Produtos inovadores: Tecnologia Vs. Significado
“Seus produtos e serviços têm que possuir um valor único que os diferenciem da concorrência”, diria qualquer especialista em marketing, principalmente os defensores da inovação. Na busca por essa inovação muitas vezes associamos o desenvolvimento de um produto transformador ao desenvolvimento tecnológico vindo de um momento de iluminação ou a uma centelha de inspiração genial. Quando a Apple lançou o iPod o mercado já ofertava diversas marcas e modelos de leitores e reprodutores de mp3. Mesmo assim o iPod se tornou um campeão de vendas e foi considerado um produto inovador. Diferente dos demais fabricantes a Apple focou no desenvolvimento de uma nova visão e experiência para os consumidores, entregando um design arrojado mais funcional e uma melhor conectividade com outros equipamentos. Com o lançamento do iPod, Steve Jobs nos mostrou que, ser o primeiro a lançar um produto não é tão importante quanto ser o primeiro a perceber a natureza essencial do mercado e aproveitar seu potencial inexplorado. No processo de desenvolvimento de produtos inovadores devemos antes de tudo investigar e entender qual o seu significado aos consumidores. Que tecnologia nos permite criar produtos e serviços que as pessoas encontrem mais significado do que as ofertas atuais? O produto irá atender e ultrapassar as necessidades atuais e conhecidas dos consumidores? O produto causa novas razões para sua compra? Somente após o correto entendimento do significado poderemos aplicar eficazmente as tecnologias que suportarão sua oferta. Profissionais que atuam na definição de novos produtos tradicionalmente investigam as necessidades dos consumidores através de pesquisas e perguntas sobre o que eles precisam ou desejam e inquirindo como utilizam o produto. Essa abordagem tem se mostrado bastante eficiente quando utilizada no aperfeiçoamento de produtos existentes. Contudo, raramente levam a produtos realmente inovadores, principalmente se os consumidores não estiverem familiarizados com a tecnologia. É necessário buscar novas interpretações da experiência do consumidor com o produto. Diversas empresas têm utilizado com sucesso o uso de especialistas de outras áreas que estudam esses consumidores sob uma perspectiva diferente. Psicólogos, sociólogos, profissionais de saúde, pedagogos, designers, arquitetos, ente outros profissionais, são utilizados para a construção de uma interpretação mais abrangente e holística da relação dos
consumidores com os produtos. Essa dilatação do escopo da análise permite descobrir esferas e aspectos não usuais, mas notavelmente pertinentes sobre a experiência dos consumidores. Muitos desses aspectos descobertos e que as empresas normalmente não pensariam nos farão entender como e quais tecnologias podem ser aplicadas para criar produtos que proporcionem experiencias melhores e mais satisfatórias aos consumidores do que os produtos e serviços atualmente existentes. Com todo esse frenesi de novas tecnologias surgindo a cada minuto é fácil se deixar seduzir e acreditar que os consumidores simplesmente se renderão a elas automaticamente. Embora a tecnologia seja uma aliada ao desenvolvimento de novos produtos por si só não traz significado ao consumidor. No atual conjunto de possibilidades, mais do que nunca, é fundamental primeiro compreender a experiência do consumidor para depois entender como a tecnologia pode melhorá-la.
Júlio Arnaud