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4 SALVADOR E BAHIA EDITORA-COORDENADORA

Marlene Lopes EDITOR

Sandro Lobo

| SALVADOR | SALVADOR, SEXTA-FEIRA, 28/12/2007

salvador@grupoatarde.com.br

IRACEMA CHEQUER | AG. A TARDE

VERÃO Bronzeamento saudável, só com protetor solar. A dica é pouco atrativa aos adeptos da exposição ao sol por fim estético, mas paciência. Dermatologistas alertam para o cuidado com a pele. O ideal é usar um protetor diariamente e conseguir pegar uma cor aos poucos. PÁGINA 7

& região metropolitana

FOTOS IRACEMA CHEQUER | AG. A TARDE

PDDU ❚ Vereador Everaldo Augusto

PERSONAGENS

brigou com manifestante no plenário

IRACEMA CHEQUER | AG. A TARDE

Agressões marcam o segundo dia de votação VITOR ROCHA vrocha@grupoatarde.com.br

O segundo dia de votação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), na Câmara Municipal de Salvador, foi marcado por uma briga entre o vereador Everaldo Augusto (PCdoB) e o vice-presidente do Movimento de Defesa do Metrô, Afonso Celso. Eles trocaram socos, puxões e empurrões no plenário, por volta das 14h20, quando a sessão estava suspensa por causa de uma discussão ferrenha entre o presidente da casa, Valdenor Cardoso (PTC), e o vereador Celso Cotrim (PSB). Logo após abertura da sessão, às 14h, Cotrim requereu o cancelamento da sessão da madrugada de ontem e o afastamento do presidente, sob acusação de desrespeito ao regimento da casa. Valdenor desdenhou do pedido. Os ânimos exaltados dos parlamentares eram acompanhados por gritos e palavras de ordem das pessoas presentes na galeria, espaço destinado à sociedade civil. Afonso Celso, que liderava a platéia de cerca de 30 pessoas mobilizadas em favor do projeto do PDDU, se exaltou com uma assessora parlamentar do vereador Oliveira (PCdoB). Ele se apoiou na bancada da galeria e tentou agredir a assessora Adélia Andrade. “Ela disse que ia chamar seguranças para nos tirar daqui de dentro”, alegou Afonso, tentando justificar a exaltação. O vereador Everaldo Augusto – da oposição ao prefeito João Henrique (PMDB) e contrário ao projeto em discussão – tomou as dores da assessora e foi questionar Afonso Celso. Foi quando os dois trocaram agressões no plenário. O tumulto se formou e o vereador chegou a pegar uma ca-

VALDENOR CARDOSO Presidente da Câmara Municipal. Coordenou as discussões do PDDU nas 15 audiências públicas e é favorável ao projeto. FERNANDO VIVAS | AG. A TARDE | 9.3.2005

deira para atingir Afonso, mas foi impedido por outros parlamentares. “Eu fui agredido e reagi como forma de defesa”, justificou o vereador. Policiais militares foram acionados e retiraram Afonso temporariamente da galeria. Menos de três horas depois, ele voltava ao seu lugar de líder dos manifestantes favoráveis ao projeto escoltado pelo major Roque, assessor militar da Câmara. No mesmo momento da briga entre o vereador Everaldo e Afonso, outro foco de briga se formou ao lado. Um segurança da Câmara, sem fardamento, agrediu o militante Jalmirez Bispo dos Santos, do PCdoB. “Ontem, fui agredido e, hoje, fui ameaçado por este homem, do lado de fora da Câmara. Ele disse que não ia deixar eu acompanhar a sessão e se aproveitou do tumulto com o vereador Everaldo para cumprir a promessa”, alegou Jalmirez, que teve a camisa rasgada. TORCIDAS – A sessão foi acompanhada por cerca de 60 pessoas, divididas em número igualitário entre favoráveis, de um lado, e opositores ao PDDU, do outro. No lado do opositores, associações de bairros populares e militantes do PCdoB. O presidente da ONG ambientalista Gamba, Renato Cunha, marcou sua posição. “Os princípios do projeto até respeitam a condição ambiental da cidade, mas todos eles vão sendo desconstruídos ao longo do texto”, avalia Cunha, citando a verticalização da orla como ponto contrário ao almejado conceito de cidade sustentável. No lado dos favoráveis, ninguém aceitou falar com a reportagem. O líder deles, Afonso Celso, disse que eles eram do subúrbio ferroviário e Cajazeiras.

TÉO SENNA Vereador (PTC), é acusado de ter mudado de lado na última hora. Era contra e agora é a favor do projeto. IRACEMA CHEQUER | AG. A TARDE | 22.8.2007

KÁTIA CARMELO Secretária de Planejamento e Meio Ambiente, elaborou o projeto. MARGARIDA NEIDE | AG. A TARDE | 7.12.2007

Os ânimos exaltados dos parlamentares eram acompanhados por gritos das pessoas presentes na galeria

ABMAEL SILVA | AG. A TARDE | 6.3.2007

SANDOVAL GUIMARÃES

A secretária Kátia Carmelo chegou às 10h para “prestar apoio técnico e tirar dúvidas dos vereadores“

MARGARIDA NEIDE | AG. A TARDE

Presidente da Câmara esclarece regimento interno KATHERINE FUNKE kfunke@grupoatarde.com.br

O presidente da Câmara Municipal, Valdenor Cardoso (PTC), afirmou ontem que seguiu o regimento interno ao convocar a sessão extraordinária de madrugada, ao contrário das críticas de vereadores do PCdoB e outros partidos contrários à aprovação do projeto de lei. De fato, o artigo 95 do regimento permite que o presidente da Câmara convoque sessão extraordinária a qualquer momento, sem custos extras. “Fui eu que fiz essa emenda ao regimento, quatro anos atrás”, contou. Parlamentares do PCdoB, no entanto, levaram em consideração o artigo 229 ao fazer a crítica. Este artigo trata de convocação extraordinária, que realmente só pode ser feita em estado de sítio ou intervenção federal. A sessão extraordinária pode ocorrer durante o ano legislativo, de fevereiro a dezembro. Já a convocação extraordinária é um chamado feito em janeiro, período do recesso do Legislativo municipal. Outra crítica da oposição ao projeto, rebatida por Cardoso, foi o descumprimento do artigo 117 do regimento, que trata do quórum mínimo necessário para o início da sessão extraordinária. “Havia 39 vereadores no momento, não só os 27 que assinaram o requerimento da sessão. Os que não assinaram não foram embora. Se tivessem ido embora, aí, sim, não haveria quórum”.

RIDÍCULO – Cardoso admitiu considerar “ridículo” que um dos telões instalados no lado de fora da Câmara tenha sido substituído por uma caixa de papelão. “Mas foi por causa da luz. Numa tela mais escura, era possível ver melhor”, justificou. Questionado sobre a prioridade de acesso ao plenário dada ao grupo favorável ao projeto, o vereador disse que não teve nada a ver com a questão e chamou o major Roque para esclarecer que essa foi uma decisão autônoma do assessor militar da casa. “Eu entendo o major. Quando cheguei, entrei pela porta da frente e vi supostos militantes de esquerda usarem o mastro da bandeira para ferir outras pessoas e me chamarem de ladrão. Sabemos que houve estratégias da esquerda e também da direita profissional. Esses militantes profissionais acabam prejudicando os cidadãos comuns, que chegaram às 15h achando, coitados, que iriam conseguir entrar”, criticou. Anteontem, ficaram de fora da sessão cidadãos como Elói Lorenzo Amoedo, de Patamares, que participou de todas as audiências públicas para defender o meio ambiente de sua comunidade. Também não teve acesso ao plenário a Associação de Moradores do Loteamento Caminho das Árvores, formada em sua maioria por pessoas de terceira idade. Os integrantes ficaram em pé na escadaria da Câmara, pois também não havia cadeiras suficientes para todos.

JOÃO HENRIQUE Prefeito, prometeu na campanha eleitoral de 2004 que revisaria o plano diretor aprovado pelo ex-prefeito Antonio Imbassahy.

Manobra de governistas acelera votação dos títulos PATRÍCIA FRANÇA pfranca@grupoatarde.com.br

Valdenor Cardoso reconheceu a precariedade do esquema de projeção

“Sabemos que houve estratégias da esquerda e também da direita profissional. Esses militantes profissionais acabam prejudicando os cidadãos comuns, que chegaram às 15h achando, coitados, que entrariam” Valdenor Cardoso, presidente da Câmara Municipal ❚

Líder do governo na Câmara (PMDB), também é a favor da aprovação do projeto. Quis “acelerar” a discussão do projeto.

O debate do PDDU foi retomado, ontem à tarde, em meio a discursos inflamados direcionados pelos vereadores do bloco independente formado pelo PT, PCdoB, PSB, PPS e PSDB – contrários ao projeto – para a maioria que vota com o governo, entre os quais o PMDB, DEM, PTC, PDT e PTB. As críticas foram endereçadas, também, à secretária municipal de Planejamento, Kátia Carmelo. Depois de acompanhar, da sala da liderança, a votação que se estendeu até às 4h da madrugada de ontem, ela já estava de plantão na Câmara, às 10 horas, “prestando apoio técnico e tirando dúvidas dos vereadores”. Mais uma vez, ontem, a tática do rolo compressor para acelerar a votação do projeto foi colocada em prática pela maioria governista. Por volta das 22 horas, quando ainda se discutia o título terceiro, foi aprovado requerimento do líder Sandoval Guimarães (PMDB) mudando a forma de discussão do PDDU e dando a cada líder partidário e a dois vereadores (um contra e outro a favor) apenas 20 minutos para discutir, em bloco, os dez títulos do plano diretor. Na madrugada anterior, os governistas já haviam alterado a forma de discussão. O debate de cada um dos 348 artigos foi limitado aos 10 títulos do PDDU, com cada líder tendo direito a 20 minutos de discussão.

COZIDO – As críticas à secretária Kátia Carmelo ocorreram por volta das 16h30, quando ela almoçava um cozido na companhia do coordenador de planejamento da Seplam, Fernando Teixeira. A secretária pôde assistir pela TV Câmara ao líder dos independentes, Virgílio Pacheco (PPS), discursar na tribuna e classificar de “promíscuas” as relações entre o Legislativo Municipal, o presidente da Casa, Valdenor Cardoso (PTC), e a secretária. “Estão retirando dos vereadores a prerrogativa de elaborar emendas”, bradou Virgílio Pacheco, sendo aparteado com discursos de apoio por vereadores do PT, PCdoB e do PSDB. Kátia Carmelo respondeu de pronto: “Não estou elaborando emendas. Não iria fazer emendas a um projeto que fiz e cuja proposta é boa”. Quanto à crítica de que o plano privilegiou o setor imobiliário, foi direta. “Uma coisa é falar, outra é apontar onde há benesses para os empresários”. Sobre a “incoveniência” da sua presença na Câmara, apontada por alguns vereadores, não se intimidou: “Se não me querem aqui, vão dizer ao líder do governo ou ao presidente da Casa, que me convidou”. Silvoney Sales e Alan Sanches, do PMDB, criticaram a “hipocrisia” dos independentes. Disseram que “os sindicatos” têm relação com empresários e que o ex-secretário da Educação Ney Campello (PCdoB) costumava ir à Câmara, quando se votavam assuntos de interesse da pasta.


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