JUP Outubro 2009

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Jornal da Academia do Porto || Ano XX || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita Direcção Carlos Daniel Rego e Filipa Mora || Director de Fotografia Manuel Ribeiro || Directora de paginação Joana Koch Ferreira

Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 11 || U.Porto 12 || FLASH 14 || Desporto 16 || Cultura 20 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31

Palácio de Cristal reabilitação ou destruição?


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Destaque

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O simbolismo de um espaço requalificado O espelho d’agua que substiuirá o actual lago e irá integrar-se com as novas construções

As obras de reabilitação do Palácio são motivo de discussão pública. Entre projecto e polémica fomos procurar saber o que está por detrás de ambos.

A

mado em forma de cúpula, e foi construído segundo o projecto do Arquitecto Carlos Loureiro a pretexto do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins.

O projecto de reabilitação No dia 17 de Junho de 2009 é apresentado no Pavilhão Rosa Mota o projecto de reabilitação. Presidem à cerimónia, realizada pelo próprio autor da infra-estrutura o arquitecto José Carlos Loureiro, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, acompanhado do Vereador da Cultura, Turismo e Lazer, Gonçalo Gonçalves. Na apresentação do projecto é anunciado que “o actual estado físico do Pavilhão Rosa Mota (PRM), associado à sua inadequação para a realização de grandes eventos com qualidade, levou a Câmara Municipal do Porto a adoptar uma estratégia que passasse pela sua transformação num grande centro de eventos” e que isto aconteceria “sem alterar as suas características arquitectónicas, até porque se encontra classificado pelo Instituto Português do

Património Arquitectónico (IPPAR)”. Ainda segundo a apresentação dada “o novo PRM terá áreas de expansão em cave com frente para a Av. Das Tílias, um novo restaurante e uma nova sala para cerca de 1200 pessoas, além das áreas técnicas indispensáveis. Estas alterações vão permitir que, para além das actividades desportivas, exposições, grandes concertos, festas, circo e pista de gelo, se realizem congressos com capacidade de plenário até 6 mil pessoas e seminários ou reuniões de menor dimensão: sala de 322 lugares, 522 e 1180 lugares, subdivisível em 3 salas de cerca de 400 pessoas”. Segundo o site da Câmara Municipal o projecto de reabilitação e requalificação do Pavilhão Rosa Mota está avaliado num investimento de 19 milhões de euros, que será em parte comparticipado pelo QREN e que estará a cargo de uma parceria entre o Município do Porto, a ParqueExpo, o Pavilhão Atlântico, a AEP e o Coliseu do Porto, entidades que depois ficariam encarregues da gestão do futuro PRM. s

história do espaço que hoje alberga o Pavilhão Rosa Mota começa em 1861, quando se inicia a construção de um pavilhão que viria a ser conhecido como o Palácio de Cristal. Inaugurado a 18 de Setembro de 1865 pelo rei D. Luís, o projecto era da autoria do arquitecto inglês Thomas Dillen Jones e foi construído em granito, ferro e vidro, tendo o Crystal Palace londrino por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura e era dividido em três naves. Foi concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto, organizada pela então

Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal (AEP). O Palácio de Cristal foi também um importante espaço de cultura e concertos: no seu interior havia um órgão de tubos que, na época, era dos maiores do mundo. A área envolvente ao edifício foi entregue ao paisagista alemão Emílio David. Entre os jardins temáticos e os jardins românticos situados na entrada há a Avenida das Tílias. Esta é ladeada pela Biblioteca Municipal Almeida Garrett onde se situa a Galeria do Palácio, pela Concha Acústica e pela Capela de Carlos Alberto da Sardenha (edificada em 1849 pela princesa de Montléart em homenagem ao seu irmão, o Rei Carlos Alberto). Em 1933, o edifício e os respectivos jardins foram adquiridos pela Câmara Municipal do Porto. O Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951, com alguma contestação pública, para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. Este edifício é uma nave de betão ar-

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Vista aérea do conjunto das novas edificações

Para aumentar a abertura do edifício as sebes na frente serão substituídas por árvores


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não vamos dar cabo dos jardins. Vamos abater cinco árvores. Dois plátanos que estão plantados no asfalto e três cedros”

não vamos destruir o lago. Vamos transformá-lo! Está sempre verde... parece óleo. Vamos construir um espelho de água”

O autor do antigo e do novo Pavilhão Rosa Mota, o Arq. José Carlos Loureiro

Segundo o arquitecto autor do projecto, José Carlos Loureiro, “o Porto e o Norte não têm, neste momento, um centro de congressos à altura da região”. Para ele, a reabilitação do Pavilhão Rosa Mota, passa por ”alargar as possibilidades do pavilhão, melhorando as suas capacidades acústicas, da capacidade cenográfica para espectáculos e concertos e dotá-lo de salas que permitam a realização de congressos”, uma vez que “não se pode deixar ao abandono um edifício qualificado pelo IPPAR.” Para aumentar a lotação e a flexibilidade da nave central o piso dos espectáculos do Pavilhão seria descido de forma a aproveitar a área da cave (± 5.000 m2). Em parte desta área, sobre uma das bancadas, surgiria uma sala de reuniões para 300 pessoas. No exterior ao perímetro do Pavilhão, onde agora se encontra um armazém técnico, os sanitários e parte da área da esplanada, seria construído, numa área de cerca de 3.500 m2, uma sala de reuniões com capacidade para 500 pessoas e também um restaurante com a respectiva cozinha. Dispostas ao longo da Avenida das Tílias estas construções teriam uma fachada em vidro e a sua altura não excederia a altura do pavimento principal do Pavilhão (3.30m) e dos seus jardins e plataformas envolventes nos lados Norte, Este e Oeste. As coberturas destas estruturas serão ajardinadas ao contrário das actuais. No centro da discórdia sobre este projecto está a sala que se pretende construir sobre parte da área do actual lago e zona en-

“Não se pode deixar ao abandono”

volvente. A sala para 1200 pessoas, compartimentável em 3 salas para 400 pessoas cada ou 2 salas de 600 pessoas cada, será implantada a Sul do Pavilhão, num prisma de 56 x 20 m e terá uma altura de 5 metros, o que excede em 1,70 m a cota geral de 3.30 m. Esta sala, de um lado estaria virada para o rio Douro e, do lado oposto, fará frente com o futuro restaurante num espaço que será ocupado por um espelho de água. A construção iria alterar a estrutura do lago e da zona directamente envolvente e teriam de se abater três árvores, de um total de cinco que seriam abatidas em toda a área dos jardins. O Arqº. José Carlos Loureiro é peremptório ao afirmar que “não vamos dar cabo dos jardins. Vamos abater cinco árvores. Dois plátanos que estão plantados no asfalto e três cedros. Mas em compensação, entre outras que possamos vir a plantar, vamos substituir por árvores as sebes que ladeiam o pavilhão, plantadas há oito ou dez anos, e que são uma autêntica barreira para o edifício”. Quando confrontado com as acusações de que vai destruir o lago, o arquitecto defende-se dizendo que “não vamos destruir o lago. Vamos transformá-lo! Está sempre verde... parece óleo. Vamos construir um espelho de água. O lago vai deixar de ser uma peça solta para passar a ser uma peça que integra e se integra nos edifícios”. Para além da recuperação de um ex-libris da cidade do Porto que se encontra degradado e a necessitar de intervenção, as obras de requalificação vão permitir que a lotação total da área do PRM passe para 7000 pessoas. A nave central fica com uma lotação que rondará as 6000 pessoas, dependendo do tipo de actividade desportiva ou espectáculo realizado. As intervenções que se terão de realizar a nível de insonorização, acústica e meios técnicos visam melhorar aquilo que se pretende que seja mais uma sala de espectáculos para a cidade e também permitirão que as salas e os espaços que serão criados (as salas de reuniões, restaurante e áreas adjacentes) funcionem de uma forma independente da nave central.

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A AEP responde O JUP tentou contactar o Presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Engenheiro José António Barros, na tentativa de clarificar a estrutura da parceria que irá gerir o Pavilhão Rosa Mota após as obras de reabilitação. A Assessoria de Imprensa da Associação informou-nos que a AEP integra um consórcio juntamente com: a Associação Amigos do Coliseu do Porto, “associação de utilidade pública participada por mais de 3.500 pessoas da Cidade”; a Parque Expo e o Pavilhão Atlântico, “sociedades detidas a 100% pelo Estado português”. Quanto aos custos da obra, ficamos a saber que “O custo global do projecto, de 19 milhões, será suportado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e que o consórcio inicialmente entrará com 3 milhões, de um investimento total de seis milhões, e que a Câmara Municipal do Porto investirá os restantes 10 milhões, dos quais será integralmente ressarcida através das rendas a receber ao abrigo do contrato de concessão, durante os próximo 25 anos”. A concessão da estrutura continuará na posse da empresa municipal Porto Lazer, “pelo que falar em privatização do Palácio de Cristal representa total ignorância, desconhecimento ou má-fé”. Em concreto: no final de 2011 a AEP para o Porto uma “moderna arena de nível internacional. A cidade ficará dotada de condições excepcionais para acolher grandes congressos e passará a figurar no roteiro da indústria mundial do entretenimento e nos calendários das maiores competições desportivas indoor, e que“a operação jamais porá em causa o edifício existente ou o património paisagístico e a flora daquele espaço único da Cidade”.

Faz quase um mês que o jovem Diogo Maia, estudante da Faculdade de Belas Artes, participa nas actividades do Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio. A luta travada é contra a intervenção que irá afectar uma parte dos jardins, concretamente na zona onde o Pavilhão se debruça para Avenida das Tílias e que abrange também o pequeno lago “romântico”. Diogo explica o que o Movimento conhece sobre o projecto do Arquitecto Carlos Loureiro: “o autor é o mesmo que projectou o actual Pavilhão, o qual sofrerá uma sensível requalificação. Ao lado, será construído um novo edifício, com capacidade para cerca 2.500 pessoas, que terá a função de albergar congressos. Isto implicará o desaparecimento do actual lago, que será substituído por um espelho de água”. Chegamos logo ao cerne da questão: o Movimento, não contesta a requalificação do Pavilhão em si (intervenção que, aliás, sustenta): “o Movimento apoia a cidade e portanto também a requalificação do Rosa Mota”. O que se combate civicamente é a criação do novo edifício “porque muda a configuração do jardim, é demasiado grande e retira o lago. São jardins românticos, únicos no Porto. As árvores? A questão não é o número mas a descaracterização do sítio”. “Nós não somos tradicionalistas” sublinha o Diogo, acrescentando que “os portuenses têm uma ligação afectiva com um dos poucos jardins de qualidade da cidade, que está muito bem tratado. Trata-se de um património para o Porto, próximo de uma zona que é classificada como Património da Humanidade”. Reconhecendo a importância de ter um Centro de Congressos na segunda cidade do Pais, Diogo Maia evidencia que há outras zonas do Porto que precisam de ser potenciadas e que existem alternativas para a implantação de uma estrutura desse género num sitio que não seja o actualmente proposto pela Câmara. “Será que o congresso não pode deslocar-se para outro sítio?”, interroga. A opinião do Movimento é clara: a zona em questão não precisa de uma intervenção desse género e o representante do Movimento relembra “a catástrofe que teve lugar na época da destruição do (verdadeiro) Palácio”. A preservação do estado actual do jardim sustenta-se, também, com o facto de ser um “es-

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Diogo Maia, estudante universitário e activista do Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio

Luta cívica contra o novo edifício O Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio está contra a mudança de configuração dos jardins. paço seguro, com falta de criminalidade, turístico... enfim, agradável”. Outra das questões que preocupa o Movimento é a futura gestão do Pavilhão, quer do ponto de vista económico, quer de um ponto de vista prático: caso haja a necessidade de albergar mais que um evento simultaneamente “de que maneira serão conciliadas as várias configurações do Pavilhão com a vida no jardim?”. A meio da entrevista, surge espontânea uma pergunta e a sua autoresposta: “para quem é o edifício? Para os empresários!”. O Movimento receia também perder a fruição pública por uma privada, em que o jardim se irá “distanciar das pessoas”. O JUP perguntou se há o risco de uma possível instrumentalização

do Movimento, face a coincidência temporal com as eleições. A resposta corta qualquer dúvida: “no Movimento não há uma implicação/ligação politica, é um movimento cívico e popular. Na verdade, a campanha é prejudicial para nós: as pessoas pensam que temos um interesse político e isso distancia-as”. Actualmente o Movimento continua em busca de um número sempre maior de adesões, quer seja através da recolha de assinaturas ou através de acções de sensibilização. A recolha de assinaturas decorre todas as Terças, das 4 às 18 horas da tarde, e aos Sábados, das 11 às 13 horas, na Rua de Santa Catarina e está em fase de avaliação a mudança para outros focos.

A data marcada para um grande número de acções de sensibilização será, presumivelmente, 3 de Outubro. O programa prevê uma tertúlia com ambientalistas e arquitectos paisagistas e com todos os que participam activamente na vida do próprio Jardim; prevê também a criação de um cordão humano junto ao lago, simbólico da relação das pessoas com o espaço; haveria também intervenções artísticas e musicais e ainda um piquenique. A associação costuma encontrarse todas as Quartas-Feiras no Café Ceuta por volta das 18 horas. edgardo cecchini E JOSÉ FERREIRA edg.concursos@gmail.com hermesmarana@hotmail.com


o seu direito a um tempo efectivamente livre”. Na introdução refere que a pedagogia que se usa para criar ambientes que propiciem o brincar é um direito e não uma mania dos pedagogos. Sente que defende uma perspectiva que não é de todo consensual? Maria José Araújo - Muitas vezes há uma visão errada do que é a pedagogia e do que é brincar. A verdade é que as crianças precisam de brincar e para elas é uma actividade muito séria. No discurso dominante, o brincar, sobretudo quando relacionado com as actividades escolares, aparece quase sempre como actividade secundária. No entanto, as crianças brincam para descobrir

o mundo, as pessoas e as coisas que estão à sua volta. É preciso é criar condições sócio-espaciais para que as crianças possam brincar. Há muitos pedagogos a defender esta perspectiva. As crianças compreendem desde cedo que brincar não é, para os pais, nem para a escola, essencial e apercebem-se disso pelas conversas e atitudes dos adultos e pela forma como se comportam perante a brincadeira ou o jogo. De que forma é que o seu livro procura traduzir para o grande público uma questão que nem sempre está acessível a todos, por exemplo pela linguagem científica dos estudos? MJA - Este livro parte de uma investigação, mas tenta acima de tudo trazê-la para o “murmúrio” e para o

escrutínio do “mundo da vida”, tornando acessíveis a um público mais amplo os resultados a que cheguei. É um livro que pretende contribuir para o debate público sobre as actividades que as crianças fazem no seu tempo livre, através da partilha com o maior número possível de leitores de uma série de inquietações que o trabalho com as crianças me tem suscitado, seja como investigadora, seja como animadora. A linguagem que se utiliza para divulgar a investigação tem de ser acessível. Caso contrário, torna-se muito difícil a disseminação e divulgação dos resultados a que chegamos. As Ciências da Educação (CE) têm sido mal interpretadas e sofrido com isso?

MJA - As Ciências Sociais e da Educação ajudam a desconstruir ideias feitas, ajudam a pensar. Tratam de assuntos que toda a gente considera próximos, familiares e em relação aos quais têm uma opinião. Mas essa opinião é geralmente baseada apenas em ideias-feitas, de mero senso comum. As Ciências da Educação são uma área imprescindível para criar reflexão crítica sobre o que se passa na educação e fazer chegar a toda a comunidade educativa a reflexão que se produz. É, aliás, uma preocupação que partilho com os meus colegas investigadores do Centro de Investigação a que pertenço. Muitas vezes fazem-se investigações que não chegam aos pais, aos professores…

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no fundo onde ela deveria chegar e, nesse sentido, é necessário que se criem condições para que se possam discutir estes assuntos de forma mais abrangente. Esta é uma das principais razões deste livro. Os debates são também uma forma de não fechar a investigação na academia? MJA - Claro. Os debates são muito importantes... são imprescindíveis. É fundamental devolver a investigação que se faz, temos essa obrigação. Percorreu várias escolas para debater com professores, pais e mães… Daquilo que apresentou nos debates, o que suscitou mais discussão? MJA - O que impressiona muito as pessoas, quando eu falo sobre o tra-

balho e a ocupação das crianças durante o dia, é quando tomam consciência da quantidade de tempo: cerca de 45 horas semanais, 9 horas por dia. Essa é a questão que preocupa os educadores. Porque eles sabem que as crianças têm trabalho na escola e depois um conjunto de actividades programadas durante o dia e muitas vezes ainda vão para casa fazer “trabalhos de casa”. Outra questão são os chamados TPC. Porque os educadores sabem que as crianças não gostam, estão cansadas, não têm vontade, etc... E os pais sofrem com isto. Por um lado, acham que se disserem aos filhos para não fazer os TPC os estão a prejudicar, por outro acham que se eles aprenderem mais qualquer

coisinha isso fará deles melhores alunos. Embora percebam que eles estão cansados... São situações algo contraditórias. Mas estamos no caminho certo, porque já há muitos educadores a tomar posição sobre este assunto. Aliás, esta sobreocupação das crianças não pode continuar porque elas não aguentam, como sabemos. Que consequências do excesso da carga horária para as crianças? MJA: As crianças vivem num grande stress. Querem corresponder às exigências da escola, às expectativas dos pais e dos professores e até do grupo de pares. Trabalham imenso e preocupam-se em desempenhar bem o seu papel de “alunas”. Mesmo aquelas que aparentemente não

Biografia Maria José Araújo é Bolseira da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – e Investigadora do CIIE – Centro de Investigação e Intervenção Educativas da FPCE-UP – integra o núcleo E:etc – Expressões, Espaços e Tempos de Criatividade. Tem actualmente em curso um trabalho de investigação sobre a “Escola a Tempo Inteiro e as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC)”.

estão interessadas. Essas, aliás, são muitas vezes as que mais sofrem. As distracções e irreverências das crianças, ou até aquilo a que muitas vezes chamamos “indisciplina”, são muitas vezes consequência do cansaço e do excesso. O cansaço aliado às expectativas dos pais faz com que as crianças andem ansiosas, fiquem aflitas, chorem ou até não queiram ir à escola, inventem mentiras... Começam a alhear-se do espaço escolar e por vezes até desistem. Mas o cansaço não é só em relação à quantidade de actividades e trabalho que têm para fazer, mas também aos espaços. São muitas horas fechadas e as crianças precisam de espaços de ar livre. Os espaços

s

Porque razão submetemos as crianças (dos 6 aos 12 anos) a 8-9 horas de trabalho por dia em actividades que lhes são impostas, enquanto os adultos trabalham em média entre 7-8 horas? Porque razão a opinião, a cultura e os interesses das crianças não são elementos constantes nas actividades? Será que os TPC’s, por roubarem tempo livre às crianças, não favorecem um sentimento negativo destas em relação ao acto de aprender? Estas têm sido algumas questões que têm inquietado Maria de José Araújo, investigadora na área das Ciências da Educação e que lançou recentemente “Crianças Ocupadas”, um livro que segundo a autora “tenta trazer para o debate público o trabalho das crianças e

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Entrevista Maria José Araújo

Tempo livre e a ocupação das crianças: e brincar, não será um direito? Investigadora na área das Ciências da Educação lança livro elico sobre o tempo livre e a ocupação das crianças.

“Olhando para o tempo médio de um adulto e de uma criança, percebemos que as crianças trabalham no seu ofício de alunas tanto quanto um trabalhador adulto”


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educativos, sobretudo porque as crianças lá estão muitas horas diárias, têm de ser espaços de comunicação e aprendizagem que assumam um papel activo e dinâmico. À sua critica do excesso de carga horária subjaz uma outra que questiona as aulas e as actividades desenvolvidas sem ter em atenção os interesses ou as opiniões das crianças. Questiona também o actual modelo escolar? MJA - Uma das dificuldades que condiciona as escolhas das crianças nas actividades organizadas, por exemplo nas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s) do 1.º Ciclo do Ensino Básico, é que elas são pensadas para ser aulas, e nesse sentido as diferentes opções (música, plástica, etc.) são organizadas por turmas e muitas vezes sem ter em conta os interesses e culturas das crianças. Como todas as crianças que ficam na Escola depois do horário lectivo têm obrigatoriamente de participar, as actividades são organizadas em função da prescrição do Ministério da Educação. Por razões práticas de organização, normalmente são grupos organizados em função das idades e anos de escolaridade. Neste sentido, são na maioria – para o melhor e para o pior - actividades realizadas em colectivo coincidente com o grupo que funcionou durante o período lectivo. Portanto, para as crianças, além do carácter obrigatório, não há diferença substancial entre estas aulas e as outras. Por outro lado, os professores das AEC’s são formados para dar uma importância muito maior ao saber escolar do que ao brincar. Nesse sentido, se não tiverem uma intuição muito grande em relação ao que significa ser criança, ao seu cansaço, o que pode acontecer – ou o que acontece – é que é difícil para as crianças assim como para os professores. O problema pode não ser só as actividades que se fazem com excesso de orientação, mas sim ser essa metodologia prevalecente em todas as actividades. As crianças adoram fazer coisas: só temos que lhes dar atenção, ouvi-las e colocarmo-nos disponíveis para ver o mundo na sua perspectiva. Isto representa uma grande aprendizagem para elas e para nós adultos. O que diz aos que acham ingénua ou lírica a ideia de que a aprendizagem pela brincadeira é fundamental? MJA - Digo que as pessoas ainda não conseguiram perceber a função es-

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As crianças adoram fazer coisas: só temos que lhes dar atenção, ouvi-las e colocarmo-nos disponíveis para ver o mundo na sua perspectiva” sencial que as brincadeiras têm na formação das crianças, no prazer, no bem estar... Brincar é uma necessidade e um direito. As crianças estão sempre a aprender e a brincar. Se os adultos não deixarem, elas arranjam-no porque precisam. O projecto da Escola a Tempo Inteiro não acaba por responder a uma necessidade das famílias ao democratizar as funções de guarda? MJA - A Escola estar aberta todo o dia é uma medida socialmente útil e importante para os pais. A questão não é se a medida é boa ou má. A questão é se tem uma influência positiva nas crianças. É preciso perceber o impacto destas medidas na vida das crianças. As AEC’s são um assunto de grande complexidade. A atenção do senso comum centra-se muito no tipo de actividades propostas pelo Ministério em parceria com as autarquias e na tema da segurança enquanto a questão de fundo fica sempre por resolver. Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola? O contrário de tempo livre não é tempo ocupado, como muitas vezes se diz. Porque o tempo pode ser ocupado com liberdade (quando as crianças podem ter uma palavra decisiva na escolha da sua ocupação) e sem liberdade (quando as crianças são vítimas de uma imposição ou escolha a que são totalmente alheias). Para tempo não livre já temos as aulas, e é normal que assim seja. Depois das aulas é bom que o tempo livre seja mesmo livre. Não faz sentido prolongar de tal modo as suas ocupações e obrigações que não lhes

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Estudantes preferem o Porto A UP foi a mais escolhida na 1ª fase e arrecadou os 3 primeiros lugares no top das médias do último colocado.

deixamos tempo para brincar e descansar. Para serem crianças... Estas são algumas das questões sobre que conversei com os educadores e que trato no meu livro. As crianças podem e devem fazer tudo o que for importante para elas, desde que lhes seja garantida a oportunidade de escolher. Aliás, detestam estar sem fazer nada. E, para algumas delas, a única hipótese de ter essas actividades é mesmo na escola. E é justamente por isso que temos de ser muito exigentes em relação à forma como essas actividades são sugeridas e implementadas, para que elas as possam aproveitar plenamente. De-

mocratizar não é fechar as crianças em espaços e obrigar todas as crianças a fazer tudo da mesma maneira. Mas concorda que a Escola Pública sai reforçada com estas funções? Ou critica a forma como se executa? O que pesa mais na avaliação? MJA - Claro. Mas as coisas não são a preto e branco. Todas as medidas precisam de ajustes e de um tempo para ver como podem funcionar. Eu não fiz este estudo para dizer que funciona bem ou mal. Fi-lo para perceber e dar pistas. Para se poderem fazer reajustes, melhorando as condições do que se faz. A avaliação é sobretudo importante para perce-

bermos como podemos melhorar a qualidade do tempo que as crianças passam na escola. Eu toda a vida fiz actividades com crianças e o que digo é que é preciso respeitar as crianças e saber estar com elas. Com o aumento destes espaços de enquadramento social (escola a tempo inteiro, AEC’s), não acha que pode se pode traduzir na redução da liberdade e num maior controlo social? MJA: Sim o controlo é talvez a palavra-chave desta questão. José Miranda josemirand@hotmail.com

A Universidade do Porto (UP) conseguiu preencher todas as vagas na 1ª fase de colocações, algo nunca antes conseguido no país, obrigando até à abertura de 2 vagas adicionais (em Medicina e Medicina Dentária) por empate de dois candidatos quanto à última colocação. Feitas as contas, a média dos últimos colocados em todos os cursos da UP foi de 155,0, superior a todas as outras Instituições de Ensino Superior no concurso. O Instituto Politécnico do Porto (IPP) também pontuou, preenchendo 98% das vagas disponíveis na 1ª fase de colocações. Foi na área da Saúde que as médias do IPP se notaram mais altas, como se pode ver no curso de Medicina Nuclear com 174,0 ou Fisioterapia com 171,0. A média mais alta do último colocado pertence, sem surpresas, à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com 183,7. Na mesma universidade, Arquitectura fechou com 182,5 e o curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar colocou o último candidato com 182,0. O top 10 das médias continua com os restantes cursos de Medicina do resto do país, mas com a surpresa do curso de Bioengenharia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) no 5º lugar, fechado a 179,8. A UP figura assim em 4 dos 10 lugares cimeiros e com cursos que não pertencem à área de Medicina, ao contrário das restantes Instituições. A nível nacional foram disponibilizadas 51.352 vagas, sobrando apenas 6102 para a 2ª fase. Mais de metade dos estudantes foram colocados na sua 1ª opção, e 85% numa das 3 primeiras. A segunda Universidade mais procurada foi a U. Nova

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de Lisboa, ocupando 99% das vagas disponíveis, seguida da Universidade do Minho, Madeira, Açores e Politécnicos do Porto e Lisboa, todos com 98% de vagas preenchidas. A Invicta recebe assim quase 7000 novos estudantes universitários, espalhados pelos variados cursos da UP e do IPP.

Médias A FEUP tem, nos últimos anos, visto as suas médias com tendência a aumentar, como é o caso dos cursos de Engenharia Industrial e Gestão com 177,0, Engenharia Mecânica com 164,5, Engenharia Informática e Computação com 154,0 ou Engenharia Electrotécnica e de Computadores com 151,8. No que diz respeito à Faculdade de Economia do Porto, o curso de Economia fechou a 161,0 e o de Gestão a 155,3. Na Faculdade de Letras, o destaque foi o curso de Línguas e Relações Internacionais, com 172,6, seguido pelo de Ciências da Comunicação:

Jornalismo, Assessoria, Multimédia com 162,2. A Faculdade de Direito viu os seus cursos encerrarem com 168,8 e 166,2, Criminologia e Direito respectivamente. O curso com média mais elevada da Faculdade de Ciências foi o de Bioquímica com 164,5. Quanto a Medicina Dentária, a média do último colocado foi de 173,3; Psicologia fechou com 152,0; Ciências Farmacêuticas com 165,5; Ciências do Desporto com 146,0. A Faculdade de Belas-Artes encerrou com 173,0 e 161,0 a Design de Comunicação e Artes Plásticas, respectivamente. A Escola de Enfermagem do Porto fechou com 159,0, a mais alta da área no país. O IPP destacou-se com vários cursos a fecharem com a média mais alta do país, como os cursos de Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica (169,0), Cardiopneumologia (162,5), Educação Básica (144,3), Educação Social (142,3), Radiologia (152,0), Radioterapia (163,0), Solicitadoria (145,6). rita bastos

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O nome do projecto é sugestivo, metafórico e fica no ouvido: EAR (Enhance Animal Respect) dá voz àqueles que não se podem fazer ouvir. de comida necessários por semana para alimentar os animais das associações”, remata. Sem pretensões de ser uma associação, por falta de condições financeiras e de logística, não obstante da luta pelos direitos dos animais, o EAR evidencia o esforço que faz por se fazer ouvir. “Não pretendemos ser uma associação de recolha de animais, até porque já o fazemos a título individual”, continua. “Pretendemos, sim, ser uma infra-estrutura de apoio às associações já existentes, por exemplo, Stª Maria da Feira tem 700 animais, Stº Tirso tem 250, por

aí fora. Comida, veterinários, pequenos tratamentos e higiene são custos urgentes. A ajuda imediata que, infelizmente, é a mais necessária é mesmo o dinheiro.” O critério de selecção das associações depende das necessidades de cada uma e daquilo a que Susana chama de empenho: “Sem querer criticar, há associações que têm constantemente a porta aberta por mais problemas que tenham e as que se limitam a tratar dos animais que já têm, por já terem uma estrutura definida, um número de voluntários certos etc., permitindo assim

“Não pretendemos ser uma associação de recolha de animais, até porque já o fazemos a titulo individual.”

manuel ribeiro

O que significa para ti esta imagem?

por moivos de paginaçao a foto nao saiu a cor que seria o amarelo

Com idades entre os 24 e 28 anos, Susana Guimarães, Bruno Teixeira e Marta Godinho são os nomes atrás do projecto. Entre Tecnologias Audiovisuais, Organização de Eventos e Direito, respectivamente, os três amigos uniram forças por uma causa e comemoram um ano de ajuda que o EAR proporcionou às associações de animais envolvidas. Susana explica as insónias iniciais com o próprio nome do projecto que, numa primeira tentativa, seria EAT (Enhance Animal Treatment), não fosse a ironia do nome colidir com o objectivo da iniciativa. Acabaram então por conseguir o duplo sentido com EAR, relacionando-se directamente com o conceito desenvolvido pelos três. O projecto passa pela organização de festas, onde as receitas resultantes quer das entradas, quer do contributo livre (pode ser comida) de cada pessoa, reverte para as associações de animais escolhidas pelo EAR. Susana louva o contributo gratuito das bandas nas festas: “É sempre um donativo que o artista faz à causa. Inicialmente, pensamos noutro tipo de eventos mas acabou por ser mais fácil organizar um concerto onde as bandas se voluntariam e as pessoas vão ao bar quer pela causa, quer pelo próprio espaço porque são clientes. Quer por uma questão de contactos, quer pelas infra-estruturas. E daí o EAR – pelos concertos, pela música e pela causa em si, que tentamos que seja ouvida.” A entrada nas festas varia entre os 1€ e 3€ e o dinheiro converte em géneros ou operações urgentes dos animais das associações escolhidas. Comida para cão e gato é sempre bemvinda e “É inacreditável os quilos

manuel ribeiro

EAR: um projecto que se ouve e que se sente

manter a qualidade de vida aos animais que têm. As que têm sempre a porta aberta, também têm sempre a ‘corda no pescoço’, pelo que é mais urgente ajudar essas.” Confrontada com a questão da manutenção de qualidade de vida dos animais, daí algumas associações não poderem comportar mais animais, Susana defende que pode ser ingrato mas é uma opção do coração. Acima de tudo, defende a qualidade de vida e compreende que se chega a um ponto em que é insustentável abrigar mais animais. De olhar vivo, intenso e com uma energia que salta à vista, Susana critica a escassa comunicação global sobre este assunto apesar de “vivermos em altura de eleições, onde esta questão é prevista na agenda política de um partido por saber o eleitorado que tem. Durante o ano somos apenas os ‘tontinhos dos animais’.” A agonia face às centenas de emails que recebem por dia só conhece alguma paz pelos animais que vão conseguindo ajudar. Entre dores de cabeça e sorrisos, os três divulgam o seu trabalho, maioritariamente, na internet (http://www.myspace.com/projectoear). filipa mora

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JUPBOX

Sociedade

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MANAÍRA Athayde mana_aires@hotmail.com

Recolha de assinaturas do Partido Pelos Animais (PPA) na última festa do EAR

Filipe Pedro Jornalista

Nuno Brito Escritor

Pedro Matos Analista financeiro

Michael Machado Estudante de Psicologia

Dizem que a praxis é para integrar as pessoas, mas eu acho que é uma operação de desintegração. Faz-me lembrar estar na primeira classe e os meninos de dez anos quererem controlar o colégio, aquilo que se pode fazer. O que deveria haver era um convívio muito mais salutar, que promovesse uma integração pela cultura. O problema é que os mais velhos não têm consciência alguma da reprodução que são as suas acções.

Gosto dos padrões estéticos da fotografia, faz-me lembrar um bocado a Benneton. O interessante é a intersecção de um conjunto de antigas tradições acadêmicas com as condições plásticas da foto, cujas formas e cores são estritamente utilizadas em propagandas de hoje em dia. O amarelo é uma cor alegre e que transmite a ideia de união e de proximidade.

É um movimento académico que eu sempre fui contra. Para mim é uma questão de afirmação idiota, em que pessoas mais velhas querem se firmar diante das mais novas. O problema é a humilhação e os caloiros nada têm a ganhar com isso.

Para quem vem de outro país, como no meu caso, que sou brasileiro, a Praxis marca um momento importante no contacto com a cultura portuguesa. Muitos olham como uma práctica estranha, mas a mim instiga-me muito a procurar cada vez mais saber sobre a história e os trâmites tradicionais desse país que começo a conhecer.


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16 DE OUTUBRO

1.º SIMPÓSIO EM METABOLISMO Aula Magna da FMUP As inscrições podem ser realizadas via e-mail (fatmaio@med.up.pt) até ao dia 1 de Outubro. A entrada é gratuita. MAIS INFORMAÇÕES: http://bioquimica. med.up.pt/simposio.html.

SEMINÁRIO DE INVESTIGAÇÃO EM MUSEOLOGIA DOS PAÍSES DE LÌNGUA PORTUGUESA E ESPANHOLA Responsáveis operacionais e contactos: Alice Semedo e Sandra Carneiro Departamento de Ciências e Técnicas do Património, FLUP Tel. +351 22 607 7172 Fax: +351 22 607 7181 E-mail: dctp@letras.up.pt http://www.letras.up.pt/dctp

DENSE LINEAR ALGEBRA FOR HYBRID GPU-MULTICORE SYSTEMS Sala a anunciar, DMA, FCUP, a partir das 14h30. Com Marc Baboulin CMUC, Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra.

E-LEARNING CAFÉ Exposição de fotografia

9 E 10 OUTUBRO

ATÉ 31 DE OUTUBRO Encerramento do ciclo “A cidade, a U.Porto e os seus diversos espaços e vivências”

IRISH LITERARY FESTIVAL – “FUNDAMENTAL SOUNDS: VOICES FROM IRELAND” Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Teatro Carlos Alberto. Haverá dois eventos principais: um simpósio na FLUP, com especialistas portugueses e estrangeiros, e um espectáculo, no Carlos Alberto, com três escritores irlandeses: Glenn Patterson (romacista); Paul Muldoon (poeta), e Tom Murphy (dramaturgo). ORGANIZAÇÃO: CETAPS (Centre for English, Translation and AngloPortuguese Studies), Faculdade de Letras da Universidade do Porto. APOIOS: Fundação para a Ciência e a Tecnologia; Culture Ireland; Embaixada da Irlanda COLABORAÇÃO: TNSJ; Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa; ASSéDIO http://www.letras.up.pt

O ciclo incluiu três momentos. “Um ‘outro olhar’ sobre a identidade das 14 Faculdades da U. Porto” é um conjunto de trabalhos concebido por um grupo de alunos constituído por elementos pertencentes a diversas Faculdades e foi pensado de forma a inaugurar em simultâneo com e no E-Learning Café. Com “Re(descobrir) o genius loci do mercado do Bolhão” e pretendeu-se (re)descobrir a realidade histórica, social e cultural de um espaço emblemático da cidade: o mercado do Bolhão. Finalmente, com “Olhares diferentes sobre o Mercado do Bom Sucesso” o objectivo foi contrapor diversos olhares sobre um importante equipamento da cidade: o Mercado do Bom Sucesso. A exposição retrospectiva dos três momentos é promovida pelo grupo de fotografia e vídeo do Centro de Comunicação e Representação Espacial (CCRE). O CCRE - http:// web.ccre.arq.up.pt - da Faculdade de Arquitectura da U.Porto.

Encontros filosóficos 5, 12, 19 E 26 DE OUTUBRO Todas as 2ª feiras de Outubro 21h30 - encontros filosóficos no e-learning café.

Glenn Patterson vem ao Porto

8 DE OUTUBRO

“DIÁLOGOS COM A CIÊNCIA” “RELIGIÃO E CIÊNCIA” Reitoria da Universidade do Porto (Praça Gomes Teixeira), 21h30. Sessão com Bispo do Porto e Carlos Fiolhais.

COLÓQUIO INTERNACIONAL “TRADIÇÃO E VANGUARDAS: CENAS DE UMA CONVERSA INACABADA” Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Promovido pelo Centro de Estudos Teatrais da Universidade do Porto.

Luís Barbosa

AGENDA

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12 A 16 DE OUTUBRO CURSO “SEPARATING REACTORS” Departamento de Engenharia Química, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. INSCRIÇÕES: Estudantes de doutoramento da FEUP – inscrição gratuita; Estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Química - 50 EUR ; Outros - 350 euros. ORGANIZAÇÃO: Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP); Laboratório de Separação e Reacção (LSRE).

13 A 17 DE OUTUBRO FESTIVAL “FUTURE PLACES” Porto. Seis dias de exposições e eventos sobre o potencial e o impacto dos medias digitais nas culturas locais. CURADORES: Heitor Alvelos e Karen Gustafson. O festival “Future Places” é uma iniciativa do Programa UTA/Portugal.

14 A 16 DE OUTUBRO VIPIMAGE 2009 - II ECCOMAS THEMATIC CONFERENCE ON COMPUTATIONAL VISION AND MEDICAL IMAGE PROCESSING FEUP, Porto. MAIS INFORMAÇÕES: http://www.fe.up.pt/vipimage

10 DE OUTUBRO

15 DE OUTUBRO

II CONGRESSO GEOGRAFIA AOS SÁBADOS – “DESENVOLVIMENTO RURAL E DINÂMICA DA PAISAGEM” Sala Orlando Ribeiro, Torre 8, Piso 4, FLUP; das 9h30 às 13h00. A entrada é gratuita e será entregue um certificado de presença. ORGANIZAÇÃO: Alunos do Doutoramento em Geografia da FLUP (edição 2008-2011) CEGOT - Porto

CONFERÊNCIA “À CONVERSA SOBRE O CAPITAL DE KARL MARX” Sala de Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a partir das 17h30. ORADORES CONVIDADOS: Manuel Loff (FLUP); Nuno Nunes (ISCTE-CIES); Carlos Pimenta (FEP; Francisco Melo (editor e filósofo) ORGANIZAÇÃO: João Valente Aguiar (ISFLUP)

17 DE OUTUBRO II CONGRESSO GEOGRAFIA AOS SÁBADOS - GOVERNÂNCIA E CENTRALIDADES URBANAS / EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Sala Orlando Ribeiro, Torre 8, Piso 4, Faculdade de Letras da U.Porto; das 9h30 às 16h00. A entrada é gratuita e será entregue um certificado de presença. ORGANIZAÇÃO: Alunos do Doutoramento em Geografia da FLUP (edição 2008-2011) CEGOT – Porto.

18 A 22 DE OUTUBRO 45TH ISOCARP INTERNATIONAL CONGRESS - “LOW CARBON CITIES” FEUP. Tendo como tema principal - “Low Carbon Cities”, o objectivo deste congresso é promover práticas inovadoras de planeamento e cooperação internacional ao nível da satisfação dos requisitos para a sustentabilidade das cidades. ORGANIZAÇÃO: Divisão de Planeamento/FEUP.

29 OUTUBRO 2009 “DIÁLOGOS COM A CIÊNCIA”: “A SIMBOLOGIA DA PALAVRA NA CIÊNCIA MILITAR” Reitoria da Universidade do Porto (Praça Gomes Teixeira), 21h30. Sessão com Loureiro dos Santos, Nuno Rogeiro e Nuno Severiano Teixeira

7 DE NOVEMBRO PORTUSCALLE 09 - FESTIVAL DE TUNAS DA TEUP Coliseu do Porto MAIS INFORMAÇÕES: http//:www. portuscalle.com

NOMADIC.0910 – ENCONTROS ENTRE ARTE E CIÊNCIA - EXPOSIÇÃO DESIGN4SCIENCE. Reitoria, Átrio de Química. Terça a Sábado, das 12h às 18h. No âmbito do Nomadic.0910, a Universidade traz ao Porto a exposição Design4Science, comissariada por Shirley Wheeler (Universidade de Sunderland, Reino Unido). Entrada Livre Mais informação: http://nomadic.up.pt/

ATÉ MARÇO DE 2010

19 E 20 DE OUTUBRO INTERNATIONAL FORUM ON ENGLISH LANGUAGE TEACHING IV Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a partir das 8h45. Oradores do Reino Unido, República Checa, Finlândia, Alemanha, Portugal e Espanha. INSCRIÇÕES: geci@letras.up.pt MAIS INFORMAÇÕES: nrhurst@letras.up.pt http://web.letras.up.pt/ifelt

24 DE OUTUBRO II CONGRESSO GEOGRAFIA AOS SÁBADOS – “SOCIEDADE DO CONHECIMENTO” Sala Orlando Ribeiro, Torre 8, Piso 4, Faculdade de Letras da U.Porto; das 9h30 às 13h00. A entrada é gratuita e será entregue um certificado de presença.

NOMADIC.0910 – ENCONTROS ENTRE ARTE E CIÊNCIA PROJECTO ARTÍSTICO/ INSTALAÇÃO “OPITÓI-RAC” Faculdade de Farmácia. Átrio. Elsa Bronze da Rocha, da Faculdade de Farmácia, convidou os Artistas Plásticos Acácio de Carvalho e Manuela Bronze a reflectirem sobre o conceito de cariótipo humano e utilizarem-no como ponto de partida para a criação de um projecto artístico. Entrada Livre. Mais informação: http://nomadic.up.pt/ Organização: Núcleo Regional do Norte da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH).

breves

Fundação compromete-se a emprego total em 5 anos

ORGANIZAÇÃO: Alunos do Doutoramento em Geografia da FLUP (edição 2008-2011) CEGOT - Porto

ATÉ 28 DE NOVEMBRO

UPorto

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Lugares do Futuro Festival reflecte sobre o poder dos media digitais para o desenvolvimento das comunidades O Future Places Festival, festival de media digitais, regressa ao Porto entre 13 e 17 de Outubro, e debruça-se sobre a influência dos media digitais nas culturas locais. Reflectindo sobre o poder que estes têm para transformar as noções tradicionais de centro e periferia e, consequentemente, aumentar o desenvolvimento potencial das comunidades, o Future Places chama ao Porto profissionais dos media digitais das mais diversas proveniências a nível mundial. Através de conferências, workshops, concertos e performances, o festival Future Places oferece oportunidades de os novos media serem agentes de desenvolvimento, não só a nível global, como, principalmente, a nível local. Por querer envolver toda a cidade no festival, o Future Places assumese como um festival gratuito e acontece um pouco por toda a parte, no-

meadamente em várias unidades da Universidade do Porto, além da Casa da Música, Passos Manuel e Maus Hábitos e do Centro Comercial Stop. Depois do sucesso de 2008, o Future Places assume-se, agora, como um festival de catalisação de mudança, usando a zona Norte de Portugal como exemplo prático. A mobilização acontece também através de um flashmob durante os dias do festival, num evento único e irrepetível. Comissariado por Heitor Alvelos (FBAUP) e Karen Gustafson (UT Texas), o festival abre com quatro workshops vocacionados para a utilização de telefones móveis como factores chave no desenvolvimento não institucional, o mapeamento urbano através da captação de sons da cidade e a criação de narrativas interactivas. Nomes como David Gunn, Golan Levin, Valentina Nisi e Ian Oakley, Nuno Correia e Mónica S.

Mendes vão ministrar os workshops, dirigidos à comunidade dos media digitais e ao público em geral, a terem lugar na Universidade do Porto, parceira privilegiada do Festival, no âmbito do Programa UT Austin Portugal. As inscrições para os workshops estão disponíveis online. A concurso estão trabalhos de talentos dos digital media que, após exibição nos espaços abertos do Future Places, serão avaliados pelo júri do Future Places, com entrega de prémios no dia 17. Presença importante neste Festival é Hugh Forrest, Event Director do Interactive Festival no SXSW (South by Southwest), e júri do Festival, assim como Jon Wozencroft, director da editora Touch, Steven Devleminck, director do programa Transmedia Brussels, Marc Behrens, músico e field recordist, e Zach Smith, do projecto Thingiverse. O Festival conta também com uma emissão contínua da radiofutura, a rádio oficial do Future Places Festival. De 13 a 17 de Outubro, locutores e repórteres vão dar conta do que acontece no Festival, num ambiente informal, abordando e procurando revitalizar um novo-velho media: a rádio. Informações actualizadas: futureplaces.org. RFM/REIT

A assinatura do contrato-programa entre as três universidades que aderiram ao regime de fundação, onde se inclui a Universidade do Porto, e o Estado decorreu no Porto, no edifício da Reitoria, dia 11 de Setembro. Na prática, em que se traduz a passagem das universidades do Porto, Aveiro e do ISCTE a fundação. As metas estabelecidas nos contratos-programa, que têm duração de cinco anos, não são idênticas nos três casos, mas a perspectiva do Estado e destas instituições é de que o novo regime permitirá uma maior autonomia e capacidade de decisão, conferindo maior responsabilização na concretização dos objectivos a que se comprometem. A Universidade do Porto compro-

mete-se a um nível de empregabilidade total dos seus antigos estudantes nos cinco anos seguintes à graduação. Propõe-se ainda atingir uma fracção de diplomados estrangeiros de 6% em 5 anos, assim como a duplicação do número relativo de doutoramentos face ao total de diplomados. No final da vigência do contrato-programa, a U.Porto quer conseguir a um nível de captação de receitas próprias e outros fundos da ordem dos 55%. Dentro de “um processo de inovação”, este é um desafio encarado pelo reitor da U.Porto, José Marques dos Santos, como “um novo período com um conjunto de ferramentas novas”, ou “um passo em direcção ao futuro”. JC+AS/REIT

O pleno na primeira vaga de candidaturas A Universidade do Porto preencheu todas as vagas que apresentou na primeira fase de candidaturas do concurso nacional ao ensino superior. Apesar de ter sido a instituição que mais vagas apresentou a concurso, 4.050, conseguiu o feito inédito de preencher todas as vagas. Para além do pleno no preenchimento de vagas, são da Universidade

do Porto os cursos com mais alta média de entrada a nível nacional: Medicina, da Faculdade de Medicina, Arquitectura, da Faculdade de Arquitectura, e Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. A U.Porto registou ainda, no contexto nacional, a mais alta classificação média ponderada do último colocado: 155 valores. JC+RS/REIT

Adriano Paço o melhor do ano Adriano Paço, campeão da U.Porto, foi eleito o melhor atleta masculino do ano para a Federação Académica de Desporto Universitário. Depois de ter conquistado o ouro no CNU de Voleibol de Praia, a dupla formada por Paço e por Miguel Coelho (ambos estudantes da FADEUP) conquistou o 8º lugar no Europeu Universitário disputado em Gdynia (Polónia). Este foi mesmo o ano de Adriano Paço. O estudante da Faculdade de Desporto tinha recebido, na Gala da U.Porto, o prémio Car-

reira pelo seu empenho constante em prol do desporto universitário e pelo seu papel fundamental nas conquistas de voleibol por parte da universidade. Adriano Paço venceu oito campeonatos nacionais universitários de Voleibol e quatro campeonatos nacionais universitários de Voleibol de Praia e participou em quatro campeonatos da Europa de Voleibol, três campeonatos da Europa de Volei de Praia e participou duas vezes nas Universíadas. PR / SASUP


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foto-reportagem:

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FLASH

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Os acessórios são como a pontuação do movimento

leituras excitantes

A cadeira é o voyeur em todos nós

Nas Quintas de Leitura do Teatro de Campo Alegre homenageou-se José Luís Peixoto. Com leituras do seu novo romance, música, dança e um strip agradeceram-se as palavras com que ele preenche a vida dos seus leitores

josé ferreira hermesmarana@hotmail.com

O corpo, como a escrita, sai das sombras para a luz

Há música que parece trazer consigo o sol

Ouve agora o ruído do corpo

O strip é a dança a seduzir os olhos O movimento é moitvo de separação


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Atleta C1 em competição Praia da Esteira em Crestuma, onde o campeonato decorreu

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Actuais instalações do Clube Náutico de Crestuma

Ouro para Portugal em Campeonato Mundial de Canoagem A freguesia de Vila Nova de Gaia acolheu entre 18 e 20 de Setembro o Mundial de Canoagem de Maratonas, onde Portugal conquistou cinco medalhas.

A Vila de Crestuma foi durante três dias palco de uma das maiores provas mundiais de Canoagem, ao receber o Campeonato Mundial de Maratonas. Vindos dos quatro cantos do mundo, trinta e um países coloriram a zona ribeirinha da freguesia gaiense e o rio Douro com as suas bandeiras e equipamentos nacionais. Ao longo de quinze provas, as equipas de Portugal subiram quatro vezes ao pódio. Fernando Pimenta foi o primeiro português a chegar a uma medalha, ao conquistar a prata na categoria de K1 (caiaque) sub-23. O atleta do Clube Náutico de Ponte Lima percorreu os 25,8Km de maratona em 2h53m52s, ficando a três segundos do vencedor da prova, um atleta sul-africano. Foi a primeira vez que o escalão sub-23 competiu num campeonato mundial, fazendo com que este passasse a ter a duração de três dias e não dois, como o normal.

As restantes medalhas foram ganhas na categoria Sénior. José Ramalho chegou ao bronze ao completar a prova de K1 em 2h08m31s. O atleta do Clube Fluvial Vilacondense subiu ao pódio pela segunda vez este ano, depois de ter conquistado a medalha de prata no campeonato Europeu, na Polónia. Na mesma categoria mas no feminino, a canoísta Beatriz Gomes, terminou a sua prova em 01h58m41s e sagrou-se campeã do mundo de maratonas. No dia seguinte a mesma atleta, volta a destacar-se entre os três primeiros. Desta vez, chegou ao bronze na categoria de K2 (pares em caiaque) com a colega Joana Sousa, do Clube Náutico de Crestuma (CNC), o anfitrião do campeonato. Portugal alcançou ainda uma quinta medalha, graças ao terceiro lugar na pontuação colectiva. A grande vencedora deste campeonato foi a selecção espanhola, que

se mostrou ao mais alto nível em várias provas, o que levou os espanhóis ao primeiro lugar na classificação colectiva. A Hungria terminou no segundo posto. Nos dois dias anteriores ao início das competições, as águas do Douro já eram agitadas pelos muitos remos e canoas, já que Crestuma foi também palco da Taça de Mundo de Masters, na qual participam atletas acima dos 35 anos. Trata-se de uma competição mais relaxada, ou mais “a brincar”, como referiu José Carlos Sousa, vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem. Portugal não conquistou qualquer medalha nesta categoria, onde Espanha voltou a impressionar, ao arrecadar 14 medalhas.

organização O campeonato contou com discursos inflamados de várias personalidades, como Luís Filipe Menezes.

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Uma portagem durante a competição

Vindos dos quatro cantos do mundo, trinta e um países coloriram a zona ribeirinha da freguesia gaiense e o rio Douro com as suas bandeiras e equipamentos nacionais. O autarca de Vila Nova de Gaia classificou como uma “verdadeira vergonha” a escassa atenção dada pelos media ao evento e às conquistas portuguesas, com foco especial na RTP, salientando os 25 mil euros exigidos pela estação pública para a transmissão do Campeonato. Contudo, Menezes diz que para a história fica “a grande organização, o apoio do público e do povo de Gaia,

as medalhas ganhas pelos atletas e os excelentes resultados das várias delegações”. Mário Santos, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), agradeceu a todas as entidades envolvidas e destacou a boa prestação portuguesa, que fecha mais um ciclo de competições com 14 medalhas alcançadas. A organização da competição foi também valorizada pelo presidente da Federação Internacional de Canoagem, que classificou o campeonato como um dos melhores de sempre. No entanto, nem tudo foi assim tão perfeito. De acordo com Marcos Oliveira, técnico de provas, o maior problema foram “situações de última hora”, como a falta de espaço da área reservada aos atletas. A Torre de Controlo foi também uma dor de cabeça para a organização, já que no primeiro dia de competição ainda estava a ser terminada. A obra já estava prevista aquando da requalificação das instalações do CNC, em 2005, mas viu a sua conclusão constantemente adiada. Não se sabe ao certo quantos espectadores terão enchido as bancadas e as margens do Rio Douro durante os dias da competição mas o técnico de provas aponta para cerca de 2500 por dia. Marcos Oliveira considerou que houve uma boa quantidade de espectadores, tendo em conta as “limitações do espaço”. A escolha deste local para receber tal evento desportivo já remonta a 2005, quando o CNC apresentou a sua candidatura à Federação de Canoagem. A proposta foi bem recebida pela FPC, pois a zona de Crestuma é um local privilegiado para a prática da canoagem. Esta freguesia de Gaia já havia sido palco de diversas Taças do Mundo e de várias provas a nível nacional. O único problema residia nos maus acessos à localidade. Marcos Oliveira disse ao JUP que Crestuma é um local de “difícil acesso, especialmente para um evento deste género que envolve sempre muitos veículos, como autocarros”. A organização do Campeonato Mundial de Maratonas contou com a parceria entre várias entidades, entre as quais se destacam a Federação Portuguesa de Canoagem (com o apoio do Instituto Português do Desporto), o Clube Náutico de Crestuma e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Vera Covêlo Tavares jup@jup.pt

Desporto

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Clube Náutico de Crestuma: uma escola de campeões Perto de completar trinta anos de existência, o Clube Náutico de Crestuma é um dos mais importantes clubes no panorama da canoagem portuguesa. Só este ano, foram sete as medalhas conquistadas pelos seus atletas. De destacar a júnior Joana Vasconcelos, que se sagrou campeã da Europa e do Mundo nos 500m K1, na Polónia e na Rússia, respectivamente. Também nos 1000m K1 a canoísta subiu ao pódio: foi vice-campeã no Mundial e alcançou o terceiro lugar no Europeu. No Campeonato Mundial de Maratonas, em Gaia, entre os 25 atletas portugueses, seis eram do CNC. Apenas Joana de Sousa terminou entre os três primeiros, com o terceiro lugar em K2, ao fazer dupla com Beatriz Gomes. Hugo Guedes, que conquistou a medalha de bronze no Europeu de Maratonas e um honroso sexto lugar no Mundial, na categoria de sub-23 K1, é outro dos grandes nomes do clube gaiense. Também o actual vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, José Carlos Sousa, foi um produto da escola de Crestuma, deixando para trás um percurso notável na modalidade. Para Alexandre Rocha, júnior do Náutico de Crestuma, a chave do sucesso reside “no trabalho que o clube tem connosco, o tempo que investe em nós”, salientando o importante papel de José Cunha, presidente do CNC. O clube dispõe, desde 2005, de novas instalações para melhor responder às necessidades dos atletas, garantindo-lhes uma melhor formação, que vai para além da Canoagem. O CNC desenvolve outras actividades desportivas como Aeróbica e Taekwondo. Segundo os seus dirigentes, o grande objectivo do clube é fomentar o gosto pela prática do desporto.


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Universidade do Porto quer manter nível em 2009/2010 direitos reservados

Resultados históricos em 2008/2009 deixam boas indicações para a nova época Com o início do ano lectivo, arrancam também as actividades desportivas da Universidade do Porto. A UP dá o pontapé de saída na época 2009/2010 com vontade de consolidar o seu estatuto como Universidade mais medalhada do país nos Campeonatos Nacionais Universitários. As Selecções da UP bateram todos os recordes na época passada, ao conquistar 81 medalhas. Em 2007/2008 tinham sido 72. Por isso, no arranque desta nova época, o objectivo só pode passar por manter os resultados alcançados na época transacta. Bruno Almeida, Coordenador do Gabinete de Desporto da Universidade do Porto, reconhece que é bastante complicado conseguir resultados melhores. “Estamos a chegar a uma fase em que é complicado fazer melhor. A UP é, neste momento, a Universidade mais forte nas competições desportivas, e tem dominado os campeonatos a nível nacional”, afirma. Os bons resultados também têm surgido a nível internacional, com a UP a ver quatro atletas nas Universíadas de Belgrado 2009, e com quatro atletas nos Campeonatos do Mundo Universitários 2008.

Futebol dá o pontapé de saída A agenda para 2009/2010 é preenchida e marcada por vários eventos nacionais e internacionais. A Selecção de Futebol da Universidade do Porto é a primeira a entrar em campo, no Torneio Universia. A UP estará presente com uma equipa de Futebol e uma equipa de Futsal. Numa primeira fase, este Torneio é disputado entre as equipas de Universidades portuguesas, e a Selecção vencedora desloca-se até

à América do Sul para defrontar as suas congéneres mundiais na Fase Final da competição. No fim de Novembro, as equipas da Universidade do Porto vão estar na Galiza, nos 24º Jogos GalaicoDurienses. Esta é uma prova com grande tradição no desporto universitário do Norte de Portugal, que conta com a presença, além da UP, da Universidade do Minho, da UTAD, e das Universidades de Vigo, Corunha e Santiago de Compostela. Em 2008/2009, os ateltas da UP ficaram no 3º lugar. Os jogos Galaico-Durienses têm a particularidade de todas as provas serem mistas. Este ano, além do Voleibol, Andebol e Basquetebol, surgem modalidades como o Tiro com Arco, o Xadrez, o Ténis de Mesa, ou os Jogos Tradicionais Galegos. Em Dezembro, realiza-se o Campeonato Europeu Universitário de Taekwondo, que se disputa em Braga. A UP domina a modalidade a nível nacional, e a época passada viu dois atletas sagrarem-se Campeões Nacionais Universitários: Elisabete Ribeiro (FEUP) e Ismael Vieira (FLUP) trouxeram o ouro para a Invicta. Agendados estão também os Opens de 2009/2010, que servem para captar atletas para as Selecções da Universidade do Porto.

Rugby domina atenções O principal destaque desta época vai, naturalmente, para o Campeonato Mundial Universitário de Rugby 7, que se realiza entre 21 e 24 de Julho, no Porto. O palco será o Estádio do Bessa Séc. XXI, propriedade do Boavista e totalmente remodelado para o Euro2004. A meta, diz Bruno Almeida, é contar com a presença de 32 equipas, apesar de reconhecer

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Tomaz Morais, treinador que levou Portugal à fase final do Mundial de Rugby, vai mesmo ser o técnico da Selecção Universitária Portuguesa que vai estar presente no Campeonato Mundial Universitário de Rugby 7. A Comissão Organizadora do Mundial chegou a acordo com o técnico, e contou ainda com a luz verde da Federação Portuguesa de Rugby. Pedro Neto, habitual adjunto de Morais, também estará na equipa técnica dos Universitários. O treinador é reconhecido como uma das principais figuras do Rugby em Portugal, e tem levado os “Lobos” aos grandes palcos interna-

Tomaz Morais vai orientar Sevens O Coordenador do Gabinete de Desporto pretende aproximar mais a Universidade dos estudantes que pratiquem desporto ao mais alto nível que este é um objectivo “bastante ambicioso”. Para já, a China já confirmou a sua presença, depois de várias edições ausente da competição. Também já é garantido que Tomaz Morais, treinador da Selecção Nacional de Rugby, e o principal rosto da modalidade em Portugal, vai orientar a Selecção Universitária neste Campeonato do Mundo. Outra das novidades é a participação da Selecção Feminina Universitária de Rugby Sevens, que medirá forças com as principais potências mundiais da modalidade. As instituições responsáveis pelo Campeonato do Mundo já está a preparar um programa de Voluntariado, aberto a universitários

e estudantes que queiram participar e ajudar na organização do evento.

UP quer apoiar atletas Se dentro de campo os objectivos são ambiciosos, fora dele não são menos. O Coordenador do Gabinete de Desporto da UP pretende aproximar mais a Universidade dos estudantes que pratiquem desporto ao mais alto nível, de forma a manter os seus níveis de motivação elevados. Bruno Almeida revelou algumas medidas concretas que estão em cima da mesa, como a reserva de vagas em residências universitárias para estudantes que tenham estatuto de Atleta de Competição. “Neste momento temos 125 estudantes com estatuto de Estudante-Atleta. Queremos dar mais apoio a estes jovens, e queremos tornar a UP ainda mais atractiva para estudantes que pratiquem desporto de alta competição”, afirma o responsável do GADUP. Até ao momento, Bruno Almeida refere que os Professores têm sido “compreensivos” em relação à participa-

ção de alunos nas provas nacionais, em representação da Universidade, mas sublinha que a UP quer ser mais “ambiciosa” neste campo.

cionais. Além da presença no Mundial 2007, Tomaz liderou a equipa na conquista do Torneio das 6 Nações B, e conta com cinco vitórias em Campeonatos Europeus de Sevens. Bruno Almeida, do Gabinete de Desporto da UP, reconhece que a presença de Morais é muito importante. “O Tomaz conhece muito

bem os jogadores, e todos o respeitam muito”, afirma. O Coordenador do GADUP considera ainda que um grande trunfo para os portugueses é no facto de a maioria dos atletas da Selecção Nacional serem também universitários, o que lhes permite integrar a Selecção Universitária.

O Campeonato Mundial de Rugby 7 realiza-se pela primeira vez em Portugal, e os lusos estão empenhados em deixar uma boa imagem na competição. A Federação de Rugby já anunciou que está a elaborar um plano de treinos para Portugal se apresentar na máxima força. FRANCISCO FERREIRA

Fitness já arrancou Nem só de competição se faz o Desporto na UP. O programa “Fitness na Universidade do Porto” já arrancou a meio de Setembro, e conta com aulas de Step, Hidroginástica, Musculação ou Pilates. A UP oferece ainda a possibilidade de praticar modalidades como a Natação, o Jiu-Jitsu, o Kung-Fu ou o Squash. O objectivo, diz Bruno Almeida, é oferecer aos universitários da Invicta a oportunidade de praticarem desporto. Destaque ainda para o Programa Júnior, que se centra nos filhos de Funcionários, Estudantes ou Professores da Universidade. Neste Programa, os mais pequenos podem iniciar a aprendizagem de Judo, Natação, Ténis ou Voleibol. “O objectivo é que toda a comunidade da Universidade do Porto tenha oportunidade de praticar desporto”, remata o Coordenador do GADUP. FRANCISCO FERREIRA

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Cultura

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José ferreira

direitos reservados/ tca josé ferreira

josé ferreira

Quintas de Leitura Poesia, música, dança, fotografia: as Quintas de Leitura do Teatro do Campo Alegre têm tudo (incluíndo strip). O JUP não faltou à chamada, falou com João Gesta, programador do TCA, e, claro, trouxe fotos...

dando e, rapidamente, as luzes perdem intensidade, os focos ligam-se e entra o escritor em palco acompanhado de Pedro Lamares, Catarina Nunes de Almeida, Margarida Cardeal e Sandra Salomé – os leitores – e ainda do pianista Raúl Peixoto da Costa. As leituras do novo romance de José Luís Peixoto (chamado Livro e que, pelo que os textos nos mostraram, fala sobre um rapaz filho de pai desconhecido e abandonado pela mãe) foram sendo

intercaladas pelo virtuoso piano enquanto em fundo passavam fotografias de Augusto Brázio. Assim se fez a primeira parte. Depois de um breve intervalo, no auditório iniciam-se uma série de performances que, de alguma forma estão ligadas ao universo de José Luís. Isabel Ariel dança, Márcia canta, Cindy despe-se, As Três Marias fazem um showcase do seu tango fusion. No início de cada actuação, ouve-se um verso do autor. s

24 de Setembro, quinta-feira, faltavam poucos minutos para as dez da noite e uma pequena multidão de mais de trezentas pessoas juntava-se à porta do Teatro do Campo Alegre. Era noite de Quintas de Leitura, um evento capaz de se tornar tradição se não se reinventasse constantemente a si próprio. Esta era a noite de José Luís Peixoto, como já o foi antes, nas Quintas. No Grande Auditório do Teatro o público vai-se acomo-

Isabel Ariel a dançar, os leitores e José Luís Peixoto, o poeta homenageado da noite.


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João Gesta, o homem atrás dos poetas A sessão “Livre” das Quintas de Leitura não foi uma sessão comum, enfim, nas Quintas talvez não haja nunca uma sessão comum. Foi, como João Gesta, programador do Teatro do Campo Alegre e o homem chave por trás deste ciclo, fez questão de esclarecer, um tributo a José Luís Peixoto. «Era absolutamente justo ao fim da sétima presença», confessa. As Quintas de Leitura são assim: gostam de acarinhar os seus poetas. Em noventa e quatro sessões que se realizaram desde Janeiro de 2002, passaram pelos palcos do Teatro portuense pouco mais de trinta poetas que, na sua maioria, já repetiram a dose. Os que por lá passaram até ao fim de 2008 estão reunidos na antologia Diga Trinta e Três. Os poetas das Quintas de Leitura que incluem nomes tão falados como os de José Luís Peixoto, valter hugo mãe, Gonçalo M. Tavares, Filipa Leal, Daniel Jonas, entre os mais novos; de entre os mais consagrados Ana Luísa Amaral, Manuel António Pina, Jorge Sousa Braga apenas para citar alguns. As Quintas têm o condão de descobrir novos talentos. «Da primeira vez que eu trouxe o valter [hugo mãe], pouca gente o conhecia», diz Gesta. De facto, muitos dos que agora reconhecemos, deram os seus primeiros passos firmes nos palcos do Campo Alegre. O programador confessa-se «muito orgulhoso» quando os vê alcançar sucesso. Sucesso que não é só dos poetas mas também das Quintas. No princípio diziam a João Gesta: «É possível que funcione, talvez durante um ano ou dois, mas há uma coisa que não vais conseguir: que as pessoas paguem para ouvir poesia». Mas não foi assim que aconteceu. «Ao segundo ano, tínhamos já o público fidelizado», diz-nos o programador.

Público este, que tem vindo a aumentar e a tornar-se cada vez mais fiel. A última sessão esgotou e a taxa de ocupação das salas em sessões anteriores passou sempre os 85%. O sucesso, explica João Gesta, deve-se ao facto de as Quintas de Leitura não serem simplesmente uma récita de poesia onde as pessoas vão e adormecem. Quando confrontado com o facto de considerar a programação de uma Quinta de Leitura um acto de criação, responde, «Sim, montar as pe-

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Agenda 29 de Outubro Café-Teatro - 22h00 “UM POETA NO SAPATO” Espectáculo para maiores de 16. Quatro vozes da poesia portuguesa contemporânea: António Pedro Ribeiro, Daniel Jonas, João Rios e Nuno Moura. Durante 40 minutos, ler-nos-ão os seus poemas incendiários, eivados de amor e humores de todas as cores. A actriz Adriana Faria ajuda à festa e o artista plástico Mário Vitória dá imagem à sessão. Mônica Coteriano & Pedro Gonçalves (Dead Combo) contam-nos “The Story of My Life”. Performance baseada na história da violoncelista Guilhermina Suggia. Fecham a noite os “Moliquentos”. Concerto com Tânia Carvalho (voz e piano), Bruna Carvalho (bateria) e Zeca Iglésias (baixo eléctrico).

ças do puzzle, é muito criativo». E assim é, de facto. Talvez por isso se distingam as Quintas de Leitura. Não se limitam apenas a ser uma recitação de poesia mas a partir da palavra poética criam uma nova arte. «A poesia necessita de ser interpenetrada por todas as outras áreas de expressão artística», explica João Gesta. Filipa mora E TIAGO SOUSA GARCIA morafilipa@gmail.com tiagosousagarcia@gmail.com direitos reservados/ tca

João Habitualmente direitos reservados/ tca

Adolfo Luxúria Canibal direitos reservados/ tca

Manuel António Pina direitos reservados

Daniel Jonas

Filipa Leal

Gonçalo M. Tavares

João Gesta

26 de Novembro Auditório - 22h00 “LADO B” Espectáculo para maiores de 16. O comediante Pedro Tochas apresenta-se nas “Quintas de Leitura” pela 12.ª vez, com um dos seus espectáculos mais emblemáticos e aclamados: “Lado B”. Oportunidade única para rever o seu mais pessoal e autobiográfico espectáculo. O amor, o sexo, a dicotomia homem/mulher são temas que estão de volta nesta bem disposta e irreverente visão do mundo. 17 de Dezembro Café-Teatro - 22h00 “CERCO VOLUNTÁRIO” Espectáculo para maiores de 12. Sessão de lançamento do 13.º livro da colecção “Cadernos do Campo Alegre”. O autor da obra é Vasco Gato, uma das vozes da “novíssima” poesia portuguesa. O livro intitula-se “Cerco Voluntário”, tem gravuras de Sandra Filipe e será apresentado por Catarina Nunes de Almeida. A sessão contará ainda com leituras de Vasco Gato, Catarina Nunes de Almeida e Pedro Lamares e com imagem de Sandra Filipe. Uma performance por Sónia Baptista e um concerto por Tó Trips completam o espectáculo.


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pedro eiras

Ceci n’est pas une chronique Isto não é uma crónica, é coisa bem mais simples. Eu conto. O meu amigo instalou o gps, comentou: se não ponho isto, perco-me sempre. E lá seguimos, estrada fora, de noite. Ora, eu costumo ser sempre o último dos mortais a conhecer, a dominar essas máquinas. Resisto, mas depois cedo, claro: o telemóvel, o e-mail, tudo. Nomes de utilizador, palavras-passe. (Pseudónimos, teorias da conspiração.) Seguimos, estrada fora. E o gps ia dizendo: vire à direita e logo depois à esquerda – saia na próxima saída – vire à esquerda na rotunda – etc., etc. Coisa estranha, esta voz sempre igual, com breves desfasamentos entre os sintagmas, e omnisapiente. Deseja evitar as portagens? Até esses atalhos mais económicos a voz dominava.

Eu obedecia àquela voz, a que ainda não me habituei. Hei-de habituar, decerto. Já me habituo, enquanto escrevo este texto. Em breve também eu ouvirei essa voz que me conduz, ela sabe para onde, decerto sabe. E não estranharei. Nem me perderei. Ela sabe tudo, ela conduz-me. Sabe o caminho e calcula por mim estratégias, economias, soluções. Eu é um outro. E outro é uma voz mecânica que sabe tudo. Eu obedeço, docilmente. De repente, damos por nós a pensar, nas contracurvas de estradas sempre iguais: que sabe esta voz da minha vida? Sabe decerto mais do que eu próprio. Atalhos e perdições. Ou seria tudo ilusão, uns e zeros, electricidade, uma voz gravada? Mas que importaria, se fosse? A voz dizia, conduzia. Bastava um toque no volante, esquerda, direita, sono, piloto automático. Hei-de me habituar. Até a voz ser apenas mais um gesto de tantos que faço sem saber porquê, gestos que sabem mais do que eu. Mandamento, princípio categórico, uma moral mecânica. Hei-de me habituar – telemóveis, e-mails – até ser apenas mais um eco da voz que vai iluminando o caminho na noite. Docilmente: a voz continuará a falar, e eu já não a ouvirei. P.S.: não sei se isto é uma crónica. Crónica é coisa que se possa saber? Talvez a voz do gps saiba. Eu não.

“...que sabe esta voz da minha vida? Sabe decerto mais do que eu próprio. Atalhos e perdições.” Não, eu não ia ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra. Nem conduzia, nem era um Chevrolet, nem ia para Sintra. Sobretudo, não poderia dizer, como Álvaro de Campos: perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço. Eu não me perdia, nem sumia. Nem podia ter a sensação de que há algures um caminho melhor, ou sequer um caminho pior, um caminho outro.

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Ano novo programa novo Começa a temporada 2009/2010 e o Teatro Nacional do São João já anunciou a sua programação.

conta-me como é...

...ser Marionetista “Acha que o meu trabalho é fora do comum?” Raul Constante Pereira é marionetista. Nascido no Porto, onde passou a infância e para onde regressou aos 16 anos, não se lembra de querer fazer outra coisa. “Quando tinha 19 anos decidi que queria trabalhar com marionetas”. Depois do aprendizado na Soares dos Reis e na FBAUP, onde tirou o curso de escultura “para melhorar um pouco a parte da produção plástica”, fez o máximo que pôde para completar a falta de formação específica na área, como cursos de representação, qualificação para ser formador e participação em encontros de marionetas, onde teve contacto com artistas estrangeiros. “Até os 18 anos não tinha muito bem noção daquilo que queria ser.” Raul nunca soube bem de onde lhe surgiu o gosto pelo marionetismo. “Nunca fiz psicanálise neste aspecto. Aos 19 anos fazia teatro na es-

cola e fiz um curso de marionetas, colaborei em programas de televisão, há muitos anos atrás, e foi surgindo este interesse.” No curso de iniciação do TUP - Teatro Universitário do Porto, “ há vinte e tal anos atrás”, conheceu Isabel Alves Costa, directora do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) homenageada este ano após o seu falecimento, com quem manteve contacto ao longo das suas várias participações com espectáculos e acções de formação no festival “desde a primeira edição”. “Podes pintar aqui, se quiseres, e depois vais pintando ou outros espaços de outra cor”. Raul Pereira está a ajudar uma rapariga a pintar uma caixa amarela. À sua volta, várias crianças divertem-se a criar e pintar marionetas que serão exibidas em plena Cordoaria no último dia do festival. Este ano, no FIMP, Raul dirige uma oficina para crianças, “A Festa da Marioneta”, a

cargo da organização Limite Zero, que criou em parceria com um colega, que trabalha com adultos e crianças em acções de formação e sensibilização artística. Além da componente formativa, a associação onde Raul Pereira é director artístico apresenta espectáculos por todo o país, em escolas, festivais e outros eventos culturais. A Limite Zero não é o primeiro projecto que funda para divulgar a sua actividade. Aliás, com 25 anos a trabalhar como marionetista, Raul Constante Pereira nem sempre trabalhou nessa área específica, sem, no entanto, ter precisado sair do universo artístico: “Faço acções de formação, já dei aulas, trabalhei na área de cenografia, faço edição de vídeo, pós-produção, portanto, uma série de áreas multidisciplinares que pouco têm a ver com isto, mas sempre na área artística e técnica” – “temos que nos desmultiplicar um bocadinho”. Aline Flor

Este ano, os espectadores podem contar com uma programação de folgo que engloba mais de 30 espectáculos, conferências, exposições e festivais. No âmbito da iniciativa “Sons Fundamentais”: Vozes da Irlanda, a peça de Tom Murphy, O Concerto de Gigli, é reposta no TeCA de 8 a 11 de Outubro, enquanto decorre no mesmo espaço uma exposição de fotografia intitulada “Autores Irlandeses no Teatro Português”. Quem quiser ouvir falar de literatura irlandesa pela voz de três grandes escritores irlandeses – Gleen Patterson, Paul Muldoon, e Tom Murphy – poderá ir ao encontro público que terá lugar também no TeCA, dia 10 de Outubro. Continuando pelo Teatro Carlos Alberto, o Cão Danado traz ao Porto Emilia Galotti, a controversa tragédia burguesa de Lessing. A encenação é de Nuno M Cardoso e do elenco fazem parte nomes como Albano Jerónimo, Ana Bustorff e Dinarte Branco. Em cena de 28 de Outubro a 8 de Novembro. Mais para o fim do mês, é a vez do teatro clássico francês: Molière e uma das suas obras-primas: O Avarento, encenado por Rogério de Carvalho. Uma produção da Ensemble – Sociedade de Actores a ver entre 27 de Novembro e 20 de Dezembro. Entretanto, no palco do São João, apresentam-se duas produções da casa. A primeira é Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente. Depois de ter encenado o espectáculo Beiras, Nuno Carinhas volta

ao pai do teatro português com esta peça de pendor religioso e pouco conhecida do público. Para que se possa entender melhor o universo que circunscreve o Breve Sumário da História de Deus, haverá um ciclo de cinco conferências intitulado O que resta de Deus, do qual participarão José Tolentino Mendonça, D. Manuel Clemente, Jacinto Lucas Pires, entre outros. No dia 14 de Dezembro - e é de lamentar que se faça uma só récita – o Paraíso Perdido de John Milton vai ser lido integralmente segundo a tradução de Daniel Jonas. A música de VortexSoundTech e as leituras de actores e leitores convidados prometem uma interessante maratona de cinco horas. Janeiro de 2010 será praticamente consagrado ao Ciclo de Monólogos, que inclui espectáculos como O Ano do Pensamento Mágico, de Joan Didion, encenado por Diogo Infante e interpretado por Eunice Muñoz, e A Febre, de Wallace Shawn, encenada por Marcos Barbosa e com interpretação de João Reis. De facto, quando uma programação é boa, torna-se necessário passar revista a cada produção e, em 2010, o TNSJ promete grandes títulos. Sigamos então para Fevereiro com A Mãe, de Bertolt Brecht, autor de Tambores na Noite e Baal, em cena no São João na passada temporada. Desta vez a encenação é de Joaquim Benite, para a Companhia de Teatro de Almada. De 25 a 28 de Fevereiro, o TeCA acolhe uma das peças mais famosas do

Nova Programação no Teatro Nacional S.João

De facto, quando uma programação é boa, torna-se necessário passar revista a cada produção e, em 2010, o TNSJ promete grandes títulos.

autor sul africano Athol Fugard. Canção do Vale é um quase diálogo entre uma geração oprimida pelo apartheid e uma juventude regeneradora. A produção é do Teatro dos Aloés. Entre 26 de Março e 24 de Abril, vai a cena o clássico mais aguardado da temporada: Antígona, de Sófocles. Uma das tragédias mais representadas do repertório dramático grego, Antígona é o ter-

ceiro espectáculo da temporada encenado por Nuno Carinhas. Finalmente, destaque para Electra, o espectáculo de dança de Olga Roriz (4 a 7 de Fevereiro, no TNSJ) e para o Festival da Fábrica, o FITEI, o Alkantara Festival e o Festival de Almada, todos a fecharem uma temporada digna de um teatro nacional e que deve ser seguida com muita atenção. Maria Inês Marques


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ricardo pinto mesquita

Tu A graça do teu olhar. Os teus olhos embainhados de uma luz intensa e funda. A tua pele com a volúpia a escorregar-lhe no traço fino e firme das tuas formas. As tuas mãos compridas e os teus dedos longos numa promessa de serenidade. A forma como te rias para mim naquela noite. A mesa comprida e o magnetismo do teu sorriso a prender-me demoradamente a atenção. Os teus ombros numa simetria absoluta e a noite como a moldura perfeita para o teu rosto. As tuas mãos tocando-me ligeiramente as pernas. Os passos dos teus dedos e o arrepio aceso do desejo. Com os olhos despi-te o mundo e o espaço. Meti no bolso o tempo. E desenhei com a intensidade do olhar a vontade na areia fina da tua pele. Boiava no ondular sereno do teu corpo e escutava

Uma gargalhada acendia-te o rosto e o génio. No meio das vozes que apenas ouvia sem lhes reparar nos rostos, procuravas o meu olhar. O amor assim trocado era o mais cómodo dos lugares. E lembrava-me das noites em que te amei. A mesma luz vinda do teu sorriso e a música suave da entrega. Os nossos dedos enlaçando-nos os corpos ao que as almas se haviam prometido. Ficavas depois horas com o teu rosto pousado nos meus braços. Os teus olhos fixos nos meus com o silêncio a flutuar no ar suave da respiração cansada. O teu corpo nu com a cidade e as ruas lá em baixo. Sibilavas palavras quentes e doces no meu ouvido e ficavas lá a derreter-me a pele e a acender a vontade de semear o desejo no serpentear do teu corpo. Perdia-me com o teu riso infantil e luminoso. Com a forma como o mundo parecia importar pouco no sentido que punhas nas coisas. Como nada parecia importar no estreitar sentido dos teus braços. E nessa noite, como em todas as outras, tinhas na moldura do teu rosto a talha acesa do meu amor por ti. Ao passares os teus dedos, de novo, na minha perna a voz escondida sob a pele da noite iluminou o fundo dos meus olhos para ti. Como as estrelas no céu de uma noite qualquer.

“Os teus olhos fixos nos meus com o silêncio a flutuar no ar suave da respiração cansada. O teu corpo nu com a cidade e as ruas lá em baixo.” o sono da noite embalado pela doçura dos teus gestos. Seguraste-me a mão debaixo da mesa. Os teus dedos assim presos na carne dos meus. Sempre gostaste das minhas mãos. As velas soprando luz no carmim suave dos teus lábios. A música suave como um hino à tua beleza despretensiosa.

É outono na Europa. A cada esquina de Porto as folhas caem das árvores como que anunciando a queda dos arcabouços do passado, antes tão mentores da forma de ver e de viver desse povo português. “Repare como os outonos são estações mais da alma que da natureza”, dizia o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade se referindo a todo amadurecimento por qual passamos em diferentes estações da vida. Morar em outro País talvez seja realmente isso: amadurecemos entre as reminiscências e o coração aberto ao que se principia, tal como também vivem as pessoas aqui deste lugar. O conflito entre o anacrônico e o novo é visível não só na estrutura arquitetônica da cidade, bem como na grande disparidade de comportamento entre os jovens e os mais velhos. Andando no Porto, observamos verdadeiras construções

Andando no Porto, observamos verdadeiras construções modernas, repletas de espelhos e cores vibrantes modernas, repletas de espelhos e cores vibrantes, que dialogam com igrejas medievais, museus antiquíssimos, pontes ainda testemunhas da invasão napoleônica no século XIX. Perambular por estas ruas é ter a sensação de que podemos atracar a todo instante em novos portos, repletos de atividades culturais e um ar que mistura o fim do verão com mais um começo de ano. Nada em Porto me convida a construir um porto-seguro, cheio de certezas e confortos. Muito pelo contrário, aqui o campo é minado pelas dúvidas,

porque quando vivemos sozinhos num outro país estamos condenados à liberdade de nos conhecermos mais, de questionarmos mais sobre nossa identidade. Aprendemos a reconhecer o que é e o que não é essencial em nossas vidas – e acredite, muito do que antes nos parecia imprescindível, com o tempo se torna secundário. “Ora bem”, como dizem meus novos amigos, Portugal é essa amálgama entre aquilo que se foi e aquilo que se é. Um misto de sensações entre as pilastras do passado e o concreto do presente. E quando me lembro dos versos “Quanto menos eu quisesse recordar, mais a saudade andasse presa a mim”, da poetisa portuguesa Florbela Espanca, já não sei ao certo se é saudade do que deixei no Brasil ou se é saudade de cada instante que vivo aqui e que eu gostaria que perdurasse muito mais do que um piscar de olhos. MANAÍRA Athayde

Vida nova, velho mundo Manaíra Aires

Críticas

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4/10

8/10

abrazos rotos almodovar Los Abrazos Rotos, de Pedro Almodóvar, fala-nos da história dos amantes Lena (Penélope Cruz) e Henri Caine (Llúis Homar), através de uma narração confessional do último a Diego, filho da sua amiga e antiga assistente de realização, Judit. Assente nesta complexa teia relacional e com o uso de flashbacks, vão sendo desvendados os mistérios da vida de Henri: O encontro com Lena, a perseguição obsessiva do marido Ernesto, a fuga para Lanzarote e uma fatalidade que lhe tirou a visão. Sem ousadias técnicas ou as habituais provocações, o filme vive da graciosidade e libido de Penélope que trespassam o ecrã e nos fulminam em cada plano. A partir do momento em que Lena sai da história, Almodóvar parece ter esgotado os seus recursos, prolongado o argumento nos últimos trinta minutos para além dos limites do bom gosto. Mas pela contínua construção de atmosferas luxuriantes, fiéis a uma cultura de argumento e direcção, ou simplesmente pelas expectativas que as rodeiam, é sempre um grande prazer ver as estreias de Almodóvar. De facto, ele faz parte do restrito grupo de realizadores cujo nome constrói uma obra, cujo universo e linguagem estão vincadamente enraizados na memória colectiva, tendo o poder de fazer o português ser traído por expressões tais como “já vi o novo Almodóvar” ou “ontem vi um Almodóvar”. Os seus filmes são sempre objectos de colecção. As histórias de Almodóvar continuam a falar da puta, do queer, do acamado, do adultério e da morte mas tudo surgiu agora de forma menos visceral e sentida. Oxalá que os próximos ‘Almodóvares’ sejam o que um dia foram. Joaquim Guilherme Blanc

MANSARDA circolando

7/10 Canned Heat On the road again Colectânea de 15 singles retiradas dos albuns “Canned Heat” (1967), “Boogie With Canned Heat” (1968), “Living the Blues” (1968), “Hallelujah” (1969), and “Future Blues” (1970). Entre o blues e o psicadélico, este é daqueles discos que destila uma carga etílica em quem o ouve. Apesar da misturas de castas, parece ter envelhecido bem, ganhando corpo e maturidade em cascos do mais puro carvalho. Nestes anos, os Canned Heat eram Alan “Blind Owl” Wilson (guitarra/voz), Larry “The Mole” Taylor (baixo), Henry “Sunflower” Vestine (guitarra) e Bob “The Bear” Hite (voz). Frank Cook (bateria) participou no CD de estreia homónimo, sendo depois substituído por Aldolfo “Fito” de la Parra, que ficou como baterista da banda até aos anos 90. O que esta colectânea tem de melhor é a capacidade de nos levar estrada fora por algumas das melhores músicas da banda, logo com a primeira faixa “On the Road Again” que viaja na rica terra de ninguém entre o blues e o rock contido, ou na versão de “Let’s Work Together” de Wilbert Harrison. “Amphetamine Annie” um boogie moderno com uma vaga lição moral na frase “Speed Kills”. Os blues também têm espaço com o original “My Crime”, com o óptimo cover de “Rollin ‘N’ Tumblin’ de Muddy Waters e de “Dust My Broom” de Robert Johnson. O álbum termina com a faixa “Parthenogenesis”, uma grande orgia psicadélica que começa com um apelo tribal, viaja pelas terras dos blues e termina com umas cítaras que fazem lembrar Ravi Shankar. José Ferreira

9/10 Odisseia Homero Falo do livro do homem. No grego homérico original, a primeira palavra é andra: homem. Atribuído a Homero, a Odisseia é um dos primeiros livros do sistema literário Ocidental e um dos mais perfeitos. Copiada, reescrita, glosada, tornouse mais símbolo que livro, mais metáfora que narrativa. A Odisseia é um livro passível de ser visto, por alguns leitores, com o preconceito de se tratar apenas de um achado arqueológico. Totalmente infundado. Neste poema milenar, a tremenda tensão que se respira – especialmente nos versos que antecedem a vingança de Ulisses – é criada, entre outros elementos, pelas técnicas narrativas surpreendentemente complexas. Não só pela famosa in media res, como pela voz narratorial (a certo ponto, um narrador heterodiegético transforma-se no próprio Ulisses contando as suas desventuras), como pela focalização que tanto vigia o astuto homem como o seu filho. Técnicas essas que, desde esse primordial uso, foram repetidas à exaustão. A tradução exemplar que Frederico Lourenço fez em 2003 para a Cotovia é agora reeditada em formato de bolso para a Biblioteca Editores Indepentes num preço que, todavia, se esperava mais acessível. A Odisseia torna ao verso e ao ritmo originais e a única falha – embora se trate de uma decisão consciente para que o ritmo de leitura não seja afectado – é a ausência de notas explicativas que seriam vitais para os que ainda estudam Homero. Tiago Sousa Garcia

“Era uma casa muito engraçada, não tinha tecto, não tinha nada”. Nos últimos tempos, não houve companhia que esmiuçasse tão bem essa cantiga popular como a Circolando, que em Setembro encerrou a trilogia Poética da Casa com o espectáculo Mansarda. Na peça, a casa não é mais o símbolo comum do lar ou do abrigo, nem mesmo é concebida por uma abordagem filosófica ou ontológica. A casa é um objecto em potencialidade e dissecado nas suas perspectivas espaciais, assim como o homem quando zoomorfizado – tudo ganha lupa de aumento sobre a redução dos objectos ao espaço e o ser humano não é mais do que um animal a angariar comportamentos de outros animais. As influências do teatro contemporâneo francês estão por todo lado, a começar pela exploração da materialidade dos objectos, o que garante a sucessão de acontecimentos. Assim, o cenário parece assumir o protagonismo e, por vezes, surpreenderá os espectadores a cada acto instaurado. Há em Mansarda uma espécie de “casa vazada”; as dinâmicas cénicas, cimentadas pelo humor não-verbal, garantem uma apreciação sinestésica intensa, em que os espectadores são levados a imaginar sensações a partir do que presenciam, inclusive quando o cheiro de terra molhada invade o auditório e embarca a plateia numa verdadeira mistura entre águas-furtadas e reminiscências. Se não fosse pela morosidade que resulta da repetição cansativa da mesma fórmula ao longo de todo o espectáculo – fórmula esta que é o destrinchamento da materialidade –, Mansarda conseguiria atingir grandes picos de amálgamas artísticas. Ainda sim, a peça digere as influências numa roupagem bastante portuguesa, o que faz-nos acreditar que, com amadurecimento, o espectáculo poderá firmar uma linguagem bastante própria. MANAÍRA Athayde


música

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teatro

Eventos

Vários

Palavras leva-as o vento josé ferreira

9 de Outubro

2 a 10 Outubro

6 a 11 Outubro

Sábados

Amália Hoje Coliseu do Porto

15º Festival Internacional Teatro Cómico da Maia Fórum Maia

Sons Fundamentais: Vozes da Irlanda - O Festival Literário Irlandês Teatro Carlos Alberto

Mercado Porto Belo Praça Carlos Alberto, 14h às 19h

10 de Outubro Seu Jorge Coliseu do Porto

8 a 11 Outubro O concerto de Gigli Teatro Carlos Alberto

Downtown Sounds – Música na Baixa Av. dos Aliados

Até 11 de Outubro

11 de outubro

Teatro Hekena Sá e Costa

Diana Krall Pavilhão Rosa Mota

12 de Outubro

“O Marinheiro” de Fernando Pessoa

17 de Outubro

17 Outubro

Joan as Police Woman Casa da Música

Mecanismos/In Tensões

Blind Zero

Até 17 Outubro

Teatro Municipal (Vila do Conde)

22 de Outubro Dream Theater, Opeth Progressive Nation, Jardins Palácio de Cristal

Glenn Miller Coliseu do Porto

Centro de Documentação (Vila do Conde)

Exposição “Onde Há Água, Há Vida”, Fotografias de César Sanz Palacete Pinto Leite Exposição de Pintura e Ilustração - “Mão Direita” por Marta Monteiro Parque Central da Maia

Até 30 Outubro

A revolta já não veste de preto

17 OUTUBRO

Peter Murphy Teatro Sá da Bandeira

5 de Novembro

Ciclo Porto Cidade de Ciência “O Porto e a Tuberculose, 100 anos de Luta”, Pelo Dr. António Ramalho de Almeida, 21h15 Fundação Porto Social, Quinta de Bonjóia

Exposição “José Régio e o Teatro” Casa de José Régio

Future Places 2009 (Digital Media Festival) vários locais

30 de Outubro

Skunk Anansie Coliseu do Porto

Atom [Performance] Mosteiro São Bento da Vitória, 21h30

13 a 17 OUTUBRO

Mariza Coliseu do Porto

4 de Novembro

Até 25 de Outubro

Trama – Festival de Artes Performativas – 4.ª edição vários espaços da cidade

29 de Outubro

Teatro Municipal (Vila do Conde)

“A-Z Entre Imagens e Palavras”, Exposição de Pintura de Joana Rêgo Galeria Municipal de Matosinhos

8 a 11 Outubro

La Traviata Coliseu do Porto

Mário Laginha e Maria João

Até 18 Outubro

Grande Auditório do Teatro Rivoli

Auditório Municipal (Vila do Conde)

Três Cantos: José Mário Branco, Sérgio Godinho, Fausto Coliseu do Porto

8 Outubro

Pequeno Auditório Teatro Rivoli

“A Gaiola das Loucas”

31 de Outubro

Comunidade de Leitores Biblioteca Almeida Garrett, 21h

7 Outubro

Contra a mediocridade

09 a 26 OUTUBRO Lomoférias 2009 Nova Embaixada Lomográfica, Centro Português Fotografia, Estação Metro Trindade

“Doce Pássaro da Juventude”

The Mary Onettes O Meu Mercedes

Diana Krall no Pavilhão Rosa Mota

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Opinião

Cardápio

Joan as a Police Woman no Porto

LOMOgrafia FÉRIAS DAY Embaixada Lomográfica Porto “O Olho de Alá” Cace Cultural do Porto

Até 18 Outubro Comédia “Aqui há Fantasmas” Teatro Sá da Bandeira

De 19 a 24 Outubro “Muna” Teatro Hekena Sá e Costa

ATé 31 de Outubro Um Barco na Cidade Cine-Teatro Constantino Nery, Teatro Municipal (Matosinhos)

29 Outubro Quinta de Leitura, “Um poeta no sapato” Café-Teatro Teatro Campo Alegre, 22h

Exposição de fotografia “Ninguém” Biblioteca Municipal de Almeida Garrett

Até 31 de Dezembro XI PortoCartoon-World Festival “As Crises” Museu Nacional da Imprensa

Acima de tudo o caos, a haver, é mental. E da organização que permitiu que todas as placas que eles disseram que foram afixadas fossem roubadas. É certo que não sou a pessoa mais orientada do mundo, mas quantos se iriam lembrar que Recarei é ao lado de Paredes, assim perto de Baltar? Estamos em 2009 e o dia é 11 de Setembro. É o primeiro dia do festival Open Air Caos Emergente que vai durar até dia 13. São três dias muito rápidos e poeirentos aqui em Recarei. O recinto do festival é num campo da bola, pelado. É grande e até tem bancadas de onde se pode espreitar o palco. A música é metal. Só. Pronto, com as devidas variantes, mas eu não estou aqui para ouvir a música. Vim para ver as pessoas, para beber umas cervejas... enfim, divertir-me.

Para encontrar Recarei fui a Paredes e tive de voltar para trás por estradas e caminhos perdidos dos mapas de deus e dos homens... estradas estreitas e sinuosas que ameaçavam trazer em sentido contrário à curva que fazia um qualquer camião perdido de uma pedreira. Até podem pensar que podia ter pedido informações sobre como chegar ao local do festival. O facto é que pedi, mas algo se deve ter perdido na tradução do português deles para o meu. Cheguei lá já tinha caído a noite e estava cansado de conduzir. Tudo o que queria era beber uma cerveja fresca e descansar da condução. Quando dei por mim, já daquela taça plástica bebia uma duvidosa cerveja Tagus e no palco dava-se um Holocausto Canibal. Não, não é uma metáfora... é o nome da banda.

É uma seca voltar 10 anos depois e continuar a ouvir exactamente o mesmo nos devidos rótulos que continuam com o mesmo aspecto e tudo decorado com uma bela forquilha cheia de corações espetados. Que kitch! As excepções foram Draconian, uma banda de doom metal da Suécia, e Destruction, um trio de thrash alemão que trouxe consigo o guitarrista de Evile para substituir o seu, lesionado. Dizem que este pessoal está revoltado. Não a vi... a revolta, isto é. Ou isso ou ela tornou-se outra coisa. O pessoal veste de preto, calça a sua bota, deixa crescer o seu cabelo, e que mais depois disto? Filosofia e astrologia barata? Sonhos fantásticos com as realidades medievais e com as possibilidades de uma maça de armas? Runas e misticismo nórdico que despontam de discursos nacionalistas? Tudo isto e muito mais! Regado com álcool do mais barato para revoltar ainda mais a figadeira e penteados estranhos que andam vagamente na moda no nicho comercial aqui explorado. JOSÉ FERREIRA

Visto que a grande maioria dos leitores desta publicação são jovens adultos, cidadãos que entram numa derradeira fase da sua formação pessoal e profissional, e que como tal já deverão possuir uma base firme de ideias e ideologias próprias, achei que esta altura do regresso às aulas, que para muitos significa a entrada numa nova realidade estudantil, seria uma boa época para propor que abordássemos o tema da mediocridade. Faço-o, porque considero que é bem mais fácil ser-se medíocre do que outra coisa qualquer, tendo por base a sociedade em que vivemos e a cultura adjacente que nos é incutida desde crianças. O grande sinal desta é-nos dado através da atitude e postura de cada um, ou melhor dizendo, da falta de ambas. A falta de participação, de interacção, de crença no seu papel na nossa sociedade é a prova disso mesmo. É muito mais fácil criticar e arranjar bodes expiatórios para os diversos problemas sociais e culturais da actualidade e depois encolher os ombros dizendo que as coisas são assim mesmo, que infelizmente na nossa sociedade as coisas funcionam assim e como somos todos demasiado pequeninos no meio desta selva gigante não temos qualquer poder para alterar isso. Pois bem, isto é aquilo que um derrotista pensa, e nesta linha de pensamento jamais se passará a barreira da mediocridade. Por sua vez, quem está atento e não se contenta em ser apenas mais um entre muitos já é capaz de

encarar as coisas de outra forma, pois não só se questiona sobre aquilo que se passa à sua volta, mas depois, ao invés de apenas se ficar por criticas e lamúrias, é capaz de pensar em alternativas viáveis, tomar uma posição firme e defendê-la. Ou seja, é capaz de adoptar uma postura firme e a atitude necessária e assumindose assim sem qualquer tipo de problema. Tendo isto por base, penso então que seria uma excelente altura para o leitor parar um bocadinho e pensar um pouco no seu papel aqui neste mun-

“...quem está atento e não se contenta em ser apenas mais um entre muitos já é capaz de encarar as coisas de outra forma...” do, porque convenhamos, que seria bom que tivesse um e quanto mais depressa compreender qual ele é melhor. O planeta está cheio de seres humanos pequeninos, quando na realidade precisa é dos grandes, e quantos mais melhor, pois não há nenhum número pré-estabelecido para estes. E se ambiciona tornar-se um destes a receita é muito simples: basta começar a agir, a tomar posições e a acreditar que estas terão um impacto que criará repercussões e que por sua vez estas serão as responsáveis por uma mudança. É que de outra forma, podem acreditar, tudo fica exactamente como está! Armando Pêra


30 || OPINIÃO

JUP || OUTUBRO 09

Jusqu’ici tout va bien Vive-se período eleitoral, altura em que se esperaria um diálogo mais aberto e real no centro da cidade do Porto. Que cada cidadão fizesse jus ao seu estatuto e tivesse uma palavra a dizer, mesmo que não fervilhasse em críticas acesas por um sentido de pertença à sua comunidade. Estamos em período eleitoral, e na Rua do Bonjardim, aos domingos de manhã, um vizinho vira as colunas na janela e deixa o pimba tocar bem alto para quem vai a passar na rua ou mesmo para aqueles que se deixam estar no seu lugar. É coisa que o vizinho repete todos os finsde-semana, e não é por estarmos em período eleitoral que ele havia de mudar. Nunca há quem olhe ou dance, mas na Rua do Bonjardim, agora que o Outono entrou de céu cinzento carregado, as notas só ecoam ligeiramente diferentes porque o chão de paralelo granítico absorve a humidade criando um jogo triste de espelhos, que reflectem as baladas, entre o chão e a vidraça dos prédios em ruínas. No bairro, durante a semana, ouvem-se bem alto os programas televisivos duvidosos no conteúdo que lavam a consciência de um povo desempregado perseverante no saudosismo sebastianista. Talvez seja ele, o sempre esperado, que os levou a decidir nunca pegar nas casas devolutas, assombradas, decadentes de um bairro que só não é deserto, porque há olhares a medo por trás de cortinas corridas, a cada raro sinal de vida que pouco corre lá fora. Nunca é tempo de mudar, de inspirar, de ter uma palavra a dizer e levá-la em frente. O próprio carro do comício que passa com locutor de voz ultra-

editorial

“Tempo, esse grande escultor” manuel ribeiro

Vive-se período eleitoral e devia apetecer cortar o paradigma pela raiz

passada, megafone em riste, parece não acreditar no seu apelo: ao partido e ao voto. O bairro desconfia daquele proclamador outsider, olhao de lado. Eventualmente ele deixa de aparecer. Na Rua do Bonjardim, de tanto olharem para a televisão ou através de cortinas, deixaram de ver que tudo em redor está a ruir. Mais! Eu sei, porque vi, que eles esqueceram aqueles hectares de terreno das traseiras, hoje escondidos em jardins secretos, que um dia traziam uma economia ao local. Assisto a esta apatia, temo pela minha própria inércia, e imagino as formas diferentes que as vidas poderiam assumir, assim que cada cidadão decidisse abrir as janelas à sua cidade. Mas por aqui, o que

verdadeiramente ecoa, não é o Portugal no Coração, nem a carripana do comício. Ouve-se em cada olhar, «Jusqu’ici tout va bien.» (La Haine,1995, Kassovitz). Quantos mentirão a si próprios até ao culminar do fim mais triste. Que o que somos não é o conforto doloroso da vida que fazemos todos os dias mas sim aquilo que daí conseguimos criar. À Rua do Bonjardim, a criação chega em pacotes de bailarinas de grupos pimba com roupas rosa “shocking”, ora em versão sistemade-som-à-janela, ora pela mágica caixa negra cuja programação e conteúdo deixa pouco a desejar no que diz respeito a atentados ao intelecto social. E é assim, que no centro da cidade do Porto, a consciência se

vai criando com a alienação dos valores e objectivos, com a exploração da desgraça do outro e a personificação do espírito do coitado. Vejo o quão fácil foi deixar o corpo ser levado pela corrente, desenhando um percurso inerte. Vive-se período eleitoral e devia apetecer cortar o paradigma pela raiz, escolher a inspiração, não permitir que outros decidam que o meu caminho é o do outro. Acabo de ver “Into the Wild”, que citava Thoreau pedindo «mais do que o amor, o dinheiro, a fé, a fama, a justiça… dá-me a verdade.» É altura de, na Rua do Bonjardim, romper cortinas velhas, abalar fachadas decrépitas, provocar uma reacção e pedir, tão simples, a verdade. SAra moreira

FICHA TÉCNICA

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Aline Flor || Armando Pêra || Edgardo Cecchini || José Ferreira || Rita Bastos || Vera Covêlo Tavares || Guilherme blanc || Tiago Sousa Garcia || Filipa Mora || José Miranda || Francisco ferreira || Sara moreira || Manaíra Athayde, || Pedro Eiras || Ricardo Pinto Mesquita || Bruno silva || Maria Inês Marques

Redacção e Administração Rua Miguel Bombarda, 187 - R/C e Cave 4050-381 Porto, Portugal Telefone 222039041 Fax 222082375 E-mail jup@jup.pt

DIRECÇÃO DIRECÇÃO DO NJAP/JU - PRESIDENTE Sara Moreira VICE-PRESIDENTE Rita Falcão TESOUREIRO José Ferreira VOGAIS Pedro Ferreira (JUP) || Filipa Mora (aguasfurtadas) || Bárbara Rêgo (espaçosJUP) || Manaíra Athayde (galerias) DIRECÇÃO DO JUP Carlos Daniel Rego e Filipa Mora DIRECTORA DE PAGINAÇÃO Joana Koch Ferreira DIRECTOR DE FOTOGRAFIA Manuel Ribeiro EDITORES E SUB-EDITORES EDUCAÇÃO Carlos Daniel Rego SOCIEDADE Manaíra Athayde CULTURA Filipa Mora e Tiago Sousa Garcia OPINIÃO Pedro Ferreira DESPORTO Francisco Ferreira

imagem da capa Pooiioppoi Depósito Legal nº23502/88 Tiragem 10.000 exemplares Design logo JUP Bolos Quentes Design Editorial/Grafismo Joana Koch Ferreira Paginação Joana Koch Ferreira Pré-Impressão Jornal de Notícias, S.A Impressão NavePrinter - Indústria Gráfica do Norte, S.A. Propriedade Núcleo de Jornalismo Académico do Porto/Jornal Universitário

OPINIÃO || 31

JUP || OUTUBRO 09

Apoios Reitoria da Universidade do Porto, Serviços da Acção Social da Universidade do Porto, Universidade Lusófona do Porto, Instituto Português da Juventude.

“Começa um ciclo novo; os primeiros caules verdes atravessam como setas as últimas folhas secas do Outono passado”, parafraseando a erudita Marguerite Yourcenar através de um excerto de um dos seus ensaios que dá corpo ao título deste editorial, começa um novo ciclo, uma nova viagem. Partindo da reflexão sobre o passado e o presente do universo da autora, o JUP vai vestindo o casaquinho, nestes dias e noites amenos salpicados de gotículas ainda que pouco veraneantes, enquanto se prepara para um novo ciclo. Os caules verdes que já vêm do Verão respiram, agora, mudança. Arrumou-se e preparou-se a casa para o futuro a curto (e, talvez, médio) prazo e não só. Porque a ambição e o sonho equiparam-se com empenho e dedicação. A isto, juntamos-lhe uma pitada de afecto e cumplicidade para a corrida semestral/anual. Para o comum leitor, a velha máxima “Ano novo, vida nova” fazia todo o sentido em meados de Dezembro/Janeiro, enquanto se preenchem listas de promessas e desejos. Para o público-alvo do JUP, esta espécie de “axioma” popular ganha contornos de maior dimensão agora. Ano (lectivo) novo, vida nova. Sem qualquer pretensiosismo ou condescendência, o JUP enquanto força colectiva, apela à participação, ao activismo da palavra. Na era da Informação e Conhecimento, o entorpecimento tem perna curta. Os novos tempos emergem, exigindo uma postura pró-activa, criticismo e dinamismo. O tempo é um recurso escasso e aquilo a que nos propomos é continuar a comunicar aquilo que acreditamos ter interesse e qualidade. Terminamos com um tópico assente no que acreditamos serem os nossos valores enquanto o mais antigo órgão de informação estudantil do país: apesar de não ter profissionais na sua redacção, o JUP não confunde a falta de profissionais com falta de profissionalismo, assumindo o lema: “voluntários na opção – profissionais na acção”. filipa mora

1 Saltos fervilham na calçada Varrendo a avenida transtornada São tempos difíceis de explicar Estes que correm apressados para o autocarro vinte e oito

Devaneios

Só, sentado ao balcão de uma tasca rústica da cidade Admiro a solidão que assentou com os anos Na esperança que a esperança fique sem reste-a Bebo mais um trago de whisky puro Ao longe uma maquilhagem esborratada Decide, por fim, agitar os ares de moléstia Fitando a fatalidade, travo um cigarro Empurrando o fumo para um hotel rasca da baixa Queres saber… Vá lá querida, queres mesmo saber que a vida não vale merda nenhuma E a sociedade não presta? Para isso tinha ficado em casa a ver televisão Semedo


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