenientes da queima de combustíveis fósseis. A contabi-

Gráfico 3

As emissões de CO2 de combustíveis fósseis aumentaram dramaticamente desde 1950. Fonte: Traduzido pela autora do Globo Carbon Project, < https://www.carbonbrief.org/analysis-which-countriesare-historically-responsible-for-climate-change/>

lidade das emissões também pode variar dependendo de como são atribuídas as responsabilidades (por exemplo, pela produção ou pelo consumo). (CARBOBRIEF, 2021) Nos últimos anos, as emissões de CO2 provenientes do uso de combustíveis fósseis e do uso da terra têm aumentado. (Gráfico 3).

Um terço do total acumulado foi causado por mudanças no uso da terra e na silvicultura, com os dois terços restantes provenientes de combustíveis fósseis e cimento. (CARBOBRIEF, 2021)

No entanto, embora a queima de combustíveis fósseis, atualmente, cause a maioria das emissões de CO2, a atividade humana, como a desflorestação, também contribuiu significativamente para o total acumulado.

O gráfico 4, mostra claramente que o último par está entre os dez primeiros, principalmente por causa de suas emissões de desflorestação. Isso ocorre apesar dos totais relativamente baixos de combustíveis fósseis.

Os dez maiores contribuintes para as emissões históricas são o Japão com 2,7% e o Canadá com 2,6%. Se fossem vistas como uma “nação”, as emissões de transporte internacional da aviação e do mar, que são quase sempre excluí-

das dos inventários e metas nacionais, ficariam em 11º lugar na lista. (CARBOBRIEF, 2021)

Nas discussões sobre o clima, um argumento comum é que, embora algumas nações tenham diminuído as emissões territoriais a

Gráfico 4

Os países com as maiores emissões cumulativas 1850-2021

Fonte: Traduzido pela autora do Globo Carbon Project, < https://www.carbonbrief.org/analysis-which-countriesare-historically-responsible-for-climate-change/>

nível interno, ainda dependem de produtos com alto teor de carbono importados do exterior.

As contas de emissões baseadas no consumo tendendo a reduzir o total para os principais exportadores, como a China, atribuem total responsabilidade aqueles que utilizam produtos e serviços prestados com energia fóssil.

No Gráfico 5 mostra como o impacto do CO2 comercializado nas emissões cumulativas dos países pode ser examinado. As barras cinzentas e vermelhas mostram as emissões cumulativas do país em uma base territorial, com as partes cinzentas claras indicando as emissões de CO2 relacionadas às exportações e as partes vermelhas indicando as emissões de bens e serviços importados.

No que diz respeito às emissões de consumo cumulativas, é notável que os 19 países que ocupam o primeiro lugar na classificação sejam idênticos em termos de território, e nenhum dos 10 países que ocupam o segundo lugar muda de

Fóssil Terra

posição. Apesar disso, a pegada de CO2 de alguns países é agora muito maior do que o seu território total.

Embora o uso de contas de emissões baseadas no consumo não altere as classificações principais, a mudança aumenta a quota de responsabilidade das nações ricas.

mulados do Brasil e da Indonésia quase não mudam.

Note-se que a contagem do consumo aqui utilizada inclui apenas o CO2 de combustíveis fósseis e cimento, portanto, os totais acu-

Gráfico 5

Os 20 maiores contribuintes para as emissões cumulativas de CO2 com base no consumo 1850-2021. Fonte: Traduzido pela autora do Globo Carbon Project, < https://www.carbonbrief.org/analysis-which-countries-arehistorically-responsible-for-climate-change/>

O Orçamento Global de Carbono estima que as emissões provenientes do uso do solo serão de 4,1 GtCO2 em 2023, uma queda de cerca de 5% em relação a 2022 e continuando uma pequena tendência decrescente ao longo das últimas duas décadas. No entanto, apesar da diminuição das emissões provenientes da desflorestação provenientes do uso do solo, estas continuam a ser substancialmente superiores às remoções de CO2 resultantes de projetos de reflorestação e florestação intencionais.

O Projecto Global de Carbono fornece uma base de dados de emissões provenientes do uso do solo por país. No gráfico 6 destaca os quatro países com as maiores emissões provenientes do uso do solo em 2022.

Nas últimas duas décadas, a diminuição das taxas de desmatamento em países como o Brasil e o pequeno aumento das remoções

Emissões Acumulativas CO2 importado CO2 exportado
Bilhões de toneladas de CO2

de CO2 de projetos de reflorestamento e florestamento contribuíram para a diminuição das emissões globais provenientes do uso do solo. Mas ainda há muito a ser feito para mitigar essas emissões.

Mas essas estimativas não estão certas – os investigadores

acreditavam que as emissões do uso do solo tinham aumentado até 2020 – e os autores do Orçamento Global de Carbono recomendam que as tendências a longo prazo devem ser consideradas com cuidado.

Em 2023, as emissões globais

Gráfico 6

Emissões Globais de CO² decorrentes de mudanças do uso da terra por região, 1959 - 2022 Fonte: Traduzido pela autora do Globo Carbon Project, <https://www.carbonbrief.org/analysis-growth-ofchinese-fossil-co2-emissions-drives-new-global-record-in-2023/> Brasil Indonésia Congo, D.R China

de CO2 aumentaram cerca de 1,1%, com a China e a Índia sendo os principais responsáveis por esse crescimento. Apesar disso, a União Europeia e os Estados Unidos têm registrado quedas nas suas emissões, devido à transição para fontes de energia renováveis e maior eficiência energética. (CARBOBRIEF, 2021)

Em resumo, as mudanças climáticas são um problema global complexo, com a construção civil e as emissões de CO2 sendo fatores-chave para o aquecimento global. As responsabilidades históricas, as mudanças no uso do solo e as emissões de combustíveis fósseis precisam ser abordadas para reduzir os impactos ambientais e limitar o aquecimento global a níveis seguros.

Resto do Mundo

Na história da civilização, todas as edificações eram construídas com o material que havia naquela região. Isso fazia parte das suas culturas e tradições. A arquitetura que usava os materiais do local começou a mudar, a civilização começou a evoluir para a chamada arquitetura “global”, que até hoje é muito utilizado. A famosa arquitetura de concreto, só que massivamente. (ANTÍPODAS, 2020)

Assim surge a civilização que cada vez mais não se preocupa com saberes tradicionais e cria repetição de habitações sem levar em conta o clima, a umidade e materiais locais. Sendo assim, a utilização de ar condicionado e outras tecnologias foram o que mais usaram nessas edificações. (ANTÍPODAS, 2020)

Porém, essa padronização vai muito além da arquitetura, veio da globalização socioeconômica., do mercado de consumo, que é um método de vida afastado de nossas origens. (ANTÍPODAS, 2020)

Em 1960, começa os questionamentos da relação casa e meio ambiente. Com o intuito de que o abrigo construído pelo ser humano seja encarado como parte do meio ambiente onde está inserido.

Duas décadas mais tarde, Johan Van Lengen, cunhou o termo “bioarquitetura” que nada mais é do que o resgate das técnicas arquitetônicas tradicionais para a nossa realidade. Começou a ser empregado por arquitetos europeus e norte-americanos, preocupados em diminuir os efeitos negativos gerados pela indústria da construção civil, que ainda hoje é uma das maiores poluidoras do planeta.

Inicialmente foi determinado que vegetação e materiais ecológicos como: terra, pedra, areia, argila, fibras naturais (palha, sisais, juncos) e cimento queimado. São o que definia Bioarquitetura.

“De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 85% da população mundial estará morando em grandes

cidades até 2027, o que altera toda a dinâmica urbana, uma vez que já existe um déficit habitacional e submoradias, proporcionando reflexos sociais e ambientais. Para melhorar esse cenário, surgem novas tecnologias e maneiras de construir. Um dos conceitos que a arquitetura tem utilizado para lidar com essas situações, é a bioarquitetura.”

Sendo que a Bioarquitetura não se rejeita o cimento; pelo contrário, se reconhece sua eficiência e praticidade, mas não encara esse material como única solução possível para a construção; até porque a construção com terra, por exemplo, já foi testada e aprovada há milênios, enquanto o cimento tem 150 anos de uso. (ANTÍPODAS, 2020)

Figura 4

Imagem da Igreja São Francisco de Assis em Ouro Preto/MG

Fonte: <https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-sao-francisco-de-assis-206-5816-l.html>

No Brasil, as igrejas erguidas no período colonial e imperial são em sua maioria feitas de taipa de pilão (técnica de contrução com terra), como a igreja de São Francisco de Assis, na cidade histórica de Ouro Preto-MG. Um exemplo de bioarquitetura atual no Brasil pelo arquiteto Michek Habib Ghattas. (ANTÍPODAS, 2020) Ver Figura 4

Já o cimento, de uma forma simplificada, junção de gesso, árgila e calcário. Sua produção traz impactos muito fortes ao meio ambiente, pois requer rochas específicas, áreas grandes de mineração, alta quantidade de energia que acaba sendo lançado grande quantidade de gases à atmosfera. Por isso, o ideal é deixá-lo como um material parcial.

E observando bem, o material que temos em abundância é a terra. Uma das técnicas é utilizando adobes, que é parecido com tijolo porém não usam quantidade de energia. (ANTÍPODAS, 2020)

O termo adobe vem do Egito antigo e significa “pé, mão, pão”

nos hieróglifos; ele é totalmente natural: sua composição básica é terra e água, mas pode-se adicionar areia, esterco de animais herbívoros ou palha, dependendo da qualidade desejada e finalidade dos adobes. (ANTÍPODAS, 2020) (Figura 5)

Hoje em dia, a Bioarquitetura vai muito além, ela esta baseada na climatização local trazendo conforto para os usuários e, também, para a cidade. Essa iniciativa é capaz de reduzir o consumo energético com a climatização artificial, gerando

Figura 5

Imagem de um Adobe Fonte: <https://www.pensamentoverde.com.br/arquitetura-verde/vantagens-desvantagens-tijolo-adobe/>

menos gastos excessivos tanto financeiramente quanto ecológicamente.

Bioarquitetura traz a ideia de projetos autossutentáveis, com utilização de sistemas de iluminação e ventilação natural que contribuem para dispensar ou diminuir a necessidade de energia elétrica.

Com o sistema de ventilação natural torna o ambiente interno mais salubre a confortável, sendo que na utilização de portas e janelas em paredes opostas conseguimos a chamada ventilação natural cruzada. Que permite a circulação constante de ventilação.

Além disso, sistemas de iluminação natural também são abordados na Bioarquitetura, já que trazem imensuráveis benefícios.

Também utilização de materiais de uso contídiano, como pasta de dente pode ser reciclavél e utilizada em sistemas de estrutura e cobertura de uma habitação.

Em construção civil, a implementação desse conceito acaba diminuindo o valor da obra. Sem

contar o valor da mão de obra, já que precisaria ser especializada, o valor que será gasto na obra será retornado com alguns anos de uso da construção. Sem contar os grandes benefícios que trará para a cidade.

Logo, podemos concluir que a Bioarquitetura aborda sustentabilidade, conforto ambiental e a procura de uma arquitetura renovável. (Figura 6)

Sustentabilidade

Figura 6
Tríplice da Bioarquitetura
Fonte: Esquema feito pela autora.
Bioarquitetura
Conforto
Ambiental
Arquitetura
Renovável

É um termo que descreve um estado de satisfação do ser humano em um determinado espaço. Estar em conforto ambiental significa que o espaço proporciona boas condições psicológicas, higrotérmicas, acústicas, visuais, de qualidade do ar e ergonômicas para a realização de uma tarefa humana, seja de lazer, trabalho, descanso ou estudo. Na arquitetura, uma das principais diretrizes do projeto é prever espaços e edificações com condições satisfatórias para o conforto ambiental, ou seja, que permitam a melhor relação do homem com o espaço.

Dentre os diversos aspectos do conforto ambiental, tem-se como requisitos físicos do espaço aqueles que estão ligados ao conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto visual, qualidade do ar e ergonomia. Além disso, há uma busca subjetiva de conforto pelo homem em relação ao espaço, ao qual chama-se conforto psicológico.

2.3.1 Conforto Térmico O conforto térmico é definido como uma condição mental que expressa satisfação com o ambiente térmico circunjacente. Ter conforto térmico significa que uma pessoa usando uma quantidade normal de roupas não sinta nem frio nem calor excessivo.

2.3.1.1 Função da Arquitetura em relação ao Conforto Térmico

A função da arquitetura em relação ao conforto térmico é projetar espaços que proporcionem condições ambientais ideais para os ocupantes, levando em consideração fatores como temperatura, umidade, ventilação e radiação solar. Isso envolve a utilização de técnicas de design passivo, como a orientação do edifício em relação ao sol, o uso de materiais de construção adequados e a incorporação de elementos naturais de resfriamento e aquecimento, como sombreamento e ventilação cruzada.

Além disso, a arquitetura tam-

bém pode incorporar tecnologias ativas, como sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (HVAC), para controlar e regular o ambiente interno conforme necessário. No entanto, o objetivo é sempre minimizar o consumo de energia e maximizar o conforto dos ocupantes de forma sustentável. Em resumo, a arquitetura desempenha um papel fundamental na criação de espaços habitáveis que promovem o conforto térmico dos usuários.

2.3.1.2 Fatores climáticos que interferem significativamente na variação de temperatura

A variação da temperatura é influenciada por fatores naturais como a localização geográfica em relação ao Equador, a altitude, a proximidade de fontes de água, os ventos e a topografia do terreno. Áreas próximas ao Equador apresentam temperaturas mais elevadas, enquanto regiões mais distantes apresentam temperaturas mais baixas. A temperatura é afetada

pela altitude, sendo as temperaturas mais baixas em altitudes elevadas. Regiões perto de grandes volumes de água apresentam temperaturas mais amenas. Os ventos têm a capacidade de levar calor, influenciando a temperatura local, e a forma do terreno, como montanhas e vales, pode gerar variações de temperatura. A flora também afeta a temperatura e a umidade do ambiente.

2.3.1.3 Edifícios em cidades de clima quente e úmido

É essencial minimizar a exposição direta ao sol durante os períodos mais quentes do dia, reduzindo as fachadas expostas ao sol e protegendo as áreas externas com elementos de sombreamento, como beirais, brises-soleil e vegetação. Desde que não seja obstáculo para ventilação.

A ventilação natural desempenha um papel importante na promoção do resfriamento passivo. Edifícios devem ser projetados com aberturas estrategicamente posi-

cionadas, como janelas operáveis e claraboias, para permitir a entrada de ar fresco e a saída de ar quente, facilitando a circulação natural do ar.

A gestão sustentável da água também é importante em climas quentes e úmidos. Estratégias como a coleta e reutilização de água da chuva, o uso de paisagismo adaptado à região e a permeabilização do solo ajudam a reduzir o impacto das chuvas intensas e a promover a conservação dos recursos hídricos.

2.3.2 Zoneamento Bioclimático

O Zoneamento Bioclimático do Brasil é um componente da NBR 15220-3, um padrão que define um zoneamento bioclimático para a nação. Desde 2005, a norma entrou em vigor e dividiu o Brasil em oito zonas climáticas. É fundamentado em informações meteorológicas recolhidas entre 1931 e 1990, categorizadas através da Carta Bioclimática de Givoni. A norma fornece sugestões para cada área,

tais como táticas de controle térmico passivo para moradias de interesse social.

Dividido em zonas, podemos ver na Figura 7 que a Zona de São Paulo é a Z3.

Na norma, diz que as aberturas para ventilação são de tamanhos médios e os Sombreamento das aberturas deve permitir o sol durante o inverno. Também defini os tipos de vedações externas em paredes - Leves refletoras - e Coberturas - Leves Isoladas.

Além disso, também determina algumas estratégias de condicionamento térmico passivo. Sendo na estação Verão - Ventilação Cruzada - na estação InvernoAquecimento solar da edificação e vedações internas pesadas.

2.3.3 Ventilação Natural

O movimento do ar vem por meio da subida de ar quente e pela diminuição do ar frio. Conforme o ar acima da terra fica mais quente, ele sobe e cria uma área de baixa pressão. Ao continuar a subir, o ar esfria e se move em direção às superfícies da água, onde cai e configura uma área de alta pressão, empurrando o ar frio para a terra. Esse movimento é responsável pela criação do vento.

Uma ventilação natural proporciona a renovação de ar constante, promove a desconcentração de vapores, fumaças e poeira, e, a dissipação de calor interno.

minada por três fatores:

1. O tamanho e a localização das aberturas de entrada do ar na parede;

2. O tipo e a configuração das aberturas usadas;

3. A localização de outros componentes arquitetônicos nas proximidades das aberturas, tais como divisórias internas e painéis verticais ou horizontais adjacentes a elas.

Podemos identificar que há fluxo de ar mais tenso em uns ambientes e outros mais fracos. Isso acontece pois na hora da produção do projeto foi pensado em ambientes com uma permanência mais sejam beneficiadas de um fluxo maior de ar.

O primeiro fator é o mais importante, de acordo com Bowen.

O tamanho e a localização das aberturas são os principais fatores determinando para um bom fluxo de ar no interior da construção.

(Figura 8)

Zoneamento bioclimático brasileiro Fonte: ABNT NBR 15220-3, 1ª ed. pg. 8, 2020.

De acordo com Bowen, a configuração do fluxo de ar no interior de uma construção é deter-

E para maiores taxas de ventilação são obtidas quando as Figura 7

aberturas são localizadas no sotavento (saída de vento) são maiores que as barlavento (entrada de vento), sendo que as aberturas precisam ser de paredes opostas.

Figura 8

Esquema com os efeitos da localização das aberturas em paredes adjacentes Fonte: Givani, 1976.

2.3.4 Conforto Lumínico

O conforto lumínico refere-se à qualidade da iluminação em um espaço, considerando fatores como intensidade, distribuição, temperatura de cor e impacto no bem-estar visual. Ele busca garantir uma iluminação adequada e agradável, sem causar desconforto, fadiga ou outros efeitos negativos. Elementos como reflexos, sombras e ofuscamento também influenciam a percepção visual e o conforto. Em

projetos de iluminação natural, é essencial uma boa distribuição da luz, ausência de ofuscamento, contrastes apropriados e uma direção de sombra adequada. (Figura 9)

“O

aproveitamento da luz natural proporciona a oportunidade ímpar

tanto de reduzir o consumo de energia elétrica, como melhorar o conforto e desempenho da tarefa visual.” (VERGARA, 2020, p.4)

Figura 9

Esquemas de simulação de luz natural. Fonte: Traduzido pela autora do site <https:// engineeringdiscoveries.com/orientation-of-buildingwith-sun-purpose-and-factor-affecting/>

2.3.5 Conclusão

O Conforto Ambiental aborda três grandes grupos: Térmico, Lumínico e Acústico. Neles entendemos como o corpo se comporta em um ambiente e procuramos soluções para os problemas que trazem quando não temos conforto. Pensando nisso, temos um esquema das diretrizes da Bioarquitetura (Figura 10). Onde a eficiência, vegetação, gestão e matérias-primas sustentáveis são os pontos primordiais para trazer conforto ambiental.

Preferência por Matérias-Primas 4Rs

Controle e gestão da emissão de resíduos.

Conforto Ambiental

Sistemas para aproveitamento de águas Vegetação abundante

Uso de Energias

Renováveis

Eficiência e redução de desperdícios

Figura 10

Esquema de diretrizes da Bioarquitetura. Fonte: Esquema feito pela autora.

SISTEMAS SUSTENTÁVEIS 2.4

2.4.1 Sistemas de Ventilação

A ventilação, seja ela mecânica, natural ou combinada, é essencial para assegurar o conforto e a qualidade do ar. Com o aumento da consciência ecológica, alternativas passivas, como a ventilação natural, estão substituindo sistemas de climatização automatizados, com o objetivo de diminuir o uso de energia e a emissão de carbono. No livro (BARBER, Daniel

A., Modern Architecture and Climate: Design before Air Conditioning, 2020) investiga o uso de estratégias climáticas e adaptabilidade regional por arquitetos do século XX em suas obras. (Figura 11)

2.4.1.1 Tipos de Sistemas de Ventilação

A ventilação natural é a utilização de sistemas ecológicos, que não requerem soluções automatizadas ou mecânicas. Além de ser ecológica, a ventilação natural também é mais econômica e depende de fatores externos naturais, como o vento e a temperatura do espaço interior e arredores.

Figura 12

Esquema em planta e corte da ventilação cruzada

2.4.1.1.1 Ventilação Cruzada

Figura 11

Campos interligados do equilíbrio climático

Fonte: Criada pela autora com base do site Archdaily

Fonte: < https://www.projetou.com.br/posts/ ventilacao-cruzada/> A ventilação cruzada é quando as aberturas em um volume são dispostas em paredes opostas ou adjacentes, permitindo que o ar entre por ambos os lados, atravesse o espaço e saia na direção oposta. Este sistema é normalmente

utilizado em edifícios localizados em zonas climáticas com temperaturas mais elevadas, pois o efeito cria uma renovação constante do ar no interior do edifício, reduzindo a temperatura interna.

2.4.1.1.2 Efeito Chaminé

Em edifícios verticais, o efeito chaminé é utilizado para permitir a circulação de ar. O ar frio cria pressão sobre o ar quente, forçando-o a subir, e as aberturas no centro ou nas torres do edifício permitem que o ar circule internamente, saindo pelo telhado, clerestórios ou exaustores de vento.

Figura 13

Corte Esquemático do Efeito Chaminé

Fonte: < https://www.archdaily.com.br/br/964055/ ventilacao-natural-e-seu-uso-em-diferentes-contex tos/60d1d2b6f91c81fa7e0000b5-back-to-basicsnatural-ventilation-and-its-use-in-different-contexts-image>

2.4.2 Sistemas de vegetação em edifícios

Nos dias de hoje, estão cada vez mais utilizando sistemas para entregar vegetação na fachada do edifício.

A vegetação traz para o edifício beleza e conforto. Com esses sistemas temos uma camada que interrompe ruídos externos, cria biodiversidade, ajuda na ventilação e produz sombras para a fachada. Deixando o edifício “fresco” em períodos mais quentes. Além de outros fatores importantes.

2.4.2.1 Jardins Suspensos

Muitas vezes, são construídos para incorporar vegetação em níveis elevados, colocada em plataformas ou estruturas suspensas nas fachadas dos edifícios. Eles vão desde pequenos jardins suspensos em varandas até instalações grandes em arranha-céus. Porém, se utilizando jardineiras no sistema, precisa-se de um sistema de irrigação e fertilização. Além disso, a dimensão é muito im-

portante, sendo considerado 60 centímetros de profundidade e 50 de largura.

2.4.2.2.1 Sistemas de Irrigação Integrados

Os jardins suspensos geralmente utilizam sistemas de irrigação automatizados, como gotejadores, mangueiras ou nebulizadores, para fornecer água e nutrientes adequados às plantas, conforme suas necessidades e o ambiente.

2.4.2.3 Telhado verde

O telhado ecológico, também chamado de eco telhado ou cobertura vegetal, permite o crescimento de plantas em edificações, oferecendo benefícios estéticos, ecológicos e arquitetônicos. Ele absorve água da chuva para irrigação, contribui para o escoamento das águas pluviais, promove biodiversidade, atua como isolante térmico, reduz ruídos e minimiza as ilhas de calor, proporcionando um ambiente mais arejado.

2.5 LEED - CERTIFICAÇÃO

LEED ou Leadership in Energy and Environmental Design, traduzindo para o português brasileiro Liderança em Energia e Design Ambiental. É um sistema internacional de certificação ambiental para edificações, visando promover mudanças nos projetos, obras e operações com foco na sustentabilidade. A certifcação possui 4 tipologias:

• Building Design + Construction

• Interior Design + Construction

• Operation & Maintenance

O LEED para interiores (LEED ID+C) permite que as equipes de projeto, que não possuem controle sobre todas as operações de construção, construam espaços internos que sejam melhores para as pessoas e para o planeta. São para áreas como: varejo, hospedagem e negócios internos.

2.4.3 Operation & Maintenance

2.4.1 Building Design + Construction

• Neighborhood O LEED para Construções Novas e Reformas de Grande Escala (LEED BD+C) analisa planos e projetos de construções sustentáveis antes de serem iniciados ou reformados. Ele se aplica a escolas, estabelecimentos comerciais, hotéis, centros de dados, depósitos, centros de distribuição e edifícios de saúde, abrangendo tanto Novas Construções quanto Core & Shell.

2.4.2 Interior Design + Construction

O LEED de Operação e Manutenção (O+M) é voltado para edificações já existentes, dando prioridade à eficácia das operações e à sustentabilidade ao longo do tempo. Aplica-se a edificações em funcionamento e ocupadas há pelo menos um ano. O LEED O+M contribui para a restauração e aprimoramento de edificações históricas, incentivando o desempenho sustentável. Ao invés de demolir e reconstruir edifícios, o LEED O+M proporciona uma opção mais sustentável, focada na eficiência operacional. Ele é classificado como Edifícios Atuais e Interiores Atuais.

2.4.4 Neighborhood

O programa LEED para Desenvolvimento de Bairros (LEED ND) foi desenvolvido para inspirar e apoiar o desenvolvimento de bairros melhores, mais sustentáveis e mais conectados. Considera comunidades inteiras e vai além da escala dos edifícios. Ele pertence à categoria de planejamento, que inclui o planejamento do bairro e o projeto construído.

Figura 14

Logos de cada Tipologia do LEED.

Fonte: < https://www.gbcbrasil.org.br/wp-content/ uploads/2017/09/Compreenda-o-LEED-1.pdf>

2.4.5 Avaliação

Esta certificação é válida para todos os edifícios e pode ser aplicada a qualquer momento durante a construção. Os projetos que buscam certificação LEED passarão por uma avaliação em oito dimensões, como na Figura 15.

Figura 15

Áreas que o LEED avalia.

Fonte: < https://www.gbcbrasil.org.br/wp-content/ uploads/2017/09/Compreenda-o-LEED-1.pdf>

Todas possuem pré-requisitos, que são práticas obrigatórias, e créditos, que, quando atendidos, garantem pontos para a construção. O nível de certificação é determinado pelo número de pontos, que pode variar de 40 a 110. Certificado, Prata, Ouro e Platinum são os quatro níveis disponíveis.

2.4.6 Benefícios

A adoção do LEED oferece vantagens que promovem uma construção e operação de edifícios mais sustentável, melhorando a inclusão social, segurança e saúde de trabalhadores e ocupantes. Ela aumenta a conscientização sobre questões ambientais, resultando em maior produtividade, desempenho escolar, recuperação de pacientes e desejo de compras. Incentiva também fornecedores com responsabilidade socioambiental e melhora a satisfação dos moradores de edifícios certificados. Outras vantagens incluem redução de custos operacionais, valorização do imóvel e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O LEED promove o uso de materiais e tecnologias de baixo impacto e estratégias bioclimáticas, como captação de água da chuva e energia solar, ventilação natural e telhados verdes. A proposta segue as diretrizes da Bioarquitetura, com foco na sustentabilidade e eficiência energética.

3ESTUDOS DE CASO

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