Revista Lina

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ano 1 - edição 001 - out. 2015 Todos os direitos reservados - BRL - R$:11,90 EUR: $: 2,75

especial

LINA BO BARDI

100 anos


Trabalho realizado por Gabriel Lima Garcia, sexto semestre, para a disciplina de Arte e Finalização do curso de Arquitetura e Urbanismo


SOBRE A REVISTA

Esta revista tem como finalidade apresentar o desenvolvimento de trabalhos executados durante o sexto semestre do curso de arquitetura e urbanismo do centro universitário Senac. Em síntese, o projeto de arte e finalização propõe a busca de uma unidade de apresentação de produtos que poderão ser desenvolvidos nos próximos trabalhos, no que inclui a diagramação de pranchas e revistas, além da criação de uma identidade pessoal. Nas páginas a seguir, encontraremos uma pesquisa realizada sobre um determinado arquiteto, e sobre sua obra. Neste caso, optamos pela arquiteta Lina Bo Bardi e pelo seu projeto, Sesc Fábrica Pompéia. Após isto, encontraremos a identidade pessoal em forma de logo e em seguida encontramos uma identidade para um suposto grupo. São apresentados, também, as pranchas do projeto de Arquitetura deste semestre, que tem como objetivo a concepção de um anexo ao atual prédio do IPHAN, Localizado na Av. Angélica em São Paulo. Aqui, os alunos interferem diretamente com o bem tombado. E no final, um apanhado de projetos executados no ano de 2015.


FÁBRICA DOS SONHOS

POMPÉIA

Em 1964 foi instaurada a ditadura militar no Brasil, juntamente com ela, a censura em relação as atividades culturais e recreativas, além de uma visível omissão do estado às políticas públicas. Contrariando, de certa forma, esta situação, o SESC retomou suas funções primárias, voltadas à saúde e desempenhou um papel fundamental contra a desnutrição, principalmente em cidades do interior. Em 1967 foi inaugurado em São Paulo o primeiro bloco da unidade da Consolação, que mesmo sobre a censura, manteve seu foco no desenvolvimento da cultura e do lazer, sendo pioneiro neste segmento no país. Este bloco foi resultado de uma extensa pesquisa realizada pela instituição que já havia sendo desenvolvida desde 1947, passando a incorporar certas atividades em alguns de seus blocos, como a saúde a educação, cultura e recreação. Os SESCs Bertioga, em São Paulo e Garanhus, em Pernambuco foram as primeiras manifestações do interesse da saúde social voltada ao lazer, sendo considerados, ainda colônias de férias, que desempenharam uma função muito similar ao que viria a ser apresentado nas atividades futuras em outras unidades mais “acessíveis” e próximas da sociedade.

No Brasil , em 1938, a firma alemã Mauser & Cia Ltda, construiu um galpão industrial baseado em um projeto inglês característico do início do século, na região da Pompéia, em São Paulo. Em 1945 ele foi vendido para a indústria brasileira de embalagens Ibesa e posteriormente abrigou a Geomatic, uma indústria de geladeiras à querosene. Anos mais tarde, este galpão torna-se a sede do SESC Fábrica Pompéia.


Em 1951 o SESC passou a assumir as atividades de educação e recreação como prioritárias para toda a rede nos anos seguintes, e até 1957 foram desenvolvidas as bibliotecas móveis, que visavam uma distribuição democrática ao acesso de livros. É com este pensamento que em 1967 foi inaugurada a nova sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP) na Av. Paulista. O novo Trianon, reunia conceituações antigas que a arquiteta já havia estabelecido na primeira unidade do museu, no edifício da rua Sete de Abril. Seguindo a conceituação dos racionalistas italianos, o allestimento buscava um campo experimental de introdução ao público leigo, a respeito das qualidades estéticas dos espaços e formas modernas, no entanto, neste momento, Lina buscou também a quebra da hierarquização da arte, visando submeter a acessibilidade da mesma o mais horizontal possível. Lina projetou espaços amplos e desprovidos que qualquer tipo de favorecimento às obras, onde cada uma delas, estaria de comum acordo entre si. “trabalho altamente qualificado, mas trabalho; apresentado de modo que possa ser compreendido pelos não iniciados” [ BARDI, Lina Bo, (1970) – Op. Cit..] Desta forma, os próprios expositores resultaram em objetos neutros para concepção destes ambientes, feitos de vidro com a base em concreto, eles possibilitavam uma visualização ao redor dos quadros, libertando-nos a observar os defeitos, rascunhos e testes de cores nos versos das telas, e assim, permitindo que pudéssemos nos tornar cúmplices das minúcias existentes do produzir artístico destes “artesãos”.

Em espaço desprovido de divisões como paredes, todos podemos observar todas obras dispostas em um mesmo espaço, juntas em conjunto com o público. Em 1975 foi inaugurado o SESC Interlagos, e a rede tornou-se famosa por seus Centros de Atividades, Turismo e Lazer. Neste momento surgiram os grandes polos com ginásios e piscinas e quadras; como a renda familiar era basicamente utilizada por conta das necessidades básicas, a existência dos SESCs possibilitavam o acesso dos trabalhadores do comércio à estas atividades, principalmente em relação ao Turismo social. A primeira visita de Lina à fabrica da Geomatic, deu-se em 1976. A arquitetura do local seguia o padrão de construção inglês do início do século, a disposição dos galpões de modo racional pelo espaço e sua estrutura, denunciavam uma nova possibilidade de ocupação, onde talvez, não seria necessária a remoção da construção já existente. Por descobrir que esta estrutura havia sido feita pelo pioneiro do concreto armado no início do sec. XX, o francês François Hannebique, e que talvez fosse o único exemplar deste método de construção no Brasil neste momento, Lina buscou restaurar os galpões a sua forma original, despindo-os de qualquer intervenção feita na estrutura primária, removendo rebocos aplicados em outros períodos e revelando o seu estado original.


“(...) o que me encantou foi a elegante e percursora estrutura de concreto. Lembrando cordialmente o pioneiro Hennebique, pensei logo no dever de conservar a obra.” [BARDI, Lina Bo – A Fábrica da Pompeia, 1986 – Cidadela da Liberdade, pag. 31]. Lina construía sem seguir regras técnicas e formais, acreditava na concepção de que o arquiteto deve entender os contextos espaciais e sociais para a realização de seus projetos, enquanto o ideal para a construção de um novo centro de cultura e lazer seria a derrubada de todo o conjunto dos galpões da fábrica, portanto, ela percebeu as potencialidades existentes naquele espaço e os adequou à população. “ Na segunda vez que lá estive, um sábado, o ambiente era outro: não mais a elegante e solitária estrutura hennebiqueana, mas um público alegre de crianças, mães, pais e ancião, passavam de um pavilhão a outro. Crianças corriam, jovens jogavam futebol debaixo da chuva que caia dos telhados rachados, rindo com os chutes da bola na água. ” [BARDI, 1986, pag. 31]. Parece que ao observar este cenário, Lina procurava manter estes aspectos do espaço, e então, buscava projetar uma edificação que não alterasse a atmosfera. Percebemos uma vez mais, que ela começou seu projeto sem pensar em volumetria, ou mesmo na própria arquitetura em si, mas sim, no ser humano, espaço vivido, de memória e história, na sociedade na justiça entre os homens e no comportamento. “comunicação e dignidade máximos por meios menores e humildes meios” [ BARDI, 1978] Durante as construções da Fábrica Pompéia, Lina montou seu escritório em pleno canteiro de obras, pois desta forma, ela teria acesso a todo o procedimento de construção, concebeu experimentações in loco com grande envolvimento entre os técnicos, artistas e principalmente os operários, sendo cumplice de seus esforços. A obra acontecia ao mesmo tempo em que o projeto, onde o escritório funcionava de forma improvisada, em barracos.

Esta postura foi, também, uma verdadeira revolução no “modus operandi” da prática arquitetônica vigente. Tínhamos um escritório dentro da obra; o projeto e o programa eram formulados como em um amálgama, juntos e indissociáveis; ou seja, a barreira que separava o virtual do real não existia. Era arquitetura de obra feita, experimentada em todos os detalhes. [FERRAZ, Marcelo2008]



LOGO INDIVIDUAL

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LOGO EQUIPE

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PROJETO DE ARQUITETURA



SEMESTRĂ RIO Projeto proposto para a disciplina de paisagismo; realizado em conjunto com Gabriela Setim e Priscila Souza.




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