JACA
JORNADA ALIMENTO CORPO E AMBIENTE
JULIANA DA MATA SANTOS
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JACA
Jornada do alimento corpo e ambiente
Juliana da Mata Santos Tese de Graduação Integrada I - São Carlos,Junho 2019
Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo - USP.IAU
COMISSÃO DE APOIO PERMANENTE (CAP)
Prof. Doutor Davi Moreno Sperling Prof. Doutor Joubert José Lancha Prof. Doutora Akemi Ino Prof. Doutora Aline Coelho Sanches Corato
COORDENADOR DE GRUPO TEMÁTICO (GT) Prof. Doutor Tomás Antonio Moreira
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Sumário TERRITÓRIO
ENGENHO
CANA
SURGIMENTO CIDADE
A REGIÃO EM PIRACICABA
CANA
EVOLUÇÃO URBANA
BANALIZAÇÃO DO EDIFÍCIO
DADOS IBGE
MACROZONA RURAL E URBANA
ESTUDO PARA AS MARGENS
DADOS IBGE
MACRORREGIÕES
ANÁLISES DA REGIÃO
DADOS IBGE
DENSIDADE HABITACIONAL FEIRAS HIERARQUIA DE VIAS CICLOVIAS CICLOVIAS E INSTITUIÇÕES ÁREAS VERDES
DADOS IBGE
AGRICULTURA
ALIMENTO
TIPOS DE CULTIVO
ALIMENTO
PAISAGEM CULTURAL
AGRICULTURA SINTRÓPICA
ESPAÇOS EXPOGRÁFICOS
AGROFLORESTA
PAISAGEM CULTURAL
PERMACULTURA
EDIFÍCIOS EXISTENTES
AGROECOLOGIA
EDIFÍCIOS INTERVENÇÃO
AGRICULTURA REGENERATIVA
CAMINHOS E FLUXOS
DADOS IBGE
ESPAÇOS LIVRES ESPAÇOS LIVRES ESPAÇOS DA NATUREZA ESPAÇO DE TROCAS E REFEIÇOES ESPAÇO EXPOGRÁFICO PERCURSO SENSITIVO SÍNTESE BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO A inquietação para esse projeto surgiu a partir de uma pesquisa interna da minha própria relação com os alimentos, corpo e ambiente e desta mesma relação relatada por pessoas próximas. A primeira inquietação surgiu com o alimento, mas precisamente relacionado a três fatores deles: - de onde vem; - como adquirir esses produtos; - como é manipulado. A busca sempre foi por algo que voltasse ao mais simples possível. Como esse alimento foi produzido? Essa produção está em harmonia com a natureza? Como esse alimento foi colhido, transportado e entregue? Ele chegou embalado em diferentes materiais extremamente nocivos ao meio ambiente ou ele chegou simples, sem nada o mascarando? Como este produto foi adquirido? Em um supermercado ou em uma feira? Se numa feira, o feirante era o produtor do mesmo
ou era apenas o vendedor daquele alimento? Ao chegar em casa, as inquietações chegavam agora ao campo da alimentação. Em casa, como esses alimentos são manipulados? Eles são ingeridos crus após serem higienizados ou usa-se algum método de cozimento? Esse método de cozimento tem a intenção de mostrar o alimento como ele realmente é ou tenta marcará-lo com algum artifício culinário? Em quantas refeições ao dia prodominam esses alimentos? Quantos alimentos industrializados estão presentes no dia a dia?
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SURGIMENTO CIDADE
O povoado de Piracicaba foi fundado em 1º de agosto de 1767, à margem direita do salto, 90 quilômetros da foz do rio Piracicaba. Seu arruamento seguia uma malha ortogonal, cujo projeto foi coordenado por Alferes José Caetano Rosa. O desenvolvimento do povoado girava em torno de uma agricultura diversificada. A escolha da margem direita do Rio Piracicaba, feita pelo Capitão Antônia Corrêa Barbosa, ocorreu pelo fato do local já estar habitado por índios da etnia Palaguá e posseiros, servindo de ponto de apoio às embarcações que desciam o Rio para abastecer o Forte de Iguatemi. Em 1784, o povoado foi transferido para a margem esquerda do rio, pois, além de possui solo mais férteis, sendo um elemento gerador de disputas, era um território mais apto à comportar o crescimento e desenvolvimento do povoado. Em 29 de novembro de 1821, Piracicaba foi elevada à categoria de Vila, tomando o nome Vila Nova da Constituição. No ano de 1836, a Vila começou a
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FONTE: IPPLAP
vivenciar um período de expansão, tendo toda sua área ocupada predominantemente por pequenas propriedades. Piracicaba já havia se tornado um importante centro abastecedor, possuindo culturas de café, arroz, feijão, milho, algodão e fumo, além de pastagens para criação de gado. Em 24 de abril de 1856, Piracicaba foi elevada à categoria de Cidade. Em 1893, foi implantado o serviço de iluminação pública, tal qual vinha do excedente energético gerado pela usina hidroelétrica que abastecia a indústria de fiação e tecelagem. Há uma aproximação da relação cidade-água desde o início do desenvolvimento urbano, mas a água era predominantemente usada pela indústria. Assim, a cidade cresce em direção às colinas, fazendo com que as margens se tornem periferia, uma área para habitação daqueles com menor poder aquisitivo, mesmo estando tão próxima ao centro da cidade. Predominavam duas grandes infraestruturas da cidade juntas ao rio: o Engenho Central e a usina hidroelétrica na Fábrica Boyes.
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EVOLUÇÃO URBANA
1956
1969
1982
1999
FONTE: IPPLAP
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MACROZONA RURAL E URBANA
LEGENDAS zona rural zona urbana
MACRORREGIÕES
NORTE
LESTE CENTRO OESTE
SUL
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DENSIDADE HABITACIONAL
LEGENDA sem dados 0 à 2500 hab. 2500 à 5000 hab. 5000 à 7500 hab. 7500 à 10000 hab. 10000 à 12500 hab. 12500 à 15000 hab. 15000 à 20000 hab. > 20000 hab.
FEIRAS
LEGENDAS varejões feiras livres feiras orgânicas
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HIERARQUIA DE VIAS
Charqueada
Rio Claro Rod. Washington Luiz
São Pedro
Limeira Rod. dos Bandeirantes Rod. Anhanguera
Rod. Luiz de Queiroz Sta. Barbara D’oeste Americana Rod. dos Bandeirantes Campinas São Paulo
Botucatu Rod. Mal. Rondon LEGENDAS rodovias vias de contorno vias radiais vias parque vias arteriais anel viário existente anel viário proposto
Tietê Rod. Mal. Rondon
Rod. do Açúcar Itu Salto Sorocaba
CICLOVIAS
LEGENDAS ciclovias ao longo de rios e cรณrregos segunda macroestrutura cicloviรกria
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CICLOVIAS E INSTITUIÇÕES
LEGENDAS supermercados centros esportivos centros universitário centros culturais terminal terminal de ônibus rotas cicloviárias áreas comerciais FONTE: TC URBES
ÁREAS VERDES
FONTE: TC URBES
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A REGIÃO EM PIRACICABA
DENSIDADE HABITACIONAL
O ano de 1881 foi de extrema importância para a cidade de Piracicaba. Em janeiro, foi fundada a empresa Engenho Central pelo advogado e empresário Estevão Ribeiro de Sousa Rezende, o Barão de Rezende, com o capital de quatrocentos mil réis. Um dos objetivos era o de substituir o trabalho escravo pelo assalariado, além da mecanização dos meios de produção, onde todo o maquinário foi trazido da França pela empresa Brissonneau Frères. O Barão também doou o terreno para a construção da Empresa do Engenho Central e, em 7 de maio, Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial número 8089, concedendo ao Engenho Central de Piracicaba a autorização para funcionar. No mês de novembro, chegaram a Piracicaba os materiais, provenientes da França, para a construção do Engenho Central realizada pelo engenheiro mecânico Antonio Patureaux e por seu colega Fernando Desmoulin. Em dezembro, os estatutos da Empresa Engenho Central, para explorar a indústria açucareira na cidade de Piracicaba, foram aprovados pela Câmara. Em outubro de 1882, foi dado o início do funcionamento de todo o grande complexo agroindustrial do Engenho Central, tal qual funcionava com o auxílio das águas do rio.
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Na metade do século XX para frente, é notável o predomínio da monocultura da cana-de-açúcar sobre as outras diversas culturas antes predominantes. Essa mudança culminou na alteração da base econômica, além da alteração das exigências da mão de obra, o que por fim ocasionou o esvaziamento populacional do ambiente rural para o ambiente urbano. No ano de 1899, o Barão de Rezende decide vender o Engenho Central de Piracicaba a um grupo de três franceses, Durocher, Doré e Maurice Allain, com a denominação “Societé de Sucrerie de Piracicaba”. Após comprar o Engenho Central, o grupo o transformou no mais importante do país, com uma produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool, sendo então incorporado a outras seis usinas do grupo no Estado de São Paulo. Um complexo industrial para o setor sucroalcooleiro foi reflexo da alteração da base econômica, levando a um intenso desenvolvimento econômico e de expansão urbana. A malha urbana foi expandida e surgiram novos bairros para se adequar a população
que praticamente dobrou de tamanho. Todavia, esse crescimento econômico e urbano causou a degradação da bacia do rio Piracicaba. A partir da década de 1920, com a permanência do Doutor Holger Jensen Kok no complexo industrial, os antigos prédios do Engenho Central começaram a ser substituídos, conforme necessidade, por edifícios de alvenaria aparente. O edifício da Moenda foi ampliado, por Jean Balboud, engenheiro químico, adquirindo um frontão ornamentado que anteriormente possuía um relógio, além de uma nova fachada com linhas simétricas. As envasaduras da Moenda foram projetadas em vergas retas e em arcos abatidos, com ornamentação construída em tijolos. A Destilaria, foi reformada e ampliada pelo engenheiro Auguste Rinn, que também projetou o edifício do escritório. Destilaria essa que foi projetada por um sistema metálico modulado de peças intertravadas, possibilitando a ampliação de pavimentos. O edifício possui todas as fachadas diferentes entre si, envasaduras com vão em arco pleno e janelas de guilhotina. Enquanto isso, o edifício do escritório segue uma linha que se apro-
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xima da tipologia residencial, com destaque para as ornamentações cuidadosamente executadas com tijolos nas pilastras, balaústres e vergas. Também foram acrescidos armazéns que eram modulados de acordo com o tamanho necessário em alvenaria aparente e sistema estrutural metálico modulado. Em 1970, o Engenho Central de Piracicaba foi vendido para a UBASA – Usinas Brasileiras de Açúcar – de propriedade do empresário José Adolpho da Silva Gordo. Já em 1974, o Engenho Central foi desativado e reconhecido como patrimônio histórico, passando a desempenhar importante papel cultural, artístico e recreativo. O Engenho Central de Piracicaba possui 80 mil metros quadrados de área verde e 12 mil metros quadrados de área construída. Em 1º de agosto de 1989, o Engenho Central de Piracicaba foi tombado pelo CODEPAC.
FONTE: IPPLAP
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BANALIZAÇÃO DO EDIFÍCIO Com o predomínio de indústrias à margem do rio Piracicaba e com o crescimento da cidade priorizando o deslocamento da população para as colinas, a região da margem do rio se tornou uma área marginalizada pela população e, consequentemente, houve uma banalização desse local de extrema importância histórica para o Estado de São Paulo. A população perdeu sua relação identitária tanto com o rio Piracicaba quanto com os equipamentos, como é o caso do Engenho Central. O crescimento econômico e urbano que Piracicaba sofreu a partir da segunda metade do século 20, causou a deterioração do rio Piracicaba. Tal não vinha apenas de Piracicaba, mas também do despejo de resíduos industriais e de esgotos residências das demais cidades da bacia. Dado isso, no final da década de 60, a população de Piracicaba começou a se mobilizar pela recuperação do rio, estabelecendo na cidade uma “Praça do Protesto Ecológico”. Foi criado então o consórcio PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) para regular o uso das águas.
É a partir dessas lutas e protestos pelo rio que se dá o início à aproximação da relação da identidade local entre as águas e a população, invertendo o cenário de negação do rio e do espaço no qual a cidade foi fundada. Todavia, é só no ano 2000 que o poder público procura estabelecer uma unidade para ações de intervenção.
PROJETO BEIRA-RIO
FONTE: IPPLAP
Surge o Projeto Beira Rio, com o objetivo de diagnosticar os problemas, potencialidades e especificidades sociais, culturais e espaciais na relação cidade-rio. Entre as diretrizes determinadas destaca-se a priorização do pedestre, a transformação e reconhecimento das margens como espaços públicos, a preservação e valorização do patrimônio cultural, a manutenção dos usos consolidados e integração com o entorno, e a valorização do verde através da recuperação da vegetação nativa. O Projeto Beira Rio foi incorporado à rotina municipal e vem sendo desenvolvido desde 2007.
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ESTUDO PARA AS MARGENS No ano de 1972, a prefeitura realizou um estudo para determinar usos e infraestrutura necessária para implantar na área de 23 hectares à margem do rio que desapropriaram. Com o objetivo de dar um caráter turístico para a região, o estudo estabeleceu diretrizes para requalificação de edifícios existentes e a criação de novos com o intuito de implementar equipamentos variados, como museus, aquário público, restaurantes, teatro de arena, entre outros, além do restauro dos casarios existentes. Todavia, a principal diretriz do estudo era a reformulação do sistema viário e a continuidade da Avenida Beira Rio. Esse estudo foi alvo de diversos questionamentos, pelo seu caráter segregacionista em relação à conexão do rio e cidade, não sendo implantado. A arquiteta Dulcinéia Gobeth, junto com os arquitetos Luiz Egídio Simoni e Luiz Gobeth Filho, desenvolveram, em 1977, um projeto como alternativa para a prefeitura, criando uma relação direta entre rio-cidade valorizando o contato do pedestre com as margens. Projeto esse que foi pensado em intervenções em longo prazo, dividindo a área em sete setores, res-
PRIMEIROS PROJETOS DE PARQUE LINE
EAR
peitando a vocação de cada um deles. Estes setores tinham como objetivo abranger 3 complexos: cultural, esportivo e de lazer. A partir desse projeto foi construído o Parque da Rua do Porto e a Rua do Porto. A princípio a população não aderiu à rotina de lazer e esporte usar o espaço projetado, levando assim a prefeitura a transferir, no fim da década de 1980, o poder executivo e suas secretarias.
FONTE: IPPLAP
A margem direita do rio, espaço em que pertence o Engenho Central, o processo foi bastante vagaroso, dado que até 1974 o Engenho ainda estava ativo. A princípio ficou-se em estudos para analisar a viabilidade de manter ou demolir os edifícios, porém, em 1989, quando o Engenho Central foi tombado pelo CONDEPAC como patrimônio público, esse cenário se alterou. Logo após o tombamento, a Semac (Secretaria Municipal de Ação Cultural) foi transferida para o local. Em 1992, foi inaugurada a Passarela Pênsil que conectava a Rua do Porto ao Engenho. A criação desse acesso pedonal foi fundamental para a reinserção do
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Engenho no cotidiano da população e para a conexão das margens do rio. Em 2002, foi realizado um novo estudo para o Parque do Engenho Central pelo escritório Brasil Arquitetura, com o intuito de estabelecer a infraestrutura necessária para eventos e usos que eram consolidados na cidade de Piracicaba, como é o caso do Salão Internacional de Humor, a Paixão de Cristo, Festa das Nações, Simtec, entre outros. Incluído nesse estudo, ainda tinha a requalificação de alguns edifícios do Engenho para comportar o Museu de Ciência e Tecnologia e o Museu do Papel e Artes Gráficas. No entanto a proposta não foi executada, mas deu origem ao projeto do Teatro Erotídes de Campos, projetado pelo mesmo escritório, Brasil Arquitetura. Em 2009, a prefeitura formalizou a posse do Engenho Central com o antigo proprietário, possibilitando assim efetivos investimentos do poder público para a requalificação do espaço. A partir desta regularização, é inicializada as obras de urbanização do Engenho, com redes subterrâneas de infraestrutura, pavimentação e de adaptação de edifícios. O edifício 14A foi direcionado para a administração do parque e espaço de exposições; o 14, para o Salão Internacional de Humor e o galpão 6, para o Teatro Erotídes de Campos.
FONTE: BRASIL ARQUITETURA
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ANÁLISES DA REGIÃO
FEIRAS feiras orgânicas feiras livres varejões
INSTITUIÇÕES centros universitários centros culturais terminal de transferência centros esportivos terminal rodoviário intermunicipal
CICLOVIAS ciclovias propostas ciclovias
TRANSPORTE PÚBLICO rotas de ônibus
FLUXO DE VIAS E MASSAS ARBÓREAS fluxo de baixa intensidade fluxo de média intensidade fluxo de alta internsidade massa arbórea pouco adensada massa arbórea muito adensada engenho central
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CANA A cana de açúcar é algo presente no Brasil desde sua época colonial. Neste período, a cana de açúcar era produzida em sistema de plantation, onde se fazia a produção da monocultura da cana de açúcar para fins de exportação do açúcar através de mão de obra escrava. O Brasil Colônia foi o maior produtor de açúcar nos séculos XVI e XVII, tendo como principais regiões produtoras Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. No ano de 1973, ocorre o segundo choque do petróleo, e o Brasil que ainda estava abalado pelo crash da bolsa de 1971, viu-se mais uma vez em frente ao aumento acelerado das taxas de inflação, de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. Uma das alternativas buscadas foi investir em combustíveis alternativos, dando origem ao programa Proálcool em 1975. A partir desse momento a monocultura da cana e a produção do etanol ganharam uma nova dinâmica, alterando assim a base econômica de várias regiões com produtores de cana de açúcar e com usinas sucroalcooleiras, como é o caso do estado de São Paulo, mais especificamente da cidade de Piracicaba.
A partir desse momento houve um desenvolvimento das tecnologias e métodos de cultivo da cana de açúcar, além do seu processamento para transformação em etanol. A monocultura é o método de cultivo usado até hoje no Brasil e em muitos lugares no mundo. Esse tipo de cultivo possui diversos impactos negativos, como a contaminação do solo e dos lençóis freáticos pelo uso de agrotóxicos, entre muitos outros1. Apesar de causar altíssimos danos ao ambiente, o etanol é tido como uma fonte “limpa” de energia, por não se derivar de petróleo. Técnicas de green washing usadas por empresas de marketing são as responsáveis por essa leitura que a maioria das pessoas faz da produção de etanol. 1A produção de cana-de-açúcar provoca os seguintes impactos: redução da biodiversidade, causada pelo desmatamento e pela implantação de monocultura; contaminação das águas superficiais e subterrâneas e do solo, devido ao excesso de adubos químicos, corretivos minerais, herbicidas e defensivos agrícolas; compactação do solo, devido ao tráfego de máquinas pesadas durante o plantio, tratos culturais e colheita;assoreamento de corpos d’água, devido à erosão do solo em áreas de reforma; emissão de fuligem e gases de efeito estufa, na queima de palha, ao ar livre, durante o período de colheita; danos à flora e à fauna, causados por incêndios descontrolados;consumo intenso de óleo diesel nas etapas de plantio, colheita e transporte;concentração de terras, rendas e condições sub-humanas de trabalho do cortador de cana.
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A cana de açúcar é tida como uma matriz energética “limpa” produtora de etanol, importante combustível automotivo brasileiro desenvolvido no período da crise do petróleo. Entretanto, o impacto que a monocultura da cana de açúcar causa no meio ambiente não é amplamente divulgado, sendo inclusive mascarado pelo green washing publicitário que divulga o etanol como uma fonte energética limpa e sustentável comparado aos derivados de combustíveis fósseis. Além da dimensão ambiental de impacto da monocultura canavieira também deve se apontar as dinâmicas de trabalho que esse tipo de produção acarreta. Os Boias Frias, como são conhecidos os trabalhadores que executam o corte da cana de açúcar, são extremamente explorados, trabalhando em condições extremamente severas sem o devido pagamento, estando assim em condições próximas à escravidão. Esse trabalho não se limitava apenas à homens, mas também mulheres e crianças, recebendo uma quantidade irrisória comparada ao esforço que o trabalho exige. Juntamente ao impacto causado ao solo por ser um cultivo de monocultura, era extremamente comum a
queimada dos canaviais para facilitar o seu corte, antes da proibição por lei2. Atualmente, com a difusão das máquinas colheitadeiras, a prática das queimadas foi proibida e também houve a substituição da mão de obra dos boias frias pela mão de obra especializada na operação dos maquinários de colheita.
2. Dentre todos os impactos ambientais gerados pela agroindústria da cana-de-açúcar, o mais conhecido e mais discutido ao longo dos anos tem sido a queima da palha, método usado para facilitar a colheita. Mesmo com a Lei Estadual 11.241, de 2002, que veta a queima de palha de cana, ao ar livre, as regiões urbanizadas das cidades paulistas de Piracicaba, Ribeirão Preto, Araraquara, Catanduva e Jaú convivem com as queimadas desde a intensificação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), em 1975.
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DADOS IBGE
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DADOS IBGE
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DADOS IBGE
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DADOS IBGE
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FONTE: FAZENDA DA TOCA
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TIPOS DE CULTIVO Existem diversas maneiras de lidar com a produção de alimentos. As dinâmicas cada vez mais aceleradas da sociedade contemporânea e a constante necessidade de produção de mais alimentos para acompanhar o crescimento populacional do planeta, levaram ao predomínio de grandes monoculturas alimentares. Estas são controladas por agrotóxicos, processados em meios fabris, e geram alimentos com uma duração bem maior quando comparadas aos alimentos orgânicos, pois durante sua produção se faz o uso de conservantes. Os alimentos são levados ao consumidor in natura ou após o processo de embalagem por uma empresa especializada. Entretanto, sempre existiram aqueles que eram contra essa produção degradante ao meio ambiente e que buscavam de maneira harmônica com a natureza se produzir, com o uso da terra, de forma mais consciente. Esses anseios vêm se recuperando através de pesquisas e experiências de modos precursores da produção agrícola associados às tecnologias, tentando aplicá-las às demandas da sociedade contemporânea.
Existem atualmente cinco maneiras de produção agrícola orgânica:
- Agricultura Sintrópica
- Agrofloresta
- Permacultura
- Agroecologia
- Agricultura regenerativa
Fora o fato destes tipos de produção gerarem um alimento de maior qualidade nutritiva, por não possuírem agrotóxicos ou serem alimentos transgênicos, estes cultivos geram uma nova dinâmica entre o agricultor e o consumidor, com o intuito de eliminar o personagem intermediário que seria o mercado como empresa, ou empresa que processa ou embala esse alimento antes de enviá-lo para o mercado. Busca-se então nesta nova dinâmica o contato direto do produtor com o consumidor, eliminando assim o intermediário.
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Essa dinâmica só é viável quando existem fazendas/ sítios/terrenos de produção orgânica nas cidades ou em seus arredores, rompendo assim o sistema de monoculturas, onde os alimentos fazem grandes percursos até chegarem ao seu destino final. Também, nos cultivos orgânicos, se recupera a dinâmica das estações do ano e os alimentos correspondentes a cada uma delas, trazendo assim novamente para a alimentação um consumo de frutas e legumes bastante variados com o decorrer do ano. Atualmente, com a dinâmica acelerada da sociedade urbana, as pessoas cada vez mais vêm perdendo o contato com a natureza, seu corpo e o alimento. Esta tese tem como um de seus pilares a retomada da relação do homem com a natureza através da alimentação e o contato e pesquisa da produção de alimentos orgânicos em sistemas harmônicos com a natureza.
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AGRICULTURA SINTRÓPICA Desenvolvida pelo suíço Ernst Götsch na década de 1980 na Bahia, abrange um conjunto teórico e prático de agricultura. Tal método busca traduzir os processos naturais em práticas agrícolas, tanto em forma, quanto em dinâmica e função. Há então a criação de serviços ecossistemáticos a partir da determinação de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos. Esse método ajuda na formação do solo, regulação do microclima e favorece o ciclo da água. Alguns fundamentos básicos que orientam esse método, são a criação de sistemas de sucessão natural. Tais são: Sistema de Placenta, Sistema de Acumulação e Sistema de Abundância ou Escoamento.
FONTE: www.agendagotsch.com
FONTE: ALE NAHRA
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AGROFLORESTA Também conhecido com SAF, é um sistema de cultivo em consórcio com árvores e agricultura, dando assim mais resiliência ao cultivo, além de ser um meio mais produtivo e vantajoso economicamente quando comparado ao sistema de monocultura. Esse sistema aumenta a qualidade do solo e da água, ajuda a controlar o microclima, além de reduzir erosão do solo e atuar na recuperação de florestas. Estimula os ecossistemas, reduzindo assim o prevalecimento de pestes, além de auxiliar na construção da paisagem.
FONTE: FAZENDA DA TOCA
FONTE: RENATURE
FONTE: SÍTIO SEMENTE
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PERMACULTURA Criada na década de 1970 por Bill Mollison e David Holmgren, denominada como PERMAnent agriCULTURE. Esse tipo de produção transpassa a agricultura, sendo caracterizada como um SISTEMA DE DESIGN, abrangendo também a compreensão ecológica, leitura da paisagem, reconhecimento de padrões naturais, uso de energias e bom manejar dos recursos naturais. Atualmente, a permacultura é vista como uma ciência. A permacultura possui 3 éticas e 12 princípios de planejamento.
FONTE: permacultureprinciples.com
FONTE: lar-natural.com.br
FONTE: CPCD
FONTE: VERACIDADE
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AGROECOLOGIA É uma DISCIPLINA CIENTÍFICA, que busca, a partir da interdisciplinaridade estudar a teoria dos processos ecológicos, olhando para componentes econômicos, sociais, culturais e ambientais. A agroecologia atua além do campo da pesquisa, estando presente em movimentos políticos e sociais, ou ainda com o nome de Feiras Livres. O termo agroecologia não está associado a um método de produção agrícola específico.
FONTE: STA. JULIETA BIO
FONTE: STA. JULIETA BIO
FONTE: FELIPE VIEIRA
FONTE: STA. JULIETA BIO
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AGRICULTURA REGENERATIVA Criado por Robert Rodale em 1983 nos EUA, esse método busca a regeneração e manutenção do sistema de produção alimentar com um todo, abrangendo as comunidades rurais e produtores, as culturas e os consumidores, levando em consideração as questões éticas, econômicas, culturais, ecológicas e de equilíbrio social. Esse sistema parte das teorias de hierarquia ecológica, com o intuito de regenerar os sistemas agrícolas a longo prazo.
FONTE: FARFARM
FONTE: www.agendagotsch.com
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DADOS IBGE
CULTURAS PERMANENTES EM PIRACICABA, 2016
CULTURAS TEMPORÁRIAS EM PIRACICABA, 2016
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ALIMENTO A alimentação sempre foi uma pauta essencial em discussões sobre crescimento populacional. Thomas Malthus em 1798 publicou um artigo, chamado “Um ensaio sobre o princípio da população”, no qual defendia que a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética, esse descompasso de crescimento seria responsável por diversos conflitos causados pela fome. Desde então a produção alimentar mundial buscou suprir esse déficit procurando maneiras para aumentar cada vez mais a produção alimentícia. Porém as dinâmicas do mundo se alteraram, também a relação do homem com o alimento. As demandas crescentes por alimentação, as grandes guerras e o surgimento da sociedade moderna foram fatores que causaram cada vez mais o afastamento do homem com o que ele come. As demandas crescentes por alimentos fizeram com que as pesquisas como foco em melhorar o desempenho da agricultura fosse extremamente estimulado. Áreas cada vez maiores passaram a comportar
cultivos de monoculturas e o pequeno produtor rural foi perdendo cada vez mais o seu espaço. O desenvolvimento de técnicas genéticas para melhorar o desempenho das plantas é absurdo, buscando torná-las cada vez mais resistentes às pragas e atingindo ponto de colheita cada vez mais rápido. O desenvolvimento de agrotóxicos também foi algo estrondoso nas últimas décadas. Conforme o homem foi aprendendo maneiras de produzir de forma mais eficiente, o mesmo foi se distanciando cada vez mais da sua relação com o alimento. O desenvolvimento do conceito de fast food foi o momento de viragem da relação do homem com o alimento. O fast food industrial, trazendo ao consumidor os alimentos prontos mergulhados em conservantes químicos, iludiu o homem moderno dinâmico que só buscava praticidade e evolução. Décadas se passaram e cada vez mais esse afastamento foi se enraizando, sendo passado de geração para geração. Não é à toa que este é o momento da história com a maior quantidade de pessoas com Diabetes Tipo 2 e o maior número de casos de obesidade.
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Em tempos em que tudo é muito volátil, o ato de se alimentar pode existir como um momento de aterramento do homem, momento de conexão consigo e com a natureza. A retomada de uma alimentação mais próxima está não somente relacionada ao ato de comer, mas também ao contato com o alimento, manuseio e preparo. Conforme dados apresentados por Bela Gil no Seminário FRUTO, realizado em janeiro de 2018, atualmente no Brasil, 70% dos alimentos consumidos provêm da agricultura familiar, porém apenas 30% do valor é remetido ao agricultor. Apenas 30% da produção de monoculturas vão à mesa do consumidor, e ocupam cerca de 70% da área agricultável do Brasil. No Capítulo 32 da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, estabelecem-se uma base para ação que tem como objetivo principal aproximar o produtor rural local do consumidor, além de incentivar os cultivos sustentáveis em harmonia e respeito com a natureza e seus ecossistemas.
A experiência da feira é algo de extrema importância nas dinâmicas das cidades, pois além de estreitar o contato do produtor com o consumidor, ela favorece economicamente ambas as partes por eliminar o elemento intermediário. Esse espaço se apresenta como momento de contato físico, olfativo, visual e auditivo com os alimentos e aqueles que o produzem. Neste momento, o Brasil, com sua gigantesca variedade de frutas, legumes, grãos e sementes, cria um festival de cores e sensações. Essas sensações estimulam um comportamento ancestral, de lidar com o alimento com o respeito que ele merece e voltar a dar valor para aquilo que foi perdido, o ato de cozinhar e comer. O ato de se alimentar foi bastante alterado com as novas dinâmicas da sociedade contemporânea. Atualmente, a maioria das pessoas usa o momento da refeição como momento para usar dispositivos móveis, usando as mídias sociais. Esse ato de multitarefas é extremamente negativo, como aponta Byung-Chul Han no seu livro Sociedade do Cansaço. Praticar ações múltiplas ao mesmo tempo remete à selvageria,
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em que animais ao se alimentarem sempre necessitam estar alertas para não serem predados. O homem contemporâneo, que vive numa sociedade civilizada, deveria executar cada tarefa individualmente para que consiga exercê-las em seu maior desempenho e com a maior atenção possível. Assim se reflete ao ato de se alimentar, ele deve ser feito unicamente e em total atenção para que o homem seja capaz de se conectar com aquilo que está fazendo, daí o conceito de atenção plena, mais conhecido como Mindfulness. Essa prática, originada no budismo, busca a atenção plena, não apenas no momento da meditação, mas ao decorrer do dia. Além disso, há um diferença grande entre o ato de comer por comer e o ato de comer para se alimentar e nutrir o corpo. Numa sociedade em que o estresse e ansiedade predominam, comer se tornou uma válvula de escape para grande parte da sociedade. Em um mundo em que existem opostos absurdos, onde de um lado, tem-se pessoas sem acesso à água potável e ao alimento; em outro lado, pessoas com tanta oferta de alimento que chegaram ao ponto de perder o controle sobre o ato de comer.
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PAISAGEM
ESPAÇOS EXPOGRÁFICOS A experiência do museu ganhou diversas linhas com o acúmulo cada vez maior de informações e a necessidade de difundí-las. Quando a instituição museu surgiu, seu intuito era histórico. Através de quadros, esculturas e outras peças, seu intuito principal era demonstrar a história das civilizações e do planeta. Podemos separar os museus em categorias: - Museus Históricos: buscam informar sobre períodos históricos, como é o caso dos Museus de História Natural, Museu de Ciência e Tecnologia, Museu da Indústria, Museu do Design, entre outros. Estes tipos de museus usam uma linguagem mais simples para atender a qualquer público, por seu intuito ser o de informar e estimular o visitante a pensar. - Museus Interativos: buscam informar a partir das tecnologias digitais e interação direta do visitante com as instalações e o edifício. Alguns exemplos desse tipo de museu são o Museu do Amanhã, Museu do Futebol. Esse tipo de museu não exige ou estimula o pensamento crítico do visitante, seu intuito principal é o de, primeiramente, entreter o visitante, podendo também querer informá-lo sobre algo.
- Museus de Arte: são museus que buscam divulgar um ou mais movimentos artísticos estimulando ou não um pensamento crítico do visitante através da curadoria. Esse foi um dos primeiros tipos de museus que surgiram, em que seus acervos, mais comumente, eram feitos pela aquisição das obras de colecionadores. Alguns exemplos são o Museu do Louvre, National Gallery de Londres, Solomon Guggenheim Museum, MoMA, MAC, MAM, entre outros. - Museu Escola: conceito criado por Lina Bo Bardi, que acreditava que o museu não é um espaço exclusivo da elite intelectual, mas sim de toda a sociedade. Esse tipo de museu busca através de sua arquitetura e curadoria, instigar pensamentos críticos e questionamentos por parte do visitante através de um diálogo com uma linguagem simplificada. A intenção é informar. Dois fortes exemplos são o MASP e as exposições de curadoria de Lina Bo Bardi para o SESC Fábrica da Pompéia.
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PAISAGEM CULTURAL A paisagem cultural é uma categoria dentro de preservação de patrimônio cultural. A paisagem cultural é entendida, assim, sempre como conjunto espacial composto de elementos materiais construídos associados a determinadas morfologias e dinâmicas naturais, formas estas que se vinculam a conteúdos e significados dados socialmente (SCIFONI, 2016) É composta por elementos materiais e imateriais. Os materiais se referem às edificações, espaços, natureza e outras. Os imateriais são compostos por grupos sociais, eventos entre outros. O espaço que compõe o Engenho Central de Piracicaba e o que ocorre ali se encaixa perfeitamente no conceito de Paisagem cultural. No âmbito material, temos: os edifícios do Engenho com seu alto valor histórico - onde estes são considerados patrimônio histórico industrial do Brasil; a água, como elemento pulsante que levou ao surgimento da cidade, possuindo forte caráter identitário; e a natureza, como elemento mutável dentro do Engenho que tem grande força na composição da paisagem.
No âmbito imaterial, Piracicaba possui diversos eventos que ocorrem dentro do espaço do Engenho Central ou que usufruem dele como mirante, como é o caso da Festa da Nações, Festa do Divino, entre outras. Esse projeto tem como objetivo o desenvolvimento aprofundado dessa paisagem cultural para a cidade de Piracicaba. Os elementos materiais e imateriais agem conjuntamente, buscando trazer ao usuário uma experiência aprofundada de contato pessoal, com a história do país e com a natureza. Partindo dos cinco sentidos, este projeto busca criar espaços que estimulem cada um deles de maneira bem singular, incentivando o ato de atenção plena (mindfulness). O programa é dividido em 5 momentos, sendo eles: - espacos livres
- espaços de natureza
- espaços de trocas e refeiçoes
- espaço expositivo
- percurso sensitivo
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Teatro Erotídes
Secretaria municipal da ação cultural e turismo
Administração do Parque do Engenho Central
EDIFÍCIOS EXISTENTES
de Campos
IPPLAP
CEDHU
FONTE: NELSON KON
FONTE: FABU
FONTE: NELSON KON
Espaço para refeições trocas e exposições
Espaço para manipulação de aliemntos e curso
EDIFÍCIOS INTERVENÇÃO
Espaรงo expogrรกfico
Acesso pedonal
Acesso pedonal
Acesso pedonal
Acesso trilha naturalizada
Acesso automรณveis
CAMINHOS E FLUXOS
FONTE: RODRIGO ALVES
FONTE: W.PEREIRA
FONTE: ANTONIO CARLOS
FONTE: ANTONIO CARLOS
Agricultura sintrópica
Agricultura regenerativa
Espaço de permanência
Praça da nascente
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Deques contemplativos
Mirantes
ESPAÇOS LIVRES
ESPAÇOS LIVRES Espaços livres: seguindo a narrativa da água, criando diferentes experiências para o usuário de contato com a água. - espaço de permanência: traz no desenho do piso um recorte que remete ao percurso do rio, criando um espelho d’água, dado que neste momento não há contato com o rio nem pela visão nem pela audição. - praça da nascente: busca trazer, através de um espelho d’água que parte da vegetação adensada e termina no limite do terreno, a narrativa da nascente ao rio, criando uma alusão da nascente e do pequeno córrego que desemboca em um grande rio. - deques: nesse momento o contato com a água e a natureza é o mais naturalizado possível, buscando trazer o usuário para o momento de contemplação pura. - mirantes: busca conectar a malha urbana ao engenho e ao rio, criando espaços de mirantes nos pontos mais altos do Engenho, permitindo uma experiência mais afastada, porém estimulando o acesso ao local por meio de trilhas.
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ESPAÇOS DA NATUREZA Espaço da natureza: aqui o usuário poderá usufruir do contato com a natureza de diversas maneiras. Através de cursos, será possível compreender como ocorrem práticas sustentáveis de produção de alimento, pelo sistema de agricultura sintrópica e agricultura regenerativa, além de aprender como manusear e manipular esses alimentos na cozinha de maneira a criar um contato enraizado entre usuário e natureza. O usuário também poderá percorrer a reserva por meio de trilhas, que possuem respiros com deques e mirantes.
ESPAÇO DE TROCAS E REFEIÇOES Espaço de trocas e refeições: o pavilhão mais longo do Engenho será transformado em um grande espaço para o ato de comer com atenção plena em um espaço coletivo, estimulando as trocas entre usuários e expressão. Comportando assim, um espaço mutável para exposições itinerantes, palestras, mostras de filmes, saraus e outros.
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ESPAÇO EXPOGRÁFICO Espaço expográfico: através da narrativa histórica, tem a intenção de mostrar, baseando-se no princípio do museu escola idealizado por Lina Bo Bardi, a história do Engenho Central, da produção de cana de açúcar, questionar os meios de cultivos utilizados e a relação agricultura e alimento;
PERCURSO SENSITIVO Percurso sensitivo: realizado através de deques por dentro do edifício adjacente ao espaço expográfico, será apresentada a roda d’água como geradora de energia, estimulando a audição através do barulho da água em movimento, também será destacada a relação entre edificação e natureza, criando espaços ao longo do percurso com plantas alimentares, estimulando o olfato e o tato;
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SÍNTESE
Espaços Livres
- praça da nascente
- espaço de permamência
- deques e mirantes
- agricultura sintrópica
- agricultura regenerativa
Edifícios existentes Edifícios intervenção
- espaço expográfico
- espaço de trocas e refeições
- espaço para manipulaçao de alimentos e cursos Novos percursos
- trilha naturalizada
- acesso pedonal
- acesso automóveis
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Juliana da Mata Santos 2019