Revista Giropop - Edição 41

Page 1




EDITORIAL Dia 12 de junho é a típica data para se comemorar os beijos, abraços e carinhos com a pessoa amada. Mensagens, presentes ou diversas homenagens são compartilhadas pelos corações apaixonados, não é mesmo? Nesta edição, diferentes histórias mostram como isso é importante, mas não o suficiente. Cumplicidade, respeito e honestidade são outros ingredientes indispensáveis em toda e qualquer história de amor, brindam os melhores momentos, tornando-os inesquecíveis. Por falar em inesquecível, nada melhor do que relembrar o primeiro encontro. A união pode acontecer de diferentes formas, com a forcinha de desejos comuns e nos mais variados lugares. O mais legal e importante é que é única: nada melhor do que o primeiro de muitos encontros. Depois dos primeiros olhares, das primeiras conversas e dos primeiros caminhos, o namoro pode se transformar em algo mais sério, aí vem o noivado, casamento, diferentes bodas comemorativas e a família cresce. O que não se pode esquecer, de maneira alguma, é que nunca se deixa de ser namorado, até porque o amor está implicado na própria palavra. Além do primeiro encontro, toda relação também é única. Cada casal tem um jeito de ver e levar a vida, e isso também é compartilhado nesta edição. Na matéria principal, por exemplo, mostramos como policiais lidam com o amor, onde a segurança e insegurança dançam de um lado para o outro: enquanto lutam por uma cidade mais segura, muitas vezes presenciam a insegurança de suas mulheres, eternas namoradas, pelo seu trabalho. Afinal, nenhuma pessoa deseja ver o amado (a) correndo riscos.

4 | Junho 2016 | Revista Giropop

Junto com os policiais, outras diferentes pessoas abrem, nas próximas páginas, a casa e os corações para contar como lidam com o amor, como foi o primeiro encontro e, principalmente, como brindam os melhores momentos de uma vida apaixonada. A partir dessas histórias, desejamos a todos um maravilhoso e apaixonante Dia dos Namorados, que mais do que uma data, deve fazer parte da rotina, deve ser comemorado todos os dias!

Índice

Debaixo da farda de um policial militar Unidos pelo esporte e para o esporte Lições de amor, respeito e convívio ensinadas pela natureza Estilo - Moda também é coisa de homem Pescaria esportiva: Uma experiência única Carinhos e cuidados para os cachorros de rua Casal de surfistas divide o amor e as ondas Cultura - O valor que a capoeira tem O amor está online: Uma história que começou na internet Asepi - Um ano de conquistas em Itapoá

6 12 14 16 20 22 24 26 28 30



dia dos namorados

Debaixo da farda de um policial militar Ana Beatriz

Os policiais, antes mesmo de serem profissionais, também são seres humanos, pessoas comuns. É preciso lembrar que eles têm necessidades, desejos e defeitos. Assim como todas as outras pessoas, os policiais têm medo, se sentem ameaçados e, mais do que isso: Eles também têm uma família. Por um mundo humanizado e com mais amor, no mês dos namorados, entrevistamos dois policiais militares de Itapoá e suas esposas. Os casais contam suas histórias de amor e falam sobre a força e união da família dentro e fora de casa. Para as esposas, uma vez que se casa com um policial militar, todos na casa também acabam assumindo um compromisso com a polícia.

6 | Junho 2016 | Revista Giropop

Guardados pelas mãos de Deus

N

o município de Apucarana – PR, Jeferson Luís de Araújo Silva vivia o sonho de ser um policial militar. Na infância, participou de um projeto social chamado Guarda Mirim, o que despertou seu interesse pela área. Após o projeto, fez proezas para servir o Exército Brasileiro, e cumpriu o dever com felicidade. Em 2004, conheceu Rafaela Mendes e começaram a namorar. Ele era cabo do exército e ela estudante. “Desde que nos conhecemos, ele sempre comentou do sonho de se tornar policial”, ela conta. Quando ele deixou o Exército, em 2007, os dois se casaram. Oito meses depois, Jeferson prestou Concurso Público para a Polícia Mi-

litar e foi aprovado. Em busca de qualidade de vida, no ano deem 2008, o casal deixou o município de Apucarana e se mudou para Balneário Camboriú – SC, onde Jeferson se apaixonou ainda mais pela carreira de policial militar. Para a esposa, o receio por conta da profissão foi algo inevitável, mas o orgulho foi ainda maior. “Sempre senti muito orgulho dele. Acompanhei este sonho desde o início e estive presente quando se tornou realidade. Fiquei feliz, pois ele também estava feliz e realizado profissionalmente.”, fala Rafaela. Depois de três anos residindo e trabalhando em Balneário Camboriú, ele pediu transferência para Itapoá e, em um mês, o casal se mudou. No município, Jeferson, que já havia realiza-


do o sonho de se tornar policial militar, pôde realizar o sonho de ser pai. “Depois do nascimento do meu filho, algumas situações se tornaram ainda mais difíceis e passaram a exigir muito mais. Hoje, é impossível atender a uma ocorrência envolvendo criança e não imaginar o meu filho”, diz. Embora muitas pessoas desconheçam, quando uma pessoa escolhe a Polícia Militar, toda a família tem mudanças na rotina. Por motivos de precaução e segurança, o casal e o filho evitam irem a lugares muito tumultuados, onde não estejam com outros amigos policiais. “Infelizmente, nós, policiais, somos alvos dentro e fora do serviço. Precisamos garantir a integridade de nossa família, especialmente em uma cidade pequena como a nossa, onde a maioria das pessoas se conhece”, explica Jeferson. Nos passeios em família, são tomadas algumas medidas de segurança. Quando vão a um restaurante, por exemplo, automaticamente, Rafaela e o filho já sabem qual cadeira deixar reservada para Jeferson. Apesar de ter a escala de serviço, ele afirma que a função de um policial vai muito além do horário cumprido: “Mesmo nos dias

Casal Rafaela Mendes e Jeferson Luís de Araújo Silva, e o casal Cristiane Hemckemaier e Cristiano Rodrigo Hemckemaier.

de folga, é impossível assistir a alguma situação e simplesmente ignorar”. Também é preciso estar atento e selecionar as amizades. “As pessoas acham que os policiais se utilizam da farda para obter benefícios, mas são

elas quem se aproximam achando que terão benefícios com um amigo fardado”, fala a esposa Rafaela. Jeferson acredita as amizades se constroem no âmbito militar e com pessoas que verdadeiramente tiveram afinidade, não por algum interesse.

Revista Giropop | Junho 2016 | 7


Em seus oito anos de Polícia Militar, ele conta que já passou por inúmeras situações em ocorrências. Com o passar do tempo, além do trabalho nas ruas, o aprendizado também foi dentro de casa: aprendeu a filtrar as informações, para que a energia do ambiente familiar não fique pesada. A esposa também passou a interpretar seus sinais: “Quando ele chega do serviço, sua expressão diz se está enraivecido ou frustrado. Ele passa um tempo quieto, no seu canto. Depois, quando se sente à vontade, conversamos sobre o que aconteceu”. Para o profissional, o pior sentimento é a frustração, quando sente que poderia ter feito algo a mais ou agido de outra maneira em um determinado momento. Muito se espera e é exigido desta profissão. Em sua opinião, Jeferson diz que eles recebem muito pouco – não financeiramente, mas reconhecimento. “Alguns dizem que policial ganha pouco dinheiro, mas qual é o valor de uma vida ou de um risco que se corre? Não existe valor bom ou ruim para isso. Precisamos mesmo é de melhores condições de trabalho e reconhecimento”, relata. Diante de comentários negativos relacionados ao trabalho

8 | Junho 2016 | Revista Giropop

Apaixonados por música, Rafaela e Jeferson se divertem cantando e tocando.

da Polícia Militar, Rafaela vai à defesa do esposo e de seus colegas de trabalho. “Vejo meu marido ir trabalhar todos os dias, disposto a encarar qualquer tipo de situação. Quando ele volta, eu lavo a sua farda, muitas vezes manchada de sangue. Por isso, fico revoltada toda vez que escuto ou leio comentários dizendo que a polícia não trabalha. Dói muito.”, afirma ela, que reza todos os dias por Jeferson. Porém, apesar dos riscos e dificuldades, o policial militar é apaixonado pelo que faz. “Nossa profissão é muito característica e única. Somente quem

vive ou convive com um policial tem noção da responsabilidade carregada.”, diz Jeferson. Longe da farda e da sirene da viatura, além de curtir a família, ele gosta de passar horas em seu estúdio, que criou dentro de casa, na companhia de instrumentos e notas musicais. Jeferson também joga futebol, participa da associação dos músicos de Itapoá, de um grupo de amigos apaixonados por moto e canta na igreja com a esposa. Hoje, o casal aguarda a vinda do segundo filho, prevista para o mês de julho. O primeiro filho tem três anos de idade e já

compreende as necessidades da profissão escolhida pelo pai. “Desde criança, fomos inserindo na cabecinha dele que o pai não tem hora para voltar do trabalho e que lida com situações muito perigosas.”, conta a mãe. O pequeno tem um boneco militar, que diz ser o pai. Em suas brincadeiras, ele é representado como um herói, que ajuda as pessoas e combate o mal. Dentro de casa, o casal faz uso de alguns códigos para se comunicar e, quando o assunto é mais sério, Rafaela o chama de Araújo Silva, seu nome de guerra. Segundo eles, quando alguém casa com um policial militar, está assumindo um compromisso com a polícia. O juramento “com o risco da própria vida” não é feito apenas pelo PM. Em cada nova operação, a família se sente unida, correndo riscos e com o medo de perder o “herói” das brincadeiras. “Mas acreditamos que somos guardados pelas mãos de Deus”, afirmam. Jeferson diz que, se hoje está na Polícia Militar e ama sua profissão, o mérito é de Rafaela, que lhe apoia, incentiva e é o seu braço direito. Todos os dias, quando vai trabalhar, beija o filho, a esposa e sua barriga. Ele evita sair de casa brigado: “Como posso oferecer o meu


melhor para a família dos outros se não ofereci o meu melhor à minha família?”. Para ele, melhor do que um dia de trabalho com ocorrências de sucesso, é saber que tem uma “corporação” em sua casa, rezando e esperando por ele.

Relação de força e cumplicidade

N

atural de Três Barras – SC, Cristiano Rodrigo Hemckemaier estudou em um colégio agrícola e desejava traçar seu futuro para na área da agropecuária. Até que, certo dia, seus tios lhe incentivaram a prestar o Concurso Público da Polícia Militar. “De início, estranhei a ideia, pois nunca havia me imaginado como policial. Mas, depois, aceitei a sugestão e fui aprovado.”, recorda. Durante nove meses, ele aprendeu técnicas, táticas, leis e passou por testes físicos. Assim, mesmo contra a vontade de seu pai, nasceu um policial militar. Sua primeira experiência de trabalho foi em 1999, no município de Mafra – SC. Novo na profissão, ele estava trabalhando

Uma das paixões e lazer do casal Cristiane e Cristiano é o motociclismo.

como reforço em uma viatura, até que soube de uma loja que havia sido furtada. Foi na ocorrência que ele conheceu Cristiane Hemckemaier, que trabalhava como vendedora na loja em questão. O ladrão foi detido, e o policial e a vítima voltaram a se ver na delegacia e no fórum. Uma semana após o ocorrido, Cristiano foi à inauguração de um bar, quando Cristiane passou por ele. “Eu a chamei pelo nome, mas ela não me reconheceu de imediato. Então eu insisti: ‘Cristiane, só porque estou sem farda você não me reconhece?’”, recorda. Naquele

momento, eles perceberam que tinham muito em comum: Além dos nomes, os dois estavam vestindo roupa preta, calçando sapatos parecidos, bebendo a mesma marca de uísque, fumando a mesma marca de cigarro e curtindo o mesmo estilo musical, o rock and roll. Desse dia em diante, começaram a namorar. No ano seguinte, o policial militar foi transferido para a cidade de Joinville – SC, e a namorada permaneceu em Mafra. Foi nesta época, que tomou gosto pela profissão: – “Passei a ter muito serviço e a assumir o volante da viatura. Então, entendi a

profissão e vi que era exatamente o que eu queria”. O namoro à distância durou dois anos, até que eles se casaram, em 2002. Com o desejo de uma cerimônia fora do comum, casaram em um parque aquático. Apaixonados por rock, a música de entrada do noivo foi de Ozzy Osbourne, e da noiva foi de Smash Pumpkins. Casados, os dois moraram em Joinville até o falecimento do pai de Cristiano, quando voltaram para Três Barras. Como o trabalho permaneceu na cidade joinvilense, passou dois anos viajando 180km diariamente. Essa fase foi, para ele, a época mais desgastante. Depois, com o pedido de transferência para Itapoá, se mudaram para o litoral em 2009, quando o pelotão precisava de mais policiais efetivos. Na época, o casal já tinha um filho pequeno e todos o acompanharam para a beira da praia. Hoje, há 18 anos na Corporação Militar, o policial conta que já trabalhou em diferentes cidades e exerceu diferentes funções. Apesar do cansaço, ele lembra que gostava muito do Serviço de Inteligência (P2), onde lidava com ocorrências mais graves, como tiroteio, homicídio, tráfico, entre outros. Ao mesmo tempo, o trabalho na P2 foi quando sua família mais se

Revista Giropop | Junho 2016 | 9


preocupou. “O telefone tocava na madrugada e ele saía para as ocorrências. Eu mal dormia, pois não sabia se ele voltaria.”, conta a mulher. Para Cristiane, um episódio marcante foi quando o policial passou mais de dois dias fora de casa, pois estava fazendo campana dentro do mato, procurando criminosos. “Ele voltou sujo, molhado e com os pés brancos”, recorda. Assim como seus colegas, diversas vezes Cristiano teve que abandonar datas comemorativas, festas de família ou o filho doente para ir trabalhar. Para ser esposa de um policial militar, o casal acredita que é preciso ter força e cumplicidade. “Muitas vezes ela se encontrou sozinha, em situações difíceis, cuidando do nosso filho e da casa, enquanto eu estava trabalhando”, conta. Assim, seu ofício também exige cuidados de segurança dentro da própria casa, de muro alto e com três cachorros guardiões. Já Cristiane, procura evitar pensamentos negativos enquanto o marido está fora. “Quando começamos a namorar, sentia muito medo e passava noites em claro. Com o tempo, me acostumei e deixei nas mãos de Deus”, fala. Por conta do cargo exercido, o casal também tem o hábito de estar atento em ambientes pú-

10 | Junho 2016 | Revista Giropop

Os policiais militares Araújo Silva e Hemckemaier, de Itapoá.

blicos, prezar pela segurança pessoal e selecionar as amizades. “Ser policial pode aproximar ou afastar as pessoas. Elas querem que nós estejamos perto sempre que precisarem, quando sofrerem qualquer tipo de agressão ou forem assaltadas, mas distante o bastante nos outros momentos”, conta o PM. Ele ainda diz que são indesejados por boa parte da popu-

lação, pois, mesmo quando se está tudo tranquilo, a presença policial costuma incomodar. “É preciso parar com a ideia de que onde tem polícia, tem algum problema”, diz a esposa. Este comportamento cultural costuma ser sedimentado pelos pais e responsáveis que colocam na cabeça das crianças que o policial é uma pessoa má, e fazem ameaças, dizendo que se a

criança fizer o que não pode, ele vai pegá-la. “A atual filosofia da polícia é que a população seja sua parceira e atue junto aos policiais, e não sinta medo de nós”, explica Cristiano. Assim, desde a paciência para lidar com uma criança ou uma pessoa alcoolizada, até o controle emocional para um assalto ou sequestro, os policiais militares devem estar prepara-


dos para qualquer tipo de situação. “Somos cobrados constantemente pela corporação e pela comunidade, mas, o que muitos não compreendem, é que o Estado, de modo geral, também possui falhas. Nosso trabalho não é só levar criminosos. Depois disso, passamos horas a fio esperando que eles sejam entregues. Infelizmente, muitas

vezes, os criminosos que acabamos de levar vão para casa antes de nós”, desabafa o PM. Para esvaziar a mente, ele já passou por uma fase em que montava quebra-cabeças gigantes, e outra em que montava e desmontava sofás, como ajudante de um tio estofador. Hoje, para relaxar durante as folgas, além de aproveitar o tempo com a família, Cristiano gosta de jo-

medidas básicas de prevenção Para garantir a segurança do cidadão itapoaense, os policiais militares Jeferson Luís de Araújo Silva e Cristiano Rodrigo Hemckemaier, alertam medidas básicas de prevenção que podem evitar oportunidades para a ação de criminosos, como: - Atender a porta da residência somente após identificação prévia; - Orientar familiares e empregados para que não comentem sobre os bens materiais da família; - Cuidar com postagens nas redes sociais, que informem a rotina da família, o caminho do trabalho, endereço, telefone, etc.; - Ao sair ou retornar da residência, observar as proximidades e, se constatar a presença de estranhos, chamar a polícia; - Ao viajar, avisar os parentes ou vizinhos de confiança, para que esporadicamente verifiquem a residência; - Estacionar o veículo somente em lugares movimentados e iluminados;

gar bilhar, cultivar as plantas da casa, cortar a grama e, principalmente, se reunir com o grupo de amigos motociclistas. Para seu filho de dez anos de idade, Cristiano é um herói. Para a esposa, é um orgulho. “Todos os dias, meu marido está nas ruas arriscando a própria vida, expondo a nossa família à sua ausência. Assim como estes profissionais, nós, que somos a

- Ao estacionar, parar em cruzamentos ou semáforos, especialmente à noite, ficar alerta à aproximação de estranhos, mesmo que não lhe pareçam suspeitos; - Não carregar objetos de valor, grandes quantias de dinheiro ou cartões de crédito, se não houver necessidade; - Evitar caminhar por lugares sem iluminação e com pouco movimento; - Se notar que está sendo seguido, procurar um estabelecimento movimentado e pedir ajuda; - Prestar sempre atenção ao que acontece à sua volta. O uso de celulares ou fones de ouvido nas ruas pode causar distração e fazer com que não perceba a aproximação de marginais; - Não levar objetos de valor para a praia e nunca deixar os seus pertences sozinhos; - Ensinar a criança a pedir auxílio à polícia (pessoalmente ou por telefone) ou às pessoas conhecidas, quando perceber estranhos em atitudes suspeitas; - Configurar o número da polícia (190)

sua família, também desejamos mais valorização e respeito”, fala Cristiane. Para que a sociedade melhore, os policiais militares acreditam que é preciso desconstruir a imagem de uma polícia inimiga, truculenta, que bate e traz repressão, para uma polícia amiga, que protege, previne e defende. Eles lembram que debaixo da farda também existem seres humanos.

como o primeiro de sua lista de contatos no celular, para que seja de fácil acesso, se precisar acionar rapidamente; - Em caso de assalto, não reagir. E tente, discretamente, gravar a fisionomia do assaltante para ajudar a polícia. Vale lembrar que estas dicas não são únicas, mas devem compor uma cultura de prevenção. “A partir do momento em que toda a comunidade participa na solução dos problemas de segurança, as ações da polícia passam a ser complementares e não exclusivas”, afirma o policial Cristiano. Outro conselho, dado pelo policial Jeferson, é que a sociedade não se omita e denuncie. “Diante de uma situação suspeita, a população não deve se esconder ou sentir medo de se envolver. Hoje, diversas ferramentas aproximam a polícia e a sociedade, como as denúncias anônimas”. Os policiais militares de Itapoá estão dispostos para mais esclarecimentos e convidam a comunidade para conhecer o seu trabalho e contribuir na segurança no município, alcançando a paz e a tranquilidade que todos desejam.

Revista Giropop | Junho 2016 | 11


dia dos namorados

Unidos pelo esporte e para o esporte

A paixão pelo esporte também está presente neste Dia dos Namorados. Segundo os apaixonados, praticar exercício físico em conjunto resulta em incentivo e motivação extra. Quem tem vivido esta experiência é o casal de professores Silas Schafhauser e Fabíola Tanaka, de Itapoá. Apaixonados por voleibol, eles treinam, competem e assistem jogos juntos. Além disso, são grandes incentivadores do esporte e desejam popularizar o mesmo no município, através de um projeto realizado por Silas.

T

Ana Beatriz

udo começou em Rio Negro - PR. Na infância, Silas e Fabíola competiam pelos times escolares, ela praticava handebol e ele voleibol. Tempo depois, os dois

12 | Junho 2016 | Revista Giropop

descobriram que até chegaram a estudar na mesma escola e a viajar juntos para competir, mas só se conheceram em 2002. Foram unidos pela academia, onde ele trabalhava e ela era aluna e, depois de um mês, já estavam morando juntos.

Em 2007, Fabíola passou no concurso público em Itapoá para assumir o cargo de professora de inglês e português, e o casal se mudou para o município litorâneo, como sempre desejou. Junto com as malas e o gosto pela nova cidade, o espor-

te os acompanhou. Durante um período, Silas se dedicou ao trabalho na academia, deixando o voleibol de lado, mas não por muito tempo. Certo dia de praia, Fabíola desafiou o parceiro: “Ele sempre comentou sobre sua trajetória


no esporte. Algumas pessoas estavam jogando vôlei no projeto que acontece na praia de Itapoá e então disse que se ele realmente jogasse bem, deveria provar”. Silas aceitou o desafio e, a partir daí, retomou sua paixão. Mais que isso: fez com que a amada também se apaixonasse pelo voleibol. Assim, em todos os finais de tarde de verão a programação era a mesma: ir à praia para jogar vôlei. Aos poucos, ele ensinou à Fabíola as regras e os benefícios do esporte e, muito além de uma paixão pessoal, a dupla também desejou difundir o voleibol no município de Itapoá. Silas é professor de educação física e dá aulas em uma escola do município. Anteriormente, trabalhou na Secretaria de Esportes e na Ampliação de Jornada Escolar (AJE), um projeto gratuito para as crianças da rede municipal, mantido pela Prefeitura Municipal de Itapoá. Neste projeto, Silas trabalhou no núcleo de voleibol, treinando os times infantis (feminino e masculino) do município de 2010 a 2015, quando o mesmo foi encerrado para corte de gastos. Ele recorda que muitas crianças se revelaram como atletas de voleibol e passaram em testes de outras cidades, como é o caso de uma aluna que

chegou a entrar para a seleção paranaense de voleibol de areia. Com o encerramento do projeto AJE, os alunos passaram a cobrar a necessidade e a importância de retomar os treinos. Para encontrar uma solução e dar continuidade a estes sonhos, o professor, com a ajuda da esposa, passou a realizar os treinos duas vezes por semana, como trabalho voluntário, após o expediente. “Muitos dos meus ex-alunos já estão crescidos. Então, criamos times juvenis (feminino e masculino), reunindo estes ex-alunos a nós, adultos, que também desejávamos praticar uma atividade física”, explica o professor. Os treinos são gratuitos, abertos ao público e acontecem nas quartas-feiras, no ginásio da escola Ayrton Senna, e nas sextas-feiras, no ginásio da escola Frei Valentim, das 19h às 21h (treino feminino), e das 21h às 23h (treino masculino). O que começou como atividade de lazer virou coisa séria. “Hoje, o nível de rendimento é alto e jogamos com muito mais técnica”, diz Fabíola. Sem qualquer patrocínio ou ajuda de custo, os times de jovens e adultos se reúnem para competir em outras cidades, participam de torneios amadores e, muitas vezes, retornam com troféus. “Re-

Silas Schafhauser e Fabíola Tanaka, um casal que dissemina o voleibol em Itapoá.

cebemos muitos convites para participar de competições, mas pela escassez de recursos, temos que selecionar os torneios mais próximos, mais curtos ou mais baratos”, conta Silas. O casal ressalta que os familiares das crianças são muito participativos e grandes incentivadores da causa. Para Fabíola, ter um parceiro como treinador é ainda mais difícil. “Ele é exigente e muito profissional, eu já sou mais competitiva”, conta. Quando o assunto é voleibol, eles têm suas preferências: Fabíola gosta mais do vôlei de praia, e Silas prefere o vôlei praticado em quadra. Embora muitos lhe digam

que é perda de tempo, Silas acredita e abraça os sonhos das crianças. Para o treinador, todo professor também é um pouco sonhador. “Acreditamos que não só o voleibol, mas todo esporte deve ser incentivado e ofertado às crianças. Se elas não se tornarem atletas, ainda assim se tornarão pessoas melhores, pensadoras e de bom caráter”, fala o casal. O desejo de Silas, assim como o de Fabíola, é difundir o vôlei no Município de Itapoá, de modo a abrir novas portas para as crianças e adolescentes. É um trabalho a longo prazo, mas assim como no voleibol, só se acerta com um bom treinamento, união e muita garra.

Revista Giropop | Junho 2016 | 13


dia dos namorados

Lições de amor, respeito e convívio ensinadas pela natureza Ana Beatriz

Se relacionar consigo, com os outros e com o planeta de forma mais harmônica e saudável – este é o estilo de vida adotado por Meriele Abreu da Rocha e Bruno Comelatto Frizzarin, um casal apaixonado pela natureza. Juntos há mais de dez anos, eles compartilham muito mais do que amor, mas também viagens, aventuras e hábitos mais conscientes. Para eles, a natureza é mestra e, se escutada e respeitada, ensina suas lições em cada detalhe.

14 | Junho 2016 | Revista Giropop

E

la nasceu na pequena cidade de Canta Galo - PR, mas passou a infância e maior parte da adolescência em Itapoá; enquanto ele nasceu e cresceu em Americana – SP, onde o casal reside atualmente. Meriele e Bruno se conheceram durante o período da faculdade, na cidade de Irati - PR. Ela estava cursando Psicologia, ele Engenharia Florestal. O casal recorda que o primeiro beijo aconteceu em uma festa da faculdade. Na semana seguinte, eles já estavam namorando

e fazendo as coisas juntos. “O encanto veio com o tempo. Começamos a conviver muito rapidamente e ficamos amigos e namorados ao mesmo tempo”, conta Bruno. Mas, antes mesmo de se apaixonarem um pelo outro, Meriele e Bruno já eram apaixonados pela natureza. “Cresci aprendendo a respeitar a praia e o mar, e usufruindo dele de forma consciente”, afirma Meriele. Para ela, perceber cada detalhe de um passarinho ou o formato de uma concha da praia é como se o mundo parasse para tal contemplação.

Bruno também sempre gostou de estar na natureza. “Durante minha infância, meus pais compraram uma chácara na zona rural e isso mudou minha vida. Tive diversas oportunidades de nadar em riozinhos limpos, ver o sol se pôr e a lua nascer”, recorda. Para eles, encontrar um parceiro que também goste de se aventurar é sinônimo de realizações e aprendizados a dois. Quando vão para uma empreitada na natureza, planejam cada detalhe: O que vão comer, beber, os equipamentos, o roteiro e até mesmo as coisas que podem dar errado. “Fazer


Pedaladas, trilhas e cicloviagens são algumas das atividades favoritas do casal Meriele Abreu da Rocha e Bruno Comelatto Frizzarin.

este planejamento e executá-lo juntos também é um exercício de convivência. Nem sempre as coisas saem do modo que planejamos e nem por isso dá errado ou é impossível consertar”, afirmam. Juntos, Meriele e Bruno pedalam, fazem cicloviagens, trilhas, visitam cavernas, sobem montanhas (trekking), velejam no mar e procuram viver a vida da forma mais simples possível. Nos lugares que visitam, levam o mínimo de lixo e o recolhem, respeitam as demarcações das trilhas, não fazem fogueiras, não usam produtos químicos nos rios, entre outros, de modo a causar o menor impacto possível na natureza. Dentro de casa, o casal procura economizar o máximo de

energia e água possível, reutiliza a água da lavagem de roupa para lavar a casa, separa e destina o lixo reciclável corretamente. Meriele e Bruno também têm uma pequena horta, onde produzem algumas verduras e legumes. “Sempre que podemos, também fazemos uma horta no quintal dos parentes e deixamos para eles cuidarem”, contam. Mesmo adotando um estilo de vida com menos consumismo, menos determinismos culturais e tentando se desvencilhar dos padrões impostos pela sociedade, o casal acredita que está longe de ter uma vida sustentável. “Geramos bastante lixo, comemos carne e adoramos tomar uma cervejinha. Ainda assim, buscamos desenhar uma transição onde possamos viabi-

lizar uma vida mais harmoniosa conosco e com o planeta”, falam. Encontrar um parceiro que goste das mesmas aventuras faz toda a diferença e, para eles, traz magia e energia para o relacionamento. “Todo e qualquer plano que temos, seja de pequeno, médio ou longo prazo, sempre o outro está incluído”, diz Meriele. Devido às cobranças que fazem pelo planeta, os dois contam que, muitas vezes, são vistos pelos outros como um casal chato. “Precisamos da natureza para viver. Como as pessoas pensam em ter filhos, se não conseguem se relacionar com seu próprio lixo? Qual futuro elas desejam ao seu filho?”, questionam. Meriele e Bruno acreditam que, infelizmente, o mundo está to-

mado pelo “ter”, dando menos importância ao “ser”, que cada um precisa fazer a sua parte e a parte do outro também. Cada dificuldade que passam nas aventuras em uma montanha, por exemplo, são lições de amor, respeito e convívio ensinadas pela natureza e carregadas para a vida a dois. O momento no final do dia de trilha, quando a água está acabando e eles não veem a hora de chegar ao local de acampamento – se é que ele existe – lhes ensina muito. Dessa forma, Meriele e Bruno mudam alguns hábitos diários e, consequentemente, compartilham dos mesmos valores com a pessoa amada. Não por acaso, eles gostam muito de uma frase de Raul Seixas que diz: “Sonho que se sonha junto é realidade”.

Revista Giropop | Junho 2016 | 15


ESTILO

Moda também é coisa de homem Ana Beatriz

Diversos aspectos sociais e culturais que transformaram o universo da moda masculina vêm derrubando estereótipos e provando que moda é coisa de homem, sim. Para Marco Melo, de Itapoá, os homens estão finalmente descobrindo que gostar de moda e de se vestir bem não fazem deles menos homens: “Muito pelo contrário, justamente por ser alguém seguro, é que podem ousar e vestir aquilo que realmente gostam”, afirma.

M

arco nasceu em Londrina – PR. Frequentador das praias de Itapoá há mais de 20 anos, há cinco ele reside no município litorâneo. Sua mãe recorda que desde criança Marco demonstra personalidade e escolhe as próprias roupas. Apesar de sempre gostar de moda, para ele, é mais importante se sentir bem do que estar

16 | Junho 2016 | Revista Giropop

balho da dupla consiste na elaboração de joias alternativas, misturando materiais como prata, ouro, madeira, sementes, couro, entre outros. Mas, quando o assunto são vestimentas, ele define seu estilo como básico, misturando peças de alfaiataria. “Prezo por peças confortáveis e versáteis, que eu me sinta bem as usando em Itapoá ou em qualquer lugar do mundo”, Marco Melo, de Itapoá, é apaixonado por moda. conta. Algumas de suas na moda. “Muita gente confunde marcas favoritas são Calvin moda com estilo. A moda passa, Klein, Gucci, Hering, Armani, o estilo permanece. É preciso Osklen, Louis Vuitton, John John tempo e autoconhecimento para e Louie, uma marca brasileira de ser fiel a si mesmo e criar o pró- sapatos artesanais masculinos. prio estilo”, explica. Apaixonado pelo assunto, Marco Entre os estilos que lhe agra- gosta de assistir a programas de dam, está o alternativo, presen- moda, ler revistas Vogue e acomte em sua marca de acessórios panhar eventos da área. Batas, Icoh Joias. Marco fez escola de blazers de moletom, cachecóis, joalheira e criou a marca com chapéus, jaquetas de inverno, um amigo. Em seu ateliê, o tra- peças de tricô, jeans, tênis, sa-

patos e chinelos de couro, calças com o detalhe da barra dobrada, bermudas de alfaiataria e acessórios, como anéis, pulseiras e colares são algumas de suas peças prediletas. “Gosto de criar composições equilibradas, como calça com chinelo de couro, bermuda de alfaiataria com sapato ou jeans com camiseta branca”, fala. Alguns looks de Marco podem ser conferidos em sua conta no Instagram (@whojahblessnoonecourse). Além das peças de moda, ele também se interessa por maquiagens, cortes e penteados de cabelo, cuidados com a pele e produtos de beleza. Por já ter trabalhado como apresentador de programa de televisão e como modelo, Marco se familiarizou com alguns produtos de maquiagem e beleza. “Gosto de fazer maquiagens básicas para determinadas ocasiões, e uso BB cream todos os dias – produto que serve de hidratante, filtro solar, primer e base facial”, diz. Já os cabelos, Marco deixa por conta de um profissional. Ele recorda que já teve cabelos longos, dreadlocks falsos e tranças. Atualmente, seu corte de cabelo é o “undercut”, com as laterais ras-


Em suas composições, ele gosta de misturar estilos, como o básico, alternativo e peças de alfaiataria.

padas e o topo volumoso; para variar, Marco também gosta de fazer um coque no estilo samurai. Longe do ateliê, ele também presta consultoria de estilo pessoal, um tipo de treinamento para aprender a escolher as vestimentas certeiras, de modo a facilitar a vida do usuário. “Na consultoria de estilo são realizados estudos para valorizar a silhueta, para entender o que comunica todo tipo de personalidade e humor, para se livrar das peças paradas no guarda-roupa, se arrumar em menos tempo, sair da mesmice e se sentir preparado e adequado para qualquer ocasião”, explica. Marco acredita no poder da moda para romper paradigmas.

“Estamos em 2016 e o transgênero vem ganhando espaço na moda. As peças de roupa estão sendo desenvolvidas para que pessoas de todos os gêneros expressem como gostariam de se vestir em um mundo sem preconceitos”, diz. Ele fala que este processo de criação unissex, sem rótulos de feminino ou masculino, também faz parte do conceito da Icoh Joias. Livre de preconceitos e valorizando a diversidade, Marco conta que pretende encomendar uma saia masculina de couro, no modelo que o ator Bruno Gagliasso vem utilizando recentemente. “A questão é se sentir bem. Se eu experimentar e me sentir bem, vou usar”, afirma.

Cada vez mais, a moda se mostra democrática e o estilo como ferramenta de expressão, orientando os membros do sexo masculino, independente de sua orientação sexual, a deliciosa arte de se vestir. Para Marco, todas as pessoas podem gostar de se vestir bem e inovar, e isso não é ultrapassado – ultrapassado seria pensar o contrário. Portanto, abram suas cabeças e seus guarda-roupas: Moda também é coisa de homem.

Revista Giropop | Junho 2016 | 17




Dia do Pescador

Pescaria esportiva: Uma experiência única Ana Beatriz

Eles dividem os segredos das águas em capítulos, entendem do ar, da lua e das marés, têm um olhar especial sobre a natureza e exercem sua atividade por esporte, lazer ou trabalho: Eles são os pescadores. Em comemoração ao Dia dos Pescadores, celebrado em 29 de junho, Milton Klinkerfus Filho, um dos precursores da pesca esportiva no município de Itapoá, fala sobre a sua trajetória e experiência nesta modalidade que vem se popularizando na região.

S

ua paixão pela atividade iniciou cedo, logo na infância, por influência de familiares. Milton morou em diversas regiões do Brasil e já pescou nos melhores rios do país. Há 27 anos, quando chegou a Itapoá, pouco conhecia sobre pesca em água salgada, mas não mediu esforços para aprender através de estudos e pesquisas

20 | Junho 2016 | Revista Giropop

Juntos, Milton Klinkerfus Filho e Vera Aldinucci Klinkerfus se aventuram na pesca esportiva.

com pescadores locais. Assim, se tornou um dos precursores de pesca esportiva no município e o que era paixão e lazer, também virou trabalho. Junto com a esposa Vera Regina Aldinucci Klinkerfus, ele criou a Pescamil, empresa especializada em pesca esportiva em mar aberto, que utiliza lancha, guia de pesca e outras facilidades para a atividade. Para uma pescaria de sucesso, ele salienta a importância do guia: “O bom guia de pesca possui condições de enfrentar uma situação adversa de mar, tem profundo conhecimento de navegação e

condições meteorológicas, auxilia na montagem dos materiais, como a linha e a isca mais apropriada, e possui experiência como guia turístico de pesca, conhecendo os melhores pontos e horários”. Assim, além de segurança, o profissional contribui para que se obtenha o máximo de produtividade e diversão possível durante a pescaria. Apesar de ser pouco explorada no Brasil, a pesca esportiva vêm levantando polêmicas e questionamentos quanto ao seu objetivo principal. Em poucas palavras, esta modalidade, também conhecida por pesca

recreativa, é a pesca que se pratica enquanto atividade de lazer, cujo produto não se destina à comercialização. “O pescador esportivo tem a opção de liberar todos os peixes capturados e não consumir os produtos, ou de capturar a quantidade necessária e suficiente para consumo próprio, sem exageros e desperdícios. O que ele não pode é vender esses peixes”, explica Milton. Entre as várias opções desta modalidade de pesca, a que mais vem se popularizando é o “pesque e solte”, uma atividade ecológica e bastante difundida,


onde, normalmente, os pescadores pesam, medem e fotografam o peixe antes de devolvê-lo a água. Além de pescador esportivo, Milton também é mergulhador e capitão amador – a mais alta graduação no grupo dos amadores, onde é permitido ao habilitado navegar sem limites de distância na costa. Esta formação lhe garantiu profundo conhecimento de astronomia, navegação, hábitos comportamentais (alimentação, habitat, etc.) de cada espécie de peixe e fatores naturais e físicos que influenciam na pesca esportiva, como pressão atmosférica, correntes marinhas, direção do vento, temperatura do ar e da água, entre outros. No município de Itapoá, a pesca esportiva vem sendo cada vez mais procurada, especialmente por turistas do Paraná e do interior de Santa Catarina. De acordo com Milton, os melhores pontos para se praticar esta modalidade na região são o Sumidouro – localizado na Boca da Barra da Baía e na barra do rio Saí Mirim, em Itapoá – e em torno da Ilha da Paz – em São Francisco do Sul (SC). Em Itapoá e São Francisco do Sul, também são realizados diversos torneios e campeonatos de pesca esportiva ao longo do ano. Durante o verão, o capitão conta que, nesta região, são encontrados peixes de espécies

O casal criou a Pescamil, empresa voltada para pesca esportiva em mar aberto, com lancha, guia de pesca e afins.

maiores como dourados, prejerebas, ciobas e cações. Já no inverno, as espécies são menores, porém, em maior quantidade, sendo as principais enchovas, bicudas e sororocas. Para ele, além de garantir muitos peixes, uma pescaria bem-sucedida tem que ser segura. Para tal, existem diversos acessórios e itens práticos que minimizam possíveis problemas, como o barômetro, instrumento destinado a medir a pressão atmosférica, e o sonar, aparelho que o sensor fica preso no casco ou à popa do barco e traz informações do fundo, identificando os peixes, seus tamanhos e a profundidade que se encontram. Para preservar a integridade de todos na pescaria é preciso ter a bordo os equipamentos de salvatagem como,

coletes, boia circular, balsa inflável, localizador via satélite, sinalizadores e rádios comunicadores. Milton também ressalta a importância da carteira de pesca amadora, um tipo de licença para pesca sem fins econômicos, para poder pescar tranquilamente e regularizado em todo território nacional, que pode ser emitida no site do Ministério da Pesca e Aquicultura. Porém, apesar de as grandes tecnologias, como o GPS, também estarem presente no ramo da pesca, ele afirma que esses instrumentos eletrônicos não são suficientes, pois podem vir a estragar. Por isso, quando a pesca é realizada em lugares que não há visão da costa, é recomendável estar prevenido e acompanhado de um profissional que faça navegação astro-

nômica e por bússola. Nas palavras de Milton: “Ir para o mar é bom, mas voltar para casa é melhor ainda. Um bom pescador esportivo deve se divertir com segurança”. Na Pescamil, Milton e Vera atuam em parceria. A esposa é responsável pelo boletim atualizado da pesca esportiva nas redes sociais e e-mails dos clientes. E também criou gosto pela atividade: Vera aprendeu a pescar com Milton e adora lhe acompanhar nas aventuras em alto-mar. Para eles, não é à toa a fama de que a pesca combate o estresse. “Só quem pratica este esporte sabe o quanto isso faz bem para a saúde”, fala o casal. Em família ou entre amigos, para os pescadores esportivos, cada experiência de pesca é única.

Revista Giropop |Junho 2016 | 21


Apaixonados por animais

Carinhos e cuidados para os cachorros de rua Ana Beatriz

Apesar de temas como adoção e castração estarem sendo cada vez mais discutidos, ainda é muito comum encontrarmos animais abandonados pelas ruas. Este é um problema não somente para os bichinhos, mas também para as pessoas que se preocupam com eles. Diante deste problema, Maria Cristina Cordeiro Costa, mais conhecida como Cristina, cuida, alimenta e se envolve em diversas causas para dar um novo rumo aos cachorros de rua da região do Brejatuba, na cidade de Guaratuba. Para ela, se cada um fizer a sua parte, este problema social pode ser combatido.

22 | Junho 2016 | Revista Giropop

Em Guaratuba, Maria Cristina Cordeiro Costa com Polaco, um dos cães que vive nas ruas da região de Brejatuba e Pantera que veio de mudança com ela para cidade.

D

e São Vicente-SP, Cristina conta que sempre teve apreço pelos animais. Há seis anos, quando se mudou para Guara-

tuba, trouxe consigo a Pantera, sua cachorra vira-lata. Porém, seu amor pelos bichos ganhou proporção na medida em que cachorros de rua surgiam em seu estabelecimento, no bairro

Brejatuba. Ela conta que, todas as noites, durante o horário de funcionamento do estabelecimento, apareciam cães abandonados e, diante da situação, ela imedia-


Cristina oferece carinho e cuidados aos cachorros abandonados da região.

tamente lhes oferecia água e ração. “Costumo brincar que um cachorro convidava o outro, pois eles sempre voltavam acompanhados de mais um”, diz. Aos poucos, o ambiente foi adaptado para receber não somente os clientes, mas também os cachorros abandonados. No espaço, Cristina disponibilizou vasilhas com água e ração, e, nos fundos, algumas caixas de papelão para servirem de casa aos cães. Já em sua casa, a apaixonada por animais adotou mais dois cachorros, que fazem companhia a Pantera. O primeiro é o Thor, um cachorro vira-lata com shar pei, acolhido das ruas. Já o segundo é o Negão, um cachorro vira-lata, cujo dono era um comerciante do bairro que veio a falecer. “Eu não escolhi o Negão, ele que me escolheu. Depois que seu dono faleceu, ele passou a ir a minha casa com frequência, e não saiu mais”, conta. Além dos três cães, Cristina também tem um gato chamado Tom. Porém, por conta de seu trabalho, ela diz que passa mais tempo cuidando dos animais de rua do que dos seus próprios de estimação. O estabelecimento funciona do fim de tarde até horas da madrugada. “Os cachorros vêm, se alimentam, descan-

sam e, quando fechamos, eles também vão embora, normalmente para a praia”, conta Cristina. Ela ressalta que alguns cachorros de rua fazem este mesmo roteiro há anos, desde que chegou à cidade. Cristina deu nome a cada um dos cachorros abandonados, estranha e sente falta quando algum deles não aparece. Para incentivar a adoção dos mesmos, ela divulga suas imagens no grupo “Animais para adoção em Guaratuba”, no Facebook. Através dessa iniciativa, dois cachorros cuidados por ela já foram doados, mas ainda restam cinco. “Infelizmente, a preferência pelo pedigree é uma realidade. Quando se trata de adquirir um bicho de estimação, poucos são os que pensam na adoção, prevalecendo entre os critérios de escolha a raça do animal. Mas todos os cães, indiferente da raça, podem oferecer a companhia e a lealdade que os donos esperam”, afirma Cristina. Unidos, os cachorros de rua da região costumam andar juntos e são populares pelo bairro. “Muitas pessoas anônimas da cidade ajudam a alimentar esses cães, mas o maior problema a ser enfrentado é a castração”, afirma. Apesar de todos os seus

cachorros serem castrados (os de rua e os de estimação), Cristina alerta que muitas pessoas não tomam esta atitude com seus próprios animais, pois desconhecem os benefícios da iniciativa. “A castração é uma medida que deve ser incentivada e adotada pela população, pois beneficia os animais e a sociedade”, diz. De acordo com ela, castrar o seu cachorro é um ato de responsabilidade, pois você não está apenas prevenindo possíveis doenças, como também contribuindo para reduzir a quantidade de ninhadas indesejadas. Para castrar e oferecer os demais cuidados veterinários aos cães de rua, Cristina e outros guaratubanos juntam dinheiro, fazem rifas, brechós, bingos e afins. “Às vezes posso ter pouco dinheiro no bolso, mas não me importo em comprar um saco de ração, por exemplo, pois sei que serei recompensada. Quanto mais nós ajudamos, mais somos ajudados”, diz Cristina. A moradora de Guaratuba acredita que cada pessoa pode ajudar a combater a superpopulação de cães nas ruas, realizando medidas como a castração e a adoção de vira-latas – cães muito inteligentes, espertos e cheios de amor para dar.

Revista Giropop | Junho 2016 | 23


dia dos namorados

Casal de surfistas divide o amor e as ondas Ana Beatriz

Além do Dia dos Namorados, no mês de junho também é comemorado o Dia Internacional do Surf, no dia 20. Por isso, para celebrar essas datas especiais, entrevistamos o casal de surfistas Elis Murara e Victor Pawlak Junior, de Guaratuba. Juntos há 16 anos, eles dividem suas vidas e as ondas do mar. Para os surfistas, não há nada melhor do que fazer uma coisa que você ama com a pessoa que você ama.

24 |Junho 2016 | Revista Giropop

T

udo começou em Curitiba-PR, onde Elis e Victor nasceram. Lá, se conheceram através de um casal de amigos, mas, diferente dos contos de fadas, a história não foi de amor à primeira vista. “Assim que fomos apresentados, não me interessei muito. Saímos várias vezes com um casal de amigos, mas nunca acontecia nada”, recorda Elis. Até que em certo dia, eles foram atravessar a rua e Victor segurou em sua mão para evitar que ela fosse atropelada. Daí em diante, não soltou mais. O casal, que sempre admirou o surfe, iniciou no esporte por volta de 12 anos atrás, depois que passou a residir na cidade litorânea de Guaratuba. Eles contam que já surfaram com pranchinhas e já praticaram Stand Up Paddle, mas que o longboard – modalidade prati-

O casal Elis Murara e Victor Pawlak Junior, e a filha Analyce Murara Pawlak, de Guaratuba. Ao lado Elis e Victor deslizando sobre as ondas.


cada com pranchões, permitindo um surfe mais clássico – foi “amor à primeira queda”. Em sua vivência no esporte, Elis chegou a participar de diversos campeonatos de surfe, no entanto, ela recorda que as competições lhe deixavam tensa e nervosa, fazendo com que não se soltasse. Hoje, ela e o marido são adeptos ao “free surf”, uma vertente do esporte onde o praticante surfa única e exclusivamente para se divertir,

sem se preocupar com a performance. Para eles, quando você gosta de surfar e tem alguém que gosta tanto quanto você, é um sonho se tornando realidade. “Nós imediatamente nos ligamos através das ondas, viagens, eventos, pranchas e nossos profissionais favoritos”, contam. Além dos assuntos em comum, surfar em casal significa dar dicas e conselhos para o parceiro, melhorando seu desempenho na água. Segundo Victor, isso também gera compreensão, uma vez que esta companhia compreende sua ligação com o esporte e vai desejar que você surfe mais, pois sabe que isso lhe deixa feliz. Elis e Victor são mais do que um casal de surfistas. Junto com a filha Analyce Murara Pawlak,

de 14 anos, formam uma família apaixonada pelo esporte. Por influência dos pais, Analyce foi estimulada na prancha de surfe desde os três anos, participando de diversos campeonatos desde os sete, competindo com mulheres mais velhas e até mesmo com homens. “Nós já caímos juntas na mesma bateria em alguns campeonatos”, conta Elis. A pequena Analyce também já foi vice-campeã paranaense de longboard na categoria “estreantes”. Os pais explicam que esta categoria dificilmente é incluída nos campeonatos e que, quando acontece, é inclusa como categoria aberta, onde homens e mulheres disputam a mesma bateria. Isso levou Analyce a pausar os treinos e se dedicar ao free surf, acompanhando seus pais nas ondas de Guaratuba. Victor é caminhoneiro e sua profissão exige uma rotina de viagens, fazendo com ele passe alguns dias longe da família. “Então, quando estamos juntos, curtimos nossa família ao máximo, com guloseimas, filmes, conversas e, é claro, muito surfe”, diz Elis. Baseados na experiência positiva, eles aconselham que os casais aprendam a surfar juntos, que os namorados ensinem suas namoradas a

surfar e vice-versa. “Acreditamos que o casal que se diverte unido, permanece unido”, afirma Elis. Mas isso não se limita ao surfe, já que os apaixonados podem se divertir em qualquer outra atividade comum, seja ela esportiva, artística, entre outras. “O surfe é um esporte completo, que trabalha a força, a resistência e aumenta a capacidade de movimentação do corpo, além de estar ao alcance de todos, pois a natureza é gratuita”, ressaltam Elis e Victor. Deslizar sobre as ondas com o grande amor de sua vida significa, para eles, adotar um estilo de vida muito mais saudável e aventureiro. Longe da água salgada, um novo universo se abre, envolvendo outros hábitos como alimentação, espiritualidade, cultura e exercícios. De acordo com o casal, em um relacionamento é preciso ter mais que amor, mas também paciência, tolerância, cumplicidade, amizade, liberdade e respeito. No entanto, Victor e Elis acreditam que não há uma única receita a ser seguida, pois todos os casais têm suas particularidades. Para comemorar o Dia dos Namorados, por exemplo, uns preferem jantares românticos em restaurantes, enquanto outros esperam por um dia de praia com boas ondas surfadas junto com a pessoa amada.

Revista Giropop | Junho 2016 | 25


cultura

O valor que a capoeira tem Ana Beatriz

“Capoeira é para homem, criança e mulher. Só não aprende quem não quer” – essa frase, muito conhecida entre capoeiristas, traduz a essência desse esporte de origem popular brasileira. No município de Itapoá, o projeto “Angola na Escola”, idealizado pelo casal de capoeiristas Mayra Danielle Amaral e Elielson Garcia de Souza, mais conhecido como Primo, vem fazendo com que alunos, pais, professores e toda a comunidade possam ter contato com este universo tão rico de saberes, que é o universo da capoeira.

A

ntes de se apaixonarem um pelo outro, Mayra e Primo já eram apaixonados pela capoeira. Ela conta que praticou o esporte quando era criança e retomou o hábito depois de adulta, e nunca mais parou. Já ele praticava artes marciais e tinha certo preconceito com a capoeira. “Por insistência de um primo, passei a participar das aulas. Depois de um ano compreendi o motivo daquela insistência, a capoeira é transformadora”, diz. Parte da trajetória de Primo na capoeira se deu em Minas Gerais e em Curitiba, no Paraná. Para se enturmar nas rodas, seu primo lhe orientava a dizer às

26 | Junho 2016 | Revista Giropop

O casal Mayra Danielle Amaral e Elielson Garcia de Souza, o Primo, idealizadores do projeto Angola na Escola.

pessoas que era “o primo”, daí a origem do apelido. Nas duas regiões, ele foi aluno, trabalhou como ajudante do mestre de capoeira, e ministrou aulas e projetos em escolas e academias. Em Curitiba, ano de 2002, após retornar de Minas Gerais, Primo notou a presença de uma aluna diferente nos treinos, era Mayra. Depois de cinco anos jogando capoeira no mesmo grupo, eles começaram a namorar. “Treinávamos de segunda a sábado e, às vezes, tinham dois treinos no mesmo dia, em lugares diferentes”, fala Mayra. Nessa rotina de gingas e berimbaus, o grupo de capoeiristas se tornou uma segunda família para o casal que, mais tarde, se tornou uma

família. Assim como a história de amor do casal, o nascimento do filho Miguel Amaral Garcia de Souza também foi enraizado no esporte. Mayra conta que jogou capoeira durante toda a gravidez, até um dia antes do nascimento do filho. “Nós estávamos em uma roda de samba e, uma hora depois, a bolsa estourou e corremos para o hospital”, recorda. Mesmo com o filho bebê, ela se organizava com o horário da amamentação para ir aos treinos de capoeira, enquanto o pequeno Miguel ficava ao lado, no carrinho. Em 2010, a família se mudou para Itapoá, e as atividades

relacionadas à capoeira continuaram. Primo trabalhou durante quatro anos no Projeto Ampliação de Jornada Escolar, dando aulas de capoeira, mas sentiu falta da inserção do esporte dentro das escolas do município. “Acreditamos que os saberes populares têm que ser tratados coma mesma dignidade que os saberes científicos, pois ambos contribuem para a formação humana”, diz o professor. Baseado nessa filosofia, Primo realizou parcerias voluntárias e ministrou treinos de capoeira na Escola Euclides Emídio da Silva e na Creche Pequeno Aprendiz. Ele também ofereceu aulas no campo de futebol do município durante certo tempo. Hoje, o projeto “Angola na Escola”, idealizado por Primo e Mayra, carrega três pilares: A capoeira, a cultura e a arte. O nome se deve ao jogo de Angola, também chamada de capoeira mãe, que é a origem da capoeira, estilo mais próximo com o “jogo dos escravos”, de antigamente. Em agosto de 2015, o Angola na Escola iniciou a parceria com a Pré-Escola Palhacinho Feliz. Em conversa do casal com a equipe gestora da pré-escola, inicialmente, o projeto foi pensado para pais e alunos socializarem juntos através da cultura do esporte. Porém, a procura foi


No pátio da Pré-Escola Palhacinho Feliz, os capoeiristas misturam dança, luta, cultura popular, música e brincadeira.

grande e o projeto social é, hoje, aberto à toda comunidade. “A filosofia da capoeira é universal, para todos, sem preconceito de cor, sexo, idade, credo ou classe social. E com o projeto não poderia ser diferente”, fala Primo. Toda terça e quinta-feira, os capoeiristas utilizam o pátio da pré-escola para jogar, sambar, tocar e se movimentar. Para melhorar o rendimento, os treinos foram divididos: O infantil acontece das 18h30 às 19h30, e o adulto das 19h30 às 20h30, porém, muitos pais e filhos participam juntos. Os capoeiristas contam que a participação no projeto é gratuita e o pré-requisito para se tornar um deles é apenas um: Força de vontade. Em nove meses de Angola na Escola, os benefícios são notados por todos os participantes. Os sons de instrumentos, como berimbau, agogô, reco-reco, pandeiro e atabaque, contagiam a

todos. Mas a capoeira traz muito mais do que encantamento, aborda aspectos históricos, filosóficos, pedagógicos, e envolve também a prática dos movimentos, musicalidade, ritualidade, disciplina, lateralidade e respeito ao próximo. “Quem entende de capoeira, também entende da história do Brasil, da nossa cultura, do samba e do Maculelê”, fala o professor. Além dos treinos semanais, o grupo Angola na Escola realiza eventos paralelos, a fim de disseminar o esporte em todo o município e arrecadar fundos. Em Itapoá, já aconteceram feijoadas, rodas de capoeira na praia, oficina de confecções de berimbaus, formatura dos alunos e encontro de capoeiristas do mundo todo – este último, com a presença do mestre Jean Taruíra, de Minas Gerais. Além do apoio da Pré-Escola Palhacinho Feliz, o grupo de capoeira conta com a

contribuição espontânea de pais e amigos. Primo e Mayra explicam que há a opção de apadrinhar uma criança, contribuindo para que ela ganhe o uniforme e os materiais para participar das oficinas. Neste trabalho, Primo destaca a importância da esposa. “Eu sou o professor de capoeira, mas ela é o meu braço direito e parceira de todas as horas. Enquanto estou dando a aula, por exemplo, ela sabe o momento certo de pegar o berimbau para me acompanhar ou de ajudar a criança que está com dificuldade em um determinado movimento”, diz. Para Mayra, o marido também é motivo de orgulho e se sente feliz em contribuir para a cultura do município. “Nossa família, hoje, é baseada na capoeira. E ela nos faz tão bem, que sentimos a necessidade de compartilhar isso com as pessoas”, fala. Mesmo que Primo pratique capoeira há 19 anos e Mayra

há 14, falam que ainda não sabem o suficiente. “Você joga com seu aprendizado, sua bagagem, aquilo que traz com você. O esporte permite muitas transformações e aprendizagem. Na capoeira, somos eternos alunos”, fala o professor. Para o futuro do Angola na Escola, eles desejam difundir ainda mais o esporte no município de Itapoá e desejam transformar o projeto em uma associação, baseada não somente na capoeira, mas na cultura e na arte também. O casal, seus alunos e parceiros, acreditam no poder transformador do esporte: “Jogando, não estamos apenas beneficiando nosso corpo e mente, mas evoluindo enquanto indivíduos, pois nos moldamos ao grupo e passamos a conviver com as diferenças existentes, num eterno exercício de tolerância”. E é nessa mistura de dança, luta, cultura popular, música e brincadeira, as pessoas aprendem o valor que a capoeira tem.

Revista Giropop | Junho 2016 | 27


dia dos namorados

O amor está online: Uma história que começou na internet

Ana Beatriz

Todo casal carrega a história de como se conheceu. E, cada vez mais, essas histórias incluem uma menção de sites ou aplicativos de relacionamento. Além do contato com novas pessoas, a internet, se utilizada com segurança, pode facilitar até mesmo o desenvolvimento de romances. Em comemoração ao Dia dos Namorados, contamos a história de Oneide Urso e Douglas Antônio Urso, de Itapoá – um casal que se aproximou por meio da internet. Há 14 anos, seus perfis e suas vidas se cruzaram em um site de relacionamento. Hoje, eles se assumem eternos apaixonados, são casados, constituem família e, com sua história, inspiram aqueles que tiveram desencontros ao longo da vida, mas esperam uma ajudinha do meio virtual.

T

udo começou no município de Atibaia, interior de São Paulo, quando Oneide havia recém-chegado dos Estados Unidos da América, com seus dois filhos. A 50 km dali, na capital de São Paulo, estava Douglas, médico recém-formado que morava sozinho. Apesar das diferenças e da distância, eles tinham um sonho em comum: Encontrar alguém especial. O ano era 2002, época em que poucas pessoas tinham acesso à internet. A conexão ainda era de linha discada, o que exigia um ritual preparatório e muita paciência, pois a conexão costu-

28 | Junho 2016 | Revista Giropop

Há 14 anos os perfis do casal Oneide Urso e Douglas Antônio Urso, de Itapoá, se cruzaram no site ParPerfeito.

mava cair e os sites a travar. Há cerca de um ano, Oneide havia criado uma conta no site de relacionamento ParPerfeito, o maior portal neste segmento do Brasil. Ela chegou a conhecer algumas pessoas do mundo virtual: “Felizmente, conheci pessoas boas na internet. Alguns, inclusive, ficaram apenas na amizade”. Mas, até então, nenhum perfil havia balançado seu coração, como desejava. No mesmo ano, Douglas comprou o seu primeiro computador e, no mês de fevereiro, criou uma conta no mesmo site de relacionamento. “Sempre fui muito caseiro e passava boa parte do tempo trabalhando ou em casa, sozinho. Pensei que o site seria uma boa ferramenta para me distrair e, se levasse sorte, encontrar uma parceira”, diz. E assim aconteceu. Não demorou para que os perfis de Douglas e Oneide se cruzassem pelo site, com poucas fotos e uma pesquisa detalhada sobre a vida pessoal, contendo idade, o que mais gostava de fazer, tipo físico, interesses, entre outros. Oneide recorda que a primeira impressão sobre Douglas,

quando visualizou a sua foto no perfil, não foi das melhores: “Ele me pareceu uma pessoa muito certinha”. Mas, a oportunidade para se conhecerem melhor surgiu dia 4 de abril de 2002, uma sexta-feira. Em uma sala de bate-papo do site, os dois estavam online e resolveram conversar. Eles lembram que falaram muito pouco no chat, pois trocaram os números de telefone logo em seguida. Quando completou meia-noite, na madrugada de sexta para sábado, os dois já estavam envolvidos em diversos assuntos pelo telefone. Para eles, quando você acaba

de conhecer alguém em um site de namoro, é muito importante ter cautela nas coisas que são ditas, não dar informações pessoais que possam comprometer a sua segurança, como endereço, por exemplo. Porém, ao mesmo tempo, é necessário fornecer informações honestas sobre a sua pessoa, como gostos, objetivos e interesses. “Desde a primeira conversa, tivemos muito entrosamento e empatia. Conversamos sobre diversos assuntos, rimos e nos sentimos à vontade. Não foi à toa que ficamos até às cinco horas da madrugada no telefone, mesmo tendo que acordar cedo na


Boas lembranças: Na primeira foto, a família Urso reunida. Ao lado, o casal se divertindo na dança gaúcha.

manhã seguinte”, recorda Douglas. O casal diz que não teve um namoro virtual, mas sim um encontro virtual. Depois que conversaram pela primeira vez, combinaram que Douglas viajaria para a cidade de Oneide para se conhecerem pessoalmente. Mas, antes do encontro, eles tomaram algumas medidas de segurança. Sendo a primeira vez que Douglas conheceria alguém da internet, ele avisou a sua família. Oneide, que deixou seus filhos com uma amiga de confiança, também lhe deixou avisada sobre o que estava acontecendo, com quem e aonde iria. Outro cuidado muito importante foi a escolha do lugar. A melhor

opção é sempre um lugar público, iluminado, movimentado e, de preferência, onde você conheça algumas pessoas que estarão lá. No caso de Oneide e Douglas, eles marcaram de se encontrar no estacionamento de um mercado da cidade. Chegado o grande momento, uma cena marcou a memória de Oneide: “Ele chegando ao estacionamento com um sorriso estampado no rosto”. O primeiro encontro foi, como o nome já diz, apenas o primeiro de muitos. Se na internet bastaram apenas algumas horas para os dois se conhecerem, pessoalmente, tudo também fluiu de maneira rápida e intensa. Depois do primeiro encontro, os perfis no site foram excluídos, o sentimento foi tomando conta e Douglas passou a realizar viagens diárias de São Paulo até Atibaia, a fim de ver a amada. Eles passaram um ano se relacionando à distância, até que Oneide foi com os dois filhos para a capital, morar com Douglas. “Em Atibaia, éramos nós três (ela e os dois filhos),

sozinhos. Quando fomos para São Paulo, Douglas e sua família nos acolheram e passaram a ser a nossa família também”, conta Oneide. Na vida a dois, o casal somou positivamente e um completou o espaço vazio na vida do outro, trazendo segurança, estabilidade, força, amor e, é claro, uma família. Desde o primeiro contato com Felipe Bolzan Rabelo e Bibiana Bolzan Rabelo, filhos de Oneide, o padrasto Douglas lhes tratou e criou como se fossem seus filhos. Aliás, eles contam que, nesta família, a palavra “padrasto” nunca existiu, Bibiana e Felipe são realmente seus filhos, e Douglas o pai deles. “Costumo dizer que, em 2002, comprei um computador, mas ele era premiado, pois acabei ganhando uma esposa e dois filhos maravilhosos”, diz o médico. Inclusive, no ano passado, eles recorreram à justiça e foi aceito o acréscimo do sobrenome Urso no nome dos dois irmãos. Atualmente, Douglas e Oneide residem em Itapoá, ele atuando como médico, e ela como

jurista. Já os filhos, residem e estudam em uma cidade próxima. Para o casal, sinceridade e diálogo foram essenciais para que esta relação desse certo. “Gostamos muitos de conversar, debater, ensinar, aprender, expor nossas opiniões sobre diversos assuntos e, mesmo que sejam contrárias, ouvimos e nos respeitamos”, falam. Parceiros na vida, eles gostam de praticar dança gaúcha e dividir outras paixões: Por influência do marido, Oneide já participou de encontros de carros antigos e, por influência da esposa, Douglas começou a praticar corridas e até participou de um circuito recentemente. “Sempre tivemos muita fé em Deus e nossa história não poderia ser guiada de forma diferente”, dizem. Hoje, eles utilizam a internet para manter contato com os filhos, pesquisar e se entreter. Mesmo anos após a conta criada no site, Oneide e Douglas continuam formando um par perfeito e o melhor de tudo: O amor está em todos os ambientes, pessoalmente e online.

Revista Giropop | Junho 2016 | 29


ASEPI

Um ano de conquistas esportivas e paradesportivas em Itapoá Ana Beatriz

N

o mês de julho, a ASEPI – Associação Esportiva e Paradesportiva de Itapoá – completará um ano. O diretor esportivo e técnico de modalidades Alan José Rezende da Silva e a secretária Daniela Cristina de Melo Gonçalves explicam que a associação vem crescendo em todos os aspectos, contribuindo na formação de novos atletas e obtendo bons resultados nas participações de diversos campeonatos. At u a l m e n te, a ASEPI desenvolve ações buscando contemplar o meio paraolímpico nos segmentos D.A. (deficiente auditivo), D.I. (deficiente intelectual) e D.F. (deficiente físico), nas modalidades de atletismo e tênis de mesa.

30 | Junho 2016 | Revista Giropop

Entrega dos novos uniformes na Arena Itapema.

No esporte convencional, a associação possui a equipe de futsal de base nas categorias sub 11 e sub 13, assim como a equipe de futebol, inserida nas competições a nível municipal e regional. Desde a sua fundação, os participantes conseguiram aumentar o período de treinamento, recrutar novos atletas e profissionais para agregar em suas atividades já desenvolvidas e obter bons resultados em campeonatos realizados em diversas regiões do Brasil. Segundo Daniela, o próximo passo é implantar o voleibol dentro do quadro de modalidades, e ampliar a oferta de vagas para ações já re-


Além das equipes de futsal de base nas categorias sub 11 e sub 13, e a equipe de futebol o próximo passo é implantar o voleibol dentro do quadro de modalidades. alizadas, bem como contemplar no meio Paraolímpico o segmento D.V. (deficiente visual). Enquanto associação, a ASEPI deseja definir e conquistar uma sede específica para suas ações realizadas nos aspectos de treinamento. De acordo com os integrantes, atualmente, seu maior investidor é a Prefeitura Municipal de Itapoá, através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, cedendo o espaço para a realização das atividades do futsal e tênis de mesa, bem como materiais esportivos como as mesas de jogo. No entanto, a equipe necessita firmar novas parcerias com empresas privadas, órgãos públicos e pessoas físicas, tanto para fortalecimento do quadro de profissionais envolvidos nas diversas áreas, quanto na questão efetiva

de patrocínio. “Sabemos que, atualmente, devido a grande crise instalada em nosso país, as verbas direcionadas a ações esportivas têm sido diminuídas e em outros casos até mesmo cortadas. Para isso, a ASEPI busca se estruturar de modo que seja bom também para os investidores, que é o caso de aprovações de projetos por deduções fiscais e leis de incentivo ao esporte”, explica Alan. Caminhando junto do município, membros da associação convidam toda a população para que se faça presente nas suas ações e procure um de seus colaboradores, a fim de conhecer mais sobre os trabalhos realizados. “Estamos dispostos a disseminar este fantástico mundo de alegria e emoções que só o esporte em si pode proporcionar”, fala Daniela. Pres-

tes a completar um ano de vitórias para o município de Itapoá, a equipe ASEPI agradece aos patrocinadores e apoiadores que acreditaram em seu trabalho e lhes auxiliam a cada vez ampliarem suas conquistas, fazendo com que este um ano comemorado se torne o primeiro de muitos. 1º Show de Prêmios Beneficente Com o objetivo de angariar fundos para manutenção de custos de viagens e competições, investindo em materiais de patrimônio (uniformes esportivos) e materiais para treinamento, a ASEPI promove o 1º Show de Prêmios Beneficente. O evento acontecerá no dia 11 de junho, às 20h, nas dependências do Salão Paroquial da Igreja Imaculada Conceição (Igreja Matriz) em Itapema do Norte.

Revista Giropop | Junho 2016 | 31


Voltando de New York! New York, cidade efervescente e fascinante em cada época do ano e a cada hora do dia e da noite.Cidade que nunca permanece igual, mesmo que você já tenha ido para lá inúmeras vezes, cada vez percebemos novas cenas e novos modismos. A cidade simplesmente não para, um vaivém constante de carros e pessoas que correm à sombra de prédios maravilhosos desde os mais antigos e clássicos até os mais modernos arranha céus, cuja arquitetura e alturas nos deixam boquiabertos. A Big Apple como também é denominada é muito acolhedora e isso a torna uma das

32 | Junho 2016 | Revista Giropop

Deliciosas panquecas americanas em Juniors Times Square .

Times Square - New York

cidades mais cobiçadas para se visitar e ficar. Hotéis oferecem todo conforto possível para os que por lá passam. Para otimizar seu tempo na cidade peça para que o “concierge” do seu hotel

cuide, antecipadamente,das reservas em restaurantes, teatros e shows, que você tiver interesse.Aproveite o resto do tempo para caminhar pela cidade, andar muito, quer seja a pé, como de metrô.Falando em metrô, compre ao chegar o MetroCard, muito útil e econômico dando direito a um certo número de idas e vindas. Muitos dos hotéis em New York, apesar de muito confortáveis não oferecem café da manhã incluso na diária. Escolha uma cafeteria próxima ao hotel para ganhar tempo. Existem muitos Starbucks, além de ter unidades em quase todas as esquinas, oferecem Wi-Fi e bons preços.Para quem ficar na deslumbrante, célebre e caótica Times Square indico o café da manhã no Juniors, cujo café da manhã pode valer um almoço, além de oferecerem as famosas panquecas americanas, é um típico café da manhã americano


para teatros e café da manhã comece seu passeio. Começarei aqui pela visita ao Central Park, um dos parques mais lindos do mundo. Uma vez que o parque é grande você precisa pelo menos de uma manhã inteira para conhecer as várias paradas como a estátua de Alice no País das Maravilhas e do cachorro Balto, cão herói que foi homenageado após levar medicamentos para crianças doentes em áreas que apresentam más condições de vida e acesso no Alasca. Curta os diversos jardins,cujas flores na primavera e verão são magníficas, as fontes e lagos. Não deixe de visitar o Memorial Strawberry Fields em

Círculo de pedras Imagine.

Central Park

A cidade é grande, muito agito e ao entrar nesse clima procure se programar e planejar sua estada visitando os pontos turísticos por região. Uma vez resolvidas as questões de acomodação, entradas

Passeio de bike por New York.

Strawber Fields, homenagem a John Lennon

homenagem a John Lennon e o círculo de pedras Imagine. Interessante também é andar de charrete e bicicleta no Central Park. Já fora do Central Park não deixe de passar pelo Edifício Dakota, onde John Lennon morou e foi brutalmente assassinado. Na próxima edição da Revista Giropop continuarei com o texto New York!

Revista Giropop | Junho 2016 | 33


Nossa mascote da Revista Giropop, Joaquim Artur Kessler completou quatro anos. A festinha foi na escola. Na foto com as professoras Sebastiana e Andrea.

O percussionista Baiano, de Itapoá, aniversariante de junho. Recentemente, o músico tocou com a banda Djambi, na abertura do show de Julian Marley (foto), filho do cantor Bob Marley, em Curitiba. Sua família lhe parabeniza em dose dupla!

Augusta Gern, ‘‘nossa Guta’’, (a direita) com Manoella, colega do mestrado, participando do XVII Congresso Regional da Intercom, Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

Felicidades ao casal! Junho é mais que especial para Sandro e Sonia, eles escolheram o dia 11 para confirmar o seu amor, e dizer o tão esperado ‘‘sim’’. Neste mês tão especial, eles comemoram 22 anos de casados. Este dia merece um brinde especial, que a felicidade esteja sempre perto de vocês, e que o amor que você sentem um pelo outro se fortaleça cada dia mais. Que Deus os abençoe e lhes proproporcione longos e longos anos de vida em comum! Parabéns!

34 | Junho 2016 | Revista Giropop




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.