JACA - Jornada do Alimento Corpo e Ambiente

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JACA

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JORNADA DO ALIMENTO CORPO E AMBIENTE JULIANA DA MATA SANTOS

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AGRADECIMENTOS O processo de construir a Tese de Graduação Integrada é de fato um percurso, um percurso muitas vezes dolorido mas acima de tudo de auto conhecimento. Estar com toda a responsabilidade da sua própria formação em suas mãos pode se tornar uma fardo difícil de carregar, somado à pressão de alcançar as expectativas dos nossos orientadores e pais, e ainda mais a nossa própria cobrança de alcançar as nossas próprias expectativas, causa danos emocionais. O meu processo de projetar surgiu a partir da minha intenção inicial de me permitir ser gentil comigo mesma durante esse percurso, e a experiência foi de fato incrível. Descobri uma área da arquitetura que discute aquilo que parte de mim, das minhas intenções para com o mundo, daí o surgimento de uma tese tão particular e tão íntima. Nesse percuso descobri um novo mundo de conhecimentos e de pessoas. A Professora Luciana Schenk tem um papel fundamental nesse meu percurso, pois foi por ela que tive a oportunidade de descobrir o desenho da paisagem a partir daquilo que ressoava dentro de mim, a alimentação. Foi ela, também, quem me apresentou a Conferência Tasting the Landscape, onde todos aqueles arquitetos(as) da paisagem estavam justamente falando da paisagem juntamen-


to com o diálogo sobre o alimento. Sou extremamente grata pelo seu companheirismo esse ano, e pela amizade que surgiu entre mentora e mentoranda. Gostaria de agradecer também meus orientadores David Sperling e Tomás Moreira, por terem me acompanhado ao longo desse ano, e me estimulado a produzir e ser cada vez mais curiosa. Um muito obrigada ã minha mãe e meu pai, que me acompanharam nesses percurso tortuoso da graduação, meu companheiro que sempre esteve ao meu lado me estimulando a crescer cada dia mais, e por último, mas não menos importante meus amigos, muito obrigada a todos os meus amigos de muitos anos, meus amigos novos e todos que estiveram ao me lado me apoiando durante esse ano. É difícil nós nos permitirmos sermos nós mesmos, é um processo árduo e de incrível crescimento ser gentil consigo mesmo. Espero que essa tese sirva de inspiração para que as pessoas se permitam mais. E está tudo bem.

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SUMÁRIO AGRADECIMENTOS INTRODUÇÃO

PIRACICABA

AGRICULTURA

SURGIMENTO CIDADE MACROZONA RURAL E URBANA MACRORREGIÕES DENSIDADE HABITACIONAL FEIRAS HIERARQUIA DE VIAS CICLOVIAS CICLOVIAS E INSTITUIÇÕES ÁREAS VERDES A REGIÃO EM PIRACICABA BANALIZAÇÃO DO EDIFÍCIO ESTUDO PARA AS MARGENS ANÁLISES DA REGIÃO PRÓXIMO AO ENGENHO CENTRAL FEIRAS CICLOVIA INSTITUIÇÕES TRANSPORTE PÚBLICO FLUXO DE VIAS E MASSAS ARBÓREAS

CANA DE AÇUCAR CULTURAS PERMANENTES EM PIRACICABA CULTURAS TEMPORÁRIAS EM PIRACICABA DADOS IBGE TIPOS DE CULTIVO AGRICULTURA SINTRÓPICA AGROFLORESTA PERMACULTURA AGROECOLOGIA AGRICULTURA REGENERATIVA


ALIMENTO

ENGENHO

ALIMENTO

O ENGENHO E A PAISAGEM CULTURAL FESTA DO DIVINO FESTA DAS NAÇÕES PAIXÃO DE CRISTO ENGENHO CENTRAL DE PIRACICABA EDIFÍCIOS EXISTENTES PARTIDO PROJETUAL BRAINSTORM ALIMENTO E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA ELABORAÇÃO DO MASTERPLAN PROCESSO PROJETUAL PROCESSO PROJETUAL PROCESSO PROJETUAL REFERÊNCIAS PROCESSO PROJETUAL DA QUADRÍCULA PROCESSO PROJETUAL MASTERPLAN PARA O ENGENHO CENTRAL DE PIRACICABA PERCURSOS PAISAGEM E O ALIMENTO BIBLIOGRAFIA


INTRODUÇÃO A inquietação para esse projeto surjiu a partir de uma pesquisa interna da minha própria relação com os alimentos, corpo e ambiente e dessa mesma relação relatada por pessoas próximas. A primeira inquietação surgiu com o alimento, mas precisamente relacionado a três fatores deles: - de onde vem - como adquiro esses produtos - como é manipulado Minha busca sempre foi por algo que voltasse ao mais simples possível. Como esse alimento foi produzido? Essa produção está em harmonia com a natureza? Como esse alimento foi colhido, transportado e entregue para mim? Ele chegou a mim embalado em diferentes materiais extremamente nocivos ao meio ambiente ou ele chegou a mim simples, sem nada o mascarando? Como adquiri esse produto? Num supermercado ou em uma feira? Se numa feira, o feiran-


te era o produtaor da mesma ou era apenas o vendedor daquele alimento? Ao chegar em casa, as inquietação chegavam agora ao campo da alimentação. Como eu manipulo esse alimentos? Como eles crus após serem higienizados ou uso algum método de cozimento? Esse método de cozimento tem a intenção de mostrar o alimento como ele realmente é ou tenta marcará-lo com aalgum artifício culinário? Em quantas refeições ao dia se prodomina esses alimentos? Quanto de alimentos industrializados estão presentes no dia a dia?

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SURGIMENTO CIDADE

1956

1982

1969

1999


O povoado de Piracicaba foi fundado em 1º de agosto de 1767, à margem direita do salto, 90 quilômetros da foz do rio Piracicaba. Seu arruamento seguia uma malha ortogonal, cujo projeto foi coordenado por Alferes José Caetano Rosa. O desenvolvimento do povoado girava em torno de uma agricultura diversificada. A escolha da margem direita do Rio Piracicaba, feita pelo Capitão Antônia Corrêa Barbosa, ocorreu pelo fato do local já estar habitado por índios da etnia Palaguá e posseiros, servindo de ponto de apoio às embarcações que desciam o Rio para abastecer o Forte de Iguatemi. Em 1784, o povoado foi transferido para a margem esquerda do rio, pois, além de possui solo mais férteis, sendo um elemento gerador de disputas, era um território mais apto à comportar o crescimento e desenvolvimento do povoado. Em 29 de novembro de 1821, Piracicaba foi elevada à categoria de Vila, tomando o nome Vila Nova da Constituição. No ano de 1836, a Vila começou a

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vivenciar um período de expansão, tendo toda sua área ocupada predominantemente por pequenas propriedades. Piracicaba já havia se tornado um importante centro abastecedor, possuindo culturas de café, arroz, feijão, milho, algodão e fumo, além de pastagens para criação de gado. Em 24 de abril de 1856, Piracicaba foi elevada à categoria de Cidade. Em 1893, foi implantado o serviço de iluminação pública, tal qual vinha do excedente energético gerado pela usina hidroelétrica que abastecia a indústria de fiação e tecelagem. Há uma aproximação da relação cidade-água desde o início do desenvolvimento urbano, mas a água era predominantemente usada pela indústria. Assim, a cidade cresce em direção às colinas, fazendo com que as margens se tornem periferia, uma área para habitação daqueles com menor poder aquisitivo, mesmo estando tão próxima ao centro da cidade. Predominavam duas grandes infraestruturas da cidade juntas ao rio: o Engenho Central e a usina hidroelétrica na Fábrica Boyes.

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MACROZONA RURAL E URBANA

LEGENDAS zona rural zona urbana


MACRORREGIÕES

NORTE

LESTE CENTRO OESTE

SUL

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DENSIDADE HABITACIONAL

LEGENDA sem dados 0 à 2500 hab. 2500 à 5000 hab. 5000 à 7500 hab. 7500 à 10000 hab. 10000 à 12500 hab. 12500 à 15000 hab. 15000 à 20000 hab. > 20000 hab.


FEIRAS

LEGENDAS varejões feiras livres feiras orgânicas

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HIERARQUIA DE VIAS

Charqueada

Rio Claro Rod. Washington Luiz

São Pedro

Limeira Rod. dos Bandeirantes Rod. Anhanguera

Rod. Luiz de Queiroz Sta. Barbara D’oeste Americana Rod. dos Bandeirantes Campinas São Paulo

Botucatu Rod. Mal. Rondon LEGENDAS rodovias vias de contorno vias radiais vias parque vias arteriais anel viário existente anel viário proposto

Tietê Rod. Mal. Rondon

Rod. do Açúcar Itu Salto Sorocaba


CICLOVIAS

LEGENDAS ciclovias ao longo de rios e cรณrregos segunda macroestrutura cicloviรกria

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CICLOVIAS E INSTITUIÇÕES

LEGENDAS supermercados centros esportivos centros universitário centros culturais terminal terminal de ônibus rotas cicloviárias áreas comerciais


ÁREAS VERDES

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A REGIÃO EM PIRACICABA


DENSIDADE HABITACIONAL LEGENDA 2500 à 5000 hab. 5000 à 7500 hab. 10000 à 12500 hab. > 20000 hab.

O ano de 1881 foi de extrema importância para a cidade de Piracicaba. Em janeiro, foi fundada a empresa Engenho Central pelo advogado e empresário Estevão Ribeiro de Sousa Rezende, o Barão de Rezende, com o capital de quatrocentos mil réis. Um dos objetivos era o de substituir o trabalho escravo pelo assalariado, além da mecanização dos meios de produção, onde todo o maquinário foi trazido da França pela empresa Brissonneau Frères. O Barão também doou o terreno para a construção da Empresa do Engenho Central e, em 7 de maio, Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial número 8089, concedendo ao Engenho Central de Piracicaba a autorização para funcionar. No mês de novembro, chegaram a Piracicaba os materiais, provenientes da França, para a construção do Engenho Central realizada pelo engenheiro mecânico Antonio Patureaux e por seu colega Fernando Desmoulin. Em dezembro, os estatutos da Empresa Engenho Central, para explorar a indústria açucareira na cidade de Piracicaba, foram aprovados pela Câmara. Em outubro de 1882,

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foi dado o início do funcionamento de todo o grande complexo agroindustrial do Engenho Central, tal qual funcionava com o auxílio das águas do rio. Na metade do século XX para frente, é notável o predomínio da monocultura da cana-de-açúcar sobre as outras diversas culturas antes predominantes. Essa mudança culminou na alteração da base econômica, além da alteração das exigências da mão de obra, o que por fim ocasionou o esvaziamento populacional do ambiente rural para o ambiente urbano. No ano de 1899, o Barão de Rezende decide vender o Engenho Central de Piracicaba a um grupo de três franceses, Durocher, Doré e Maurice Allain, com a denominação “Societé de Sucrerie de Piracicaba”. Após comprar o Engenho Central, o grupo o transformou no mais importante do país, com uma produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool, sendo então incorporado a outras seis usinas do grupo no Estado de São Paulo. Um complexo industrial para o setor sucroalcooleiro foi reflexo da alteração da base econômica, levan-


do a um intenso desenvolvimento econômico e de expansão urbana. A malha urbana foi expandida e surgiram novos bairros para se adequar a população que praticamente dobrou de tamanho. Todavia, esse crescimento econômico e urbano causou a degradação da bacia do rio Piracicaba. A partir da década de 1920, com a permanência do Doutor Holger Jensen Kok no complexo industrial, os antigos prédios do Engenho Central começaram a ser substituídos, conforme necessidade, por edifícios de alvenaria aparente. O edifício da Moenda foi ampliado, por Jean Balboud, engenheiro químico, adquirindo um frontão ornamentado que anteriormente possuía um relógio, além de uma nova fachada com linhas simétricas. As envasaduras da Moenda foram projetadas em vergas retas e em arcos abatidos, com ornamentação construída em tijolos. A Destilaria, foi reformada e ampliada pelo engenheiro Auguste Rinn, que também projetou o edifício do escritório. Destilaria essa que foi projetada por um sistema metálico modulado de peças intertravadas, possibilitando

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a ampliação de pavimentos. O edifício possui todas as fachadas diferentes entre si, e envasaduras com vão em arco pleno e janelas de guilhotina. Enquanto isso, o edifício do escritório segue uma linha que se aproxima da tipologia residencial, com destaque para as ornamentações cuidadosamente executadas com tijolos nas pilastras, balaústres e vergas. Também foram acrescidos armazéns que eram modulados de acordo com o tamanho necessário em alvenaria aparente e sistema estrutural metálico modulado. Em 1970, o Engenho Central de Piracicaba foi vendido para a UBASA – Usinas Brasileiras de Açúcar – de propriedade do empresário José Adolpho da Silva Gordo. Já em 1974, o Engenho Central foi desativado e reconhecido como patrimônio histórico, passando a desempenhar importante papel cultural, artístico e recreativo. O Engenho Central de Piracicaba possui 80 mil metros quadrados de área verde e 12 mil metros quadrados de área construída. Em 1º de agosto de 1989, o Engenho Central de Piracicaba foi tombado pelo CODEPAC.


FONTE: IPPLAP

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BANALIZAÇÃO DO EDIFÍCIO Com o predomínio de indústrias à margem do rio Piracicaba e com o crescimento da cidade priorizando o deslocamento da população para as colinas, a região da margem do rio se tornou uma área marginalizada pela população e, consequentemente, houve uma banalização desse local de extrema importância histórica para o Estado de São Paulo. A população perdeu sua relação identitária tanto com o rio Piracicaba quanto com os equipamentos, como é o caso do Engenho Central. O crescimento econômico e urbano que Piracicaba sofreu a partir da segunda metade do século 20, causou a deterioração do rio Piracicaba. Tal não vinha apenas de Piracicaba, mas também do despejo de resíduos industriais e de esgotos residências das demais cidades da bacia. Dado isso, no final da década de 60, a população de Piracicaba começou a se mobilizar pela recuperação do rio, estabelecendo na cidade uma “Praça do Protesto Ecológico”. Foi criado então o consórcio PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) para regular o uso das águas.

PROJETO BEIRA RIO


É a partir dessas lutas e protestos pelo rio que se dá o início à aproximação da relação da identidade local entre as águas e a população, invertendo o cenário de negação do rio e do espaço no qual a cidade foi fundada. Todavia, é só no ano 2000 que o poder público procura estabelecer uma unidade para ações de intervenção.

FONTE:IPPLAP

Surge o Projeto Beira Rio, com o objetivo de diagnosticar os problemas, potencialidades e especificidades sociais, culturais e espaciais na relação cidade-rio. Entre as diretrizes determinadas destaca-se a priorização do pedestre, a transformação e reconhecimento das margens como espaços públicos, a preservação e valorização do patrimônio cultural, a manutenção dos usos consolidados e integração com o entorno, e a valorização do verde através da recuperação da vegetação nativa. O Projeto Beira Rio foi incorporado à rotina municipal e vem sendo desenvolvidodesde 2007.

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ESTUDO PARA AS MARGENS No ano de 1972, a prefeitura realizou um estudo para determinar usos e infraestrutura necessária para implantar na área de 23 hectares à margem do rio que desapropriaram. Com o objetivo de dar um caráter turístico para a região, o estudo estabeleceu diretrizes para requalificação de edifícios existentes e a criação de novos com o intuito de implementar equipamentos variados, como museus, aquário público, restaurantes, teatro de arena, entre outros, além do restauro dos casarios existentes. Todavia, a principal diretriz do estudo era a reformulação do sistema viário e a continuidade da Avenida Beira Rio. Esse estudo foi alvo de diversos questionamentos, pelo seu caráter segregacionista em relação à conexão do rio e cidade, não sendo implantado. A arquiteta Dulcinéia Gobeth, junto com os arquitetos Luiz Egídio Simoni e Luiz Gobeth Filho, desenvolveram, em 1977, um projeto como alternativa para a prefeitura, criando uma relação direta entre rio-cidade valorizando o contato do pedestre com as margens. Projeto esse que foi pensado em intervenções em longo prazo, dividindo a área em sete setores, res-

PRIMEIROS PROJETOS DE PARQUE LINEAR


FONTE: IPPLAP

peitando a vocação de cada um deles. Estes setores tinham como objetivo abranger 3 complexos: cultural, esportivo e de lazer. A partir desse projeto foi construído o Parque da Rua do Porto e a Rua do Porto. A princípio a população não aderiu à rotina de lazer e esporte usar o espaço projetado, levando assim a prefeitura a transferir, no fim da década de 1980, o poder executivo e suas secretarias. A margem direita do rio, espaço em que pertence o Engenho Central, o processo foi bastante vagaroso, dado que até 1974 o Engenho ainda estava ativo. A princípio ficou-se em estudos para analisar a viabilidade de manter ou demolir os edifícios, porém, em 1989, quando o Engenho Central foi tombado pelo CONDEPAC como patrimônio público, esse cenário se alterou. Logo após o tombamento, a Semac (Secretaria Municipal de Ação Cultural) foi transferida para o local. Em 1992, foi inaugurada a Passarela Pênsil que conectava a Rua do Porto ao Engenho. A criação desse acesso pedonal foi fundamental para a reinserção do Engenho no cotidiano da população e para a cone-

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xão das margens do rio. Em 2002, foi realizado um novo estudo para o Parque do Engenho Central pelo escritório Brasil Arquitetura, com o intuito de estabelecer a infraestrutura necessária para eventos e usos que eram consolidados na cidade de Piracicaba, como é o caso do Salão Internacional de Humor, a Paixão de Cristo, Festa das Nações, Simtec, entre outros. Incluído nesse estudo, ainda tinha a requalificação de alguns edifícios do Engenho para comportar o Museu de Ciência e Tecnologia e o Museu do Papel e Artes Gráficas. No entanto a proposta não foi executada, mas deu origem ao projeto do Teatro Erotídes de Campos, pelo mesmo escritório, Brasil Arquitetura. Em 2009, a prefeitura formalizou a posse do Engenho Central com o antigo proprietário, possibilitando assim efetivos investimentos do poder público para a requalificação do espaço. A partir desta regularização, é inicializada as obras de urbanização do Engenho, com redes subterrâneas de infraestrutura, pavimentação e de adaptação de edifícios. O edifício 14A foi direcionado para a administração do parque e espaço de exposições, o 14 para o Salão Internacional de Humor e o galpão 6 para o Teatro Erotídes de Campos.


FONTE: BRASIL ARQUITETURA

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ANÁLISES DA REGIÃO PRÓXIMO AO ENGENHO CENTRAL FEIRAS

FEIRAS feiras orgânicas feiras livres varejões


CICLOVIA

CICLOVIA ciclovias propostas ciclovias

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INSTITUIÇÕES

INSTITUIÇÕES centros universitários centros culturais terminal de transferência centros esportivos terminal rodoviário intermunicipal


TRANSPORTE PÚBLICO

TRANSPORTE PÚBLICO rotas de ônibus

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FLUXO DE VIAS E MASSAS ARBÓREAS

FLUXO DE VIAS E MASSAS ARBÓREAS fluxo de baixa intensidade fluxo de média intensidade fluxo de alta intensidade massa arbórea pouco adensada massa arvórea muito adensada engenho central


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CANA DE AÇUCAR A cana de açúcar é algo presente no Brasil desde sua época colonial. Neste período, a cana de açúcar era produzida em sistema de plantation, onde se fazia a produção da monocultura da cana de açúcar para fins de exportação do açúcar através de mão de obra escrava. O Brasil Colônia foi o maior produtor de açúcar nos séculos XVI e XVII, tendo como principais regiões produtoras Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. No ano de 1973, ocorre o segundo choque do petróleo, e o Brasil que ainda estava abalado pelo crash da bolsa de 1971, viu-se mais uma vez em frente ao aumento acelerado das taxas de inflação, de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. Uma das alternativas buscadas foi investir em combustíveis alternativos, dando origem ao programa Proálcool em 1975. A partir desse momento a monocultura da cana e a produção do etanol ganharam uma nova dinâmica, alterando assim a base econômica de várias regiões com produtores de cana de açúcar e com usinas sucroalcooleiras, como é o caso do estado de São Paulo, mais especificamente da cidade de Piracicaba.


A partir desse momento houve um desenvolvimento das tecnologias e métodos de cultivo da cana de açúcar além do seu processamento para transformação em etanol. A monocultura é o método de cultivo usado até hoje no Brasil e em muitos lugares no mundo. Esse tipo de cultivo possui diversos impactos negativos, como a contaminação do solo e dos lençóis freáticos pelo uso de agrotóxicos, entre muitos outros1. Apesar de causar altíssimos danos ao ambiente, o etanol é tido como uma fonte “limpa” de energia, por não se derivar de petróleo. Técnicas de green washing usadas por empresas de marketing são as responsáveis por essa leitura que a maioria das pessoas faz da produção de etanol. 1A produção de cana-de-açúcar provoca os seguintes impactos: redução da biodiversidade,

causada pelo desmatamento e pela implantação de monocultura; contaminação das águas superficiais e subterrâneas e do solo, devido ao excesso de adubos químicos, corretivos minerais, herbicidas e defensivos agrícolas; compactação do solo, devido ao tráfego de máquinas pesadas durante o plantio, tratos culturais e colheita;assoreamento de corpos d’água, devido à erosão do solo em áreas de reforma; emissão de fuligem e gases de efeito estufa, na queima de palha, ao ar livre, durante o período de colheita; danos à flora e à fauna, causados por incêndios descontrolados;consumo intenso de óleo diesel nas etapas de plantio, colheita e transporte;concentração de terras, rendas e condições sub-humanas de trabalho do cortador de cana.

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A cana de açúcar é tida como uma matriz energética “limpa” produtora de etanol, importante combustível automotivo brasileiro desenvolvido no período da crise do petróleo. Entretanto o impacto que a monocultura da cana de açúcar causa no meio ambiente não é amplamente divulgado, sendo inclusive mascarado pelo green washing publicitário que divulga o etanol como uma fonte energética limpa e sustentável comparado aos derivados de combustíveis fósseis. Além da dimensão ambiental de impacto da monocultura canavieira também deve se apontar as dinâmicas de trabalho que esse tipo de produção acarreta. Os Boias Frias, como são conhecidos os trabalhadores que executam o corte da cana de açúcar, são extremamente explorados, trabalhando em condições extremamente severas sem o devido pagamento, estando assim em condições próximas à escravidão. Esse trabalho não se limitava apenas à homens, mas também mulheres e crianças recebendo uma quantidade irrisória comparada ao esforço que o trabalho exige. Juntamente ao impacto causado ao solo por ser um cultivo de monocultura, era extremamente comum a


queimada dos canaviais para facilitar o seu corte, antes da proibição por lei2. Atualmente, com a difusão das máquinas colheitadeiras, a prática das queimadas foi proibida e também houve a substituição da mão de obra dos boias frias pela mão de obra especializada na operação dos maquinários de colheita.

2Dentre todos os impactos ambientais gerados pela agroindústria da cana-de-açúcar, o mais conhecido e mais discutido ao longo dos anos tem sido a queima da palha, método usado para facilitar a colheita. Mesmo com a Lei Estadual 11.241, de 2002, que veta a queima de palha de cana, ao ar livre, as regiões urbanizadas das cidades paulistas de Piracicaba, Ribeirão Preto, Araraquara, Catanduva e Jaú convivem com as queimadas desde a intensificação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), em 1975.

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CULTURAS PERMANENTES EM PIRACICABA

FONTE: DA AUTORA A PARTIR DE DADOS DO IPPLAP


CULTURAS TEMPORÁRIAS EM PIRACICABA

FONTE: DA AUTORA A PARTIR DE DADOS DO IPPLAP

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DADOS IBGE


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TIPOS DE CULTIVO Existem diversas maneiras de lidar com a produção de alimentos. As dinâmicas cada vez mais aceleradas da sociedade contemporânea e a constante necessidade de produção de mais alimentos para acompanhar o crescimento populacional do planeta, levaram ao predomínio de grandes monoculturas alimentares. Estas são controladas por agrotóxicos, processados em meios fabris, e geram alimentos com uma duração bem maior quando comparadas aos alimentos orgânicos, pois durante sua produção se faz o uso de conservantes. Os alimentos são levados ao consumidor in natura ou após o processo de embalagem por uma empresa especializada. Entretanto, sempre existiram aqueles que eram contra essa produção degradante ao meio ambiente e que buscavam de maneira harmônica com a natureza se produzir, com o uso da terra, de forma mais consciente. Esses anseios vêm se recuperando através de pesquisas e experiências de modos precursores da produção agrícola associados às tecnologias, tentando aplicá-las às demandas da sociedade contemporânea.


Existem atualmente cinco maneiras de produção agrícola orgânica:

- Agricultura Sintrópica - Agrofloresta - Permacultura - Agroecologia - Agricultura Regenerativa

Fora o fato destes tipos de produção gerarem um alimento de maior qualidade nutritiva, por não possuírem agrotóxicos ou serem alimentos transgênicos, estes cultivos geram uma nova dinâmica entre o agricultor e o consumidor, com o intuito de eliminar o personagem intermediário que seria o mercado como empresa, ou empresa que processa ou embala esse alimento antes de enviá-lo para o mercado. Busca-se então nesta nova dinâmica o contato direto do produtor com o consumidor, eliminando assim o intermediário.

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Essa dinâmica só é viável quando existem fazendas/ sítios/terrenos de produção orgânica nas cidades ou em seus arredores, rompendo assim o sistema de monoculturas, onde os alimentos fazem grandes percursos até chegarem ao seu destino final. Também, nos cultivos orgânicos, se recupera a dinâmica das estações do ano e os alimentos correspondentes a cada uma delas, trazendo assim novamente para a alimentação um consumo de frutas e legumes bastante variados com o decorrer do ano. Atualmente, com a dinâmica acelerada da sociedade urbana, as pessoas cada vez mais vêm perdendo o contato com a natureza, seu corpo e o alimento. Esta tese tem como um de seus pilares a retomada da relação do homem com a natureza através da alimentação e o contato e pesquisa da produção de alimentos orgânicos em sistemas harmônicos com a natureza.


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AGRICULTURA SINTRÓPICA Desenvolvida pelo suíço Ernst Götsch na década de 1980 na Bahia, abrange um conjunto teórico e prático de agricultura. Tal método busca traduzir os processos naturais em práticas agrícolas, tanto em forma, quanto em dinâmica e função. Há então a criação de serviços ecossistemáticos a partir da determinação de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos. Esse método ajuda na formação do solo, regulação do microclima e favorece o ciclo da água. Alguns fundamentos básicos que orientam esse método, são a criação de sistemas de sucessão natural. Tais são: Sistema de Placenta, Sistema de Acumulação e Sistema de Abundância ou Escoamento.


FONTE: www.agendagotsch.com

FONTE: ALE NAHRA

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AGROFLORESTA Também conhecido com SAF, é um sistema de cultivo em consórcio com árvores e agricultura, dando assim mais resiliência ao cultivo, além de ser um meio mais produtivo e vantajoso economicamente quando comparado ao sistema de monocultura. Esse sistema aumenta a qualidade do solo e da água, ajuda a controlar o microclima, além de reduzir erosão do solo e atuar na recuperação de florestas. Estimula os ecossistemas, reduzindo assim o prevalecimento de pestes, além de auxiliar na construção da paisagem.


FONTE: FAZENDA DA TOCA

FONTE: RENATURE

FONTE: SÍTIO SEMENTE

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PERMACULTURA Criada na década de 1970 por Bill Mollison e David Holmgren, denominada como PERMAnent agriCULTURE. Esse tipo de produção transpassa a agricultura, sendo caracterizada como um SISTEMA DE DESIGN, abrangendo também a compreensão ecológica, leitura da paisagem, reconhecimento de padrões naturais, uso de energias e bom manejar dos recursos naturais. Atualmente, a permacultura é vista como uma ciência. A permacultura possui 3 éticas e 12 princípios de planejamento.

FONTE: permacultureprinciples.com


FONTE: lar-natural.com.br

FONTE: lVERACIDADE

FONTE: CPCD

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AGROECOLOGIA É uma DISCIPLINA CIENTÍFICA, que busca, a partir da interdisciplinaridade estudar a teoria dos processos ecológicos, olhando para componentes econômicos, sociais, culturais e ambientais. A agroecologia atua além do campo da pesquisa, estando presente em movimentos políticos e sociais, ou ainda com o nome de Feiras Livres. O termo agroecologia não está associado a um método de produção agrícola específico.


FONTE: FELIPE VILELA

FONTE: STA. JULIETA BIO

FONTE:STA. JULIETA BIO

FONTE: STA. JULIETA BIO

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AGRICULTURA REGENERATIVA Criado por Robert Rodale em 1983 nos EUA, esse método busca a regeneração e manutenção do sistema de produção alimentar com um todo, abrangendo as comunidades rurais e produtores, as culturas e os consumidores, levando em consideração as questões éticas, econômicas, culturais, ecológicas e de equilíbrio social. Esse sistema parte das teorias de hierarquia ecológica, com o intuito de regenerar os sistemas agrícolas a longo prazo.


FONTE: FARFARM

FONTE: agendagotsch.com

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ALIMENTO A alimentação sempre foi uma pauta essencial em discussões sobre crescimento populacional. Thomas Malthus em 1798 publicou um artigo, chamado “Um ensaio sobre o princípio da população”, no qual defendia que a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética, esse descompasso de crescimento seria responsável por diversos conflitos causados pela fome. Desde então a produção alimentar mundial buscou suprir esse déficit procurando maneiras para aumentar cada vez mais a produção alimentícia. Porém as dinâmicas do mundo se alteraram, também a relação do homem com o alimento. As demandas crescentes por alimentação, as grandes guerras e o surgimento da sociedade moderna foram fatores que causaram cada vez mais o afastamento do homem com o que ele come. As demandas crescentes por alimentos fizeram com que as pesquisas como foco em melhorar o desempenho da agricultura fosse extremamente estimulado. Áreas cada vez maiores passaram a comportar

ARMAZÉM DO CAMPO

INSTITUTO CHÃO

VILA DA TERRA


VILA DA TERRA

SEMINÁRIO FRU.TO

INSTITUTO ATA

cultivos de monoculturas e o pequeno produtor rural foi perdendo cada vez mais o seu espaço. O desenvolvimento de técnicas genéticas para melhorar o desempenho das plantas é absurdo, buscando torná-las cada vez mais resistentes às pragas e atingindo ponto de colheita cada vez mais rápido. O desenvolvimento de agrotóxicos também foi algo estrondoso nas últimas décadas. Conforme o homem foi aprendendo maneiras de produzir de forma mais eficiente, o mesmo foi se distanciando cada vez mais da sua relação com o alimento. O desenvolvimento do conceito de fast food foi o momento de viragem da relação do homem com o alimento. O fast food industrial, trazendo ao consumidor os alimentos prontos mergulhados em conservantes químicos, iludiu o homem moderno dinâmico que só buscava praticidade e evolução. Décadas se passaram e cada vez mais esse afastamento foi se enraizando, sendo passado de geração para geração. Não é à toa que este é o momento da história com a maior quantidade de pessoas com Diabetes Tipo 2 e o maior número de casos de obesidade.

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Em tempos em que tudo é muito volátil, o ato de se alimentar pode existir como um momento de aterramento do homem, momento de conexão consigo e com a natureza. A retomada de uma alimentação mais próxima está não somente relacionada ao ato de comer, mas também ao contato com o alimento, manuseio e preparo. Conforme dados apresentados por Bela Gil no Seminário FRUTO, realizado em janeiro de 2018, atualmente no Brasil, 70% dos alimentos consumidos provêm da agricultura familiar, porém apenas 30% do valor é remetido ao agricultor. Apenas 30% da produção de monoculturas vão à mesa do consumidor, e ocupam cerca de 70% da área agricultável do Brasil. No Capítulo 32 da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, estabelecem-se uma base para ação que tem como objetivo principal aproximar o produtor rural local do consumidor, além de incentivar os cultivos sustentáveis em harmonia e respeito com a natureza e seus ecossistemas.

URBAN FARMCY


A experiência da feira é algo de extrema importância nas dinâmicas das cidades, pois além de estreitar o contato do produtor com o consumidor, ela favorece economicamente ambas as partes por eliminar o elemento intermediário. Esse espaço se apresenta como momento de contato físico, olfativo, visual e auditivo com os alimentos e aqueles que o produzem. Neste momento, o Brasil, com sua gigantesca variedade de frutas, legumes, grãos e sementes, cria um festival de cores e sensações. Essas sensações estimulam um comportamento ancestral, de lidar com o alimento com o respeito que ele merece e voltar a dar valor para aquilo que foi perdido, o ato de cozinhar e comer. O ato de se alimentar foi bastante alterado com as novas dinâmicas da sociedade contemporânea. Atualmente, a maioria das pessoas usa o momento da refeição como momento para usar dispositivos móveis, usando as mídias sociais. Esse ato de multitarefas é extremamente negativo, como aponta Byung-Chul Han no seu livro Sociedade do Cansaço. Praticar

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ações múltiplas ao mesmo tempo remete à selvageria, em que animais ao se alimentarem sempre necessitam estar alertas para não serem predados. O homem contemporâneo, que vive numa sociedade civilizada, deveria executar cada tarefa individualmente para que consiga exercê-las em seu maior desempenho e com a maior atenção possível. Assim se reflete ao ato de se alimentar, ele deve ser feito unicamente e em total atenção para que o homem seja capaz de se conectar com aquilo que está fazendo, daí o conceito de atenção plena, mais conhecido como Mindfulness. Essa prática, originada no budismo, busca a atenção plena, não apenas no momento da meditação, mas ao decorrer do dia. Além disso, há um diferença grande entre o ato de comer por comer e o ato de comer para se alimentar e nutrir o corpo. Numa sociedade em que o estresse e ansiedade predominam, comer se tornou uma válvula de escape para grande parte da sociedade. Em um mundo em que existem opostos absurdos, onde de um lado,


tem-se pessoas sem acesso Ă ĂĄgua potĂĄvel e ao alimento; em outro lado, pessoas com tanta oferta de alimento que chegaram ao ponto de perder o controle sobre o ato de comer.

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O ENGENHO E A PAISAGEM CULTURAL A paisagem cultural é uma categoria dentro de preservação de patrimônio cultural. A paisagem cultural é entendida, assim, sempre como conjunto espacial composto de elementos materiais construídos associados a determinadas morfologias e dinâmicas naturais, formas estas que se vinculam a conteúdos e significados dados socialmente (SCIFONI, Simone). É composta por elementos materiais e imateriais. Os materiais se referem às edificações, espaços, natureza e outras. Os imateriais são compostos por grupos sociais, eventos entre outros. O espaço que compõe o Engenho Central de Piracicaba e o que ocorre ali se encaixa perfeitamente no conceito de Paisagem cultural. No âmbito material, temos: os edifícios do Engenho com seu alto valor histórico - onde estes são considerados patrimônio histórico industrial do Brasil; a água, como elemento pulsante que levou ao surgimento da cidade, possuindo forte caráter identitário; e a natureza, como elemento mutável dentro do Engenho que tem grande força na composição da paisagem.


No âmbito imaterial, Piracicaba possui diversos eventos que ocorrem dentro do espaço do Engenho Central ou que usufruem dele como mirante, como é o caso da Festa da Nações, Festa do Divino, Paixão de Cristo, entre outras.

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FESTA DO DIVINO

FONTE: IPPLAP


FONTE: DESCONHECIDO

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FESTA DAS NAÇÕES

FONTE: facebook/festadasnacoesdepiracicaba


FONTE: facebook/festadasnacoesdepiracicaba

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PAIXÃO DE CRISTO

FONTE: DESCONHECIDO


FONTE: FRAN CAMARGO

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ENGENHO CENTRAL DE PIRACICABA

FONTE: IPPLAP

FONTE: IPPLAP


FONTE: HELDER PRATO

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EDIFÍCIOS EXISTENTES


Teatro Erotídes de Campos

Secretaria municipal da ação cultural e turismo

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IPPLAP

Administração do Parque do Engenho Central


FONTE : GOOGLE EARTH

FONTE : GOOGLE EARTH

FONTE : W. PEREIRA FONTE : GOOGLE EARTH


FONTE : FABU

FONTE : NELSON KON


PARTIDO PROJETUAL O partido projetual foi realizado a partir de três pilares de estudo. A leitura sensível do entorno, na qual levantaram-se os diferentes estabelecimentos com comercialização alimentícia, edificações residenciais, comerciais, institucionais, serviços e escolas; a leitura do Engenho Central de Piracicaba, com seus atuais usos e potenciais; e uma leitura detalhada das texturas das edificações, pisos existentes e vegetação. Além deste estudo, estabeleceu-se como um dos partidos principais a conexão entre a Rua do Porto e o Engenho Central, justificando assim a proposição da nova ponte para pedestres, com acesso a partir do ponto com maior concentração de estabelecimentos da Rua do Porto interligado com o lado mais naturalizado do Engenho. Esta nova ponte, além de facilitar o acesso aos pedestres, destaca-se como um estratégico Mirante para todo o Engenho e para a outra margem do Rio Piracicaba.


FLUXO E FIXOS residencial instituições comércio de alimento rio piracicaba fluxos para o engenho central

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BRAINSTORM O brainstorm projetual surgiu com o intuito de apresentar minhas intenções fundadas a partir de leituras e estudos feitos sobre o ambiente, o alimento e a experiência do corpo com a paisagem para este grande e importante complexo industrial que é o Engenho Central de Piracicaba. Foi estabelecida como intenção principal do projeto o MINDFULLNESS, conhecido também como prática de atenção plena. Esta ideia atua como corpo da proposta deste projeto, onde a intenção é a permitir um sentimento de aterramento ao usuário do parque ao percorrer percursos entre os edifícios. A proposta é estar presente, estar sem propósito, estar por estar, ser. Independendo do porquê, quer seja sentado no deck observando o Rio, ou na comedoria alimentando o corpo de nutrientes locais de maneira consciente, quer seja deitado na grama lendo um livro, ou então durante um dos workshops sobre agrofloresta, ou qualquer que seja a experiência que o utilizador deseja ter. Esse parque é para ser experimental, fazendo com que os usuários se sintam acolhidos e estimulados a se expressar da maneira que bem desejarem.


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ALIMENTO E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA Nesse projeto, os usuários, além de terem acesso a história da Indústria Agrícola, terão também a disposição informações sobre impactos e soluções no Museu da Indústria e Agricultura. Além disso, poderão ter contato presencial com duas técnicas de produção de alimentos no engenho: a Agrofloresta e a Permacultura. Nesses locais, terão a oportunidade de aprender de maneira aprofundada sobre a origem ancestral do alimento e o trajeto que o mesmo percorre antes de ir para a cozinha. Também haverá a oportunidade de realizarem cursos de gastronomia natural com os alimentos produzidos dentro do Engenho.


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O espaço que compõe o Engenho Central de Piracicaba foi subdividido em três áreas: educacional, estar e cultural.

ÁREAS DO ENGENHO CENTRAL educacional estar cultural


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ELABORAÇÃO DO MASTERPLAN Para os desenhos dos planos de pisos, primeiramente, partiu-se dos Fluxos e Fixos do projeto, criando as grandes circulações que iriam ocorrer. O projeto tem como partido apontar a diferença entre o mais naturalizado e o mais industrial. Esta dicotomia se reflete também no desenho do piso. Próximo à reserva, há um traçado mais orgânico de piso de fluxo primário; já mais próximo ao rio e a área com maior concentração de edificações, tem-se um traçado mais linear geométrico para os fluxos primários. Posteriormente, utilizando as linhas de forças provenientes dos edifícios existentes começaram os desenhos dos platôs de conexão dos espaços. A intenção primordial para estes platôs, os quais não possuem altura, apenas desenho de piso e materialidade diferenciada, é a de realizar a transição e conexão entre os edifícios com os caminhos e os espaços. Também possuem a função de criar a possibilidade de um prolongamento à atividades que ocorrerem nos edifícios.


PRIMEIRO ESTUDO DE FLUXOS PRINCIPAIS E ESTUDOS DE PROJETO

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PROCESSO PROJETUAL


PRIMEIRO MASTERPLAN ELABORADO

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PROCESSO PROJETUAL


SEGUNDO MASTERPLAN ELABORADO

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PROCESSO PROJETUAL

INÍCIO DO


PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS PLATÔS

CROQUIS E ESTUDOS FEITOS DURANTE O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO MASTERPLAN

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REFERÊNCIAS Uma das principais referências projetuais para o desenvolvimento deste projeto foi o High Line de Nova York, pelo fato de ter conseguido, através das lindas fotografias de Joel Sternfeld, o maravilhoso trabalho do Paisagista Piet Oudolf juntamente com o escritório Diller Scofidio + Renfro, mostrar que a paisagem existente do High Line, do industrial incrustado de natureza, é uma paisagem belíssima com uma linguagem singular. Sendo assim, esse projeto parte da leitura sensível da paisagem do Engenho Central para a elaboração do percurso.


FONTE: JOEL STERNFELD

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FONTE: JOEL STERNFELD


FONTE: LIVRO THE HIGH LINE

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PROCESSO PROJETUAL DA QUADRÍCULA Assim como a delimitação dos platôs de conexão, para o desenho da quadrícula, partiu-se em primeiro lugar das linhas de força dos edifícios existentes ou paralelas a essas, tais quais ditam a orientação da quadrícula. O platô é dividido ao meio por uma linha. Então, cada metade é dividida ao meio e assim por diante até que se chegue na quadrícula mestre. Esta é preenchida da mesma maneira perpendicularmente. Posteriormente, são demarcadas as entradas das edificações e então desenhado o percurso que o usuário realizaria a partir da intenção do mindfullness. O percurso não tem intenção de ser direto, mas sim de ter diversos locais de parada e contemplação. É sobre o percurso e não o destino. As áreas verdes são demarcadas a partir dos vazios da quadrícula, proporcionando um caminho que busca influência no pitoresco de Olmsted no seu plano de piso e experiência. A escolha de intercalar material de piso de concreto ou madeira com o gramado, plantas de forração e


arbustos dialoga diretamente com o atual cultivo da cana de açúcar que o projeto busca incitar. Sendo que os espaços com e sem vegetação fazem uma alusão aos canaviais em seu período de colheita, onde grandes faixas de terra ficam expostas se contraponto com a imponência do infinito “mar” de cana de açúcar.

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PROCESSO PROJETUAL


MASTERPLAN FINAL DA FASE DE CONCEPÇÃO

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MASTERPLAN PARA O ENGENHO CENTRAL DE PIRACICABA N

10 5 0 5

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PERCURSOS O Parque do Engenho Central busca atuar como um percurso sensitivo, criador de diferentes experiências, desde o mais industrial até o mais naturalizado. As espécies vegetais predominantes pertencem aos grupos de forrações e arbustivas dado que o Engenho possui uma massa arbórea bastante presente e adensada. Além disso, não há a intenção de privar o usuário da experiência visual da paisagem mais alongada possível, justificando assim a predominância de vegetação com porte inferior à 1,50 metros de altura. A estética visual a ser construída é realizada a partir dos diferentes tipos de capins e outras plantas predominantes do cerrado e da mata atlântica (biomas predominantes de Piracicaba) e suas colorações algo extremamente usado por Piet Oudolf em suas obras. Também está presente o uso de plantas com forte poder olfativo para ativar mais um lado sensorial do usuário, fortalecendo ainda mais a experiência de mindfullness.


ÁREA CULTURAL

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ÁREA CULTURAL


ÁREA CULTURAL

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ÁREA ESTAR


ÁREA EDUCAÇÃO

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ÁREA EDUCAÇÃO


ÁREA EDUCAÇÃO

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PAISAGEM E O ALIMENTO O ato de pensar na paisagem a partir do alimento é algo está sendo bastante discutido na última década. Inclusive o assunto foi objeto de discussão na Conferência de Turin de 2016 da IFLA (International Federation of Landscape Architects), tal qual carregava como tema o nome de Tasting the Landscape (degustando a paisagem). Neste evento, esteve presente diversos arquitetos e pesquisadores da paisagem, os quais trouxeram seus projetos e conhecimentos a respeito de projetar a paisagem a partir do ponto de vista do alimento e sua produção em certa escala para abastecer a comunidade local. O Engenho Central de Piracicaba se encaixa em duas categorias patrimoniais: a de Patrimônio Industrial e a de Paisagem Cultural. Além disso, este espaço tem suma importância na união da possibilidade de pensar na paisagem a partir de duas matrizes: a econômica industrial e a alimentação, devido ao fato principal de o complexo industrial do Engenho ter como sua matéria prima bruta a cana de açúcar.


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BIBLIOGRAFIA Agenda 21, Capítulo 32. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global/item/712.html>. Acesso em: 10 de jun. de 2019. ANDRADE, D. Agricultura Sintrópica. Agenda Gotsch. Disponível em: <https://www.agendagotsch.com/agricultura-sintropica/ >. Acesso em: 20 de mai. de 2019. DOS SANTOS, L.; VENTURINI, M. O que é permacultura?. UFSC Permacultura. Disponível em: <http://permacultura.ufsc.br/o-que-e-permacultura/>. Acesso em: 20 de mai. de 2019. Future Care. Permaculture Principles. Disponível em: <https://permacultureproductions.com/2014/01/future-care/>. Acesso em: 01 de jun. de 2019. HAH, Byung-Chul. Sociedade do cansaço; tradução Enjo Paulo Gianchini. Petrópilis: Vozes, 2017 IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. (verbete). ISBN 978-85-7334-299-4. IPPLAP.Mobilidade Cicloviária: estudos preliminares - Piracicaba: IPPLAP,2015. IPPLAP.Parque Linear da Orla do Rio Piracicaba: A relação da cidade com suas águas - Piracicaba: IPPLAP,2015. Lina Bo Bardi / [organização: Marcelo Carvalho Ferraz ; Concepção Editorial: André Vainer, Marcelo Carvalho Ferraz, Marcelo Suzuki] -- São Paulo : Instituto Bardi / Casa de Vidro : Romano Guerra Editora, 2018. Principles. Permaculture Principles. Disponível em: <https://permacultureprinciples.com/principles/>. Acesso em: 01 de jun. de 2019.


RAMOS, N.P.; LUCHIARI, A. Cana de açúcar - Impactos ecológicos. Ageitec - Agência Empraba de Informação Tecnológica. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONT1.html>. Acesso em: 20 de mai. de 2019. SCIFONI, Simone. Paisagem cultural. In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Brasília: Seminário. Tema: Educação Alimentar - Bela Gil. Seminário FRUTO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Yk8UaW7Yst4&t=11s>. Acesso em: 12 de jun. de 2019. Seminário FRUTO. Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/ UCiR8h7U-XXITbimgqrbh6cg>. Acesso em: 12 de jun. de 2019. What is in agroforestry? Three main categories. reNature Foundation. Disponível em: <https://renaturefoundation.nl/what-is-agroforestry/>. Acesso em: 03 de jun. de 2019. DS+R, JCFO. The High Line, Phaidon Press; Edição: 9 de novembro de 2015.

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JULIANA DA MATA SANTOS IAU - USP


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