EDITORIAL Esta edição marca mais uma grande fase da revista Giro Pop. A partir desse mês, além de Itapoá, estaremos conhecendo diferentes histórias e mostrando o novo também de Guaratuba, cidade vizinha do estado paranaense. Dessa forma, pretendemos estreitar os cerca de 20 quilômetros que separam os dois municípios, mostrando suas afinidades e diferenças. Esta primeira edição em conjunto será um pouco atípica: terá dois temas diferentes. Assim, apesar de todo o conteúdo ser igual, cada cidade contará com uma capa, com o foco principal do município. Em Guaratuba, em virtude da Festa do Divino, buscamos conhecer todos os bastidores do tradicional evento. Sua história, grandes momentos, a organização para esse ano e, principalmente, as pessoas que a movimentam, que a fazem acontecer foram o foco das pautas. Para tudo isso, registramos aqui um agradecimento especial à Rocio Bevervanso, peça fundamental da equipe nesta edição. Pela sua experiência na cidade e na Festa, colaborou ativamente para a realização de todas as entrevistas. Em Itapoá, para não perder o costume, fomos atrás do diferente. Apesar da Baía Babitonga ser cenário corriqueiro, poucos conhecem todas as atrações para lazer, gastronomia e cultura presente na Babitonga de Itapoá. Através das pessoas e suas histórias, conhecemos toda a riqueza que Itapoá também tem a oferecer para esse refúgio natural. Queremos registrar a participação itapoaense na Baía, que não é margeada apenas pelas cidades de São Francisco do Sul e Joinville. Além dos temas principais, não deixamos de fora todas as séries realizadas.
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Foto Clécio João Tkachechen
Foto Priscila Pohl
Fique a vontade, a revista agora é sua! Com mais conteúdo, mais novidades e mais histórias, desejamos uma ótima leitura! Agradecimentos aos fotógrafos Priscila Pohl e Clécio João Tkachechen
GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Tradição, turismo e fé Augusta Gern Durante a estação mais fria do ano, Guaratuba proporciona um dos mais tradicionais e calorosos eventos movidos pela fé: a Festa do Divino. São dez dias aquecidos por muita devoção, amor, cultura e tradição. Milhares de pessoas, moradores e turistas, visitam e participam do evento todos os dias, que conta com uma programação para todas as idades em diferentes horários. Fruto da fé cristã, a festa acontece aos arredores da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso e da igrejinha centenária e, neste ano, tem o seguinte lema: “Com o Divino Espírito Santo seja nossa paróquia a casa da acolhida, o lugar do pão partilhado e a escola da comunhão”. Sempre seguindo as férias escolares, neste ano a festa inicia no dia 4 de julho e segue até o dia 13. Como todos os anos, todos os dias
típica, apresentações culturais e shows. Porém, a festa não é apenas os dez dias: este é o resultado de muito trabalho, dedicação e devoção de pessoas que seguem uma tradição centenária.
Conforme pesquisas de Rocio Bevervanso, ex-festeira e amante da cultura popular, os cronistas e historiadores religiosos destacam o ano de 1.336 como o início do Culto Popular do Divino Espírito Santo, quando foi inserido no calendário litúrgico da igreja, em Portugal, por iniciativa da Rainha, hoje Santa Isabel, com o patrocínio do Rei Dom Dinis.
da festa contam com uma bela programação religiosa, com diferentes missas e novenas ao longo do dia, além da questão social e cultural: uma boa estrutura, gastronomia
Desde lá, o evento conta com alguns símbolos: as bandeiras do Divino, uma vermelha e uma branca, a pomba branca, símbolo do Espírito Santo que é colocado na parte superior das bandeiras e as fitas coloridas, frutos de promessas de quem alcançou alguma graça. Em Guaratuba, a festa começou em 1810, e hoje, há mais de 200 anos, preserva a tradição, simbolismo e fé. Conforme alguns guaratubenses, durante alguns anos
a festa foi um pouco esquecida pela falta de interesse dos padres na época, mas há 32 anos segue firme e forte, crescendo a cada edição. Para a organização existem os casais festeiros. A cada ano, um casal da comunidade é escolhido para comandar, organizar e arquitetar todo o evento junto com a igreja. Escolhidos pelos ex-casais festeiros, o nome do casal é anunciado no último dia da festa e então, a partir desse momento, iniciam os trabalhos para a próxima edição. Outra grande tradição da festa é a Romaria das bandeiras. Através de quatro foliões, as bandeiras do Divino e Espírito Santo percorrem toda a cidade antes da festa, desde a área rural até o centro e, de casa em casa, recebem os agradecimentos às promessas e graças atendidas. Assim, em busca de conhecer como este evento é arquitetado, organizado, sonhado e festejado, as próximas matérias apresentam algumas das pessoas que estão por trás dessa grande tradição, as pessoas que fazem a festa acontecer.
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Festa ultrapassa as portas da igreja Augusta Gern Conforme os padres da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, Pe. Marcos V. T. Borges e Pe. Francisco Santos Lima, três vertentes movimentam a Festa do Divino: a religiosa, a social e a cultural.
“O primeiro ponto, que é a partida para tudo, é o encontro com Deus; a questão social são os filhos e filhas em volta da Casa da Mãe, e o terceiro, o resgate histórico e cultural”, explica Pe. Francisco. Há quatro anos em Guaratuba, eles afirmam que esta não é apenas uma festa da igreja, de união paroquial, mas tornou-se uma festa da cidade e do estado, “ganhou uma dimensão muito grande”. Não apenas guaratubenses e moradores de cidades vizinhas participam, mas pessoas e excursões de diferentes cidades e estados marcam
Realizadas na Paróquia, todas as novenas contam com a entrada das bandeiras, momento relatado por muitos como o mais emocionante. Depois da Romaria por toda a cidade, as bandeiras chegam à festa repletas de agradecimentos e devoções Padre Francisco e padre Marcos com o casal festeiro ao Divino Espírito Juli e Luiz e as bandeiras do Divino. Santo, reunindo presença todos os anos. diferentes histórias de vida em Junto com o casal festeiro, a uma única crença. paróquia colabora na organização Neste ano, a única novena que da festa, principalmente na progra- não será celebrada na igreja, mas mação religiosa. Neste ano, padres sim em frente a ela, em virtude de diferentes cidades irão celebrar do espaço, será a celebrada pelo as novenas, com o objetivo de in- Pe. Reginaldo Manzotti, no dia 11, tegrar ainda mais as comunidades. sexta-feira. Como a expectativa de
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público é muito grande, buscou-se uma outra opção para o conforto de todos os fiéis. Assim, integrando e movimentando fiéis e igrejas de diferentes cidades, a festa aquece os dias frios de julho na cidade litorânea. Neste ano, conforme os padres Marcos e Francisco, o foco da festa está voltado na restauração da igreja centenária, em projetos de evangelização e nas próprias comunidades. “Depois da festa a Paróquia continua e só os que participam da igreja é que sabem as dificuldades do dia a dia”, afirma Pe. Francisco. Conforme Pe. Marcos, eles vieram apenas para agregar um trabalho e tradição que já é realizado. Com a participação em três festas e a possível mudança de comunidade no próximo ano, o desejo dos dois é o mesmo: “esperamos que quando a gente saia, os outros que vierem continuem os trabalhos, o resgate pela tradição e pela nossa história”, afirmam.
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Eles fazem a festa acontecer
Augusta Gern Uma tradição que só tem mostrado bons resultados é a do casal festeiro. A cada ano, um casal da comunidade, envolvido à igreja e a questões sociais, fica a frente da festa e faz acontecer. Movidos pelo amor e devoção, voluntariamente planejam, arquitetam, orçam, pesquisam, sonham e desempenham esta tradição. Para a escolha do casal, todos os ex-casais festeiros indicam nomes e votam nos próximos organizadores. O casal é anunciado no último dia da festa, assim contam com um ano para preparação e organização de tudo. Porém, o trabalho não acaba junto com a festa, todos os ex-festeiros tem a responsabilidade de auxiliar o casal do ano com suas aptidões, sugestões e experiências. E assim, a cada ano a festa ganha um diferencial, ganha um pouco do jeito do casal e preserva os pontos positivos das outras festas. Neste ano os responsáveis pela festa são Julieta Maria O. Michaliszyn, mais conhecida como Juli, e Luiz Antônio Michaliszyn Filho. Jovens e sempre envolvidos com a igreja, o casal acompanha e colabora na festa há mais de 15 anos. Para eles, o convite de comandar a Festa do Divino foi um susto pelo tamanho do evento, mas também uma grande honra. Segundo Luiz, a organização iniciou no ano passado, onde já foram em busca de colaboradores e
Casal festeiro Julieta Maria O. Michaliszyn e Luiz Antônio Michalisyn Filho. Em relação à questão financeimontaram equipes para cada área: financeira, cultural e da estrutura ra, esta é uma dificuldade relatada da festa. Neste ano, alguns dife- por muitos casais. Conforme Luiz, renciais prometem marcar o even- o maior problema é a obtenção de to: na questão cultural, as apresen- patrocínios de maior porte e, para tações buscarão resgatar tradições isso, um grande diferencial marda comunidade e, com o projeto cará a festa a partir desse ano: o Tecendo Cultura, os artistas esta- casal montou o Instituto Cultural e rão em constante interação com o Social Mãe do Bom Sucesso. Com o Instituto, os organizadopúblico. Na parte estrutural, neste ano a organização buscou priorizar res da festa poderão enviar projee colaborar com o comércio local, tos para obtenção de recurso de mantendo um bom acesso às lo- grandes empresas e aliviar o cojas da praça. Também, ao invés mércio local. Além disso, o Instituto de grandes tendas em formato de visa organizar projetos para o respirâmides, neste ano a estrutura gate de tradições da festa, como será montada com grandes pavi- a cultura dos foliões, que está se lhões, deixando o espaço mais con- perdendo com o tempo. “A ideia é fortável e fora do perigo de grandes criar uma escolinha para repassar a tradição para a criançada. Gente goteiras. tem, só falta incentivo”, conta Luiz. O Instituto tem uma constituição e será coordenado pela própria Paróquia. Assim, estará à disposiOs padrinhos ção da igreja e dos próximos casais do casal festeiros. festeiro 2014 Além da obtenção de recursos, Juli e Luiz, Aldo outra dificuldade encontrada neste e Ivonete ano foi a proibição do tradicional (festeiros bingão que, além da arrecadação, 2013) no é um chamariz da festa. Dessa forma, segundo Luiz, tiveram que momento da desenvolver uma atividade que transição das proporcionasse a mesma alegria e bandeiras. estivesse de acordo com a legislação. Neste ano, o bingão ocorrerá
com cinco grandes prêmios, mas terá o sorteio vinculado ao resultado da Loteria Federal, transmitido por um telão na festa. Para isso, além da mudança na cartela e forma de sorteio, a data também será diferente dos outros anos: o sorteio será no sábado, dia 12, às 19 horas. E mais do que as exigências da legislação, a mudança da data do sorteio também foi realizada em virtude da Copa do Mundo: no domingo, data tradicional do bingo, será a final do grande evento mundial. Além de todas as dificuldades, neste ano a Festa também terá que aliar sua audiência à Copa do Mundo: “Não vamos trata-la como um problema, mas como mais um atrativo para a festa”, afirma o casal. Conforme eles, a festa contará com grandes telões para que todos possam ter um ambiente agradável e familiar para assistir os jogos e, durante os intervalos, comentaristas esportivos estarão interagindo com o público. Outra novidade será a informatização dos pequenos binguinhos, realizados no salão da igreja. Trocando os papéis por aparelhos eletrônicos, o processo promete ser muito mais ágil e eficaz. E entre tantas atividades e preocupações, o casal afirma que a maior dificuldade é fazer com que o foco da organização dessa festa não seja o lucro, mas sim a devoção e a fé. Conforme Juli, os padres da paróquia abraçaram a causa e estão totalmente entrosados com todas as decisões sobre a festa, tornando um trabalho de equipe e não apenas do casal. Com tudo isso é difícil não imaginar o grande sucesso da festa. Além de um casal empenhado e organizado, os padres, uma equipe de colaboradores e ex-casais festeiros trabalham para que tudo aconteça da melhor forma possível. Com suas experiências, ex-festeiros colaboram com ideias e sugestões e, todos juntos, foram a grande história de sucesso da Festa do Divino. Continua --->
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO Alguns momentos históricos Para resgatar alguns pontos importantes da história da Festa, entrevistamos alguns ex-casais festeiros, de diferentes épocas. Apesar de não termos conversado com todos os casais que fazem parte dessa tradição, sabemos que todos contribuíram de alguma forma para a dimensão e sucesso que a Festa se encontra atualmente.
Casal festeiro 1982: Antônio da Costa e Malgarete Mari da Costa.
Casal festeiro 1993: Claudio Luiz Rosa e Maria Laura Pires Rosa.
desde 1982 o casal continua colaborando com a festa, com eventos internos e no que mais precisar. “Hoje é uma festa completa: apesar de ser religiosa, agrada todos os gostos e pessoas”, afirmam.
O início do crescimento
O resgate
Durante alguns anos a Festa do Divino foi um pouco esquecida no município de Guaratuba. Alguns relatos afirmam que na época os padres americanos que assumiram a paróquia, e pouco falavam português, não deram muita importância à festividade. Foram cerca de 20 anos, até que o resgate foi impulsionado por um Padre e realizado pelo casal festeiro Malgarete Mari da Costa e Antônio da Costa, em 1982. Com a tradição da festa pregada na família, viam os pais receberem as bandeiras do Divino e Espírito Santo em casa, o casal topou fazer o resgate e a festa aconteceu “modesta, mas com algum requinte”, lembram. Naquele ano foram três dias de festa, que contou com o apoio do comércio local e da tradição de toda a população. Desde lá, a maior dificuldade também era a obtenção de recursos, agravada na época pela falta de estrutura da igreja. “Na época a festa tinha mais a essência espiritual, não existia toda essa estrutura”, conta Antônio. Conforme o casal, de lá para cá a festa cresceu muito, “até porque juntou a experiência de todos os
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casais, de todas as equipes”, afirmam. “Do jeito que a festa está, todo mundo precisa cultivar e preservar um pouquinho. Já não tem como crescer mais, então não podemos deixa-la diminuir”, fala Malgarete. E com o desejo de preservar os costumes, este é um dos únicos casais que já repassou a tradição de ser casal festeiro para os filhos. Conforme Antônio, apesar de muitas pessoas acharem fora de moda, para a sua família é um grande orgulho conseguirem manter a tradição. Além de manter na família,
Apesar da falta de recursos e estrutura, foi em 1993 que o casal Maria Laura Pires Rosa e Claudio Luiz Rosa acreditaram que a festa poderia crescer. Nesse ano a festa contou com bingo em todas as noites, e todos os dias um restaurante era convidado para preparar um prato típico. Realizada dentro do galpão da igreja, que era localizado onde hoje se encontra a igreja matriz, sem cozinha, banheiros ou qualquer infraestrutura, eles também fizeram acontecer. “Ao invés de pedir patrocínio para a festa, nós pedimos mais colaboração para a construção de
Casal festeiro 2011: Bolão e Flávia. Seguiram a tradição da família.
banheiros”, conta Maria Laura. Na época as barracas eram de vara, lona e pedras, e o vento exigia um trabalho diário para montá-las. Naquele ano algumas mudanças e novidades também marcaram a festa: “Foi o primeiro ano que as novenas foram realizadas na Igreja”, conta Maria Laura. Até então as novenas eram feitas de casa em casa, e em 1993 as pessoas foram para igreja. Apesar de ser um pouco criticada na época, a ideia deu certo. Essa foi a única edição que a festa contou com uma fogueira, foi o primeiro ano que ocorreu um show pirotécnico e quando surgiu a barraca de espetinhos. Outro ponto importante foi o início do arquivo e organização de documentos da festa: “até então não tínhamos nada arquivado, aí o casal seguinte não conseguia ter uma ideia de valores ou quantidade de materiais”, conta Maria Laura. O casal sempre esteve envolvido nas questões da igreja e, quando terminou essa festa, Maria Laura foi convidada para assumir a coordenação da igreja. Na época criou o primeiro grupo de coordenação só de mulheres, que trazem boas lembranças e resultados. Hoje os dois continuam presentes na festividade: “Se você faz com amor, você não abandona”. Enquanto Claudio coordena a barraca de espetinho, Maria Laura marca presença no bingo, na cozinha, ou onde estiver precisando. Segundo eles, hoje a festa é muito mais tranquila, pois já está pronta e conta com toda a estrutura, mas é preciso a colaboração de todos.
Casal festeiro 1995: Julio Gomes da Silva e Valéria Mendes Gomes.
Casal festeiro 1997: Rocio e Laufran Bevervanso.
10 dias de festa
O crescimento começou em 1993, mas foi em 1995 que realmente aconteceu. Acreditando no potencial da festa, Valéria Mendes Gomes e Julio Gomes da Silva fizeram a primeira festa com 10 dias, fecharam a rua e chamara a atenção de todos. O convite para ser casal festeiro já havia acontecido três vezes, mas foi no quarto ano, depois que Julio sofreu um infarto, que decidiram aceitar como agradecimento. “Mas como era para eu agradecer, tinha que fazer maior do que antes”, conta Valéria. Assim, criaram o lema: 10 dias de festa, 10 dias de show. E mesmo sendo chamada de louca por muitos, a ideia de Valeria deu certo; seu grupo de apoio (as nove mulheres que faziam parte da diretoria da igreja) embarcou na ideia e a festa foi um sucesso. Conforme Valéria, a festa de 1995 contou com um tripé fundamental: a oração ao Divino (ela cantava diariamente para que ele abençoasse a ideia), as nove mulheres da diretoria da igreja, e o patrocínio, na época marcado principalmente pela Coca Cola. Assim, com o tripé e as ideias na cabeça,
primeiramente montou um projeto e depois a estratégia. Ao invés de ser realizada no galpão da igreja, esta foi a primeira vez que a rua foi fechada com uma lona de circo. Foram montadas 111 barracas e realizado um concurso para a barraca mais bonita. E com toda a estrutura montada, o resgate das tradicionais missões, que há dez anos não eram mais realizadas, foi o grande diferencial da festa. A organização montou 14 setores na cidade, cada um com 30 a 40 casas e uma capelinha. E assim, 30 dias antes da festa, voluntárias percorreram a comunidade de casa em casa com a capelinha, a cada dia as orações aconteciam em uma residência diferente. “As pessoas acompanhavam a capela nas casas e lá agradeciam, pediam e convidavam para a festa”, lembra Valéria. O resultado não poderia ser diferente: “quando começou a festa não tinha lugar para todas as pessoas na igreja, todas as comunidades participaram”, conta. Conforme o casal, toda a cidade colaborou para a realização dessa festa, que ganhou mais expressão e uma grande dimensão.
Segundo eles, até hoje recebem agradecimentos pela coragem em acreditar no potencial da festa, que a partir de então só melhora a cada ano.
Resgate Cultural
Em 1997, continuando a nova tradição de dez dias de festa, Rocio e Laufran Bevervanso estiveram à frente da organização. Também sempre envolvidos com as atividades da igreja, o diferencial do casal
foi o resgate cultural das tradições e pessoas envolvidas na festa. Durante um ano fizeram uma pesquisa com entrevistas para resgatar a história da festa e dos ex-casais festeiros. E em visitas em diferentes famílias, visitas à área rural, pesquisa sobre os foliões e os instrumentos utilizados, confeccionaram uma revista que hoje reserva grande parte da história dessa tradição. Foi nessa festa que colocaram duas lonas de circo na rua, montaram um grande palco de shows, fizeram o primeiro portal temático, criaram as tardes infantis, o festival da canção, o bingo de brinquedos e a parceria com as escolas para a criação de uma música do Divino. Também foi nesse ano que confeccionaram um banner com informações dos ex-casais festeiros, que a partir de então, entram todas as edições da festa juntos. Para ganhar ideias e novidades, o casal visitou diferentes festas na região. Mas também mostraram o resultado de Guaratuba: através da Fundação Cultural de Curitiba, o casal festeiro e os foliões saíram em romaria pelo Lago da Ordem, na capital paranaense. A partir de então, estão sempre envolvidos com a festa. Neste ano, Rocio é responsável por toda a programação cultural. “A partir da hora que você é festeiro, assume um compromisso com a igreja e os casais que vem em frente”, conta.
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Os passos da devoção Augusta Gern
São cerca de três meses e 20 quilômetros de caminhada, que emocionam a cada parada.
Uma das grandes tradições da Festa, presente na cultura de Guaratuba, é a romaria das bandeiras do Divino e Espírito Santo. Durante cerca de três meses que antecedem a festa, foliões conduzem as bandeiras em toda a cidade, passando pela casa de todos os fiéis. Representando as andanças de Jesus e seus apóstolos, a visita dos foliões emociona a todos, que aguardam as bandeiras para agradecer às graças alcançadas.
Geralmente no início de maio, dependendo da programação da festa, os quatro foliões recebem a benção para a romaria e, da igreja matriz, seguem para a tradicional caminhada com instrumentos musicais e versos de fé. O primeiro ponto é a área rural, onde de barco e muitos passos, passam por todas as comunidades; de lá seguem para a Barra do Saí, no sul da cidade, e caminham até o centro, completando as visitas antes que a festa inicie. Para os fiéis, receber as bandeiras é momento de devoção e alegria; para os foliões, levar as bandeiras em todas as residências é compromisso, responsabilidade e fé.
Romaria com as bandeiras do Divino e Santíssima Trindade retornando da localidade de Porto do Rio Parati.
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Luis (casal festeiro) com os foliões Jorge, Eloi, Abel e Edival e a família da dona Cecília. Conforme Luiz Antônio Michaliszyn Filho, festeiro desse ano, antes havia dois grupos de foliões e as bandeiras saiam separadas; hoje, pela dificuldade de organizar pessoas que preservem a tradição, saem juntas, em um grupo de quatro foliões. Resgatar e incentivar esta tradição são alguns dos objetivos do Instituto Cultural e Social Mãe do Bom Sucesso: adquirir patrocínio para criar uma escolinha aos jovens. “Se Deus quiser o quanto antes vamos voltar com o trabalho com os dois grupos de foliões”, fala Luiz. Dos quatro foliões que fazem a romaria atualmente, três seguiram a tradição dos pais. Elói da Silva, folião mais antigo, participa da romaria tocando tambor há 44
anos. Seguindo a tradição de família, iniciou aos 19 anos e pretende continuar até quando as pernas permitirem. Ele conhece todas as comunidades e famílias e ensinou o caminho aos colegas. Abel Cordeiro, folião há 23 anos, também seguiu seu pai: “é uma tradição que a gente aprendeu e não pode deixar cair, enquanto a gente puder estaremos participando”, afirma. Abel foi o único da família que seguiu a tradição e sempre tocou rabeca – instrumento musical com cordas, parecido com o violino. O terceiro instrumento, a viola, é tocado por Jorge Tavares de Freitas, folião há 15 anos. Conforme ele, como a mulher e os filhos ficam todo este tempo em casa
O casal Cecília Mesquita de Freitas e Antônio de Freitas, moradores da comunidade de Salto Parati.
Aurora Andrade de Souza, recebe a bandeira há 11 anos.
esperando e os foliões passam os três meses juntos, viram uma nova família: “quando termina a romaria um sente saudade do outro, mas só nos falamos pelo telefone ou quando nos encontramos na cidade por acaso”, conta. O mais novo dos foliões é Edival Alves, que participa há três anos. Com a esposa acompanhando sempre que possível, Edival é quem inicia o canto dos versos na recepção e despedida da bandeira em cada residência. Segundo ele, sempre uma criança foi responsável por fazer o seu papel, mas como desistiram e nenhuma outra estava interessada, aceitou o convite e gosta muito de participar. Assim, cada um com sua história e sua função (cantar ou tocar determinado instrumento), os foliões já presenciaram muitas histórias de devoção. A tradição de
aguardar as bandeiras é realizada por grande parte dos fiéis, mas na área rural é intensificada. Na comunidade Salto Parati, por exemplo, os foliões caminham cerca de um dia - fora a travessia realizada de barco para chegar até lá – para visitar apenas quatro casas. “São poucas casas, mas temos que ir, é uma obrigação. Às vezes eles ficam esperando o ano inteiro para agradecer”, conta o folião Jorge.
A recepção
Ao som dos instrumentos e da cantoria, a recepção das bandeiras nas casas é o momento mais emocionante da romaria. Na comunidade Salto Parati, a família de Cecília
Mesquita de Freitas e Antônio de Freitas as recebeu entre lágrimas, orações e até beijos nas bandeiras: “é como se estivéssemos recebendo Deus em nossa casa”, afirma Cecília. Naturais da comunidade - que é bem afastada e depende de barco para se chegar – eles contam que todos os anos aguardam as bandeiras, desde pequenos. Como eles tem dificuldade de participar das celebrações, é neste momento que agradecem e fazem as novas promessas. Uma tradição seguida por toda a família: filhos e netos deixaram as atividades do dia a dia para receber as bandeiras, pois sabiam que elas chegariam aos próximos dias. “Meus netos não foram para
a aula porque também queriam agradecer”, afirma Cecília. E como uma festa, a recepção contou com bons papos, café e até almoço. Conforme os foliões, todas as famílias os recebem muito bem e são nessas casas que eles fazem as refeições e dormem. “Quando chega perto das 17h já pedimos pouso, e sempre somos bem vindos”, conta o folião Elói. Ao final da visita, a família acompanha as bandeiras até a próxima casa, e assim seguem até o final da romaria. Aurora Andrade de Souza, também da comunidade Salto Parati, recebe a bandeira há 11 anos. Para ela é uma alegria muito grande, uma honra tê-los em sua casa.
O agradecimento
No momento em que as bandeiras passam pelas casas, como forma de agradecimento às graças recebidas, as famílias prendem fotos, fitas e bilhetes nas bandeiras, que são carregados junto em todo o percurso até a festa. Assim, além de presenciar a emoção dos fiéis, os foliões também são responsáveis por carregar diferentes histórias, agradecimentos e pedidos... Um pouco da história de cada pessoa acompanha a caminhada.
Relatos contam que antigamente o agradecimento era feito através da massa de pão. “Por exemplo: se o devoto sofria de uma forte dor de cabeça, pela graça da cura oferecia uma massa em formato de cabeça, e assim por diante”, lembra Rocio Bevervanso, ex-festeira. “No final da festa as massas de pão eram repartidas entre os mais carentes ou compradas pelos mais ricos, e o dinheiro arrecadado era destinado às obras de caridade”.
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Dom divino para trabalhos manuais o Espírito Santo. Além dos materiais já citados, a bandeira conta Às vezes o dom artístico de com muitas flores e fazer trabalhos manuais nasce boas energias. com a pessoa, outras vezes Essas bandeiras surge por inspiração de famique são confeccionaliares ou amigos, mas no caso das pelo casal particide Olga e Clécio João Tkachepam de todos os dias chen ele bateu na porta, e de da festa e depois são forma divina. Sem nunca antes levadas para a igreterem feito trabalhos manuais, ja centenária. Outras há mais de dez anos uma amiduas bandeiras, que ga bateu na porta e pediu para tem o mesmo signifique arrumassem as bandeiras cado, são utilizadas do Divino e Espírito Santo. Ficapelos foliões na Roram um pouco surpresos, mas maria e preservam a toparam. tradição antiga, são Como sempre acompanhaapenas restauradas ram a tradição e a Festa do quando necessário. “A Divino, foi como uma honra. Dona Rose, mulher de Natural da área rural de Guaum dos foliões, é quem ratuba, Olga conta que quando cuida dessas bandeipequena morava em sítio e a ras”, contam. E então, única referência que tinham da ao final da Romaria, igreja era a visita das bandeitodas as bandeiras se ras uma vez ao ano. “Não havia unem e participam da carro, apenas canoas, então era muito difícil para acompa- As bandeiras são confecionadas com muito amor festa. pelo casal Clécio João Tkachechen e Olga. O mais interessannhar as celebrações”, lembra. te é que este cuidado Conforme ela, a bandeira chegava de surpresa, todos esperaAssim, o dom para o artesana- com as bandeiras também é uma vam o barulho do tambor soar nas to logo surgiu. O casal conta que grande tradição do evento. O caredondezas. “Quando ela chegava quiseram dar mais brilho e vida sal conta que quando assumiram todos a beijavam, era uma ligação à bandeira. “Eu só falei para ele a responsabilidade a festa já era muito forte”, afirma. que queria uma bola que brilhasse grande, mas esta é uma tradição Para Clécio, apesar de não ser bastante”, conta Olga. Assim deci- que faz parte da história da manatural de Guaratuba e não viven- diram fazer uma armação modelo triarca da festa, Dona Leandra. ciar a tradição quando pequeno, com madeira, para corrigir todos os Antes as bandeiras eram confecsempre acompanhou todos os ritu- erros e detalhes, para então fazê-la cionadas e guardadas por ela, a ais da festa, principalmente quan- de acrílico e lâmpadas de led. De quem muitas pessoas reservam do assumiu a secretaria de turismo acordo com o casal, a bola em cima um carinho especial. Já falecida, Dona Leandra Árdo município. da bandeira representa o mundo e Augusta Gern
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Artesanato – confecção das bandeiras cega Araújo foi um marco na história religiosa da cidade. Conforme relatos de Rocio Bevervanso, ex-festeira, Leandra é considerada matriarca da festa “por ter sido responsável pela ornamentação das bandeiras desde 1916, pelos foliões, pela decoração da matriz, pelo andor do Divino, pelas barracas da festa e tudo enfim que fazia parte da organização festiva e, principalmente religiosa do Divino”. Maria de Lourdes Araújo, filha de Dona Leandra, conta que ela sempre estava envolvida nas atividades da igreja e, sobre a festa, adorava confeccionar a bandeira: “Ela passava dias inteiros cuidando de todos os detalhes das bandeiras”, lembra.
Dona Leandra Árcega Araújo, (esquerda),
GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Corações afinados no palco da Festa Augusta Gern Há dez anos eles marcam presença na Festa do Divino, participam das tradições do evento e um dos integrantes é até sobrinho da matriarca da festa, Dona Leandra. Assim, não teria como ser diferente: neste ano o público da festa contará com mais uma apresentação do Grupo Pressão Alta, com muita disposição e alegria. Filho de Guaratuba, o grupo nasceu em 2000 e, de lá para cá, já fez apresentações em diferentes cidades e eventos. Formado por Grupo Pressão Alta, apresentação no Teatro Guaira em Curitiba (2006). sete músicos, o grupo o nome”, lembra Darcy. Conforme surgiu a partir da brincadeira e as apresentações mais marcantes ele, muitas foram as combinações na carreira foram no Teatro Guaíra, gosto pela música de três amigos: entre as palavras hipertensão, alta, Darcy Polenta, Serginho e Toninho. na capital paranaense, e na Festa pressão e saúde até nascer o suNo antigo bar do Martinho se reu- do Divino, na cidade natal. Confor- gestivo “Pressão Alta”. Nome que niam para fazer a tradicional roda me Darcy, alguns integrantes não hoje define o talento e carisma de de samba e resgatar a memória de moram em Guaratuba, mas estão senhores com o coração muito afidois grandes mestres da música sempre em sintonia e, quando ne- nado. da cidade, inspiradores para o Gru- cessário, até chamam mais músipo: Seresteiro Luizinho e Mestre cos para auxiliar nas apresentaZuzu. Assim, o que antes não tinha ções. A lenda do A grande sacada do grupo é dia nem horário definido, começou Padre das Caieiras que, para eles, talento e energia a ganhar forma até que nasceu o Além do amor pela música, alnão tem idade. Todos hipertensos grupo. gumas travessuras e boas histórias Com o repertório voltado para e chegando à melhor idade, es- também marcam a memória de albanjam bom humor. E foi por isso músicas de raízes, como samba, guns integrantes do grupo. Natural bolero e sertanejo, o grupo se que surgiu o nome “Pressão Alta”: de Guaratuba, Darcy Polenta e al“um dia estávamos reunidos para apresenta em restaurantes, casaguns amigos decidiram movimenmentos e festas em geral. Segundo decidir um nome para o grupo, no tar as noites da pacata cidade nos Darcy Polenta e Antônio Carlos de meio da conversa começamos a fa- anos 60. “Um amigo disse que a Carvalho, mais conhecido como lar de nossa saúde e percebemos cidade estava muito parada e que Toninho, ambos percussionistas, que todos eram hipertensos, aí de- tínhamos que inventar uma boa cidimos utilizar essa afinidade para
história para movimentar as pessoas”, lembra. Assim, utilizaram uma história que já existia – que um padre morreu quando o vapor São Paulo naufragou nas redondezas – e criaram o Padre das Caieiras. Afirmaram que viam o padre nas noites de lua cheia e toda a cidade acreditou. Darcy recorda que tudo era muito organizado e planejado: “íamos até as pedras das Caieiras e um amigo era responsável em levar as pessoas pela praia para ver o dito padre, que só aparecia para os que rezavam com fé”. Na hora marcada o restante do pessoal, que estava nas pedras, fazia a encenação do padre, um deles vestido como rege a tradição aparecia entre as pedras e abençoava as pessoas na praia. Conforme Darcy, esta história levou meses e até chamou a atenção de outras cidades. “Mas como a mentira tem perna curta, fomos descobertos”, conta. Um senhor ouviu a história que eles tanto combinavam e decidiu assustá-los. Bem neste dia, Darcy foi encarregado de fazer a encenação do padre e quase levou dois tiros. O susto foi tão grande que todos saíram correndo e a história perdeu a magia. O senhor que os assustou confessou à Darcy que os tiros eram de pólvora seca, que ele só queria ver “o circo pegar fogo”. Mas foram suficientes para assustar e encerrar a brincadeira: “Foi uma lição para não brincarmos com coisa séria e sagrada”, conclui Darcy.
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Revelação no palco, encanto aos ouvidos ansioso e feliz pela partici- rença na vida das pessoas. Augusta Gern E para dar continuidade a isso, pação. Difícil se estivesse “Quem canta, endiferente, pois além da ex- outro projeto promete agitar a arte canta”, é com este periência de subir ao palco, em Guaratuba. Em fase de organilema que o Primeiro irá compartilhar grandes zação da documentação, através Encanto de Vozes de momentos da experiência da Fundação Artística Nacional, Guaratuba promete Kabral está lançando a Acamofan, musical de Kabral. encantar todo o públiHá 25 anos na carreira associação para desenvolver todos co na Festa do Divino. artística, Kabral é produtor os tipos de arte. Conforme ele, no Realizado por Arnaldo cultural, com trabalhos de local serão desenvolvidas atividaKabral, a apresentaprodução musical, promo- des nas mais diferentes modalidação que ocorrerá no ção de eventos e empre- des: arte circense, balé, modelo, dia 12 de julho tem sário artístico. Já foi jurado produção musical, entre outras. “o o objetivo de revelar de mais de 450 festivais objetivo é revelar os grandes talengrandes vozes da cide música em todo o país tos que existem em nossa cidade”, dade e resgatar uma e trouxe diferentes artistas afirma. Há 20 anos adotou a cidadas mais tradicionais nacionais para edições da de de Guaratuba e a cada dia adoatrações das festivida- Casal festeiro Luiz e Juli, organizador Arnaldo Kabral e ta novas revelações, valorizando o Festa do Divino. participantes do 1º Encanto de Vozes de Guaratuba. des do Divino. talento local e agraciando o público Sobre as produções innão poderão participar. Durante dez anos dividuais, destaca o cantor Cassio com belas apresentações. Para garantir o sucesso da a festa contou com o belo FestiLorran, de Curitiba, val Interestadual da Canção, um apresentação, Kabral explica que que foi produzido concurso que reunia músicos os dez músicos terão toda a preem Itapoá (SC). paração de produção musical inamadores de diferentes cidades “Com uma péssima da região. Neste ano, o evento é dividual. “Vamos ver qual a melhor trajetória na vida, música para o seu timbre de voz e retomado, mas em novo formato: foram quatro menão haverá competição, apenas a produzi-la”, conta. Assim, será difíses de produção e cil que a apresentação não supere revelação de dez novas vozes guauma grande revelaratubenses. Conforme Kabral exis- as expectativas do produtor: “será ção”, lembra emoum espetáculo de ação, emoção e tem grandes revelações no municionado. cípio e só na primeira semana de realização”. Conforme ele, Um dos participantes será divulgação o número de inscrições esta é a grande passou de 40. Também recebeu in- Leryck, de 17 anos. Com o gosto emoção de seu trateressados das cidades de Itapoá, pelo estilo sertanejo e amor pela balho: fazer a dife- Arnaldo Kabral com o jovem Leryck de 17 anos. Matinhos e Curitiba, que neste ano música, o jovem afirma que está
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Encontro de experiência, alegria e diversão Augusta Gern Uma das mais tradicionais e assíduas participações na Festa do Divino é do grupo da melhor idade. Sim, com muita animação, empolgação e tradição, os idosos são responsáveis por uma grande parcela do sucesso do evento. São eles que, em todos os dias da festa, recepcionam as mais diversas excursões, com muita bagunça e diversão. “É uma alegria, fazemos muita festa para as pessoas que chegam se sentirem acolhidas”, conta Dona Maria Francisca Motta, rainha do Centro de Convivência do Idoso Sofia Kempinski Vieira. Conforme Rozania Santos de Souza, coordenadora do Centro de Convivência, há 12 anos ocorreu o Primeiro Encontro dos Quatro Cantos da Festa do Divino, que tinha o objetivo de integrar grupos da melhor idade de diferentes cidades da região. A experiência deu tão certo que continua até hoje: o objetivo é o mesmo, só mudou o nome para Encontro da Terceira Idade. Responsável por preparar e organizar a programação desse
O casal festeiro Juli e Luiz com a coordenadora do Centro de Convivência do Idoso Sofia Kempinski Vieira Rozania Santos, Maria Francisca Motta e Natail Braga, rei e rainha e dona Leonice Ribeiro, Vóvo destaque do litoral paranaense. Encontro, o Centro de Convivência conta atualmente com a participação de 427 idosos, que participam de atividades internas oferecidas diariamente. E quando se fala na festa, a alegria é uma só. Neste ano o Encontro terá cinco dias, iniciando no dia 7 de julho (segunda-feira), às 9h, com a recepção das caravanas. Durante
os cinco dias haverá uma missa especial de ação de graças às 11h, depois haverá almoço, binguinho e tarde dançante. “Todos os grupos de outras cidades que vem para as festas querem participar principalmente das missas e das tardes dançantes”, conta Rozania. Além disso, outras atividades diferenciadas estão programadas
ao longo das tardes. No segundo dia, por exemplo, haverá o concurso do rei e rainha do Encontro. De acordo com Rozania, os grupos de cada cidade trazem os seus candidatos e então é realizado o concurso. Neste ano, os representantes do Centro são Maria Francisca Motta e Natail Braga. Ambos escolhidos internamente, já contam com a faixa e muita simpatia para o desfile na festa. “Estou muito feliz de poder representar o nosso grupo”, afirma Natail, participante do Centro de Convivência do Idoso há um ano e meio. Além de concursos locais, o grupo também leva candidatos para outras cidades. Recentemente Dona Leonice Ribeiro recebeu a premiação de “Vovó destaque do litoral paranaense”. Também com sua faixa, esbanjará simpatia desfilando na festa. Assim, com muita alegria e animação, o Encontro promete mais uma vez agitar a Festa do Divino, superando o número de participantes do ano passado, que não foi pouco: “Eram mais de 10 ônibus todos os dias”.
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GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Lenda também entra na dança Augusta Gern A dança também marca presença na programação da Festa do Divino. Com muita experiência e belas coreografias, há cerca de 20 anos o Professor Santos promove grandes espetáculos na festa. Nesta edição não será diferente: com o tema “A lenda das rosas da Rainha Santa Isabel”, dançarinos amadores da própria cidade prometem um grande show. Dançarino, coreógrafo e professor, a vida de Santos sempre foi aliada à dança. Com experiência em diferentes ritmos, do clássico ao contemporâneo, iniciou a carreira em Joinville (SC) e escolheu Guaratuba como lar em 1993; um ano depois surgiu o seu primeiro grupo de dança. Para ele a criatividade não tem limites: são incontáveis coreografias e participações em festas, concursos e apresentações. Na Festa das Nações, realizada em Itapoá, marcou presença por muitos anos. Em Guaratuba, além de seu estúdio de dança, também trabalha com crianças e idosos. “Levar a arte do corpo em movimento é a minha especialidade, destacando que o meu objetivo sempre foi trabalhar com pessoas menos favorecidas, nas mais diferentes idades”, afirma. Para a Festa do Divino, a preparação segue firme: “a apresentação irá transmitir a Lenda das Rosas de forma teatral e coreografada”, conta. Segundo ele, todo o cenário e figurino também são organizados pelo próprio grupo e o objetivo é fazer um grande espetáculo, mesmo com as limitações encontradas.
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De acordo com Santos, é muito difícil montar uma apresentação em palcos pequenos ou com pouca estrutura: “É sempre complicado trabalhar fora de um teatro, onde não há local para a troca de figurinos e um palco próprio para a dança”, explica. Porém, tudo será organizado da melhor forma, para que os todos os olhares estejam direcionados para os novos talentos da dança de Guaratuba.
à habitual distribuição de esmolas. O rei percebeu que ela queria disfarçar o que levava, observando que ela poderia ter desobedecido
às suas proibições, levando dinheiro aos pobres. A rainha então disse que ele estava enganado e que ali carregava rosas, ao invés de dinheiro ou comida. Como a estação não condizia à época de rosas, irritado o rei novamente a acusou de mentira, obringando-a a revelar o que carregava. A rainha então mostrou perante os olhos de todos o belíssimo ramo de rosas que guardava sob o manto. O rei, sem palavras, ficou convencido que estava perante um fenômeno sobrenatural e acabou pedindo perdão à rainha, que prosseguiu sua intenção de levar as esmolas. A notícia do milagre correu toda a cidade de Coimbra e o povo a proclamou santa. Hoje é popularmente conhecida como Rainha Santa Isabel, ou apenas: A Rainha Santa.
Conheça a Lenda que será apresentada:
A Lenda das Rosas é uma das histórias portuguesas mais conhecidas, que enaltece a bondade da rainha Isabel com os mais pobres. Conforme relatos, o rei D. Dinis era contra os gastos da rainha em obras da igreja, doação a conventos, emolas e outras ações de caridade; assim decidiu surpeendê-la em uma manhã quando se dirigia
Há cerca de 20 anos o Professor Santos promove grandes espetáculos na festa.
GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
O cenário também vem de suas mãos Augusta Gern
Além dos casais festeiros, muitos outros colaboradores ficam atrás dos bastidores e são fundamentais para o sucesso da festa. Sem ganhar nada, doam tempo, trabalho, dedicação, amor e fé pela tradição. Um exemplo desses personagens é Claudiney Laury Salles, mais conhecido como Ney.
Sempre envolvido nas atividades da igreja, como o grupo de jovens, por exemplo, teve a sua primeira participação na festa em 1993; e de lá, nunca parou. Sempre envolvido nas preparações com o casal festeiro, há alguns anos Ney é responsável pela decoração do corredor prin-
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cipal da igreja, faz comentários nas missas e é um dos cerimonialistas da festa. Pela habilidade que tem no palco e na comunicação com o público, cumprimenta, anima e informa a todos. Além disso, organiza a anunciação do próximo casal festeiro, que é realizada no encerramento da festa. Com uma tradição familiar de devoção, Ney afirma que existem graças, e é por isso que a festa é tão bonita: todos estão ali para agradecer. Para ele, o momento mais bonito é a entrada das bandeiras nas novenas: “É lindo
e contagiante”. Apesar de ser um simbolismo, ele afirma que as bandeiras representam fortemente a fé, devoção e agradecimento das pessoas. Todo o ano as recebe em casa e resume: “é uma emoção ímpar”. E por toda a emoção que envolve as bandeiras, brinca: “Eu gostaria de ser casal festeiro só para poder segurá-las”. Porém, o evento vai além da fé. Por acompanhar de perto, Ney é enfático ao dizer que a festa é grande impulsionadora da economia da cidade, pois chama muitos turistas e movimenta o comércio local. Além disso, “a festa proporciona o resgate de muitas tradições que não podem ser perdidas”. Assim, com tantos motivos, pretende continuar reunindo toda essa dedicação por muitos anos, para não deixar de ajudar na construção deste evento e cenário de fé e devoção. “Quero pedir ao Divino que abençoe o casal festeiro e que de muita força, persistência e que possam fazer uma festa digna da espiritualidade cristã”, fala.
GUARATUBA: FESTA DO DIVINO
Tradição também na água Sônia Charlotte Heeren Na Festa do Divino, atribuída aos reis e rainhas portuguesas e trazida ao Brasil por volta do século XVIII, o que não faltam são tradições. Entre apresentações culturais, culinária e tantas outras atrações tradicionais, neste ano será realizada a Corrida das Canoas, resgatada em 2010. Esta corrida é uma competição que nasceu de uma procissão, como forma de agradecimento. Conforme Eneas Marcondes, festeiro em 2010, a corrida remota ao ano em que houve surto de malária: como a comunidade de Guaratuba não foi afetada, criaram a procissão de barcos para agradecer. De lá, a corrida seguiu por alguns anos, mas depois foi esquecida. Há quatro anos, quando Eneas e a esposa Vânia Denise de Souza Marcondes organizaram a festa, resgataram a tradição, proporcionando atividades educacionais e culturais junto às escolas da cidade. Segundo eles, a criançada participou: fizeram painéis relatando a história da Corrida inserida no evento da terra, a Festa do Divino. Na ocasião, artistas plásticos vie-
Uma curiosidade é que, além da Corrida das Canoas, o surto de malária também sugeriu a data da festa. Historicamente, em Guaratuba, as pessoas costumavam vir à praia no inverno e não no verão, pois era na estação quente que a malária afetava a região. Assim, entre promessas e agradecimentos surgiram muitas tradições, que entre a fé e o entoar de músicas típicas, também se misturam com o soar dos remos, cujo pano de fundo é um entrelaçado do céu e mar. ram de Curitiba e outras regiões para apoiar o evento, como também, as crianças das escolas receberam prêmios pelos trabalhos apresentados. Todos podem participar da Corrida, desde ribeirinhos, pessoas da zona rural e pessoal das marinhas. A competição consiste em uma pessoa por embarcação, usando a camiseta do evento. Para dar um colorido especial à ocasião, todas as canoas e remos são pintados. Sai vencedor aquele que completar o trajeto Caiobá a Guaratuba em menor tempo. Além da diversão, a competição também tem premia-
ção: o primeiro colocado recebe um motor de popa e um montante em dinheiro, além de troféu, medalhas e brindes surpresas aos par ticipantes. Esta competição tem o apoio da marinha e cooperação do Iate Clube de Guaratuba e al- O casal Eneas Marcondes e Vânia Denise de Souza guns civis. Marcondes com os participantes da corrida.
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QUEM É?: ODETE APARECIDA HALFED
Praça: o lar que ela escolheu Augusta Gern Pousando em seus ombros a borboleta a visita todos os dias, ao lado o cachorro aguarda o carinho sincero e a praça Coronel Alexandre Mafra é o seu lugar. Há alguns anos atrás, sem lembrar precisamente a data, Odete Aparecida Halfed, 53 anos, deixou a “cidade maravilhosa” do Rio de Janeiro para morar com a mãe em Guaratuba, mas a praça ganhou o seu coração. Com os quatro filhos, ela lembra que chegou à cidade paranaense de carona em um caminhão. Conhecida por todos os comerciantes e moradores da região, Odete é uma das andarilhas da cidade, mais precisamente da Praça Coronel Alexandre Mafra, localizada ao lado da igreja matriz, e sempre participou da Festa do Divino.
Sua mãe, Maria da Graça, morava ao lado da igreja e era a primeira a receber a visita das bandeiras, antes mesmo de iniciar a Romaria na área rural.
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“Ela fazia a devoção antes de eles irem para o sítio”, conta Odete. Além disso, antigos foliões, que já não participam mais, eram seus parentes. Assim, desde a tradição de sua mãe, até o trabalho de catar as latinhas, cuidar dos carros e ver o intenso movimento em sua moradia atualmente, Odete também faz parte do festejo. Hoje ela conta
que não participa muito das celebrações, mas é devota e sempre vai à igreja sozinha: “gosto de ficar lá atrás no silêncio, fico por muitas horas”. Fora os momentos de devoção, sua vida se resume em cuidar da praça: deixá-la em ordem, cuidar para ninguém pegar plantas do jardim e apreciar os visitantes. Apesar de ter moradia, é ali que passa
todo o seu dia. Há algum tempo, por dormir no banco à luz do sol forte, sofreu sérias queimaduras em todo o corpo, agora tudo é feito na sombra. E tudo isso é feito por opção. No Rio de Janeiro Odete trabalhou durante anos em empresas e aqui já foi ajudante de cozinha em um hotel, mas quando os donos o venderam optou pela nova vida. “Gosto muito de ficar por aqui. Todas as pessoas me conhecem e até me ajudam a juntar as latinhas”, afirma Odete. Além disso, também recolhe material reciclado para a venda. E então, entre o cuidado com o meio ambiente, com a praça e com as pessoas que sempre a ajudam, Odete estampa o sorriso no rosto e garante: “vale a pena viver, vale a pena acreditar e ter fé”.
Quem é Odete?
Para Rocio Bevervanso, que nos apresentou Odete e a conhece há muitos anos: “A Odete para mim é uma pessoa especial que por opção decidiu viver como andarilha”.
Festa do Divino e da Trindade Santa Nas páginas do Livro Histórias do Município de Guaratuba de autoria do historiador e também ex-Prefeito Joaquim da Silva Mafra (1947), uma obra sem dúvida relevante dentro do âmbito da história e cultura paranaense, editada na gestão do ilustre ex- Prefeito Orlando Bevervanso(1968), o autor menciona a importância da festa do Divino para Guaratuba. Hoje, ano de 2014, graças a este histórico de rara importância onde encontramos a identidade de nossa cidade, podemos continuar contando para as gerações atuais, muitas delas pertencentes ao ramo familiar dos Mafra, que o Divino e a Trindade permanecem abençoando toda a população. Detalhes valiosos são citados tais como:”...há na Igreja bicentenária, fronteiro ao altar de São Luiz (Padroeiro da cidade) o Altar do Divino que ali tem assento desde épocas longínquas. Contam que a imagem foi oferecida a Guaratuba por Força Divina, que a entregou algures para que um devoto a encontrasse, e depois banhada na Fonte do Itororó foi a mesma imagem recolhida a esta Igreja, dando consequentemente àquela Fonte o valor miraculoso das
curas que os devotos até hoje cultuam...” A Festa do Divino tem sua origem açoriana. Dizem os antigos guaratubanos que foi aproximadamente nos anos de 1800 que os primeiros registros da festa foram encontrados. Contava com a presença de pequenas famílias oriundas da periferia rural que vinham em canoas a remo pela baia de Guaratuba, trazendo seus donativos como aves e animais que eram leiloados durante o evento. Também os bailões ao som da gaita, da viola e da cantoria se misturavam ao som dos tamancos nos passos fandangueiros. O anúncio das festas sempre aconteceram da mesma forma tradicional dos dias atuais: ao som do tambor e das bandeiras vermelha(Divino) e branca (Trindade), conduzidas pelos foliões que compõem o bando e que são: o Mestre, o Contra, o Rabequista e o Triple, com os instrumentos respectivos, a viola, o tambor e a rabeca. Por um período longo a senhora Dona Leandra, proprietária da antiga e histórica Pensão Antonieta foi considerada a Matriarca das Festas do Divino, título esse atribuído frente a sua dedicação as tarefas do evento religioso. Ano
após ano e com a tecnologia avançando a olhos vistos, a Festa do Divino recebeu inovações necessárias e cabíveis ao seu crescimento, tarefa essa atribuída aos casais festeiros mor eleitos como coordenadores junto ao Pároco da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Nossa tarefa como responsáveis é árdua , gratificante e de enorme devoção as Três Pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Digo isso porque no ano de 1997, eu e meu marido exercemos a função de festeiros mor que juntamente a um imenso grupo de pessoas fizemos acontecer um dos maiores eventos religiosos do litoral do Paraná. Criamos na ocasião a primeira Revista da Festa com o objetivo de deixar registrado a origem de tão importante acontecimento que é também a valorização e preservação da cultura regional. Luiz e Juli Michaliszen , Festeiro do ano de 2014, deixo a vocês, minhas orações de conquistas e realizações parabenizando-os pela organização e rogando ao Divino e a Santíssima Trindade muitas bençãos e também a todas as pessoas de Fé que estiveram juntos na caminhada .
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TURISMO RURAL: CRISTO REI
Casarão: história e turismo Augusta Gern
Nesta edição, estamos conhecendo as maravilhas da Babitonga de Itapoá, ou melhor, da Baía Babitonga, ultrapassamos os limites do município itapoaense e chegamos à localidade Cristo Rei, onde está localizada a famosa Cachoeira Casarão. Apesar de não pertencer ao território de Itapoá, esta cachoeira foi adotada por muitos moradores, visitantes e até faz parte da rota turística organizada pela Secretaria Municipal de turismo.
André com sua mãe dona Ana Z. Backmeyer.
Dois caminhos nos levam até lá: pela Vila da Glória, na parte continental de São Francisco do Sul, e pela rota rural de Itapoá, seguindo a estrada geral do Saí Mirim. Esta segunda opção, mais próxima do centro de Itapoá, não chega a 20 quilômetros do Corpo de Bombeiros. Depois de alguns buracos e pedras na estrada, não há como não voltar ao passado. Recepcionando todos os visitantes está o casarão da família Backmeyer, construído em 1901 com barro, areia e óleo de baleia. Este casarão deu nome à cachoeira e hoje abriga Dona Ana Z. Backmeyer e seus filhos, mas a história é longa. Conforme Dona Ana, há mais de 113 anos seus sogros João e Heloisa saíram da Alemanha de
navio para o Rio Grande do Sul, mas o destino acabou mudando. “As pessoas que os trouxeram tinham interesses na colonização dessa região e acabaram os enganando”, lembra Ana. Assim, ao descerem em São Francisco tiveram que pagar uma quantia muito grande em dinheiro, que dobraria se quisessem voltar, então pessoas os aconselharam a ficar na região. Conforme lembranças da família, eles atravessaram a Baía da Babitonga e começaram a desbravar as terras do lado continental, até que encontraram a água da cachoeira e ficaram por ali. Na época, trabalhavam com lavoura e móveis – os dotes da marcenaria vieram da Alemanha. “Eles transportavam os móveis com carro de boi até a Baía, que de lá ia de barco até São Francisco e depois eram vendidos para Curitiba, Joinville e outras cidades”, lembra Ana. Foi nesta mesma região do Cristo Rei João e Heloisa Backmeyer. que Ana conheceu seu
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filho encontrou uma das pessoas que esteve aqui que o aconselhou sobre a cachoeira”, lembra a mãe. Não foi preciso nem uma semana: o filho logo voltou e montou o esquema para o turismo, que há 15 anos dá muito certo. Dezenas de visitantes, principalmente no verão, procuram o local para recarregar as energias. Ao lado do Casarão, uma catraca só gira com o pagamento de R$ 5,00 e, em meio à natureza, são no máximo 10 minutos em uma trilha com alguns degraus para chegar ao santuário de água cristalina. Durante todo o período o barulho da água escorregando pelas trilhas acompanha o voar de passarinhos e o crescer das plantas.
Como se vive na região
marido e sempre trabalharam com lavoura. Quando os sogros faleceram, se mudaram para o casarão, mas só depois que descobriram o potencial turístico da cachoeira. Aos 19 anos um de seus filhos resolveu tentar a vida fora da comunidade rural, na mesma época, conforme Ana, alguns senhores visitaram a região no período de eleição. “Depois, em Joinville, meu
Apesar de todas as exuberâncias na natureza, algumas dificuldades marcam presença na vida daqueles que ali escolheram viver. Conforme André Backmeyer, 56 anos, a região sofre um pouco por estar longe e ao mesmo tempo perto de dois municípios: “Somos de São Francisco do Sul, mas por estarmos tão próximos de Itapoá às vezes ficamos sem pai e nem mãe, ficamos sem muita assistência”, afirma. Para ele, hoje as coisas já mudaram bastante, mas antigamente era muito mais difícil: “não havia escola perto, aí muita gente acabou saindo daqui”. André estudou apenas até a 4º série e não pensa em sair da região: “aqui conseguimos nos manter, sem estudos é difícil conseguir alguma coisa em outro lugar”. Para a distração, seus dons artísticos acompanham à tradição e beleza do local. Sem cursos ou exemplos, desenha belíssimas imagens do Casarão e da natureza que o envolve.
ITAPOÁ: BAÍA DA BABITONGA
A Babitonga de Itapoá Píer de observação do Porto Itapoá
Augusta Gern
A maior baía navegável de Santa Catarina também beija as terras de Itapoá. Sim, muito conhecida por margear as cidades vizinhas de São Francisco do Sul e Joinville, a Baía da Babitonga também marca presença no município itapoaense. Em um contraste sintonizado entre o desenvolvimento e a calmaria, o início da Baía, localizada no balneário Pontal, é hoje uma adas paisagens mais cobiçadas pelas lentes fotográficas. Em um único local abriga o desenvolvimento portuário e a comunidade pesqueira, o ritmo acelerado de contêineres e a tranquilidade do mar, a inovação e a tradição.
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Junto a todo o desenvolvimento presente nas três cidades que fazem parte desse cenário, o local também tem grande importância ambiental: abriga um conjunto de 24 ilhas e é cercada de manguezais e grandes áreas de Mata Atlântica. A Baía também é um grande criador de aves aquáticas e espécies marinhas, além de abrigar animais em extinção. Para unir as três cidades, o percurso pode ser feito por terra ou mar. De Itapoá podemos chegar a Joinville ou São Francisco através de balsas que atravessam a Baía. A melhor notícia é que a estrada até as balsas está sendo asfaltada. Conforme a assessoria da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional – Joinville, estão em andamento os serviços de drenagem e terraplenagem entre a Vila da Glória (São Francisco do Sul) e a localidade Jaca (Itapoá). Serão quase 14 quilômetros de asfalto que por meio do Pacto por Santa Catarina terão um custo de R$ 21,8 milhões. A previsão é que os trabalhos terminem em junho de 2015, e com isso Itapoá terá mais uma boa opção de acesso. Além de impulsionar o turismo, este acesso também deve colaborar para o crescimento e desenvolvimento da região, já conhecida pela importante vocação portuária. O Porto Itapoá, por exemplo, tem-se mostrado como um grande impulsionador da economia da cidade,
atraindo diferentes empresas do setor. Em junho, o Porto Itapoá – segundo maior do estado e primeiro e único apto a receber os navios de contêineres em operações na América do Sul – completou três anos de operação. Conforme informações publicadas pela empresa, até o mês de maio o terminal já havia recebido mais de 1.300 navios e movimentado cerca de 1 milhão de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés), além de ter batido vários recordes de produtividade. Mas não para por aí: o Porto será ampliado e a movimentação de 500 mil TEUs/ano pode chegar a 2 milhões de TEUs/ano. Junto com a geração de emprego e arrecadação de impostos para a cidade, o terminal também se transformou em um ponto turístico: até um píer de observação foi construído para a contemplação da movimentação de contêineres. E mais atrativos devem chegar por aí. Ainda não há nada confirmado, mas burburinhos percorrem toda a cidade: mais um porto pode se instalar na região. Alguns até arriscam em falar que a Baía Babitonga pode ficar conhecida internacionalmente como a “Baía dos Portos”. Pelo sim ou pelo não, atrativos não faltam na Baía, que tem o poder de encantar os olhos dos mais variados públicos: grandes empresários, ambientalistas e turistas.
ITAPOÁ: BAÍA DA BABITONGA
Babitonga para todos os gostos
O casal Alaor de Souza Lima e Roseli Binhara Lima.
Augusta Gern
Para aproveitar a Babitonga de Itapoá o que não faltam são opções: em terra ou no mar, para os mais calmos aos que gostam de mais emoção, para homens, mulheres, crianças e idosos. Sim, na Baía itapoaense não há restrições para se divertir.
Em um breve passeio é possível visitar todos os pontos turísticos da região: o farol do Pontal, o píer de observação do Porto, o trapiche, e claro, o belo cenário do encontro entre a areia branca, o ritmo tranquilo do mar e os coloridos barcos de pesca. As atividades mais praticadas na região são náuticas: moradores e turistas procuram o cenário para a pesca no trapiche, a pesca embarcada, andar de caiaque, stand up, jet-ski, entre outros.
Nos decks de madeira
Os espaços mais cobiçados sem dúvida são o píer de observação do porto e o trapiche. Ali, dezenas de pescadores se divertem e nem percebem o dia passar. Com sardinha durante o dia e peixe espada pela noite, os baldes saem cheios e a refeição é garantida. O casal Alaor de Souza Lima e Roseli Binhara Lima, ambos com 66 anos, são assíduos: marcam presença pelo menos três vezes por semana para pescar. Há pouco mais de um ano na cidade, aproveitam a aposentadoria para fazer o que sempre curtiram: pescar juntos. “Aqui fizemos muitos amigos, tanto da cidade como de fora”, conta Alaor. Segundo eles, muitas pessoas de outras cidades escolhem o local apenas pela pescaria. É o caso de Antônio Carlos da Silva. De Curitiba, sempre que visi-
Antônio Carlos da Silva, morador de Curitiba.
ta a mãe em Itapoá reserva um dia para pescar no Pontal. “E aqui se pega bastante peixe, tem para todo mundo”, afirma. Da quantidade de peixe não se pode mesmo duvidar. Santina B. de Oliveira e o esposo Manuel de Oliveira pescam no local há alguns anos e já viram muito peixe sair dessa água: em um único dia Santina pescou 285 sardinhas. Moradores de Itapoá há 13 anos, afirmam que só a paisagem já vale
a atividade que é realizada toda a semana: “Precisamos valorizar o que temos aqui”, fala Manuel. E quase esta mesma paisagem é que motiva a pescaria de Albino Sangali, o que muda é o lado de onde observa o Porto. Pelo tamanho e cobertura, o aposentado prefere pescar no píer de observação, ao invés do trapiche: “trago a minha cadeirinha e fico vendo a movimentação dos contêineres”. Continua... ->
Corretor de Imóveis Everton Sabadini com a sua namorada Alessandra Bellorini.
Manuel de Oliveira.
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o barco à baía e, às 5h30, já o coloca no mar. Para ele, a Babitonga é um ótimo lugar para se pescar, alguns anos atrás já pegou um linguado de 8kgs e raias de até 12kgs, “mas dessas nunca mais, é difícil repetir”. O único problema do local é a movimentação gerada pelos portos: “às vezes precisamos correr dos navios”, brinca.
Esporte e lazer
Rudipelt Maus, mais conhecido como Rudi.
Outra atividade muito praticada no local é andar de caiaque. Com o mar lisinho e pouco vento, não há como Alencar Ribas de Oliveira resistir ao esporte. “Quando eu estou correndo vejo o mar, é como se ele me atraísse”, conta. Assim, pelo menos uma vez por se-
mana, depois de fazer seu percurso diário de corrida, leva o caiaque para o mar e rema por cerca de duas horas. De forma tranquila, o caiaque proporciona um ótimo exercício com cenário exuberante: pode-se acompanhar a costa para ver a praia de outro ângulo, ou seguir pelo mar. “É uma ótima maneira de reunir a família e fazer exercício brincando”, afirma o corretor de imóveis. Conforme ele, para a prática primeiramente é preciso gostar do mar, depois ter um bom equipamento e claro, muita disposição. Além do caiaque, Alencar também já praticou stand-up na baía, a arte de surfar em pé com uma prancha e um remo.
Em alto mar
Além de pescar na praia, a Baía também é muito procurada por quem tem barcos. Grandes ou pequenos, novos ou antigos eles dividem o espaço com os grandes navios. Rudipelt Maus, mais conhecido como Rudi, é um dos pescadores assíduos no mar. Às vezes na baía, outras vezes em alto mar, ele pesca há oito anos e já sabe “onde dá peixe”. O gosto pela pescaria vem de Mato Grosso, onde tinha nove tanques de peixe. Logo que chegou aqui já voltou a praticar, primeiro com a esposa, depois sozinho e hoje, com um companheiro de pesca. Aos 74 anos, ele acorda cedo, do balneário Itapema do Norte leva
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Corretor de Imóveis Alencar Ribas de Oliveira no caiaque e no stand-up.
ser apreciados com muito conforto no Hotel Baití. Famoso em diferentes estados, o hotel destaca todo o charme de se estar à beira mar. Com 15 apartamentos e a estrutura completa: fitness, sauna, sala de reuniões e decks com vista para a baía, ali
também não se fica parado. Anexo ao hotel, ainda há uma marina que não deixa a desejar no conforto. Além dessa, a região conta com outras marinas, que exercem diferentes atividades para atender todos os clientes que chegam pela Baía.
Hotel Baití, charme de se estar à beira mar. Barco Pérola Negra é um dos atrativos na baía. Este formato de surfe também é praticado por Everton Assis Sabadini. Depois que andou uma vez, foi como amor a primeira vista: comprou e há cinco meses visita diferentes lugares para praticá-lo. Na Babitonga teve apenas uma experiência, mas já notou os benefícios para o esporte: é extensa e tem um mar próprio, bem calmo. Segundo ele, diferente de outros lugares, na Baía é possível andar por muito tempo sem repetir a paisagem, além de poder acompanhar todo o movimento dos navios.
Com a turma reunida
Além desses esportes, a Babitonga oferece outros tipos de lazer. Para os que preferem se divertir em grupo, uma boa opção é o passeio com a escuna Pérola Negra.
Operando desde 2002, o passeio tornou-se tradição nos dias quentes de verão. De forma confortável e animada, é possível desfrutar das belezas da Baía e conhecer algumas de suas ilhas.
Sofisticação
Mas as opções não acabam por aí. A Babitonga de Itapoá também conta com muito requinte. Todo esse cenário de belezas naturais e a diversidade de atividades podem
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GASTRONOMIA: BAÍA DA BABITONGA
Babitonga dos sabores Augusta Gern
Além do cenário exuberante para os olhos, a Babitonga de Itapoá também oferece delícias para os outros sentidos, como o olfato e paladar. Com a especialidade principalmente em frutos do mar, diferentes restaurantes oferecem bons serviços, e o melhor, pratos que dão água na boca só de olhar. Cada um com seu jeito, seu tempero e sua história, garantem o bom apetite na beira da Baía.
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Noa, Luana e Tereza mantem a tradição do restaurante com o prato Moda da Casa. gar? Na sombra da árvore que hoje prefeito de Joinville, Gustavo Fruet Restaurante do Francês aconchega o restaurante. Alguns e donos de grandes baladas e emO mais antigo e tradicional, há anos depois o espaço foi constru- preendimentos eram/são clientes 20 anos margeando a Baía, é o ído para moradia e, em seguida, se assíduos. “Com helicóptero parado na praia, vinham para Itapoá apeRestaurante do Francês. Com pe- transformou em restaurante. Em 2011 o famoso Jean fale- nas para almoçar aqui”, contam. tiscos e pratos com frutos do mar, O principal prato do restaurante o local não poderia ter um visual ceu, mas sua segunda mulher e melhor: até parece que você está suas duas filhas não deixaram a “Moda da Casa”, conta com marisna areia da praia. Na sombra de tradição morrer. No mesmo ano co à vinagrete, pão e molho tártaro, grandes árvores, com areia no pé uma enchente destruiu a frente do salada mista, molho de camarão, e o barulho do vai e vem do mar, o restaurante, o que exigiu muito tra- fritas e filé de peixe. Comida caseirestaurante é uma janela com vis- balho e “bom relacionamento” com ra feita hora por Maria de Jesus Pita para o futuro: dali se vê chegar a natureza: a maré subiu e levou res da Costa, mais conhecida como todos os contêineres, tanto para o até um quiosque. Porém, o restau- Tereza, segunda esposa de Jean. Assim, comandado por três muPorto Itapoá como para São Fran- rante continuou firme e forte. Conforme Luana e Noa lheres, o restaurante oferece mais cisco do Sul. Tudo começou com o gosto de Brykczynski, filhas de Jean, o do que comida boa, mas um ótimo Jean Claude Brykczynski acampar. principal atrativo do restaurante espaço para se passar o dia inteiro. Em 1977 - conforme lembranças é mesmo a tranquilidade à beira Até um chuveirinho para banho gade suas filhas - foi a primeira vez mar. Segundo elas, pessoas como rante que ali a Baía seja aproveitaque acampou em Itapoá; e o lu- Luiz Henrique da Silveira, quando da de todas as formas.
Recanto do Farol Outra opção de boa gastronomia é o Recanto do Farol. Com muita sofisticação e atenção a todos os detalhes, o restaurante nasceu em novembro de 2012 e surpreende seus clientes com novidades a cada data comemorativa. Através dos faróis, apresenta uma sintonia entre a cultura local e diferentes pontos do mundo inteiro. Apaixonados e inspirados pelo mar, o que era para ser uma pousada se transformou em restaurante, mas o objetivo não mudou: aliar a paixão pelos faróis em um só local. Além do nome, o espaço conta com uma decoração náutica exemplar: desde a entrada do restaurante até o piso superior, tudo remete às belezas do mar, e claro, dos faróis. Conforme os proprietários, Romário Ferreira e Angela Piekarski, ao iniciar o projeto buscaram entender melhor os faróis através da literatura e reuniram toda a cultura em um único espaço. Toda esta sofisticação é levada a rigor, em todos os momentos. Para um atendimento de qualidade, em 2012 o restaurante ofereceu cursos gratuitos à comunidade local e, segundo os proprietários, a equipe continua participando de cursos e treinamentos para aperfeiçoamento e novidades na cozinha.
Proprietários do Restaurante Recanto do Farol Romário Arthur Ferreira e Angela Piekarski. Ali, novidades são sempre garantidas. A cada data comemorativa o restaurante promove um evento diferenciado, com decoração e prato especial. Para envolver todos os detalhes, até o nome dos pratos é te-
mático, vinculado à data comemorativa, ideia que está criando moda na cidade. Também promovem as noites de sequência de sopas e cremes e, em breve, devem ser lançadas as noites de fondue. Fora as comemorações, em geral os pratos são voltados a frutos do mar, como peixes, camarões e ostras. Porém, o cardápio também conta com opção de massa, carne vermelha e frango. Conforme Angela e Romário, os principais pratos da casa são o Farol Ilha da Paz, com salmão ao molho de laranja e cubos de morango, acompanhado com batatas douradas e arroz cremoso; e a Grelhata Recanto do Farol, um mix de frutos do mar e legumes, também acompanhado de batatas e arroz. Com um gosto único, os pratos simbolizam todo o bom gosto, cuidado e sofisticação do local.
Os principais pratos da casa Farol Ilha da Paz e a Grelhata Recanto do Farol.
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GASTRONOMIA: BAÍA DA BABITONGA Casa Portuguesa Outro restaurante, muito requisitado e exemplo de tradição familiar, é a Casa Portuguesa. Também localizado próximo à margem da Babitonga, o restaurante não poderia ser diferente, é típico português. Na decoração vermelha, verde e com enfeites típicos, o bacalhau é servido ao som do fado, não há local que evoque mais o espírito português. Desde 2000 em Itapoá, este é um restaurante familiar e que traz a boa fama de Campo Mourão. No município paranaense foi onde surgiu: pela saudade que Nuno Cesar Q. de Moraes tinha de Portugal, sua terra. Com a experiência de cozinha que trouxe de quando era escoteiro, montou as receitas e criou o restaurante no Paraná. Como Campo Mourão era uma cidade de passagem e tinha um ótimo teatro, o restaurante tornou-se uma das referências e recebeu diferentes celebridades, entre Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Zezé de Camargo, entre outros. Porém, a paixão por Itapoá e vontade de morar à beira mar o fez trocar um restaurante de muito movimento pela qualidade de vida. Em Itapoá, o primeiro restaurante foi no balneário Itapema do Norte, mas como Nuno gostava do Pontal,
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mento. “Ele me Victor. Para eles, o maior objetivo ensinou que é é continuar o desejo de Nuno, que preciso se doar é cultivar e divulgar a culinária porpara fazer a co- tuguesa, pois tudo foi elaborado e mida, como se planejado por ele. “Nós só estamos fosse uma me- continuando a história”, afirmam. ditação, para Assim, cozinhando como se que a pessoa cozinha em Portugal, todas as delíque coma sinta cias são preparadas na hora. O cara boa energia, ro chefe do restaurante são os 13 sinta amor e tipos diferentes de bacalhau, dois Deus”. famosos são: Bacalhau à Gomes Hoje, Nei- de Sá e Bacalhau com natas. Além de comanda disso, para agradar todos os gosa cozinha jun- tos, também contam com um prato to com Vic- de camarão, um de carne, um de tor, mas tudo frango e um de peixe. Scheila, Victor, Mário e dona Neide aprendeu com Dessa forma, com tanta traditocam o restaurante com muito amor e dedicação. Nuno. Durante ção e delícias, não há como não quatro anos fi- agradar todo o público. Conforme em 2005 mudou para a região que cou só mexendo com petiscos no os proprietários, 90% dos clientes ainda não contava com a preten- restaurante, até que começou a são de outra cidade, muitos deles são do porto. Porém, em menos fazer as receitas e ensinou para o visitam Itapoá só para deliciar a tíde um mês depois da mudança, filho. “Eu amo fazer isso. Aprendi pica culinária portuguesa que, sem ele faleceu. Desde então, o restau- com a minha mãe e quero passar dúvida, leva o gostinho do amor à rante é tocado pelo amor de Dona para as futuras gerações”, afirma mesa. Neide Livoni, esposa de Nuno, e um de seus filhos, Victor Hugo de Moraes Neto, com o apoio de Mario Livoni, irmão de Neide, e até da namorada de Victor, Scheila Petry. E é com amor mesmo que ele segue em frente: “Cada ingrediente tem o seu papel, mas o principal é o amor. Se não fizer com dedicação, nada da certo”, Bacalhau à Gomes de Sá e Bacalhau com nata, são os pratos afirma Neide. Para ela, o maior mais famosos entre os 13 tipos diferentes de bacalhau. segredo em uma receita é o senti-
BAÍA DA BABITONGA : ACOPOF
Espaço de integração e tradição Augusta Gern Ponto de encontro para os moradores que vivem próximos à Babitonga, a Associação Comunitária do Pontal e Figueira do Pontal, mais conhecida como ACOPOF, reserva grandes momentos da história e tradição da comunidade. No local são realizados diferentes projetos e iniciativas que visam promover o lazer, educação, esporte e cultura para o crescimento da comunidade que nasceu ali, nas margens da baía. Conforme lembranças de pioneiros, a Associação foi fundada em novembro de 1984, quando buscavam melhorias para a comunidade que era carente. A partir da orientação de um amigo e padre de Garuva, criaram a ACOPOF e a inscreveram em um projeto para fundo de investimentos para pequenas e médias cidades. Durante seis meses montaram o projeto e deu certo, lembra Francisco Peres do Rosário, primeiro tesoureiro da Associação. Com a aprovação, conseguiram realizar os projetos de complementação da igreja, do posto de saúde da família, o refeitório da escola e uma sala de aula para a creche. Depois, em 1992, mais duas conquistas foram marcantes: a construção do salão na Associação e o convênio para passagens até São Francisco do Sul. Conforme Luiz Celso Schultz
Luiz Celso Schultz Martendal, atual presidente da ACOPOF e Francisco Peres do Rosário, primeiro tesoureiro da Associação. Martendal, atual presidente, hoje são realizados diferentes projetos em parceria com a prefeitura e o Porto Itapoá: “há movimentação todos os dias na ACOPOF”. Pela prefeitura, o espaço é ocupado pelo Projeto Ampliação da Jornada Escolar, que promove diferentes atividades esportivas e recreativas para a criançada no contra turno escolar, além das feiras de artesanato organizadas na temporada de verão. Já o Porto realiza ações do Programa de Educação Ambiental (PEA), como apoio ao fortalecimento de grupos sociais organizados e o Projeto Viveiro de Mudas. Conforme Giseli Aguiar de Oliveira Fernandes, oceanógrafa da Acqua-
plan e coordenadora do projeto, as atividades são desenvolvidas desde 2009 em parceria com a comunidade local. “Os objetivos estão centrados nas diretrizes do IBAMA de auxiliar a população local a organizar-se e fortalecer os grupos sociais organizados para compreender os impactos socioambientais do desenvolvimento econômico, para poderem atuar no sentido de diminuir os impactos negativos e fortalecer os positivos”, explica Giseli. Outro objetivo do programa é envolver a população local em projetos de redução dos impactos ambientais do desenvolvimento econômico. Segundo a oceanógrafa, desde o início do programa é realizado o
apoio para o fortalecimento da Associação e para isso, uma estratégia foi a criação do Evento Mais que Morador, que visa valorizar os patrimônios naturais e culturais locais. Já em sua 6ª edição, ele nasceu para “chamar a população local para deixar de ser apenas morador e se tornar mais que morador, contribuir com a associação e também com melhorias locais”, conta Giseli. O evento acontece todos os anos na época da tainha, neste ano será no próximo dia 6 de julho, e conta com diversas atrações: almoço de culinária típica, apresentação do grupo Fandango Chimarrita, exposição de artesanato, torneio de futebol, exposições de projetos e fotografias ambientais, concursos culturais, entre outros. Além do evento que integra a comunidade, em 2013 o programa realizou reformas na sede da Associação e começou a oferecer cursos educativos gratuitos em espaços estruturados na própria ACOPOF. Outro resultado importante alcançado neste ano foi o reconhecimento nacional do Projeto Viveiro de Mudas com a conquista do 7º Prêmio Ozires Silva de Sustentabilidade. Assim, entre projetos próprios e com parcerias, a Associação mostra-se como uma importante ferramenta para unir e integrar a comunidade. Um espaço de tradição, debates e planejamento para o futuro.
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Fandango Chimarrita Augusta Gern A batida do sapato no chão, o rodar das saias e o sorriso no rosto são marcas registradas do Fandango Chimarrita, tradição viva em Itapoá. Essa típica dança dos colonos açorianos consiste na dança batida: os homens sapateiam sem
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cessar, criando ritmo e tornando o sapato de madeira um instrumento fundamental; já as mulheres arrastam o pé e, em volteios, demonstram toda a delicadeza, gingado e simpatia. Às margens da Babitonga, mais precisamente no balneário Pontal,
Tradição viva às margens da Babitonga
um grupo de pessoas mantem a tradição que chegou em 1840 na região, e hoje é um dos únicos representantes da cultura no litoral catarinense. Todos nativos da região, dançam para preservar a cultura, não deixar morrer a herança deixada pelos antepassados.
Conforme os participantes, esta era a diversão antigamente, momento para descontrair e paquerar. “Naquele tempo não podia nem tocar em uma moça, então era nesta hora que eles aproveitavam para trocar olhares”, conta Francisco Peres do Rosário. Assim, cada música tem uma coreografia e um significado. O Fandango é propriamente o sapateado, já Chimarrita significa “chamar para dança”, a união dos dois promove as belíssimas apresentações do grupo. Além da diversão, a dança sempre teve também uma ligação muito forte com a fé. Junto com outras culturas que já foram perdidas na cidade, como Terno de Reis, Santo Amaro, Bandeiras do Divino e São Gonçalo, o Fandango marcava presença em todos os festejos religiosos. “Depois de qualquer tradição religiosa, quando as pessoas pagavam as suas promessas, faziam três batidas de Fandango”, conta Luiz Celso Schultz Martendal. Atualmente, conforme os participantes, a dança não deixa de ser uma tradição religiosa, mas independe de religião. Francisco lembra que seus pais e tios sempre dançaram muito, em 1940 e 1950, por exemplo, tudo era motivo para o festejo. No Carnaval era rigoroso: três dias de dança. Mas até então o grupo era muito fechado, só dançava quem realmente sabia. “Em 1980 é que a nova geração começou a dançar, a resgatar e reviver a tradição”,
Janete Nunes Elaine Nunes Elisabeth Nunes de Jesus. Neves Burbello. Neves. lhor idade e também adolescentes. conta Francisco. E assim, entre danças e des- A coordenação e organização do cansos, paradas e voltas, a tradi- grupo é de responsabilidade da ção segue até hoje. Atualmente ACOPOF – Associação Comunitária são cerca de 20 pessoas envolvi- do Pontal e Figueira do Pontal e os das, todos nativos do Pontal e de ensaios acontecem apenas antes diferentes gerações: há os da me- de apresentações. Todos os anos o
grupo marca presença na Festilha, em São Francisco do Sul, e já se apresentou em diferentes cidades, como Joinville e Florianópolis. Uma diferença nos dias atuais é a ausência do cantor e tocador de viola. Depois que o músico faleceu, há cerca de 15 anos, as apresentações são realizadas com música gravada. “Ainda bem que uma pessoa gravou uma antiga apresentação, se não hoje não teríamos mais música”, fala Luiz. Conforme Janete Nunes de Jesus, um familiar do músico canta muito bem, mas tem vergonha de participar de apresentações. “Por isso estamos passando essa cultura para os nossos filhos e nossos netos, para não deixar morrer”, afirma. Exemplos desse repasse são os grandes dançarinos de hoje. Fabrício Peres do Rosário, filho de Francisco, aprendeu e foi incentivado pelo pai. Começou aos 15 anos e hoje, em virtude do trabalho, não consegue marcar presença em todas as danças. Elaine Nunes Neves Burbello, filha de Elisabeth Nunes Neves, também aprendeu a tradição com a mãe. Hoje as duas dançam juntas e o pequeno neto, de apenas cinco anos, já arrisca alguns passos do sapateado. E junto com o gosto e desejo de manter a tradição, uma peça é fundamental para que a dança aconteça: o tamanco de madeira. Utilizado apenas pelos homens, precisa ser forte e rústico, pois é dele que sai o tom dessa tradição.
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QUEM É? FRANCISCO PERES DO ROSÁRIO
Memória e tradição que dão gosto de ouvir Augusta Gern Se falarmos das margens da Babitonga em Itapoá, mais precisamente do balneário Pontal, muitos são os personagens marcantes, a maioria pescadores. Nesta edição o protagonista é Francisco Peres do Rosário, pessoa da terra, de família tradicional e memória espetacular. Aos 66 anos ele nasceu na região. Lembranças contam que sua família saiu do Paraná e chegou a Itapoá por volta de 1840, 1850. Pelo caminho alguns foram se instalando, alguns ficaram na Barra do Saí, outros no balneário Palmeiras, mas seus bisavós se instalaram no Pontal, próximo à Figueira. “Na época existiam duas coisas: luz do sol e água da chuva”, brinca Francisco. Conforme ele, na época as casas eram de palha e pau a pique. Para as refeições havia apenas o que se plantava e pescava, e a única forma de conservação era o sal, daí então que surgiu a típica comida caiçara, o peixe cambira (defumado). Outra comida típica, servida como prato
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principal, era a moqueca de peixe enrolada na folha da bananeira. Com o tempo as gerações foram surgindo, até que chegou a vez de Francisco e seus 11 irmãos. As comidas típicas continuaram e na casa, que era de madeira, existia um engenho de farinha, onde passou algumas horas da vida trabalhando para ajudar a mãe. Além disso, trabalhou por muitos anos com a pesca. Para os estudos não existiam muitas opções. A boa memória recorda histórias da primeira escola da região, fundada em 1922, onde seus tios foram professores. Na época de Francisco todas as turmas estudavam em uma mesma sala de aula e assim cursou até a 4ª série. Desde os tempos de menino era muito bom para guardar datas e histórias, era o que o alegrava nas aulas. Quando se formou no primário, não existiam turmas adiantes, assim continuou indo para a escola, mesmo que escondido do inspetor de São Francisco do Sul que vinha para fiscalizar as sa-
las. “Eu não tinha o que fazer e gostava de ir para a escola, aí quando o inspetor chegava eu saia correndo”, conta. Passaram-se anos na pesca até que, quando surgiu o primeiro concurFrancisco Peres do Rosário com seu so da Prefeitura, filho Fabrício Peres do Rosário. fez e passou. Nesos dias estava lá, eles também tisa mesma época Francisco recorda que existiu um nham que estar”, lembra. Mesmo movimento para inserir o supletivo assim, a turma que começou com no Pontal, e então se formou no 46 alunos, ao terceiro e último ano ensino fundamental. Para cursar estava com apenas 28, e Francisco o ensino médio teve aulas no Con- era um deles. Além do esforço para terminar tinental, e aos 49 anos recebeu o seus estudos, também sempre diploma. Em 2006 mais um salto em incentivou muito os seus quatro fisua vida: iniciou o curso tecnólo- lhos. Francisco lembra que quando go em desenvolvimento regional. uma das filhas fazia faculdade em O início foi um pouco difícil e até Joinville, o último ponto do ônibus pensou em desistir, mas tornou-se universitário em Itapoá era o Carponto de referência. “Os colegas tório. Assim, às 22h saía de casa que pensavam em desistir fala- caminhando para chegar à meia vam que não podiam, porque se noite no ponto de ônibus, depois, eu com 50 anos e viajando todos com a filha, voltava todo o percurso
e dormia perto das 2 horas. “Foi uma luta minha, mas um querer deles”, afirma. Para ele, os desafios estão sempre aí, mas é preciso seguir em frente. Assim, hoje se sente orgulhoso por toda a caminhada de sua vida: pescador, depois funcionário público e formado, além disso, quatro filhos formados e empregados. E fora a boa memória e exemplo de vida, Francisco também é muito ativo na comunidade: está sempre envolvido com as ações da ACOPOF – Associação Comunitária do Pontal e Figueira do Pontal, é o professor de dança do Fandango e Chimarrita, representa Itapoá nos Jogos da Terceira Idade e esbanja simpatia por onde passa. Não há quem não o conheça, não há quem não tenha escutado uma boa história de sua rica memória.
Quem é Francisco Peres do Rosário?
Para o seu filho Fabrício Peres do Rosário, “é uma pessoa folclórica e lendária da cidade. Um dos percursores de Itapoá e da Acopof, além de vir de uma família tradicional”.
ARTESANATO | ESTEIRA DE TABOA
Planta que vira esteira
Maria Helena do Nascimento Augusta Gern Entre as diversas técnicas e materiais de artesanato, a taboa também entrou para a arte nas margens da Babitonga. A tradição que seguiu por algumas gerações hoje é mantida por apenas duas artesãs no balneário Pontal: Maria Helena do Nascimento e Janete Nunes de Jesus. De manguezais ou valetas é que sai a taboa e depois, de sua fibra, durável e resistente, as artesãs fazem esteiras. Conforme as artesãs, que aprenderam a técnica com as mães, este artesanato se perdeu com o tempo, faz apenas cinco
Janete Nunes de Jesus
anos que retomaram. “A parte mais difícil é tirar a taboa do meio da valeta”, afirma Janete. Para arrancá-la, é preciso estar na lua minguante e, em período de chuva fica ainda mais difícil. Depois, com a planta em mãos, é preciso de uma semana de sol para secá-la, e apenas sol: no entardecer todas devem ser recolhidas para não pegar umidade. Com tudo seco, a esteira pode começar a ganhar corpo. Antes com corda da embaúba, hoje com barbante, tecem o material no tamanho desejado. De lá saem tapetes, trilhos de mesa e outras tantas encomendas. O artesanato
é vendido nas feiras da ACOPOF – Associação Comunitária do Pontal e Figueira do Pontal. Todo esse trabalho iniciou e ainda é realizado no Clube de Mães Pedras Preciosas, localizado ao lado da Associação. A pequena casa de madeira já foi muito movimentada por mulheres da comunidade, que faziam artesanato para viajar e ajudar pessoas da região com remédio ou o que fosse possível. Hoje, com mais de 30 anos de existência, apesar de mais tranquilo, sem tantos trabalhos desenvolvidos, ainda preserva tradições da comunidade, como a famosa esteira de taboa.
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Prova real de dedicação e sucesso nas batalhas. Esse foi o “felling” do longo papo da nossa coluna com Dani Karwel. Na Direção de um dos maiores centros odontológico da nossa região Dani faz questão de grifar ponto por ponto de sua equipe e fazer Excelência no nome certo para seu negócio. Com muita descontração e simpatia, num clima de liderança nosso papo foi longo, de filosofia a religião o que ficou claro é sua garra, vontade de estar presente integralmente em suas batalhas de mercado regadas em sonhos e realizações. Administradora de formação, teve inicio de carreira turbulenta, “Chegamos até aqui, fruto de seriedade e dedicação graças a Deus e minha família” Brilha os olhos quando tocamos no assunto família. Dani – Minha família é a base de tudo, não sou nada sem eles, crescemos unidos, sabemos valorizar cada qualidade implantada pelos meus pais, viemos debaixo com as linhas da integridade definidas. Sou caseira, adoro ficar com minha família, meus sobrinhos são meus tesouros. Quando entro no assunto Excelência, procuro saber de onde vem e para onde vai. Dani – excelência é prisma da ODONTOEXCELLENCE ‘’ Odontologia para todos’’, cobro qualidade e atendimento eficaz de minha equi-
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pe, investimos nos melhores equipamentos, nos melhores produtos, gostamos de ver nosso pacientes satisfeitos e com seus sonhos realizados em nossa Clinica da forma que a gente não foi quando precisamos há um tempo atrás.
qualidade, procuram profissionais bons. Hoje em nossas clínicas temos ótimos profissionais, não basta ser formado, tem que ser ou estar cursando uma especialidade, nossos clientes sabem o quanto investimos em atendimento e estrutura para melhor atendê-los.
Ponto de Vista – Fui visitar sua clinica em Guaratuba (Clinica Odontológica Joinville) e conhecemos em Itapoá (ODONTOEXCELLENCE), o padrão de higiene, Ponto de Vista equipamentos novos de ultima – E onde você busgeração, este é o principal fator ca essas tecnoloque atrai em suas Clinicas? gias? Dani – Sim, saímos na frente Dani Karwel. Dani – Vamos das demais por sermos uma Frana busca, sempre estamos antenados em feiras quia Odontológica pois seguimos padrões de do nosso segmento, procuro estar conectada ao qualidades e procedimentos e somos periodicanovo, pesquiso muito sobre técnicas e tecno- mente vistoriados pela franquia a qual pontua logias, não tem como cobrar dos profissionais desde separação correta de lixo Hospitalar, a bons resultados sem boa estrutura. Higienização dos consultórios e matérias utilizados nos procedimentos, mais ainda na qualidaPonto de Vista – Vemos em suas clínicas o de dos procedimentos realizados pelos nossos grande numero de pacientes, esse movimento profissionais. Outro ponto que devemos frisar é intenso é fruto dessa Excelência? os clientes que nos procuram podem ter semDani – Sim, nossos pacientes procuram pre a tranqüilidade de que estão nas mãos de
tem anestesia indolor os pacientes entram sorrindo e saem sorrindo, primeiro por não sentir dores, depois por saber que estão nas mãos de grandes profissionais. A odontologia assim como em outras áreas se inovam a cada momento e em nossa Clinica ODONTOEXCELLENCE e Clinica Odontológica Joinville estamos sempre trazendo a modernidade em nosso seguimento. Itapoá: Equipe Odonto Excellence
Guaratuba: Equipe Clínica Joinville. profissionais que estão fazendo os procedimentossão devidamente regularizados pelo órgão competente CRO-SC, isso é muito importante. Ponto de Vista – Grande parte dos brasileiros ainda tem medo de dentista. Com inúmeras tecnologias ainda é um dos tratamentos mais dolorosos? Dani – A anestesia era o “bixo papão” hoje
Ponto de Vista – Nas clínicas o atendimento especializado é somente para adultos? Dani – Não!! Hoje nossas clinicas fazem parte de uma Grande Rede de Franquias Odontológicas. E temos Excelência em atendimento à crianças, jovens, adultos e idosos. Hoje nossos pacientes fazem tudo aqui desde uma simples restauração a Clinico Geral, Estética Bucal, Tratamento de Canal, Prótese, Implante, Clareamento, Ortodontia e muito mais não é preciso sair da nossa cidade para encontrar tudo num só atendimento,queremos acelerar o processo e solucionar todos os problemas aqui mesmo! E logo vamos ter muitas novidades para facilitar para nosso pacientes. Ponto de Vista – Você me falou sobre família, você ainda tem tempo pra se dedicar à família e vida particular? Dani – (sorrindo) Sim, sou muito descontraída, quando estou no trabalho é só trabalho, quando estou com a família é só família, separo
bem esses intervalos. Nossos compromissos são intensos, mas gosto muito de pegar um pote de pipoca e sentar com meus sobrinhos para ver um bom filme, um almoço de Domingo entre Família e Amigos. Ponto de Vista – De 3 irmãos a única mulher, ainda é de certo ponto bajulada? (risos) Dani –Sou! - Fazem 3 anos que perdemos um irmão, o mais velho, Alessandro, sentimos muito a falta dele pois ele era a base que ajudava a gente superar a morte do meu pai falecido a 11 anos, foi um grande irmão ficamos sempre emocionados em falar dele, mas hoje o Luiz, meu irmãoe eu somos (unha e carne) somos muito unidos e temos nossa Mãe nosso alicerce. Ponto de Vista – Entramos em vários temas, acredito que daria um bom livro de motivação e sucesso, mas nossa entrevista com a Dani Karwel vai deixar uma pitada de quero conhecer mais, e para conhecer mais nossos leitores pode vir falar direto com você? Você também atende em suas clinicas? Nossos leitores podem agendar um horário? Dani – Bom, atendimento Clinico não, mas estou a frente na Parte administrativa. Sim estou aberta para o atendimento ao público onde muitas vezes eu mesma fico no Balcão de atendimento sempre preparada para recepcionar nossos Clientes e Amigos. Ponto de Vista – Dani, Agradecemos pela atenção e carinho que tem tratado nossa equipe Giro Pop, espero que essa revista faça parte também do seu arquivo de lembranças. Dani – Agradecimento. Em primeiro a Deus por nos dar a oportunidade de todo dia fazer um novo dia e minha Família pelo apoio integral aos meus sonhos, aos nossos colaboradores que fazem parte da nossa luta diariamente e principalmente pelos nossos pacientes que confiam em nossos trabalhos.
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LAZER | PESQUE PAGUE DO SANTO
Refúgio natural bem perto do centro da cidade
Augusta Gern
Quem acha que pesque pague é atração apenas para área rural está muito enganado. Em Itapoá algumas formas de lazer estão mais perto do que você imagina. Alguns metros da Avenida Celso Ramos, nas proximidades do rio Saí Mirim, o Pesque Pague do Santo é um refúgio para o encontro com a natureza. Com uma trilha em área de preservação permanente, não há como não relaxar. Tudo surgiu pelo gosto de Santo Bueno Fogagnolo pela pescaria e natureza. Em 1994 começou a montar o pesque pague, que hoje conta com grandes lagoas e muita tilápia, peixe de água doce. Lembranças recordam que antes só havia mato nas redondezas, hoje a região já cresceu bastante. Mas sua propriedade continua com o verde intacto: hoje estipulada área de preservação, os 50 metros da margem do rio tornaram-se exemplo de conservação, conta o senhor Santo. Segundo ele, ali é proibido mexer; visitantes podem passear pela trilha, mas nenhuma flor pode ser arrancada. “Queremos preservar o que temos
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O Casal Rosa Alves Fogagnolo e Santo Bueno Fogagnolo em frente a capela construída pelo casal. de mais belo”, afirma. Junto aos diferentes tons de verde, flores e até toca de tatus, a trilha também abriga uma capelinha de Nossa Senhora das Graças, sempre iluminada pelo clarão que as copas das árvores organizaram. Toda a área é cuidada por Santo e sua esposa Rosa Alves Fogagnolo, conta com a ajudas de seus filhos nos finais de semana. Além dos visitantes, o casal também recebe encomendas de tilápias. “Pessoas e restaurantes às vezes nos ligam para encomendar alguns quilos”, conta Rosa.
Assim, além de pesca-las e limpá-las, também as transformam em filés. Fora o pesque pague, a vida do casal tem uma grande relação com momentos da cidade. Desde 1978 em Itapoá, moravam próximo a Colônia de Pescadores e ali ajudaram a comunidade. Durante seis anos Rosa deu aula de diferentes técnicas de artesanato e só desistiu de voltar para a cidade de origem, Londrina, quando viu que as pessoas realmente estavam aprendendo com ela: “aí eu vi que tinha uma missão
e resolvi não sair mais daqui”. Sr. Santo, por sua vez, ajudou na diretoria da Igreja Matriz e, na época de divisão das glebas, comprou briga para garantir um espaço comunitário, como o campo de futebol que existe atualmente. Sem sua visão na época e o apoio da comunidade, talvez hoje não existisse mais o espaço. E é com esta visão que o pesque pague segue: um espaço de lazer e bem estar para toda a família, adultos e crianças. Um espaço de harmonia e, principalmente, preservação da natureza.
MÚSICA | DIPARÔ
Grupo musical com ritmo familiar
responsável pelos arranjos do Augusta Gern violão e Rosilda embala a músiDo amor pela música nasca com a suavidade de sua voz. ceu uma nova família, do ritmo Com esta união, o grupo tem ela é alimentada e dos diferenum repertório variado, voltado tes talentos individuais surgiu principalmente para eventos um grupo: Diparô. O gosto por e casamentos. “É bem amplo, tocar e querer desenvolver a buscamos agradar todos os música foi o estopim para nasgostos”, afirma Rosilda. cer mais um grupo itapoaense Quando a ocasião pede, com grande talento. Um reo grupo também conta com o pertório diversificado, músicas apoio do talento dos jovens Dapróprias e técnica marcam os nielli, filha de Rosilda, e Carlos protagonistas musicais dessa Rodinei Ribeiro Junior. Ela na edição. voz e ele na percussão ou vioTudo começou com Rosilda lão completam o arranjo. Aparecida Boldori. Natural de Em 2012 o grupo foi para Francisco Beltrão, teve o prio estúdio e gravou a trilha para meiro contato com a música um CD com músicas próprias. quando era ainda bem pequeDevido aos custos o CD ainda na. “Eu e meus dois irmãos não foi inteiramente produzido, sempre cantávamos nas reunimas uma música já foi lançada ões de família”, lembra Rosilda. e pode ser conferida na página Segundo ela, sua mãe sempre do youtube: Lua de Prata. O sogostou muito de música, mas o nho de todos é um dia ver o interesse cresceu mesmo em Rosilda Aparecida Boldori e os irmãos Diego Ãngelo Antunes e Pablo Antunes. CD pronto e lançado. função da igreja: Rosilda semTambém tocou em vários bailinhos de escrever poesia e hoje, aliada Atualmente o grupo continua pre cantou nas celebrações. e no Baile da terceira idade, sem- à música, conta com mais de 50 Com o tempo começou a parti- pre em parcerias. composições próprias. O violão sur- desenvolvendo músicas próprias. cipar dos festivais da Escola, onde Além disso, as celebrações da giu em sua vida aos dez anos de Quando chamados continuam se sempre representava a sua sala igreja sempre estiveram presentes. idade, mas aprendeu a aperfeiçoar apresentando em eventos e não de aula. A vontade de aprimorar a Hoje o mesmo gosto foi seguido a técnica com 15. “Aprendi tocan- deixaram a igreja de lado: martécnica vocal surgiu na época, mas pela filha mais velha, Danielli Bol- do com quem sabia tocar, sou mui- cam presença em boa parte das não tinha acesso a escolas de mú- dori Trevisol, 17 anos, que além de to grato a eles”, conta. As únicas celebrações. Mas além da igreja sicas na comunidade. “Aprendi as cantar também coordena o grupo aulas formais foram em uma parte e dos eventos, a música faz parte coisas ouvindo o rádio em casa”, de jovens. Danielli fez parte do do curso de música no Conserva- das ocupações diárias. A partir da lembra. curso de violão no Conservatório tório Belas Artes, em Joinville. Em união de talentos diferentes, tamDe Francisco Beltrão foi morar Belas Artes em Joinville e tem uma Itapoá Diego já atuou como profes- bém nasceu uma nova família e em Cascavel, e lá continuou can- doçura na voz sem igual. sor de música nas redes municipal uma nova geração para a música. tando nas celebrações da igreja. E com toda esta trajetória, ta- e estadual de ensino. Atualmente é O pequeno Felipe, filho de Rosilda e Diego, já canta e toca diferentes Durante um tempo também inte- lento e amor pela música de Rosil- acadêmico do curso de direito. ragiu em barzinhos, onde cantava da, o grupo Diparô surgiu em 2011. Pablo, acadêmico de engenha- músicas em seu violãozinho. “Esta é a casa que mais tem diferentes ritmos com músicos da Há dez anos funcionária pública, a ria civil, tem a história parecida cidade. Porém, a música nunca foi cantora foi diretora de cultura de com a música, a diferença é que ao músicos e violões por metro quasua única opção profissional. 2010 a 2012 e foi nesta época que invés de compor preferiu se apro- drado”, brinca Rosilda. Todos os Em 2001 escolheu Itapoá uniu seu talento com Diego Ângelo fundar nas técnicas do violão. Além moradores são músicos e só de como o novo lar e, da mesma Antunes e Pablo Ângelo Antunes. de parte do curso no Conservatório violões são nove. Atualmente sua forma como nas outras cidades, A união não poderia ter dado mais Belas Artes, também participou da casa é mais do que um lar, também é estúdio musical e ateliê de continuou atuando com a música. certo. Escola Villa Lobos. Conheceu músicos locais e as priAssim, com as particularidades costura – além da música Rosilda Os irmãos Diego e Pablo estão meiras canções foram no antigo em Itapoá desde 1999 e sempre de cada um, surgiu o grupo Dipa- também conta com um ótimo dom Carol Lanches, onde o ritmo gau- gostaram de música. Na adoles- rô. Diego é compositor, toca violão para costura e está fazendo a difechesco e sertanejo predominavam. cência Diego sempre gostou muito e também é segunda voz, Pablo é rença com o seu artesanato.
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SÉRIE| POR AÍ
Na bagagem, amizade Augusta Gern
A partir desse mês iniciamos mais uma série na revista: “Por aí”. Com relatos e histórias dos próprios viajantes, vamos conhecer diferentes roteiros turísticos pelo mundo, curiosidades sobre viagens e maneiras diferentes de colocar o pé na estrada. Uma viagem, três amigos e muitas risadas. Neste ano esta história se repetiu com alguns jovens de Itapoá. Cada viagem com as suas características, objetivos e dificuldades, mas as duas com a mesma essência: a amizade. Até chegar o dia da partida, as duas viagens contaram com meses de organização, cumplicidade e companheirismo. De um lado Lucas Fernandes Henk (25), Cristiano Rissi (27) e Marcelo Alves de Souza (29) passaram quatro dias caminhando pelo mato: subiram o Morro da Antena, também conhe-
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cido como Morro dos Perdidos (PR) e foram até o Monte Crista, em Garuva (SC). Do outro, Caetano Meirelles Vargas (26), Rafael Brito Silveira (23) e Hélvio Pauleto Ferraz (25) pegaram o carro e foram para a Argentina, em uma viagem de dez dias. Diferentes percursos que empolgam ao apenas ouvir as histórias.
ficuldades que poderiam passar e por isso se equiparam bem: compraram novos equipamentos de camping, buscaram informações com pessoas que já fizeram o caminho e pesquisaram todas as informações possíveis sobre o trajeto, como principalmente a presença de água durante toda a caminhada. “Também buscamos um GPS para orientar todos os passos, pois foram poucas pessoas que fizeram o trajeto e não há trilha demarMarcelo Alves de Souza, Lucas Fernandes Henk cada durante os dois e Cristiano Rissi. primeiros dias de camiRumo à dias de intenso contato com a nanhada”, conta Lucas. superação Assim, de carro subiram o Para os trilheiros e amigos de tureza: sem água encanada, cama infância Lucas, Cristiano e Marce- quentinha ou comida preparada morro da Antena, e de lá o único meio de transporte foram as perlo, o objetivo da viagem pode ser pela mãe. Tudo começou em um chur- nas. Foram cerca 70 quilômetros considerado uma superação. Todos já fizeram caminhadas antes, rasco no ano passado, quando re- de caminhada, com mochilas que mas este percurso foi a primeira solveram fazer o trajeto. No início pesavam em média 15 quilos. As vez. Com a mochila cheia e pesa- o número de participantes quase dificuldades não foram poucas: da, a botina nos pés e muita força encheu duas mãos, mas com o bolhas nos pés, arranhões, falta de vontade, toda a modernidade tempo foi diminuindo, até resta- de comunicação com os familiares foi deixada para trás. Foram quatro rem os três. Todos sabiam das di- e até se perderam. Como grande
parte do percurso não conta com trilhas, tentaram seguir à risca o caminho indicado pelo GPS, mas nem sempre foi possível. “No primeiro dia tivemos que desbravar uma trilha para chegar à rota marcada pelo GPS”, lembra Lucas. Assim, o percurso que era de três dias se transformou em quatro. Para os três, o ponto mais marcante foi quando
encontraram o marco de divisa dos estados catarinense e paranaense. Em meio a muito verde e silêncio, ficaram frente a frente a um marco de pedra histórico: de 1916. Além disso, momentos ficarão sempre gravados na memória: o belo nascer do sol, dormir sem nenhuma dificuldade – o cansaço não os deixava pensar muito, era deitar e dormir – e todo o companheirismo, as risadas e boas conversas entre amigos.
Assim, nenhuma dificuldade foi suficiente para desanimar os aventureiros: chegaram cansados e com alguns machucados, mas firmes e fortes, já planejando novas rotas. “A ideia é mesmo conhecer novos lugares e por mais que canse o corpo, caminhadas como essa descansam a cabeça, revigoram a alma”, afirma Cristiano. Para uma viagem como esta é importante buscar informações sobre o percurso, fazer um bom planejamento, ter bons equipamentos de camping e claro, muita disposição. continua --->
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SÉRIE| POR AÍ
Rumo às ondas
Com o mesmo companheirismo foi a viagem de Caetano, Rafael e Hélvio, o que mudou foi o objetivo: foram atrás de boas ondas. Caetano iria participar de um campeonato de surfe na Argentina, e assim, com um carro e algumas pranchas, os amigos também entraram na onda. Rafael Brito Silveira , Hélvio Pauleto Ferraz A partir do e Caetano Meirelles Vargas. convite de Caetano, a viagem ta Rafael. Enquanto isso, segundo começou a ser organizada em ja- o geógrafo e estudante de mesneiro desse ano. No início o grupo trado da UFSC, Caetano foi a peça era maior, mas apenas os três con- essencial para a viagem realmente seguiram concretizá-la. O primeiro sair, foi o grande incentivador. passo foi fazer um planejamento e Com tudo pronto e muita emdeixar o carro legalizado para cru- polgação, deram início à viagem. zar a fronteira e trafegar no país Foram cerca de 5000 quilômevizinho. tros, onde o volante, a câmera fo“Nós sempre estivemos mui- tográfica e bons momentos foram tos dispostos para fazer a viagem compartilhados. Para eles, é difícil acontecer. Hélvio fez toda a parte definir um momento marcante ou da legalização do carro, enquanto mais importante: com amizade em eu tentava pensar no roteiro”, con- primeiro plano, as novas paisagens
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foram o cenário perfeito para render ótimas histórias. Para Rafael, um momento que ficará na memória é o passeio de bicicleta que fizeram pela cidade de Mar del Plata. “Foi um dia inesquecível, pelas belezas do lugar, pelas risadas e pelo espírito de amizade entre nós três. Depois disso, sempre vou querer alugar uma bicicleta nos lugares novos que conhecer”, fala. Porém nem tudo foi tão fácil. Mesmo com o bom planejamento feito antes da viagem, algumas dificuldades os acompanharam. O medo de serem multados em todas as blitz, a dificuldade de encontrar um hotel que os acolhesse durante a ida, a dificuldade de encontrar caixas eletrônicos ou postos de gasolina que aceitassem dólares ou seus cartões e, principalmente, a saudade do arroz e feijão ficaram na lembrança. Porém, nada desanimou o grupo, que já sonha com novas viagens: alguns roteiros como Uruguai ou países da América Central já estão nos planos e a ideia é ir com um grupo maior de amigos. E este
gostinho de “quero mais” não ficou apenas nos três, mas em todos os amigos e familiares que os acompanharam pela internet. Com a viagem surgiu a série: “Mar del Plata e os amigos de ouro”, no blog do surfista profissional Caetano Vargas. Com textos e muitas fotos, os amigos postaram alguns relatos do dia a dia, mantendo todos por aqui informados e encantados. “Gostaríamos de agradecer a todos os nossos familiares, pais, mães e irmãos. Obrigado aos amigos mais próximos que sempre mandaram boas vibrações para esse sonho se realizar. Gracias a todos os amigos que fizemos e nos ajudaram na Argentina”, encerram.
Meus invernos Frio. A nebrina cobria toda a paisagem, a areia da praia do Pontal, estava úmida e o sol não conseguia desbravar a manhã. Eu caminhava envolto, por fora, em um agasalho e por dentro nas minhas lembranças. Ainda é outono, no tempo, na vida, caminho os meus passos, agora calmos e contidos, há espera do inverno no calendário e na existência. Como o frio nos leva à reflexões, à recordações, à lembranças. Primeiro vem o verão da juventude, o calor das decisões apressadas, do nunca pensar no amanhã; como é belo o sol da mocidade, o corpo e a alma repletos de energia, do bem querer, do amar fácil. Se leva a vida sem sobressaltos, as consequências dos atos não nos importa, os passos são rápidos, grandes, pulamos etapas, nos aquecemos nas ilusões e nas promessas, que ainda não sabemos, vans. O tempo passa, vem a primavera, das flores e dos sabores, das tardes amenas, das noites serenas, do amanhecer cheio de porvir. Tempo de cores e amores, de certezas e esperanças, da vontade de se ter alguém, único, definitivo, do acordar junto, do viver a dois. E como acontece nas flores e nos frutos da primavera, quando temos também nossos frutos, a vida toma mais sentido, só certezas. Aí, nossa razão, nossa clareza, nossas orações, não são mais para um,
nos doamos, nos dividimos, nos anulamos até para que a razão de viver não seja mais, egoistamente do “eu”. Quando as flores caem, vem o tempo bom do outono. Passos mais lentos, observamos mais, o tempo passa mais devagar, procuramos novos ritmos que nos pareçam melhor para nossa nova e mais compassada dança. Ainda acreditamos no futuro, ainda sonhos, certo que com muito mais cautela, com um pouco de medo até, não temos mais tempo para errar, de se enganar, tempo raro da sabedoria e do conformismo, não o conformismo de se abater ou deixar de lutar, mas da sabedoria do que não se pode mudar, o jeito é respeitar e aceitar. Definições, projetos mais curtos, é tempo de se viver o presente. Nos apegamos a pequenas coisas, a gestos mais carinhosos e nos detemos a casos e pessoas, com mais facilidade e respeito. Mas não raro, ainda temos forças para explosões, rompantes de quando jovens, que às vezes achamos que ainda somos. Bobagem, é outono, lá vem um vento mais frio, uma chuva mais intensa, uma neblina qualquer e toda nossa valentia se esvai e voltamos a ser da cautela, de procurar aproveitar o doce sabor do amor, que quase foi. Ali perto, bem em frente, o inverno. Será que
virá muito frio? Muitas intempéries? Apesar da geada dos tempos, já terem branquiado meus cabelos, penso que esse começo de inverno de minha existência ainda está ameno. Tenho o abrigo e o calor dos amigos, a lareira quentinha da ilusão do amor, a colcha de retalhos das pessoas que passaram por minha vida aquecendo minhas lembranças e me trazendo somente as recordações felizes. Aguardo com esperança o cobertor, que tenho fé, ainda virá para me aquecer. Agasalho-me e me preparo para um inverno mais intenso e procuro sempre pensar que há beleza na neve. O frio que mata as pragas e os sofrimentos dessa vida, também é o preparo e o ensinamento para que possamos renascer em algum outro verão, com mais discernimento e compreensão do que é viver. Estamos quase no inverno do calendário, eu estou quase no inverno do meu viver. Que o Criador me reserve paz e felicidade neste meu resto de tempo e que todos nós possamos cantar, pensando em alguém muito especial, possível ou mesmo impossível, do passado, do presente ou de um futuro, mesmo que só sonhado: “ Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti.”
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EMPREENDEDOR | CORONEL ANTUNES
Um caminhão de grandes histórias Augusta Gern Com o caminhão limpa fossa ele percorre toda a cidade e presta serviços de limpa fossa, desentupimento, hidrojateamento e desintetização, mas quem o vê na rua nem imagina toda a sua história, que passa por grandes momentos históricos do país. De Londrina, Lourival Bevenutti Antunes de Oliveira, mais conhecido como Coronel Antunes, escolheu Itapoá como novo lar em 2007. Aposentado na área militar desde 2005, ele e a mulher decidiram investir em turismo e acabaram comprando uma pousada na cidade. Primeiro vinham apenas na temporada para cuidar do negócio, que acabou não dando certo. Mas então a esposa foi chamada pelo concurso público na área de educação e o local de veraneio tornou-
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-se o novo lar. Como não estava trabalhando e não conseguia ficar parado, logo encontrou atividades na própria residência: construiu o muro, depois a garagem e até a cozinha comunitária da pousada. “Trabalhei a vida inteira, precisava fazer alguma coisa e não tinha mão de obra”, lembra. Quando acabaram os serviços da casa, até a rua arrumou, de pedra em pedra. Mas quando acabou o serviço se perguntou: e agora? Por sugestão da filha e do genro, surgiu a ideia da empresa. O primeiro passo foi fazer um curso em Londrina e depois, se equipar. A Americana surgiu em 2009 e hoje já conta com atividades também em Garuva, Joinville e Guaratuba. Para ele, trabalhar com efluente séptico tem as suas vantagens, “às vezes é mais fácil do que lidar com
pessoas”, brinca. Porém, a maior dificuldade é encontrar mão de obra comprometida e responsável. Atualmente, todo o material recolhido em Itapoá é levado à Estação de Tratamento de Esgoto de Guaratuba, conforme legislação e autorização dos órgãos ambientais. E isso é levado muito a sério: “com o meio ambiente não se brinca, atendemos a todas as exigências ambientais”, garante. Porém não apenas o seu compromisso com o trabalho é sério, mas toda a sua vida e história. Natural de Colombo (PR), Antunes é sobrinho de militar que participou da Guerra e o incentivou a iniciar a carreira. Do sítio saiu aos 12 anos
e deixou uma infância rigorosa: nunca faltou nada, mas também só ganhava o necessário. Em 1956 foi para o colégio militar, em 1960 foi para a academia e, em 1964 saiu tenente da aeronáutica. No mesmo ano que deixou a academia foi para a África, onde até 1968 foi comandante. Segundo ele, lá fotografava a área do Canal de Suez, era piloto de reconhecimento. Então voltou para o Brasil e ficou em Brasília, já era época do regime militar. E bem na ditadura, resolveu fazer medicina: “Nasci para ser útil a alguém e então escolhi as forças armadas e a medicina”, conta. Porém, esta escolha não deu muito certo. “Pelos alunos
eu era visto como cagueta e pelos militares como informante”. Um momento marcante dessa época foi quando, em uma noite, enquanto fazia ronda, um senhor o perguntou sobre a faculdade e as forças armadas, pedindo que optasse por apenas um. Como a carreira militar o sustentava, escolheu-a. Alguns dias depois foi chamado na Secretaria de Estado Maior, ocupada pelo então Coronel João Batista Figueiredo, que o fez assinar a transferência. Antunes conta que se indignou e foi surpreendido pela resposta: “Você passou por cima das hierarquias militares, falou com o presidente sem antes falar com a Secretaria”. Naquela noite, sem saber, havia conversado diretamente com o presidente da época, General Artur da Costa e Silva. Assim, foi transferido para Londrina e, de capitão, promovido para major. Lá ficou até 2005 e se aposentou como coronel. Conforme ele, no ano passado ganhou o título de brigadeiro do ar, mas não pode assumir por não ter a credencial. Para consegui-la, precisa se apresentar para a presidente ou vice-presidente, o que se nega. Contra o atual governo e com críticas à democracia, prefere ficar como Coronel, como é conhecido. E então, aos 72 anos e grandes histórias, o Coronel Antunes hoje leva uma vida tranquila na cidade que chama de paraíso. “Gosto tanto daqui que até quero ser enterrado na Jaca”, brinca.
“A união faz a força”, histórias quase esquecidas. Um velho, no leito de morte, chamou seus três filhos e mostrou-lhes um feixe de varas. Com dificuldade, mas em pleno gozo das faculdades mentais, disse: “Vejam se algum de vocês consegue quebrar ao meio esse feixe de varas”. O mais forte dos irmãos apanhou o feixe e, depois de empregar em vão toda a sua força, largou-o afirmando que não haveria quem pudesse quebra-lo. Os outros irmãos também fizeram sem êxito. O feixe resistiu a todas tentativas e sequer uma só vara chegou a estalar. O velho moribundo falou: “Vocês são fracos! Apesar da velhice e da fraqueza, vou mostrar a vocês do
que sou capaz!” Os filhos ao ouvirem o velho, pensaram que ele estivesse delirando. O velho então desamarrou o feixe de varas e as foi quebrando uma a uma. -“Isso que acabam de ver”, disse, - “é o resultado da concórdia e da união. Sejam, pois, unidos e fortes sempre serão”. Depois do acontecido e até o velho morrer os irmãos não falaram em outra coisa, principalmente no quanto iriam permanecer amigos e unidos. Sentindo a proximidade da morte, o velho novamente chamou os filhos e disse: - “É tempo de deixa-los, mas antes prometam que viverão como irmãos, sempre unidos e assim, darei com tranquilidade o meu derradeiro suspiro”. Os irmãos não só prometeram, como juraram que iriam cumprir o desejo do pai. Ficou para eles uma herança considerável, porém cheia de complicações que foram resolvidas graças as diligencias dos irmãos sempre unidos. Todavia, a união durou pouco e o conselho do velho pai que os mantinha unidos, deu lugar aos interesses e ambições de cada um terminando por desuni-los. Na partilha dos bens desentenderam-se querendo cada um ser mais bem aquinhoado e assim, além de quebrarem a união inicial, inimizaram-se. Começaram a demandar entre eles, um contra o outro. Estranhos aproveitaram-se da desunião e grande foi o desconcerto. Ao final da história, perderam a herança e caíram na pobreza. Tardiamente lembraram-se da sábia lição que o velho pai com aquele feixe de varas lhes havia dado. Tarde demais...
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Cinque Terre... cinco cidades interligadas! Cinque Terre é uma região da Ligúria, na Itália, composta por cinco cidades litorâneas Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare, além de aldeias, vinícolas e santuários morro acima. O maravilhoso golfo La Spezia se estende desde Portovenere até Lerici, passando pela cidade que é capital marítima da região, La Spezia, de onde se pode pegar um trem e ir até Cinque Terre, uma vez que as estradas, se for de carro, são muito estreitas, íngremes e sinuosas . Você pode também optar em ir de barco apreciando a maravilhosa vista do Mar da Ligúria. Sol, céu, mar, pedras na encosta, ao invés de areia, são o pano de fundo. Essas cinco cidades incrustadas em morros são muito próximas umas das outras, são apenas cinco minutos de trem entre elas. Isso possibilita conhecer todas elas em pouco tempo, uma vez que os trens passam de hora em hora. Outra opção interessante e sadia é você ir caminhando entre uma e outra cidade. Garanto que essa é a melhor pedida. Você passará por entre as aldeias através de vinhedos e construções medievais sempre admirando a maravilhosa vista do mar e escarpas. Ao descer o morro entre uma cidade e outra chega-se numa pequena enseada repleta de barcos e mar azul e transparente. Nesses
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locais há restaurantes pitorescos, que servem as famosas “pastas” italianas e muitos frutos do mar. Sinta o gosto do mar em uma das velhas tabernas rústicas de pescadores e se você optar por ir no verão poderá tomar um belo banho de mar. A vista é esplêndida! Portanto, vindo da cidade de La Spezia, a primeira das cidades é Riomaggiore e caminhando entre esta cidade e Manarola encontramos a Via dell’ Amore, que é um caminho junto as rochas repleto de cadeados presos nas rochas e nos cactos. Historicamente, era por esse caminho que os enamorados de uma e de outra cidade passavam e deixavam cadeados, citações de Shakespeare, Dante entre outros clássicos da literatura. Interessante são os grafites e mensagens de autores e amantes desconhecidos. Imagine você caminhando entre uma a outra cidade por um caminho rochoso, apreciando o mar das alturas e ainda lendo belas mensagens de amor e carinho. É mesmo de arrepiar! Na pequenas cidades em si pode-se visitar praças e igrejas muito antigas. Vernazza, uma das vilas mais bonitas possui fileira de casas altas, pintadas de ocre, amarelo e pêssego com venezianas verdes, que ficam dispostas no topo e ao
redor dos rochedos, num promontório curvo que avança para o mar. Já Corniglia é rodeada por oliveiras e vinhedos. É a única vila de Cinque Terre inacessível por mar. Uma boa pedida é subir aproximadamente quatrocentos degraus e apreciar a vista maravilhosa enquanto sobe a escadaria. Do alto de Corniglia caminhe por entre jardins, vinhedos e oliveiras chegando na próxima cidade, Monterosso al Mare! Monterosso é a única das cinco vilas construída em terreno mais plano. Está dividida em duas partes, a parte mais moderna e a mais antiga, cujo charme é incalculável. Há igrejas em estilo gótico - genovês, com listras de mármore branco, uma das mais bonitas é a Chiesa di San Giovanni Battista, construída em 1220 e que vale a pena conhecer, possui bela vista, bem como, altares de madeira e pinturas fabulosas. Dica: antes de viajar para essa região assista um filme muito bonito chamado “Sob o sol da Toscana”, dirigido por Audrey Wells, de 2003. Romance gostoso e descontraído e aproveite sua viagem com charme, prazer e disposição para caminhar!
Estação do aconchego,friozinho chegou e com ele trouxe muitas mudanças na maneira de vestir-se. As roupas de inverno deixa as pessoas elegantes e bem vestidas.o colorido nos tecidos continua,cores fortes e vibrantes estão em alta neste inverno.deixando um ar jovem e alegre.Sabrina Magazine esta sempre trazendo as novidades de tendências da estação .
Fotos - Priscila Pohl - Immaginato Comunicação Modelos - Lais Elina Partika Robson Ruan Silveira
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Um francês não francês Jean Claude Brykczynski, ou simplesmente Francês, salvo pelo nome e pelo apelido, pois a sequência de consoantes do sobrenome, para nós latinos, não apenas inviabilizava a pronúncia, como também tornava dificível escrevê-lo ou ainda lembrá-lo. Aportou ao mundo no Brasil, mais propriamente em Rio Negrinho. Seu apelido encontrava sustentação no nome e sotaque gutural do povo franco, transmitido caprichosamente ao filho Jean por seu geniter nascido em França. Guiado pelos lampejos do desafio, próprio de alguém que havia deslizado pelo vasto oceano para aqui chegar em busca duma nova terra de futuro promissor, seu pai Chico e família, acabam por ancorar próximo ao farol da Mamata, assim chamado porque a rede nunca voltava vazia. Nesse bairro Pontal do Norte de Itapoá implantam um pequeno restaurante. Nele, pela simplicidade do ambiente acolhedor, debruçado sobre a bela Baía de Babitonga, com destaque para o esmero no preparo dos frutos do mar, acompanhado da sensação de liberdade e apetite redobrado, terminavam os encontros de lazer ou negócios no então próspero distrito que impulsionado pela onda de progresso tornar-se-ía município em 1989. Jean ou Francês, herdou do pai, da mãe ou de algum antepassado o dom no trato e pelo gosto da culinária. Servia-nos com a competência dum grande chefe durante 16 anos. Ao deixar o palco da existência física, em plena tempora-
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da de 2011, atendendo ao chamado do Grande Mestre, provavelmente, em razão da falta de alguém com o seu perfil no outro plano, transferiu-nos a incubência de ressaltar seu modelo de gerir uma atividade baseado na genialidade das coisas simples, ou seja, cuidar pessoalmente de todas as etapas, desde a escolha do pescado até o seu preparo final. Seguiu rigorosamente o conceito de servir qualidade e prazer como prato principal. A sobremesa vinha sob a forma de uma conversa solta, durante a qual, sutilmente, conseguia extrair dos frequentadores os pontos fortes e fracos de seu estabelecimento. De quinta a domingo, esses eram os dias destinados aos comensais, pois na segunda, na terça e na quarta trabalhava com afinco na busca dos melhores produtos para reabastecer o restaurante e também o ânimo. O seu democrático e diferenciado espaço, sem portas, começava a ser ocupado por volta das 12h00 e daí para frente predominava a vontade dos turistas, enquanto fundeados, em terra, eram pacientemente servidos por ele, familiares e colaboradores. Assim agindo garantia o retorno da clientela. À s vezes era surpreendido pela simpática gagueira ao descrever o cardápio, todavia habilmente alongava as palavras e com um sorriso para aliviar as tensões, as pronunciava sem enrosco. Deixa uma grande lacuna, tanto na forma
exemplar de acolher, quanto na gastronomia de Itapoá, especialmente no Bairro Pontal do Norte onde era uma marca forte e servia de referência, pois o Francês restaurante era o Pontal e o Pontal do Norte era o Francês. Espera-se que toda sua capacitação forjada na universidade das bocas de fogão, que tantos bons pratos preparava, se instale por um desses expedientes para nós terráquios ainda nebulosos, pela nossa fraca capacidade de captação daquilo que se passa a nossa volta, na mente e nas mãos de algum outro ser aqui presente, mesmo que também demore para servir o delicioso camarão ao molho ou o filé de robalo grelhado com alcaparras. Enquanto o Pai Maior escolhe o seu substituto, se já não o escolheu, e seus familiares desdobram-se para manter o padrão por ele implantado, a sensação da sua presença física, agora virtual, naquele local continua a pulsar para os que o conheceram e faz lembrar os longos debates sobre a busca de soluções para Itapoá e o Brasil, que juntamente com o agradável barulho das pequenas ondas e saborosa combinação do pão caseiro ainda quente, acompanhado de marisco à vinagrete e a clássica maionese, ajudavam a amenizar a demora a chegado do prato principal. ASSIM ERA JEAN CLAUDE... OU SIMPLESMENTE FRANCÊS. Vitorino Luiz Paese, Maio 2011.
Islam e Regina na feijoada dos amigos no Popeye Pub. Ana Paula e Sando Beline da SBG com o nosso amigo Marcelo da Folha de Itapoá. A pequena Roberta comemorou dia 28 mais um aninho. Filha de Angela da Silva Maria e do taxista Sérgio Roberto dos Santos. Parabéns!
Fabricio Zanoni, gerente da unidade do Sicredi em Itapoá. Dona Lourdes da Panificadora Luma com sua mãe, Dona Tereza, seu filho, Leomir, sua irmã, Creuza e os amigos Jessica, Harrisson e Pamela na feijoada dos amigos..
José da Silva Tomás com Carolina Vieira e Francisco do Carmo G. Ramos do Rotary Clube de Itapoá doando livros para a Giroteca.
Linda festa junina no sítio da Isa Coan. Aqui na foto os donos da festa, Isa Coan, Marcela e Marcelo.
O casal Harri e Margarete, donos do Popeye Pub, aqui com o chef Cris...A feijoada dos amigos foi um sucesso.
Os empresários e primos Cristiano e Leila Kruger parabenizam o Padre Anderlei por sua ordenação sacerdotal e todo o povo de Itapoá.
Os nossos vice e prefeito, Dr. Josênio e Sérgio Aguiar marcaram presença na comemoração do 3º aniversário do porto. Aqui com José Aurélio, supervisor de segurança portuária do Porto de Itapoá
Titio Paese com a família e amigos curtindo o restaurante o Francês. Na foto Tati, Bia, Marianna, Titio com a sua esposa Maristela, Mariana, Shirlei e o pequeno Murilo...
Revista Giropop | Junho 2014 | 57
Aniversรกrio 10 anos Milena
Anahi Riego.
Casamento Adrielli e Derick E-session Munyque e Murilo
Save the date Mรกrcia e Rodrigo
58 | Junho 2014 | Revista Giropop
Familia Silva Graziela, Adriano e Adrians
Revista Giropop | Junho 2014 | 59