À Pontifícia Universidade Católica de Campinas, seu corpo docente, direção e funcionários. À Prof. Me. Andréia Cristina Dulianel, pela orientação e apoio. Aos nossos familiares que nos apoiaram durante todo o curso, e à todos aqueles que acreditam no poder transformador da arte e a incentiva.
MATERIAL DIDÁTICO : ESTESIAS
Autores: Juliana Rocha Luisa Blanc Barros de Paula Eduardo Pedro Gallante Ricardo Ano 2016 Trabalho apresentado à Faculdade de Artes Visuais do Centro Linguagem e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, para a Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. Orientação: Prof.a Me. Andréia Cristina Dulianel
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SU 8 13 MÁ 16 RI 20 O 4
ANNA MARIE HOLM
ANA MAE BARBOSA
MARIA TERESA EGLÉR MANTOAN
PINTURA
EMIL NOLDE
HENRI MATISSE
MODELAGEM
UMBERTO BOCCIONI
21 28 35 36
41 47 48 55
CONSTANTIN BRANCUSI
ASSEMBLAGEM
COLAGEM
PABLO PICASSO
SALVADOR DALÍ
JEAN DUBUFFET
JULES MAREY
REFERÊNCIAS/ BIBLIOGRAFIA ELETRÔNICA
61 62 69 77 5
A partir de ideias defendidas por referências do campo da arte-educação, em especial Ana Mae Barbosa e Maria Teresa Eglér Mantoan, assim como de reflexões e experiências da artista e educadora Anna Marie Holm, e dos artistas, Henri Matisse, Emil Nolde, Constantin Brancusi, Umberto Boccioni, Georges Braque, Étienne-Jules Marey, Pablo Picasso e Jean DeBuffet criamos o material educativo “Estesias”. Propomos, desta forma, situações de aprendizagem nas quais os alunos explorem o espaço em volta deles, percebendo como se sentem, como podem se expressar e desenvolver o processo artístico. Além disso, pretendemos trazer propostas que incentivem os alunos a conhecerem o espaço do deficiente visual, trazendo uma reflexão sobre a questão da inclusão em sala de aula. Todo o conteúdo trabalhado visa mostrar para os alunos a exploração do espaço, suas texturas, suas dimensões, além dos procedimentos, técnicas e artifícios visuais e sensoriais, que possibilitam os alunos apresentarem resultados criativos, enriquecendo e inspirando seus conhecimentos diante do universo das artes visuais.
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Caro Professor, Este material, “Estesias”, foi criado com intuito de levar os alunos a conhecerem o espaço que os envolve, para que proporcionem uma exploração artística de modo sensível e criativo. As atividades a serem desenvolvidas são propostas para alunos entre 6 e 14 anos, com o objetivo de trabalhar os conhecimentos de sentidos, exploração de campo e também o domínio do tato nas propostas relacionadas a inclusão do aluno deficiente visual, revelando sensações e sentimentos que a exploração do espaço do entorno traz. Dentro deste material serão apresentados ideias e esclarecimentos de artistas, arte-educadores e teóricos da área que determinaram a abordagem metodológica das ações propostas. A vivência dos conteúdos disponíveis nesse material é de extrema importância, pois com o auxílio do professor as aulas serão conduzidas para caminhos de autoconhecimento. A partir de todo o material disponibilizado (imagens, áudios, materiais físicos, contextualização das obras de arte e sistematização de sugestões de aulas) será possível criar um ambiente de ensino que dê espaço para a de troca de experiências, ampliando os conhecimentos das crianças e adolescentes no espaço artístico e também diante daqueles que possuem algum tipo de deficiência visual. Instigados, eles pensarão juntos como podem se ajudar. Afinal, hoje em dia é preciso haver a inclusão e o conhecimento do que é o universo das artes visuais não somente para os alunos videntes, como também para aqueles que possuem algum tipo de deficiência visual.
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ANNA MARIE HOLM
“É importante que nós próprios sejamos bons em tomar a iniciativa, inventar, ter coragem, energia, ter a mente aberta para experimentar, para investigar, para estar no desconhecido. Fazemos tudo isso na Oficina de Arte. Desenvolvemos o senso artístico, a compreensão da arte, penetrando nela, deixando que nos modele. As crianças tornamse assim, cada vez mais confiantes no que fiz respeito a valores intrínsecos. “ - Holm
ANNA MARIE HOLM Anna Marie Holm (1951-2015) foi artista plástica e educadora dinamarquesa. Desenvolveu uma poética explorando variadas linguagens da arte contemporânea como desenho, fotografia, instalação, integrando diferentes técnicas. Foi ganhadora de prêmios como o Literature-grant nos anos de 2004, 2005, 2007, 2008 e foi membro da Sociedade Dinamarquesa de autores. Teve exposições em diversos países do mundo como Dinamarca, Hungria, Turquia, Eslovênia e Brasil. Publicou os livros de arte-educação “Baby Art” e “Fazer e pensar Arte”, ambos publicados no Brasil pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2005. Como educadora teve ampla experiência no campo da arte, do ensino infantil à universidade.
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Atividade de Anna Marie Holm “Gritando um Desenho” Obra por Nicole de 12 anos (sem data)
POÉTICA E METODOLOGIA Anna Marie Holm explora a liberdade artística para melhor desenvolvimento criativo das crianças. Ela afirma que o processo artístico deve ter a mesma liberdade que uma brincadeira, pois assim as crianças chegarão à excelência do processo criativo, já que elas adquirem força e coragem com desafios colocados. Os vários caminhos diferentes propostos pela artista em seu ateliê, na Dinamarca, impulsionam as crianças na busca por soluções próprias, instigando a investigação e imaginação. A autora e artista ainda defende a ideia de que as crianças precisam sair dos lugares que estão frequentemente, como por exemplo, a sala de aula fechada. Para Anna Marie há muita energia e entusiasmo guardados nas crianças, que através de explorações diversas no campo da arte, libertam sentimentos e ideias incríveis.
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Atividade “Cheiro de cachorro molhado” Obra “Cheiro de batatas fritas” por Jack de 14 anos (sem data)
ATIVIDADES DOS ALUNOS DE ANNA MARIE HOLM Anna Marie pretendia alcançar objetivos diferentes em cada atividade que dava em sala de aula. Na atividade “Gritando o Desenho” ela tem como objetivo aguçar a audição, a atenção, a agilidade e a criatividade das crianças, já que ela gritava sons misteriosos em ritmos diferentes e ao mesmo tempo os alunos deveriam desenhar o que aquele som remetia a eles.
Em sua atividade “Cheiro de Cachorro Molhado” a arteeducadora propõe que os alunos pintem o cheiro de alguma coisa, por exemplo, cheiro de batatas fritas, mas sem desenhar a forma, mas sim a sensação do vapor. A primeira coisa que vem a mente dos alunos são imagens da realidade, que logo passa e eles começam a trazer suas próprias sugestões. Alguns de seus alunos saiam a procura de cheiros e outros estavam concentrados, fechando seus olhos para farejar com o nariz. Assim ela desenvolvia o olfato e o repertório visual de seus alunos, além de fazelos imaginar outras formas de representar os cheiros que sentem.
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PROPOSTA DE AULA CHEIRO DE QUE? Metodologia | A partir das questões trazidas pela arte-educadora Anna Marie Holm pensamos uma proposta de aula que dialogue com seus métodos, propondo provocações para os alunos criarem seus trabalhos. Dentro da sala de aula o professor apresentará a artista e educadora Anna Marie Holm, mostrando aos alunos como é seu método de ensino, sua poética e algumas das atividades que ela fez com seus alunos, como por exemplo, a atividade Cheiro de cachorro molhado. Após apresentar a artista, o professor fará uma roda com os alunos, onde cada um terá três folhas sulfite à sua frente. Será entregue também para cada aluno uma venda, para pôr nos olhos. Em roda passarão três vidrinhos, contendo dentro uma essência com cheiro de alguma coisa, por exemplo, cheiro de café e assim por diante. Com os olhos vendados cada aluno sentirá o cheiro e procurará perceber e buscar em sua memória ao que este elemento remeteu, buscando uma forma de representa-lo, revelando o que a imaginação de cada um trouxe, as diversas imagens e associações emergentes da experiência. Após sentirem as três essências, eles tirarão as vendas dos olhos e farão uma pintura em cada folha que represente cada cheiro que eles sentiram, utilizando cores que lhes satisfação, trabalhando com as misturas e relações cromáticas. Ao final da produção, será discutido com os alunos como foi a aula, como um método de avaliar o processo e
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os fazer refletir sobre a experiência. Para tanto o professor pode fazer alguns questionamentos para instigar o debate: Como foi a experiência de sentir os cheiros com os olhos vendados? Que imagens e situações a sua imaginação e memória criou? A que o cheiro o remeteu? Como foi desenvolver a pintura das coisas que você imaginou e dos cheiros que sentiu? O que quis representar em sua pintura? Cheiro de que? É uma proposta de aula produzida para alunos com idades que variam de 6 a 10 anos.
Objetivos |
Esta proposta tem como objetivo desenvolvimento do olfato, que é muito importante para o entendimento dos alunos sobre o mundo em que vivem, e para a valorização das diferentes imagens e memórias que cada indivíduo cria a partir desse estímulo. São também objetivos da atividade: desenvolver a imaginação o resgate de elementos da memória para a criação de pinturas. Desenvolver a percepção das cores e suas variações e relações, percebendo como elas podem expressar nossos sentidos. Trabalhar com os procedimentos e técnicas da pintura.
Materiais | Tinta guache, pincel, folha sulfite, retalhos de pano preto (para vendar os olhos) e as essências (pode ser essência ou até mesmo o próprio material que tem cheiro).
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ANA MAE BARBOSA Ana Mae Tavares Bastos Barbosa (Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1936) é uma educadora brasileira nascida no Rio de Janeiro e criada em Pernambuco e é uma das principais referências para o ensino da Arte no país. Em 1977 na Universidade de Boston, Ana Mae Barbosa finalizou seu doutorado em Arte-educação, sendo a primeira brasileira com esse título.
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Já foi diretora do MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, presidente do International Society of Education through Art (In Sea). É professora visitante da The Ohio State University, nos EUA. É uma das primeiras pesquisadoras a se preocupar com a sistematização do ensino de Artes em museus, quando estava como diretora do MAC- USP. Mesmo aposentada pela mesma universidade, a educadora continua dando aulas em uma instituição particular, orientando mestrados e doutorados, continuando sua luta pela Arte-educação no Brasil.
ABORDAGEM DA AUTORA Sendo nos dias atuais a maior referência no ensino de artes no Brasil, a Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa propõe que os programas de ensino sejam elaborados a partir de três passos básicos que são: ler obras de Arte, desenvolvendo nos alunos uma capacidade maior de apreciação e senso crítico ao ver as imagens, sendo que a arte não se aplica a bom ou ruim, e sim a pertinência, esclarecimento e abrangência. O Fazer Arte em que estimula o processo de criação das crianças, entendendo como a linguagem artística pode expressar suas ideias. E por fim a Contextualização, trabalhando com a fundamentação teórica, abordando tanto o contexto histórico da obra, trazendo uma discussão relacionada à História da Arte e estética, quanto ao contexto do aluno, relacionando as questões das imagens às suas experiências de vida.
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A educação do olhar é feita também a partir dos questionamentos realizados pelo educador, quando o assunto é a leitura das imagens. Essa problematização instiga na criança o olhar e a reflexão sobre a obra. Além disso, a autora defende a ideia de que não se pode haver uma ordenação fechada do trabalho com a abordagem triangular, podendo ser realizada segundo a metodologia de ensino de cada um, onde os eixos contextualização, leitura e produção são usados na ordem que o professor desejar, mantendo a dialógica entre as três ações e suas interrelações. Alguns equívocos podem ser observados na apropriação por parte de alguns educadores, da teoria desenvolvida por Ana Mae Barbosa. Alguns professores compreenderam erroneamente que o trabalho realizado a partir da apreciação de obras, também chamados de releituras de obras, seriam meras cópias de obras de artistas. Para a autora a releitura é uma nova interpretação da obra, dando a ela uma perspectiva diferente, tendo a obra apenas como base inspiradora. Ana Mae Barbosa explica que todas as atividades devem ser planejadas levando em consideração todo o contexto dos educandos e até mesmo dos membros da comunidade. O educador deve se colocar dentro da realidade em que a escola e os alunos estão inseridos, pensando propostas que dialoguem com as necessidades da sociedade atual.
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“Nós, professores, temos de retomar o poder da escola, que deve ser exercido pelas mãos dos que fazem, efetivamente, acontecer a educação. Temos de combater a descrença e o pessimismo dos acomodados e mostrar que a inclusão é uma grande oportunidade para que alunos, pais e educadores demonstrem as suas competências, os seus poderes e as suas responsabilidades educacionais.” - Mantoan
A INCLUSÃO POR MARIA TERESA EGLÉR MANTOAN
Maria Teresa Eglér Mantoan é graduada em pedagogia pela Universidade São Francisco (1974-1978), em 1975 fez uma especialização e ganhou o certificado Certificado em Educação De Crianças E Adolescentes Deficientes ou Inadaptados pelo Centre National Détudes Et De Formations (Centro Nacional de Estudos e Formação). Tem mestrado e doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp. Obteve seu mestrado em 1987, onde
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escreveu sobre deficiência mental na educação escolar, com o título “A educação especial de deficientes mentais: o itinerário de uma experiência”, e seu doutorado em 1991, onde escreveu sobre desenvolvimento cognitivo com o título “A solicitação do meio escolar e o desenvolvimento das estruturas da inteligência no deficiente mental: uma interpretação segundo a teoria do conhecimento de Jean Piaget”. Dedica-se ao trabalho de pesquisa, docência e extensão, ao direito de todos os alunos ao ensino escolar de educação de nível básico e superior, que também consiste no ensino inclusivo em todas as escolas. Escreveu dois livros sobre inclusão escolar que são “Inclusão Escolar: pontos e contrapontos” e “Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? ”. É também Oficial da Ordem Nacional do Mérito Educacional no Grau de Cavaleiro, com o reconhecimento à contribuição à Educação do Brasil.
METODOLOGIA DO ENSINO INCLUSIVO Em seu livro Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? a autora Maria Teresa desenvolve suas ideias sobre ensinar e aprender, compartilhando a experiência que ela viveu, elencando problemas, questionamentos e dúvidas. Para a autora as escolas hoje em dia estão deixando a desejar, portanto precisamos fazer algo para redefini-las com urgência, tornando-as receptivas a todos os alunos, transformando-as em escolas verdadeiramente inclusivas. O que observamos atualmente é uma exclusão escolar tem se manifestado de diversas maneiras, principalmente por
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parte dos alunos em relação a ao aprendizado escolar. É possível ver também que a escola se abre a novos grupos sociais, mas não para novos conhecimentos. Os sistemas escolares dividem os alunos em “normais” e deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial e os professores em especializados no ensino regular de educação e profissionais da educação especial. Assim os professores do ensino regular se consideram incapazes de lidar com essas diferenças na sala de aula, já os especializados sempre realizam um atendimento unicamente a esses alunos. Há também a dificuldade com os pais de alunos sem deficiência, já que eles não aceitam o fato da inclusão, por acharem que as escolas baixarão ainda mais a qualidade de ensino se tiverem que receber esses alunos. Além disso, nem todos os alunos deficientes conseguem entrar nas turmas de ensino regular, pois há uma seleção para saber se estão aptos a serem inseridos nessa sala. Podemos ver nesse caso que a escola não se molda ao aluno, é o aluno que tem de se moldar para se adaptar as suas exigências. De acordo com as teorias da inclusão todos os alunos, sem exceção, devem frequentar as escolas de ensino regular, por isso, a inclusão não implica apenas na integração do aluno na escola, mas também na mudança da perspectiva educacional, que atinge não só os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades para aprender, mas todos os outros, para obterem sucesso na educação geral. Para fazer com que a inclusão aconteça é preciso mudar a escola, o ensino que é ministrado nela, recriando o modelo educativo, reorganizando pedagogicamente as escolas, garantindo aos alunos tempo e liberdade para aprender, formando, aprimorando continuamente e valorizando o professor.
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Para recriar um modelo educativo é preciso superar o sistema tradicional de ensino, para que os alunos cresçam e se desenvolvam. É possível ter um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico, que implica na formação de redes, saberes e relações que criam caminhos para chegar até o conhecimento. Além disso para que o ensino de qualidade aconteça é preciso solidariedade, colaboração e compartilhamento do processo criativo a todos que estão envolvidos nele. Estas são o tipo de escolas que são abertas as diferenças e capazes de ensinar a todos os alunos, sem descriminação e práticas de ensino especializado. Para ensinar uma turma toda, sem diferenciar o ensino para cada aluno, é preciso entender as diferenças que são trazidas pelo próprio aluno. Buscando a igualdade como produto principal da aprendizagem, fazendo debates, pesquisas, registros escritos/falados, observação e vivencias. Substituir o caráter classificatório de notas e provas por uma visão diagnóstica, desenvolvendo a competência dos alunos por situações-problema ao invés de fazê-los memorizar informações e reproduzir conhecimentos sem compreensão. O professor que participa da caminhada do saber com seus alunos, entende melhor suas dificuldades e possibilita que cada um construa seu próprio conhecimento com maior adequação. Para se tornar um professor inclusivo, é preciso repensar seu papel como professor, será preciso reciclar e atualizar seu método de ensino, já que os conceitos pedagógicos usados nas instituições de ensino regular não se encaixam nesse novo projeto educacional. Com o sucesso dessa proposta nas escolas, será possível o reconhecimento e valorização das diferenças, e professores conscientes da forma que atuam, para promover a aprendizagem de todos os alunos.
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pin tu ra 20
A partir da abordagem de Ana Mae Barbosa, que tem como um dos eixos principais o trabalho com a imagem em sala de aula, trouxemos uma proposta de aula a partir de algumas referências artísticas. Além dessa preocupação com a leitura, contextualização e produção da arte, pensamos também uma articulação com a questão da inclusão, trazendo propostas que podem ser realizadas por todos os alunos.
EMIL NOLDE Emil Nolde (1867-1956) nasceu na Dinamarca foi pintor e gravurista, um dos mais importantes e empenhados expressionistas de sua época. O artista foi influenciado por pintores como Vincent Van Gogh (1853-1890), Edvard Munch (1863-1944) e James Ensor (1860-1949), mudou muito pouco a sua trajetória artística em toda sua carreira. O movimento expressionista surgiu na Alemanha no início do século XX, as pinturas expressionistas da época tratavam da desconstrução da realidade, seja ela natureza ou o ser humano, pode-se ver a imersão de cores agressivas, onde o sentimento era encarado como um fator primordial nas pinturas e técnicas desse movimento, a
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liberdade, a visão que os artistas tinham na época por conta de ser uma sociedade agora moderna e industrializada o que tudo isso influenciava para o descarrego de suas energias e sentimentos nas obras realizadas. Emil Nolde, deu início a School of Applied Arts, Karlsruhe, em 1889, foi membro do grupo Die Brücke, transformou sua arte em suas próprias reflexões de emoções interiores, usando pinceladas carregadas, cores vibrantes e contrastantes. Porém, no começo dos anos 40 o artista foi impedido pelos nazis (ideologia de extrema-direita) a pintar, pois suas pinturas modificavam o habitual que já se tinha como pintura, foi visto como impudico e poderia acarretar a revoltas. Apenas no final da Segunda Guerra Mundial e a queda dos nazis ele pôde voltar a pintar realizando incontáveis trabalhos.
POÉTICA Emil Nolde, tratou de ser fiel ao seu movimento, fazendo uso de cores que se contrastavam entre si, mas a deformação que ele usava tanto na natureza morta como no ser humano trouxe unicamente seu sentimento interior nas imagens e não necessitavam tanto custo para interpretá-las. Seus temas eram religiosos, sociais, usados em paisagens e retratos humanos pois a caráter da época o artista compelia também na ofensa aos nazistas.
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Emil Nolde Ausschnitt Aus “großer mohn” (1908)
OBRAS
Nessa obra, o artista transmite alegria nas cores, as pinceladas sĂŁo bem carregadas, transporta para a flora seus sentimentos interiores que se distinguem entre as tonalidades de azul, vermelho, verde, laranja e amarelo.
As cores bem carregadas e densas, variando entre tons de verde, azul, vermelho, amarelo e branco, relata uma paisagem harmoniosa com luzes que o dia traz e movimentos rĂĄpidos com o pincel.
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Emil Nolde Marsh Bridge (1910)
PROPOSTA DE AULA DESCONSTRUINDO O REAL Metodologia | Por meio de uma roda de conversas para análise e reflexão das obras do expressionista Emil Nolde, nas quais utilizava pinceladas bem carregadas e da vivacidade das cores, usadas para retratar paisagens, o professor irá propor a desconstrução do real para os alunos. Ao fazê-los pensar e examinar ao ar-livre os elementos que os rodeiam, o predomínio das cores do ambiente. As aulas se dividirão em 3 etapas: 1) Trabalhar no ambiente fora de sala de aula, ou seja, ao ar livre para aproximá-los das ideias do artista escolhido. Conhecer e analisar as obras de Emil Nolde e contextualizar o movimento em que ele está inserido: o expressionismo. Falar sobre os sentimentos colocados na obra e suas inspirações. Fazer uma escolha prévia juntos aos alunos, do ambiente em que os grupos irão fazer seus respectivos trabalhos. 2) Trabalhar ainda ao ar livre a partir da observação da paisagem, os alunos irão descrever a partir da fala das cores que estão observando, sua perspectiva, como a luz e sombra afetam as cores no ambiente.
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3) Colocar em prática os exercícios trabalhados. Usar o rolo de papel kraft ajudará os alunos a expandirem suas ideias, além de incentivar a participação e colaboração de todos. Na criação a ideia é que os alunos desconstruam as cores originais observadas na paisagem, criando novas relações cromáticas ousadas e diferenciadas, como podemos observar nos trabalhos do artista referência. Essa atividade pode ser trabalhada com alunos na faixa etária de 6 a 14 anos de idade.
Objetivos |
Descontruir de maneira lúdica as cores dos elementos da paisagem, técnicas de pintura, das relações cromáticas e expressividade na pintura. Trabalhar a percepção dos alunos, a capacidade de verbalização da experiência de observação, aguçando seus olhares para as cores e outros elementos da paisagem. Além disso os alunos trabalharão em conjunto o que desenvolverá senso de coletividade.
Materiais | Tinta Guache, avental, paleta para as cores, água, pincéis achatados grandes, rolo de espuma, pano para limpeza de pinceis, e rolo de papel Kraft.
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HENRI-ÉMILE-BENOÎT MATISSE Henri-Émile-Benoît Matisse (1869-1954) foi um artista francês, conhecido por suas pinturas, produziu e se tornou muito reconhecido no século XX por contribuir para a evolução artística na época e na arte moderna. Em 1891 em Paris deu início aos seus estudos na Academia Julian, suas obras nesse momento eram naturezas-mortas e paisagens e entre os anos de 1897 a 1898 ao se encontrar com John Peter Russell mudou seus conceitos de cores e estilos. Inspirado, portanto, nas obras de Van Gogh (1853-1890), Paul Cézanne (1839-1906), Paul Gauguin (1848-1903) o
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artista iniciou sua carreira passando pelo estilo fauvista em 1907, a partir de 1916 suas obras sofreram influência do cubismo. Começou a expor a partir de 1901 onde passou pelo Salão dos Independentes, Salão de Outono, Salão de Paris, na Sociedade Nacional de Belas Artes entre outros. Em 1908 ele fundou a própria Academia, Academia Matisse, mas a mesma foi paralisada 3 anos depois, em 1911. Sua carreira foi baseada em pinturas que contribuíram para o impressionismo, pós-impressionismo, modernismo, arte moderna e fauvismo.
POÉTICA As obras de Henri Matisse se deram em referências ao cubismo e dos artistas pós-impressionistas, mas em suas obras o artista usou as cores vibrantes como sua principal característica. Ele acreditava na ideia de que todos os artistas tinham que ter olhos de criança, olhando para as coisas como se fosse a primeira vez. Desenvolveu um amplo trabalho com relação à cor, dando ênfase na luminosidade de suas pinturas. Considerou importante recuperar a expressão da pintura no que condiz gerir os conteúdos ideológicos à realidade imediata. Henri Matisse trabalhou a observação, os seus sentimentos e sensibilidades para conseguir coloca-las em telas e conseguir transpô-las em suas sensações.
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OBRAS
Nessa obra Matisse trabalha muito a questão de expressão da luz, usando os tons contrastantes, como vermelhos, laranjas e azuis, adicionando o verde ao fundo e também como sombras no rosto de Madame Matisse. O artista retratou sua esposa de uma forma inusitada, segundo seu estilo, havendo coerência na distribuição das cores no plano em si.
A obra “A Dança” de Matisse coloca o observador a analisar o movimento dos corpos. As cores são de extrema importância porque são vívidas em pinceladas carregadas, transmitindo dinamismo, simplicidade e força. Henri Matisse Portrait of Madame Matisse (1905)
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Henri Matisse La Danse (1910)
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PROPOSTA DE AULA MOVIMENTO RETRATADO Metodologia | A proposta é realizar uma conversa inicial com os alunos sobre a arte moderna, trazendo reflexões sobre o modernismo, onde o artista Henri Matisse por muito tempo esteve inserido, trazendo uma significativa contribuição para a pintura no século XX. É importante apreciar suas obras, percebendo as perspectivas diferentes que haviam nessa época, o interesse do artista em não retratar fielmente aquilo que se via, as distorções e cores. Cabe ao professor também envolver os alunos a atividade de uso do corpo em movimento, guiando-os nas expressões faciais e corporais para serem desenvolvidas nas aulas. As aulas serão divididas em 3 etapas: 1) Debater sobre a arte moderna com os alunos e entender a inserção do artista Henri Matisse nesse momento artístico, o diálogo será muito importante, para que todos possam refletir e explanar suas ideias do que foi o movimento da arte moderna, como se dá a ação de movimentação desde as pinceladas até o
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exercício de observação que o artista conseguia e entendê-las, e ao final da aula será oferecida pelo professor uma aula de relaxamento e alongamento usando o corpo e movimento e trabalhar a expressão corporal na qual eles irão ter de trabalhar nas próximas aula, já que na proposta terá que cada um posicionar-se em uma posição que acham agradável para o retrato a ser feito por meio da pintura. 2) Novamente, agora no começo da aula, oferecer aos alunos o alongamento e relaxamento do corpo para que acostumem com a ideia de entender seus corpos e colocar como reflexão para eles, uso dessas pessoas retratadas pelos artistas para captar emoções e o sensível daquele momento em si. Se for preciso o uso da música para que possam se soltar. Relembrar as obras do artista e enxergar no meio em que se encontram as cores predominantes, o trabalho com cores puras. Lembrando da ideia que o próprio artista utilizava de ver o mundo com os olhos de uma criança, como se fosse pela primeira vez. 3) Iniciar novamente a aula com o relaxamento e alongamento pois os alunos necessitam desse momento de entender seu próprio corpo, movimento e como cada movimento gestual consegue demonstrar um sentimento diferente. Agora com tinta acrílica pedir para que os alunos se separem em duplas e que na vez de cada um que
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posar como modelo, trabalhar uma posição em que se sintam confortáveis a ficar até o colega terminar seu retrato. O lugar escolhido fica a critério dos alunos, seja em sala de aula ou na parte externa da escola. Neste trabalho é interessante os alunos usarem cores puras, despreocupando-se com a reprodução do real, do que eles estão vendo.
Objetivos | Entender a relação que o corpo exercia nas telas, de como se pode tirar as ideias de sentimentos diante das posições, gestos e feições nos retratos do movimento de arte moderna na época e também nas pinturas do artista Henri Matisse. Criar pinturas para dar espaço e se despreocupar com a reprodução fidedigna do real através do trabalho com a cor pura.
Materiais | Tinta acrílica, avental, água, suporte para as tintas, pincéis achatados e redondos, tela 30x40cm, pano para limpeza de pincéis.
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O problema do dinamismo em escultura não depende apenas da diversidade dos materiais, mas principalmente da interpretação da forma. Entre a forma real e a forma ideal, entre a forma nova (impressionismo) e a concepção tradicional (grega) existe uma forma variável, em evolução, diversa de qualquer conceito de forma existente até então: forma em movimento (movimento relativo) e movimento da forma (movimento absoluto). Todas estas convicções me impelem a procurar, em escultura, não a forma pura, mas o ritmo plástico puro, não a construção dos corpos, mas a construção da ação dos corpos. Não como no passado, com uma arquitetura piramidal, mas uma arquitetura espirálica. - Boccioni
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UMBERTO BOCCIONI Umberto Boccioni (1882-1916) foi um pintor e escultor italiano futurista. Em 1901 mudou-se para Roma, junto com sua família, lá ele realizou atividades de ilustrador e produtor de cartazes. Boccioni se forma em Roma, no ateliê de Giacomo Balla. Após aprender a pintura neoimpressionista ele se torna um mestre do divisionismo
italiano, depois muda-se para Milão. Lá ele adere ao futurismo, e escreve juntamente com outros artistas o Manifesto dos Pintores Futuristas, que tem como objetivo libertar-se dos modelos e das tradições figurativas do passado e voltar-se ao mundo contemporâneo, que esta em continua evolução. Em 1912, começa a realizar esculturas, a maioria delas era feita em gesso. Sua escultura Formas Únicas de Continuidade no Espaço, foi um marco do movimento futurista e da cultura modernista europeia, citada como sinônimo de vanguarda e inovação. Boccioni publicou vários livros sobre a estética futurista, como Pittura scultura futuriste - dinamismo plástico (1914).
POÉTICA Boccioni tem como principal valor de sua arte a sensação dinâmica. Suas pinturas abordaram temas politicoanarquistas, cenas onde havia grande movimentação de figuras e até composições abstratas. Em suas esculturas Boccioni utilizava como principal tema a figura humana, para ele era uma manifestação ativa das suas potencialidades e possibilidades que transformariam o comportamento humano. Além disso, ele buscava solucionar todos os aspectos da forma dinâmica da tridimensionalidade, tentando demonstrar mais claramente o movimento e a integração do objeto com o espaço que o circundava. Ele ainda realizava experiências com materiais não tradicionais da escultura, que depois ele deu o nome de depolimaterici (polimatéricos).
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Umberto Boccioni Development of a bottle in space (1912)
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OBRAS
Umberto Boccioni Unique forms of continuity in Space (1913)
A partir de 1912, Boccioni começa a criar esculturas futuristas inovadoras que dão a impressão de movimento. Em sua obra Desenvolvimento de uma garrafa no espaço, o artista aplica o princípio da decomposição, articulando os fragmentos da forma da garrafa, criando uma síntese com suas “linhas força” (termo que inventou para suas obras, que criam uma sensação de movimento). Boccioni cria um movimento em espiral para mostrar a abertura da matéria, estabelecendo uma integração entre o espaço e a forma.
Em sua escultura considerada um marco do futurismo, “Formas Únicas da Continuidade no Espaço”, o artista usa das formas abstratas em conjunto com o estudo sobre o corpo humano para explorar o movimento e a velocidade. A escultura em sua abstração mostra que ultrapassa os limites corpóreos do ser humano, causando a impressão de que o corpo quando se desloca com velocidade deixa pedaços de si para trás.
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PROPOSTA DE AULA ESCULTURA SUSTENTÁVEL Metodologia | Na primeira aulas crianças serão apresentadas às obras de Boccioni, passando por uma breve explicação sobre sua poética, obras e vida. Logo após a introdução, o professor pedirá para os alunos desenharem no papel um rascunho de suas esculturas relacionando o corpo humano e o movimento, discutindo em sala de aula sobre possíveis materiais que serão usados, sendo de livre escolha. Já na segunda aula, começarão as montagens das esculturas, todas com o auxílio do professor, dando dicas sobre melhor montagem e composição. Essa atividade será realizada com alunos da faixa etária de 6 a 15 anos.
Objetivos | O objetivo dessa aula será explorar o lado criativo das crianças, sendo explorados também a composição, montagem e a composição espacial e tridimensional.
Materiais |
Materiais de escolha do aluno para melhor montagem e composição, podendo variar desde materiais reutilizáveis, até revistas, jornais entre outros.
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CONSTANTIN BRANCUSI Constantin Brancusi (1876 —1957) foi o mais célebre escultor romeno e um dos principais nomes da vanguarda moderna. Estudou na Escola de Artes de Craiova de 1894 a 1898 e depois na escola nacional de Belas Artes de Bucareste de 1898 a 1901. Com o objetivo de completar a sua formação, chega a Paris em 1904. Lá foi uma figura central do movimento moderno e um dos pioneiros da abstração. Sua escultura é conhecida por sua elegância e uso de materiais sensíveis. Depois de frequentar a Escola de Belas Artes de Bucareste e da aprendizagem da escultura de August Rodin, o artista viajou para Paris e criou sua primeira grande obra, O Beijo, em 1908.
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Sua escultura foi se tornando cada vez mais abstrata, e ele passa a criar as formas através do polimento. Ganhou notoriedade internacional em 1913 no Armony Show, em Nova York. A partir de 1930 Brancusi trabalhou em projetos ambiciosos, de 1937 à 1938, ele cria um conjunto de esculturas monumentais ao ar livre para a cidade romena de Targu-Jiu, denominado como Coluna sem fim, feita em metal dourado e com mais de trinta metros de altura. Brancusi morreu em Paris, em 16 de março de 1957, deixando o conteúdo do seu estúdio para o Museu de Arte da Cidade de Paris.
POÉTICA Brancusi em sua juventude foi influenciado por Rodin, mas em suas obras mostrava um interesse por formas simples, diferente das esculturas naturalistas que eram criadas nessa época. Sua ruptura com a tradição clássica foi estimulada pela descoberta da escultura africana e oriental, onde ele encontra qualidades e simplicidade que trazem um forte valor plástico a obra. Com o passar dos anos Brancusi transformava suas esculturas cada vez mais abstratas, utilizando materiais diversos, desde madeira até metais fundidos. Nessa época é possível reconhecer um grupo de esculturas que representam variações de formas humanas e animais, mostrando a essência de sua realidade física.
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Constantin Brancusi The Kiss Brancusi Constantin (1910) The Kiss (1910)
Constantin Brancusi Bird in Space (1923-1928)
OBRAS Diferente da escultura naturalista O beijo de Rodin, de uma forma simples e simétrica, Brancusi cria a sua própria representação do beijo, mostrando duas figuras com os braços totalmente entrelaçados, se beijando. Essa escultura lembra um pouco o desenho de uma criança, que na maior parte das vezes, representa pessoas de forma achatada, simétrica e sem nenhuma perspectiva.
A partir dessa época, o artista começa a criar esculturas abstratas representando formas humanas e animais. Como em sua obra Pássaro no Espaço, em que ele representa uma ave de forma simples e que não exponha claramente o conteúdo ao observador. O material utilizado, embora seja pedra, é leve, aparenta ser macio e tem linhas suaves, o que nos remete ao vôo, movimento, mas também estabilidade e graça.
PROPOSTA DE AULA
CRIANDO COM AS MÃOS Metodologia | O professor na primeira aula passará uma breve explicação sobre as obras de Brancusi, também explicando um pouco de sua vida e poética. Após essa introdução os alunos serão apresentados a argila, onde aprenderão como manuseá-la. Depois de aprender como usa-lá, será aplicada a atividade criando com as mãos, em que os alunos terão que tatear o rosto do colega e tentar reproduzi-lo em argila, porém, sem olhar para a escultura que está criando, apenas para o rosto. Depois de secas, o professor iniciara sua segunda aula, baseada na pintura dos rostos, podendo utilizar tinta guache, realizando a pintura com pincéis ou dedo. Essa aula pode também se aplicar para alunos com deficiências visuais, que com o auxilio dos colegas, vão fazer a mesma atividade, podendo posteriormente tatear as obras dos amigos.
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Finalizando a aula, será feito uma discussão sobre os processos de cada um e como se sentiram sobre, seguindo depois para a apresentação dos trabalhos. Essa proposta de atividade será realizada com alunos da faixa etária de 6 a 14 anos.
Objetivos | Explorar a argila e suas técnicas e também criar uma sensibilidade maior do toque, aproximando os alunos do universo dos deficientes visuais, para o modo como percebem as coisas através do tato.
Materiais | Argila, tinta guache e píncel.
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SALVADOR DALÍ Salvador Dalí (1904-1989) foi um importante pintor catalão conhecido por seu trabalho surrealista. Seus quadros chamam atenção por suas combinações bizarras, como se fossem sonhos. Ele era um artista com um grande talento e imaginação, gostava de fazer coisas extravagantes para chamar atenção, o que as vezes incomodava os críticos. Dalí começou a estudar artes na Escola de Desenho Municipal. Em 1916, descobriu a pintura impressionista. Fez sua primeira exposição em 1919, no Teatro Municipal de Figueres.
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Em 1922 Dali foi viver em Madri, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Nessa época ele chamava grande atenção pela forma de se vestir, em seus quadros fazia experiências com cubismo e dadaísmo. Em 1926, ele foi expulso da Academia de Artes, depois de dizer que ninguém ali era competente o suficiente para avalia-lo, então no mesmo ano ele viajou para Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso. Com a influência de Picasso e Miró, ele criou uma serie de trabalhos, desenvolvendo seu próprio estilo. Em 1929 Dalí fez exposições importantes e juntou-se ao grupo surrealista Montparnasse, mas logo em 1939 foi expulso por motivos políticos. No inicio da Segunda Guerra ele e sua esposa, se mudaram para os Estados Unidos, onde Dalí escreveu sua autobiografia, e viveram por oito anos. Logo retornaram a Catalunha, e em 1960 o pintor começou a trabalhar no Teatro-Museu Gala Salvador Dalí, que foi seu principal foco ate 1974. Oito anos depois, Gala sua esposa morre, e o artista fica profundamente deprimido. Ele se muda para Figuéres e vive seus últimos anos no teatro-museu.
POÉTICA Dalí foi ambicioso desde pequeno, ele dizia que mesmo com o passar dos anos sua ambição foi aumentando sem parar. Podemos ver isso em suas obras, já que em todas elas ele cria combinações bizarras, e extravagantes. Ele também gostava de chamar a atenção, e por esse motivo não tinha medo de mostrar suas ideias surrealistas ao mundo, sua principal ambição era imprimir ideias tanto irracionais quanto precisas em suas obras.
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Salvador DalĂ Persistence of Memory (1931)
OBRAS Em A Persistência da Memória, o artista cria uma obra complexa que pode ter várias interpretações. Ela ganha ainda mais intensidade, devido aos símbolos que são os relógios que estão representados, desafiando nosso entendimento do mundo físico. Dalí utiliza elementos de seu cotidiano e de sua imaginação para criar essa obra. Um dia, ele estava sentado diante de seu jantar e observou que seu queijo camembert havia derretido e começava a se espalhar pelas bordas do prato, dando a ele a ideia de criar relógios derretidos. A criatura central da obra, coberta por um relógio é a caricatura dele mesmo, onde ele representa um estado de contemplação com os olhos fechados, mostrando a superação do tempo terreno para libertar a consciência.
Essa obra é uma homenagem a uma atriz mirim da época chamada Shirley Temple. É uma mistura de colagem com pintura sobre papel, onde Dalí sobrepõe uma foto retirada de jornal da menina no corpo de uma esfinge estilizada. Ao longo dos séculos XIX e XX a esfinge associada a uma imagem sexualizada, onde o artista cria uma crítica sobre a sexualização de atores e atrizes mirins. Os ossos humanos representam a última refeição da criatura, sugerindo que Shirley era uma “devoradora de homens”, além de uma figura ao fundo de uma criança pulando corda, representando a liberdade da infância. E o morcego representa um momento na vida do artista em que ele encontra o animal, mas não consegue salvá-lo.
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Salvador DalĂ Shirley Temple, The Youngest, Most Sacred Monster of the Cinema in her Time (1939)
PROPOSTA DE AULA
DESCOBRINDO, CORTANDO E COLANDO Metodologia |
Dentro da sala de aula, o professor apresentará para a classe o artista Salvador Dalí, mostrando aos alunos suas obras de colagem e explicando um pouco sobre essa técnica e como ele a utiliza. Esta atividade é interessante pois integra os alunos com deficiência visual. O professor dividirá a classe em grupos. Em cada grupo será entregue um “saquinho surpresa” que terá objetos diversos em seu interior, com tamanhos e formas diferentes. Depois de entregar os saquinhos ele explicará a atividade para a turma, onde um aluno com deficiência visual, ou com vendas nos olhos, terá que sentir os objetos que estão dentro do saco e descrever sobre cada um aos colegas do grupo. De acordo com o colega, o restante do grupo terá de procurar em revistas e jornais formas que se encaixem na descrição do objeto, enquanto isso o aluno deficiente visual, ou não, cria a forma com a massa de modelar. Após todos terem feito sua parte começa a criação utilizando as formas encontradas e as feitas com massinha, o grupo deverá criar uma colagem surrealista inspirada nas obras de Dalí, podendo recortar qualquer outras coisas que quiserem de revistas e jornais para colar no trabalho.
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Quando tudo estiver pronto, o grupo poderá ver o que tinha dentro do seu saquinho surpresa, para descobrir se eles acertaram a forma descrita ou não. Depois os grupos apresentarão os trabalhos para a sala, descrevendo para os colegas deficientes visuais ou não. Essa atividade pode ser trabalhada com alunos na faixa etária de 10 a 14 anos de idade.
Objetivos | Trabalhar a imaginação, criatividade e o repertorio visual dos alunos, pois através da descrição eles terão que assimilar os objetos que eles não estão vendo com o que eles terão que retirar da revista. Além disso trabalha a importância dos alunos aprenderem a contextualizar sobre seus trabalhos, já que terão de explica-lo para os colegas, e também se tornam os “olhos” dos alunos com deficiência visual.
Materiais | Um saquinho preto, objetos diversos, revista, jornal, massinha de modelar e cartolina.
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JULES MAREY
A película em banda (…) pode dar lugar a uma série de projeções sucessivas, sucedendo-se a intervalos de tempo tão curto que o espectador verá o movimento se reproduzir com todas as suas fases. - Marey
Étienne-Jules Marey (1830-1904) foi um inventor e cronofotógrafo francês. Seu trabalho foi essencial para o desenvolvimento da cardiologia, instrumentação física, aviação, do cinema e do trabalho fotográfico. Foi nomeado professor de História Natural dos Corpos Organizados no Collège de France (1868), mas sua carreira teve inicio em 1855, onde foi cirurgião assistente e, logo depois se especializou em fisiologia humana e animal.
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Apaixonado pela fotografia, Marey entrou no meio artístico com sua invenção do cronógrafo - um instrumento que podia medir intervalos de tempo entre exposições de fotografias de movimento - e o cronofotógrafo, que permitia reunir múltiplas exposições em tiras de filme as quais passavam automaticamente por uma maquina fotográfica; a partir disso a cinematografia foi desenvolvida. Também inventou a maquina fotográfica de movimento lenta. Por conta de suas grandes experiências fotográficas com registros de movimento. Marey se tornou presidente da Sociedade Fotográfica francesa.
POÉTICA O que realmente importava para Marey não era a cena real que estava retratada na fotografia, já que ele chegou a fotografar homens andando num fundo preto, com roupas pretas, apenas com pequenos pedaços de madeira pintados de branco colados nas roupas, para representar uma parte do corpo. Portanto, seu principal objetivo era o movimento. Com suas fotografias em sequência, mostrava em cada quadro a reprodução de todas as fases do movimento corporal de um indivíduo retratado na fotografia.
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OBRAS Em todas as suas obras o artista utiliza em quadro a quadro o movimento. Em O vôo do Pelicano, ele usa dessas imagens em sequência para mostrar desde o voo do animal até a descida, mostrar a leveza do voar e a força do bater das asas, de forma que nos faz imaginar que estamos realmente vendo essa cena acontecer.
Jules Marey The Flight of Pelican (1882)
Jules Marey Flight (1890)
PROPOSTA DE AULA
Assim como na obra Flight, que mostra um homem correndo nu, exibindo todos os seus músculos contraídos, representando a velocidade, a força e o impacto que o indivíduo tem em sua corrida. O artista constrói cada movimento do corpo, como se estivesse em câmera lenta.
MONTANDO O MOVIMENTO Metodologia |
Ao falar do artista Étienne-Jules Marey, é importante lembrar da significância das fotografias tiradas por ele, trazendo para a observação dos objetos/seres vivos no espaço da escola quais objetos poderiam ser retratados através de seus movimentos. Sempre pensando, é claro, em como construir imagens que possam passar a sensação de movimento contínuo. Além disso, é importante levantar hipóteses a respeito do estar em movimento e se a imagem será abstrata ou não.
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As aulas serão divididas em 3 etapas: 1) Em uma roda de conversa com os alunos, explicar e mostrar como o autor e fotógrafo Marey registrava o movimento de objetos e seres vivos, exemplificando com suas obras que os registros de tais movimentos podem ser abstratos. Praticar o olhar ao ar livre, para procurar movimentos de seres vivos e objetos em movimentação para melhor compreensão dos alunos. 2) Ao ar livre para aperfeiçoamento da observação dos alunos, relembrar das ideias de Marey sobre registros de movimentos pensar e decidir o que será retratado de movimento nessa atividade. Os alunos serão divididos em grupos, pois a atividade será um pouco mais complexa e a conversa entre eles de ideias do que viram e irão registrar é importante. Dessa forma flui melhor a composição final do trabalho. Após escolha, contextualizar o porquê daquela criação. Escolher também através de revistas, texturas diferentes, cores para a próxima aula. 3) Em sala de aula, os grupos irão juntar os recortes escolhidos e vão pensar em como poderão recriar o objeto/ser vivo. Não necessariamente os estudantes devem montar a arte do mesmo jeito que o elemento se apresenta na realidade. Como se fosse um quebra-cabeça, devem ajeitar a imagem até conseguirem
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achar uma maneira na qual a colagem seja aceita por todos do grupo e o resultado de suas montagens seja a melhor representação do objeto/ser vivo em comum retratado pelo grupo. Numa cartolina eles colam e formam a imagem. Essa atividade pode ser trabalhada com alunos na faixa etária de 10 a 14 anos de idade.
Objetivos |
Observar o que está se movendo ao redor deles na escola, como retratar algo que está em movimento, reflexão de ideia de movimentação usando colagens, na montagem e trabalho em grupo. Contextualização de suas criações, abrir a cabeça dos alunos para fugirem da representação fiel do real.
Materiais | Revistas, cartolinas, cola e tesoura.
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PABLO PICASSO Pablo Picasso nasceu em Málaga na Espanha em 1881, sendo considerado um gênio das artes plásticas. Aos 7 anos surgiu seu interesse pela arte, ganhando seus primeiros lápis e também os primeiros incentivos vindos do pai, Jose Ruiz y Blasco, que era um pintor naturalista mais conhecido por retratar pássaros. No ano de 1891, o artista e sua família se mudaram para cidade de La Corunã, onde o pai começou a atuar
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como professor de arte, sendo que nessa mesma época, o mesmo já se impressionava com as pinturas do filho, já capaz de representar pássaros melhor que o pai. Poucos anos depois, Picasso e família se mudaram novamente, só que dessa vez para Barcelona, onde o artista fez sua primeira exposição com uma obra de pintura a óleo, tendo sua irmã como modelo, e a dando o nome de “A Primeira Comunhão”, sendo que nessa mesma época, já estava matriculado na Academia La Lonja, da qual sairia algum tempo depois para estudar em Madrid, na Academia São Fernando, porém, não se mantendo muito tempo no lugar, pois a achava muito conservadora. Fazia também visitas constantes ao Museu do Prado, procurando conhecer a fundo obras de grandes artistas, principalmente de El Greco. Em 1889, volta a Barcelona e começa a socializar com novos artistas e frequentar cafés, onde alimentaria uma ideologia anarquista e uma preocupação encontrada em diversos locais da cidade. Porém, algum tempo depois de diversas visitas a Paris, decide definitivamente se estabelecer por lá, onde passou a se relacionar com pessoas importantes, como Matisse, conseguindo algum tempo depois seu reconhecimento de forma popular como artista. Picasso morreu em 1973 em Mougins na França, onde vinha trabalhando de maneira ativa, mesmo depois de passar por duas cirurgias.
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POÉTICA Picasso era um paradoxo. Sendo um artista inventivo, desafiador e engajado em lutas sociais, encarnando com uma grande amplitude e intensidade como nenhum outro artista contemporâneo fez. Tinha um espirito artístico inquieto, onde abandonava fases e poéticas, com exemplo da sua fase azul, que deu lugar ao experimental e geométrico Cubista. O artista procurava usar seus pincéis como fonte de denúncias, como exemplo da Guerra Civil Espanhola e também dos bombardeios nazistas sobre a cidade de Guernica.
OBRAS
Picasso elaborou a Guitarra em 1914. Feita em folhas de metal e fios, expressava um breve, mas intenso processo de experimentações, dando forma a esse modesto, porém, revolucionário trabalho.
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Pablo Picasso Guitar (1914)
Inspirado no bombardeio da cidade Guernica em abril de 1937, Picasso criou essa obra de arte em meio a uma fase mais escura, onde sua mãe falecera a pouco e a Segunda Guerra Mundial tomava forma. Foram usadas as cores preto e branco para intensificar a sensação da tragédia, junto a figuras surrealistas e cubistas, sendo geometricamente decompostas.
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Pablo Picasso Guernica (1937)
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PROPOSTA DE AULA TRANSFORMANDO EM ARTE Metodologia |
Nessa primeira atividade faremos uma breve descrição e explicação aos alunos sobre deficiência visual, mostrando também que existem vários graus dessa deficiência, desde a perda parcial da visão até a total. Serão expostas na lousa obras do Picasso, onde o professor apresentará um pouco sobre a história do artista e qual técnica dele será trabalhada. Após essa apresentação a classe será separada em grupos para o auxílio dos colegas com deficiência visual, depois de separados, sairemos da sala e ai será iniciada a explicação da atividade. Será dito aos alunos que recolham pela escola elementos recicláveis e da natureza como, terra, galhos, mato, folhas, papeis de bala, garrafas, entre outros. No reconhecimento da área os alunos auxiliarão os colegas deficientes, levando suas mãos até elementos para que eles sintam a textura e também possam escolher o que querem colocar em seu trabalho em grupo. De volta para a sala de aula faremos um trabalho com esses materiais, utilizando cola colorida, cola branca, durex e como suporte uma cartolina branca. Mas antes de começarmos a atividade, todos terão de refletir sobre o que fazer com os materiais para relaciona-los com a técnica de assemblagem que Picasso utiliza em algumas de suas obras, que é uma forma
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de composição que utiliza materiais diversos com superfícies que tenham textura. Com os materiais que recolheram, os alunos irão refletir como compor um trabalho recriando um espaço em que eles já tenham estado no seu cotidiano, derivando de paisagens até mesmo sua própria casa, a escola, entre outros. Também pode ser feita um tipo de tinta utilizando cola, terra e água. Após essa reflexão os grupos descreverão o que será feito ao professor, para que tenha certeza de que entenderam a ideia da atividade, depois de descreverem poderão soltar a criatividade. Ao término da atividade todos irão expor seus trabalhos para os colegas verem e sentirem suas texturas, e depois o grupo fará uma pequena contextualização sobre o que aquele trabalho representa para eles. Essa atividade pode ser trabalhada com alunos na faixa etária de 6 a 14 anos de idade.
Objetivos |
Nessa atividade temos como objetivo o trabalho em equipe, mostrando aos alunos que é possível que todos, mesmo com suas dificuldades, possam se ajudar, socializar e entrar em um consenso, o trabalho artístico e inclusivo, ensinando os alunos a descreverem o significado de seus trabalhos aos colegas e a transmitir uma coisa que é do cotidiano dos alunos que enxergam e transformando em um trabalho onde os alunos com deficiência visual poderão entender ao sentirem com suas mãos o que os colegas veem a fora.
Materiais | Elementos recicláveis e da natureza, cartolina, cola colorida, cola branca e água (se for fazer a tinta com terra).
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JEAN DUBUFFET Nascido na França em 1901 na cidade de Havre, o pintor Jean DuBuffet já expressava desde pequeno seu apreço por arte, sendo que aos 8 anos já pintava algumas obras. Já com a idade de 15 anos, ingressou na Escola Visual de Belas Artes de sua cidade natal, também cursando o liceu local. Já em 1918 vai para Paris, inscrevendo-se na célebre Academia Julian a frequentando por apenas 6 meses, já que achava que não estava aprendendo aquilo em que estava interessado.
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DuBuffet, realizou trabalhos entre 1918 e 1937 em que criticava a forma radical de algumas vanguardas do início do século, sendo que no ano de 37, abandonou a sua carreira artística para se dedicar a produção de vinhos em que 5 anos depois voltaria a mesma, porém dessa vez realizava trabalhos mais crus e rudes. Criou em 1948 a Companhia da Arte Bruta, utilizando o termo Art Brut em que descrevia o tipo de arte criada por psicóticos, crianças ou pessoas sem formações artísticas. Também, a partir do ano de 1966, passou a se dedicar somente a esculturas e montagens, que eram sempre de grande porte, estando espalhadas por muitas cidades da Europa. Morreu em 1985, em Paris, sendo que em seus últimos anos de vida se dedicou a obras pictóricas, fazendo obras com menos violência e mais composições estudadas.
POÉTICA DuBuffet mantinha uma ênfase sobre as matérias, procurando sempre explorar as texturas, experimento com diversos materiais e cores, sendo utilizados resíduos industriais, areia, gesso, barro, asfalto, etc. O artista acreditava cada vez mais na acentuação do primitivo por contraste com o civilizado, transmitindo cada vez mais a suas obras um caráter ingênuo, infantil e irônico.
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Jean Dubuffet Vache TachetĂŠe (1954)
OBRAS
Dubuffet era um artista interessado em aprender vários aspectos da arte, ele passou pelo aprendizado de textura, arte primitiva e paisagens fazendo estudos intensos sobre cada uma. Na obra Vache Tachetée que significa Vaca Malhada, ele representa só a forma de um animal, com cores escuras dentro, mostrando seu fascínio pela natureza. Além disso ele não pinta com tinta a óleo, utiliza a matéria da própria natureza.
Jean Dubuffet Rue Passagère (1961)
DuBuffet foi o precursor da assemblagem, que segundo ele “vão além das colagens”. Em sua obra Rue Passagère, o artista mistura pintura a óleo com vários outros materiais, juntamente com a utilização de cores vivas, um traço espontâneo e a falta de perspectiva. É possível ver também a representação de varias figuras humanas espalhadas na parte inferior da obra.
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PROPOSTA DE AULA
TRABALHANDO COM GESSO Metodologia | Visando trabalhar com matérias diferentes, essa proposta foi criada com inspiração nas obras de Jean DuBuffet, onde o mesmo utilizava materiais inusitados como gesso, asfalto, resíduos industriais, entre outros, em suas obras. Começando a aula, o professor deverá passar uma breve introdução sobre o artista onde apresentará suas obras, poética e sobre a sua vida para os alunos. Seguindo essa introdução, os alunos precisarão trazer uma tela de qualquer dimensão, gesso, tinta acrílica ou guache. Com o auxílio do professor, darão início aos seus trabalhos, sendo proposto fazer releituras das obras de DuBuffet. Ao final da atividade, o professor pedirá aos alunos para mostrarem suas obras para os colegas, seguido de um debate sobre como se sentiram trabalhando com o material e também o processo de criação de suas obras. Essa atividade será realizada em sala da aula e visa trabalhar com a faixa etária de alunos de 8 a 15 anos.
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Objetivos |
Essa atividade tem como objetivo a exploração de novos materiais, como o gesso, onde as crianças poderão criar obras com relevos, além de explorarem novas técnicas. Também, criar um maior senso críticos sobre as obras que observaram e criaram.
Materiais | Gesso, Tela, Tinta Acrílica, Guache.
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Estesias mostra o desenvolvimento dos alunos no espaço artístico em sua volta, as aulas preparam os alunos a desenvolver essa abordagem de maneira lúdica, divertida, trazendo eles para o ambiente ao ar livre, para analisar, explorar e refletir sobre como tudo isso pode influenciar em seus futuros trabalhos artísticos. Os artistas que serviram como referências para esse trabalho foram selecionados por conta de suas diferenciadas poéticas, as quais envolvem um processo de criação em variadas linguagens das artes visuais, trabalhando elementos como cores, movimentos, emoções e observações. As características citadas são trabalhadas todos os dias, de diversas formas e com demais educadores, com as crianças inseridas no projeto. Possuindo desconhecimento dessas práticas, favorecendo a aprendizagem das crianças, como indivíduo e como um grupo, tornam-se mais empáticas, pré-dispostas, envolvidas e interessadas no que está implícito no ambiente escolar e ambiente social. Além disso, o material desenvolvido aborda as questões de inclusão do deficiente visual nas escolas e alcança de maneira clara e objetiva como nos dias atuais existe um retorno positivo para o aprendizado desses alunos em sala de aula graças aos recursos existentes que contam com materiais especiais e também do interesse e imposição do professor para auxiliá-los. As várias vertentes de ensino e como se pode além disso aprender com eles, atividades sensoriais nas quais possibilitam captar como o funcionamento de suas habilidades motoras e sensíveis ocorrem para realização de aulas propostas no material “Estesias”.
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA ELETRÔNICA
HOLM, Anna Marie. Fazer e pensar arte. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2005.
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