Expor dados da chegada dos primeiros povos em território cearense não é uma tarefa fácil, pois são informações escassas, todavia segundo Thomaz Pompeu Sobrinho (18801967) o povoamento do ceara teria ocorrido há cerca de seis ou sete milênios, insto é há cinco ou quatro mil a.C. (Entraram) os povoadores no território cearense através do Piauí e Pernambuco. Teriam então ocupado o âmbito, constituindo uma população dissimilada, rarefeita deixando manchas mais ou menos amplas. (Pompeu Sobrinho, 1955:199).
Foi o espanhol Vicente Yanêz Pinzon, navegador e companheiro de Cristóvão Colombo a viagem de descobrimento da américa em 1492 que teria atingido o Ceará ao qual chamou de Santa Maria de la Consolacion (que hoje, seria, Ponta Grossa no município de Itapuí) visitando em seguida outra área onde cravou uma cruz. Esta, que dias depois seria encontrada por Diogo de Lepe que chamou a região de Rostro Hermoso (correspondente ao atual Mucuripe, em Fortaleza)
Figura 1.0 - Vista Aérea de Fortaleza - Ceará
Figura 1.2 - Vicente Pizon
Fonte: Montese Star (2020).
Fonte: História do Ceara (2015).
Em 1603 houve a primeira descoberta oficial de colonização do Ceará com Pero Coelho de Sousa que partiu da Paraíba levando seus índios (aliados do conquistador) e soldados (entre eles, o jovem Martin Soares Moreno). Onde travou combate aos índios tabajaras e aliados franceses. Após a derrota dos adversários, Pero tentou seguir para o Maranhão, mas só atingiu o rio Paraíba (Piauí) devido ao cansaço e a fome que estavam seus homens e devido a situação escassa se recusaram a prosseguir. Contudo, sofrendo os efeitos da Seca de 1605-1607 (a primeira registrada pela historiografia local) e o abandono por vários de seus homens, Pero se viu na obrigação a se retirar do Siará. Foi Martin Soares Moreno que, para muitos historiadores teria sido o grande conquistador do Siará homenageado até mesmo como o “guerreiro branco Martin” no livro Iracema (1855) de Jose de Alencar. A presença dos holandeses no Ceará tinha como objetivo o controle da região produtora de cana-de-açúcar, além de explorar a terra em busca de outras riquezas. Usaram a tática de firmar aliança com os indígenas locais, afim de obter ajuda nos combates contra os luso-espanhóis, já os indígenas buscavam aquela aliança afim de manter suas terras e verem livre de opressores portugueses pois acreditavam que os holandeses eram mais amigáveis e menos brutos. Com tudo, logo os holandeses perceberam poucos atrativos econômicos as terras, mesmo com a exploração pesada a mão-de-obra indígena. A resposta dos índios diante dos maus tratos de atacar e destruir a Forte, foi visto como um caso raro em termo de história do brasil, de uma revolta indígena bem sucedida. O Siará voltava a ser apenas dos nativos
A criação do município de Fortaleza se deu a 13 de abril de 1726, quando a povoação do Forte foi levada à condição de vila. Somente em 1823 o Imperador Dom Pedro I elevou a vila à categoria de cidade.
Figura 1.3 - Forte de São Sebastião
Cinco anos depois, em 1649, os holandeses voltaram ao Ceará comandada por Matias Beck que procurou a paz com os indígenas através de presentes, pois os nativos eram a maioria absoluta no Ceará, eles precisavam do seu apoio. Então mandou erguer, nas margens do riacho Pajeú, o Forte de Shoonemborch, todavia em 1954 foram expulsos definitivamente pelo comandante português Álvaro de Azevedo Barreto, que mudou o nome do Forte para Nossa Senhora de Assunção.
Fonte: História do Ceará (2015).
Figura 1.4 - Planta da Cidade de Fortaleza.
O Centro de Fortaleza caracteriza-se, sobretudo, pelo comércio. Muitos dos prédios centenários que o compõem estão repletos de memórias históricas, mas, ao mesmo tempo, dezenas deles se encontram vazios e desprotegidos (LOSEKANN, 2010) Mapa 1.1 - O Centro e suas delimitações
Fonte: Arquitetura e Cotidiano Social do Centro Histórico de Fortaleza (2012).
O mapa procura identificar três espaços importantes para a história da cidade. A área identificada pela linha contínua, em violeta, corresponde aos limites atuais do bairro Centro. A área identificada pela cor verde, corresponde ao espaço contemplado com a reforma urbana ocorrida no terceiro quartel do século XIX, com base em planta urbanística de Adolfo Herbster, Já a área identificada pela cor rosa, corresponde a parte do centro histórico. Legenda: Área do Centro Histórico Reforma Urbana
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Figura 1.5 - Edificio Excelsior em 1936.
A partir da década de 30, o que passou a predominar foi a oferta de serviços como comércio, operações bancárias, algumas indústrias e entretenimento envolvendo lazer, passeios, teatro, cinemas e clubes sociais, sendo um pouco menos habitacional. Foi neste período que fortaleza ganhou seu primeiro arranhacéu, localizado na Major Facundo com Guilherme Rocha. O Excelsior foi por muitos anos um dos principais hotéis da cidade, sendo pioneiro em todo o Norte e Nordeste.
Fonte: Somos Vós (2016).
Figura 1.6 - Edifício Excelsior atualmente.
Alguns dos edifícios da época foram a Rainha da Moda (de Américo Lopes & Companhia), a Casa Leblon (da empresa C. Sousa, de Carloto Lourenço de Sousa), a Casa Americana, de artigos finos para homens (de L. Loureiro & Companhia) e o Auto Elétrico, de Carlos Garcia Juaçaba. Além da criação do Instituto José Frota.
Fonte: Somos Vós (2016).
É justamente nesse ano de grandes mudanças e conquistas para Fortaleza que é criado o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, que depois passou a chamar-se Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA Figura 1.7 - Rainha da Moda em 1936.
Figura 1.8 - Instituto Doutor José Frota em 1938.
Fonte: Fortaleza Nobre (2010). Fonte: Somos Vós (2016).
Figura 1.9 - Fortaleza durante a Era Vargas.
Fonte: Diário do Nordeste (2014).
As classes econômicas mais abastadas foram deixando o Centro - que passou a ser zona comercial - ocupando a Jacarecanga, em menor escala, a região do Benfica, ao sul do Centro, e vencendo a "barreira" representada pelo riacho Pajeú, áreas da Praia de Iracema e Aldeota, ao leste.
Bairros como Jacarecanga deram lugar ao Meireles e à Aldeota no abrigo às elites, e no mesmo período é observado o crescimento urbano desordenado, o desenvolvimento das favelas e a falta de estrutura pública para as faixas mais pobres.
A cidade crescia cada vez mais com a criação de novos bairros, além de termos uma população de 66% o que chegava em base a 514.818 transeuntes. Diante disso, foi necessário desenvolver novas linhas de ônibus. Foi nesta época tampem, que surgiu a TV Ceará Canal 2 com programação ao vivo ressaltando os talentos locais.
Ao final dos anos 1970, Fortaleza começou a despontar como um dos maiores polos industriais do Nordeste com a implantação do Distrito Industrial de Fortaleza e a movimentação na zona portuária do Mucuripe, com suas indústrias de pesca, moinhos de trigo, fábricas de asfalto e áreas de refino de petróleo.
Norte: bairro moura brasil
Noroeste: bairro da jacarecanga Oeste: bairro farias brito Sul: bairro José Bonifácio O bairro faz limite ainda com os bairros de Joaquim Távora, Aldeota, Praia de Iracema, Benfica, Farias Brito, Arraial Moura Brasil. Renda Média Em Fortaleza, no segundo trimestre de 2020, a média domiciliar per capita da base da pirâmide dos 40% que têm menor rendimento é de R$ 96,60. Esse é um nível de rendimento muito baixo, ou seja, cada pessoa tem um acesso muito baixo. Quando nós comparamos os maiores rendimentos, o topo da pirâmide, os 10% superiores, o valor é de R$ 4,8 mil. População A população no último censo (2010) foi de 2.452.185 pessoas Alfabetização Segundo o censo (2010) a taxa de escolaridade de 6 a 14 anos de idade era de 96,1%. IDH Total O Índice de Desenvolvimento Humano é uma unidade de medida utilizada para aferir o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade nos quesitos de educação, saúde e renda. Onde temos Fortaleza com o índice de 0,754 (PNUD). Diagnóstico do trecho O local do diagnostico está no bairro centro na cidade de Fortaleza no estado do Ceará, inserido na regional 12 (SERCEFOR). O objeto de pesquisa tem sua localização no perímetro Norte: Rua Castro e Silva, Rua. Adolfo Caminha, Litoral, Av. Pessoa Anta; Sul Av. Duque de Caxias; Leste Av. Av. Almirante Tamandaré e Oeste Av. do Imperador, R. Gen. Sampaio. Onde possui edificações, praças e parque históricos como Centro de Turismo do Ceará, Santa Casa da Misericórdia, Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, Parque da Liberdade Fortaleza, Praça José de Alencar, Praça do Ferreira, Praça dos Mártires, Hospital Geral Doutor Cesar Cals, dentre outros.
Figura 1.10 - Centro de Turismo do Ceará (EMCETUR).
Figura 1.11 - Santa Casa da Misericórdia.
Fonte: Santa Casa Saúde (2018).
Figura 1.12 - Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Fonte: Fortaleza em Fotos (2013).
Fonte: Takashi Matsumura (2016).
Figura 2.3 - Parque da Liberdade Fortaleza.
Figura 2.6 - Praça dos Mártires.
Fonte: Fortaleza em Fotos (2016). Figura 2.4 - Praça José de Alencar.
Fonte: Prefeitura de Fortaleza (2019).
Figura 2.7 - Hospital Geral Doutor Cesar Cals.
Fonte: Prefeitura de Fortaleza (2017). Figura 2.5 - Praça do Ferreira.
Fonte: Prefeitura de Fortaleza (2019).
Fonte: Portal do Governo (2019).
Em fortaleza temos em sua predominância o clima tropical, quente e úmido com chuvas em janeiro a junho. Devido ao índice de umidade relativo do ar temos uma mínima de 73% e máxima de 82,5%. Apresenta uma temperatura elevada durante o ano todo, com uma média anual de 26,6°C. A média máxima é de 29,9°C e a média mínima é de 23,5°C. (FORTALEZA, 2006) sua sensação térmica é aliviada por conta dos ventos devido à proximidade da praia.
Figura 2.0 - Vista Aérea da orla de fortaleza - Ceará.
Fonte: Portal Fortaleza (2020).
A hidrografia principal do município compreende as bacias da Vertente Marítima, do rio Cocó, do rio Maranguapinho e do rio Pacoti. As bacias hidrográficas estão totais ou parcialmente inseridas no município de Fortaleza. O Centro se encontra na Vertente Marítima, com a topografia favorável ao escoamento das águas para o mar, seja diretamente ou através de riachos. Situada em área limítrofe do Oceano Atlântico, esta bacia está inserida totalmente na zona urbana de Fortaleza. Por se tratar de uma área de grande densidade populacional, os conflitos entre a urbanização e o meio natural são claros. Ocorre uma ocupação generalizada na área, com invasões dos caminhos preferenciais das águas, o que seria o caso do Riacho Pajeú na zona do Centro. Figura 2.1 - Bacias Hidrográficas do Município de Fortaleza.
Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico (2015).
A vegetação cearense caracteriza muito bem o estado, seja de forma física, social ou cultural. A maior parte do Ceará apresenta cobertura vegetal da caatinga, típica do sertão, entretanto, outros tipos de vegetação ocorrem em seu território. São elas: floresta tropical, cerrado e vegetação litorânea. Com isso temos a vegetação predominante de fortaleza de mangue e restinga tendo o Parque Ecológico do Cocó como a maior área verde da cidade. Entretanto, é nítido que houve uma grande degradação ao seu entorno. No Parque Pajeú podemos observa construções invadindo seu território, enquanto que no Parque da Liberdade, o mesmo se encontra abandonado. Figura 2.2 - Praça do Ferreira.
Fonte: Mapa Cultural do Ceará (2020).
Seu relevo tem altitude média de quinze metros e o maior rio é o Cocó. a instituição que tem a competência de promover e executar a política municipal de meio ambiente é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano - SEMAM. O relevo do Centro é predominantemente plano assim como na maior parte do território de Fortaleza, porém ainda em possível encontrar algumas declividades mais acentuadas na malha urbana, como na rua São Paulo e na rua Guilherme Rocha próximo à Praça dos Leões.
Apesar de haver uma estruturação geológica não muito diversificada, os condicionantes climáticos, a morfologia dos terrenos, a geologia e o tipo vegetacional vão produzir uma vasta tipologia pedológica no Estado. Pereira e Silva (2005) apontam a existência de 13 classes de solo para o estado do Ceará. São eles: Latossolos Vermelho Amarelos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Nitossolos Vermelhos, Chernessolo Argilúvico, Luvissolos, Planossolos, Neossolos Flúvicos, Vertissolos, Neossolos Litólicos, Cambissolos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e Gleissolos.
Sabemos que o Zoneamento Geoambiental é um instrumento técnico voltado para o planejamento ambiental, proporcionando parâmetros e referências para uma reavaliação permanente do processo de planejamento, principalmente dos setores agrícola, mineral, dentre outros. A cidade de Fortaleza está dividida em onze sistemas geoambientais, e a nossa área de estudo está situada dentro do sistema de Tabuleiros Pré-Litorâneos. Os tabuleiros pré-litorâneos são compostos por sedimentos mais antigos pertencentes à Formação Barreiras e se dispõem de modo paralelo à linha de costa e à retaguarda dos sedimentos eólicos, marinhos e fluviomarinhos que compõem a planície litorânea. possuem um relevo predominantemente plano, com alguns pontos de elevações suave onduladas.
Em um contexto geral podemos observar que o centro da cidade mesmo com suas mudanças históricas passou a ser um bairro com grande circulação da população, sendo beneficiado por sua localização, clima e relevo litorâneo, todavia vale ressaltar que mesmo com o fluxo de transeuntes sendo fervoroso no período matinal, o centro acaba sofrendo com a falta de segurança em períodos noturnos o que potencializa a criminalidade, o tráfico de drogas e a prostituição.
Figura 2.3 - Canal que passa o Rio Pajeú no Centro de Fortaleza.
Fonte: O Povo (2019).
Figura 2.4 - Avenida Heráclito Graça em período chuvoso.
Fonte: O Povo (2019).
De acordo com a Secretaria Municipal da Infraestrutura (SEINF), desde 2015 foram realizadas inúmeras obras para melhorar o sistema de drenagem na Heráclito Graça e em suas adjacentes, o que incluiu a instalação de 59 bocas de lobo. No trecho entre as ruas Nogueira Acioly e João da Penha foram construídos, segundo a entidade, 125 metros de ramais de drenagem.
O Pajeú, nasce na Rua Silva Paulet, e vai seguindo pela Rua Heráclito Graça, um trecho da Avenida Dom Manoel, cruzando um trecho da Rua Presidente Castello Branco, e segue pela praça da CDL onde podemos visualizar uma pequena parte dele, a olho nu. Dessa praça, conseguimos visualiza-lo também no Parque das crianças, e continua seguindo seu trecho do rio pelo Paço, que é no berço do governo municipal e adiante segue para desaguar no poço da draga, localizado na Praia de Iracema onde o mesmo encontra o mar. Atualmente o curso d'água fundamental para a história de Fortaleza, o riacho Pajeú foi renegado pela Cidade e hoje corre por seu subterrâneo, onde nenhum de nós consegue visualizar seu percurso como um todo. Quando chove, ele vem à tona com força se mostrando como sinal de que ainda está vivo e alaga trechos da Av. Heráclito Graça e Duque de Caxias. Hoje não é um riacho, mas um canal, um bueiro engessado. O que resta são as consequências de uma inobservância de critérios ambientais.
Nos artigos 9 e 10 do Plano Diretor de Fortaleza podemos encontrar as políticas de meio ambiente como também suas ações estratégicas, dentre algumas medidas podemos citar algumas sendo elas: A preservação, conservação, recuperação e uso sustentável dos ecossistemas e recursos naturais; Redução dos riscos socioambientais; garantia do acesso público às praias e a preservação de dunas, mangues e recursos hídricos; Dentre suas ações estratégicas, citaremos: uso, preservação e conservação da biodiversidade; controle da qualidade ambiental; monitoramento dos recursos hídricos;
Na LUOS observamos que a zona de preservação ambiental se divide em 3 subtemas, sendo as zonas encontradas no trecho do centro nomeadas como ZPA 1 - Faixa de Preservação Permanente dos Recursos Hídricos.
Algumas das observações previstas no código de obras de fortaleza para edificação é que todo prédio que vier a ser construído ou reformado deverá possuir, no alinhamento da via pública, dentro do seu recuo frontal, área de piso para armazenagem de recipientes de lixo. Obedecendo o parágrafo geral de que no projeto de construção ou reforma do prédio deverá constar a indicação da área com o projeto do abrigo para recipientes de lixo, dentre outras demasiadas informações importantes.
Mapa 2.1 – Zonas de Preservação ambiental segundo a LUOS.
Legenda: Limite área de estudo Lotes de terra ZPA1 – Zona de Preservação Ambiental Vias locais
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Ao observar o mapa de usos do solo predominantes por quadra é possível identificar um misto muito grande de usos , mas com destaque para os usos: Comercial , Serviços e Mistos , que estão presentes em maior quantidade . É importante ressaltar que praticamente todas as quadras possuem mais do que um uso do solo , porém procuramos identificar os usos mais predominantes em cada uma.
Mapa 3.1 –Mapa de Usos do Solo
Legenda: Residencial Comercial Serviços Industrial Institucional Mistos ( Comercial e Residencial )
1
Áreas de lazer
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Figura 3.1
Fonte: Imagem extraída através do Google Street View
É interessante notar que existe um grande Vazio urbano , Localizado na esquina das Ruas Liberato Barroso e 24 de Maio : Mas é possível observar vazios urbanos em todas as quadras da área de estudo , seja por edificações fechadas , vazias , interditadas , ou por vazios causados pela grande presença de Estacionamentos . Os usos Industriais e residências são mais presentes na parte Norte da área de estudo , mais próximos da Orla , estando inclusive dentro da Zona de Orla trecho II . Obs: As imagens do Street View remetem ao ano de 2020 , portanto ficou confuso se alguns edifícios estavam fechados por conta do Lockdown e da quarentena , ou se fecharam mesmo devido a crise econômica.
De acordo com a Lei de Parcelamento e Uso do solo de 2017 : SEÇÃO II DA MACROZONA DE OCUPAÇÃO URBANA IX - Zona da Orla (ZO) - caracteriza-se por ser área contígua à faixa de praia, que por suas características de solo, aspectos paisagísticos, potencialidades turísticas, e sua função na estrutura urbana exige parâmetros urbanísticos específicos. De acordo com o Plano Diretor de 2009: Seção II Da Zona de Ocupação Preferencial 1 (ZOP 1)
Mapa 3.2 –Mapa do Zoneamento
Legenda Zoneamento: ZOP 1 ( zona de ocupação preferencial 1) ZO II ( zona de orla trecho 2) Área de Estudo
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Art. 79 - A Zona de Ocupação Preferencial 1(ZOP 1) caracteriza-se pela disponibilidade de infraestrutura e serviços urbanos e pela presença de imóveis não utilizados e subutilizados; destinando-se à intensificação e dinamização do uso e ocupação do solo. Art. 80 - São objetivos da Zona de Ocupação Preferencial 1 (ZOP 1): I - possibilitar a intensificação do uso e ocupação do solo e a ampliação dos níveis de adensamento construtivo, condicionadas à disponibilidade de infraestrutura e serviços e à sustentabilidade urbanística e ambiental; II - implementar instrumentos de indução do uso e ocupação do solo, para o cumprimento da função social da propriedade; III - incentivar a valorização, a preservação, a recuperação e a conservação dos imóveis e dos elementos característicos da paisagem e do patrimônio histórico, cultural, artístico ou arqueológico, turístico e paisagístico; IV - prever a ampliação da disponibilidade e recuperação de equipamentos e espaços públicos; V - prever a elaboração e a implementação de planos específicos, visando à dinamização socioeconômica de áreas históricas e áreas que concentram atividades de comércio e serviços; VI - promover a integração e a regularização urbanística e fundiária dos núcleos habitacionais de interesse social existentes; VII - promover programas e projetos de habitação de interesse social e mercado popular.
DAS ZONAS ESPECIAIS Art. 8. As Zonas Especiais são áreas do território que exigem tratamento especial na definição de parâmetros reguladores de usos e ocupação do solo, sobrepondo-se ao zoneamento, ressalvadas as restrições estabelecidas em normas específicas, e classificam-se em: I-IV-V apresentadas respectivamente
Mapa 3.3 –Mapa das Zonas Especiais
ZEPH Centro ZEPH Praia de Iracema
ZEIS 1 Área de Estudo
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
I - Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) - são porções do território, de propriedade pública ou privada, destinadas prioritariamente à promoção da regularização urbanística e fundiária dos assentamentos habitacionais de baixa renda existentes e consolidados e ao desenvolvimento de programas habitacionais de interesse social e de mercado popular nas áreas não edificadas, não utilizadas ou subutilizadas, estando sujeitas a critérios especiais de edificação, parcelamento, uso e ocupação do solo; IV - Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS) – são porções do território destinadas à implantação e/ou intensificação de atividades sociais e econômicas, com respeito à diversidade local, e visando ao atendimento do princípio da sustentabilidade; V - Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico (ZEPH) - são áreas formadas por sítios, ruínas, conjuntos ou edifícios isolados de relevante expressão arquitetônica, artística, histórica, cultural, arqueológica ou paisagística, considerados representativos e significativos da memória arquitetônica, paisagística e urbanística do Município; § 1º As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) subdividem-se nas seguintes categorias: I - Zonas Especiais de Interesse Social 1 (ZEIS 1) - são compostas por assentamentos irregulares com ocupação desordenada, em áreas públicas ou particulares, constituídos por população de baixa renda, precários do ponto de vista urbanístico e habitacional, destinados à regularização fundiária, urbanística e ambiental;
Mapa 3.4 –Mapa das Zonas Especiais
Legenda de ZEDUS: ZEDUS Centro T1 Área de Estudo
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
De acordo com o Plano Diretor de Fortaleza de 2009: Art. 127 - São objetivos das Zonas Especiais de Interesse Social 1 (ZEIS 1): I- efetivar o cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana; II - promover a regularização urbanística e fundiária dos assentamentos ocupados pela população de baixa renda; III - eliminar os riscos decorrentes de ocupações em áreas inadequadas; IV - ampliar a oferta de infraestrutura urbana e equipamentos comunitários, garantindo a qualidade ambiental aos seus habitantes; V - promover o desenvolvimento humano dos seus ocupantes. Art. 150 -São objetivos das Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS): I - promover a requalificação urbanística e a dinamização socioeconômica; II - promover a utilização de terrenos ou glebas considerados não utilizados ou subutilizados para a instalação de atividades econômicas em áreas com condições adequadas de infraestrutura urbana e de mobilidade; III - evitar os conflitos de usos e incômodos de vizinhança; IV - elaborar planos e projetos urbanísticos de desenvolvimento socioeconômico, propondo usos e ocupações do solo e intervenções urbanísticas com o objetivo de melhorar as condições de mobilidade e acessibilidade da zona. Art. 154 - São objetivos das Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico (ZEPH): I - preservar, valorizar, monitorar e proteger o patrimônio histórico, cultural, arquitetônico, artístico, arqueológico ou paisagístico; II - incentivar o uso dessas áreas com atividades de turismo, lazer, cultura, educação, comércio e serviços; III -estimular o reconhecimento do valor cultural do patrimônio pelos cidadãos; IV- garantir que o patrimônio arquitetônico tenha usos compatíveis com as edificações e paisagismo do entorno; V - estimular o uso público da edificação e seu entorno; VI - estabelecer a gestão participativa do patrimônio.
É possível perceber com a análise do mapa , que do lado leste da área de estudo é onde se localiza com mais intensidade as edificações de maior gabarito , sendo muitas delas prédios residenciais ou de Hotelaria e prédios comerciais.
Mapa 3.5 – Mapa de Gabarito
Legenda de Gabarito: 1 Pavimento 2 Pavimentos 3 Pavimentos 4 Pavimentos ou mais
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
MAIO 2021 EDIÇÃO 01 PÁGINA 34
Áreas cinzas são as áreas adensadas , e as brancas , os vazios , não são vazios urbanos, mas sim vazios na morfologia urbana, como praças, parques e afins. Mapa 3.6 – Mapa Nolli ( Cheios e Vazios )
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Figura 3.2: Residência Térrea
Figura 3.3: Residência Duplex
Residência térrea localizada na Comunidade Poço da Draga
Residência Duplex localizada na Comunidade Poço da Draga
Figura 3.4: Edifício Residencial
Figura 3.5: Comércio
Edifício Residencial Localizado na Rua Barão do Rio Branco
Edifício Comercial Localizado na Rua Barão do Rio Branco
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Figura 3.6: Uso Misto
Edifício de uso misto localizada na Rua Liberato Barroso com Senador Pompeu. Figura 3.8: Igreja
Figura 3.7: Industrial
Complexo industrial, localizado na Rua Alberto Nepomuceno. Figura 3.9: Colégio
Santuário Sagrado Coração de Jesus , localizado Colégio Tiradentes, localizado na Rua Pedro I. na Av. Duque de Caxias. Figura 3.10: Instituição
Prefeitura Municipal de Fortaleza, localizada na Rua General Bezerril.
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Ao andar pelas ruas do centro é possível perceber que praticamente 100% dos lotes , das edificações , não respeitam os parâmetros urbanos da Zona em que estão inseridos ( ZOP 1), tendo praticamente nenhuma área permeável e não respeitando os valores de recuo e testadas. As quadras em sua maioria são de tamanhos parecidos e regulares em formato quadrado, sendo também quadras curtas, que são um fator positivo na vitalidade urbana, as quadras começam a apresentar formar mais irregulares na parte Leste e Norte do mapa, onde existe o Rio Pageú (fora da área de estudo ) e o Litoral.
Mapa 1.1 – Adensamento e irregularidades
Legenda: Super Adensamento Irregularidade da Malha urbana
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Em relação ao mercado imobiliário do Centro, é interessante perceber como o Bairro se desenvolveu, sendo um dos primeiros a existir na cidade, possuindo diversos edifícios com valor de patrimônio histórico gigantesco. Ele sofreu diversas mudanças, sendo uma delas o esvaziamento do uso residencial, se tornando principalmente um complexo comercial, e depois tendo esse uso comercial descentralizado por toda a cidade.
Sistema viário do Centro de Fortaleza-CE, nos apresenta, como pode ser vista no mapa 4.1, uma forte predominância de vias comerciais. O histórico dessa área da cidade ajuda a compreender os problemas existentes, principalmente no quesito mobilidade. Tendo em vista a relação direta que o Centro tem como o crescimento de seus bairros vizinhos, é notório a forma que se molda em torno desse núcleo comercial. As vias de maior porte circundam e carregam os fluxos intensos de demanda para esse cerne de atividades. Legenda:
Mapa 4.1 – Classificação viária do Centro de Fortaleza
Limite área de estudo Vias arteriais tipo I Vias arteriais tipo II Via expressa Via paisagística Via coletora Delimitação das vias comerciais
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Art. 234. O Sistema Viário Básico de Fortaleza é formado por dois Sistemas: I - Sistema Viário Básico Estrutural; e II - Sistema Viário Básico Complementar.
Os mapas 4.1 e 4.2 apresentam classificação viária e fluxos respectivamente, presentes na LUOS de 2016, Que nos apresenta o Sistema Viário de Fortaleza, descritos pelos seguintes artigos:
Art. 235. O Sistema Viário Básico Estrutural é composto por vias classificadas em Expressas e Arteriais I,
Art.. 237. . O Sistema Viário Básico Complementar é composto por vias classificadas em Arteriais II, Coletoras, Comerciais, Paisagísticas, Locais e Corredores Turísticos.
N Mapa 4.2 – Sentidos de fluxo viário do Centro de Fortaleza
Observa-se que algum tipo de planejamento foi realizado ao longo dos anos. Com a analise do mapa 4.2, pode ser observado uma malha estrutural predominante, com fluxos e sentido bem definidos logo que se adentra ao Centro.
Legenda: Limite área de estudo Sentido da via
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
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Mapa 4.3 – Mobilidade e meios alternativos de transporte
Legenda:
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Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
O sistema viário básico possui uma tradicional trama radial-concêntrica sob a malha ortogonal e as vias de ligação entre bairro-centro. E as vias complementares que fazem uma espécie de fechamento e interligam áreas distantes; bairro-bairro. Dentro dessa malha, nota-se uma disposição em anéis de circulação, que priorizam a locomoção motorizada como forma de acesso as margens, e vias pedonais ao núcleo da região comercial do Centro. Dentre os meios de locomoção motorizados, o transporte público atua fortemente presente, ainda que não supra a demanda, o Centro recebe especial atenção em comparação as outras centralidades comerciais da cidade. Passando por diversas transformações aos longos dos anos em busca de suprir a demanda crescente da região. O incentivo do uso de transporte coletivo e alternativo, como ciclo viário pode ser observado no mapa 4.3. No entanto não sendo ainda adequado a demanda, o fluxo de veículos motorizados privados se faz presente de modo intenso, o que requem dessa área já tão adensada, ainda mais espaço, desta vez destinado ao armazenamento destes veículos, como demonstra o mapa 4.4.
Mapa 4.4 - Estacionamentos e Mobilidade
RUA SENADOR MADUREIRA
AV. VISCONDE DO RIO BRANDO
Legenda: Limite área de estudo
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Estacionamentos
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
No mapa 4.3 e 4.5, pode-se observar a ofertas dos meios de transporte bem como a disposição de circulação, acessos e conexões. Além dos espaços livres para circulação do comércio local. Figura 4.1 - Terminal Coração de Jesus
Fonte: Fortaleza.ce.gov.br ACESSADO EM 05-2021
Mapa 4.5 - Rotas de transporte público
Legenda: Limite área de estudo RUA SENADOR MADUREIRA
AV. VISCONDE DO RIO BRANDO
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Linha interligada ao terminal Papicu Não interligado a terminais Linha interligada ao terminal Antônio Bezerra Linhas interligadas aos terminais Antônio Bezerra Papicu e Messejana Áreas de maior concentração de acesso ao transporte público
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
A forte presença do comércio atacadista no núcleo central da cidade, ocasiona por consequência de suas demandas um fluxo constante de atividade de carga e descarga em espaços públicos obstruindo as vias e dificultando o transito em vias estreitas, tendo em vista que a maior parte de áreas reservadas a carga e descarga são alocadas ao longo das vias carroçáveis, além dos usos irregulares em locais e horários de proibição dessa atividade. leis e normas direcionam a postura perante a circulação de veículos de carga no sistema viário. O Código de Obras e Posturas cita normas para o processo de carga e descarga, sendo proibido utilizar os espaços de acesso (via pública) para efetuar tais atividades. No Plano Diretor Participativo, Capítulo IV – Da Política de Mobilidade, Seção III – Do Sistema de Circulação, Art. 39, citam-se, dentre outras ações estratégicas: assegurar a acessibilidade, qualidade e segurança nos deslocamentos de pessoas e mercadorias; e implantar o plano de circulação de veículos de carga e serviços e as operações de carga e descarga, que deve englobar produtos perigosos e monitorar o sistema implantado (FORTALEZA, 2009).
Figura 4.2 - Rua Floriano Peixoto. Área de carga e descarga em horário de fluxo leve (2020).
Figura 4.1 - Rua 24 de maio. (2020).
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Figura 4.3 - Rua 24 de maio. Área de carga e descarga em horário de fluxo intenso em via estreita. (2020).
Mapa 4.7 – Metrofor
O projeto Metrofor surgiu com finalidades controversas, e segue atualmente com obras em andamento. A linha Sul, é única até o momento que transpassa a região do Centro, que percorre non sentido Avenida Tristão Gonçalves. A linha Leste com obras que vem enfrentando dificuldades, dentre elas, sociais. Pretende conectar Mucuripe/Centro/Parangaba, tendo seu percurso marcado por pontos turísticos, como a Catedral, localizada na praça da Sé.
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth Mapa 4.8 - Produção e atração de viagens e as maiores linhas de desejo
CENTRO
Como visto no mapa 4.3 e 4.5, o principal meio de locomoção ao Centro da cidade é o transporte motorizado, com uma demanda intensa, os fluxos apresentados no mapa 4.8, demonstra nitidamente essa solicitação e centralidade de saída e destino.
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Mapa 4.9 – Corredores de transporte público do PTUF
Legenda: Deslocamento Norte-Sul Deslocamento Leste-Oeste
Fonte: Fortaleza 2040, com adaptações elaboradas pela autora
Os problema citados e apresentados nesta revista, são frutos de um crescimento não controlado da cidade. A vinda de imigrantes em busca de melhores condições, vinculada a ausência de planejamento, assistência e recursos públicos, intensificaram uma desigualdade social crescente. Com reflexos claros na mobilidade social. O mapa 4.9 traz a extração de uma plano de transporte urbano de 1999, concluído em 2002. Analisando o mapa, nota-se uma facilidade de acesso direto entre bairro-centro, praticamente todas as áreas coloridas, possuem acesso linear a área de foco comercial. Com fluxos repetitivos e centralizados em detrimento da demais regiões. A conexão bairro/bairro em suma requer um longo e orgânico percurso se recorrido ao transporte público. Historicamente as soluções urbanas no quesito transporte público não tem conseguido atender a demanda crescente. “Boa paisagem urbana e bom sistema de transporte público são dois lados da mesma moeda. A qualidade das viagens entre os pontos de ônibus e estações têm influência direta sobre a eficiência e qualidade dos sistemas de transporte público.” (GEHL, 2013)
Figura 4.4 - Rua para pedestre General Bezerril. Presença de comércio dentro dos limites de passeio, mas devido ser uma rua ampla, não há obstrução da circulação (2019).
Figura 4.5 - Encontro da Rua do Rosário com Rua Monsenhor Luiz Rocha. Ampla calçada e presença de balizadores fazendo proteção do pedestre (2020).
Figura 4.6 Rua General Bezerril. Faixa de pedestres elevada em boas condições físicas e paginação visível (2020).
Figura 4.7 - Rua Monsenhor Luiz. Faixa de pedestres elevada em boas condições físicas e paginação visível. (2020)
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Figura 4.8 - Rua 24 de maio. Apropriação das caladas para fins comerciais, obstruindo parcialmente a circulação de pedestres (2019).
Figura 4.9 - Rua Major facundo. Calçada com estrutura esburacada, deslocamento de revestimento, dificultando a circulação e acessibilidade (2020).
Figura 4.10 - Rua 24 de maio. Calçada com armazenamento de lixo de forma inadequada em via pública (2020).
O espaço público do Centro, não é muito diferente dos demais espaços públicos ao longo da cidade de Fortaleza, a má conservação, vandalismo e falta de manutenção dificultam a circulação dos pedestres, inviabilizam a acessibilidade e poluem de forma visual e física as ruas das áreas urbanas. Com grande fluxo e demanda, o que se apresenta nas imagens aqui supracitadas reflete um descaso social em vias de uso intenso e turístico. Herança de uma cultura que não tem o pedestre, a caminhabilidade e acessibilidade como prioridades. Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Figura 4.11 - Rua 24 de maio. Desnível do leito carroçável em relação ao acesso da calçada (2020).
Figura 4.12 - Rua 24 de maio. Degrau presente no desnível das calçadas, dificultando um percurso acessível (2020).
Figura 4.13 - Rua Major Facundo. Utilização inadequada de revestimento de piso derrapante na calçada. (2020).
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Figura 4.14 - Rua Praça dos Mártires. Execução de obra com deposito de material em área do passeio, sem sinalização adequada. Obstruindo completamente a passagem (2020).
Fonte: Imagem extraída através do Google Street View
O espaço público do Centro, não é muito diferente dos demais espaços públicos ao longo da cidade de Fortaleza, a má conservação, vandalismo e falta de manutenção dificultam a circulação dos pedestres, inviabilizam a acessibilidade e poluem de forma visual e física as ruas das áreas urbanas. Com grande fluxo e demanda, o que se apresenta nas imagens aqui supracitadas reflete um descaso social em vias de uso intenso e turístico. Herança de uma cultura que não tem o pedestre, a caminhabilidade e acessibilidade como prioridades.
O Projeto Calçada Viva requalifica calçada da rua Barão do Rio Branco, no Centro da cidade. Trazendo cores, vitalidade e prioridade ao pedestre. Com a intervenção a rua recebeu o projeto Calçada Viva, no trecho entre a Avenida Duque de Caxias e Rua Senador Alencar, que inclui a extensão das calçadas e novo mobiliário urbano, entre eles 11 paraciclos, 20 lixeiras, 60 jardineiras, 15 jarros e 207 balizadores para ajudar a delimitar o espaço, além de 16 bancos de concreto. Também foram instaladas rampas de acessibilidade e travessias elevadas na Rua Barão do Rio Branco (FORTALEZA,2019).
Calçada Viva. A Rua Barão do Rio Branco foi escolhida para receber o Projeto Calçada Viva após a realização de uma pesquisa sobre o uso e tráfego de pedestres e veículos motorizados pelo local. O levantamento mostra que, enquanto em uma hora, em média, 912 carros trafegam pela via, 1.744 pedestres caminham pelo local, dos quais 192 pessoas andam pelo asfalto por falta de espaço nas calçadas. Com a intervenção, o espaço da via está destinado prioritariamente (60%) aos pedestres, mas os motoristas ainda contam com uma boa parcela da rua (40%). Antes, os carros tinham 67% da área disponível e quem passava por lá a pé tinha apenas 33% do total. A via também foi escolhida para receber a intervenção pela elevada concentração de estabelecimentos comerciais, que geram um trânsito intenso e também pontos de conflito e acidentalidade, como nos cruzamentos com as ruas Castro e Silva, Pedro I e São Paulo, por exemplo (Fortaleza,2019)
Figura 4.15 - Rua Barão do Rio Branco. Intervenção Urbana Fonte: opovo.com.br, 2021. ACESSADO EM MAIO DE 2021 Figura 4.16 - Rua Barão do Rio Branco. Intervenção Urbana, priorizando o pedestre.
Fonte: fortaleza.ce.gov.br, 2019. ACESSADO EM MAIO DE 2021
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Área total: 5,45 km² População: 28.538 hab. IDH: 0,556 Densidade demográfica : 5.832,41 hab/km² População Masculina: 12.973 População feminina: 15.565 Área edificada (m²) com inscrições residenciais: 1.246.007,33 m² Área edificada (m²) com inscrições comerciais: 2.658.047,76 m² Área edificada (m²) com inscrições de prestação de serviços: 191.498,93 m² Área edificada (m²) com inscrições industriais: 10.547,68m²
1.
IDE-1: Porcentagem da população do Centro sem instrução e fundamental incompleto: 28,16% IDE-2: Porcentagem da população do Centro com fundamental completo e médio incompleto: 18,39% IDE-3: Porcentagem da população do Centro com médio completo ou superior incompleto: 36,51% IDE-4: Porcentagem da população do Centro com Superior Completo: 15,94% (estando em 12° lugar nesse ranking) 91,76% da população do centro é alfabetizada Sendo 91% dos homens do centro alfabetizados E 92% das mulheres do centro sendo alfabetizadas
2.
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Área total: 313,8 km² km² População: 2,687 milhões hab. IDH: 0,754 Densidade demográfica : 8 390,76 hab/km²
Como o Centro é composto principalmente por usos não residenciais (comércios , serviços, etc), o que ocorre é que durante o dia o Bairro é super movimentado pois as pessoas vão lá para trabalhar e ou usufruir dos serviços , e a noite grande parte dessa população sai do bairro para voltar para casa , tornando o Centro um lugar deserto e pouco iluminado ou seja, com pouca vitalidade urbana durante a noite.
Mapa do Valor da Renda Média Pessoal por Bairros de Fortaleza - 2010.
Existem diversas expressões culturais no bairro Centro, desde artesanato local , culinária , até eventos característicos da cidade que ocorrem no bairro. Por exemplo o Mercado Central é um dos núcleos tradicionais da cultura da cidade , lá pode-se comprar produtos artesanais de vestuário , ou artesanato por si só , além das comidas típicas. A praça do Ferreira é outro ícone importante da cidade , onde ocorrem diversos eventos , desde o Natal de Luz , até Carnavais e inclusive , manifestações de todos os tipos. A praça José de Alencar é usada diariamente para feiras de vendedores ambulantes , muito presentes por todo o bairro. O teatro José de Alencar também já foi palco de diversas peças teatrais e eventos culturais.
Natal de Luz – Praça do Ferreira
Praça José de Alencar
Mercado Central
Produtos Típicos do Mercado Central
Teatro José de Alencar
O Bairro Centro possui 100% de cobertura do Esgotamento Sanitário. ‘’Atualmente, 61% da população do município de Fortaleza possui Cobertura de coleta, tratamento e destino final do esgoto doméstico, sendo 49,1% correspondente à parcela da população que é atendida pelo sistema de macrocoleta de esgoto e 11,9% correspondente à população atendida pelos Sistemas Isolados’’ (Fonte: RELATÓRIO_P8_-_Diagnóstico_SES - REV junho) Coleta de lixo é feita no período noturno a partir das 19h: terça, quinta e sábado
Legenda: Estações Elevatórias de Esgoto Ecoponto Pontos de Coleta de Eletro-Eletrônicos Óleo e Gordura Residual - OGR
Vias: Com baixa vegetação e quase sempre com presença de obras, as ruas do Centro tem formação visual desordenada já que possuem alguns prédios antigos com caráter mais artístico e edificações em maior parte pouco trabalhada, pensadas apenas de forma usual. Ao mover-se pelas ruas do centro é necessário atenção pois grande parte de suas vias podem trazer confusão ao se localizar devido os aglomerados de comércios, algumas se assemelham bastante a outras, dificultando a localização. É certo que existem pontos que possuem algum diferencial como igrejas, museus, praças ou até mesmo locais que apresentem qualidade visual do espaço, mas na sua grande maioria são imensos corredores de prédios sem nenhum tipo de relevância para orientação.
Figura 6.1: Vias do Centro
Fonte: Diário do Nordeste 2021
Figura 6.2: Corredores do Centro
Fonte: Prefeitura de Fortaleza 2019
Limites: Devido a expansão urbana e fatores socioecômicos alguns bairros se desenvolvem mais que outros e acabam que os bairros vizinhos passam a ser chamado pelo bairro de maior predominância, dessa forma algumas pessoas chegam até ficar em dúvida onde de fato residem. Exemplo disso é o centro da cidade de Fortaleza que tem grande parte dos seus lotes ocupados por comércios e acaba que se torna maior popularmente do que sua área de fato abrange. Os limites de um local normalmente são demarcados por vias importantes, viadutos, praças, ate mesmo rios, no caso do centro de fortaleza ainda existem um estreito curso do Riacho Pajeú, o riacho que tem sua foz no Poço da Draga corta parte do Centro, no qual teve grande importância no processo de formação e urbanização da cidade.
Mapa 6.1 – Morfologia urbana
Legenda: Limite área de estudo
Lotes de terra Oceano
N
Rio Pajeú Bairros vizinhos
100 200 Figura 6.2: Ruas do Centro
400
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de imagem extraída no software Google Earth
Fonte: SEDET Ceará 2018
Bairros: Segundo Kevin Lynch o conceito de Bairros refere-se a uma área percebida como relativamente homogênea em relação ao resto da cidade ou, ao menos, como possuindo uma certa característica em comum que permite diferenciá-la do resto do tecido urbano. Por assim o Centro da cidade de Fortaleza tem destaque através da sua grande concentração comercial e vitalidade econômica no qual tem participação significativa na arrecadação de impostos não só no Município de Fortaleza como também no próprio Estado.
Figura 6.4: Parque da Liberdade
Pontos nodais: Local histórico, a Praça do Ferreira é local de orientação e referencia por muitos transeuntes do bairro centro devido ao seu grande espaço e fluxo de pessoas a praça ao longo dos anos foi modificada e foi adquirindo novos usos com a ocupação de vendedores ambulantes, apresentações artísticas ao ar livre, visitas assíduas de pessoas que desfrutam da sombra de suas arvores, isso traz bastante movimento. Fonte: G1 notícias, 2019 Figura 6.4: Parque da Liberdade
Um importante espaço para a história de Fortaleza e especial na memória de vários cearenses o Parque das Crianças conta com mais de 26 mil m² de área. Seu primeiro nome era Parque da Liberdade, foi em homenagem à libertação dos escravos no Ceará, é um dos poucos locais da Cidade onde é possível ver o Riacho Pajeú, o afluente mais importante da Capital, que por mais de 200 anos foi o principal recurso hídrico de Fortaleza. Fonte: G1 notícias, 2019
Figura 6.5: Praça do Ferreira
Fonte: Tour Brazil 2019
Marcos: Batizada como o coração da cidade, a Praça do Ferreira foi oficialmente declarada em dezembro de 2001 como Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza, ela é bastante conhecida pelo seu relógio que fica localizado no centro da praça. O relógio foi construído em 1933, foi projetado pelo engenheiro José Gonsalves da Justa, em estilo Arte- Decó ficou popularmente conhecido como Coluna da Hora. Figura 6.7: Relógio Praça do Ferreira
Figura 6.8: Antigo Relógio Praça do Ferreira
Fonte: Prefeitura de Fortaleza, 2019
Fonte: Fortaleza antiga, 2010
Com um visual misto, o centro de Fortaleza tem sua aparência diversificada através da desordem nas alturas, fachadas poluídas, estilos e novas construções que tomam espaço das antigas edificações do bairro, onde estão agregadas prédios históricos que contribuíram de alguma forma com a construção da capital cearense. Muitas das edificações antigas já não apresentam mais boa aparência, a falta de cuidado e desvalorização é visível. É possível ver muitos deles danificados e pichados, trazendo sensação de medo e sujeira ao ambiente. Com ruas curtas em muitos pontos é comum ver obras que vão cada dia mais transformando o espaço e assim o tornando mais voltado para sua atividade predominante que é o comercio e causando o baixo adensamento populacional. Tal expansão acontecendo, o centro adquiriu corredores de prédios sem intervalos para observação ou desfrute do ambiente, e essa transformação deu início ao processo de degradação da área urbana no período da noite e assim fazendo com que investimentos para equipamentos comunitários fosse deixando de ser empregados. Algumas praças e parques ainda existem, mas sua função principal que é a ocupação de pessoas acaba por não existir mais, dependendo do dia e horário os ambientes se tornam marginalizados e prostituídos. Como disse Jane Jacobs Quando as ruas não possuem “olhos”, tornam-se inseguras.
Figura 6.9: Rua Barão do Rio Branco
Fonte: Imagem extraída através do Google Street View
Figura 6.10: Rua Pedro Pereira
Fonte: Imagem extraída através do Google Street View
Figura 6.11: Praça do Ferreira à noite
Fonte: Projeto Batente, 2021
Fonte: Lazer em foco, 2019
Figura 6.13: Passeio Público
Figura 6.12: Passeio Público
O Passeio público mais conhecido como praça dos mártires é um espaço que desfruta de espaço para atividade ao ar livre, bastante arborizado e oferece aos sábados o projeto sol maior que conta com instrumentistas experientes e novos talentos que se apresentam para o público. Conta também com Projeto Baião Ilustrado que realiza um encontro voltado para profissionais e estudantes das áreas de design, publicidade e ilustração e para quem gosta de desenhar e querem se aproximar da arte da ilustração.
Figura 6.14: Caixa Cultural
A caixa cultural como já diz no seu nome tem como intenção trazer o acesso a cultura para as pessoas, conta com espaço interno e externo com atividades para todas a idades como galerias de fotos, apresentações teatrais, cineteatro, oficinas artísticas, livraria e um incrível jardim.
Fonte: conceituado.com 2021
Fonte: Agencia Econordeste 2021
Figura 6.17: Mobiliário urbano
Figura 6.16: Mobiliário urbano
Figura 6.15: Caixa Cultural
Ambos os locais estão dispostos de acessibilidade a diversas linhas de transporte público e alternativo, dotados de parradas de ônibus e bicicletários, o espaço urbano do centro recebe bastante suporte no que desrespeita ao mobiliário. Com foco em melhorar a mobilidade para os pedestres o bairro passou por algumas reformas recentemente dos calçadões das ruas Guilherme Rocha, General Sampaio e Liberato Barroso, e junto disso nova pavimentação com calçadas vivas, bancos, lixeiras, paisagismo, canteiros e iluminação, jardineiras e balizadores. Ainda existe muitas vias com necessidade de melhoria, mas tudo o que tem sido feito já impactou bastante no espaço.
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
O problema da habitabilidade que se manifesta de forma concentrada em áreas precárias se faz necessário implementar ações e projetos de requalificação dos assentamentos precários com habitações dignas de qualidade. A melhoria das habitações de uma cidade demanda ações que regulem a mobilidade, acessibilidade, saneamento e um plano urbanístico. A cidade de Fortaleza apresenta nos dias atuais um déficit habitacional quantitativo de 74.599 unidades habitacionais, esta realidade por si já justifica a necessidade de um plano habitacional para o território urbano da cidade. De um modo geral, estes déficits habitacionais estão concentrados em 856 assentamentos precários onde vivem 271.539 famílias com mais de um milhão de pessoas, cerca de 40% da população da cidade em um território que representa apenas 12% da área de Fortaleza. Deste total, 74% são consideradas favelas, 15% mutirões, 6% conjuntos habitacionais, 3% cortiços e 2% As áreas precárias estão concentradas nas Regionais I, IV, V e VI, sendo mais escassas nas Regionais II e III. Legenda: Assentamentos precários
Lotes de terra
Bairro Centro
Mapa 7.1 – Assentamentos Precários
100 200
400
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de dados do Fortaleza 2040
É uma forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia, públicos ou privados, para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico irregular. Hoje integrado a regional II área litorânea do centro, o Poço da Draga, possui tais características de aglomerados no qual tem sido resistente aos longos dos anos a sucessivas tentativas de remoção, comunidade originada com a ocupação de pescadores e funcionário do porto há mais de 100 anos atras. Devido sua localização o Poço da Draga sofre a especulação imobiliária por estar próximo a bairros de classe média, no qual são vistos como impulsionadores do turismo de modo que novos projetos de infraestrutura foram surgindo tornando a comunidade indesejada. Oculto por trás de grandes edificações como o prédio da Caixa Cultural e os galpões da avenida Almirante Tamandaré, acabou deixando a comunidade relativamente invisível e sendo um dos principais fatores da permanência das famílias em uma área tão visada. Atualmente moram aproximadamente 500 famílias, em torno de 2 mil pessoas, mesmo possuindo uma juventude bem ativa, a maioria da população que lá reside é idosa. Com residências pequenas, pouca qualidade de construção, com no máximo dois andares, apenas 5,99% da população local possui domicilio ligados a rede de esgoto ou fossa séptica. A comunidade tem ruas bem estreitas onde se idêntica a dificuldade na circulação e estacionamento. Figura 7.1: Comunidade Poço da Draga
Figura 7.2: Comunidade Poço da Draga
Fonte: Imagens extraídas através do Google Street View
Mapa 7.1 – Assentamentos Precários
100 200
400
Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir de dados do Fortaleza 2040
Vista do centro da cidade, vendo-se ao centro a construção da Catedral