Revista Giropop

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EDITORIAL Não há dúvidas de que o futebol é a paixão nacional e agora, com toda a febre de Copa do Mundo, não poderíamos deixá-lo de fora. Assim, buscamos conhecer melhor o sonho da garotada itapoaense com a carreira no esporte e os desafios de quem já chegou perto. Além disso, como o evento mundial começará justamente no Dia dos Namorados, buscamos casais que tem uma história entre “o amor e o gol”. Dando continuidade à rota rural de Itapoá, conhecemos as belezas e peculiaridades da comunidade Saí Mirim: rica em tradição e boas histórias. As séries: artesanato, música, colecionadores, empreendedores e quem é também marcam presença com muita novidade nesta edição. E entre muito conhecimento, conhecemos lindas histórias de superação. Para aprender não tem hora, não há tempo: a melhor idade comprova isso frequentando diariamente as salas de aula. Assim, entregamos mais uma edição cheia de novidades, descobertas e ótimas histórias. Que fique o gostinho de “quero mais”, porque muita coisa ainda está por vir.

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COPA DO MUNDO

Troca de figurinhas Você também está montando um álbum da Copa? Pois então nós temos uma boa notícia: a Papelaria Oceano, através da proprietária Andrea Soares Speck, promove todos os sábados uma grande troca de figurinhas. É em frente à papelaria, a partir das 16h. Participe, troque e complete o seu álbum. Conrado Schneider Neto, Vinicius Dimarchi Bachmann, Hercildo Alves, Maximino Augusto Ferroni Fontana, João Victor Perrony e Andrea Soares Speck


Alegria que contagia

Sabrina, estudante do segundo ano do ensino médio, nasceu em Itapoá e adora a cidade. Conforme ela, quando pequena já tinha trabalhado como modelo em alguns desfiles, mas nada muito sério. “Agora resolvi focar nos meus estudos e na loja e acabei deixando um pouco de lado, mas sempre sonhei com a profissão”, conta. Assim, sobre este ensaio fotográfico ela afirma: “foi uma experiência super incrível”. Jean também já teve experiências anteriores como modelo, mas na fotografia esta foi a primeira vez: “Foi diferente para mim, mas a equipe me deixou bem a vontade”. Morador de Itapoá há sete anos, ele brinca que já se considera nativo, afinal, as ondas do mar o fascinam: Jean é membro da Associação Itapoaense de Surfe. Em clima de Copa, os dois garantem a torcida para o Brasil. Apesar de ter preferência pelo surfe, Jean fala que acompanha alguns jogos, principalmente quando é de seu time Atlético Paranaense. Para Sabrina, não há como não gostar da copa: “É paixão mundial, impossível não juntar a família na frente da televisão e torcer pelo Brasil”. E é neste clima que agradecemos a todos os participantes: aos modelos, à fotógrafa Priscila Pohl, ao cabelereiro e maquiador Gevanildo Martins e a Ana Maria Machado da Reserva Volta Velha.

Os modelos vestem Sabrina Magazine.

Para inspirar o início da Copa do Mundo, ou melhor, o Dia dos Namorados neste ano, contamos com um ensaio fotográfico animado e cheio de energia verde e amarela. Os modelos Sabrina Silveira Speck, 16 anos, e Jean Paollo Braga da Rocha, 22 anos, toparam fazer parte de nossa divertida torcida, ou melhor, equipe. Assim, com muita beleza e simpatia trouxeram o ingrediente que faltava para esta edição.

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TURISMO RURAL

Saí Mirim

Sem dúvida esta é a comunidade rural mais conhecida de Itapoá. Saí Mirim, como é chamada, abriga deliciosos quitutes coloniais, belas paisagens naturais e claro, muita história. Lar de famílias tradicionais no município, esta comunidade acompanha o crescimento da cidade pela janela: pela beira do asfalto da SC 416 moradores são os primeiros a ver tudo que chega ao município.

Augusta Gern Diferente da comunidade Braço do Norte, que fica ao lado, as placas de sinalização do Saí Mirim efetivamente dão boas vindas para quem chega ao município itapoaense. Apesar de também estarem próximos a curvas, os dois acessos pelo asfalto são mais seguros e sinalizados. Além disso, pela estrada geral do Saí Mirim, é possível chegar a outras localidades e ao município vizinho São Francisco do Sul, mas precisamente à Vila da Glória. Diferente das outras localidades, ali os serviços públicos são encontrados com mais facilidade, como se o Saí Mirim fosse o “centro” de todas as comunidades rurais. Em alguns metros de caminhada podemos encontrar o Posto de Saúde da Família, a Escola Mu-

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nicipal Alberto Speck, mercado, pequenas lojinhas e o Sindicato dos Produtores Rurais.

O mais curioso da comunidade não é que a maioria das famílias são tradicionais e estão no local há algumas gerações, mas que quase todas as famílias se entrelaçam. Ali não há quem não conheça o vizinho, até porque com algum grau quase todos acabam sendo parentes. De todos os entrevistados, foi difícil o que não têm familiares na região, é como se a comunidade fosse uma grande família, em diferentes sobrenomes, gerações e graus de parentesco. Apesar de muitas famílias não trabalharem mais na roça, até pela

proximidade e facilidade em se chegar ao centro de Itapoá com carro, ainda há muitas tradições coloniais no local. A maioria delas é de antigos moradores ou até nativos da região.

O casal Anselmo N. de Souza e Tereza Valéria de Souza estão no Saí Mirim desde que nasceram, por volta de 1948. Ele com 66 anos e ela com 65, ali nasceram, se conheceram, casaram e acabaram


ficando. “Sempre trabalhamos com roça e estamos acostumados com isso”, conta Tereza. Segundo ela, o casal estranha muito quando precisa ficar alguns dias em Joinville. “Não consigo me acostumar a dormir lá com aquele barulho de carro, aqui dormimos e acordamos ao som dos passarinhos, da natureza”, fala. Ali a casa é um pouco mais alta do que a rua, as flores preenchem o jardim e o capricho com o quintal é invejável, não há como não ter sossego. “Eu Anselmo N. de Souza e Tereza Valéria de Souza posso falar que realmente gosto muito de morar aqui”, afirma gião, principalmente para turistas. Além do mel Anselmo. já trabalhou com pastagem, eucalipto, aipim e O mais conhecido pela produção de mel arroz. Pelas lembranças de família recorda que também nasceu na região. Com 64 anos de ida- seu pai chegou à região em 1912 e, desde lá, a de, Paulo Martimiano Dias esbanja simpatia e família sempre ficou ali. “Nunca pensei em sair conhecimento quando o assunto é abelhas. Há daqui, a região é muito boa”, afirma. 30 anos trabalhando com as pequenas, Paulo Outro nativo é o maior produtor de bananas conta que tem uma boa venda de mel na re- da comunidade, Eugênio Silveira, mais conhecido como Geninho. Com 69 anos de idade, ele conta que seus pais chegaram à região há muito tempo, “sou bem veterano por aqui”. Seu pai veio em busca de trabalho e sua mãe era da família Gerker, a mesma tradicional da comunidade Braço do Norte. Geninho é primo de Loli, o protagonista histórico da localidade vizinha. O produtor conta que passou alguns anos fora, mas na casa que mora hoje já se passaram 30 anos. O trabalho com bananas o acompanha desde criança e não o cansa, até hoje gosta muito do que faz. “Apesar de ser um trabalho pesado, me faz muito bem trabalhar, me traz

Paulo Martimiano Dias

Eugênio Silveira, “ Geninho” saúde”, afirma. Além do trabalho, Geninho também é muito disposto: gosta muito de passear em Garuva e Joinville e dançar nos bailinhos. “A minha vida é muito boa, tenho saúde e uma família que vale ouro, meus filhos são todos bons, trabalhadores e gente de palavra”, se orgulha em dizer. Sobre o Saí Mirim afirma: “É um lugar muito abençoado e bom para se morar”. Geninho nunca pensou e não pensa em se mudar.

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TURISMO RURAL | SAÍ MIRIM

A 5ª geração de uma tradição Augusta Gern

No jardim o pé de carambolas está cheio, na cozinha é preparada a culinária alemã e, na comunidade onde vive está a sua família. Nascida e criada no Saí Mirim, Jéssica Speck dos Santos, 19 anos, faz parte da família mais tradicional da comunidade. Há 100 anos seus tataravôs Speck chegaram e iniciaram a história que hoje torna grande parte da localidade uma só família. Avô, tios, primos e tantos outros familiares moram na vizinhança. Jéssica é daquelas meninas que teve uma infância invejada.

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Subir em pés de árvores, conhecer diferentes animais e diferentes plantas, correr e pular à vontade, e o melhor: tudo nas redondezas de casa. Filha única, ela conta que sempre brincou muito com seus primos e fez dali um parque de diversões. Diferente da comunidade vizinha Braço do Norte, no Saí Mirim a internet chegou há alguns anos e o celular pega razoavelmente, dependendo da operadora e o local em que se está. Porém, as dificuldades para o estudo também não foram poucas. O primeiro grau foi todo realizado na escola municipal da própria comunidade, Alberto Speck. Depois, no ensino médio Jéssica passou para a Escola Nereu Ramos, onde dependia do transporte escolar. Estudou na mesma época em que estavam as-


faltando a SC 416 e durante alguns dias o trânsito era quase impossível.

“Como a maioria do pessoal estudava a noite, pela manhã erámos poucos no ônibus e muitas vezes ficamos no caminho”, conta. Segundo ela, muitas vezes os vizinhos agricultores os “salvavam” no trajeto com o caminhão dos produtos que comercializavam. Além disso, alguns apelidos e brincadeiras pelo local onde vivia sempre a incomodaram, esta foi a única fase que quis sair do campo e morar na praia. Fora isso, a comunidade sempre foi muito amada e hoje faz parte dos planos da futura fisioterapeuta. Além de fazer faculdade e apreciar as belezas do Saí Mirim, junto com sua mãe, Silmara Speck dos Santos, Jéssica está sempre envolvida nos eventos da família e da comunidade. Ali o que não faltam são encontros de família e jogos de futebol. Quase todos os finais de semana a conversa e risadas reúnem boa parte dos Speck. Também não se pode negar a boa mão para doces: chocolates, docinhos e até bolos saem daquela casa como nenhuma outra. Assim, em uma rotina tranquila

Jéssica com o avô Evaldo e a mãe Silmara. e cheia de sonhos, segue sua vida na amada comunidade. Para Jéssica, mais do que conhecer bastante gente, a tranquilidade e simpatia do local agradam muito. “Aqui você sai na rua e sempre recebe um bom dia, diferente de cidade grande, onde ninguém se olha”, fala.

Para ela, isso e a liberdade de se viver junto à natureza fazem do Saí Mirim um lugar perfeito para viver. A localidade também já conquistou seu namorado e a expectativa é que daqui alguns anos mais uma geração da família cresça no Saí Mirim.

Os avós de Evaldo foram os primeiros a chegar a comunidade.

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TURISMO RURAL | SAÍ MIRIM

Memória que vale ouro Augusta Gern Grande parte da história do Saí Mirim foi vivenciada por ele, nasceu e durante toda a vida morou na comunidade. É o patriarca da família mais tradicional na região e neto de um dos primeiros colonizadores do Saí Mirim. De forma bem genérica podemos definir assim a vida de Evaldo Speck. Com uma valiosa memória e muita simpatia a conversa interrompeu o descanso depois do almoço e nos fez viajar por uma remota Itapoá. Tudo começou em 1914 quando seus avós, Germano e Ana Speck deixaram o município de Pedras Grandes, no sul do estado, e chegaram a Itapoá, mais precisamente no Saí Mirim. Conforme Evaldo, os avós souberam de uma colonização na região e vieram atrás de trabalho. Assim, ali seu pai nasceu, cresceu e conheceu sua mãe. E em 1932, exatamente 82 anos atrás, Evaldo nasceu. Sua vida sempre foi na roça, já trabalhou com arroz, banana,

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pinus, eucalipto e há alguns anos tem uma serraria, que oferece madeira para quase todos os materiais de construção do município. Até chegar o crescimento e o desenvolvimento, teve uma vida com bastantes dificuldades. “Para comprar qualquer coisa tínhamos que ir caminhando até a Vila da Glória e a remo atravessávamos a Baía até São Francisco do Sul”, conta. Durante a Segunda Guerra Mundial lembra que todos ficaram um bom tempo sem conseguir comprar querosene e sal: “tínhamos que nos virar”. Neste tempo estrada era luxo, eram apenas picadas. Este relato se assemelha muito ao casal Loli e Laura Gerker, do Braço do Norte. Esperado ou não, o entrelaçamento de famílias não é recente, sua falecida esposa, Brandina Fernandes Speck era do Braço do Norte, irmã de Laura. Assim, é difícil que as histórias não se repitam, não se unam e não formem uma grande família. Evaldo também passou por São Francisco

Evaldo Speck guarda com carinho as lembranças do time Cruzeiro.


do Sul, Garuva até Itapoá efetivamente se emancipar. Um ponto muito curioso de sua vida e de toda a comunidade foi o surgimento do time Cruzeiro. Fundado em 1955, Evaldo foi diretor por 30 anos. Fotos antigas revelam as diferentes gerações que nele jogaram, tanto masculina como feminina. Em sua casa um quarto é reservado para os troféus, que não são poucos. Desde o primeiro título municipal até os torneios menores, fica difícil sugerir quantas dezenas de troféus preenchem o cômodo. Além das fotos e títulos, um armário também guarda de forma muito organizada quase todas as camisetas do time. “Algumas se perderam com o tempo, mas a maioria está aí”, afirma. Evaldo conta que em 1955 já existiam torneios municipais, mas as coisas eram bem diferentes: quando iam jogar no balneário Itapema do Norte, por exemplo, não dava para ir e voltar no mesmo dia. “A gente ia caminhando até o Pontal e depois pela praia seguíamos até Itapema do Norte”, lembra. Apesar de não ter participado em campo nos campeonatos, sempre que podia treinava junto com os titulares do time. O futebol sempre foi uma paixão. E esta paixão é seguida pela comunidade até hoje: apesar do time não existir mais há anos, todos os domingos e às vezes durante a semana moradores do Saí Mirim se reúnem para “ba-

Casa dos avós de Evaldo, feita de madeira, argilha e palha. ter uma bolinha”. Outro marco importante foi a participação na abertura da estrada em 1957. Junto com Dórico Paese, Evaldo trabalhou no meio do mato para tornar aquele sonho uma realidade. “Dórico trabalhava mesmo com pá e não era fácil acompanha-lo”, conta. Suas lembranças afirmam que sempre esteve envolvido nas negociações e projetos para melhorar a cidade. Na época da luta para emancipação do município, Evaldo também esteve presente na capital do estado e acompanhou as discussões políticas. Hoje lamenta escolhas, para ele mal feitas: “Por que colocaram o nome dessa estrada para uma pessoa que rejeitou o município no momento de sua criação? Enquanto isso Dórico Paese, que lutou por Itapoá, não tem nem sequer o nome de uma

do Saí”. Também são muito antigos o Posto de Saúde da Família e a igreja, ponto de encontro para muitos eventos da comunidade. “Antes a igreja era de madeira e tinha duas torres, mas como o vento acabou derrubando as torres, construíram uma nova igreja no local que se encontra atualmente”, recorda sua filha mais nova, Silmara Speck dos Santos, que também nasceu e mora na localidade. Assim, entre filhos, netos e muitas lembranças, Evaldo aproveita a vida no Saí Mirim. Para ele, a localidade é um bom lugar para se viver, por isso mesmo completa seus 82 anos no mesmo local, seguindo a tradição da família Speck. Conforme Silmara, para setembro, quando se completam os 100 anos dos Speck no Saí Mirim, estão programando uma bela festa para celebração. É tradição que vale mesmo bastante comemoração.

rua”, fala. Datas e nome de pessoas envolvidas são muito bem lembradas, como se o ocorrido fosse ontem. Além disso, Evaldo também recorda muito bem antigas paisagens do Saí Mirim. A casa de seus avós, por exemplo, além de estar registrada em uma foto original, permanece em detalhes na sua memória: “era uma casa de madeira, argila e palha, naquela época não havia tijolos por aqui”. A Escola Municipal Alberto Speck existe há muito tempo, desde o tempo em que Itapoá pertencia a São Francisco do Sul: “antigamente era Serrareria da família. chamada de Prainha

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TURISMO RURAL | SAÍ MIRIM

Pesque no verde

Laci Ledoux - Pesque Pague Ledoux. Augusta Gern

Uma varinha, um anzol e algumas iscas. Apesar de parecer uma atividade bem litorânea, a pesca também está presente na área rural de Itapoá, e mais: é um forte atrativo turístico. Além de produtos

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coloniais, muita simpatia e uma exuberância em tons verdes, o pesque-pague também marca presença no Saí Mirim. O mais conhecido da localidade é o Pesque-Pague Ledoux. De família tradicional da Vila da Glória,

o pesque-pague está presente na rota turística realizada pela Prefeitura de Itapoá e é ponto de encontro para deliciosos momentos em família. Além de grandes tanques de peixes, capricho, cuidado do local e uma comida caseira são o chamariz. A responsável pelo local, Laci Ledoux, 76 anos, conta que chegou à região em 1960. Professora

na Vila da Glória, ela deixou a região para dar aulas no Saí Mirim e na comunidade Braço do Norte. Foram 62 anos na profissão, onde ensinava os pequenos, até a terceira série. O pesque-pague surgiu há 10 anos e, do outro lado da rua, espelha sua clássica casa de área rural. Apesar do bom movimento, principalmente durante o verão,


Acima, Lenoir da Silva, caseiro da Chácara Jacaré.

toda a área está à venda: a casa, o pesque-pague e mais um bom terreno de plantações. “Hoje não estamos dando conta de cuidar do local como antes, ficou apenas eu, meu filho e minha nora”, afirma. Conforme Laci, para manter o local bonito e bem cuidado, o trabalho nunca se encerra. Assim, da mesma forma que a família torce pela venda, a comunidade torce para

que, independente do dono, o local permaneça da mesma forma: tradicional, familiar e aconchegante. Outro pesque-pague na região, que divide opiniões sobre pertencer ao Saí Mirim ou à localidade vizinha é a Chácara Jacaré. Conforme relato dos próprios moradores, nesta chácara existiam jacarés de verdade. Algumas crianças tinham medo, outros registraram em fotografias. Hoje não existem mais,

mas deram nome à chácara. Há cinco meses o local abriu como uma opção de lazer. Os grandes tanques de peixes atraem principalmente turistas da capital paranaense, afirma o caseiro Lenoir da Silva. Conforme ele, o objetivo é ampliar as atrações no local: uma lanchonete com petiscos e outras atividades devem estar em funcionamento para a próxima tempo-

rada. “A ideia é melhorar os serviços que temos hoje e trazer mais opções para dar mais conforto e divertimento para as famílias”, afirma. Os dois pesque-pague são próximos, estão localizados à beira da Estrada Geral do Saí Mirim, principal rua da localidade. Ficam ao lado sul da região central em que se encontra o posto de saúde e a escola municipal.

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EDUCAÇÃO | ADULTOS

Escola: tempo para todos Augusta Gern

Para aprender não existe hora e isso algumas pessoas sabem e demonstram muito bem. Às 18h55 o sinal toca e todos os alunos entram na sala de aula. Ao abrir o caderno e prestar atenção nas lições não compartilham apenas conhecimento, mas muita experiência de vida, lembranças e superação. É assim a rotina de muitos alunos de Itapoá que, com mais de cinquenta anos resolveram voltar à sala de aula. Depois de algumas dificuldades e tempo, mostram diariamente como é bom e importante estudar. Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), oferecida pela rede municipal de ensino, é possível cursar todo o ensino fundamental com uma grade curricular diferenciada, onde cada semestre corresponde a um ano. Oferecida no período noturno na Escola Municipal Ayrton Senna, a EJA tem o objetivo de promover novas oportunidades para o aprendizado. Assim, jovens de 16 anos, que estão fora da idade série, dividem a sala de aula com pessoas até da melhor idade, formando turmas heterogêneas em idades, culturas e formas de ver o mundo. Conforme a gestora da EJA, Sandra Maria Dani Benck, há uma procura muito grande e até listas de espera surgem nas matrículas. Muitos acabam desistindo no meio do caminho, mas ela percebe que eles se sentem valorizados em estarem lá. Além disso, é gratificante para a escola e para os alunos quando chega o momento da formatura e mais uma etapa foi concluída: ali os alunos chegam até o 9º ano. Para dar continuidade aos estudos, o ensino médio é oferecido pela rede estadual de ensino através do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), na Escola de Educação Básica Nereu Ramos. Da mesma forma, no CEJA cada semestre também corresponde a um ano.

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Conforme a secretária municipal de educação, Terezinha Fávaro da Silveira, é um orgulho para a educação ver adultos e pessoas mais velhas frequentarem as salas de aula. “O adulto tem a mesma capacidade de aprender, ou até melhor, pois tem maturidade, objetivos e aplica todos os ensinamentos às suas vivências”, afirma. “Esses alunos sabem tirar até o último gás do professor com as suas dúvidas e vontade de aprender”. Para Sandra a diferença de trabalhar com adultos é muito grande. Também professora de ciências e matemática no ensino regular, Sandra admite que prefere trabalhar na EJA: “É um grupo muito diferente, tem histórias diferentes que recompensam todos os problemas”. A professora de matemática, Amanda Fehrmann Gern, também se sente realizada ao trabalhar com adultos. Para ela, são com eles que o ensinar faz mais sentido, “pois a maioria dos alunos dá um grande valor a esse momento”. Ela conta que é preciso ensinar de uma maneira diferente, estar aberta para aprender todos os dias e buscar novas metodologias para adequar à realidade dos alunos. Conforme a professora de geografia Jacquelini Zamboni Paese, que há 15 anos trabalha com a educação de jovens e adultos, como as turmas são muito heterogêneas, exigem habilidades diferentes dos professores: “Precisamos saber dar mais atenção aos mais velhos e conquistar os mais jovens”, explica. Mas nem sempre foi assim. Segundo Jacquelini, o perfil do ensino mudou muito ao longo dos anos. Antes a maioria eram alunos adultos, mas à medida que o município está crescendo e as escolas estão recebendo mais alunos todos os dias, os estudantes chegam mais cedo na EJA e as turmas estão cada vez mais heterogêneas. “Porém todos os alunos interagem e se ajudam, é muito interessante”, conta.

Tereza Cristina Biss, 69 anos. Até então Tereza sabia escrever Orgulho No começo a vergonha era o nome e ler um pouco, “mas tudo grande: saia rápido de casa para fazia falta”. Hoje as coisas são que os vizinhos não a vissem, hoje bem diferentes: “é como se tivesé motivo de orgulho. Com 69 anos, se acendido uma luz muito forte”, Tereza Cristina Biss está prestes conta. Para ela, o momento mais a se formar no 9º ano. Depois de importante de toda essa caminhamuitas dificuldades foi incentivada da foi quando uma de suas filhas a pela filha professora a voltar a es- buscou na escola: “Ela me pegou tudar e hoje passa o dia esperando na mão como se eu fosse uma a hora de ir para a escola: “agora criança, até então eu nunca tinha passado por isso”, lembra emocioeu sei o quanto é bom aprender”. De Campo Largo, Tereza per- nada. Com a formatura prevista no deu o pai com sete anos e a partir de então teve que trabalhar para próximo mês, Tereza já irá se maajudar em casa. Até os 14 anos tricular no CEJA para cursar o ensitrabalhou na roça, depois passou no médio. “Agora eu quero estudar para uma fábrica de malas, onde cada vez mais”, afirma. E aconsese aposentou. “O tempo é tão cor- lha: “Jovem, não deixe de estudar rido que não deu tempo para estu- porque o futuro é de vocês”. dar antes”, lamenta. Determinação Aos 20 anos casou e com o Para senhor Nicodemo Pavatempo vieram os três filhos, hoje formados. Com os filhos criados, elski, 58 anos, o grande incentisua mãe adoentou e virou sua de- vo para começar os estudos foi a pendente, “aí a vida ficou mais difí- autoescola. O desejo para tirar a cil”. Quando a mãe faleceu aos 95 carteira de motorista o fez iniciar o anos de idade, mais uma surpresa: curso teórico, mas quando chegou “20 dias depois que ela morreu eu ao ditado percebeu que não iria descobri que tinha câncer e até dar conta. Há 29 anos em Itapoá, até enperdi a vontade de viver”, lembra. Dona Tereza então passou por to- tão Nicodemo só sabia escrever o dos os procedimentos: quimiotera- seu próprio nome, e ainda errado. pia, radioterapia e cirurgia. Então, “Até hoje recebo ligações de banquando estava curada da doença cos para saber o meu nome correpensou: “já que não morri, vou es- to, porque trocava algumas letras”, conta. tudar”, brinca.


Nicodemo Pavaeiski, 58 anos.

João Batista Juvêncio, 50 anos.

Natural de Irati trabalhou na roça desde pequeno: “A minha família era grande e na época futebol, violão e escola eram coisas para preguiçosos, nós tínhamos que trabalhar”. Aos 18 anos foi para São Paulo em busca de trabalho, mas nunca permaneceu por muito tempo em uma empresa pela falta de estudo. Porém, nunca ficou parado. Em Itapoá conheceu algumas pessoas confiaram em sua força de vontade e sempre o ajudaram muito. “Eu ia em bancos e resolvia alguns negócios para eles, então quando eles descobriram que eu não sabia ler, resolveram me ajudar”, lembra. A sua primeira professora então foi como uma grande amiga: mostrou algumas coisas e sempre o incentivou a começar a ir para a escola. “Hoje eu quero escrever uma carta para ela de agradecimento, tenho certeza que ela vai gostar de receber as minhas palavras”, fala. Toda essa confiança e incentivo foram reforçados pelo desejo da carteira de motorista, e assim há seis anos Nicodemo resolveu entrar pela primeira vez em uma sala de aula. “Tudo que eu faço é com amor, sempre tento fazer o melhor possível”, afirma. Há quatro meses sofreu um derrame e agora vive com algumas dificuldades motoras, porém continua com uma vontade e determinação para viver: “se eu reclamar da minha vida serei muito injusto”. No próximo mês encerrará o ensino fundamental e, apesar de um pouco nervoso, já se sente apto para finalmente tirar a carteira de motorista. E ao perguntar sobre a maior mudança de sua vida com os estudos, a humildade emociona a resposta: “antes eu ia ao postinho de saúde e ficava lá sozinho o dia inteiro esperando a consulta. Depois que aprendi a ler descobri que eles colocavam uma placa na porta com o dia e horários de atendimento dos médicos”.

Crescimento

Andrelina Galvão, 54 anos.

Com estudo as coisas também mudaram na vida de João Batista Juvêncio, 50 anos. Natural de Londrina, também trabalhou na roça desde pequeno. “Estudei até o 4º ano, mas como os meus irmãos e vizinhos eram mais velhos e terminaram antes, não tinha mais como eu ir para a escola”, lembra. Assim, parou os estudos. Itapoá surgiu em sua vida como a terra de oportunidades:

“falaram que aqui tinha emprego e acabei vindo”. Segundo ele, na cidade todos sempre o receberam com braços abertos e logo encontrou um bom emprego. A volta aos estudos surgiu como uma necessidade do próprio trabalho. Há alguns anos João trabalha no Porto Itapoá e foi promovido, mas para isso precisava ter estudos. O melhor de tudo é que a necessidade é prazerosa e abriu novos caminhos em sua vida: “O mundo se amplia de certa forma que é inexplicável. É como se você visse uma luz no escuro”, conta. Para ele, escola traz um retorno imenso. Hoje cursando o 7º ano, já projeta fazer o ENEM e fazer um curso técnico de construção civil. O maior desafio dessa cansativa jornada é a saudade da família, pois vê pouco: “quando eu saio para trabalhar meus filhos ainda estão dormindo e, quando volto da escola, eles já foram dormir”. Porém, é um desafio que vale a pena: “com conhecimento a vida fica muito mais fácil”, afirma.

Força de vontade

Outro grande exemplo de superação é Andrelina Galvão dos Santos de Oliveira, 54 anos. Ela já encerrou o ensino fundamental na EJA e hoje está no primeiro ano do ensino médio regular. Sim, o desafio para ela é diferente: ao invés de cursar no CEJA, onde a grade curricular é diferenciada e um semestre corresponde a um ano, Andrelina prefere compartilhar conhecimento e vivências com os jovens de 15 anos do período noturno na Escola Nereu Ramos. “Escolhi fazer o regular porque eu acho que é mais difícil, e gosto de dificuldades”, afirma. Assim, o passado, onde trabalhou na roça e não teve oportunidade de encerrar os estudos, hoje ganha um presente cheio de novos conhecimentos, amigos e muito estudo. Andrelina conta que estuda em casa todos os dias e busca não faltar na escola um dia sequer: “se você puder aproveitar o máximo é melhor, porque é muito importante”. O melhor de tudo é que em seu futuro o estudo também ganha um destaque principal: a estudante pretende fazer faculdade e se aprimorar nas tecnologias. Hoje, em virtude de trabalhos escolares já está aprendendo a mexer no computador. “Tudo isso não é dificuldade, é uma nova experiência”, afirma.

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COLECIONADORES | FUTEBOL

Memória do futebol colecionada Augusta Gern

O gosto por futebol fez nascer uma coleção. Botafoguense, aos 84 anos a energia de Ovande Ferreira da Silva aumenta quando o assunto é a paixão nacional. Paixão esta assistida e colecionada com orgulho: dezenas de revistas “Manchete Esportiva” são guardadas com muito cuidado, preservando um tempo em que “o futebol tinha grandes craques”, segundo Ovande. A coleção surgiu por acaso. A revista Manchete Esportiva era publicada semanalmente e ilustrou o futebol entre os anos de 1955 e 1959 e entre 1977 e 1979; Ovande a assinava e guardava. Com o tempo muitas acabaram rasgando e sumindo, mas o número ainda é expressivo e deve passar de cinquenta edições, entre coloridas e em preto e branco. Conforme o colecionador, suas

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revistas já foram divulgadas para pessoas do ramo esportivo de outras cidades e estados, mas não foi dado o devido valor. Assim, a coleção deve ser passada para a próxima geração da família, claro, que também goste de futebol. Além da coleção e da torcida pelo seu time, o futebol também fez parte de sua vida. Quando jovem Ovande gostava muito de jogar futebol e aos 20 anos foi convidado para fazer um teste no time São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Como estava com o casamento em vista, acabou ficando e teve um lindo romance com sua falecida esposa Noêmia Machado da Silva. Natural de Porto União, Ovande morou por muito tempo em Caçador, onde trabalhava como motorista, primeiro de caminhão, depois de ônibus. E entre viagens com o ônibus lotado de passageiros, em casa ou até na hospedaria onde descansava entre uma viagem e

Ovande Ferreira da Silva. outra, o futebol sempre foi acom- ele era o número um, enfeitava a panhado pela rádio. A primeira vez jogada”, afirma. Jogador este preque viu o futebol pela televisão foi sente em boa parte das edições de em Lages, não se recorda a data, sua coleção. mas o momento é claro em sua memória: “foi como se eu estivesse dentro do campo, mas tudo era preto e branco”, recorda. Hoje a televisão é sua companheira, principalmente quando se trata de futebol: assiste o que está passando. Agora na Copa do Mundo pretende assistir todos os jogos, mas garante que não faz muita questão que o país ganhe. Ele acredita que não será muito fácil para o Brasil, países como a Holanda, Alemanha, Argentina, Espanha e Portugal estão com bons times, segundo ele. “O melhor jogador que o país teve foi Garrincha,



ARTESANATO | MADEIRA

Artesanato verde e amarelo Augusta Gern

Nesta febre de Copa do Mundo, até o artesanato está aderindo às cores verde e amarela. Panos de prato, artigos de decoração e até casinhas de passarinho irão ajudar na torcida do Brasil. No ateliê de Paulo Roberto Kruger não só os trabalhos estão se preparando, mas todo o espaço ganhou as cores do país. É difícil quem passe na Avenida do Príncipe e não tenha os olhos atraídos por tanto azul, verde, amarelo e bandeirinhas do Brasil. Pois é, este é o marketing de Paulo para este ano. “A ideia surgiu mesmo pela Copa e por chamar a atenção, mas eu gosto muito de todas as cores”, afirma o artesão. Dentro do espaço os objetos são variados, mas tudo é feito com madeira. Marceneiro há 34 anos, o artesão produz casinhas de passarinho, casinhas, mesinhas e utensílios de boneca, relógios, quadros com imagens em 3D, porta-chaves,

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entre outros objetos. Há dois anos e oito meses em Itapoá, atualmente o forte mesmo são as casinhas de passarinho que começou a produzir há dois meses. De Curitiba, Paulo estava cansado do movimento e os perigos da capital, assim escolheu Itapoá como a nova cidade. “No começo achei tudo um pouco estranho, mas depois fui conhecendo as pessoas e gostei bastante”, conta. Segundo ele, em Curitiba trabalhava em uma loja famosa de móveis e produziu artigos para artistas famosos como o Ratinho, por exemplo. Também, em um evento “Pela Casa Cor” foi considerado o 11º marceneiro do país. “Amo muito e tenho orgulho do meu trabalho”, afirma. Aqui em Itapoá a produção começou limitada em casinhas e artigos para bonecas, mas logo expandiu para outros objetos e novas ideias estão por vir: um encosto para a cabeça da mulherada

Paulo Roberto Kruger, em clima de Copa do Mundo. sucesso”, acredita. O objeto, feito de madeira, espuma e tecido, promete garantir conforto ao bronzeado da mulherada. 100 peças já estão prontas e estarão à venda para a próxima temporada. O diferencial de seu trabalho é que é realizado com produtos reciclados. Com a ajuda de um amigo, sempre que encontra madeiras jogadas, Paulo recolhe como matéEncosto para cabeça, deve ria-prima de sua arte. Além disso, agitar o comércio do artesão. o artesão conta que já fez muitas na praia deve agitar o comércio do doações e sempre ajuda quando artesão. A partir do modelo que pode: “Se cada um ajudar um pouganhou de uma amiga de Belém, quinho, ninguém fica na mão”, fala. Paulo está apostando suas fichas E é com este espírito de solidano objeto. “Vim de Curitiba com a riedade, cuidado com o meio amideia de vender isso e estou con- biente e muito verde e amarelo que fiante. Não tem aqui no sul do Bra- o ateliê aguarda a Copa do Mundo. sil e acho que vai fazer um grande



QUEM É? | ZEQUINHA

Amor, voluntariado e trabalho Augusta Gern

“Oi querida”, “fala garoto”. Nas quadras de vôlei da praia, nas escolas ou até na rua, não há quem ainda não ouviu esse carinhoso e típico cumprimento de José Bento Alves de Souza, ou melhor, do Zequinha do Vôlei. Natural de Itapoá e com toda a família na cidade, o simpático de 47 anos garante que conhece quase todas as pessoas por onde anda com a sua fiel companheira: a bicicleta. Amante de esportes desde pequeno, Zequinha é famoso por treinar a criançada no vôlei, gentilmente montar suas próprias redes na praia para a diversão do turista e por acompanhar qualquer jogo esportivo com sua maleta e expe-

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riência massoterapeuta. Sua vida iniciou com a pesca. Conforme ele, não era fácil morar e estudar em Itapoá há alguns anos atrás: “no começo as salas eram multiseriadas e para fazer o ensino médio tive que esperar abrir turmas”. Mas desde o tempo da infância sua maior diversão era a praia. Ao encerrar o ensino médio, Zequinha começou a trabalhar com massagem e voluntariamente marcava presença nos campeonatos esportivos, prestando “socorro” para quem se machucasse. Em 2001 começou a trabalhar na Prefeitura e, como sempre jogou e gostou muito de vôlei, foi contratado para a secretaria de esportes. Na época montou a primeira escolinha de voleibol de Itapoá, onde ensinava técnica e, principalmente, disciplina. Todo o seu conhecimento pelo esporte


surgiu mesmo pela paixão ao vôlei: “aprendia as coisas principalmente no verão com turistas e moradores jogando”, conta. Com a escolinha Zequinha ficou por quatro anos, e então os trabalhos com o esporte voltaram a ser voluntários. Durante os finais de semana e em todas as temporadas ele monta suas próprias redes de vôlei e auxilia moradores e turistas a praticarem o esporte. “É um trabalho muito bonito, pois famílias que nunca se viram antes, ali se tornam uma só família”, conta. Em 2002 Zequinha começou o curso básico de massagem para trabalhar com esporte a nível municipal, regional e estadual. O curso durou um ano e meio e, a partir de então, a massagem começou a ser sua fonte de renda. No ano de 2009 voltou para a Prefeitura e começou a trabalhar com voleibol com a criançada do Projeto Segundo Tempo, hoje Projeto de Ampliação da Jornada Escolar, da secretaria municipal de educação. No mesmo ano iniciou o curso técnico em massoterapeuta e de lá para cá as coisas só cresceram: em 2011 fez um ano de massagem estética e em 2012 iniciou a faculdade de educação física. “A faculdade sempre é um sonho para

mudança de vida. É onde você se torna um verdadeiro cidadão”, fala. Hoje acadêmico na cidade vizinha, Zequinha continua trabalhando com voleibol e recreação no Projeto Ampliação da Jornada Escolar, sua grande paixão. “Quando você começa a praticar esporte com as crianças, as incentiva para muitas outras coisas boas, como disciplina, responsabilidade e respeito”, afirma. Conforme Zequinha, existem grandes talentos na cidade, nas mais diversas modalidades. O problema, segundo ele, é a falta de incentivo. Zequinha conta que algumas das conquistas para o esporte de Itapoá aconteceram por abaixo-assinados iniciados pelas suas mãos: “O ginásio de esportes da Escola Nereu Ramos foi fruto de vários abaixo-assinados, pois eu vi que precisava de um local para a prática esportiva”, lembra. O ginásio de esportes de Itapoá e a iluminação entre a primeira e a segunda pedra também surgiram a partir de assinaturas, conforme ele. “Mas não dá para conseguir as coisas só com um abaixo-assinado, as pessoas precisam se responsabilizar e incentivar mais o esporte”, fala. De acordo com Zequinha, o município necessita de um lugar

específico e bom para a prática de diferentes modalidades esportivas, como um Centro Esportivo. “Onde as crianças possam treinar e Itapoá tenha seleções para disputar de igual para igual com as outras cidades”, sugere. Além disso, para Zequinha é preciso mais acompanhamento técnico nos locais já existentes, como a pista de skate, as praças e academias ao ar livre. Assim, entre sugestões, trabalho voluntário e muito amor ao esporte, ele leva a vida em sua amada cidade. Durante todo esse período com o vôlei recorda o momento mais importante: “Foi quando eu dava treino voluntário no ginásio da escola Nereu Ramos e uma mãe me procurou para falar que seu filho, ex-jogador do projeto, estava envolvido com drogas. Eu fui conversar com o rapaz e através de uma simples palavra, de uma simples comparação consegui que ele saísse das drogas”, lembra.

Para Zequinha, o esporte é a melhor opção para a saúde e prevenção de drogas: “com as quadras cheias de jogadores os hospitais ficam vazios”.

Quem é o Zequinha?

Para conhecermos um pouco mais o Zequinha, conversamos com Júlio Cesar de Abreu, coordenador do núcleo Itapemar do Projeto Ampliação da Jornada Escolar, que o conhece desde 1997 do vôlei de praia: “É um cara guerreiro, que não vive pelo sonho, mas através do sonho buscou um ideal de realização pessoal e profissional: foi em busca de formação, não ficou só no empirismo; ele está evoluindo junto com a cidade”. “Tem uma história de vida muito bonita de doação para o município.” “Se fosse para o definir em uma palavra seria: perseverança”. “Se você quer ver os olhos dele brilhar é só ver ele no vôlei”

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O sonho começa aqui Augusta Gern

“Bola na trave não altera o placar, bola na área sem ninguém para cabecear, bola na rede para fazer o gol, quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” É difícil não se lembrar desse trecho da música “É uma partida de futebol” da banda Skank quando o assunto é o sonho de ser jogador de futebol. Representar uma cidade, um estado e até um país em um campo de futebol são desejos que fazem os olhos de muitos garotos, de diferentes idades, brilharem. É em busca desse sonho que eles treinam, treinam e treinam. Isso acontece no mundo inteiro e não deixa Itapoá fora do assunto, melhor dizer: Itapoá também é o berço de grandes jogadores. A melhor notícia é que por aqui enquanto a garotada treina para conquistar este sonho também se diverte e fica longe dos perigos da rua, e o melhor de tudo, gratuitamente. Às vezes o sonho começa nos primeiros anos de vida e os primei-

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Bruno Sperandio de Queiroz, 13 anos. ros chutes substituem os primeiros passos, outras vezes surge durante as aulas de educação física ou na torcida do time preferido. Não importa: quando ele aparece, torna-se o principal objetivo de vida, pelo menos até surgirem novas ideias para o futuro. É assim para Bruno Sperandio de Queiroz, 13 anos. Os treinos iniciaram aos três anos de idade, quando a mãe foi em busca de uma atividade física e recreativa. De lá para cá sempre jogou: são dez anos que o futebol ocupa uma importante parcela de sua vida. Quando a pergunta é sobre o futuro, a resposta é rápida: “Que-

Milton Weber Netto, 11 anos.

ro ser jogador de futebol”. Atletas como Cristiano Ronaldo e Kaká o inspiram a correr atrás desse sonho. Porém, Bruno sabe das dificuldades que a carreira pode apresentar: “O futebol tem muita competitividade e sorte”. Para isso, o objetivo já está traçado na rotina e para os próximos anos. Bruno é um dos garotos que participa da Escolinha Furacão, promovida pela secretaria de esporte e juventude em parceria com o Clube Atlético Paranaense. Lá os treinos são de segunda a sexta-feira, mas quando chega o final de semana não há descanso para a

bola, Bruno ganhou uma quadra de futebol de aniversário e também gosta muito de futebol de areia. Resultado: os jogos não param e a mãe é que sente falta em casa. E é em casa que Bruno recebe o maior apoio. Sua mãe, Elisandra Sperandio, conta que sempre deu toda a força e vai continuar para que o filho conquiste este sonho, mas também sempre alerta para as dificuldades e outras opções. “A gente sempre conversa muito sobre isso. Vou ajudá-lo no futebol, mas quero que ele também tenha uma segunda opção para carreira”, afirma.


Desde o ano passado Bruno já fez dois testes para clubes, mas é no ano que vem que pretende investir. “Conforme o conselho de um amigo psicólogo que trabalhou muitos anos com futebol, é a partir dos 14 anos que devemos investir mesmo em testes”, conta Elisandra. “Quando o garoto já está com 15 anos fica mais fácil para os clubes chamarem, pois já podem dormir nos alojamentos e as responsabilidades são maiores para os próprios jogadores, e não para o clube”. Assim, a partir do ano que vem a busca pelo sonho será mais acirrada, afinal, mais um jogador entra em campo. “O sangue de jogar bola deve ter vindo de outra vida”, brinca a mãe. Segundo ela, Bruno não perde os treinos por nada, é uma rotina levada mesmo a sério. Com a mesma seriedade, Milton Weber Netto, 11 anos, também pratica o futebol. Também participante da Escolinha Furacão, o garoto sonha em um dia ser como Cristiano Ronaldo. Chegar à seleção brasileira, representar o Brasil e ficar famoso são alguns desejos para conquistar o principal objetivo: proporcionar uma vida melhor para a sua família. O garoto já jogou em outras cidades e é assíduo nos treinos da Escolinha. Nos finais de semana o campo verde é substituído pela areia branca e a bola de futebol não deixa de marcar presença. “Ele sempre diz que haverá testes para não deixar a bola de lado um dia sequer”, conta a mãe-avó Marisete Garcia Weber. Há alguns anos Milton vive com a avó, que dá o maior apoio para o futuro no futebol. “Sempre ajudamos com o que podemos, mas também o alertamos sobre o sofrimento e dificuldades que todos os jogadores tiveram que passar”, fala. Para ela a saudade é o maior desafio, mas Milton se empolga ao pensar em um dia estar morando em outra cidade para seguir a carreira tão sonhada. Enquanto este dia não chega, o que mais faz é treinar. Na escola afirma ser um bom aluno, mas não nega a preferência pela disciplina de educação física, principalmente quando o tema é futebol.

A Escolinha Além de escolinhas particulares, Itapoá também conta com treinos gratuitos de futebol pela Escolinha Furacão, do Clube Atlético Paranaense. A escola iniciou em 2012 através de uma parceria da Secretaria Municipal de Esporte e Juventude com o clube paranaense. “A ideia já existe desde 2006, quando fui diretor de Juventude. Então quando assumi a secretaria já estava tudo organizado”, fala José Maria Caldeira, atual secretário de Esporte e Juventude. Atualmente a escolinha atende cerca de 90 garotos com idade entre oito e 15 anos. Os treinos são diários, de segunda a sexta-feira, no contra turno escolar. Além dos treinos, a escolinha oferece aula de inglês uma vez por semana. “O objetivo é oferecer uma base aos alunos para evitar que futuros contratos sejam cancelados pela exigência de língua estrangeira”, explica Sérgio Luiz Ferreira Moura, ex-jogador profissional e técnico da Escolinha. Conforme o técnico há bons atletas no município e ele vê uma semente plantada: alguns meninos já fizeram testes, mas ainda nenhum se fixou em clubes. “As oportunidades são para todos e eles precisam acreditar e persistir”, fala. O primeiro conselho que sempre dá é em relação à educação, pois é a base na construção de um atleta, além disso, a parte social e respeito são indispensáveis. Em relação a melhor idade para correr atrás do sonho com testes, Sérgio Moura explica que varia muito de clube para clube: “alguns já começam a treinar crianças de quatro anos, mas geralmente é a partir dos 15 que acontecem as definições, até pelo nível de aproveitamento”. Dessa forma, o secretário Caldeira conta que, além de mostrar grandes talentos itapoaenses, a escolinha tem colaborado para a socialização e união dos atletas e melhorado as notas dos alunos – boas notas e frequência escolar são exigências para se manter nos treinos. Mais do que a Escolinha, Caldeira afirma que outros incentivos para o futebol estão previstos. No ano que vem o campo de futebol do balneário Itapema do Norte deve receber arquibancada, vestiários e calçamento.

O técnico

Seu currículo é almejado por todos os garotos da Escolinha: Sérgio Moura iniciou sua carreira profissional em 1981 e passou por 14 clubes ao total. Natural do Rio de Janeiro, tudo começou aos 12 anos quando participou do Dentinho de Leite em Brasília e foi selecionado pelo Fluminense. Ele conta que as dificuldades não foram poucas, mas a família sempre o apoiou e ele não desistiu nos primeiros “nãos”. No Fluminense ficou oito meses e em 1973 entrou para a escolinha do Botafogo, onde ficou até 1981 e saiu profissional. Durante este período Sérgio jogou no time principal com jogadores de renome como Zagalo e também jogou para outros clubes como Vitória (Espírito Santo) e Campo Grande (Rio de Janeiro). Em 1981 saiu do Botafogo e jogou no Coritiba (Paraná) e, no ano seguinte, jogou no Atlético Paranaense. Como lateral esquerdo, no Atlético foi campeão após 12 anos o time não receber o título do campeonato paranaense. Além desses clubes, também jogou para: Esporte (Recife), América (Rio de Janeiro), São José dos Campos (São Paulo), Maringá (Paraná), Foz do Iguaçu (Paraná), Remo (Belém), Nacional (Manaus) e Rio Negro (Manaus). Em 1993 encerrou a carreira de jogador e começou a de técnico. Durante cinco anos Sérgio foi o treinador da base do Atlético Paranaense e depois passou para diferentes times, cerca de dez ao total. Neste período conheceu e treinou muitos atletas, do qual se orgulha ao lembrar: “Alguns atletas tiveram grandes resultados, foram para grandes times e até para o exterior”. Neste período conquistou diferentes títulos importantes, tanto como jogador, como treinador. E em 2012, optou morar em Itapoá pela qualidade de vida e gosto pela praia, e junto trouxe toda a sua experiência e bagagem. Hoje, com muita seriedade e boa vontade, Sérgio repassa todas as suas vivências, histórias e técnica para a garotada itapoaense.

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Eles estiveram perto

Além de grandes jogadores nacionais, atletas itapoaenses também são referência e exemplo para os garotos que sonham a carreira no futebol. Na maioria jovens e também amantes do esporte, eles acreditaram, tentaram e estiveram perto da profissão.

Augusta Gern

Além de grandes jogadores nacionais, atletas itapoaenses também são referência e exemplo para os garotos que sonham a carreira no futebol. Na maioria jovens e também amantes do esporte, eles acreditaram, tentaram e estiveram perto da profissão. É o caso de Manassés Nogueira, mais conhecido como Téi. Aos 27 anos é acadêmico do curso de educação física, treinador da equipe de futsal do Projeto Ampliação da Jornada Escolar e tem uma história de amor cheia de idas e vindas com o futebol. Chutar e estar em campo sempre foram uma paixão, “desde que se entende por gente”. Ele lembra que sempre teve a influência e apoio do pai, mas sua mãe não gostava do esporte por medo que se machucasse. Não deu outra: aos sete anos Manassés teve o

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primeiro acidente no futebol, uma fratura exposta na perna. O primeiro teste foi aos 12 anos para o Clube Joinville, onde ficou por 15 dias e depois foi dispensado. “Deu uma desanimada, mas nunca parei de jogar”, conta. Aos 14 anos mais uma oportunidade na cidade vizinha: durante dois meses Manassés jogou no Caxias, mas o clube faliu. Dois anos depois, aos 16 anos, foi para São Paulo jogar no clube pirassununguense, mas dias depois o treinador foi embora e ele teve que voltar. Em 2005, outra oportunidade, agora no estado paranaense: Manassés jogou na categoria juniores para o Rio Branco em Paranaguá, mas não se acostumou com a cidade e com o clube e acabou desistindo. De lá, passou para o Coritiba (Paraná), onde jogou por dois meses. Mas foi em 2007 quando assinou o seu primeiro contrato pro-

fissional, jogou na segunda divisão do campeonato catarinense pelo Santa Cruz. Porém, mais um acidente o fez parar em 2008: Manassés rasgou dois centímetros da virilha jogando futebol de areia. Na época pensou em desistir da carreira, mas o destino não deixou. No mesmo ano e ainda machucado, foi convidado para jogar em um time amador de Joinville e teve uma boa remuneração. “Foi a primeira vez que o clube Serrana foi campeão”, conta orgulhoso. Em 2009, quando participava de um torneio interno de Itapoá, mais um acidente, dessa vez o atleta estourou todos os ligamentos do tornozelo direito. Manassés ficou um ano parado e então decidiu definitivamente parar por vontade própria. “Ainda tem alguns clubes que me procuram, mas o futebol é muito incerto”, conta. “Chegar é fácil, o difícil é manter”. Conforme o atleta, as oportunidades vão che-

gar para todos, basta estar preparado: “É preciso muita dedicação, foco e apoio dos pais”. Hoje, depois de muitas e idas e vindas resolveu manter um relacionamento mais tranquilo e estável com o futebol. Os sonhos com o esporte continuam, mas agora com outro olhar: “Quero poder ensinar a criançada e incentivá-los a correr atrás dos seus sonhos”, afirma. Outro exemplo na busca desse sonho é Michel Rocha Nunes, 25 anos. Diferente de Manassés, ele não nasceu jogando bola, na verdade nem imaginava em jogar até que seu irmão e amigos cansaram de incentivar. “Eu era muito ruim, mas comecei a treinar e deu certo”, conta. Deu tão certo que se apaixonou. Esse amor pelo esporte nasceu no Rio Grande do Sul, sua terra natal. Foi lá que percebeu seu talento e teve a primeira oportunidade para a carreira: “Uma empresa da


Manassés Nogueira, mais conhecido como Téi. minha cidade tinha uma seleção que iria jogar na Noruega e me convidaram para ir junto”. Conforme o atleta, este jogo era como uma Copa do Mundo da categoria de base, com jogadores com até 16 anos. Ele foi e, junto com outros garotos, representou o Brasil no exterior. Quando voltou não quis saber de parar. Participou de vários testes e foi muito elogiado pela sua técnica, mas teve algumas frustrações no caminho. “Infelizmente 90% do futebol hoje é o empresário”, lamenta. Conforme ele, poder aquisitivo e conhecer pessoas com influência ajudam bastante na hora de entrar em um clube. Michel até pensou em parar, mas participou de um teste em Itapoá e conheceu um empresário que deu um gás de ânimo. Porém não foi por muito tempo: quando chegou ao clube que o profissionalizou percebeu que as coisas eram bem diferentes do que imaginava, nem almoço eles recebiam direito. “Foi uma frustração e perdi o dinheiro que havia investido no empresário, mas foi melhor voltar”, conta. O desânimo bateu novamente, mas não parou de jogar. Há dois anos surgiu uma oportunidade em um clube no Rio Grande do Sul,

como amigo e exemplo. Durante toda a sua vida sempre jogou futebol. Natural de Rio Grande do Sul, morou muitos anos em Curitibanos (SC) e há 20 anos está em Itapoá. Em todas as cidades o futebol esteve presente: participou de diferentes equipes amadoras, ganhou diversos títulos no futsal e futebol de campo, já participou da fundação de novos clubes e em grande parte dos campeonatos que jogou foi artilheiro. Uma trajetória que estampa na prateleira de casa um bom número de troféus e Professor Marcos Antônio boas lembranças. Fontana, 60 anos. Porém, o futebol não surgiu em sua local onde tem família e amigos. vida por acaso. Tudo começou Entre os times profissionais da ci- aos oito anos de idade, quando dade, Michel foi campeão. perdeu um dos braços em uma Porém, quando voltou resolveu olaria. “Com o acidente eu fiquei mudar o rumo com o futebol: “Per- muito abalado e foi jogando futebol cebi que o tempo estava passando que eu consegui perceber que era e não tinha terminado os estudos igual, ou até melhor que os outros”, e nem tinha um trabalho fixo, sem- conta. pre deixei as coisas de lado para o Apesar da superação e bom futebol”, conta. Assim resolveu pa- percurso com o esporte, o preconrar de participar de testes, come- ceito após o acidente o impediu de çou a trabalhar e pretende iniciar ser um dos grandes nomes do futea graduação de educação física: bol profissional. “Um dia fiz um tes“quero trabalhar na área de treino te em um clube profissional e eles com as crianças”. disseram que eu era um bom jogaPara ele, é gratificante ver os dor, mas pelo defeito físico só enmeninos se espelharem no seu traria no time se já tivesse nome”, esforço ou o acompanharem em todos os jogos do campeonato municipal, onde joga pelo time Estrela, mas alerta que o futebol é como uma faca de dois gumes: “como tudo na vida tem o lado bom e o ruim, você conhece muitas pessoas boas, mas também há os que só querem se aproveitar”. Na sala de aula e no campo Outra inspiração para a garotada de Itapoá é Marcos Antônio Fontana, 60 anos. O conhecido professor de matemática Fontana, muitas vezes foi temido pela sua disciplina nas salas de aula, mas no campo de futebol sempre foi procurado pelos próprios alunos

lembra. Impediu a carreira profissional, mas não o bom percurso e exemplo para a garotada. Em Itapoá, Fontana jogou em times até 2010, mas por problema de artrose nos joelhos teve que parar. De lá pra cá, exerce a função de técnico. Em 2012 foi técnico do time Itapoá, em 2013 do Estrela e atualmente é do Liberdade Esporte Clube. Também é auxiliar-técnico do time Amigos de Itapoá no campeonato de veteranos. Como professor de matemática, também foi técnico por várias vezes dos times feminino e masculino da Escola de Educação Básica Nereu Ramos, os quais muitas vezes foram campeões municipais e regionais. Além disso, também sempre esteve envolvido em competições de futebol de areia. “Sinto muito orgulho de já ter trabalhado com diferentes atletas da cidade”, afirma. Para Fontana, o futebol itapoaense tem muitos valores individuais, porém falta parte técnica e tática tanto no futebol de campo como no futsal. “A cidade precisa investir em técnicos e criar boas seleções municipais para disputar fora da cidade”, fala. Além disso, Fontana afirma que o município precisa de mais incentivo ao esporte: “precisamos de pessoas comprometidas com o esporte, não apenas professores de educação física”. Em casa Fontana é palmeirense e assiste quase todos os esportes que consegue, gosta principalmente de assistir jogos de vôlei e tênis de campo. Para a Copa o seu lugar no sofá já está garantido: “o Brasil tem muitas chances para o hexa, mas precisam respeitar seleções como a Argentina, Alemanha e Espanha”.

Michel Rocha Nunes, 25 anos.

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Entre o amor e o gol Augusta Gern

Aquela discussão sobre os jogos de futebol no final de semana ou a briga pelo controle da televisão quando novela e futebol disputam o mesmo horário são comuns para muitos casais. Neste ano o assunto deve ser apimentado: a tão esperada Copa do Mundo vai iniciar justamente no Dia dos Namorados, 12 de junho. A data oficial do namoro irá dividir o espaço com a emoção verde amarela, os comentários esportivos e a comemoração regada por pipoca e cerveja com os amigos. Para muitos namorados isso pode ser um problema, mas para outros é uma dupla comemoração, afinal foi o futebol que os uniu.

Do Brasil para Itapoá

Ele é ex-jogador da seleção brasileira sub-20, ela é professora de língua portuguesa na rede municipal e estadual de ensino; são 31 anos de casado e tudo começou em 1978. Foi em um ginásio na cidade de Mafra (SC) que Marcia (49) e Amarildo Partala (51) trocaram os primeiros olhares. Na época Amarildo jogava handebol, onde já participou da seleção catarinense da categoria e jogou no campeonato escolar brasileiro. Adolescentes, paqueraram até que Amarildo entrou para o mundo do futebol. “Fiz um teste e comecei a jogar no time Operário de Mafra”, lembra Amarildo. Mas logo depois já foi convidado a jogar profissionalmente na Sociedade Esportiva Matsubara, clube da cidade de Cambará (PR), onde ficou por alguns anos. Foi em 1981, em um jogo do time paranaense na cidade de Mafra que o casal se reencontrou. “Começamos a namorar a distância, mas não havia celular ou telefone direito, aí trocávamos cartas”, conta Marcia. E entre cartas de amor, acompanhadas por vizinhos e o próprio carteiro, o namoro acompanhou a carreira de Amarildo no futebol. Em 1981, quando disputava o campeonato paranaense, o joga-

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Amarildo e Marcia Partala trocaram olhares pela primeira vez em um ginásio na cidade de Mafra (SC). dor foi convocado para disputar o mundial na Austrália pela seleção de juniores, hoje sub-20, da seleção brasileira. Fotos com a camisa amarela ao lado de grandes nomes do futebol demonstram a emoção de representar o país. Alto, galego e com 19 anos, Amarildo fez parte da história do esporte brasileiro. Para ele, futebol sempre foi um sonho de criança, “mas quando se chega lá é bem diferente”. Segundo ele, as coisas eram muito diferentes naqueles tempos: “Não existiam essas escolinhas preparatórias, empresários e tanta mídia,

ou o jogador era bom e entrava ou não”, conta. Também, segundo ele, na época não se dava muito valor para as categorias de base. “Foi uma época muito boa, mas uma aventura. Era mais por amor à camisa mesmo”, conta a esposa Marcia. Apesar de não ter conquistado o título na Austrália, foi uma emoção e tanto. Quando voltou continuou jogando para o time paranaense, mas durante toda a carreira passou por dez times, desde os estados catarinense e paranaense, até mais longe, como São Paulo e

Goiás, na cidade de Goiânia. E durante todos esses times o amor permaneceu. Em 1983 Amarildo e Marcia se casaram e ela, apaixonada por futebol, o acompanhou em diferentes cidades até que o filho chegou à idade escolar. “Combinamos que quando William tivesse idade para estudar não viajaria mais, e assim voltamos a morar em Mafra”, conta Marcia. A carreira de Amarildo acabou aos 26 anos, quando teve que fazer uma cirurgia nos dois joelhos. “Foram seis meses de gesso, naquela época não havia as tecnologias de hoje”, lembra Amarildo. Porém os joguinhos no final de semana e os encontros de ex-jogadores estão sempre garantidos: “Está no meu sangue e o futebol é a minha cachaça”. Além disso, naquela casa, o futebol é sempre bem-vindo. “Eu sempre gostei mais de futebol do que novela. Chorei muito quando o Brasil perdeu a Copa de 82 para a Itália”, lembra Marcia. Além disso, a discussão sobre futebol nunca aconteceu: os dois são fluminenses e torcem juntos. Para a Copa os preparativos já começaram: “a nossa casa vira uma festa”, afirmam. Para o ex-jogador, por ser conhecido como o país do futebol e ser a sede, o Brasil é mais do que favorito, porém

Amarildo Partala durante toda a carreira passou por dez times.


Acima o atual formação do time do Marumbi, abaixo o grupo de 1976.

Altair Gonçalves do Nascimento e Maria Salete Ceccatto se conheceram pelo amor ao futebol. o futebol é imprevisível. E apesar das discussões políticas que estão envolvendo o futebol neste ano, Marcia afirma que a torcida é muito grande: “Se a Copa não fosse aqui o país continuaria com os mesmos problemas, os jogadores não são culpados”. Assim, com muito gosto pelo futebol, ou melhor, por todos os esportes, o casal vive em total harmonia entre os gols e amor. Desde 1998 em Itapoá, apoiam e incentivam a prática de qualquer esporte: “não consigo ver nada de ruim nos esportes, só trazem coisas boas”, afirma Marcia.

Tradição que trouxe a união

O mesmo gosto e incentivo ao futebol brinda o amor de Maria Salete Ceccatto e Altair Gonçalves do Nascimento. Foi o futebol que os uniu há nove anos e até hoje faz parte da rotina dos dois. Desde criança Altair joga no time Marumbi, do balneário Pontal. O time, que é tradição de sua famí-

lia – pai e tios sempre jogaram – é o mais antigo que ainda participa de campeonatos na cidade: foi fundado em 1964. “É um time de família, a tradição passa de pai para filho na comunidade”, conta Altair. Hoje o jogador atua como goleiro no Marumbi, além de ajudar a treinar a criançada. De fora do campo, Maria Salete também é atuante no time. Há 12 anos em Itapoá, sempre esteve envolvida na comunidade, atividade que foi aliada ao gosto pelo futebol: há dois anos participa da diretoria do time e atualmente ocupa o cargo de presidente. Assim, entre treinos e campeonatos o casal está sempre junto à frente da organização do Marumbi. Uniforme, chuteiras, transporte, documentação de jogadores e tantas outras necessidades de um time de futebol são providenciadas na própria casa. “Aqui futebol é assunto todos os dias”, conta Maria Salete. Da mesma forma que está no papo, também é muito assistido.

Apesar de torcerem por times diferentes na sala de televisão, ele para o Flamengo e ela para o Atlético Paranaense, o resto da casa tem um só coração: o Marumbi. Também, difícil se fosse diferente: o casal se conheceu em uma aula de dança, mas o primeiro encontro foi em uma quadra de futebol. “A primeira vez que ele me convidou para sair foi em um campeonato”, lembra Maria Salete. A torcida foi boa: naquele dia o time ganhou de 7 a 1. O amor pelo Marumbi é visível nos olhos: brilham intensamente como um troféu. Por ser tradição não apenas na comunidade do Pontal, mas para todo o município, o casal mostra-se orgulhoso em fazer parte dessa história. Antes da emancipação da cidade, o Marumbi representava Itapoá nos campeonatos de Garuva, segundo Altair. Hoje o time conta com um acervo de mais de 200 troféus e, dos 24 anos que disputou o campeonato municipal, 15 foi campeão. “É um time de família, as mulheres do

Marumbi são torcedoras ativas”, afirma Maria Salete. Para parabenizar a tradição do time, no próximo mês o casal, junto com o restante da diretoria e jogadores, está organizando uma homenagem ao senhor Paulo Neres do Rosário. “Ele foi jogador, presidente e hoje é o nosso torcedor mais antigo”, conta Maria Salete. Mas a tradição não fica apenas em lembranças, também está no futuro: o time treina a criançada da comunidade e pega firme em princípios como educação, responsabilidade e disciplina. “Eu sou chata nos jogos, sempre pego no pé quando vejo alguma coisa errada, mas as coisas estão dando certo”, afirma Maria Salete. Além do carinho, responsabilidade e tradição para crianças da comunidade, o amor por futebol cativou também o próprio filho de Maria Salete: com 21 anos, sempre que está em Itapoá o jovem busca participar dos jogos. Aí então aguenta coração: jogador, torcida e diretoria em uma única família.

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BATISMO | PEDRO ÁLVARES CABRAL

Ofício: navegar Augusta Gern

Morar e trabalhar em frente ao mar já não é para todo mundo, imagina então trabalhar no meio do oceano? São 60 dias a bordo e 60 dias em casa. O quintal é como uma cidade de contêineres e da janela se vê apenas a imensidão azul. É assim a vida de Liliane Teixeira e Silva, piloto do navio Pedro Álvares Cabral, da Aliança Navegação e Logística. Formada em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande, em 2007 entrou para a Marinha Mercante e desde lá seu trabalho acontece entre as correntes de maré. Tudo começou por influência de um amigo de faculdade que é prático em Rio Grande. “Na época eu nem sabia o que fazia um prático, com toda a calma ele me explicou e contava como era a vida mercante”, conta. Para ela navios já eram uma curiosidade e uma

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paixão, mas nunca tinha pensado nisso como uma profissão. Quando surgiu a oportunidade, não pensou duas vezes. E assim já são seis anos de trabalho. Por cerca de dois meses o mar se torna sua cidade, o navio a sua casa e a cabine o seu quarto. Conforme Liliane, em um navio geralmente são cerca de vinte profissionais, entre comandante, piloto e marinheiros, e cada um tem a sua cabine pessoal. “Cada pessoa é responsável pela organização e limpeza de sua cabine”, explica. Mas este é um lugar apenas para as horas de descanso, pois o trabalho toma boa parte das horas do dia e necessita bastante atenção. Pela escala de trabalho, para ela a maior dificuldade é sem dúvida ficar longe da família: “Principalmente em momentos de tristeza como a perda de alguém ou em momentos de alegria como o nascimento de um sobrinho. Já passei pelos dois, claro que o de tristeza foi muito mais difícil”, lembra. Além da família, a distância também

Liliane Teixeira e Silva, piloto do navio Pedro Álvares Cabral, da Aliança Navegação e Logística. está para coisas simples do dia a dia, como comidas diferentes ou eventos. “Acontece de eu não poder ir ao cinema no lançamento de um filme ou perder aquele show imperdível da banda preferida”. Nesta Copa ainda não sabe se estará ou não embarcada, mas existem antenas parabólicas a bordo e é possível acompanhar os jogos, mesmo de longe. Só não dá

para fazer aquela pipoca, dividir o sofá com a família e gritar a cada passe decisivo. Mas tudo isso é recompensado. “Temos alguns privilégios que só quem trabalha na profissão conhece”, conta. Segundo Liliane, não se pode imaginar a grandiosidade de um nascer ou pôr do sol visto do mar, paisagens como arco-íris, baleias, golfinhos ou o céu totalmente negro crave-


Pedro Álvares Cabral

jado de estrelas brilhantes, por exemplo. “São coisas que não posso mensurar ou tentar explicar, tocam a alma”, afirma. São presentes da natureza que a acompanham diariamente, em uma sintonia com todo o desenvolvimento tecnológico que move o navio e o comércio que nele circula. Liliane é moradora de Itajaí (SC) e conheceu Itapoá há alguns

anos, quando soube que estavam construindo o Porto e que ela passaria a atracar nele. Para ela a cidade é muito simpática, mas a falta de árvores a chamou a atenção no verão. Sua última visita foi em abril, no batizado do navio Pedro Álvares Cabral, quando ocorreu a entrevista. Conforme Liliane, atualmente está neste navio adestrando os pilotos, mas mudará para um novo navio da Aliança chamado Bartolomeu Dias. “Será o maior navio full cantainer da América do Sul e com certeza atracaremos em Itapoá”, fala.

Batizado no Porto Itapoá no dia 24 de abril, este navio faz parte de uma série de quatro navios idênticos que renovam a frota de cabotagem da empresa Aliança Navegação e Logística, denominada “Grandes Descobridores”. Construído em 2013, tem 228 metros, capacidade para 3.800 TEUs e 500 tomadas para contêineres refrigerados. Este foi o segundo navio batizado no Porto Itapoá, reunindo grandes investidores. Na solenidade, como de costume, a madrinha Elisabeth von Krüger de Freitas quebrou o champanhe na casca do navio. Mais um navio que faz parte da história de Itapoá e leva a cidade em sua história.

Madrinha Elisabeth von Krüger de Freitas

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Agora foi o Mão Pelada A SC-415 – renomeada SC-416 – serve ao tráfego dos caminhões para o porto, e ao acesso de turistas à Itapoá. Portanto, é uma rodovia importante para o município. Desafortunadamente, serve também para vitimar a fauna silvestre da região que, indefesa e sem alternativa, ao cruzar a pista, é atropelada. Assim foi com o guaximim (Procyon cancrivorus) da foto, um pequeno carnívoro da família dos procionídeos, popularmente chamado de ‘mão pelada’. Conhecido também, como ‘rato-lavador’ por lavar os alimentos antes de comê-los, ou ‘mascarado’ pela máscara negra que possui ao redor dos olhos. As manchas nos olhos e a cauda com anéis pretos lhe dão um aspecto simpático, muito explorado nos filmes e desenhos animados na América do Norte, onde também é conhecido como contumaz ladrão de latas de lixo. O ‘mão pelada’ brasileiro tem mais sorte que o parente norte americano, pois ainda vive tranquilo no seu habitat natural sem precisar invadir quintais e revirar latas de lixo para sobreviver. Uma das suas preferencias alimentares, o caranguejo é abundante em Itapoá. Aliás, a origem do seu nome científico se deve a esse outro habitante dos mangues: cancro=caranguejo e vorus=comedor.

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Guaximim Mão Pelada (Procyon cancrivorus) – Foto ADEA O guaxinim se destaca dos demais carnívoros por possuir tato e faro aguçados, ótima visão noturna, habilidade manual e apurada inteligência. A facilidade para reconhecer objetos o coloca em estágio superior ao dos gatos e apenas um pouco abaixo dos primatas. Pouco se sabe sobre a reprodução, ecologia e comportamento da espécie brasileira. Basicamente que vivem perto dos manguezais

e outros cursos d’água, em razão dos hábitos alimentares. São animais terrestres que costumam abrigar-se em tocas no chão. No entanto, nadam muito bem e, se necessário, sobem em árvores para caçar ou se refugiar dos predadores. No Brasil a espécie é considerada vulnerável, apesar de correr pouco risco, pois não sofre pressão de caça, não é utilizado na alimentação humana ou no comércio de peles e nem alvo dos traficantes de animais. O homem é o seu maior predador quando destrói os mangues reduzindo seu habitat ou, quando poluí os rios com dejetos que podem envenená-los. Em Itapoá, além desses, os frequentes atropelamentos como o que vitimou essa fêmea adulta que atravessou o caminho do porto. A espécie é importante na conservação da Mata Atlântica. Por também alimentar-se dos frutos existentes na floresta, assume importante função na dispersão de sementes das árvores nativas. São alguns motivos para que seja visto com ‘carinho’ [no dizer dos políticos locais] garantindo para ele espaço nos manguezais e nos remanescentes da floresta nativa. Afinal, reduzir a destruição das matas, dos mangues, e manter a água limpa nos rios é beneficiar também a espécie humana.


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Rumo à Pádua e Verona Contemple um pouco de História! Se você estiver em Veneza não deixe de visitar uma cidade muito próxima, onde fica a maravilhosa basílica, a de Santo Antonio e a Igreja de Santo Agostinho, Pádua, situada na região de Vêneto. Perto de Veneza, trajeto agradável beirando rios e vilas pequenas com suas casas de pedras cinza e janelas verdes. Procure viajar pelas estradas secundárias, assim você poderá apreciar os vilarejos e entender um pouco de como se vive na região. Pádua é cercada de jovens por ser uma cidade universitária, aliás a Faculdade de Medicina, foi a primeira do mundo e o prédio é muito bonito. Cidade de Galileu, Nicolau Copérnico e Dante. Passeie pela região universitária e depois siga até uma das grandes praças da Europa, a Prato della Valle, em cujo centro há uma ilha verde, circundada por um pequeno canal delimitado por dois anéis de estátuas e fontes. Dentre as estátuas estão as dos apóstolos, obra escultural que é um museu ao vivo. Próximo a praça encontra-se a Basílica de Santo Agostinho e não muito longe se encontra a Basílica de Santo Antonio, provavelmente construída em 1238, onde se pode ver as relíquias, que pertenciam ao santo como: manto, dentes, bíblia, seu túmulo e seus nove milagres sob forma de escultura. Vale a pena passear por dentro de toda igreja e pelo lado de fora. A cada segundo nos deparamos com a deslumbrante obra arquitetônica e seus detalhes, além de apresentar inúmeros testemunhos de um rico passado histórico, cultural e artístico, que fazem com que seja um importante destino turístico. Cidade gostosa para se caminhar e oferece bons restaurantes, preços bons, uma vez que atende grande número de universitários. Não longe de Pádua, continuando por estradas secundárias, encontra-se a cidade de Verona, famosa por ter sido cidade de Romeu e Julieta. Verona, também região de Vêneto. É cercada por muralhas romanas, a maior delas e bem conservada é a Arena, local onde no passado havia uma aldeia no seu interior. Atualmente, o espaço é utilizado para apresentações de teatro, óperas, orquestras. Sinônimo de anfiteatro é o terceiro maior e mais bem conservado da Itália, construído no século I d.C. Seguindo por ruelas muito estreitas, fora da

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mosas histórias de amor, história tão bonita e triste ao mesmo tempo. Visite o rico patrimônio arquitetônico e histórico de Verona, que inclui castelo medieval, palácios, igrejas e o anfiteatro romano. Cidade agradável e muito charmosa cortada pelo rio Adige, local agradável para passear e degustar os famosos sorvetes, os de Verona!

Dicas para sua viagem:

Arena, caminhe por ruas históricas permeadas por prédios muito antigos e aprecie as belas vitrines decoradas com muito gosto, além das grifes famosas. Vá seguindo as indicações da casa de Romeu e Julieta, caso contrário, você passará desapercebido pelo local, que fica um pouco escondido. Chega-se à casa da Julieta, numa rua muito estreita e a emoção é muito grande e indescritível, ao ver aquela famosa sacada, vista apenas em filmes, contada na obra de Shakespeare e em outras leituras. Essa casa é cuidadosamente cultivada e atrai corações românticos e demais pessoas interessadas em conhecer o local. Casa que provavelmente foi cenário de uma das mais fa-

Café da manhã - A melhor forma de tomar café da manhã gastando pouco é procurar um local onde o preço foi feito para os habitantes da localidade.Gaste menos em panificadoras da cidade e conheça as delícias gastronômicas da região. “Tour” pela cidade - escolha a opção de ônibus de dois andares chamados “ hop on / hop off”. Esses ônibus, além de confortáveis, possuem um serviço de fone de ouvido em várias línguas, assim você poderá ouvir a história local em sua língua materna. Muito importante, você pode descer onde quiser e pegar o ônibus novamente no local onde desceu o que facilita a visitação dos locais, os quais mais lhe interessar. Se você for para essa região da Itália, antes de viajar, assista um filme americano, romanceado que poderá lhe dar uma ideia da região “ Cartas para Julieta”, lançado em 2010, estrelado por Amanda Seyfried, Chris Egan, Vanessa Redgrave, Gael Garcia Bernal e Franco Nero. Esse filme nos dá uma noção da Itália, região da Toscana e Verona. Boa viagem!


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EMPRESÁRIOS E NEGÓCIOS | ISA COAN

Tendências, glamour e moda para os itapoaenses Augusta Gern Com uma boa sintonia entre o glamour e a simplicidade, há 12 anos Isamara Fernandes Coan da Silva conta com o principal estabelecimento comercial no ramo de joalheria e ótima no município: Coan Ótica e Joalheria. O crescimento da loja busca acompanhar o desenvolvimento da cidade, sempre com tendências e novidades. Natural de Lauro Muller (SC), há 30 anos Isamara está no município. Seu relacionamento com Itapoá começou na comunidade rural Saí Mirim, onde até hoje preserva laços. Quando casou o endereço mudou para o balneário Itapema do Norte e foi aí que iniciou seu trabalho com joalheria. Tudo começou na rua, de porta em porta com revenda de joias. Foram três anos com mostruários

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nas próprias mãos até abrir a loja, na época na Avenida do Comércio. No início a ideia era trabalhar apenas com joias, mas em função das exigências do mercado e procura das próprias clientes, também começou a trabalhar com semi-joias. Da Avenida do Comércio passou para a André Rodrigues de Freitas, principal ponto comercial da cidade. E aí as coisas só aumentaram: há alguns anos Isamara também trabalha com o ramo de ótica e acessórios, como relógios, bolsas, entre outros. Porém, nem tudo foi só alegria. Além das dificuldades financeiras que existem para boa parte dos comerciantes, nos dois primeiros anos Isamara sofreu assalto à mão armada em sua loja. Alguns anos depois mais um assaltante tentou roubá-la, mas dessa vez conseguiu

reverter a situação na porta da loja. “Sempre olhei Itapoá como um lugar tranquilo e espero que continue assim. Eu gosto de ver a cidade crescendo, mas com menos criminalidade”, afirma. Outra grande dificuldade, segundo ela, foi quando perdeu seu pai há seis anos: “Apesar de ser pessoal, abalou toda a minha vida, até no profissional”, conta. Fora isso, só tem a agradecer. Segundo Isamara, a loja conta com uma clientela muito bacana, assim, busca retribuir com muita novidade: participa de pelo menos

duas feiras do ramo por ano, uma em São Paulo e outra em Gramado, da onde traz as tendências para os itapoaenses. Conforme a empreendedora, o projeto para o ano que vem é abrir mais uma loja no município, mas fala: “As pessoas da cidade deveriam valorizar mais o comércio local. Devem conhecer e perceber que existe a mesma variedade e preço bom do que as grandes cidades”. E caso o produto não esteja disponível, Isarama orienta: “sempre é possível encomendar, buscar e deixar o cliente satisfeito”.


Nesta edição resolvemos inovar, fazer algo mais especial. Bem pudera, pois esse mês o amor esta no ar. Não só o amor entre os enamorados, mas também o amor que todos sentimos pelo futebol. É belo podermos mostrar todo esse amor em uma só revista, por isso trouxemos um pouco de cada apaixonado: O esportista, o social, o despojado, o baladeiro e claro, o torcedor brasileiro.

Fotos: Priscila Pohl - Immaginato Fotografia e Comunicação. Cabelo e Maquiagem: Gevanildo Martins - G Cabelo e Arte. Modelos: Jhenifer Antunes, Jean Paollo, Sabrina Silveira Speck e Érick Gabriel Silveira Speck. Os modelos vestem Sabrina Magazine.

Nós da loja Sabrina Magazine desejamos a todos os apaixonados um lindo e feliz dia dos namorados, e a seleção brasileira: GANHA MAIS ESSA BRASIL!!!”

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Itapoá e Garuva, ganharão importante indústria naval Através desta manchete o jornal de Joinville, em sua edição de 29 de dezembro de 1967, destacava o portentoso empreendimento e a avultada soma de 22 bilhões de cruzeiros antigos destinados a implantação do estaleiro pela Chantier Naval Belge. O representante da empresa no Brasil, Moacir Campos, na companhia do prefeito na época, Dórico Paese, pormenorizou para o noticioso joinvillense os diferentes aspectos que motivaram a implementação do projeto em terras catarinenses. Salientou a escolha de Itapoá em razão de estudos efetivados ao longo dos 8500 quilômetros da costa litorânea brasileira os quais revelaram a excepcionalidade do posicionamento geo-econômico para os investimentos. Outrossim, levantamentos hidrográficos, topográficos, sondagens, tomadas dos ventos, visibilidade e precipitações pluviométricas, so-

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mados ao posicionamento definiram a sua viabilidade. O estaleiro destinava-se a construção de navios de médio e grande porte e previa a geração de cerca de 4.000 empregos propiciando o incremento comercial e industrial da região. Constava do planejamento bater a quilha do primeiro navio dentro de quatorze meses. Visando dar celebridade à iniciativa houve uma grande mobilização das autoridades estaduais e federais. Na esfera federal ocupava a pasta do transporte o dinâmico ministro Mario Andreazza que ganhou notoriedade no governo do Presidente Costa e Silva pelo número de grandes obras rodoviárias realizadas. Para as primeiras providências, dada a urgência da instalação de energia elétrica, bem como o alargamento e revestimento da estrada da serrinha foi designado o engenheiro lotado no PLAMEG, Lore Corcini. Conclusão, Razões ligadas a macroecono-

mia e injuções políticas cessaram o andamento do projeto, todavia apesar das frustrações restaram ganhos para o outrora distrito de Itapoá e o município de Garuva, pois tiveram, durante meses, suas potencialidades fartamente divulgadas pela mídia falada, escrita e televisiva. Essa gama de oportunidades levadas ao conhecimento do grande público motivou inúmeros investidores a conhecer e aplicar seus recursos em terras itapoaenses e garuvenses. Por sua vez a intensa movimentação causada pela magnitude da obra expôs a precariedade da infraestrutura básica para dar sustentação as demais etapas, obrigando o governador Ivo Silveira a autorizar o imediato alargamento e revestimento da via de acesso. Diante do exposto evidenciou-se, de forma clara, que Itapoá reunia todas as condições, brindado que foi pela natureza, para tornar-se um grande polo portuário, o que realmente aconteceu com a inauguração do porto de Itapoá em 2011, ou seja, quarenta anos depois.


Manuela, um ano. Filha de Hana Paula e Jaison.

Casamento Rubenita e Laureci.

Aniversário Lucas, dois anos. Filho de Targine Altmann.

Iara e Larissa, mãe e filha.

Miguel 1 ano. Filho de Roger e Caroline Mayer.

Milena, 10 anos. Filha de Edilene e Rogério. Gislaine Valkiu e Matheus Ouchita.

Thauani e Guilherme à espera de Maia.

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Mais um editorial da Revista Giropop, desta vez realizado na Reserva Volta Velha. Jean Paollo, Gevanildo Martins, Priscila Pohl, Ledamir Silveira, Juliana Ramos, Sônia Charlote Heeren, Sabrina Silveira Speck, Jhenifer Antunes e Erick Silveira Speck.

Marcelo e Isa Coan. Marcelo esteve de aniversário dia 11 de maio. A equipe da Revista Giropop deseja-lhe os parabéns. Valdir Bacherdos e sua esposa Tereza curtindo o bailão no Saí-Mirim.

Luizinho da Itapema Bikes com Grasiele Souza curtindo o bailão no Speck. Geraldo Weber com sua esposa Maristela e sua filha Leticia durante o Destaque Empresarial. Integrantes da banda Sintonia que todos os sábados abrilhantam o bailão na Tia Cida. Sidnei, vocalista da banda festejou no dia 28 de maio mais um aniversário.

Simplicidade, natureza e muita alegria! Assim foi a comemoração dos sete anos do Henrique no sítio do vovô ‘Capi’. Na foto com os pais Andrea Choma e Carlos Henrique Nóbrega e os avós Carlos e Aglacy Choma, Ana Lúcia Garcia Pedriali Nobrega e Carlos Roberto Galdioli Nobrega.

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Jacqueline e Gilmar da Marmoraria Aliança se divertindo durante mais um bailão no salão da família Speck.

Moacir e Ione Silveira Speck com suas filhas Monise e Maristela e seu genro Alberto.


Duas lojas e profundo conhecimento em esportes, há vinte anos no ramo e por dentro de projetos e eventos Conrado é um dos grandes visionários do desenvolvimento da nossa cidade. Com um longo bate-papo e muita simpatia fui recebido em uma de suas lojas Tom Brasil. Enquanto aguardava o final de séria conversa ao telefone relacionado ao sucesso esportivo do município, fui conhecer e procurar detalhes na loja, enfim completa. Tudo relacionado aos esportes que, segundo ele, e claro “com apoio de um profissional, esporte é o caminho para uma boa saúde”. Com uma loja voltada à prática desportiva, claro, fui tirar minhas dúvidas apesar de não ser um mestre nesse assunto, porém, fui a fundo e de imediato aprendi quando minhas perguntas amadoras foram atritadas por um grande profissional que é o atendimento e o conhecimento das lojas Tom Brasil. Ponto de Vista: Sua loja é repleta de novidades, roupas, tênis e acessórios adequados para cada prática de esportes, num pais de futebol, você concorda que a faixa etária praticante esta aumentando? Conrado: Há uma preocupação com a saúde, vivemos no paraíso e temos que viver bem. Hoje não temos mais idosos acomodados, cada dia presenciamos pessoas de baixa e média idade buscando praticar esportes; vejo academias lotadas, na praia, no calçadão, a população está buscando mais saúde sempre. Ponto de Vista: Posso comprar um bom tênis hoje e iniciar uma prática de esporte, posso escolher e dar início imediato? Conrado: A caminhada é uma das atividades físicas mais praticadas por todas as idades, mas temos que ficar atentos. O primeiro passo é consultar seu médico ou preparador físico e ter continuidade no seu exercício. A prática de atividade uma vez por semana pode ser considerada risco à saúde, pois o organismo não reconhece essa prática. Seu organismo tem que entender que você está praticando tal esporte após 20 a 30 minutos, para então começar a queimar calorias e melhorar a circulação sanguínea, porém, a atividade física deve ser praticada no mínimo duas vezes por semana.

Ponto de Vista: Vejo pessoas correndo sem tênis na areia, em horários de sol forte, suando muito com respiração exaustiva, isso é resultado de uma boa prática esportiva? Conrado: Temos limites. Assim, temos que primeiro verificar com um profissional da área médica a indicação do tipo e o tempo de prática desportiva adequada, e de preferência deve ser feita sempre com acompanhamento de um profissional. Hoje podemos indicar o melhor tênis, os mais adequados equipamentos, roupas que facilitam a transpiração fazendo com que o seu organismo se sinta a vontade enquanto você busca saúde. Ponto de Vista: Já tenho um bom tênis indicado pelo profissional de sua loja, sei que o melhor horário é antes do sol forte ou final da tarde! Evitando a exaustão, fiz uma consulta com meu cardiologista, sei também que devo ingerir muita água durante a prática do meu esporte escolhido. Como posso conciliar meu esporte ou minha caminhada em um ato de prazer? Conrado: Aqui temos uma bela praia, pontos turísticos, muito verde e pessoas simpáticas pelas ruas, assim toda atividade deve ser prazerosa. Quando estou caminhando sempre olho para beleza do mar, as pessoas e a vida que temos ao nosso redor, isso torna qualquer atividade prazerosa e contribui para você praticar cada vez mais. Em qualquer atividade você pode fazer novas amizades, ou seja, você pode fazer de uma simples caminhada na praia uma grande diversão.

Ponto de vista: Sua equipe é treinada a oferecer equipamentos adequados sempre preocupados com a satisfação e prazer da prática desportiva com qualidade. Você acredita que nossa cidade hoje tem atletas importantes? Temos uma geração que pode trazer orgulho carregando a bandeira do município? Conrado: Sem dúvida! Todo litoral de Santa Catarina tem o surf como um dos principais esportes e hoje em Itapoá se destacam nomes que já estão no ranking estadual e nacional. Temos garotos e garotas que já vivem financeiramente do surf e uma nova base vem se formando a cada dia. Também temos bons ciclistas competidores com bons resultados, maratonistas, skatistas, grandes jogadores de futebol, senhores e senhoras que caminham, participam de gincanas e sempre tem ótimo aproveitamento. Tenho orgulho de nosso povo. Ponto de vista: Nossa cidade tem recebido uma grande quantidade de novos moradores, ouvimos na opinião do povo por onde devemos andar e pisar, sabemos que suas lojas sempre estarão de portas abertas ao público em geral, sabemos que esse carinho com que você recebeu nossa equipe é o carinho que você presta aos seus clientes e amigos, foi muito bom a gente conhecer um pouco de você e de suas lojas, mas se eu ou meus leitores precisarem de uma boa indicação em qualquer esporte eles podem encontrar você e sua equipe em quais endereços? Conrado: Avenida André Rodrigues de Freitas, nº 1173 -ao lado do posto Miranda (loja de artigos esportivos), e Rua Hermínio Dagnoni, nº 282 - ao lado do Supermercado Brasão. Ponto de Vista: Conrado quero agradecer por estar com a gente e poder levar aos nossos leitores um pouco de informações que com certeza serão importantes para todos. Conrado: Agradeço a revista Giro Pop pela oportunidade e a parabenizo pelo excelente trabalho desenvolvido por uma equipe altamente profissional levando a população um veículo de informação que vem agindo com total imparcialidade e principalmente mostrando tudo o que há de positivo em nossa belíssima cidade. Muito Obrigado

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