Indústria Automobilística

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Indústria Automobilística

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E SUSTENTABILIDADE Encontro da Indústria para a Sustentabilidade


CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – ANFAVEA Cledorvino Belini Presidente Luiz Moan Yabiku Júnior 1° Vice-presidente Alexandre Bernardes Alfredo Miguel Neto Andrea Zámolyi Park Antonio Candido Prataviera Calcagnotto Antonio Carlos Ramos Antonio Megale Antonio Sérgio Martins Mello Carlos Eduardo Cruz de Souza Lemos Carlos Morassutti Fernanda Villas-Bôas Hugo Zattera João Alecrim Josef-Fidelis Senn Luiz Carlos Gomes de Moraes Marco Saltini Mário Fioretti Mauro Marcondes Machado Paulo Takeuchi Ricardo Bastos Rogelio Golfarb Rogério Rezende Silvia Regina Bonotto Pietta Suely Agostinho Valentino Rizzioli Vice-presidentes Paulo Sotero Pires Costa Diretor executivo Ademar Cantero Diretor de relações institucionais Aurélio Santana Diretor técnico


IndĂşstria automobilĂ­stica e sustentabilidade

brasĂ­lia 2012


© 2012. CNI – Confederação Nacional da Indústria Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

C748i Confederação Nacional da Indústria. Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Indústria automobilística e sustentabilidade / Confederação Nacional da Indústria. Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. – Brasília : CNI, 2012.

43 p. (Cadernos setoriais Rio+20)

1. Sustentabilidade 2. Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável I. Título II. Série CDU: 502.14 (063)

CNI Confederação Nacional da Indústria

ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

Sede Setor Bancário Norte Quadra 1 – Bloco C Edifício Roberto Simonsen 70040-903 – Brasília – DF Tel.: (61) 3317-9000 Fax: (61) 3317-9994 www.cni.org.br

Sede Avenida Indianópolis, 496 04062-900 – São Paulo – SP Tel.: (11) 2193-7800 Fax: (11) 2193-7825 http://www.anfavea.com.br


Lista de figuras

Figura 1.

Complexo automotivo brasileiro ............................................................. 14

Figura 2.

Cadeia econômica automotiva ............................................................... 14

Figura 3.

Fábricas de veículos e máquinas agrícolas ........................................... 20

Figura 4.

Cadeia da sustentabilidade .................................................................... 24

Figura 5.

Energia veicular – status de desenvolvimento ....................................... 24

Figura 6.

Veículos flex fuel ...................................................................................... 26

Figura 7. Ampliação do uso do etanol ................................................................... 27 Figura 8.

Outras utilizações para o etanol ............................................................. 27

Figura 9.

Vantagens da utilização do etanol .......................................................... 27

Figura 10. Novos materiais naturais ........................................................................ 37 Figura 11. Evolução dinâmica dos veículos ............................................................ 37

Gráfico 1. Capacidade de produção ...................................................................... 15 Gráfico 2. Brasil – produção de veículos ................................................................ 15 Gráfico 3. Produção de veículos por segmento| 2005-2011 ................................. 16 Gráfico 4. Brasil – Licenciamento de veículos novos .............................................. 16 Gráfico 5. Licenciamento de veículos por motorização | 2002-2011 ..................... 17 Gráfico 6. Licenciamento de veículos por combustível | 2011 .............................. 17 Gráfico 7. Mercado automotivo | Cenário futuro .................................................... 18


Gráfico 8. Brasil – Indústria automobilística | Investimentos programados montadoras ........................................... 18 Gráfico 9. Produção de veículos por estado | 2010 ............................................... 20 Gráfico 10. Emprego | 2003 a 2011 ......................................................................... 22 Gráfico 11. Licenciamento de veículos flex fuel | 2003-2011 ................................... 26 Gráfico 12. Biocombustíveis | Perspectivas ............................................................. 28 Gráfico 13. Limites de emissões | Veículos leves .................................................... 30 Gráfico 14. Redução de emissões | Veículos leves ................................................. 30 Gráfico 15. Redução de emissões | Veículos pesados ........................................... 31 Gráfico 16. Proconve P7 | Redução de emissões ................................................... 31 Gráfico 17. Indústria automobilística brasileira | Utilização de insumos .................. 33 Gráfico 18. Indústria automobilística | Emissões de gases de efeito estufa (GEE) ... 34 Gráfico 19. Indústria automobilística | Gerenciamento de resíduos ........................ 34 Gráfico 20. Principais resíduos na indústria automobilística .................................... 34 Gráfico 21. Brasil – Frota de veículos| 2010 ............................................................. 36


sumário

Apresentação CNI Apresentação setorial 1 Indústria automobilística brasileira ........................................................................ 13

2 Regionalização e sustentabilidade ....................................................................... 19 2.1 Fábricas de veículos e máquinas agrícolas ................................................ 20 3 Emprego, trabalho e sustentabilidade ................................................................. 21 4 Matriz energética veicular e sustentabilidade ....................................................... 23 4.1 Pioneirismo e avanços em biocombustíveis ............................................... 25 4.2 Veículos flex fuel ........................................................................................... 26 4.3 Biodiesel ....................................................................................................... 28 4.4 Ganhos ambientais dos veículos ................................................................. 29 4.5 Proconve – Ganhos tecnológicos e ambientais ......................................... 32 5 Matriz industrial e sustentabilidade ....................................................................... 33 6 Frota e sustentabilidade ........................................................................................ 35 6.1 Os veículos do futuro ................................................................................... 36 7 Mobilidade e sustentabilidade ............................................................................... 39 8 Indústria automobilística e sustentabilidade – conclusões ................................... 41 8.1 Indústria automobilística – Princípios de sustentabilidade .......................... 42



Apresentação CNI

A diversidade da indústria nacional e a disponibilidade de recursos naturais dão ao país excelentes oportunidades para se desenvolver de forma sustentável, combinando crescimento econômico, inclusão social e conservação ambiental. A emergência das preocupações com a sustentabilidade na agenda estratégica das empresas e dos governos é uma realidade. Para além de casos isolados de sucesso, as repercussões dessa atitude são sentidas em setores inteiros da economia. Avanços ainda são necessários, mas o caminho já está identificado e não há retorno possível. Após coordenar um processo inédito de reflexão com 16 associações setoriais sobre a sustentabilidade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrega à sociedade brasileira uma ampla gama de informações sobre os avanços alcançados, os desafios e as oportunidades que estão por vir. O resultado aqui apresentado talvez não retrate a riqueza da discussão vivenciada pelo setor industrial na preparação desses documentos. Desdobramentos desse processo devem se seguir para além da Conferência Rio+20, sendo incorporados definitivamente no cotidiano das empresas. O tema da sustentabilidade é vivido de forma diferenciada em cada um dos segmentos industriais. Entretanto, alguns elementos são comuns. A constante busca da eficiência no uso de recursos e a necessidade de aumentar a competitividade industrial estão na pauta de todas as áreas. Incentivos à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico são estratégicos para a transição a modelos mais sustentáveis de produção. Não menos importantes são as estratégias para aprofundar as ações coordenadas internamente na indústria nacional e desta com os governos e as organizações da sociedade civil. A disseminação de práticas sustentáveis por meio das cadeias de suprimento e o incentivo para que as empresas assumam o protagonismo de iniciativas de gestão integrada dos territórios são ferramentas poderosas.


Os fascículos elaborados pelas associações setoriais são contribuições valiosas para pensar a sustentabilidade e a competitividade da indústria nacional. Um dos mais representativos resultados desse processo certamente será a o fortalecimento de programas de ação estruturados para promover a sustentabilidade na produção. Essas iniciativas serão matéria-prima para que os setores envolvidos e a CNI publiquem sistematicamente documentos apresentando os avanços da indústria nacional em direção aos objetivos da produção sustentável. Os documentos aqui apresentados pretendem ser uma valiosa contribuição para qualificar o debate sobre a sustentabilidade. Cada uma das associações setoriais está de parabéns pelo esforço realizado.

Robson Braga de Andrade Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)


Apresentação setorial

Para além de filosofia empresarial e mais do que uma questão de princípio individual, o tema da sustentabilidade passa a ser uma imposição da sociedade mundial, de equilíbrio socioeconômico e ambiental, de preservação do futuro da humanidade. Com uma extensa cadeia econômica, o setor automobilístico é uma indústria estruturante, indutora de tecnologias e geradora de novas economias, com reflexos em vasto campo de atividades. Das matérias-primas e insumos aos setores de fornecedores e às linhas de montagem e, posteriormente, às redes de comercialização e ao consumidor final, a indústria automobilística e seus produtos têm profundos impactos na sustentabilidade, refletindo nos meios social, econômico e ambiental. Seguindo legislações ou mesmo com iniciativas antecipando-se às leis, a indústria automobilística busca modelos sustentáveis de atuação, tanto no que se refere a suas atividades industriais quanto no que diz respeito ao desempenho e à utilização de seus produtos, bem como quanto aos seus efeitos socioeconômicos nas comunidades onde se instala. A indústria automobilística entende que a sustentabilidade é sistêmica, um processo abrangente e contínuo de atuação, com visão de futuro, uma questão necessariamente impositiva e prioritária, a ser tratada em toda a sua extensão e reflexos na sociedade, com políticas públicas e privadas. A indústria automobilística é parte relevante na equação desenvolvimento com sustentabilidade.

Cledorvino Belini Presidente Anfavea



1 Indústria automobilística brasileira

A indústria automobilística e o mercado automotivo brasileiros posicionam-se entre os maiores do mundo: o Brasil é o 4° maior mercado e o 6° maior produtor automotivo mundial (2010). Estão estabelecidos no país os mais importantes grupos automotivos presentes no cenário global. São 20 fabricantes de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) e 7 produtores de máquinas agrícolas (tratores, colheitadeiras, outros produtos). O complexo industrial automotivo é composto por indústria fornecedora de autopeças e fabricantes de veículos e máquinas agrícolas, além de desenvolvida engenharia automotiva nacional e quadro de pessoal altamente qualificado. Na ponta do mercado, setores de comercialização e de serviços cobrem todo o país. A Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores é a entidade representativa da indústria automobilística brasileira.

Indústria automobilística e sustentabilidade

13


Figura 1. Complexo automotivo brasileiro

Emprego

(direto + indireto)

Faturamento 2010 (inclui autopeças)

1,5 milhão de pessoas

Produtos

Automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, tratores e colheitadeiras

US$ 107,6 bilhões

Capacidade/ano

Veículos: 4,3 milhões Máquinas agrícolas: 109 mil

Exportações 2010 no PIB 2010

US$ 20,1 bihões

(inclui autopeças)

Industrial: 22,5% | Total: 5,2%

25% das exportações de manufaturados

Relações intersetoriais

Geração de tributos 2010 (IPI, ICMS, PIS, COFINS)

Veículos: US$ 27,7 bilhões

200 mil empresas

Tecnologia

1994-2010

Fábricas

(inclui autopeças)

US$ 50,5 bilhões

53 unidades 9 estados 39 municípios

Empresas

Montadoras: 26 Autopeças: 500 Concessionários: 4.554

nacional

Figura 2. Cadeia econômica automotiva Employment (direct + indirect)

Matérias-primas Income 2010 (includes parts)

US$ 107.6 billion Aço

BorrachaShare of Vidro GDP in 2010

(includes parts)

Industrial: 22.5% | Total: 5.2% Tintas

Autopeças 1.5 million jobs Montadoras

Motor Câmbio Freios Pneus Rodas Chassis Eixos

Products

Cars, light commercials vehicles, trucks, buses, Distribuição tractors and harvesters

Automóveis Comerciais leves Caminhões Ônibus Tratores Colheitadeiras

Pós-vendas

Concessionárias

2010 (IPI, ICMS, PIS, COFINS)

Technology

1994-2010

Factories

(includes parts)

US$ 50.5 billion

• • Rubber • Glass • • Paint

14

Bancos US$autopeças 20.1 billion Lojas de

Vehicles: US$ 27.7 billion

200,000 companies

• Steel

Seguros Exports 2010

25% of manufatured exports

Cross-sector

Raw Materials

Serviços Capacity/year

Vehicles: 4.3 million Agricultural machinery: 109,000

53 units Mão-de-obra | Energia 9 states Água | Insumos gerais

Auto parts

• Engine • Transmission • Breaks • Tires • Wheels • Chassis • Axles

Companies

Automakers: 26 Auto parts: 500 Dealers: 4,554

Automakers

• Cars • Light Commercial Vehicles • Trucks • Buses • Tractors • Vehicles

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

engineering

Services

• Dealers

• Post-Sales • Fuels • Insurance • Bank • Parts Stores • Auto Shops


A indústria automobilística tem efeitos sobre múltiplos setores da sociedade. Mais de 200 mil empresas no Brasil têm suas atividades ligadas ao setor automotivo.

Gráfico 1. Capacidade de produção

Capacidade de produção

3,5

4,0

4,3

milhões de veículos

2005

2009

2011

Manufacturing capacity Gráfico 2. Brasil – produção de veículos million of vehicles Brasil - produção de veículos

2003 2004 2005

2005

2006 2007 2009

3,42

3,07

3,05

2008

3,38

4.0

2,82

a.a.

2,40

1,68

2002

| 8,6%

2,36

1,63

2,12

3.5

109,3%

4.3

Milhões de unidades

2009 2010 2011

2011

Em 54 anos de atividades no país, a indústria automobilística produziu 63 milhões de veículos.

Brazil - vehicle manufacturing

3,42

3,38

3,07

p.y.

3,05

| 8,6%

2,82

2,40

2,36

2,12

1,68

1,63

109,3%

million of units

Indústria automobilística e sustentabilidade

15


Gráfico 3. Produção de veículos por segmento| 2005-2011

Produção de veículos por segmento| 2005-2011

Milhões de unidades 3,42 3,38

3,07

3,05 2,82

2,36

2,40

1,87

1,91

0,34 0,11

2,27

0,36

0,39

0,44

0,10

0,13

0,16

2,58

2,49

2,41

0,44 0,12

2,54

0,61

0,57

0,21

0,19

0,03

0,03

0,03

0,04

0,03

0,04

0,04

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Automóveis

Comerciais leves

Caminhões

Ônibus

Total

Gráfico 4. Brasil Licenciamento de veículos novos Vehicle manufacturing by– segment | 2005-2011 million of units Brasil - Licenciamento de veículos novos

Milhões de unidades 3,42

3,38

1,43

0,34

0,36

0,39

0,11

0,10

0,13

0,16

2003

2004

2005

2,49

2,58

3,63

3,14

2,82

2,46

2,41

0,44

2002

.

% a.a

| 10,5

2,54

1,93

1,91

1,71

1,87

2,27

1,59

2,40

1,48

2,36

% 145,4

3,51

3,07

3,05 2,82

2006

2007

0,44 0,12

2008

0,61

0,57

2009

0,19

2010

0,21

2011

0,03

0,03

0,03

0,04

0,03

0,04

0,04

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

1.93

1.71

1.59

1.43

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

1.48

2.82

16

3.63

3.51

% p.y.

| 10,5

2.46

% 145,4

3.14

million of units


Gráfico 5. Licenciamento de veículos por motorização | 2002-2011

Licenciamento de veículos por motorização | 2002-2011 Porcentagem 100

= 1.0 > 1.0 a 2.0 > 2.0

80

60

40

20

0

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Os veículos de motorização 1.0 representam historicamente mais de 50% da produção e do mercado interno automotivo brasileiro. Percentage 100

= 1.0 > 1.0 to 2.0

Gráfico 6. Licenciamento de veículos por combustível | 2011> 2.0 80

0,0%

10,9%

5,8%

83,3%

Milhões de unidades 60

40

20

0

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Note: From 2002 to 2004, data refers to wholesales.

Total 3,63 milhões de unidades Flex fuel

Diesel

Gasolina

Etanol

Indústria automobilística e sustentabilidade

17


Gráfico 7. Mercado automotivo | Cenário futuro

Milhões de unidades 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0

3,6

3,8

4,1

4,5

5,1

4,8

5,4

6,0

5,7

6,3

2,0 1,0 0,0 2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Fonte: Anfavea, Tendências, Autofacts, análise PWC.

Projeções indicam potencial do mercado interno de 6,3 milhões de veículos/ano million of units em 2020. 8,0 7,0

Montadoras Gráfico 8. Brasil – Indústria automobilística | Investimentos programados montadoras

6,0 5,0 4,0 US$ 3,0

bilhões 3,6

3,8

4,1

4,5

5,1

4,8

5,4

5,7

6,0

6,3

22,0

2,0

11,8

1,0 0,0 2011

2012

3,6

2004-2006

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Source: Anfavea, Tendências, Autofacts, PWC analysis.

2007-2010

2011-2015

US$ 22 bilhões de investimentos programados até 2015, em aumento de capacidade de produção, processos, produtos, tecnologia e inovação, preparam a indústria para o futuro.

Planned investment Automakers 18

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

US$ billion

22.0


2 Regionalização e sustentabilidade

A indústria automobilística brasileira tem sua base de produção descentralizada no país, tanto no que se refere às montadoras e fabricantes dos produtos finais, como à indústria fornecedora de autopeças. No caso da indústria montadora de veículos e máquinas agrícolas, são 26 empresas com 53 unidades industriais e outras sediadas em 39 municípios de nove estados brasileiros, do Centro-Sul ao Centro-Oeste e ao Norte-Nordeste, ou seja, em todas as regiões do país. A regionalização da indústria automobilística no país, marcadamente a partir da década de 1990, levou também à descentralização da indústria fornecedora de autopeças, principalmente por meio da criação de condomínios industriais que integram fornecedores e montadoras, como os polos automotivos de Gravataí (RS), de Camaçari (BA), além de outros polos industriais automotivos em Betim (MG), São José dos Pinhais (PR) e Resende (RJ). Os investimentos programados pela indústria automobilística para os próximos anos priorizam a descentralização da produção pelo interior do país. São inegáveis os efeitos da interiorização dos investimentos automotivos, mudando radicalmente, e para melhor, o cenário socioeconômico das regiões onde se instalam. Em consequência, múltiplos investimentos são gerados em infraestrutura e serviços públicos nas comunidades e nas regiões, ao mesmo tempo em que ocorre efeito multiplicador de investimentos privados em paralelo para atendimento de novas necessidades de consumo de bens e serviços locais. A descentralização dos investimentos automotivos cria novas economias locais e regionais, agregando empregos, renda, consumo e qualidade de vida, num círculo virtuoso. A interiorização da indústria automobilística atua como fator de sustentabilidade local, regional e nacional.

Indústria automobilística e sustentabilidade

19


2.1 Fábricas de veículos e máquinas agrícolas

Figura 3. fábricas de veículos e máquinas agrícolas cas de veículos e máquinas agrícolas

A descentralização dos investimentos prossegue. Novas fábricas serão construídas, gerando novas economias nas regiões.

Produção de veículos por Estado | 2010

Gráfico 9. Produção de veículos por estado | 2010

São Paulo 47,9% Rio de Janeiro 6,0% Goiás 1,7% Bahia 5,7%

Rio Grande do Sul 5,6%

Paraná 11,6%

20

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

Minas Gerais 21,6%

São Paulo 47,9%


3 Emprego, trabalho e sustentabilidade

Uma característica marcante da indústria automobilística é a geração de empregos de alta qualificação e remunerações condizentes com o alto nível de seus quadros profissionais. Estão empregados diretamente na indústria montadora mais de 145 mil trabalhadores. Porém, o grau de capilaridade do setor é tamanho que, somando-se os trabalhadores da cadeia industrial anterior às linhas de montagem e os da rede de distribuição e serviços automotivos em geral, cerca de 1,5 milhão de pessoas têm seu trabalho diretamente ou indiretamente relacionado com a indústria automobilística e os produtos automotivos. A indústria automobilística é agregadora, com intensas repercussões em inúmeras e importantes cadeias econômicas e, principalmente, na escala econômica e social de comunidades e regiões, multiplicando as possibilidades de emprego e trabalho, de qualidade de vida e ascensão social.

Indústria automobilística e sustentabilidade

21


Emprego

Gráfico 10. Emprego | 2003 a 2011

2003 a 2011

Milhares de pessoas

150 140 130

Total de empregos

120

montadoras

90,7 mil

110

145,4 mil

100 2003

90

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Cada emprego criado na indústria montadora pode gerar cerca de outros dez empregos no amplo universo de atividades ligadas à indústria e aos produtos automotivos.

Employment

2003 to 2011

Thousand of peoples

150 140 130

Total employment

120

manufacturers

90.7 thousand

110

145.4 thousand

100 2003

90

22

2004

2005

2006

2007

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

2008

2009

2010

2011


4 Matriz energética veicular e sustentabilidade

No mundo todo são intensos os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de inovações e tecnologias para a cadeia de sustentabilidade da matriz energética veicular, envolvendo combustíveis e veículos. Na área de combustíveis, os trabalhos concentram-se em novas fontes energéticas alternativas aos combustíveis fósseis, biocombustíveis renováveis, combustíveis sintéticos e célula de combustível. Na área de motores, os desenvolvimentos visam à maior eficiência energética para os motores de combustão interna, veículos híbridos e motores elétricos. A matriz energética veicular mundial tende a ser múltipla, com predominância de uma ou outra forma de acordo com as vocações e os recursos disponíveis em cada região e da escala de consumo automotivo. No Brasil, a curto e médio prazos, a viabilização técnica e econômica está no plano dos motores a combustão, com a utilização de derivados de petróleo e biocombustíveis como o etanol e o biodiesel. Há casos pontuais de utilização de motores elétricos veiculares ou híbridos em nichos, em geral para frotas de empresas e instituições.

Indústria automobilística e sustentabilidade

23


Figura 4. Cadeia da sustentabilidade Cadeia da sustentabilidade

Requisitos

Redução da poluição Desenvolvimento de fontes neutras para CO2

Sustainability chain Figura 5. Energia veicular – status de desenvolvimento Energia veicular - status de desenvolvimento

Requirements

Development of Neutral CO2 Sources

O Brasil tem priorizado os biocombustíveis em sua matriz energética veicular.

Vehicle energy - development status

24

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE


4.1 Pioneirismo e avanços

em biocombustíveis

Com o etanol, o Brasil é pioneiro no mundo na utilização em larga escala de biocombustível renovável como energia veicular. A partir de 1979, com o Programa Nacional do Álcool e o início da produção de veículos a etanol, criou-se no país uma nova e extensa cadeia econômica, da produção do etanol na agroindústria canavieira à distribuição e utilização em larga escala do combustível diretamente nos motores de ciclo Otto (etanol hidratado) e para adição de até 25% na gasolina consumida no país (etanol anidro). Entre 1979 e 2000 foram produzidos 5,6 milhões de veículos movidos exclusivamente a etanol. A partir de 2003, com desenvolvimentos tecnológicos próprios, são lançados no Brasil os veículos flex fuel, que podem consumir indistintamente, ou ao mesmo tempo, etanol e gasolina, em qualquer proporção. Já são 15 milhões de veículos flex em circulação no país, que representam mais de 40% da frota, da ordem de 32 milhões de veículos (2010). A viabilização técnica e econômica do combustível etanol consolidou essa nova e importante cadeia econômica no país. Os efeitos tecnológicos, econômicos e sociais dessa atividade são intensos, interiorizando o desenvolvimento com investimentos, produção, geração de empregos, renda, consumo e qualidade de vida das regiões produtoras do combustível renovável, bem como ainda movimentando a cadeia automotiva propriamente dita, com a produção dos veículos flex fuel. Ao lado desses benefícios socioeconômicos estão os ganhos ambientais da produção e do consumo do etanol, com a redução das emissões de CO2 na atmosfera. O balanço ambiental do etanol é positivo, considerando-se que suas emissões de CO2 durante o consumo são compensadas pelo cultivo de cana-de-açúcar para a produção do combustível.

Indústria automobilística e sustentabilidade

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4.2 Veículos flex fuel • Os veículos flex fuel são projetados para serem abastecidos com gasolina, etanol, ou qualquer mistura destes dois combustíveis. • Por meio de alguns sensores especiais, o computador de bordo reconhece qual é o combustível e ajusta adequadamente os parâmetros de combustão do motor, sem qualquer interferência do condutor. • Introduzido no mercado brasileiro em março de 2003. • Os veículos fuel são projetados para serem abastecidos com gasolina, etanol, ou qualquer mistura destes dois • Por meio de alguns sensores especiais, o computador de bordo e ajusta adequadamente os parâmetros reconhece qual é o Figura 6. Veículos flex fuel de combustão do motor, sem qualquer interferência do condutor. • Introduzido no mercado brasileiro em março de 2003. Central eletrônica do motor

Cerca de 33 mil postos todo o País fornecem

Gráfico 11. Licenciamento de veículos flex fuel | 2003-2011

Flex fuel vehicles

milhões de unidades

• Flex fuel vehicles are designed to be fueled by gasoline, ethanol, or any mixture of these fuels. 2,88 • Through some special sensors, the onboard computer recognizes 2,65 15 fuel milhões which is being used adjusts the engine parameters 2,33 accordingly, without any driver input. 2,00 • Introduced in the Brazilian market in March 2003.

2,90

1,40

Engine’s electronic panel

0,81 0,05 2003

0,33 2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Nearly 33 thousand throughout the country supply both types of fuel

Os veículos flex já representam mais de 40% da frota de veículos leves no Brasil.

26

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

million of units

2.90


Figura 7. Ampliação do uso do etanol Ampliação do uso do etanol Motocicletas

rodas, produzindo motocicletas capazes de rodar com gasolina, etanol ou com qualquer proporção dos dois.

Aviões

Ampliação do usolevou do etanol a tecnologia dos motores a etanol aos aviões, desenvolvendo o

modelo agrícola Ipanema. Motocicletas rodas, produzindo motocicletas capazes de rodar com gasolina, etanol ou com qualquer proporção dos dois.

Aviões

levou a tecnologia dos motores a etanol aos aviões, desenvolvendo o modelo agrícola Ipanema.

Figura 8. Outras utilizações para o etanol

Expanding the use of ethanol Motocycles

vehicles manufacturing motorcycles that can run on gasoline, ethanol

Airplanes

Expanding the use of ethanol Figura 9. Vantagens da utilização do developing etanol the Ipanema technology of ethanol engines to airplanes, Motocycles

agricultural model.

vehicles manufacturing motorcycles that can run on gasoline, ethanol

Other uses of ethanol neutralizando os gases do efeito estufa em todoAirplanes o ciclo de produção e consumo.

technology of ethanol engines to airplanes, developing the Ipanema agricultural model.

Other uses of ethanol

Advantages of using ethanol The environmental balance of ethanol is Indústria automobilística e sustentabilidade

27


4.3 Biodiesel Nos últimos anos, o Brasil passou a desenvolver o Programa do Biodiesel, que pode transformar-se em nova e importante cadeia econômica sustentável, com fortes reflexos econômicos, sociais e ambientais, notadamente a inclusão social por meio da agricultura familiar na produção de matérias-primas para o combustível. Com esse programa, o Brasil passou a adicionar 2% de biodiesel (óleo vegetal esterificado, biomassa renovável) ao combustível diesel consumido no país pelos veículos de transporte de carga e de passageiros. Atualmente, a adição do biodiesel é de 5%. As projeções indicam expressiva participação dos biocombustíveis no consumo de energia veicular do país, com efeitos positivos sobre o equilíbrio ambiental e geração de novas economias no interior do país.

Gráfico 12. Biocombustíveis | Perspectivas Consumo: 2008 = 56,8 TEP* 2017 = 86,7 TEP

Biodiesel

etanol gasolina

Brasil passou a ter a adição de 2% de biodiesel (B2).

diesel biodiesel gvn

Atualmente, o Brasil de biodiesel, com possibilidade de elevar a mistura no futuro. (*) TEP - Tonelada Equivalente de Petróleo | Fonte: MME

Biofuels - Prospects matrix, with an increased use of biofuels.

2008 = 56.8 TOE* 2017 = 86.7 TOE

ethanol

Biodiesel

28

gasoline

Since 2008, the diesel used in Brazil had the

diesel

2% biodiesel (B2).

ngv

biodiesel

Currently, Brazil uses B5, with 5% biodiesel, ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE with the possibility of increasing the mixture in the future. (*) TOE – Tons of Oil Equivalent | Source: MME


4.4 Ganhos ambientais dos veículos Os produtos automotivos têm longo ciclo de vida e isso representa impactos significativos na sociedade, em termos de meio ambiente, mobilidade urbana, segurança de trânsito, na sustentabilidade, enfim. Tornam-se fundamentais os contínuos investimentos em inovações nos veículos, tanto no que se refere às tecnologias de motores e de combustíveis alternativos, quanto ao próprio design e performance geral dos produtos automotivos. Motorizações mais eficientes, de menor consumo e menores emissões, bem como combustíveis alternativos aos derivados de petróleo, estão no foco dos projetos dos centros de pesquisas e desenvolvimento automotivo em todo o mundo, e também no Brasil. Os ganhos de eficiência energética e de redução de emissões no Brasil são significativos. No caso das emissões, os veículos brasileiros leves e pesados cumprem o atendimento de suas respectivas legislações, com redução de emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxido de nitrogênio (NOx), aldeídos totais (CHO) e material particulado (MP). Já é intensa a utilização de novos materiais e tecnologias menos poluidoras e mais recicláveis e isso se intensificará e se consolidará no futuro. A introdução dos chamados “pneus verdes”, por exemplo, de menor coeficiente de atrito, menor desgaste e maior durabilidade, amplia-se nas linhas de montagem, gerando ganhos ambientais nas operações dos veículos em uso. Como resultado representativo do Proconve – Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, constata-se que um automóvel de hoje emite 28 vezes menos que um veículo produzido nos anos 1980. Em outras palavras, seriam necessários 28 veículos atuais para gerar o mesmo nível de emissões de apenas um veículo de meados dos anos 1980. A partir de 2012 e 2013, entram em vigor os novos limites de emissões para veículos a diesel (fases P 7 e L 6 do Proconve, equivalentes à Euro 5), estabelecendo novas reduções de emissões, sobretudo de óxido de nitrogênio e de material particulado. No caso dos veículos leves do ciclo Otto (gasolina e etanol), nova etapa (L 6) entra em vigor em 2014, reduzindo os limites de emissões.

Indústria automobilística e sustentabilidade

29


Gráfico 13. Limites de emissões | Veículos leves

Limites de emissões | Veículos leves

Limites em alguns países e região

Emissões ponderadas (g/km) 4,0

Os limites de emissões veiculares no Brasil avançam e equiparam-se aos padrões internacionais, tanto para veículos leves como para pesados.

3,5 3,0 2,5 2,0 1,5

Brasil México Estados Unidos Europa

1,0 0,5 0,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Emissões ponderadas (g/km) = [(CO/10+HC/NMHC/NMOG+NOx) x FD]

Os limites de emissões veiculares no Brasil avançam e equiparam-se aos padrões internacionais, tanto para veículos leves como para pesados.

Emissions limits | Light vehicles

Redução de14.emissões |Limits Veículos leves Gráfico Redução de emissões |inVeículos leves and regions some countries

Weighted emissions (g/km) 4,0

Brazil Hidrocarbonetos - HC (g/km)

Monóxido de Carbono - CO (g/km)

3,530 3,0 25 2,5 20 2,0 1,515 1,010 0,5 5 0,0 0

24,0

2,5

2,10 light and heavy vehicles. 2,0 1,5

12,0

2,0

2,0

2,0

1,3

1,20

NMHC

0,5

0,30

0,16

0

0,05

L2

L3

L4

L5

L6

Óxidos de Nitrogênio - NOx (g/km)

L1

L2

L3

L4

L5

Aldeídos Totais - CHo (g/km)

0,25 0,20 1,40

1,0

0,10 0,25

0

L1

L2

0,15

0,15 0,60

0,5

L3

L4

0,12

0,08

L5

L6

0,05

0,03

0,03

0,02

0,02

L3

L4

L5

L6

0

L1

L2

Datas de Exigência: • L 1 = 1988 • L 2 = 1992 • L 3 = 1997

• L 4 = 2005 (40%) 2006 (70%) 2007 (100%)

• L 5 = 2009 • L 6 = 2013 (Veículos leves a diesel) 2014 (Novos modelos ciclo 2015 100%)

Carbon Monoxide - CO (g/km)

Hydrocarbons - HC (g/km)

30 ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE 3,0 25

L6

Weighted emissions (g/km) = [(CO/10+HC/NMHC/NMOG+NOx) x FD]

0,30

2,00

1,5

30

0,05

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

2,5 2,0

Mexico United States Europe

1,0

L1

3,0

Vehicular emissions limits in Brazil 3,0 move forward and are equivalent to

24,0

2,5

20

2,0

15

1,5

2,10


Entre 1985 e 2011, o Brasil reduziu em 97% os níveis de emissões veiculares. Gráfico Redução de emissões | Veículos pesados pesados Redução de15.emissões | Veículos Monóxido de Carbono - CO (g/KWh)

Hidrocarbonetos - HC (g/KWh)

30

3,0

25

2,5

20

2,0

15

2,45

1,5 1,23

11,2

1,0 4,0

2,1

P4

P5

P7

P2

Óxidos de Nitrogênio - NOx (g/KWh)

0,8

12 10 8

7,0

6 4

5,0

0,4

5,0 2,0

2

P2

P7

0,6

9,0

0

P5

1,0

14,4

14

P4

P3

P4

P5

0,2

2,0

0

P7

P3

P4

P5

0,02 0,02 0,03 0,03

16

P3

0,13 0,10 0,21 0,16

P3

0,66 0,78 0,46 0,55

0

0,25 0,15

P2

0,5

4,0 1,5

0

NMHC

1,10

0,70

4,9

5

5,45

0,40

10

P7

Datas de Exigência: • P 1 = 1987 (Ônibus urbano) 1989 (100%) • P 2 = 1994 ( 80%) 1996 (100%)

• P 3 = 1994 (Ônibus urbano) 1996 ( 80%) 2000 (100%) • P 4 = 1998 (Ônibus urbano) 2000 ( 80%) 2002 (100%)

Proconve Carbon Gráfico Monoxide -16. CO (g/kWh)

• P 5 = 2004 (Ônibus urbano) 2005 (Micro-ônibus) 2005 ( 40%) 2006 (100%) • P 7 = 2012 (100%)

P7 | ReduçãoHydrocarbons de emissões - HC (g/kWh)

Proconve P7 – Redução de emissões 3,0 30 25

100 90

20

80

15 60%

80% 4,0

5,45 2,1

0

P4

P5

P7

0,5 0

0

Euro 5 (P 7)

P4

P5

P96,3% 7

MP Euro 2 (P 4)

Euro 3 (P 5)

Euro 5 (P 7)

0,6

6 4

5,0

0,4

5,0 2,0

2

P4

P5

2,0

P7

0,2 0

P3

P4

P5

0,02 0,02 0,03 0,03

7,0

P3

Euro 1 (P 3)

1,0

9,0

P2

P3

NOx Euro 0 (P 2)

0,8

10 8

0,66 0,78 0,46 0,55

87,3%

P2

10

MP Nitrogen Oxide - NOx (g/km)

Euro 3 (P 5) 14,4

NMHC

1,10

0,13 0,10 0,21 0,16

P3

12

0

30

1,23

1,0

0,25 0,15

NOx 14

40 20

P2

16

4,0 1,5

50

1,5

0,70

4,9

5

60

2,45

2,0

0,40

10

Emissões (%)

70

11,2

2,5

P7

Indústria automobilística e sustentabilidade

Dates of Requirement: • P 1 = 1987 (City bus) 1989 (100%)

• P 3 = 1994 (City bus) 1996 ( 80%)

• P 5 = 2004 (City bus) 2005 (Minibus)

31


A nova legislação P7, em vigor a partir de janeiro de 2012, traz redução de 60% de óxido de nitrogênio (NOx) e de 80% das emissões de material particulado (MP) em relação à fase atual (P5, equivalente à Euro 3, válida para veículos produzidos até dezembro de 2011). Se comparada com o início do Proconve, em 1986, a redução de material particulado da nova fase é de 96,3% e a de NOx, de 87,3%.

4.5 Proconve – Ganhos tecnológicos e ambientais • Modernização do parque industrial automotivo brasileiro ◊ produtos de nível internacional ◊ processos produtivos modernos ◊ aumento da produtividade • Adoção, atualização e desenvolvimento de novas tecnologias ◊ injeção eletrônica ◊ catalisadores ◊ cânisters • Melhoria da qualidade do combustível ◊ eliminação do chumbo ◊ redução do enxofre ◊ ampliação do uso de biocombustíveis • Formação de técnicos altamente qualificados ◊ desenvolvimento de tecnologia brasileira ◊ uso de biocombustíveis ◊ desenvolvimento do flex fuel • Investimentos na cadeia produtiva, em novos produtos e em laboratórios de controle

Criado em 1986, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) estabeleceu novos paradigmas para as emissões veiculares no Brasil.

32

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE


5 Matriz industrial e sustentabilidade

A questão ambiental é um dos pilares da sustentabilidade da matriz industrial do setor automotivo, ao lado da ecologia de produtos. Sistemas, processos e gestão para maior qualidade ambiental, com processos de produção limpos, economia de recursos, redução de desperdício, tratamento e redução de efluentes, além de ganhos de competência e produtividade nas empresas são capítulos basilares para a sustentabilidade nas empresas. As políticas e os princípios de sustentabilidade ambiental e social adotados na indústria montadora são permeáveis a todas as cadeias de suprimentos anteriores e posteriores às linhas de montagem, alinhando fornecedores de matérias-primas e intermediários, bem como logística e concessionários, a operarem fundamentados em princípios de economia verde, com metas claras e objetivas. Na questão ambiental da indústria automobilística, os principais indicadores dizem respeito à queda de consumo de insumos por veículo produzido; também relevante é a redução dos gases de efeito estufa. O tripé se completa com os indicadores de resíduos e resíduos reciclados. Os esforços da indústria automobilística brasileira nessa direção podem ser vistos nos gráficos a seguir.

Gráfico 17. Indústria automobilística brasileira | Utilização de insumos Água 5,50

4,45

2008

Energia (elétrica, GN, GLP, óleo)

m³/veículo

2009

4,10

2010

1.550

kWh/veículo 1.450

1.404

1.379

2010

2011

3,92

2011

2008

2009

Indústria automobilística e sustentabilidade

33


Gráfico 18. Indústria automobilística | Emissões de gases de efeito estufa (GEE)

Emissões de gases de efeito estufa (GEE) GEE

tonelada/veículo 0,33

0,30 0,26

0,18

0,15

0,14

2008

0,16

0,25

0,15 0,11

0,11

2010

2009 CO2 Direto

CO2 Indireto

0,14

2011

CO2 Total

Gráfico 19. Indústria automobilística | Gerenciamento de resíduos

Gerenciamento de resíduos Tonelada/veículo 0,40

Greenhouse gases0,33(GHG) emissions

0,31

0,27

0,28

0,26

0,24

0,24

GHG

ton/vehicle 0,33 0,13

0,15

0,30 0,09

0,18 0,14

2008

0,16

0,25 0,04

0,15 0,11

2009 Total

2008

0,26 0,05

Reciclados

2010

0,11

Não reciclados

2010

2009 Direct CO2

Indirect CO2

0,14

2011

2011

Total CO2

Gráfico 20. Principais resíduos na indústria automobilística Material Processo geral Waste material management Ton/vehicle Sucata metálica

Separação, descaracterização, reciclagem

0,40

Óleos e tintas

Armazenamento, reciclagem, coprocessamento

0,33

0,27 Resíduos perigosos

0,31

0,24

Resíduos inertes

0,28 Armazenamento, 0,26 coprocessamento, incineração 0,24

Reciclagem, aterro industrial 0,13 0,09 0,05

2008

Total

34

2010

2009 Recycled

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

Non-recycled

0,04

2011


6 Frota e sustentabilidade

A frota de veículos do Brasil é estimada em cerca de 32 milhões de veículos (2010), sendo 28 milhões de automóveis e cerca de 4 milhões de veículos comerciais leves, caminhões e ônibus. Estimativas atribuem um veículo para cada 6,5 habitantes no país, número ainda modesto considerando-se a relação de um veículo por habitante nos Estados Unidos, um por 1,8 habitante na Europa e um por 4,0 habitantes na Argentina. As projeções indicam que a médio e longo prazos o mercado brasileiro poderá adquirir mais de 6,3 milhões de veículos por ano, sendo que a estabilização da frota brasileira, com cerca de 70 milhões de unidades, na proporção de um veículo para cada três habitantes, poderá ocorrer após 2020. As estimativas consideram o crescimento populacional e do mercado automotivo, e também o sucateamento de veículos ao fim de seu ciclo de vida. Nos últimos anos, vem ocorrendo renovação natural da frota brasileira e redução de sua idade média. Hoje, considera-se que a frota brasileira de automóveis e comerciais leves tenha idade média de cerca de 8 anos. A renovação da frota e a adoção de programas de inspeção veicular em nível nacional, aliadas à futura estabilização da frota, concorrerão para a melhoria da qualidade ambiental, da mobilidade urbana e da segurança de trânsito, fatores relevantes de sustentabilidade.

Indústria automobilística e sustentabilidade

35


Gráfico 21. Brasil – Frota de veículos| 2010

Brasil - frota de veículos| 2010

Milhões de unidades

Automóveis

25,54 80%

Total da frota de veículos: 32,50 milhões de unidades Ônibus

Idade média da frota

0,50 2%

Caminhões

1,77 5%

Comerciais leves

4,26 13%

Automóveis Comerciais leves Caminhões Ônibus

8 anos 7 anos 17 anos 9 anos Fonte: Sindipeças.

6.1 Os veículos do futuro million of units

Cars Conceitualmente, os veículos caminham para inovações e tecnologias que favoreçam 25.54 o meio80% ambiente, a mobilidade urbana e a segurança do trânsito.

Com o processo dinâmico da tecnologia, os veículos, sejam automóveis, caminhões ou ônibus, tornam-se mais sustentáveis. Há uma Total verdadeira vehicle revolução tecnológica nos centros mundiais de pesquisa e desenvolvimento de veículos, priorizando cada 32.50 million vez mais no DNA dos veículos do futuro os conceitos de segurança veicular, qualiunits dade ambiental e mobilidade urbana. São projetos que enfatizam carros compactos, motorizações de maior eficiência, menor consumo e menores emissões e uso de Buses Idade média da frota combustíveis alternativos aos derivados de petróleo. 0.50 2%

Trucks

Cars 8 years Light commercial vehicles 7 years Trucks 17 years Buses 9 years

vehicles A eletrônica, a informáticaLight e acommercial conectividade das mais variadas formas estão e estarão 1.77 4.26 em crescente 5% presença nos veículos, acionando-os e movimentando-os, definindo Source: Sindipeças. 13% percursos e orientando operações de maior dirigibilidade ao condutor, com economia de tempo e de recursos, com adequados padrões de segurança de trânsito e de qualidade ambiental. Novos materiais e a nanotecnologia tornam os veículos mais leves e também mais recicláveis ao fim do ciclo de vida.

As emissões de poluentes dos veículos serão cada vez menores e, em alguns casos, provavelmente eliminadas, ou reduzidas drasticamente. Biocombustíveis, veículos híbridos e elétricos já são realidades que ganham campo. Outras energias veiculares, como célula de hidrogênio e outras ainda inimagináveis, serão testadas em novas formas de mover os veículos nos anos futuros. Os veículos tendem a tornar-se cada vez mais produtos globais em sua concepção, o que significa que essas novas concepções, desenvolvidas ou trazidas de fora, também acabarão sendo incorporadas, observando-se características, particularidades e vocações do país.

36

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE


FIGURA 10. novos materiais naturais

naturais na fabricação dos veículos.

Figura 11. Evolução dinâmica dos veículos

There has been an increase in the use of new, natural Evolução Dinâmica dos Veículos

Performance Design Dirigibilidade Funcionalidade Emissões Reduzidas A dinâmica tecnológica torna permanente o avanço dos veículos, seguindo padrões de sustentabilidade.

Segurança Acessibilidade Manutenção Reciclabilidade

Indústria automobilística e sustentabilidade

Tec dynam the vehic permanent su

37



7 Mobilidade e sustentabilidade

O papel da indústria automobilística na questão da mobilidade urbana é e continuará a ser relevante, com produtos avançados e adequados.

O tema da mobilidade urbana nas metrópoles passa a ser presença constante e crescente na vida dos cidadãos, dos governantes e das empresas, por seus efeitos sobre a qualidade de vida dos habitantes, sobre o meio ambiente e mesmo sobre a competitividade e atratividade das economias metropolitanas. Ou seja, a mobilidade urbana vai além dos problemas de congestionamento do dia a dia, é uma questão social, ambiental e econômica, tanto para o ir e vir do cidadão quanto para a qualidade de vida e para a própria sustentabilidade das economias das metrópoles. O papel da indústria automobilística nesse contexto é e deve ser relevante. Cabe a ela o desenvolvimento e a produção de veículos tecnologicamente aptos a promover a redução do consumo de combustível, menores níveis de emissões e ruídos, motorizações com combustíveis alternativos e veículos aptos a rodar dentro dos padrões de segurança veicular exigidos. E, no seu campo de atuação, deve ser incessante a busca por tecnologias que se traduzam em mobilidade e sustentabilidade ambiental das metrópoles, tanto no que se refere aos veículos para o transporte pessoal quanto para o transporte público. Além desses focos de atuação, há no Brasil carros compactos – especialidade da indústria automobilística local – de menores dimensões e motorizações de 1.0 a 2.0, o que ajuda na ocupação de menor espaço nas vias públicas e na qualidade ambiental. A questão da mobilidade urbana deve ser vista considerando-se não apenas um ou outro aspecto isoladamente, como a quantidade de veículos nas ruas. A mobilidade urbana deve ser vista a partir de um conjunto de fatores: quantidade de veículos, transporte individual, transporte público, adensamento residencial e populacional, infraestrutura viária, engenharia de trânsito, legislações e educação de trânsito e

Indústria automobilística e sustentabilidade

39


planejamento urbano das grandes cidades. O crescimento das metrópoles pressupõe a adequação e o crescimento organizado e paralelo do entorno das concentrações residenciais, da malha e engenharia viárias e do transporte público como condição fundamental para a mobilidade. A questão da mobilidade nas metrópoles é desafiadora. Ao lado de paliativos pontuais, devem ser buscadas soluções estruturais e políticas públicas de longo prazo, pois somente estas serão capazes de tornar fluida a vida nas metrópoles no futuro. A equação automóvel, segurança de trânsito, meio ambiente e mobilidade urbana será construída com produtos corretos e avançados por parte da indústria, com legislações e políticas públicas e educação e disciplina dos cidadãos, pedestres, condutores e passageiros.

40

ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE


8 Indústria automobilística e sustentabilidade – conclusões

Econômica e socialmente, os produtos automobilísticos – aqui sintetizando todos esses sinônimos de mobilidade que são os automóveis, os caminhões e os ônibus – são muito mais que meios de locomoção, de transporte ou de realização de uma aspiração. São criações potentes, com projeções para frente e para trás, resultantes de uma longa e complexa cadeia econômica, antes, durante e depois de sua fabricação. A indústria automobilística é uma indústria com reflexos em cadeias importantes como a siderúrgica, eletrônica, informática, combustíveis e agroindústria, além de uma infinidade de serviços. Por sua extensa capilaridade, a indústria automobilística é uma forte cadeia econômica com múltiplos efeitos sobre o tecido econômico e social. Seus produtos, os veículos, continuam por anos a gerar novas rendas e impostos, movimentando novos negócios, empregos e investimentos. Nesse contexto, e considerando os impactos negativos e positivos a partir de suas atividades e de seus produtos na sustentabilidade, a indústria automobilística trabalha seguindo princípios ambientais e socioeconômicos que abrangem amplo arco de políticas para tornar os processos de produção e administração mais enxutos e mais limpos; tornar seus produtos mais econômicos e ambientais; e promover melhorias nas comunidades e regiões onde está instalada, por meio de investimentos e ações sociais, econômicas e ambientais.

Indústria automobilística e sustentabilidade

41


8.1 Indústria automobilística – Princípios de sustentabilidade • Produtos ◊ Performance dos motores e veículos ◊ Redução de emissões atmosféricas ◊ Desenvolvimento de produtos com energia alternativa ◊ Redução de ruídos ◊ Novas tecnologias e materiais verdes ◊ Reciclabilidade ◊ Nanotecnologia e eletrônica embarcada • Fábricas ◊ Compras sustentáveis ◊ Acompanhamento da cadeia de fornecimento ◊ Economia de energia e recursos ◊ Redução das emissões e tratamento de efluentes industriais ◊ Gerenciamento de resíduos, com redução, reutilização e reciclagem ◊ Melhoria da logística ◊ Qualificação dos trabalhadores ◊ Condições de trabalho adequadas ◊ Valorização das pessoas • Escritórios ◊ Economia de energia e recursos ◊ Funcionalidade ◊ Redução de desperdício ◊ Reaproveitamento de materiais e insumos ◊ Melhoria dos índices de reciclagem ◊ Uso máximo de energia solar

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ENCONTRO DA INDÚSTRIA PARA A SUSTENTABILIDADE


• Concessionários ◊ Melhoria da eficiência energética das instalações ◊ Economia e redução de recursos (água, eletricidade, ar condicionado) ◊ Destinação adequada de resíduos e efluentes • Comunidades ◊ Investimentos ◊ Emprego e trabalho ◊ Qualificação profissional ◊ Renda ◊ Qualidade de vida ◊ Inclusão social ◊ Fortalecimento das comunidades/regiões • Ações socioambientais ◊ Educação e conscientização ◊ Mitigações e compensações ambientais ◊ Apoios e projetos sociais

Indústria automobilística e sustentabilidade

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CNI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA Mônica Messenberg Guimarães Diretora de Relações Institucionais Shelley de Souza Carneiro Gerente Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade Apoio técnico Paula Bennati (Gerência Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade – CNI) Percy Soares Neto (Gerência Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade – CNI) Marcelo Fernandes (Fundação Dom Cabral) Apoio editorial Priscila Maria Wanderley Pereira (Gerência Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade – CNI) DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO – DIRCOM Carlos Alberto Barreiros Diretor de Comunicação GERÊNCIA EXECUTIVA DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA – GEXPP Carla Cristine Gonçalves de Souza Gerente Executiva Armando Uema Produção Editorial

Diretoria de Relações Institucionais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores Elaboração Aline Santos Jacob Normalização Denise Goulart Revisão gramatical Grifo Design Projeto gráfico e diagramação



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