Novembro - Mês da Consciência Negra ELAS EM CONTEXTO A temática é a mulher negra e o contexto de seu papel na eterna luta na história da afirmação do povo africano no Brasil, que aqui chegou, seqüestrado, tornado escravo. Primeiro, a busca da liberdade, depois, do direito de serem reconhecidos cidadãos, brasileiros. Este trabalho é composto por painel e livreto, desenvolvidos para serem mostrados no mês de Novembro, Mês da Consciência Negra, mês que busca conscientizar sobre essa trajetória. Através de pesquisa, foram selecionadas algumas, entre tantas mulheres negras que tiveram ou tenham participação tocante nessa história - seja ela de ordem política, social, religiosa ou artística - do Brasil. Esses nomes se justapõem no painel formando um perfil, que intenciona personificar cada uma delas. E se o espectador tiver curiosidade em saber que histórias seus nomes contam, pode ler aqui, um pouco de como materializaram sua luta em suas vidas.
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ADELINA (SÉC. XIX) Escrava nascida no Maranhão, Adelina era filha de uma escrava conhecida como Boca da Noite e de um rico senhor. Já na adolescência, seu pai empobreceu e passou a fabricar charutos. Adelina passou a ser então sua vendedora, circulando pela cidade, vendia charutos para os bares da cidade, bem como para fregueses avulsos. No Largo do Carmo, onde costumava parar, vendia charutos para os estudantes do Liceu, onde teve a oportunidade de assistir a comícios abolicionistas promovidos por esses. Participou ativamente na campanha abolicionista da capital maranhense. Sabia ler e escrever e, aos dezesseis anos, já freqüentava os comícios e passeatas da sociedade abolicionista de rapazes, chamado Clube dos Mortos. Consciente de sua causa, Adelina passou a utilizar o seu trabalho para colaborar com os abolicionistas. Como circulava vendendo os charutos, tinha fácil acesso a todas as casas da cidade de São Luís. Funcionando como informante do Clube dos Mortos, passava a seus companheiros os planos secretos de perseguição aos escravos. O seu trabalho tornou-a figura importante de apoio às atividades do clube abolicionista. AÍDA DOS SANTOS (1937) Esportista, natural de Niterói (RJ), destacou-se no atletismo brasileiro e foi a única mulher a representar o Brasil nas Olimpíadas de 1964, no Japão, onde alcançou o 4º lugar no salto em altura, com a marca de 1,74m. Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma brasileira fica a milímetros do podium, o melhor resultado
feminino brasileiro em Olimpíadas ao longo de 36 anos. Em competições individuais, ainda não foi batido. Aída também disputou as Olimpíadas no México, onde sofreu uma distensão. Mas conquistou suas medalhas mais importantes com um terceiro lugar na prova do pentatlo nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, Canadá em 1967 e de Calí, na Colômbia, em 1971. Consciente das dificuldades pelas quais passavam os atletas brasileiros na preparação e disputa de competições internacionais, Aída sempre fez questão de expor suas idéias e lutar por melhores condições de treinamento. Sua franqueza, porém, acabou fazendo com que alguns dirigentes a prejudicassem em momentos importantes. Professora titular da cadeira de Educação Física na Universidade Federação Fluminense desde 1975 e diretoria de atletismo do Botafogo, Aída dos Santos foi homenageada com a inauguração, em 1995, da pista de atletismo da UFF, batizada com seu nome.
a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Na eleição para Assembléia Nacional Constituinte, em 1933, foi a única mulher a votar como delegada dos representantes classistas. Candidatou-se, em 1934, nas eleições para a Câmara Federal e o Senado, mas não conseguiu se eleger. Seu panfleto de campanha tinha o seguinte texto: “Advogada consciente dos direitos das classes trabalhadoras, jornalista combativa e feminista de ação. Lutando pela independência econômica da mulher, pela garantia legal do trabalhador, e pelo ensino obrigatório e gratuito para todos os brasileiros em todos os graus”. Um ano depois casou novamente e teve um segundo filho, mas ambos morreram também. Na década de quarenta, afastou-se da política partidária e passou a trabalhar como advogada de sindicatos. Em 1991, o SOS Corpo, em parceria com Joel Zito, realizou um vídeo sobre sua vida e suas lutas. Foi a primeira mulher negra a ganhar espaço no cenário político do Brasil.
ALMERINDA FARIAS GAMA (1899-?) Nascida em Maceió, (AL), Almerinda foi advogada, feminista e líder sindical. Aos oito anos, ficou órfã e foi morar no Pará, com uma tia. Casou-se com um poeta paraense, com quem teve um filho. Ambos morreram em pouco tempo. Enquanto isso, Almerinda trabalhava como datilógrafa e publicava crônicas no jornal A Província, de Belém. Ao descobrir que para o mesmo trabalho como datilógrafa, pelo qual recebia 200 réis, seus colegas homens recebiam 300, Almerinda ficou indignada e resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro. Em pouco tempo no Rio, já era presidente do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Como líder sindical, apoiou Bertha Lutz e
ALZIRA RUFINO (1949) Alzira Rufino, nasceu em Santos (SP), em 06 de julho de 1949.Tendo trabalhado desde criança, aos 17 anos é admitida em um hospital como auxiliar de cozinha. Fica na função por dois anos, período em que ganhou seu primeiro prêmio literário. Graduou-se em Enfermagem. Em março de 1985 organizou a primeira Semana da Mulher da região da Baixada Santista, reunindo todas as organizações de mulheres. Em 1986, fundou o Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista, um dos mais antigos grupos de mulheres negras do Brasil. Em 1990, fundou a Casa de Cultura da Mulher Negra (CCMN). Alzira é Ialorixá, poeta e Presidente da Casa 2
de Cultura da Mulher Negra. Recebeu inúmeras homenagens e distinções, dentre elas: do Conselho Nacional da Mulher Brasileira, da Câmara Municipal de Santos e Câmara Municipal do Cubatão; foi indicada por organizações brasileiras para integrar a Delegação Nãogovernamental para a Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena. Em 2005, é indicada uma das 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz 2005. Em 1992, tornou-se fellow da Ashoka, tendo coordenado a Rede Feminista LatinoAmericana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, na sub-região Brasil (de 1995 a 1998). A Casa de Cultura da Mulher Negra - CCMN, presidida por Alzira, foi a primeira ONG brasileira a ser credenciada pela OEA (OAS), em 2001. Tem publicado artigos em jornais e revistas brasileiras e do exterior. Ganhou diversos prêmios de poesia em nível local e nacional e tem publicações de poesia, ficção e ensaios. Os temas que envolvem o trabalho de Alzira Rufino são: Revista EPARREI de Arte e Cultura Negra, Violência 3
Doméstica e Racial; Direitos Humanos das Mulheres Negras; Educação Anti-racista; Comunicação e Cultura Afro-brasileira, tendo sido a primeira mulher negra a criar um serviço de apoio jurídico e psicológico a mulheres negras e brancas sobreviventes da violência doméstica; em 1990. Desde 2001 edita a Revista EPARREI de Arte e Cultura Negra, semestral. Edita o Boletim EPARREI Online, bimestral, além de ter importante contribuição na publicação sobre violência doméstica e saúde, 3 livros: “Violência contra a Mulher - uma questão de Saúde Pública” (1998),“Violência contra a mulher - um novo olhar” (2000 e edições), “Violência contra a Mulher & Saúde Um olhar da Mulher Negra” (2004). Por sua atuação, Alzira é responsável pela criação de diversas leis e serviços: criação da casaabrigo de Santos (2000), leis contra o racismo e a violência à mulher na Baixada Santista; Criação da Lei Federal da Notificação Compulsória da Violência Doméstica pelos Serviços de Saúde Públicos e Privados (24/11/2003). A atuação consciente e conseqüente de Alzira Rufino inspirou ou influenciou trabalhos similares em várias cidades, com foco no resgate cultural, na criação de serviço jurídico e psicológico, na geração de renda. ANA (Séc. XIX) Conhecida como Tia Ana, foi uma escrava que liderou revolta ocorrida em uma fazenda no Ceará, em 1835. Com indignação pelos violentos castigos impostos a uma velha escrava que cuidava dos enfermos, aproveitou da ausência do proprietário - o fazendeiro português Francisco Carvalho, conhecido na região por atos
violentos e autoritários - para atacar a Casa Grande e atear-lhe fogo. Alguns dos escravos revoltos fugiram rumo a Pernambuco, outros, liderados por Ana, libertaram da cadeia do lugar o senhor Jerônimo Cabaceira, proprietário de um sítio na região, preso por ter se recusado a vender suas terras ao Senhor Francisco, proprietário dos escravos revoltados. ANASTÁCIA (1741-?) Alguns historiadores afirmam que a história da Anastácia começa em 1740, quando um navio negreiro de nome Madalena, desembarca no porto do Rio de Janeiro a princesa Delminda, oriunda de uma tribo bantu, da família do rei Galanga. Ele viria ser conhecido depois como Chico Rei - personagem da história oficial de Minas Gerais, responsável pela alforria de seu povo através da extração de ouro. Nesta mesma embarcação estavam 112 outras pessoas escravizadas. Logo após os preparos, Delminda foi exposta aos compradores de escravos, onde foi comprada por mil réis pelo feitor Antonio Rodrigues Velho, que o fez representando a senhora Joaquina Pompeu. Mas antes de entregá-la, o feitor a teria estuprado e assim a engravidado. Por ser europeu e loiro, o feitor seria o responsável pelos olhos azuis de Anastácia. Anastácia nasce no dia 12 de maio daquele ano seguinte, 1741, sendo considerada bonita desde pequena. Mas sua beleza acaba atraindo os desejos de Joaquim Antonio, filho de Dona Joaquina. Afirmam que Anastácia ajudava os escravos quando eram castigados, ou facilitava-lhes a fuga. Ficou a imagem de uma mulher bela,
personalidade forte, que tinha consciência da injustiça e crueldade da escravidão. É assediada de várias formas, mas após sua recusa sistemática, Anastácia repete o destino da mãe, é violentada. Como castigo pela resistência ao ato sexual, Anastácia é obrigada a usar uma máscara, a famosa descrita nas gravuras de Arago, sendo apenas retirada para que pudesse alimentar-se. Assim prossegue sua vida, até não suportando o instrumento de martírio e a carga de trabalho que é submetida, adoece. É levada para a cidade do Rio de Janeiro para tratamento médico, mas morre mesmo assim. Lá se torna famosa junto à população, por lhe serem atribuídos vários milagres. Seu corpo é enterrado na Igreja do Rosário. Na Igreja não há registro oficial sobre o fato, mas há uma ocorrência de incêndio ainda no século XVIII, que segundo informações oficiais destruiu também toda documentação. Verdade ou lenda, o culto a Escrava Anastácia é forte em várias regiões brasileiras. Ela é referência tanto a católicos quanto aos praticantes de religiões de matriz africana. ANTONIETA DE BARROS (1901-1952) Nasceu em 11 julho de 1901, em Florianópolis (SC). Órfã de pai, foi criada pela mãe. Depois dos estudos primários, ingressou na Escola Normal Catarinense. Antonieta teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres, e, mais ainda, para uma mulher negra. Nos anos 20, deu início à atividade de jornalista, criando e dirigindo em Florianópolis o jornal “A Semana”, mantido até 1927. Três anos depois, passou a
dirigir o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade. Como educadora, fundou, logo após ter se diplomado no magistério, o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu até sua morte. Lecionou, ainda, em Florianópolis, no Colégio Coração de Jesus, na Escola Normal Catarinense e no Colégio Dias Velho, do qual foi diretora no período de 1937 a 1945. Na década de 30, manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) como revela a correspondência trocada entre ela e Bertha Lutz, hoje preservada no Arquivo Nacional. Na primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada estadual (1934-37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Foi também a primeira mulher a participar do Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do país com a queda do Estado Novo, concorreu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a primeira suplência pela legendado Partido Social Democrático (PSD). Assumiu a vaga na Assembléia Legislativa em 1947 e cumpriu seu mandato até 1951. Usando o pseudônimo literário de Maria da Ilha, escreveu o livro “Farrapos de idéias.” Faleceu em Florianópolis no dia 28 de março de 1952. AQUALTUNE (Séc. XVII) Filha do Rei do Congo, quando os Jagas invadiram o Congo, foi para a frente de batalha defender o reino, comandando um exército de 10 mil guerreiros. Derrotada, em razão das rivalidades existentes entre os diversos reinos africanos, a princesa foi vendida como escrava
para o Brasil. Aqualtune foi levada como escrava para um navio negreiro e desembarcada em Recife. Dentro do sistema aviltante em que foi colocada como prisioneira, foi obrigada a manter relações sexuais com um escravo, para fins de reprodução. Engravidada, foi vendida para um engenho de porto Calvo, onde pela primeira vez teve notícias de Palmares. Já nos últimos meses de gravidez organizou sua fuga e a de alguns escravos para Palmares. Começa, então, ao lado de Ganga Zumba, a organização de um Estado negro, que abrangia povoados distintos confederados sob a direção suprema de um chefe. Aqualtune instalou-se, posteriormente, num desses mocambos, povoados fortificados, a 30 léguas ao noroeste de Porto Calvo. Uma de suas filhas deu-lhe um neto, que foi o grande Zumbi dos Palmares. AUTA DE SOUZA (1876-1901) Nasceu em 1876 em Macaíba, (RN). Era bisneta de Francisco Pedro Bandeira de Melo, fazendeiro da antiga região de Coité, hoje Macaíba. Esse bisavô dera em casamento sua filha Cosma Bandeira de Melo - não se sabe ao certo se ela era filha natural ou adotiva - ao seu brilhante vaqueiro, tido como negro, Félix José de Souza. Do casamento dos dois, nasceu Eloy Castriciano de Souza, pai de Auta de Souza. Órfã de mãe aos dois anos de idade, e de pai, aos quatro, foi criada pela avó. Em 1887 foi matriculada no Colégio são Vicente de Paula, dirigido por religiosas francesas, onde aprendeu francês e leu os clássicos e os místicos. Seu primeiro público, ainda menina, compunha-se de mulheres do povo e velhos escravos, para quem lia, entre outras coisas, as façanhas de Carlos Magno. Com tuberculose, é 4
obrigada a retornar à casa da avó e completar sua formação na biblioteca do irmão. Em 1894, fundou o “Clube do Biscoito”, que promovia reuniões de poesia, jogos e danças, nas casas de seus associados. Escrevendo versos em português e francês, Auta, mesmo antes de completar 20 anos, colaborava na imprensa de seu Estado. Em 1901 publicou o livro “O Horto”, prefaciado por Olavo Bilac e muito elogiado pela crítica. Esse livro foi lido tanto pelos intelectuais como pela gente do povo, que transformou muito de seus versos em cantigas. Auta de Souza morreu em 1901, com apenas 25 anos de idade. BRANDINA (Séc. XVIII) Atuante no movimento abolicionista de Santos (SP), na segunda metade do século XVIII, Brandina era proprietária de uma pensão na antiga rua setentrional, hoje Praça da República. Embora de origem humilde, usava o ganho do seu trabalho para dar comida, fumo e remédio aos negros que se refugiavam na Baixada Santista, colaborando ativamente com os cabos abolicionistas e com Santos 5
Garrafão, que organizou um dos grandes quilombos de Santos: o Quilombo de Santos Garrafão. A personalidade forte e destemida, além da qualidade de protetora, tornou Brandina uma das figuras mais queridas entre os negros quilombolas da Baixada Santista. CAROLINA MARIA DE JESUS (1914-1977) Nasceu no interior de Minas Gerais, em 1914, numa família de 9 irmãos.Tendo que trabalhar para ajudar no sustento da casa, cursou apenas até o segundo ano primário. Mudou-se para São Paulo morando na favela do Canindé e garantia seu sustento e de seus três filhos catando papel. No meio desses papéis velhos, Carolina encontrou uma caderneta e passou a registrar, em forma de diário, o seu cotidiano de favelada. Descoberta por um jornalista, em 1960, teve seu diário publicado com o título “Quarto de Despejo”. Prefaciado por Alberto Moravia, conhecido escritor italiano,“Quarto de Despejo” foi traduzido para 13 idiomas e impressionava o mundo pela força de sua narrativa e pelo depoimento que retratava a fome e a miséria dos favelados. “Quarto de Despejo” teve a sua primeira edição de dez mil exemplares esgotada na primeira semana do lançamento. Nove edições foram feitas no Brasil, sem contar a edição de bolso de 1976, um ano antes da morte da autora. O livro circulou em quarenta países. Enquanto no Brasil era considerada um fato folclórico, Carolina Maria de Jesus, a favelada-escritora, passou a ser assunto constante de jornais e revistas nacionais e internacionais, com amplas reportagens em Life, Paris Match, Época, Réalité e Time. Esta última compara os oitenta mil exemplares
vendidos do livro ao sucesso comercial de Lolita, de Nobokov. Em 1961, o livro teve seu texto adaptado para o teatro por Edi Lima e encenado no Teatro Nídia Lícia, no mesmo ano. Em 1977, ao ser entrevistada por jornalistas franceses, Carolina entrega-lhes os apontamentos biográficos onde narra sua infância e adolescência marcadas pela pobreza e discriminação racial. Em 1986 esses apontamentos são publicados sob o título de “Diário de Bitita”, pela editora Nova Fronteira. Antes desses apontamentos, Carolina publicou ainda os seguintes livros: “Casa de Alvenaria”, “Provérbios” e “Pedaços da Fome”.Carolina morreu em 1977, na mais completa miséria. CHICA DA SILVA - FRANCISCA DA SILVA DE OLIVEIRA (1732? - 1796) Entre as tantas histórias de quem teria sido Chica da Silva, uma delas traça o perfil de uma mulher de personalidade forte e decidida, algo difícil em uma época marcada pela discriminação, primeiramente por ser mulher, e principalmente negra em um país escravocrata. Supõe-se que seja filha de um senhor com uma escrava. Escrava do médico Manoel Pires Sardinha, com quem teve o seu primeiro filho, Simão, foi libertada a pedido do contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira e passou a viver como esposa com o ele. Era conhecida como “Chica que manda”, pois todos os favores pedidos ao contratador teriam que passar pelo seu crivo. Viveu e morreu no Arraial do Tijuco, atual distrito de Diamantina (MG). A autenticidade de Chica também marcou a sua história, não apenas pelo seu poder de conquista e de mando que exercia sobre seus companheiros, mas
porque soube aproveitar as oportunidades em benefício dos seus desejos e excentricidades. Logo após sua alforria já era proprietária de um sobrado e alguns escravos, demonstrando que procurava inserir-se no mundo livre do arraial, incorporando seus costumes e adquirindo os necessários para se fazer respeitada. Chica seguia atentamente todos os hábitos das senhoras da elite mineira. Era uma mãe muito zelosa e presente. Teve treze filhos, 9 mulheres e 4 homens. Educou suas filhas no Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região, reservado apenas para moças ricas; também teve um filho seminarista que mais tarde tornou-se padre. Uma das coisas que mais a incomodava era o preconceito sofrido por suas filhas, que não poderiam ocupar cargos de importância na comunidade e nem usar véu branco. Afirmavam que não tinham sangue puro. Com isso, Chica as tirou do convento, encaminhando-as para outros lugares que achava conveniente. O mito se popularizou em nossos dias. Chica é conhecida como uma mulher imoral que usava da sua sensualidade para conseguir as regalias que queria. Isto nada mais é do que o resultado de um dos estereótipos do papel da mulher negra na sociedade colonial, sendo este construído pelos próprios historiadores, a partir do século XIX. Chica apareceu como personagem histórica pela primeira vez nos textos de Diamantina, publicados pelo jornal O Jequitinhonha. Depois, reunidos nos livros Memórias de Diamantina, onde mais uma vez sua imagem foi deturpada. Sua trajetória foi de luta para tentar diminuir o estigma que a cor e a escravidão lhe impuseram. Faleceu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Arraial do Tijuco. Foi
enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, irmandade reservada para elite branca do arraial. CLEMENTINA DE JESUS (1898-1987) Nasceu em 07 de fevereiro de 1898 na cidade de Valença, (RJ). Mudou-se com a família para a capital do estado, radicando-se no bairro de Oswaldo Cruz. Lá acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da escola de samba Portela, freqüentando desde cedo as rodas de samba da região. Em 1940 casou-se e mudou para a Mangueira.Trabalhou como doméstica por mais de 20 anos e, sem conseguir espaço para exercer sua arte, animava festinhas em casa de amigos. Somente aos 60 anos Clementina iniciou sua carreira como cantora profissional, enfrentando inúmeros obstáculos enquanto mulher, negra e pobre. “Descoberta” pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963, participou do show “Rosa de Ouro”, que rodou algumas das capitais mais importantes do Brasil e virou disco pela Odeon, incluindo, entre outros, o jongo “Benguelê”. Clementina de Jesus inspirou compositores famosos. Ensinou a muitos cantigas populares do início do século, sendo que inúmeras delas foram gravadas. Em 1968, com a produção de Hermínio, registrou o histórico LP “Gente da Antiga” ao lado de Pixinguinha e João da Bahiana. Gravou quatro discos solo (dois com o título “Clementina de Jesus”,“Clementina, Cadê Você?” e“Marinheiro Só”) e fez diversas participações, como nos discos “Cantos de Escravos” e “Milagre dos Peixes”, de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa “Escravos de Jó”. Apesar de feito muito pela preservação das raízes negras, e ser considerada a primeira dama da MPB,
Clementina viveu modestamente de uma pequena pensão do INSS e de outra que recebia do governo do Rio de Janeiro. Morreu em julho de 1987 aos 85 anos de idade. CREUZA MARIA OLIVEIRA (1957) Passou a infância no sertão da Bahia. Quando completou 10 anos, deixou a roça, onde vivia com a mãe, para trabalhar como doméstica em Santo Amaro da Purificação, a 84 quilômetros de Salvador. Cuidou de crianças, cozinhou, limpou, lavou roupas. Cumpriu jornada de mais de 12 horas, de segunda a segunda. Só começou a receber uma remuneração aos 15 anos. Carteira assinada e direito a folga quinzenal obteve apenas quando fez 21 anos. Aos 26 anos, já em Salvador, Creuza ouviu num programa de rádio que um grupo de domésticas começava a brigar por seus direitos. Integrou-se ao grupo e começou a distribuir folhetos nas escolas noturnas e nos terminais de ônibus convidando mais trabalhadoras. Pouco tempo depois, Creuza e suas parceiras criaram a Associação Profissional das Domésticas e, em 1990, o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia. Ela levou sua experiência para muitos países. Em 2001, foi convidada para palestrar na 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, da ONU, em Durban, na África do Sul. Atualmente, é presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas e representante da Comissão Especial do Trabalho Infantil. Creuza é hoje um exemplo nacional na luta pelos direitos de sua categoria, pela igualdade racial e pela erradicação do trabalho infantil doméstico. Faz de sua história um 6
exemplo no combate ao trabalho infantil doméstico. É uma liderança conhecida e respeitada, além de motivo de orgulho para 8 milhões de domésticas em todo o país. Busca conscientizar políticos e a população em geral e dá cursos de formação para jovens domésticas. Ensina seus direitos como cidadãs e a se amarem como mulheres, negras e profissionais competentes. DONA IVONE LARA (1922) Ivone Lara da Costa nasceu em 13 de abril de 1922, no morro da Serrinha, Rio de Janeiro. Seu pai era mecânico de bicicletas, ótimo violonista e integrante do bloco dos Africanos. Perdeu o pai aos dois anos e aos seis, a mãe. Foi internada no Colégio Orsina da Fonseca, onde permaneceu até os dezesseis anos. No colégio suas professoras de música foram Lucília Guimarães Villa-Lobos e Zaíra de Oliveira (mulher de Donga), que admiradas com a voz de Ivone (contralto), decidiram incluí-la no Orfeão (Sociedade cujos membros se consagram ao canto coral, com acompanhamento ou sem ele) dos Apinacás, da Rádio Tupi, regido por Villa-Lobos. 7
Quando saiu do colégio interno, Ivone tornou-se enfermeira e, mais tarde, formou-se Assistente Social, com especialidade em Terapia Ocupacional. Aos 25 anos, casou-se com Otávio Costa, filho do presidente da escola de samba Prazer da Serrinha. Foi quando começou a freqüentar a escola e a expandir seus dotes de compositora, cavaquinista e cantora. Com a dissidência do Prazer da Serrinha, que originou a fundação do G.R.E.S. Império Serrano, Ivone passou a integrar a ala das baianas da nova escola de samba, sem deixar de lado seu trabalho como enfermeira. Mostrando força e pioneirismo, em 1965, ela viria a compor um samba que seria defendido pela Império Serrano. Foi “Os cinco bailes da história do Rio”, que deu o quarto lugar à escola. Pelo feito, tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores.Teve suas composições gravadas por grandes nomes, mas somente em 1978, aos 56 anos e já aposentada Dona Ivone Lara teve o merecido reconhecimento como compositora. Foi quando Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil gravaram “Sonho Meu”, música escolhida pela crítica como a melhor de 1978. Gravou nesse ano seu primeiro LP, “Samba, Minha Verdade; Samba; Minha Raiz”.Fez tanto sucesso que no ano seguinte acabou realizando uma temporada em Paris, com o Grupo Brasil, Canto e Dança. Gravou até o ano 2000 cinco LPs e um CD, “Bodas de Ouro”, com diversas participações. Sempre muito respeitada pelos artistas, atuou em discos coletivos com vários cantores e intérpretes. Dona Ivone é madrinha da ala dos compositores da Império Serrano e desfila todo ano na ala das baianas. Seu repertório é composto na maioria de sambas
românticos, dolentes ou de inspiração em suas raízes africanas. É conhecida nas rodas de samba como a“A grande dama do samba”. DONA ZICA - EUSÉBIA SILVA DO NASCIMENTO (1913-2003) Líder comunitária e símbolo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Dona Zica nasceu em um domingo de carnaval, no subúrbio do Rio de Janeiro. Aos quatro anos, mudou-se com sua família para Mangueira. Com dezenove anos casou-se com Carlos Dias do Nascimento, tendo que morar com a família de seu marido, no bairro da Abolição. Zica teve cinco filhos, três morreram quando crianças. Depois de casada, lavava e passava para fora, até começar as trabalhar como tecelã em uma fábrica na Mangueira. Separou-se do marido e voltou para Mangueira, continuando a trabalhar em casa, pois cuidava de uma de suas filhas que estava gravemente doente. Zica conhecia o cantor e compositor Cartola desde criança, e, quando se reencontraram, em 1953, foram viver juntos até o falecimento dele. No final da década de 50, conseguiu, juntamente com o presidente da Associação das Escolas de Samba, uma sede para entidade. No ano de 1974, o casal foi morar em Jacarepaguá. Logo, quando se tornou viúva de Cartola voltou para a Mangueira, onde morreu, participando da comunidade. Era diretora da escola, fazendo parte da parte dos Baluartes da Estação Primeira de Mangueira; pertencendo a um grupo composto por 22 personalidades que, conforme a tradição, desfilam no carro abrealas da escola carioca. Morreu em 22 de janeiro de 2003, como ícone máximo da escola de samba da Mangueira.
ELIZA LUCINDA (1958) Nascida em Vitória do Espírito Santo, jornalista, professora, poeta e atriz. Reconhecida por seus espetáculos, recitais e workshops apresentados no Brasil e exterior; por seus trabalhos na área de recursos humanos junto a diversas empresas e instituições como Petrobrás, Banco Real e por seus trabalhos na televisão. Elisa mantém a "Escola Lucinda de Poesia Viva" no Rio de Janeiro, onde ensina interpretação teatral da poesia. Ao longo de sua carreira Lucinda vem presenteando o público com seu jeito peculiar e natural de falar poesia sem representar o verso, mas apresentando as emoções que as palavras podem proporcionar. ELZA SOARES (1937) Filha de uma lavadeira e um operário, Elza nasceu em junho de 1937, na favela da Água Santa, no Engenho de Dentro, zona norte do Rio. Aos 12 anos casou-se pela primeira vez, e um ano mais tarde, já era mãe. Aos 18, ficou viúva. Teve oito filhos - sem contar os adotados perdeu quatro deles. Foi lavadeira e operária numa fábrica de sabão. Subiu num palco pela primeira vez para se apresentar no programa de calouros de Ary Barroso, ganhando nota máxima. Depois de uma turnê com Mercedes Batista pela Argentina, no final da década de 50, Elza fez um teste e foi aprovada na Rádio Mauá. Em pouco tempo seria vista por Moreira da Silva, que a levaria para a Rádio Tupi. Nesta época gravou seu primeiro compacto, já com significativo sucesso, com a música “Se Acaso Você Chegasse”, de Lupicínio e Felisberto
Martins. Mudou-se para São Paulo onde começou a atuar como crooner. Em 1962, depois de gravar seu segundo disco,“Bossa Negra”, foi ao Chile como representante do Brasil na Copa do Mundo. Cantou ao lado de Louis Armstrong, e conheceu Mané Garrincha, com quem se casaria em seguida. Inaugurando uma nova maneira de cantar sambas, que injetava porções generosas de jazz à maneira de cantar, sem, entretanto, assemelhar-se à bossa nova, conquistou um público fiel no Brasil e galgou temporadas nos EUA e Europa. Atravessou a década de 70 gravando sambas com sucesso, concomitantemente ao drama doméstico do alcoolismo crônico do qual Garrincha padecia. Mané, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, vinha morrendo aos poucos vítima do álcool, até falecer de fato em 1983. Em 1986, seu filho com Garrincha, Garrinchinha, morreria, ainda criança em conseqüência de um acidente de carro. Estes fatos afastaram Elza dos palcos durante um longo tempo, até que, na década de 90, a negra de voz rouca e inconfundível voltaria com força renovada. Em 1997 lançou sua biografia,“Cantando pra Não Enlouquecer”,escrita por José Louzeiro, em 2000 recebeu o prêmio de “Cantora do Milênio”, conferido pela rede britânica BBC, e em 2002 lançou o aclamado “Do Cóccix até o Pescoço”. FARESTINA BONIMANI (Séc. XX) Operária, natural de Serra Negra (SP), trabalhou na indústria têxtil, onde foi atraída pelos ideais socialistas, participando ativamente do movimento sindical.
FLORIANA MARIA (Séc. XVIII) Ganhou o direito a liberdade após fazer um requerimento ao Governador de Minas Gerais, no século XVIII, alegando ser livre de nascimento. FRANCISCA (Séc. XIX) Em 1814 eclodiu uma das mais violentas insurreições de negros mulçumanos em Salvador. A base da insurreição eram as armações estabelecimentos de pesca - e a idéia era sublevar os escravos que trabalhavam nesses locais, estendendo o movimento a todo Recôncavo Baiano. Francisca e seu companheiro Francisco Cidade, ambos escravos, eram mencionados em papéis escritos em árabe, apreendidos pelas autoridades, como “Rainha” e “Rei”, e desempenharam o papel de coordenar o levante. A pretexto de custear os batuques, as danças de sua nação, Francisca e seu companheiro coletavam dinheiro entre os escravos e percorrendo as armações e as povoações, articulavam a insurreição com os líderes desses lugares e sempre com o pretexto da dança faziam a intermediação entre o centro da cidade e as armações, para receber e transmitir instruções aos companheiros. A casa de Francisca em Salvador era o esconderijo onde eram reunidas as armas. Sufocada a rebelião, Francisco Cidade foi condenado à morte mas, comutada a pena, deportaram-no para um presídio na África. Não se tem notícia sobre a pena ou destino de Francisca. FRANCISCA MARIA DA CONCEIÇÃO - CHICA BARROSA (1910-?) Nasceu na Paraíba nos meados de 1910. Genial repentista negra, 8
mostrou com sua simplicidade que a arte sobrevive, apesar da discriminação racial, social e do machismo. desafiou um homem branco, fazendeiro, Manuel Martins de Oliveira (Neco), também conhecido repentista, para um duelo na Fazenda São Gonçalo. Para humilhar sua rival, Neco começou a rodada com o seguinte verso: “Eu agora estou ciente que negro não é cristão / Pois a alma dessa gente sai debaixo do chão / E lá na mansão celeste, não entra quem é ladrão”. Chica rebateu com elegância, respondendo que a diferença não estava na cor “se quiser Nosso Senhor, vai o branco pra cozinha, e o preto pro andor”. Ao anoitecer os presentes exigiam mais calor nos desafios e, por ser bastante habilidosa Chica ganhava o duelo, quando irritado, o coronel sacou uma arma, tentando atingir Chica, sem porém, consegui-lo. Quando se acalmaram os ânimos, Chica despediu-se do coronel com os seguintes versos: “Nesta nossa cantoria, estremeceram-se os céus / até os mortos ouviram, no fundo dos mausoléus / com uma bala acabou, a raça dos fariseus / colega Neco Martins, aceite meu triste adeus”. Poucos dados existem sobre essa mulher, bastante popular entre os cantadores que 9
JOVELINA PÉROLA NEGRA - JOVELINA FARIAS BELFORT (1944-1998) Nasceu em 1944, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Foi criada em Belford Roxo, onde trabalhou como empregada doméstica até os quarenta anos. Teve 3 filhos. Saía na ala das baianas da escola de samba Império Serrano, e sempre freqüentava rodas de samba e pagode, onde conheceu muitos sambistas, entre eles, Beth Carvalho. Torcia pelo Fluminense e costumava freqüentar os estádios de futebol. Foi revelada tardiamente. Quem a descobriu foi o radialista Adelzon Alves que fez com que logo aparecesse ao lado de Jamelão, Bezerra da Silva, Zeca Pagodinho e Aniceto. Estreou em disco em 1985, na coletânea “Raça Brasileira” ao lado de Zeca Pagodinho, então com 23 anos, e de três nomes novos (além da Jovelina) no mundo do samba: Mauro Diniz, Pedrinho da Beija-Flor e Elaine Machado. Em 1986, Jovelina lançou seu primeiro álbum solo chamado “Pérola Negra” e também foi um grande sucesso de vendas: mais de duzentas mil cópias. No mesmo ano, o rei Roberto Carlos fez um especial, que foi exibido no dia 24 de dezembro, com vários nomes da música e entre eles estava a grande Pérola Negra do samba. Gravou, entre 1986 e 89, cinco discos. Chegou a ganhar um disco de platina. Seu último disco foi lançado em 1996 e se chama “Samba Guerreiro”. Morreu aos 54 anos, de infarto.
JUREMA BATISTA (SÉC. XX) Nasceu no Morro do Andaraí, Rio de Janeiro, filha de empregada doméstica. Atua em educação popular, tendo trabalhado junto a creches e préescolas, em várias comunidades do Rio de Janeiro. Em 1991 foi eleita vereadora. Foi reeleita com 17 mil votos para um novo mandato. É a primeira parlamentar negra da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, eleita deputada estadual com 35.986 votos. Professora de Português/Literatura com pós-graduação em Políticas Públicas, é conhecida como Mulher Guerreira por sua luta em defesa das populações excluídas. Fundadora da Associação de Moradores do Morro do Andaraí - onde nasceu e foi criada - e do Conselho de Representantes da Federação das Favelas do Município do Rio. Militante de vários movimentos sociais, é presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional, comissão criada em 1998 pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. LAUDELINA DE CAMPOS MELO (1904-1991) Nascida em Poços de Caldas (MG), tornou-se líder sindical em Santos, onde se casou e teve seu único filho. Foi integrante da Frente Negra Brasileira, que agrupava entidades com ideais políticos, sociais, sobretudo o aprimoramento cultural da população negra. No ano de 1936 foi criada uma associação para auxiliar empregadas domésticas na busca de seus direitos, sendo esta presidida por Laudelina. Teve que mudar-se para Campinas
com seu filho após o falecimento de seu marido, onde teve dificuldades para encontrar emprego, pois era vítima de discriminação por parte das senhoras campineiras que tinham preferência por empregadas brancas. Laudelina resolveu procurar um dos meios de comunicação da região, o jornal Correio Popular, para protestar contra os anúncios preconceituosos ali publicados, pois afastavam as mulheres negras do mercado de trabalho. Membro do movimento negro de Campinas, participou de atividades sociais e culturais com principal objetivo de elevar a auto-estima dos (as) jovens negros (as). Fez parte da organização de grupos teatrais e de dança e fundou a cidade dos menores em Indaiatuba (SP), em 1957. Neste mesmo ano colaborou para realização dos sonhos de debutantes negras. Mais uma vez foi recebida com discriminação. A direção do Teatro Municipal de Campinas, local da festa, resistiu para que o espaço fosse cedido. Assim, foi necessário mobilizar a imprensa para denunciar o preconceito racial da elite campineira. Em 1961, Laudelina teve o apoio do Sindicato da Construção Civil de Campinas para fundar dentro de suas instalações a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. O órgão atuou na luta contra o preconceito racial, realizando atividades culturais e intervindo em conflitos entre domésticas e empregadoras, pois não existia legislação trabalhista para assegurar os direitos da classe ou para auxiliar na defesa dos direitos das empregadas domésticas menores de idade. Durante a ditadura militar foi presa e obrigada a prestar depoimento. Diante de disputas pelo comando da associação, adoeceu e afastou-se do
movimento das empregadas domésticas. Assumiu novamente a direção da entidade em 1982, logo após, a associação foi transformada em Sindicato dos Trabalhadores, onde atuou até a morte, em 22 de maio de 1991, em Campinas. Laudelina é um símbolo da luta por tornar visível o trabalho doméstico, denunciar sua desvalorização e buscar conquistar direitos trabalhistas e dignidade, explicitando a situação de profunda pobreza, racismo e machismo na qual vivem milhares de mulheres negras em todo o país. LÉA GARCIA (1935) Nascida no Rio de Janeiro, Léa Garcia começou sua carreira no Teatro Experimental do Negro - fundado no Rio de Janeiro por Abdias do Nascimento, juntamente com Guerreiro Ramos em 1944 - movimento de vanguarda, onde atores negros protagonizavam grandes e importantes montagens. Foi casada com Abdias expoente do movimento negro no Brasil. O primeiro grande sucesso de Léa se dá em 1959, ao interpretar Serafina em “Orfeu Negro”, dirigido pelo francês Marcel Camus, filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Palma de Ouro no Festival de Cannes. Com esse personagem, conquistou o 2º lugar como atriz no festival de Cannes. A seguir tem outro momento importante em 1964, em “Ganga Zumba”, de Carlos Diegues. No final da década estréia em novelas e tem um grande momento como atriz interpretando a malvada Rosa no marco internacional “A Escrava Isaura”. Continua atuando como atriz, tendo construído importante carreira.
LECI BRANDÃO (1944) Leci Brandão nasceu em 12 de setembro de 1944 em Madureira, Rio de Janeiro, e foi criada em Vila Isabel. Foi a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da Mangueira. Filha de família humilde, começou a trabalhar cedo. Trabalhava de dia e estudava à noite. Conseguiu empregos na Datamec, TELERJ e por fim faculdade Gama Filho, chegando a cargo de chefia. Em 1973 o crítico musical e jornalista Sérgio Cabral, descobriu Leci e a convidou para gravar um disco. De lá até aqui foram 20 discos e várias compilações em 32 anos de carreira. Durante cinco anos Leci ficou sem gravar por absoluta questão política. As gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pelas letras sociais. Ela cantou a defesa das minorias (todas elas), era convocada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de mulheres e principalmente o Movimento Negro. O reconhecimento pelo seu trabalho já lhe rendeu a medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e o título de Cidadã Paulistana, entregue pela Câmara de Vereadores de São Paulo. LÉLIA ALMEIDA GONZÁLEZ (1935 - 1994) Nasceu em Minas Gerais, filha de pai negro e mãe índia, era a caçula de 13 irmãos. Lélia González, militante constante da causa da mulher e do negro, em todos os espaços que atuou, se fez digna representante. Era graduada em História e Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UERJ e 10
Doutorada em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, USP. Soube usar o espaço acadêmico para desenvolver pesquisas temáticas relacionadas à mulher e ao negro. Foi professora de várias Universidades e Escolas importantes e o seu último cargo acadêmico foi o de Diretora do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC. Na vida política se destacou como participante da fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), anos 70, do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), anos 70, do Coletivo de Mulheres Negras N´Zinga, e foi membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Participou ativamente de inúmeros congressos internacionais. Atuou também em partidos políticos como primeira suplente de Deputado Federal, pelo PT em 1982 e suplente de Deputado Estadual pelo PDT, em 1986. Incentivadora ardorosa das manifestações culturais de raízes negras, participou de carnavais do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de 11
Samba Quilombo. Ajudou a fundar o OLODUM, bloco Afro de Salvador, com quem mantinha intercâmbio constante. Várias vezes fez parte do corpo de jurados das escolas de samba e era torcedora fervorosa do futebol brasileiro. Lélia González, acadêmica, uma das fundadoras do Colégio Freudiano de Psicanálise, entendia o futebol como cultura, não distanciado, pois, do cotidiano do povo. Deixou além de obras coletivas, teses e muitas anotações, os livros; “Lugar de Negro”, com autoria de Carlos Hasenbalg e “Festas Populares no Brasil”. Em seu último trabalho, Lélia de Almeida González refletia sobre a especialidade dos Negros da diáspora, condição que ela adotou o nome de Amefricanidade. LUÍSA MAHIN (Séc. XIX) Há controvérsias quanto ao local de nascimento de Luísa. Não se sabe se veio da África, como escrava, para a Bahia, ou se nasceu já em Salvador. Tornou-se livre por volta de 1812. Pertencia à nação nagô-jeje, da tribo Mahin, e dizia ter sido princesa na África. Fez de sua casa quartel de todos os levantes escravos que abalaram a Bahia nas primeiras três décadas do século XIX. Na revolta de 1830, estava grávida de Luís Gama, filho que teve de um português e que se tornaria poeta e um dos maiores abolicionistas do Brasil. Luísa envolveu-se nas articulações que levaram à Revolta dos Malês, como ficou conhecida a maior rebelião de escravos entre as tantas ocorridas na Bahia do século XIX. O levante se deu na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, liderado por escravos africanos de religião muçulmana, conhecidos na Bahia como malês.
Aproveitando-se de seu trabalho como quituteira, Luísa despachava mensagens escritas em árabe para outros rebelados, valendo-se de meninos para levar estes bilhetes. Se os escravos tivessem sido vitoriosos, Luísa Mahin teria sido empossada Rainha da Bahia Rebelde. Porém os planos dos revoltosos foram revelados às forças da repressão. Os líderes do movimento foram perseguidos e castigados brutalmente, mas Luísa conseguiu fugir para o Rio de Janeiro, onde continuou a luta pela liberdade de seu povo. Nesta cidade foi presa e, possivelmente, deportada para a África. Luís Gama escreveu sobre sua mãe: “Sou filho natural de negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luísa Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa.” LUZIA PINTO (SÉC. XVIII) Natural de Angola e moradora da vila de Sabará (MG), escrava africana, influenciava o cotidiano de negros, mestiços e brancos ao ler o futuro e falar sobre o passado de quem a procurasse. Foi denunciada pela Inquisição por feitiçaria e enviada a Portugal onde foi condenada em 1744. No processo da Inquisição de Lisboa contra ela, encontra-se a seguinte descrição do ritual praticado: "... fazia calundures, posta em um altarzinho com seu dossel e um alfange na mão, com uma fita larga amarrada na cabeça lançadas as pontas para trás, vestida a modo de anjo, e contando duas negras também
angolas e um preto tocando atabaque, que é um tamborzinho (...) e tocando e cantando estão por espaço de uma até duas horas, ficava ela como fora de seu juízo, falando coisas que ninguém lhe entendia, e deitavam as pessoas que curava no chão, passava por cima delas várias vezes, e nestas ocasiões, é que dizia que tinha ventos de adivinhar, a acusada”. MÃE ANINHA - EUGÊNIA ANA DOS SANTOS (1869-1938) Nasceu em 1869, filha de africanos da nação Gruncis. No candomblé era filha de Xangô e foi iniciada na casa de Bambochê, na nação Ketu. Mãe Aninha foi a figura mais ilustre nos candomblés daquele tempo. Reintroduziu, na Bahia, a tradição dos Obás (12 ministros de Xangô) e seu prestígio estendeu-se para além dos limites de Salvador, levando-a a viajar por outros estados, impondo sabedoria e autoridade. Também era reconhecida pelas irmandades religiosas que congregavam negros. Possuía uma quitanda na Ladeira do Pelourinho, que vendia artigos brasileiros e africanos utilizados nos terreiros de Candomblé. Uma passagem da vida da Ialorixá, contada por quase todos aqueles que tentaram biografá-la, é um dos momentos decisivos da história do culto afro-brasileiro: carregada de bagagens e seguida por uma corte de filhas-de-santo, mãe Aninha pegou um vapor no cais de Salvador em direção ao Rio de Janeiro. Na famosa viagem que fez na década de 30, a Ialorixá revestiu-se de doses extras de auto-estima e dignidade, ergueu ainda mais a cabeça que já andava empinada e saiu da capital baiana direto para a capital da República. Parecendo um adido cultural da África, ou mesmo a
primeira-ministra de um grande rei, entrou no Palácio do Catete. Em audiência com o então presidente Getúlio Vargas, pediu liberdade de culto aos adeptos do candomblé. Da reunião com Getúlio, Aninha saiu com o Decreto 1.202, um marco para acabar com as perseguições policiais impostas aos terreiros. A liberdade total, porém, só seria confirmada em 1976, muitos anos depois do encontro entre o chefe do país e a chefe da seita. Participou do II Congresso Afro-Brasileiro realizado em 1936, com uma apresentação sobre culinária litúrgica baiana. Durante o Estado Novo escondeu intelectuais perseguidos pela polícia política. Entre os beneficiados que se protegeram no distante ano de 1937, estavam Edson Carneiro, Jorge Amado e o poeta Aidano de Couto Ferraz. Antes de morrer Aninha designou Senhora (Ialorixá Iya Nassô) para substituí-la. Mãe Aninha morreu em 1938, e seu corpo foi sepultado na Quinta dos Lázaros, Irmandade de São Benedito com todas as honrarias da religião católica e do culto africano. Seu nome continua sendo lembrado como o da mulher altiva que conquistou a liberdade religiosa para os negros de Salvador. MÃE BEATA DE YEMANJÁ - BEATRIZ MOREIRA COSTA (1931) Nasceu no dia 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira, município de Iguape, no Recôncavo Baiano. Fundadora do terreiro Ilê Omi Oju Arô em Miguel Couto, Bairro de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, segundo a tradição do Alaketo, na Bahia. É também escritora e perpetuadora da história oral do povo negro no Brasil. Aos 74 anos, Mãe Beata também é conselheira do MIR (Movimento InterReligioso), membro do Unipax (que luta pela paz), faz parte do
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e é presidente de honra da Ong Criola há 13 anos. MÃE MENININHA DO GANTOIS - MARIA ESCOLÁSTICA DA CONCEIÇÃO NAZARÉ (1869-1986) Nascida em 10 de fevereiro de 1894 em Salvador, (BA), Maria Escolástica da Conceição Nazaré era filha de descendentes africanos da Nigéria. Sua avó foi a fundadora do terreiro de Gantois, no início do século e sua tia-madrinha, a mãe-de-santo Pulquéria da Conceição foi quem a iniciou aos 8 anos apelidando-a "Menininha". A mãe de Menininha deveria ser a sucessora de Pulquéria na função de Ialorixá do Gantois, mas a sua morte repentina exigiu um novo processo de escolha para a chefia da casa. O jogo de búzios indicou Menininha, então com 28 anos, para assumir essa função, escolha confirmada pelos orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluiaê. Antes de se tornar a mais famosa Ialorixá do candomblé, Mãe Menininha enfrentou prisões e a perseguição da polícia que reprimia com violência a prática do culto africano. Consciente de que a religião do candomblé era o último reduto de resistência da dignidade negra, Mãe Menininha defendeu a preservação histórica dos locais onde se localizaram os primeiros terreiros em Salvador, como o Engenho Velho e a Casa Branca. Casada, mãe de duas filhas, Mãe Menininha foi durante 64 anos a força dos Gantois, fazendo-se amar e respeitar por todo o povo brasileiro - anônimos e muitos ilustres - em razão de sua doçura, sabedoria e firmeza na defesa das tradições religiosas enraizadas na África. Mãe Menininha morreu a 13 de agosto de 1986, aos 92 anos. 12
MÃE MENINAZINHA DE OXUM - MARIA DO NASCIMENTO (1937) Nasceu em 1937 e foi iniciada na religião na década de 1960, por sua avó, Iyá Davina. Como Ialorixá, ela é a responsável pelos trabalhos espirituais do Ilê Omolu Oxum. O terreiro existe desde 1968, mas sua história remete a uma linhagem de tradicionais representantes do candomblé, surgida quando, em 1910, na Bahia, Iyá Davina foi iniciada na religião por Procópio d'Ogum, famoso pelas feijoadas que oferecia e pela defesa do candomblé que encampou durante a perseguição imposta pelo Estado Novo. Inicialmente instalado em Nova Iguaçu, hoje o Ilê Omolu Oxum se localiza na cidade de São João do Meriti, na baixada fluminense. Uma das preocupações principais de mãe Meninazinha é a manutenção das tradições. Para valorizar o legado, criou um memorial, com objetos de antigas mães-de-santo e fotos reunidos há décadas por ela. Assim, ela luta e afirma o seu ideal de preservação de sua herança sagrada e suas raízes afrobrasileiras. 13
MÃE SENHORA - MARIA BIBIANA DO ESPÍRITO SANTO (1900-1967) Nasceu em 31 de março de 1900, na Ladeira da Praça em Salvador, descendente de uma tradicional família da nação Axé de Ketu. Vinda de uma família de líderes religiosas africanas, sua trisavó foi uma das fundadoras do provável primeiro terreiro de candomblé de Salvador. Iniciada em 1907 por Mãe Aninha, fundadora do Axé Opô Afonjá, mais tarde, em 1938, escolhida para sua sucessora nos encargos desse terreiro , com o título de Iyalaxé Opô Afonjá (mãe do Axé Opô Afonjá). Em agosto de 1952, o rei dos Iorubás, Alafin de Oyo, na Nigéria enviou-lhe o título honorífico de Iya Nassô, que é destinado em Oyo, à sacerdotisa encarregada do culto de Xangô. Esse fato marca o reinício das antigas relações religiosas entre a África e a Bahia, continuadas e ampliadas posteriormente, mantendo Mãe Senhora em permanente intercâmbio de presentes e mensagens com reis e personalidades da seita, na África. Continuando a tradição de Mãe Aninha, Mãe Senhora recebeu durante anos no Opô Afonjá personalidades de todo o país, ligando o terreiro aos cientistas, escritores e artistas, colocando-os em contato com a cultura popular de raízes africanas. Mãe Senhora conheceu e foi retratada por Pierre Verger - fotógrafo, etnólogo, antropólogo, escritor, nascido na França, que se dedica ao estudo da religião e cultura negra da África e do Brasil, tema do qual é um dos mais respeitados especialistas e autor de diversos livros sobre o assunto - que se envolveu profundamente com o candomblé, passando a ser Ogã no terreiro de Mãe Senhora. Mãe Senhora morreu em 1967.
MARGARIDA JOAQUINA DE SOUZA (1758-?) Vivia em Salvador (BA), onde foi citada nos autos da devassa da Conjuração Baiana em 1798. MARIANA CRIOULA (SÉC. XIX) Mariana Crioula, ao lado de Manoel Congo foram líderes daquela que é considerada a maior revolta negra no meio rural brasileiro, a revolta de Vassouras, no Rio de Janeiro, na qual se estima que tenham participado cerca de 400 negros. Ocorrida em 5 de novembro de 1838, essa revolta causou grande susto à sociedade escravista brasileira, tendo o governo imperial enviado para combatê-la nada menos que o tenente-coronel Luiz Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro, tendo porém chegado tarde, quando o levante já estava dominado. Embora em maior número, porém sem armas e víveres, os amotinados foram dominados pelas tropas da guarda nacional, chefiadas pelo coronel Francisco Peixoto de Lacerda Werneck. É notória a disposição da Mariana Crioula, que, diante da luta, incitava seus comandados com gritos de "Morrer sim, entregar não". Foram presos os líderes da rebelião, inclusive Manuel Congo, acusado de ser o "rei" do eventual futuro quilombo, e Mariana Crioula, a "rainha". Causou furor, no processo, a participação de Mariana na rebelião, ela que era "uma crioula de estimação de dona Francisca Xavier", isto é, uma escrava doméstica, considerada das mais dóceis e confiáveis. Foram indiciados dezesseis fugitivos no processo. Em janeiro de 1839 deu-se o julgamento. Manuel Congo foi condenado à morte, acusado de ser responsável pelas duas mortes ocorridas
entre os perseguidores. Oito réus foram absolvidos, Mariana entre eles. Sete foram condenados a "650 açoites a cada um, dados a cinqüenta por dia, na forma da lei", além do que deviam andar "três anos com gonzo de ferro ao pescoço".O levante alarmou a província e ecoou pelo Império. MARIA AUXILIADORA SILVA (1935-1974) Nasceu em 24 de maio de 1935, em Campo Belo (MG), em uma família de 18 irmãos. Sua mãe era bordadora. Auxiliadora, ainda criança, mostra uma inclinação natural para tingir os fios que a mãe borda para fora. Não pôde completar os estudos e trabalhou como doméstica e passadora. Sua saúde era frágil e, aos 22 anos, foi submetida a uma primeira cirurgia. Em 1967 que ela decidiu se dedicar integralmente à pintura, trabalhando com determinação. Sem conhecer perspectiva ou claro-escuro, bem dentro dos princípios dos artistas autodidatas, foi aprimorando sua arte. Desenvolveu uma técnica própria, moldando as figuras em gesso no próprio quadro e escrevendo o enredo nas pinturas. No fim dos anos 1960, juntou-se ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, principalmente de cultura e arte de origem africana. Passou a expor seus trabalhos na Praça da República. Conheceu então o físico e crítico de arte Mário Schemberg, que a apresentou ao cônsul dos EUA, Alan Fisher. Este último organizou, em 1971, com sucesso, uma exposição da artista na galeria USIS do Consulado, em São Paulo. A notoriedade, porém,
durou pouco e Auxiliadora continuava sendo admirada apenas por alguns artistas primitivistas, como Ivonaldo e Crisaldo Moraes. Em 1972, aos 37 anos, Auxiliadora finalmente realizou o desejo de voltar a estudar, inscrevendo-se no Centro de Alfabetização de Adultos, universo que também retratou em seus trabalhos.Teve câncer, que a levou a ser operada seis vezes nos últimos dez meses de vida. A artista faleceu em 20 de agosto de 1974. Três anos depois, a editora italiana Giulio Bolaffi publicou, numa edição com texto em quatro idiomas, o livro Maria Auxiliadora da Silva, com textos de Max Fourny, diretor do Museu de Arte Naïf de l'Ile, França; Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça e Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo. Emanuel coloca a artista na fronteira entre a arte primitivista e a arte bruta, ou seja, aquela praticada fora do condicionamento cultural e do conformismo social. Coube ao marchand alemão Werner Arnhold, no final da década de 1970, colaborar definitivamente para que Auxiliadora alcançasse renome na Europa, levando seus trabalhos de feiras de arte e exposições na Basiléia, Dusseldorf e Paris. A crítica internacional ficou fascinada pela forma como trabalhava as cores e as temáticas tipicamente brasileiras. Conquistou um espaço eterno entre os maiores primitivistas brasileiros. MARIA BRANDÃO DOS REIS (1900-1974) Maria Brandão dos Reis, nasceu em Rio das Contas, na Chapada Diamantina (BA), em 22 de julho de 1900. Foi militante política do Partido Comunista por influência da Coluna Prestes. Transferiu residência para Salvador, onde estabeleceu uma pensão, situada na
Baixada do Sapateiro, que foi também o seu reduto de militância. Mulher de visão, oferecia guarida a todos que necessitavam de recursos para a sobrevivência imediata, apoiando aos que queriam estudar, mesmo que professassem ideologia diversa. Em 1947 organizou a vigília noturna e a passeata de protesto em apoio às moradoras do Bairro Corta Braço, ameaçadas de perder suas casas. Teve destacada atuação na ''Campanha da Paz'', organizada pelo PCB em 1950. Obteve o prêmio de Campeã da Paz, que lhe valeu o direito de ir a Moscou receber a Medalha da Paz. Isso não se deu porque foi preterida por um jovem intelectual. Maria Brandão jamais perdoou o Partido Comunista pelo desrespeito e indiferença. Escapou da prisão, na revolução de 1964, refugiando-se em Brasília por “aconselhamento espiritual” de Rosa Luxemburgo. Em 1965, retornou a Bahia, onde foi interrogada pela polícia sobre seu envolvimento com os comunistas. Faleceu em 1974, em Salvador. MARIA FIRMINA DOS REIS (1825-1917) Nascida em São Luís do Maranhão, é considerada por alguns autores como a primeira romancista brasileira. Aos 22 anos, Maria Firmina prestou concurso público para professora em Guimarães, onde passa a colaborar na imprensa local com poesias e contos. Seu livro “Úrsula”, de 1859, pode ser considerado como o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher no Brasil. Fez da literatura um instrumento de denúncia da escravidão, mostrando o quanto sua existência era contraditória com a fé cristã professada pela sociedade. Procurou ressaltar a superioridade moral do negro que conseguia preservar sua humanidade e sentimentos elevados ainda 14
e estava sempre presente nas manifestações estudantis contra a ditadura. No final de sua vida vendia doces e salgados na porta do Hospital das Clínicas em São Paulo. Maria José "Soldado" Bezerra, morreu em fevereiro de 1958. que na condição degradante de escravo. É autora de um livro sobre 13 de maio e de vários folguedos. Aos 55 anos, antes de aposentar-se do Magistério Público, Firmina fundou em Guimarães uma escola mista e gratuita para crianças pobres. Embora solteira e pobre, adotou várias crianças e teve inúmeros afilhados. Em 1917, morreu anos 92 anos, na casa de uma amiga ex-escrava. MARIA JOSÉ BEZERRA (1885-1958) Nasceu em dezembro de 1885, na cidade paulista de Limeira (SP). Alistou-se em 1932 como enfermeira e, de fuzil na mão, combateu em Buri, Ligiana, Itararé, o que lhe valeu o apelido de “Maria Soldado”. Embora escolhida como a “Mulher Símbolo” no Jubileu de Prata da Revolução de 32, não se tem mais detalhes sobre a participação de Maria Bezerra nessa revolução. Nos anais da Câmara Municipal de SP foi encontrada uma homenagem prestada a ela por ocasião de sua morte. Terminada a Revolução, "Maria Soldado", voltou à sua vida normal de empregada doméstica 15
MARIA JOSÉ BEZERRA (1953) Nasceu em Recife (PE), no bairro popular de Cordeiro. Teve uma infância pobre. Aos 13 anos, Maria José descobre o desequilíbrio hormonal que a levaria a diversas cirurgias. A violência do pai faz Maria José deixar sua casa, aos 19 anos, ao lado da mãe, sem levarem nada. Já estudante da graduação de História da Universidade Federal de Pernambuco, ingressou em um programa de assistência a universitários. Em 1978 torna-se professora da rede estadual de ensino pernambucana e decide ser mestre. Terminou os créditos e foi hospitalizada, vítima de um esgotamento. Não conseguiu defender a tese. No início dos anos 80, é aprovada em concurso para a Universidade Federal do Acre. Grávida de dois meses, acorda em uma manhã de 1990, sem conseguir enxergar. Com o nascimento da filha Luanda, a situação se agrava e começa o longo caminho de tratamentos para o tumor localizado no fundo do globo ocular. Depois de três anos, recupera 80% da visão. Volta ao mestrado na Universidade Federal de Pernambuco. Em 2002, defende sua dissertação em História do Brasil e ingressa no doutorado em História Social na Universidade de São Paulo (USP), sendo a única negra do curso. Hoje, Maria José termina, em Rio Branco, dissertação sobre a história do Acre. Aos 50 anos, faz uma contabilidade de sua
estrada: 14 livros, 21 cirurgias, uma filha e muitos sonhos. Foi um dos brasileiros citados em recente campanha da ABA, (Associação Brasileira de Anunciantes)“O melhor do Brasil é o brasileiro”. MARIA LATA D'ÁGUA (SÉC. XX) Importante passista das escolas de samba, trouxe a figura da mulher negra trabalhadora e lutadora para a passarela do carnaval. Entre o final dos anos 40 e anos 50, na Portela, Maria Lata D'Água sambava carregando um latão de banha na cabeça cheio de água, o que mostrava a marca do bom humor carioca em lidar com as vicissitudes, já que a maioria dos componentes das escolas vinham dos morros cariocas, onde não havia água canalizada na época e os sambistas eram obrigados muitas vezes a subir as ladeiras com latas d'água na cabeça, para abastecer seus barracos. MARIA PATRÍCIA FOGAÇA (1838-1913) Maria Patrícia foi uma mulher negra do povo, que se destacou por seu trabalho de parteira, na Baixada Santista. Nasceu em 1838, em Santos (SP), filha de negros forros e teve como padrinho de batismo José Bonifácio dos Andradas. Exercendo a profissão de parteira numa época em que essa atividade era realizada apenas por mulheres brancas, Maria Patrícia teve que enfrentar uma enorme campanha de descrédito movida por suas concorrentes. Sua competência e a consideração que desfrutava em todas as classes sociais, fizeram-na superar esses obstáculos criados em função da sua cor. Maria Patrícia não fazia da sua profissão apenas uma fonte
de sobrevivência, mas encarava-a como um verdadeiro sacerdócio, atendendo mulheres das mais diversas condições econômicas, com uma dedicação e sensibilidade que a tornaram além de parteira, uma espécie de conselheira das famílias que a solicitavam. Sua morte, em 1913, comoveu profundamente a Baixada Santista. MARLI PEREIRA SOARES (1954) Nascida em 25 de outubro de 1954 na favela do Pinto, no Rio de Janeiro, empregada doméstica, se tornou símbolo da luta contra a violência urbana quando corajosamente exigiu a punição dos policiais que em 12 de outubro de 1979, assassinaram seu irmão, Paulo - negro como ela. Ela testemunhou o assassinato. Marli Coragem, como passou a ser conhecida, denunciou os criminosos, peregrinando por delegacias e quartéis, lutando para ser ouvida. Foi mais de trinta vezes à polícia fazer reconhecimentos. Não conseguiu mais nenhum emprego e sua garantia de vida foi a cobertura que a imprensa deu ao caso. Em 12 de maio de 1980, foi decretada a prisão preventiva de 5 matadores de seu irmão, Paulo Pereira Soares Filho. Pressionada, Marli manteve-se escondida por muito tempo. Anos mais tarde, teve um filho assassinado pela polícia e desde então seu paradeiro é desconhecido. NA AGONTIMÉ (Séc. XVIII/XIX) A história de Na Agontimé começa com a luta pela sucessão ao trono de Daomé (atual Benin, na África): o rei Agonglo do Daomé
tinha como sucessor legítimo um dos seus filhos, o príncipe Adanzan, mas o caráter sanguinário deste fazia temer sua chegada ao trono, levando o pai (rei Agonglo) a consultar o oráculo (Fa) para saber se haveria uma escolha melhor. O oráculo designou Guezo, um dos filhos mais jovens de Agonglo. Guezo foi então apresentado como sucessor, ficando Adanzan, como regente durante a menoridade do irmão. Ele governou por 22 anos e Guezo teve que lutar para assumir o trono. Adanzan, que era filho de outra mulher do rei Agonglo, havia vendido aos mercadores de escravos da Costa, Na Agontimé, mãe de Guezo e uma parte de sua família. Quando o rei Guezo quis encontrar sua mãe, encarregou Francisco de Souza, o maior traficante de escravos, de intermediar essa busca. Dois enviados do rei levavam cartas de recomendação para os grandes plantadores dos países para onde eram levados os escravos comprados do Daomé. Os enviados fizeram diversas viagens para as Antilhas e para o Brasil. O próprio trono de Adanzan havia sido expedido para o Brasil, oferecido como presente do rei Guezo para a coroação do imperador Dom Pedro I. Pode ser esse o trono exposto atualmente no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Na Agontimé estava no Brasil e havia fundado em São Luís do Maranhão a Casa das Minas, o terreiro de tambor de mina mais antigo de São Luís. Tambor de Mina é a denominação mais difundida das religiões Afrobrasileiras no Maranhão e na Amazônia. A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado por ela. A Casa das Minas, desde a década de 1930, tem
sido visitada e comentada por pesquisadores nacionais e do exterior, que destacam o patrimônio musical, coreográfico, histórico, etnolínguístico e cultural deste importante terreiro jeje. É considerado um símbolo do caráter multicultural da sociedade brasileira. NAIR THEODORA DE ARAÚJO (1931-1984) Nasceu em 22 de junho de 1931, na cidade de Dores do Indaiá (MG), transferindo-se mais tarde para São Paulo. Cursou o Normal e optou pelo canto lírico em Conservatório Musical. Integrou os corais Corbi e da Igreja metodista. Participou da organização do Teatro experimental do Negro de São Paulo, atuou no musical “O Cordão” e nas peças “África”, dirigida por Dalmo Ferreira,“Os Ossos do Barão”, e “Veredas da Salvação”, essa última sob a direção de Antunes Filho. Participou da fase efervescente do Teatro de Arena e na criação e produção da peça “Arena canta Zumbi”. Dirigiu o Departamento Cultural da Associação Cultural do Negro, escreveu para o jornal “Clarim da Alvorada”, porta-voz da entidade, e realizou vários debates sobre o negro em rádios, televisões e universidades. Com destacada atuação na causa negra, a atriz tornou-se livreira, criando a Livraria Contexto, em SP. Escreveu vários poemas, até hoje inéditos. Nair Theodora morreu em 20 de maio de 1984. NEUMA GONÇALVES DA SILVA (1922-2002) Nasceu em 8 de junho de 1922, no Rio de Janeiro, filha de Saturnino Gonçalves, primeiro presidente da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. É sócia número um da Mangueira e foi sua 16
conselheira nata. Foi passista, presidente da Ala das Baianas e nos últimos anos desfilava como destaque. Fundou o Departamento Feminino da Mangueira onde continuou atuando com bastante vibração e energia. Brigona e emotiva, D. Neuma foi a maior força política e social da comunidade mangueirense, atuando em todas as decisões da Escola até à sua morte em dezembro de 2002. OBASSY CELINA VIEIRA (1937) Nasceu em 1937 em Minas Gerais. Veio para Rio com a família. Aos 14 anos foi trabalhar na casa de família em que sua mãe trabalhou durante 19 anos. Ficou neste emprego dos 14 aos 23 anos, quando saiu para se casar. Moradora da Cidade de Deus (zona oeste do Rio) desde 1967, Obassy deixou a Rocinha (zona sul) após o trágico temporal de 66, que pôs abaixo barracos em toda a cidade. Passou por vários alojamentos provisórios até ser instalada na comunidade. Lá ela acompanhou de perto a perseguição sofrida pelos “praticantes” da Umbanda e do Candomblé e se tornou líder comunitária, voz ativa na luta por 17
melhores condições para a comunidade. Criou sozinha cinco filhas na Cidade de Deus, das quais quatro têm formação universitária. A caçula ainda cursa o ensino médio. Hoje, é dona de um barracão de Umbanda, no Grotão, na Penha (zona norte) e trabalha como funcionária pública municipal - merendeira. Celita adotou o nome Obassy em homenagem ao orixá. Conheceu um grande amigo, presidente da Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda, que a convidou para presidenta da ala das baianas. A partir daí descobriuse poetisa e sambista. RAINHA TERESA DO QUARITERÊ (Séc. XVIII) Líder quilombola do século XVIII não se sabe se era natural de Benguela, Angola ou se nasceu no Brasil. É um exemplo de garra e competência na luta contra a opressão. O Quilombo do Quariterê em Cuiabá ficava próximo à fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. Sob a liderança da Rainha Teresa, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas sobrevivendo até l770. A Rainha Teresa comandou a estrutura política, econômica administrativa do Quilombo mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou resgatadas das vilas próximas ao quilombo. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja. O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheiro para rainha, desenvolvia agricultura de algodão possuindo teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes.
RITA MARIA (Séc. XX) Filha de escravos, viveu na Ilha de Florianópolis, capital da então Província de Santa Catarina e residiu nas proximidades do Forte Santana, denominada Praia da Feira, onde se localizava o atracadouro das embarcações, vindas do continente para descarga e comercialização de mercadorias. Rita Maria cozinhava e lavava para comerciantes que passavam por ali. Benzedeira e curandeira, gozava de muito prestígio junto à população, que chegou, inclusive, a batizar com seu nome o bairro em que ela morava. O bairro, denominado pelo povo, de Rita Maria, deixou de existir, mas a população exigiu que fosse mantida viva a sua história na Ilha, dando seu nome à Estação Rodoviária, de construção moderna, construída em local próximo ao bairro antigo que levava seu nome. Muitas pessoas ainda se lembram de Rita Maria como uma senhora negra, gorda, com mais de 80 anos, sempre risonha, vista todos os domingos na Igreja Nossa Senhora do Bom Parto. Rita Maria morreu na década de vinte. ROSA MARIA EGIPCÍACA DA VERA CRUZ (Séc. XVIII) Vinda da Costa da Mina, na África, Rosa chegou ao Rio de Janeiro em 1725, aos seis anos de idade. Comprada como escrava, aí permaneceu até aos 14 anos, quando foi vendida para Minas Gerais. Em Vila da Inconfidência, foi escrava de ganho, na prostituição, até que um dia entrou em transe e julgaram-na possuída por um espírito maligno. Quando em transe nas igrejas, Rosa caía desmaiada no chão. O Bispo de Mariana mandou examiná-la por
uma equipe de teólogos e, considerada como herege, foi açoitada em praça pública, ficando paralítica de um braço. O Pe. Gonçalves Lopes, um exorcista, acreditando na sua sinceridade, deu-lhe alforria. Levou-a para o Rio de Janeiro e lá fundaram em 1754 o Recolhimento de Nossa Senhora do Bom Parto, onde Rosa se reuniria a algumas mulheres pobres, na maioria negras. Em homenagem a uma santa oriental que de prostituta se transformara em eremita, Rosa adota o nome de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz. Tendo aprendido a ler, passa a registar suas visões e experiências místicas, iniciando o livro "Sagrada Teologia de Amor de Deus Luz Brilhante das Almas Peregrinas". Novamente suspeita de heresia e bruxaria é presa e enviada com seu confessor a Lisboa para julgamento. O seu processo não chegou a ser concluído, levando-nos a crer que tenha morrido antes da sentença. RUTH DE SOUZA (1921) Nascida no Rio de Janeiro, Ruth Pinto de Souza viveu até os 9 anos com a família, numa fazenda, em Porto do Marinho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltaram à cidade natal. Foram morar em Copacabana, numa vila onde residiam as lavadeiras e seus maridos, a maioria deles jardineiros dos casarões que existiam no bairro. O incentivo para estudar teatro veio da mãe, que a levou para as primeiras sessões de teatro e cinema. Depois de alguns anos no colégio interno - onde as freiras puniam a menina alegre que cantarolava músicas de Carnaval, a jovem atriz ingressou no Teatro Experimental do Negro - TEN, aos 17 anos, sob os
cuidados do escritor, dramaturgo, ator, e ex senador Abdias Nascimento. Com a peça O Imperador Jones, encenada pelo TEN, Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a pisar no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O TEN abriu as portas do mercado de trabalho para os artistas negros. O Teatro dos Comediantes uniu-se ao grupo de Abdias Nascimento e, juntos, montaram Terra do Sem Fim, de Jorge Amado. Em seguida, a companhia cinematográfica Atlântida resolveu fazer a adaptação do texto para o cinema e Ruth de Souza, de novo, foi escalada para o elenco, indicada por Jorge Amado para que fizesse no filme o mesmo papel interpretado no teatro. Ruth de Souza, com cinco anos de carreira, conseguiu uma bolsa de estudos da Fundação Rocckefeller, fez as malas e viajou para os Estados Unidos para estudar teatro. Lá, além de dramaturgia, aprendeu iluminação, sonoplastia, direção e cenografia. Assinou trabalhos como diretora em“Pork and Bess” e“Shadows of a Gunman”,peças em que trabalhou na época. Conheceu a Broadway e seus atores. Fez também um mês de estágio na Howard University, em Washington, indo após para Nova York, onde ficou dois meses na Academia Nacional do teatro Americano. De volta ao Brasil, recomeçou uma sucessão de trabalhos somando hoje mais de 50 anos de carreira, vividos nos palcos de teatro, estúdios de televisão e sets de filmagem. Ela viu nascer o cinema nacional, com as companhias cinematográficas Atlântica e Vera Cruz. Atuou nas primeiras radionovelas do país e nos teleteatros das TVs Tupi (Rio) e Record (SP), precursores das novelas de televisão, na década de 50. Também integrou o elenco de atores que participaram da fundação da Rede Globo, onde conta 30 anos de trabalho. Sua trajetória soma uma
infinidade de filmes, peças de teatro, novelas, minisséries e seriados. Primeira brasileira a ser indicada para um prêmio internacional - o de melhor atriz, na edição do Festival de Veneza de 1954 -, pela atuação em Sinhá Moça, Ruth de Souza disputou o Leão de Ouro com monstros sagrados do cinema mundial; Katharine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer, para quem perdeu por dois pontos. Apaixonada pela arte de interpretar, Ruth de Souza abriu caminho para o artista negro no Brasil. Primeira atriz negra a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, foi também a primeira brasileira a ser indicada a um prêmio internacional. Em 8 de abril de 1988, recebeu, em Brasília, a comenda do Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco da República Federativa do Brasil, por sua contribuição às artes Cênicas brasileiras. Em 1999, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura. TEODOSINA RIBEIRO (1925) Política, natural de Barretos (SP), foi eleita vereadora e deputada estadual na cidade de São Paulo na década de 1970. Foi a primeira mulher negra na Assembléia Paulista. TIA CIATA - HILÁRIA BATISTA DE ALMEIDA (1854 - 1924) Nasceu em Salvador (BA), em 1854. Filha de Oxum, no Candomblé, foi iniciada nos preceitos do santo casa de Bambochê, na nação Ketu.Aos 22 anos e com uma filha, mudou-se para o Rio de Janeiro, formando nova família e continuando os preceitos na casa de João Alabá, tornando-se Mãe-Pequena. Tia Ciata era muito respeitada pelos seus conhecimentos de religião e não deixava de comemorar, em sua casa, as festas dos Orixás quando, depois da cerimônia, 18
armava pagode. Essas festas chegavam a durar por volta de três dias. Muito boa doceira, punha barraca de comidas na festa da Penha e em volta se formavam rodas de samba, com a participação de Donga, Heitor dos Prazeres, Sinhô e Pixinguinha, alguns deles ainda desconhecidos como artistas. Sua casa tornou-se a capital da Pequena África, no Rio de Janeiro, e era um dos pontos obrigatórios dos cortejos de Carnaval, onde os ranchos passavam para reverenciar a velha baiana. Foi uma líder da comunidade negra no Rio de Janeiro, onde sua casa transformou-se em um berço do samba. ZEZÉ MOTA - MARIA JOSÉ MOTTA (1944) Nasceu em Campos, (RJ), em 27 de junho de 1944. Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Estudou no Tablado, curso de teatro de Maria Clara Machado. Começou sua carreira como atriz em 1967, estrelando a peça “Roda-viva”, de Chico Buarque, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Atuou, a seguir, em “Fígaro, Fígaro”,“Arena conta Zumbi”,“Orfeu negro”, em 1972, e “Godspell”, em 1974, entre outras. 19
Iniciou sua carreira de cantora em 1971, apresentando-se como crooner das casas noturnas Balacobaco e Telecoteco (SP). Produzida por Guilherme Araújo, apresentou-se em show realizado no Museu de Arte Moderna (RJ). Em 1975, gravou, com Gerson Conrad, o LP “Gerson Conrad e Zezé Motta”.Nas décadas de 1970 e 1980, lançou 5 LPs. Em 1995, gravou o CD “Chave dos segredos”. Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal. Em 2000, lançou o CD “Divina saudade”, interpretando o repertório de Elizeth Cardoso. Como atriz, participou de vários filmes “A rainha diaba”, "A força de Xangô", "Xica da Silva" - filme que a consagrou internacionalmente e pelo qual recebeu vários prêmios - “Quilombo”,“Jubiabá”,“Anjos da noite”,“Natal da Portela”,“Dias melhores virão”,“Tieta”,“Orfeu”, entre outros. Em televisão, atuou em novelas e minisséries na Rede Globo e na Rede Manchete. Além do trabalho artístico, Zezé também milita em outras fileiras: atualmente é presidente de honra do CIDAN- Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro. O CIDAN é uma organização não governamental criada por Zezé em 1984 que tem como principal característica a promoção e inserção do ator negro brasileiro no mercado de trabalho (www.cidan.org.br). Além disso, o CIDAN promove o curso “A Arte de Representar Dignidade”, curso de artes cênicas e cenotécnica dirigido a adolescentes e jovens moradores de comunidades pobres, em que Zezé é Coordenadora e Supervisora. É também Diretora de Comunicação da SOCIMPRO (Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais).
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Juliana Cassab Formada em Educação Artística pela UNIRP (São José do Rio Preto), especialista em Arte e Criatividade pela UNIFRAN (Franca), leciona cursos de Photoshop e CorelDRAW voltados à editoração eletrônica, fotografia digital e moda no SENAC de Ribeirão Preto. Atua como diretora de arte desde 2003 na agência 6P. - Participou como artista selecionada da Mostra Coletiva dos Artistas de Ribeirão Preto 2005, na Casa da Cultura, com o trabalho“Faça-se a Luz” - Fotografia e Caixa de luz. art.cassab@uol.com.br 22
Criação, diagramação e pesquisa: Juliana Cassab
Novembro de 2005