25/02/2015
Docentes:
Pequena escala e qualidade
Prof. DSc Luciane Tasca Prof. Arq. Carina Folena
A CIDADE AO NÍVEL DOS OLHOS AUR050
Cidades para pessoas – Jan Gehl
Caminhar com um propósito
Caminhada rápida de um ponto A para um ponto B
Caminhar é mais que o movimento que nos leva de um lugar a outro.
Ziguezaguear das crianças
Ponto inicial: atividades humanas universais As cidades devem propiciar boas condições para os que querem caminhar, parar, sentar, olhar, ouvir e falar.
Muitos fatores influenciam na velocidade do caminhar
Passeio lento para fruir a cidade ou um pôr do sol
Caminhada de um idoso para pegar ar fresco ou exercitar
Qualidade do percurso
Superfície
Idade
Mobilidade
Caminhar com uma velocidade
Objetivo: apresentar princípios de planejamento para a dimensão humana das cidades
Caminhar com uma velocidade
A dimensão humana em todos os tipos de cidades e áreas urbanas deve ser um requisito universal
O projeto do espaço e o clima também influenciam
Quantidade de pessoas
Caminhar por um tempo A distância aceitável de caminhada é um conceito fluido A maior parte das pessoas são dispostas a percorrer 500m A distância aceitável depende da qualidade do percurso
Os pedestres andam mais rápido em ruas lineares, ao passo que o ritmo cai em praças
As pessoas também andam mais rápido quando chove, venta, faz frio ou para fugir de uma forte incidência solar
Trajeto interessante
Piso de boa qualidade
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Caminhar por um tempo
Espaço para caminhar
Os centros das cidades confirmam a distância de 500m Grande parte deles correspondem a uma área de 1km²
Condição para a caminhada agradável e confortável: espaço livre e desimpedido
Juiz de Fora
Espaço para caminhar
Pensar a cidade para o pedestre
Evolução (?) urbana e espaço para os pedestres
Av. Rio Branco (1872)
Av. Rio Branco (1915)
Av. Rio Branco (1969)
Av. Rio Branco (1940)
Os pedestres naturalmente evitam desvios, obstáculos, degraus, percorrendo com frequência caminhos em linha reta
Como consequência, nos projetos, gramados são pisoteados em várias direções
Em geral, é fácil prever as linhas preferidas pelos pedestres e incorporá-las ao projeto
Av. Rio Branco (1990)
Av. Rio Branco (2014)
Pensar a cidade para o pedestre
O resultado pode ser surpreendente, as linhas preferidas podem inspirar desenhos e formas fascinantes
Pensar a cidade para o pedestre
A ideal distância de 500m não é uma verdade absoluta Se o percurso for interessante, rico e confortável, os pedestres esquecem da distância e fruem experiências que ocorrem
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Perspectivas cansativas e interessantes
Perspectiva cansativa:
A maior rua de pedestres do mundo
O pedestre vê o percurso desde o começo O caminho é reto e parece infinito, sem promessa de experiências interessantes no trajeto
A rua Strøget, em Copenhague possui 1km de extensão
Atravessa o centro da cidade diretamente
Incontáveis curvas e voltas aproximam os espaços e os tornam interessantes
4 praças dividem o percurso
Perspectivas interessantes:
Caminho dividido em segmentos viáveis As pessoas andam de praça em praça ou em uma rua atraente e sinuosa As curvas não devem ser muito fechadas, impossibilitando o pedestre de ver muito à frente As vistas devem se abrir
O papel dos espaços de transição A qualidade das fachadas no nível térreo é um fator importante Onde não há lojas ou bancas, chama-se atenção para portas de entrada, detalhes construtivos e paisagismo Expressões de fachada verticais aparentam caminhadas mais curtas e viáveis Prédios com linhas horizontais ressaltam a distância
Escadarias e degraus
Subir e descer escadas requer maior uso de músculos e faz com que o ritmo da caminhada seja o da escalada
Escadas e degraus são um desafio físico e psicológico para pedestres
Se eles puderem vão evitá-los
“Psicologia da escadaria”
É possível disfarçar as escadarias de forma a tornar o trajeto mais viável
Se víssemos a completa dimensão de uma escada de uma só vez, provavelmente consideraríamos impossível subir até seu topo
“Psicologia da escadaria”
Os patamares dividem a subida em segmentos mais curtos
É como andar de praça em praça, sem ver a escada em sua exaustiva e completa dimensão
Dessa forma somos convidados a subir
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Escadarias em espaços públicos
Piazza di Spagna, Roma: subida combinada com experiências visuais
Escadas e rampas
Escadarias em espaços públicos
Escadarias e degraus são um obstáculo concreto a ser evitado, por princípio, sempre que possível
Quando forem imprescindíveis, devem ter dimensões confortáveis, e o interesse visual e a psicologia da escadaria devem ser usados de modo efetivo
Rampas ou elevadores devem ser criados para o tráfego de cadeirantes e pedestres com mobilidade reduzida
Pedestres na era do automóvel
Se considerarmos as situações em que é possível escolher entre usar escadas ou rampas, existe uma clara preferência pelas rampas, pois nelas é possível manter o ritmo da caminhada
Pedestres na era do automóvel
Deve-se encontrar soluções para ruas e vias que permitam aos pedestres e bicicletas permanecer no nível da rua e atravessá-la com dignidade
A partir dos anos 1950 a engenharia de tráfego passou a trabalhar a segurança dos pedestres por meio de passagens subterrâneas e passarelas
Estas soluções não eram apreciadas pela população, funcionando somente mediante a instalação de cercas altas ao longo das estradas
Conforto ao caminhar
A pavimentação também tem papel importante no conforto dos pedestres:
As superfícies devem ser niveladas e não escorregadias
Um modelo integrado de tráfego pode fazer com que as ruas sejam mais seguras e amistosas, com os carros andando mais lentamente e parando com maior frequência
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Segurança ao caminhar
Uma boa cidade para se caminhar deve funcionar de dia e de noite
Uma iluminação à noite é essencial, seja ela sobre pessoas, rostos, cantos, recuos, pisos, superfícies e degraus
Permanência em espaços de transição
Sempre que as pessoas param, elas procuram os limites do espaço: “efeitos dos espaços de transição”
Nos limites dos espaços de transição, não estamos no meio do tráfego, vemos tudo à frente e temos as costas protegidas
Mobiliários e fachadas
As mais atraentes fachadas urbanas, no que diz respeito à permanência, são as que apresentam “caves”, nichos e reentrâncias.
Esses elementos propiciam apoios e proteção contra intempéries, além de boa visão do entorno
Atividades estacionárias
Dois tipos de atividades ocorrem nos espaços urbanos: as de movimento e as estacionárias
As atividades estacionárias podem ser classificadas de acordo com o grau de necessidade:
As que não dependem da qualidade urbana: comércio de rua, limpeza e manutenção
As que dependem da qualidade urbana: estar urbano, cafés e contemplação
Mobiliários e fachadas
Mobiliários e fachadas fornecem pontos de apoio á permanência, como por exemplo os balizadores da Piazza del Campo, em Siena
São mais atraentes as zonas de permanência atreladas a fachadas detalhadas. Já fachadas lisas indicam movimentação
Características da boa permanência
Bons espaços para permanecer tem fachadas irregulares e bons pontos de apoio
Para além, fixam-se:
Microclima agradável Boa localização Espaços de transição Boa visibilidade Nível de ruído baixo Baixo índice de poluição Vista
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Características da boa permanência
Outros elementos no campo de visão das pessoas:
Formas de se acomodar
Água Árvores Flores Bom espaço Boa arquitetura Obras de arte Vida e pessoas
Assentos primários
O conforto ao se sentar influi na escolha dos bancos e na duração da permanência:
Primários: bancos, cadeiras isoladas e cadeiras de café
Secundários: locais onde as pessoas possam se acomodar de forma espontânea – pedestais, degraus, pedras, frades, monumentos e fontes
Assentos primários
A preocupação com a vida urbana está totalmente ausente de considerações sobre a localização de bancos e a escolha de desenhos e materiais
Os bancos ficam ancorados em meio ao nada, longe dos espaços de transição, recantos e reentrâncias, projetados muitas vezes como caixões
Vitalidade das zonas de transição
Estudos sobre centros urbanos mostram que a permanência nos ambientes que margeiam os espaços urbanos compõem o grosso das atividades estacionárias
Nesse âmbito, adquirem relevância os cafés de calçada da paisagem urbana moderna
Estes equipamentos oferecem cadeiras confortáveis e boa visão dos passantes
No entanto, os assentos primários podem constituir vários tipos, incluindo cadeiras móveis
Esse tipo de mobiliário oferece flexibilidade ao usuário, que pode aproveitar ao máximo o local, clima e vista, além de permitir que ele organize seu próprio espaço social
Vitalidade e permanência
“Convidar as pessoas a caminhar e pedalar na cidade é um início, mas não basta. O convite deve incluir a opção de se sentar e passar um tempo na cidade. Atividades de permanência são a chave de uma cidade viva, mas também realmente agradável. As pessoas ficam se um lugar for bonito, significativo e agradável. Uma boa cidade tem muitas semelhanças com uma boa festa: os convidados ficam porque se divertem.” (GEHL, 2013, P.147)
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Bons lugares, ótima escala
Não importa o quanto se estude o clima, a iluminação, o mobiliário e outros fatores essenciais da qualidade urbana ao nível dos olhos, o esforço pode ser quase inútil se a qualidade espacial, as proporções e as dimensões não forem cuidadosamente analisadas. Experiência do conforto e bem-estar está ligada a harmonia entre corpo humano, seus sentidos, dimensões espaciais e escalas.
Influência decisiva em nossa experiência sobre o lugar e em nosso desejo de nos movimentarmos ou premanecermos ali. Yagamata, Japão
Camilo Sitte descreveu a importância de dimensionar o espaço das cidades de acordo com suas funções e habitantes, assim como ter espaços fechados onde a linha de visão é interrompida pelas fachadas circundantes. O dimensionamento dos espaços é um fator crucial para sua função como arcabouço das atividades humanas e para o bem estar das pessoas.
Piazza Navona, Roma
Através de uma análise das cidades na história, Sitte propõe reavaliar a cidade através de seus espaços existentes, principalmente suas praças. Segundo Françoise Choay seu objetivo foi o de "polemizar contra as transformações de Viena e planejamento do Ringstrasse segundo princípios do Barão Georges-Eugène Haussmann. Foi, no entanto, sem efeito sobre o destino urbanístico da capital austríaca e a concepção de Otto Wagner." Sua obra será fonte de inspiração para Patrick Geddes, Lewis Mumford.
Sluseholmen, copenhague, dinamarca
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A proporção
As proporções espaciais das cidades antigas revela o mesmo modelo em todas elas. Ruas com 3, 5, 8 ou 10 metros podem facilmente absorver o tráfego de 2.400 a 7.800 pessoas. Praças com 40 x 80 significam poder observar toda a cena, ver a própria praça e os rostos. Hoje: proporções semelhantes são encontradas em shoppings, parques de diversões, onde o conforto e o desejo de fazer valer cada metro, determinam a dimensão do espaço.
Piazza del Campo, Siena.
Combinação de escalas
Ruas que priorizam pedestes oferecem a oportunidade de trabalhar com a arquitetura dos 5 Km/h, para que pedestres possam se mover com conforto e os veículos lentos tenham acesso. Construir cidades atraentes = cidade ao nível dos olhos e edifícios situados acima dela. É o princípio de colocar pequenos espaços dentro de maiores combinando grandes espaços à escala humana. Ramblas de Barcelona
Orestad Copenhague, Dinamarca
Eurolille, Lille, Francá
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Bancas de comércio, guarda-sóis, toldos e cafés, fazem o espaço urbano parecer menor e mais intimista. Mobiliário urbano e balizadores também ajudam a criar espaços menores em espaços maiores
Boas cidades para pedalar
Os ciclistas representam um tipo diferente e uma forma mais rápida de tráfego a pé, mas em termos de experiências sensoriais, vida e movimento, eles são parte do resto da vida urbana. Aspectos sob os quais precisamos planejar: topografia, clima e estrutura urbana Amsterdã, Holanda
O fato é que um bom número de cidades tem estrutura, terreno e clima adequados para andar de bicicleta, mas a adoçao de políticas de circulação que priorizam o automóvel fizeram com que andar de bicicleta se tornasse perigosos ou impossível. Em muitas cidades a circulação de bicicletas não passa de conversa de políticos, e a infraestrutura ciclística, consiste em geral, de trechos de vias desconectadas aqui e ali, em vez de ser objeto de abordagem útil.
Barcelona, Espanha
Copenhague, Dinarmarca
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Numa época em que conbustíveis fósseis, poluição, problemas com clima e saúde se tornam um desafio global, parece um passo óbvio priorizar o tráfego de bicicletas.
Integração entre sistemas
O convite para pedalar implica que o tráfego de bicicletas esteja integrado na estratégia geral de transportes. É preciso criar condições para levar bicicletas nos trens, metrôs, e, de preferência também em ônibus urbanos, para que seja possível viajar combinando bicicleta e transporte público. Os táxis também poderiam levar bicicletas, quando necessário.
Onde estacionar a bicicleta?
Outra ligação importante em um sistema integrado de transporte é a possibilidade de estacionar a bicicleta com segurança em estações e terminais. É também preciso ter boas opções de estacionamento para bicicletas ao longo das ruas em geral, escolas, escritórios e residências. Novos edifícios deveriam incluir estacionamento para bicicletas, vestiários e chuveiros para ciclistas como parte integrante do seu programa.
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A segurança para quem pedala
Outro ponto essencial é a segurança. Uma rede de ciclovias protegida por meios-fios e carros estacionados são o primeiro passo importante. Além disso é preciso manter a segurança nos cruzamentos. Uma opção são semáforos especiais, que mostram a luz verde para o cruzamento de ciclistas cerca de 6 segundos antes de abrir para veículos motorizados. Além disso, ônibus e caminhões precisam ter espelhos especiais para ver as bicicletas.
Uma rede de ciclovias confortável
É importante criar conforto e comodidade em termos de redes ciclísticas. Passeios de bicicletas podem ser interessantes, agradáveis, adotando-se alguns critérios para as ciclovias.
As ciclovias
É necessário que as bicicletas tenham espaço suficiente para que não sejam empurradas ou fiquem aglomeradas. A largura pode variar de 1,70 a 4 metros, sendo que 2,5 é o mínimo recomendado.
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Como alugar sua bicicleta?
Muitas cidades introduziram vários tipos de bicicletas que podem ser alugadas em postos ou estações. A idéia é reforçar o uso desse veículo nos trajetos curtos, oferecendo um serviço público de locação para que as pessoas não precisem comprar, guardar e consertar suas próprias bicicletas.
Tóquio, Japão
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