Revista Meio Jogo3nd edição

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Rodrigo Disconzi ABRE O JOGO

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[Editorial] EXPEDIENTE REVISTA MEIO-JOGO

EDITOR - CHEFE Rogério Santos DIAGRAMAÇÃO E ARTE Rogério Santos COLABORADORES Ellen Giese (Coluna), Frederico Gazel (coluna), Leando Salles (coluna), Leon Mendes (coluna), Paulo Faria (coluna), Rodrigo Disconzi (coluna). PUBLICIDADE revista.meio.jogo@gmail.com

ASSINATURAS www.revistameiojogo.com REVISTA MEIO-JOGO Avenida Heitor de Alencar Furtado, 4625 – sala 03 Jd. Farroupilha – Paranavaí – Paraná – 87707-000 44 – 9887.5389

Meio-Jogo é uma publicação bimestral.

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enho um carinho especial por esta edição. Acredito que tenha sido, até agora, a mais técnica dentre todas as que lançamos. Possivelmente, os que preferem algo mais leve vão torcer o nariz. Já os que prezam por um conhecimento mais avançado do xadrez talvez compartilhem do mesmo sentimento que eu: o de que esta é uma edição para se estudar. Temos as estréias de três novos colunistas: do jornalista Leandro Salles, do Rogério Santos Mestre Internacional Rodrigo Disconzi e da Edtor-chefe enxadrista Ellen Giese. @g3rim Como destaques temos uma bela matéria com o MI Disconzi, sempre muito interessante e produtivo. Também temos o que rolou de melhor no Zonal 2.4 FIDE que aconteceu em Manaus, Amazonas. Fechando os trabalhos, temos um artigo sobre Sun Tzu, que com certeza irá agradar a muitos leitores.

A revista Meio-Jogo não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidas nos artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa. 3


S U M Á R I O

14. Sua Maior Arma no Xadrez Usando os conhecimentosdo GENERAL Sun Tzu, Rogério dá dicas para se dar bem nos tabuleiros de xadrez

COLUNAS 08.ELLEN GIESE Xadrez Carioca 12.LEANDRO SALLES Marshal Chess Club 32. FREDERICO GAZEL Enfim Mestre FIDE

18. Fenac 2013 Uma vista sobre o futuro do xadrez Nacional

36.RODRIGO DISCONZI Mano a mano 38.LEON MENDES Chess Position 40.PAULO FARIA Bate Papo

20.Rodrigo Disconzi Jogador abre o jogo e mostra detalhes de sua nova vida.

26. Zonal 2.4 FIDE Veja como foi este fantástico evento realizado em Manaus-AM

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E MAIS: Entrevista com o GM Leitão


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Ranking Brasil Fier Continua na Liderança Desde que assumiu o primeiro posto do Ranking Brasil 2013, o Grande Mestre Alexandr Fier não deu chances a seus rivais. Seu domínio é evidente e ele tem tudo para levar o título de melhor jogador nacional no final do ano. Krikor Mekhitarian têm tentado impedir esta conquista a todo custo. O atual Campeão Brasileiro estreou de forma tímida no rankig, mais com o andar da carruagem conseguiu ir se reabilitando aos pouco e já parace na vice-liderança. Quem teve uma bela estréia foi o Grande Mestre Rafael Leitão, que após sua vitória no Zonal, assumiu a terceira colocação no ranking. Ainda teremos muitos torneios até o final, mas uma coisa é certa, não vai faltar emoção até lá

Jogador Alexander Fier

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2335 R$ 10,899

Krikor Mekhitarian

2

1082

R$ 6,285

Rafael leitão

3

924

R$ 3.000

Everaldo Matsuura

4

770

R$ 2,885

Yago Santiago

5

745

R$ 2,970

Vitor Carneiro

6

736

R$ 1,300

Gilberto Milos

7

660

R$ 2,400

Paulo Palozi

8

638

R$ 1,360

Paulo Jatobá

9

618

R$ 1,300

10

576

R$ 800

Roberto Miranda

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Rank RBP Ganhos


En Passant FIDE outorga novos títulos para o Brasil Em recente congresso realizado em Baku, Azerbaijão, a Federação Internacional de Xadrez – FIDE, outorgou os títulos de Mestre FIDE para o gaúcho Felipe Kubiaki Menna Barreto e o mineiro Frederico Gazel. Vanessa Feliciano recebeu o título de mestre internacional feminino (WMI) e Marcelo Konrath (foto) o de Árbitro FIDE.

Rafael Leitão reativa sua Academia O Grande Mestre Rafael leitão reativou recentemente sua academia de treinamento on-line. O site tem partidas comentadas pelo jogador, relatos, além de vídeos com comentários sobre os torneios ao redor do mundo. Acompanhe pelo link http://academiarafaelleitao.com

Brasil será sede do Pan-americano da Juventude Poços de Caldas, Minas Gerais será a sede do Campeonato Pan-americano das categorias sub 08 até a sub 18 anos. O evento será realizado entre os dias 25 de julho e 1 de agosto de 2013 no Hotel Golden Park.

Brasileiro cria Software de xadrez O Mestre FIDE e professor Wagner Madeira é o autor de um software que ensina os movimentos das peças e as regras essenciais para a iniciação. De forma bem didática, o produto é voltado para a aprendizagem do jogo de xadrez em escolas públicas e privadas e pode ser adquirido pelo site www.tabuleirodomadeira.com.br.

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COLUNA ELLEN GIESE

XADREZ CARIOCA: Um olhar sobre como os clubes de xadrez da capital se revelaram uma grata surpresa

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em somente de sol, mar e partidas vivem os enxadristas cariocas. Eles também vivenciam e respiram os seus clubes de xadrez. Depois de alguns anos vivendo no eixo enxadrístico do interior dos estados do Paraná e São Paulo, este fato inesperado me apareceu como uma agradável surpresa na capital fluminense. Desde que aportei no Rio, desconfiada, e fui surpreendida pelo movimento de xadrez na capital e me peguei participando de diferentes eventos promovidos pelos clubes e pela federação do estado (www.fexerj.org.br).

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minha experiência participando de campeonatos individuais não me fez criar muitas expectativas além de jogar boas partidas e um bate-papo sobre o evento e análises post-mortem. Apesar da notória espontaneidade dos cariocas, o inusitado foi que em todos os torneios a primeira pergunta que me fizeram como recém-chegada era sempre a mesma: em qual clube você está? Tudo muito natural para eles, como se cada associação destas fosse uma grande família. Nunca presenciei este tipo de relacionamento no xadrez em qualquer dos lugares por onde passei e foi algo que me chamou a atenção desde os primeiros eventos que disputei no Rio de Janeiro.

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s clubes movimentam a prática do xadrez promovendo a integração e o aprimoramento de seus atletas através de palestras, torneios internos, encontros semanais para os famosos “pingões” e troca de experiências entre os associados, de forma a que muitos enxadristas os tenham como um segundo lar. Nos últimos meses os clubes de xadrez cariocas foram sede de eventos importantes para o xadrez nacional e fluminense. No feriado de páscoa, o Tijuca Tênis Clube (TTC) cedeu seu espaço para a promoção do Regional Sudeste 2013, realizado pela CBX e FEXERJ. O evento reuniu 31 enxadristas do Rio de Janeiro e 11 atletas de outros estados (BA, GO, MG, SC, SP). Vinicius Vilela (RJ) e Frederico Gazel (SC) – que tornou-se MF neste evento, compartilharam a primeira colocação e garantiram as vagas para a Semifinal do Brasileiro. O tradicional Campeonato Carioca 2013 foi realizado em abril no Club Municipal com a presença de 61 enxadristas de diferentes clubes da capital: AABB Rio, Associação Leopondinense de Xadrez (ALEX), Associação de Xadrez Xeque Mate (AXXM), Club Municipal, Clube de Xadrez Guanabara (CXG), Hebraica (HSCER), Jacarepaguá Tênis Clube (JTC) e TTC. José Jorge de Carvalho (TTC) foi o campeão; e, todos os enxadristas que alcançaram 4 pontos no torneio foram classificados para o FIDE Estadual Absoluto 2013 que será realizado em meados de maio. 9


COLUNA ELLEN GIESE

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m vinte anos de xadrez disputei diversos torneios, individuais e por equipes, em diferentes cidades do nosso país. Aqui no Rio de Janeiro pude observar que mesmo os eventos sendo individuais, os atletas defendem suas associações e se ajudam uns aos outros: conselhos, torcidas veladas ou explicitas (só faltam bandeiras e o grito da torcida) ou um chocolatinho para acalmar os ânimos. Os clubes da capital também realizam regularmente IRTs para a prática e movimento do rating FIDE, os quais, em paralelo, acabam promovendo a integração entre os atletas das diferentes agremiações. No momento que escrevo está ocorrendo o II IRT do Clube de Xadrez Guanabara (CXG), um dos clubes mais antigos da capital (1956). Participam 23 jogadores de 8 clubes num suíço com rodadas aos sábados. Em março, a Associação Leopoldinense de Xadrez (ALEX) promoveu o IRT FIDE Clássico de Verão em dois finais de semana, reunindo 13 jogadores de 4 clubes, com a vitória do alexano Kleber Victor Ferreira. ALEX também é conhecida na capital por promover torneios FIDE de xadrez rápido e relâmpago. No mês de abril, realizou dois torneios: o FIDE Trovão (Blitz) de Outono, que contou com 14 participantes com a vitória de José Manuel Blanco Pereira; o MF Alberto Mascarenhas sagrou-se campeão do FIDE Rápido de Outono dentre 16 animados enxadristas. A realização destes torneios permite a integração de atletas das diferentes associações, uma vez que são realizados num único dia e são mais dinâmicos.

En passant, apesar de não ter saído da capital, tenho acompanhado o crescimento do movimento de xadrez no interior do estado, onde a tradição dos clubes também é vivaz. O primeiro Interzonal FIDE no Brasil, vencido por GM Henrique Mecking, foi realizado em Petrópolis no início da década de 70. Em março último, mais de 70 crianças participaram do classificatório do interior para o Estadual de Menores 2013 na cidade de Três Rios. Como recém-chegada na cidade, posso afirmar que o xadrez carioca se revelou uma inusitada surpresa com muitos e fortes jogadores, bons torneios e uma receptividade agradável pelos diferentes clubes em torno das sessenta e quatro casas; em especial pelo clube ao qual me identifiquei e me acolheu.

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Por Ellen Giese editora do blog As Enxadristas


xadrezfeminino.wordpress.com

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COLUNA LEANDRO SALLES

Alívio e decepção no Marshall

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o mês passado, tive a oportunidade de visitar Nova Iorque. Antes da viagem, durante o planejamento do itinerário, tive a certeza de que um lugar não podia ficar de fora do roteiro: o Marshall Chess Club, famoso clube de xadrez nova-iorquino. O Marshall foi fundado no ano de 1915, pelo Grande Mestre Frank Marshall, que emprestou seu nome ao clube. Foi a partir de 1931, no entanto, que o clube passou a ter sua sede onde até hoje se encontra: no Greenwich Village, pertinho da Union Square. Como eu não sabia muito sobre o clube além da sua fama - por ele passaram grandes lendas do xadrez, como Capablanca, Alekhine e Fischer – tinha grandes expectativas. O meu desejo era ver um espaço 12

alentador, que dirimisse minha descrença com relação à realidade do nosso esporte. Cheguei numa terça-feira fria (para os padrões brasileiros) e com garoa ao endereço da sede do clube. A princípio, pensei que tivesse me enganado, escrito o endereço errado talvez. Não fosse por uma pequena placa de metal gravada com os dizeres “Marshall Chess Club”, talvez tivesse virado as costas e ido embora. 1 - Fachada do Marshall Chess Club Tentei abrir a porta. Trancado. Estaria fechado? No site, a informação era de que o recinto abria da uma da tarde até a meianoite. Apertei o botão do interfone na porta e ela imediatamente se destrancou. Ao entrar, vi em uma mesa alguns panfletos e folders de torneios, anunciando um


“Não fosse por uma pequena placa de metal gravada com os dizeres “Marshall Chess Club”, talvez tivesse virado as costas e ido embora.” movimentado ambiente enxadrístico em Nova Iorque. Segui reto e entrei em uma sala com seis tabuleiros, à esquerda, onde alguns garotos batiam peças observados por um adulto, provavelmente o pai dos garotos. “O clube não deve ser só isso”, pensei. Como ninguém me recebeu, subi ao primeiro andar. Ali sim não tive dúvidas de que estava em um autêntico clube de xadrez: ambiente com aspecto antigo, fotos velhas com molduras quebradas, sofás carcomidos e um aspecto lúgubre.

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uas pessoas na mesa mais próxima analisavam uma partida, no notebook. Outras duas, mais distantes, tinham aula com um professor. Uma partida, sem relógio, se desenrolava em outra mesa, com um homem peruando em pé. Permaneci ali, peruando também, vendo que capivaradas eram universais. Passaram-se 10 minutos e ninguém falou comigo. Saí dali e fui olhar o mural. No quadro de sócios constavam nomes como Nakamura e Caruana. Na galeria de campeões do clube, chamou-me a atenção o nome de Joshua Waitzkin, que teve sua história contada no filme Lances Inocentes. Voltei ao salão com o intuito de pelo menos tentar jogar uma partida antes de ir embora. A falta de hospitalidade já me dava ganas de sair correndo. Cheguei ao cúmulo (outros curitibanos como eu entenderão que, para nós da capital paranaense, isso se trata de um cúmulo), de abordar o companheiro peru da partida que estava

sendo jogada, dizendo que era do Brasil e estava visitando o clube.

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le foi gentil, mostrou a mesa centenária onde Capablanca jogou uma partida, e me apresentou ao gerente do clube, com o qual conversei um pouco. Ele me contou das dificuldades do Marshall e de como o trabalho abnegado dele e mais duas pessoas é que faz o clube andar. Aquela história eu já conhecia, de cor e salteado. Saí de lá com pressa, com as expectativas frustradas. Esperava um clube vibrante, cheio de vida, que me motivasse a trabalhar ainda mais pelo xadrez. Vi que os clubes daqui não estão muito distantes em termos de estrutura. Por isso, deixei o Marshall Chess Club decepcionado. E aliviado.

Por Leandro Salles Diretor de Projetos da Federação de Xadrez do Paraná, colunista do Portal Paraná Online e comentarista da Rádio Xadrez. @llsalles

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SUA MAIOR ARMA NO

XADREZ

Por Rogério Santos

Uma das premissas básicas para discernirmos a melhor forma de combate na guerra psicológica que nós jogadores de xadrez enfrentamos no dia a dia é o autoconhecimento. Só teremos as armas necessárias para atacar, contra-atacar e sermos vitoriosos se soubermos o que representamos para o nosso adversário. Em outras palavras, por um momento, devemos deixar de olhar pelos nossos olhos e observar pelos olhos dele. Saber como ele nos vê, para então agirmos usando as armas mais adequadas do nosso arsenal.

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General chinês, Sun Tzu, já dizia há mais de dois mil anos: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem seu inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. Conhecer a si próprio é o primeiro passo fundamental para compreender como o outro se comportará. Quanto mais experiências você vivenciar, maior será o número de associações que poderá fazer e mais apto estará para identificar em qual nível o adversário se encontra. Quando nos conhecemos bem, podemos usar até mesmo nossas fraquezas para reconhecer as do oponente. Por todos os percalços que já superamos, estaremos aptos a reconhecer se eles também representarão obstáculos para o vilão. Isso significa que temos uma vantagem, pois

achamos um ponto fraco a ser explorado. “Diante de um a larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, ali, ataque com sua maior força” (Sun Tzu). Ter consciência das suas limitações e das do adversário evitará um dos fatores psicológicos mais determinantes do xadrez: o medo de capivarar. Esse tipo de conflito mental é um dos estados de confusão em que o jogador não sabe mais como reagir – isso porque ele acabou de perder completamente a linha de raciocínio, popularmente falando, o fio da meada. Quem tem tudo sobre controle, se sente seguro para fazer quaisquer jogadas e sabe que, no longo prazo, sairá vencedor. “Um general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será ludibriado pelo inimigo através de provocações e cairá em emboscadas sem perceber” (Sun Tzu). Quando entramos na mesma frequência 15


do oponente, percebemos exatamente o que aquele lance - especulativo, objetivo, defensivo – significa no tabuleiro. Não há escapatória para ele. Porque entramos em sua cabeça. Sabemos como ele pensa. Assim, quando ele se adapta, fica fácil se readaptar, pois sua cabeça é um livro aberto. “A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com seu inimigo é chamada de genialidade” (Sun Tzu). Para sermos bem-sucedidos no xadrez, em especial ao jogarmos contra fortes jogadores, é preciso alcançar um estágio elevado de consciência do jogo. Algo que nos permita pensar em vários níveis, nos colocando na pele do adversário e compreendendo que tipo de indivíduo nós somos no tabuleiro. E para entrar nessa frequência a disciplina é essencial, por exemplo, mantendo o foco nos estudos, sempre nos atualizando e nunca parar ou olhar para trás. Por fim, é preciso ter sensibilidade e estar sempre atento aos padrões minuciosos do jogo – e isto tudo só é possível se estiver16

mos em paz com nossos pensamentos. O sucesso só vem com trabalho duro, então, como disse o próprio Tzu: “Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina”.

[...] Quando nos conhecemos bem, podemos usar até mesmo nossas fraquezas para reconhecer as do oponoente.


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Festival Nacional da Criança: O futuro do xadrez brasileiro passou por Catanduva. Por RogÊrio Santos

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odo ano o Festival Nacional da Criança atrai multidões para os seus torneios. Esse ano não foi diferente e mais de 200 jogadores tomaram partido nas disputas que foram realizadas na cidade de Catanduva-SP. Com um atrativo extra (os campeões irão receber treinamento especial por um ano do GM Gilberto Milos), a maioria dos estados teve alguém os representando nesse evento, com destaque para os paulistas, donos da casa e que estavam em maioria nos torneios. Categoria Sub 08 Absoluto O mineiro Rodrigo Borges Filho foi o grande campeão do torneio. Com um escore de 5 pontos em 6 rodadas ele acabou com melhor critério de desempate que o brasiliense Saymon Santos. O bronze ficou para o baiano Davi Rebouças, um ponto atrás dos líderes e um melhor critério de desempate que outros 6 jogadores. Categoria Sub 08 Feminino Meilin Hoshino mostrou que não era favorita à toa. Jogando de forma segura, não deu chance as rivais e levou o caneco com 100% dos pontos, 6/6. A prata ficou com Mariana Cadilhac, que terminou com 5/6. Já o bronze ficou com a paranaense Beatriz Kihara. Categoria Sub 10 Absoluto Novamente um mineiro chegou ao topo do pódio em mais um torneio do FENAC 2013. Enzo Fontes terminou com 5 pontos em 6 rodadas, juntamente com outros 3 jogadores. Entretanto seu critério de desempate foi muito melhor que os demais. A prata ficou com o paulista Arthur Marques e o bronze para o catarinense Gabriel de Borba. Categoria Sub 10 Feminino A paranaense Jhulia Felix conseguiu o único título de seu estado nesse evento. Com 5 pontos em 6 rodadas, Jhulia chegou empatada cem pontos com Eymi Montufar, entretando a superou no confronto direto e pode voltar para casa com o título. O pódio foi completado com Fernanda Mazzeto

do Paraná, única jogadora que chegou aos 4,5 pontos. Categoria Sub 12 Absoluto Com um grande número de jogadores, o maior do evento com 51 pessoas, Gianluca Almeida foi o grande vencedor da categoria, com 100% dos pontos. O catarinense Guilherme de Borba também fez 6 pontos em 6 rodadas, porém, teve meio ponto a menos de critério de desempate e viu o título ir para o jogador do Rio de Janeiro. Tales de Carvalho ficou com o bronze. Categoria Sub 12 Feminino Outra categoria que teve que ser decidida no critério de desempate, dessa vez o confronto direto. Quem levou a melhor foi a paulista Cassia Oliveira que chegou aos 5 pontos em 6 rodadas. Fernanda Martins levou a prata ao também conseguir o mesmo escore. O pódio foi completado pela potiguar Kyvia Nogueira, com um ponto a menos que a campeã. Categoria Sub 14 Absoluto Tiago Oliveira não deu chance a ninguém e faturou o torneio com 100% dos pontos. O pódio inteiramente paulista teve ainda Igor Cadilhac recebendo a medalha de prata e Matheus Goya levando o bronze, ambos com 5,5 em 6 rodadas. Categoria sub 14 Feminino Agatha Nunes levou o título ao chegar sozinha com 5,5 pontos em 6 rodadas. A paulista teve a companhia de outra conterrânea, Isabelle Tamarozi que recebeu a prata após fazer 5 pontos. O bronze ficou com a paranaense Lesly Berrios isolada nos 4,5 pontos. Minas Gerais e São Paulo mostraram que o seu trabalho de base está sendo bem feito e tiveram a maioria dos títulos. Resta aos demais estados correr atrás para quem sabe, ano que vem poder competir de igual com estas duas potências do xadrez nacional.

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Disconzi

Alegria pura. Este é o perfil que mais se encaixa com o Mestre Internacional Rodrigo Disconzi da Silva. Oriundo do Rio Grande do Sul mais há muito tempo radicado em Curitiba, o irreverente mestre nos conta como tem sido sua volta aos tabuleiros, seus planos e suas novas obrigações caseiras. Por Rogério Santos 20


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Rogério Santos: Como é o Rodrigo durante o dia-a-dia? Disconzi: Recentemente inverti os papéis com minha esposa. Agora eu cuido da casa e ela trabalha mais fora. A maioria das minhas ações diárias são dedicadas aos meus filhos, um menino de 6 anos e uma menina de 1 ano. Desde o preparo das refeições, higiene, atividades, brincadeiras, embalar para as sonecas, aplicação de medicamentos (no frio curitibano, muitos aqui sofrem com alergia respiratória e afins), manter a casa em ordem entre outras atividades divertidas. Quando eles dormem à noite ou estão na escola (à tarde) uso o curto tempo disponível para trabalhar: dar aulas de xadrez, preparar as aulas e/ou jogar poker na Internet. Quando acontecem eventos aleatórios em que posso ficar em casa em silêncio, aí sim estudo xadrez. RS: Pratica outros Esportes? D: Hoje em dia, quando posso, ando de bike (uma Soul Miracle aro 26, híbrida mountain/street, para aguentar o tranco das ruas cheias de buraco) por ruas tranquilas na região do meu Bairro (andar pelas avenidas em grandes cidades hoje em dia é pedir para morrer). Também tento não piorar minha condição física fazendo exercícios em casa mesmo com pequenos pesos, corda e sessões de alongamento.

Aos 10 anos um amigo de escola (colégio preparatório para o Colégio Militar) se interessou em jogar partidas com mais frequência e tentávamos ampliar nossa rede de jogadores amadores. Tipo, num dia chegava alguém com uma novidade revolucionária e ensinava aos outros: o FIANQUETO! Chega de rei desprotegido! E coitada das torres, presas fáceis e descuidadas para estes monstros das diagonais.

Aos 11 anos descobrimos que existiam torneios de xadrez na Biblioteca Pública do Paraná e logo depois o Clube de Xadrez de RS:Como o xadrez surgiu na sua vida? Curitiba. No meu primeiro torneio fiz algo D: Aos 6 anos ganhei um jogo de xadrez. como 4 em 7 no sub-13 , e no torneio seEra uma caixa pequena de madeira e de guinte 6 meses e alguns livros depois, no dobrar (que tenho até hoje) de um colemesmo ano, fiz 6 em 7. ga do meu pai no Quartel de Uruguaiana (RS), onde nasci. RS: O que mais lhe chama a atenção Como eu perdia para meus irmãos mais no xadrez? velhos, primos, tios, cachorro do vizinho, D: A possibilidade de continuamente serdecidi juntar as pecinhas de xadrez com mos testados e obter prazer com isso. É meus soldados de brinquedo por um temuma tentativa eterna de melhorarmos a po. nós mesmos. Além disso, acabamos senJá em Curitiba, aos 8 anos fui ter aulas de do abraçados pela comunidade de pessoas xadrez no Instituto de Educação de Curitique acham o mesmo e não conseguimos ba. Mas desanimei porque ganhava todas escapar...rsrsrs. do professor. Em todos os casos fico imaO universo do xadrez é muito amplo e proginando o quão raro deveria ser ter aulas vavelmente dedicamos muito tempo a ele. de xadrez em 1979. Mas quando nos damos conta disso, é tarde demais :) 22


RS: Você já esteve em vários países, qual lhe chamou mais a atenção? D: Não estive em tantos países assim nem convivi com as pessoas destes lugares. Quem joga xadrez vai a muitos lugares, mas acaba sempre no mesmo local: o tabuleiro. Pretendo voltar a jogar na Europa algum dia. Jogar e passear com mais calma.

guém pode realmente opinar. Se me perguntarem se o MI Pelikian é bom professor direi que ele deve ser, pois inúmeros de seus alunos obtiveram incontáveis títulos e ele demonstra ser uma pessoa equilibrada, educada, organizada, responsável e com o conhecimento necessário para exercer a função. Poderia dizer o mesmo de muitos outros treinadores, mas na prática, só mesmo os alunos para RS: Teve treinadores durante sua car- opinarem. reira ou sempre teve que se virar so- Além disso, um aluno pode se adaptar zinho? mais ou menos com a personalidade/caráD: Treinei na biblioteca pública inicialmen- ter, método de trabalho, filosofia de xadrez te intercalando leituras do Tintin com as de um professor do que com outro. aulas do Gerson Salibian, até começar a ganhar dele. RS: Chegar a Mestre internacional Depois tive sorte que meu colégio (o ex- é para poucos, o que acha que mais tinto Barddal) tinha o xadrez em seu currí- contribuiu para a sua evolução no xaculo obrigatório. Com isso consegui bolsas drez? de estudo e eventual apoio. Lá treinei ini- D: Hoje em dia , com a experiência adcialmente com o Marcos Ribeiro, até su- quirida, consigo ver até mais claramente perá-lo, e depois com o Luiz Ruppel, de o que eu fiz de errado e quanto tempo dequem demorei um pouco mais para medir morei para atingir certos objetivos...rsrsr forças à altura (3 anos). Quando somos jovens não damos o real valor ao tempo disponível que temos. DeNa verdade aprendi muito jogando blitz, pois o tempo nos engole. conversando e viajando com os jogadores No meu caso eu acho que fui bastante demais fortes que eu daqui de Curitiba. terminado e não desisti de tentar enquanto achava que havia a chance de ser MI. RS: Vários jogadores consideram você como um dos melhores treinadores do RS: Apesar disso, Em que momento país, o que você acha disso? decidiu encarar o xadrez mais a sério? D: Este tipo de trabalho é difícil de avaliar. D: Isso aconteceu em alguma etapas difeAcho que somente quem teve aula com al- rentes da minha vida:

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1- Aos 13 decidi ler TODOS os livros que estivessem ao meu alcance. E acho que li uns 150 livros em 2 anos (Biblioteca Pública, do CXC, meus e de amigos) . Posso não ter entendido nada, mas no subconsciente algo fica guardado e o cérebro se acostuma com a disposição das peças, harmonia, temas, padrões. 2- Após concluir a gradução universitária (1991), decidi que deveria tentar jogar melhor e me esforcei muito para conseguir chegar à equipe olímpica de 1994. Naquela época eu tinha mais rating que hoje : 2395 contra os atuais 2377. Em 1992 eu tinha um notebook e usava o Nicbase e depois o Chessbase. 3- Lá por 2002/2003 decidi parar de jogar no ICC , que é um vício sem fim, trocando o tempo desperdiçado nele para estudar xadrez mais a sério e meu rating subiu para 2415 (com 2426 de Live). Espero poder tentar jogar bem e continuar motivado novamente ainda neste ano.

nível acima do nosso e fica essa sensação estranha que, infelizmente, desaparece logo. RS: O que mudou em você após bater o Grande Mestre mais lendário do País? D: Na verdade nada. Pois até torcia para ele voltar a jogar cada vez melhor. O problema é que no xadrez mesmo alguém mais fraco pode, numa partida, acertar alguém mais forte. Assim é o jogo, 11 para cada lado e uma bola no meio.

RS: No torneio Continental de 2005, você conseguiu bons resultados contra vários GM’s. Ali você via o título de Grande Mestre como algo perto de acontecer? D: No zonal de 2009 acho que estive mais perto, mas perdi de brancas para o talentoso chileno Mauricio Flores. No Zonal de 2005 enfrentei 7 GMS e perdi só uma. Joguei para conseguir a norma RS: Você considera sua vitória sobre o definitiva de MI e consegui uma rodada Mequinho no Zonal de São Paulo 1995 antes do fim do torneio. Aqui nunca sequer como a melhor partida que jogou até pensei em norma de GM, principalmente hoje? porque não tive chance matemática. D: Essa e contra o Granda no Zonal de 2003 foram partidas que gosto muito e até RS: O que o levou a dar uma pausa no nem parece que fui eu que joguei. Na ver- xadrez? dade, quando jogamos bem, jogamos num D: Isso é normal para um esporte como o xadrez em nosso país. Comer peças não mata a fome. Sou formado em Jornalismo e eventualmente volto a atuar na área quando as oportunidades são por boas causas. Causa financeira por exemplo! Também acho que a relação nossa com o xadrez acaba esquentando mais depois da ruptura e do retorno. 24


cia foi suprida. Só haveria espaço para algum material impresso de alta qualidade gráfica e de conteúdo diferenciado. RS: Como é ser enxadrista profissional no Brasil? D: O mercado só se mantém devido a aulas em escolas ou particulares. Quem é profissional, é profissional no mundo, não só no Brasil. RS: Como sua família vê sua carreira? D:Com normalidade. Cada um deve fazer o que sabe fazer melhor. RS: Como está sendo voltar a competir profissionalmente e viajar Brasil afora? D: Muito recente para tirar conclusões. Em um mês sem emprego fixo e com horário, eu achei que poderia voltar a estudar xadrez. Ainda não consegui, porém estou tratando disso pois agora foi confirmado o torneio de norma de GM em San Luiz, Argentina, onde foi realizado o Mundoal de 2005, vencido pelo Topalov. Já requisitei à organização o mesmo quarto e aparelhagem que ele usou naquela ocasião. Nessa cidade os GMs Gilberto Hernandez e Claudia Amura tem um excelente trabalho de xadrez.

RS: Incentiva seus filhos a praticar o jogo de forma mais séria ou prefere que eles tenham apenas o contato lúdico? D: Quem é filho de enxadrista fica em contato e quer aprender, geralmente. Ensinei meu filho a jogar e ele até vai bem. O primeiro torneio dele deveria ser nesse sábado (20 abril), mas ele preferiu participar aos sábados das atividades da Sociedade Ucraniana Paranaense e os torneios ficaram para quando for domingo.

RS: Qual é o segredo para se tornar MI? D: Consegui chegar a MI por ter colocado isso como meta e segui adiante, estando certo de que não poderia ser diferente. Acho que todo jogador deve ter alguma RS: Lembro que você costuma ler mui- diante de si e se esforçar para cumprí-la. tos livros de xadrez. Qual você consi- Daí ele vai tentando completar suas metas dera o melhor? passo a passo, no seu ritmo. Aonde cada D: Gosto dos livros do John Watson e Jo- um vai parar depende de muitas coisas, nhatan Rowson. mas se alguém chega inicialmente a 2200, certamente pode vir a ser MI. RS: Você esteve à frente de várias revista de xadrez no Brasil. O que mais RS: Obrigado mestre, que o título de lhe agradava nesse tipo de trabalho? GM não tarde a chegar. D: Me agradava a tentativa de dar continuidade ao registro histórico do xadrez no país, mas a atividade é deficitária e quase impossível de ser mantida. Hoje, com a intenet, acho que essa carên25


Zonal 2.4 FIDE Sucesso Total

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om sua paisagem cercada de atrativos naturais, Manaus foi à escolhida para sediar o Zonal 2.4 FIDE. Não por acaso o torneio conseguiu atrair quase 100 jogadores em busca das duas vagas para a Copa do Mundo, de 16 mil reais em prêmios e do título direto de Mestre Internacional e dois títulos diretos de Mestre FIDE.

Favoritos garantem sua inscrição

Logo que foram abertas as inscrições para o evento, os favoritos as vagas logo se inscreveram. Os Grandes Mestres Rafael leitão e Alexandr Fier não perderam tempo e elevaram ainda mais o nível técnico do torneio. Os peruanos também vieram em peso, embora sem a presença de seus principais jogadores, Júlio Granda e O Torneio Emílio Córdova, o último por fixar residên O local escolhido para a realização cia em Cuba. do evento foi o maravilhoso Hotel Tropical, com amplos salões e muito boa aceitação Primeiros movimentos dos jogadores. O tempo de jogo foi o de O torneio começou de forma trágica 90 minutos para 40 lances mais 30 minu- para o MI Diego Di Berardino, que foi dertos finish, com incrementos de 30 segun- rotado pelo goiano Guilherme Vilela. O MF dos por lance desde o movimento inicial. Wagner Madeira também sentiu o sabor da O sistema de jogo foi o Suíço em nove ro- derrota em seu primeiro confronto. O audadas. A arbitragem ficou por conta do AI tor da façanha foi o Mestre Nacional carioÉlcio Mourão e equipe. ca David Borensztajn. Os demais favoritos fizeram seu dever de casa e prosseguiram 27


no torneio sem problemas maiores.

Além disso, conseguiu terminar com melhor critério que Fier e faturou o título de Escapando por pouco campeão do evento, voltando para casa Na terceira rodada o torneio ia se com R$ 3.000,00 reais a mais em sua conafunilando, e os favoritos ia tentando pre- ta. Pela segunda colocação Fier recebeu ver quando seus confrontos iriam acon- R$ 2.400,00 reais. O bronze ficou com o tecer. Na mesa um, o MF Benares deixou GM Peruano Jorge Cori, que recebeu R$ passar uma boa oportunidade de vitória 2.000,00 reais de prêmio. sobre o GM Leitão, ao não perceber mate em dois lances quando já estava no apu- Leitao,Rafael (2618) ro. Leitão conseguiu sobreviver, reverteu a Di Berardino,Diego (2499) [E18] posição e faturou o ponto. (9.1), 03.05.2013 Leitao,Rafael (2618) Cruz,Ricardo Benares (2309) [D94] (3.1), 28.04.2013 1.d4 d5 2.c4 c6 3.¤f3 ¤f6 4.e3 g6 5.¤c3 ¥g7 6.h3 0–0 7.¥e2 c5 8.0–0 cxd4 9.exd4 dxc4 10.¥xc4 a6 11.a3 b5 12.¥a2 ¥b7 13.¤e5 ¤c6 14.¤xc6 ¥xc6 15.d5 ¥b7 16.¥f4 ¦c8 17.¥e5 £d7 18.£d4 ¦fd8 19.¦ad1 ¤e8 20.¦fe1 ¥xe5 21.¦xe5 ¤d6 22.¦de1 ¦e8 23.£h4 ¦c7 24.£h6 ¤f5 25.£f4 ¤d6 26.¦1e3 ¦c4 27.£f3 a5 28.£e2 ¦c7 29.b4 axb4 30.axb4 ¤f5 31.¦d3 ¦ec8 32.¤e4 ¦c2 33.¦d2 ¦xd2 34.£xd2 £c7 35.d6 exd6 36.¤f6+ ¢h8 37.¦e1 £c3 38.¦e8+ ¢g7 39.¤h5+ 1–0 Fier assume a ponta Empreendendo um bom jogo, Alexandr Fier assumiu a ponto do torneio na quarta rodada e a manteve isoladamente até a sétima, quando acabou empatando com MI Di Berardino e viu o GM Leitão lhe ultrapassar nos critérios.

1.d4 ¤f6 2.c4 e6 3.¤f3 b6 4.g3 ¥b7 5.¥g2 ¥e7 6.¤c3 ¤e4 7.¥d2 ¥f6 8.0–0 0–0 9.¤e5 ¤xc3 10.¥xc3 ¥xg2 11.¢xg2 d6 12.¤g4 d5 13.e4 dxe4 14.£e2 ¤d7 15.£xe4 ¦c8 16.¦ad1 c6 17.¦fe1 b5 18.b3 bxc4 19.bxc4 ¥e7 20.£f3 £c7 21.¦d3 ¤f6 22.d5 cxd5 23.¤xf6+ ¥xf6 24.¥xf6 gxf6 25.cxd5 £e7 26.£g4+ ¢h8 27.dxe6 fxe6 28.¦xe6 £b7+ 29.£f3 £xf3+ 30.¦xf3 ¢g7 31.¦e7+ ¦f7 32.¦xf7+ ¢xf7 33.¦a3 ¦c7 34.¦a5 ¢g6 35.g4 ¦c4 36.¢g3 ¦c7 37.f3 ¦b7 38.h3 ¦c7 39.¢h4 ¦d7 40.f4 ¦c7 41.f5+ ¢g7 42.¢h5 ¦d7 43.h4 ¦c7 44.¦a6 ¦d7 45.a4 ¦c7 46.a5 ¦d7 47.¦c6 ¦b7 48.a6 ¦d7 49.¦c8 h6 50.¦b8 1–0

Novos Titulados Na corrida pelos títulos diretos oferecidos no evento, quem teve motivos para sorrir foi Luis Paulo Supi. O Paulista foi o segundo melhor jogador Mestre Fide no torneio, entretanto como o primeiro já iria receber o título por outros motivos, Supi ficou com Título de Mestre Internacional. Mais um ao grupo Na briga pelo título de Mestre Fide, o peru Na oitava rodada, Di Berardino se ano Gallo Ponce ficou com o primeiro título juntou ao grupo de líderes, todos com 6,5 e o CM Armen Proudian levou a segunda pontos em 8 rodadas e a última rodada se- para casa. ria crucial para concretizar as ambições de cada um, pois apenas dois jogadores iriam Chumpitaz,Ann (2155) - Supi,Luis (2321) a Noruega. [E73] Fier se viu diante do MF Renato Quin- (9.6), 03.05.2013 tiliano, e após uma boa luta, saiu com o 1.d4 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 ¥g7 4.e4 d6 5.¥e2 ponto debaixo do braço e a primeira vaga 0–0 6.¥g5 ¤a6 7.£d2 e5 8.d5 ¤c5 9.f3 h6 para a Copa do Mundo. Leitão enfrentou a 10.¥e3 ¤h5 11.g3 ¢h7 12.b4 ¤d7 13.c5 a6 Di Berardino, este último precisando ape- 14.cxd6 cxd6 15.¤h3 ¤b8 16.¥f1 f5 17.¤g1 nas da vitória para levar a vaga. Após um ¤d7 18.¥g2 ¤df6 19.¥f2 fxe4 20.¤xe4 ¤xe4 erro de cálculos de Diego, Rafael conse- 21.fxe4 £f6 22.£e3 ¤f4 23.¥f1 ¥g4 24.¦b1 guiu se impor na partida, venceu o jogo e ¦ac8 25.gxf4 exf4 26.£d2 £e7 27.¤e2 £xe4 embolsou a segunda vaga para a Noruega. 28.¦b3 ¥xe2 29.£xe2 ¦c1+ 0–1 28


Entrevista com o Campeão: Como foi sua preparação para o Zonal 2.4? R: Curiosamente não fiz uma preparação específica. Estive alguns meses estudando cerca de 6 horas por dia, mas no mês anterior à competição estive mais dedicado ao meu casamento, lua de mel, mudança etc. Mas acho que a preparação anterior, bem como o meu excelente estado de espírito, acabaram ajudando. Você comentou em seu blog que a partida com o MF Benares teve um final quase dramático, mas que foi desperdiçado pelo seu oponente. Seria esta a partida chave para você ter motivação e ambição para vencer o evento? R: Durante os torneios existe às vezes aquele momento chave que indica para que lado o vento irá soprar. Contra o Benares eu tinha uma posição bem superior e no meu estilo, com nenhum contra-jogo para o meu adversário. Mas não joguei com energia suficiente e acabei apurado por tempo. Felizmente meu adversário deixou de trocar as damas no momento conveniente, o que lhe daria uma clara vantagem e nenhum risco. Em uma posição já equilibrada, Benares deixou passar um “golpe tático” de mate em dois. Essa foi à única partida em que tive problemas durante o torneio.

até o Diego cometer um erro de cálculo e ficar perdido. Mas mantive a posição bem controlada, o que era o mais importante. Não fiquei pensando na vaga, estava focando em jogar sólido, mas para vencer, sem me preocupar com o resto.

Qual a melhor parte de sua viagem a Manaus-AM, ser campeão do torneio ou poder passear pelas belezas locais? R: Durante o torneio penso apenas em jogar bem. Enxadristas ficam muito concentrados e muitas vezes sequer notam as belezas naturais de onde estão. Mesmo asSua partida com Jorge Cori foi ao me- sim tive tempo de conhecer algumas (poulhor estilo posicional de Rafael Leitão, cas) coisas. Mas, sendo um profissional, a foi sua melhor partida no evento? vitória no torneio está acima de tudo. R: Na verdade essa partida foi mais tática do que posicional. Cori me surpreendeu Agora que conquistou a vaga para a com a Grunfeld e eu o surpreendi esco- Copa do Mundo, fará uma preparação lhendo a variante russa. Ele gastou muito especial para o evento ou apenas algo tempo e escolheu uma continuação pou- de leve? co usual, mas a partida ficou taticamente R: Tentarei me preparar da melhor forma tensa até ele cometer um erro de cálculo e possível, trabalhando com toda a enerficar imediatamente perdido. Certamente gia. Tenho uma atividade bastante intenfoi minha melhor partida no torneio. sa também como treinador, portanto não sobra tanto tempo, mas com a ajuda de A última rodada se mostrou bem tensa alguns amigos GMs o tempo pode ser otipara você, em algum momento pen- mizado. sou que a vaga poderia estar perdida? R: Não tive qualquer problema na última Boa sorte na Noruega partida. Sempre estive um pouco melhor, Obrigado! 29


Partida Comentada por Rafael Leitão Leitão,R - Cori,J [D97] 02.05.2013 1.d4 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 d5 4.¤f3 ¥g7 5.£b3 dxc4 6.£xc4 0–0 7.e4 a6 8.¥e2 b5 9.£b3 c5 [9...¥b7 10.e5 ¤d5 11.0– 0 (11.a4 c5) 11...c5 (11...¤xc3) 12.dxc5 ¤d7 13.¤xd5 ¤xc5; 9...¤c6 10.e5 ¥e6 11.£d1 (11.exf6 ¥xb3 12.fxg7 ¢xg7 13.axb3 ¤xd4 14.¤xd4 £xd4 15.0–0 £b4 16.¥f3 £xb3) 11...¤d5 12.0–0 ¤xc3 13.bxc3 ¥d5] 10.dxc5 ¤c6 [10...¥b7 11.e5 (11.0–0) 11...¤fd7 12.¥e3 ¤xe5 (12...e6) 13.¤xe5 (13.¦d1) 13...¥xe5 14.¦d1 (14.0–0) 14...£c7 15.¤d5 ¥xd5 16.£xd5 ¤c6 17.¥f3 ¦ac8 18.£xc6 £xc6 19.¥xc6 ¦xc6 20.¦d2; 10...¥e6] 11.0–0 ¥e6 [11...b4 12.¦d1 £a5 13.¤d5 ¤xe4 14.£c4 ¤f6 15.¤d4! ¤xd4 16.¤xe7+ ¢h8 17.£xd4] 12.£c2 £c7 13.h3 b4? 30

[13...¤b4 14.£b1 £xc5 15.a3 ¤c6 16.¥e3 £d6 17.¦d1 £b8 (17...£c7) 18.¤d5 (18.£c2) ] 14.¤a4 b3 15.axb3 ¤b4 16.£d2 a5 17.¤d4 [17.£f4 £xf4 18.¥xf4 ¤xe4] 17...¦ad8? [17...¥d7; 17...¤xe4 18.¤xe6 fxe6 19.£e3 ¤xf2!! 20.¦xf2 ¤c2 21.£xe6+ ¢h8] 18.¤xe6 ¦xd2? [18...fxe6 19.£f4] 19.¤xc7 ¦xe2 20.¤c3 ¦c2 21.¦d1 [21.¦xa5+] 21...¦c8 22.¤7b5 [22.¦xa5; 22.e5] 22...¤c6 23.¦a4 [23.e5; 23.¤a3 ¦xc3] 23...¤d7 24.¤a3 ¦xc1 25.¦xc1 ¤xc5 26.¦c4 [26.¤d5! ¤xa4 27.bxa4+-] 26...¤d3 27.¦c2 ¤de5 28.¦c5 ¤d3 29.¦c4 ¤de5 30.¦a4 [30.¤d5 ¤xc4 31.¦xc4 ¥xb2 32.¦xc6 ¦xc6 33.¤xe7+ ¢f8 34.¤xc6 ¥xa3 35.¤xa5+-] 30...¦d8 31.¤c4 ¤d4 32.¦c1 ¤xb3 33.¦d1 ¦xd1+ 34.¤xd1 ¤xc4 [34...¤d3] 35.¦xc4 ¥e5 36.g3 ¢g7 37.¢g2 ¥d4 38.¦a4 ¥c5 39.¦c4 ¥d4 40.¤c3 ¢f6 41.¦c6+ e6 42.f4 1–0


EM pARCERIA COM O fÓRuM tAbulEIRO sOCIAl, sE REAlIZA O gRAnDE tORnEIO DIÁRIO CCApIvARA, ADMInIstRADO pElO MEstRE CARlOs CApIvARA! Horário: 21 h (horário de Brasília) Necessário ter uma conta no

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COLUNA FREDERICO GAZEL

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! E D I F e r t s e M Enfim zel co Ga i r e d e

r por F

Como usei toda minha experiência enxadrística para chegar a um dos títulos mais cobiçados do xadrez.

O

lá galera do Meio Jogo! Que grande prazer escrever esta coluna para vocês! Escrevo este artigo com um incrível sentimento de alegria, satisfação de dever cumprido e, principalmente, sabendo que consegui chegar a um resultado impar na minha carreira. Quando sai de Belo Horizonte rumo ao Rio de Janeiro no dia 29 de Março, o sentimento de que algo bom me aconteceria era muito grande, haja visto que estava a beira dos “tão esperados” 2300 pontos. Sentia que a cada torneio meu jogo evoluía, trabalhei muito a questão psicológica para não me afetar durante o torneio e tentei jogar o meu melhor. Aquela tarde em que meu tio Sebastiãocilas me ensinou

os movimentos do jogo, com apenas nove anos, sempre me vinha à cabeça. Os dias que eu passei suando a camisa nos treinos, as noites sem dormir preparando partidas, as viagens longas e sofridas, o desgaste natural das partidas, também ficaram marcadas na mente. O apoio incondicional de minha família também era lembrado. Procurava sempre na memória momentos decisivos que tive durante a minha carreira, como o da conquista do título Mineiro Absoluto de 2010 ou da linda experiência ao exterior na República Tcheca, corando com o 1º lugar no Blitz, tudo isso me traziam mais força de jogo. Sabia que o momento estava perto e não poderia adiar novamente o objetivo de voltar como Mestre FIDE. Sim, a

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COLUNA FREDERICO GAZEL “Sabia que o momento estava perto e não poderia adiar novamente o objetivo de voltar como Mestre FIDE”

faculdade adiou em alguns anos este sonho, mas as experiências adquiridas ali me fortaleceram ainda mais para saber o valor dessa conquista. A falta de tempo para conciliar os dois sempre foi um calvário em minha vida, mas hoje eu sei como encontrar tempo para o xadrez. Na metade do torneio, já havia alcançado o pré-requisito mínimo: 2300 pontos. No entanto, não sabia ao certo se, alcançasse dentro do torneio já valeria o título. Consultei alguns árbitros renomados do Brasil, e a resposta não estava na ponta da língua. Uns disseram que já valeria o título, outros não acreditavam nessa regra. A ansiedade tomava conta, e a certeza era somente uma: peão pra frente! Minha última partida no torneio foi uma mescla de vários sentimentos. Além de todas as alegrias, frustrações e grandes momentos que a comprovação deste título

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me proporcionou, foi o a sensação de recompensa por um esforço técnico de estudo de livros estratégicos e táticos para formar um estilo de jogo sólido e positivo. E esse talvez tenha sido o mais duradouro de todos os sentimentos maravilhosos dessa longa jornada. A espera foi longa. Desde alguns anos, já figurava entre os 100 do Brasil, com a margem de 2200. Há algum tempo, a força de Mestre já havia chegado, porém, por não ter um tempo fixo aos estudos devido ao trabalho e a faculdade, o nível de jogo oscilava. Sabia que a qualquer momento viria, então decidi encarar com firmeza, clareza e sabedoria. Agora, a missão é tocar para frente, evoluir ainda mais, buscando novos objetivos e, principalmente conseguir jogar a próxima partida melhor que a anterior, pensando sempre em como um grande enxadrista jogaria aquela posição e como você deve jogá-la do cenário que se desdenha. Passei praticamente dois meses completamente desligado do jogo, curtindo o título e tudo de bom que ele me proporcionou, mas agora acabou. Novos objetivos já estão estipulados, e é hora de correr atrás. O título de Mestre Interna-


cional está na mira, e tenho certeza que este também vai chegar, assim como o anterior veio e foi recebido com carinho. Desculpem a falta de teor técnico nesta coluna, mas precisava compartilhar meus pensamentos e sentimentos com o título de Mestre FIDE e os planos para o futuro. No próximo artigo voltaremos a falar mais precisamente sobre o jogo e espero que este depoimento sirva de alguma forma para evoluir em seus conceitos e correr atrás de títulos e conquistas pessoais de cada um de vocês. Um grande abraço a todos,e um muito obrigado aqueles amigos que sabiam que este dia chegaria e ficaram na torcida comigo. Frederico Gazel.

Frederico Gazel Jornalista e Mestre FIDE

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COLUNA RODRIGO DISCONZI tomar de torre em c4, neutralizando Tb8 e b5. 9...b5 10.¤xf6+ ¥xf6 (10...exf6 11.cxb5 axb5 12.d5 ¤e5 13.¤d4) 11.¥h6 ¦e8 12.¦c1] 10.¥b2 e6 11.¤c3 [Tem Gm que joga 11.¤f4 ; E 11.¤e3 f5 12.£d2 f4 13.¤d1 (13.¤c2) ] Para esta partida eu havia decidido: 1– tentar 11...¤e7 Controla ruptura branca d5, temátilevar a partida para algum tipo de posição que ca nesta estrutura [Linha principal era 11...b5 me agradasse2- tentar levar a partida para al12.d5 (12.¦b1) ] 12.a4 f5 Diagrama gum tipo de posição que não agradasse o adversário3- jogar rápido4- tentar escapar das excelentes preparações de aberturas do Fier. As chances disso acontecer me pareciam de no máximo 20%.Na noite anterior decidi não jogar o Mega Pingão do CXC para ir descansar e tentar preparar alguma abertura. Dei uma olhada nas partidas recentemente jogadas pelo mundo web para buscar algo fresco. Não achei nada, mas se achasse não iria adiantar muito, pois Fier havia feito a mesma coisa :) 1.¤f3 ¤f6 2.g3 g6 3.¥g2 ¥g7 4.0–0 0–0 5.d4 Considerei na preparação que chegaríamos nesta posição 5...d6 [Estavam no cardápio 5...d5 6.c4 c6 Logo após esta partida fomos ver pelo celular De India do Rei, migramos para uma defeo andamento do Campeonato Russo por equisa Holandesa Leningrado.[12...b6 13.e4 pes e olhamos juntos a partida Karpov-Svidler. c5; 12...¥d7 13.a5 Mais ou menos por aqui Foi engraçado ver que quase todos os lances acabava minha preparação antes da partidessa partida eu havia visto em casa na noite da.] 13.e3 [13.e4! h6 (13...f4 parei as análianterior ?! É que a linha secava a posição muises aqui e não notei que poderia isolar o Pf4 to cedo e dead draw. (6...dxc4) ; 5...c5] 6.c4 com 14.e5!) 14.¦e1 f4 15.e5± 1–0 (30) Wo¤c6 Variante Panno da Índia do Rei Fianqueto jtkiewicz,A (2530)-Jaracz,P (2410) Warsaw 7.¤c3 ¦b8 Diagrama 1995 EXT 1999 [Bulletin]] 13...h6?! Natural seguir com o plano de expansão na ala do rei, mas como na partida não funcionou esta ideia, talvez seja melhor jogar pelo centro. [13...¤f6 14.b4 ¥d7 15.£b3 c6 16.c5] 14.¤e1 Lance típico da Holandesa, para deixar flanco rei móvel e apoiar ala da dama. Como Bônus, olha casa h5, que a dama preta gostaria de chegar algum dia. 14...¤f6 [14...¥d7 15.£c2 £e8 16.¤d3 £f7 17.b4 ¥c6 18.f3] 15.¤d3² b6 [Esperava algo como 15...¥d7 16.£d2 ¥c6 17.f3] 16.b4 [Pensei em tentar criar um peão passado ou pressionar a6. 16.a5!? bxa5 (16...b5 17.cxb5 axb5 18.a6 c6 19.¤b4) 17.¦xa5 mas me preocupava 17...c5 mas poderia defender b3 com jogo razoável. 18.¦a3 cxd4 19.exd4] 16...g5 8.b3 E aqui era a linha que escolhi para enfren[Tentar bloquear não consegue o desejado. tar o GM 8...a6 9.¤d5 Lance chave da varian16...a5 17.b5 ¥d7 18.¦c1 £e8 19.¥a3 g5 te b3. 9...¤h5 [A ideia do b3 nem sempre é 20.c5; 16...¥b7 deixa e6 e a6 fracos 17.¥xb7 fianquetar, e sim defender b2 para jogar Tc1 e 36

Disconzi Da Silva,Rodrigo - Fier,A [E63] Curitiba IRT (5), 07.04.2013 Defesa Índia do Rei


¦xb7 18.£f3 ¦b8 19.a5 (19.¤f4) ] 17.£e2 c6 [17...¤g6 18.e4 fxe4 (18...e5 19.dxe5 dxe5 20.¦fd1) 19.¤xe4± Pretas não tem ataque e possuem muitas fraquezas.; 17...a5 18.b5] 18.¦fd1 [18.¦fe1] 18...£e8 [18...£c7 19.c5 bxc5 20.bxc5 d5 21.¦db1] 19.¦ac1 Até aqui eu havia gasto 15 minutos no relógio contra 45 do Fier. Pretendia defender c3 para seguir com Ba3. 19...b5 Normalmente pretas esperariam mais um lance ou 2 para definir algo, visto que o último lance branco foi um lance fácil, mas o próximo deveria conter algum significado ou ação mais concreta. Sempre é bom deixar o adversário pensar e quem sabe tomar decisões erradas. [19...¥d7!? 20.¥a3 ainda era meu lance automático. 20...b5 21.c5 d5 22.¦a1; 19...¥b7 20.c5] 20.axb5 axb5 21.c5 d5 Dia- Empate por proposta branca. Sabia que brangrama ca tinha uma vantagem sólida, mas que para ganhar precisaria abrir a ala do rei e investir tempo no relógio. Até aqui eu não havia dado chance às pretas e decidi seguir sem dar chance alguma e empatar ?! [30.¥g4 Se eu me esforçasse mais teria notado o retorno da Ta1 para a ala do rei, que parece muito forte. Considerei que só a dama e o Bg4 não eram suficientes para progredir. 30...gxf4 (30...¢h8 31.¥h5 £f5 32.¦f1 Promover g4 e f5 parece natural 32...¢g8 33.¥d4 ¢h8 34.£g4 gxf4 (34...¢g8 35.£xf5 exf5 36.e6+-) 35.¦xf4 £g5 36.h4 ¦xf4 37.exf4 £e7 38.£g6+-) 31.exf4 ¦fd8 parece ser a melhor defesa 32.¥d4 ¦d7 33.¥h5 £f5 34.¦f1! ¦e7 35.g4 £f8 36.¥g6 ¦a8 37.¦xa8 £xa8 38.¦a1 £f8 39.£e3 £b8 [Pretas não conseguem manter d5 e a posição 40.£g3 ¥c8 41.£h4 £c7 (41...¥f8 42.f5) em equilíbrio. 21...dxc5 22.dxc5 ¤ed5 23.e4 42.g5+-] ½–½ fxe4 24.¤xe4] 22.¦a1 ¤d7 [22...¤e4 23.f3 ¤xc3 24.¥xc3] 23.f4± Agora com o equilíbrio na ala do rei, brancas tem mais espaço e coluna A. 23...¤g6 24.¤e5 ¤f6 25.¦a7 ¤e4 26.¤xe4 fxe4 [26...dxe4? não poderia deixar o Bb2 vivo. 27.¤xc6 £xc6 28.¦xg7+ ¢xg7 29.d5+] 27.¦da1 ¤xe5 Pretas propõe empate 28.dxe5 Recusei por não saber ao certo como se defende a posição preta. 28...¥b7 Feio mas bom. Trava a sétima e a oitava. 29.¥h3 [29.£g4 £g6 30.h4 ¦f5] 29...£g6 30.¥g4 Diagrama Rodrigo Disconzi Mestre Internacional e Treinador de Xadrez 37


COLUNA LEON MENDES

CHESS POSITION TRAINER

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amos falar de um programa para auxílio de setas, indicando a direção da treinamento de abertura,vamos falar próxima jogada. do “Chess Position Trainer”.

Bem,realizar estratégias de abertura no Organize seu repertório de aberturas,uxadrez influi muito no desenvolvimento do sando pastas, organizado por aberturas,variações e sub variações. jogo e pode ser decisivo para a viTreinamento as cegas:agora tória. Porém para na nova versão tem a posobter um bom sibilidade de treinamento às desempenho nas cegas,melhorando suas hapartidas, é essenbilidades visuais. cial que o jogador estude várias estratégias para reagir a qualquer ambém com possibililance do adversádade customizar a inrio. terface de acordo com seu gosto pessoal,histórico E é exatamente de estatisticas,suporte a enneste ponto que o programa Chess Posi- gine ,etc...enfim,um bom programa para tion Trainer irá focar. Com visualização das treinar suas aberturas favoritas. táticas de aberturas mais comuns e explições detalhadas Site do desenvolvedor: sobre cada movimento realizado. Também http://www.chesspositiontrainer.com/ é possível editá-las ou criar a partir do zero. A compreensão de cada Abraço a todos! movimento é facilitado com o

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Por Leon Mendes Moderador do site Tabuleiro Social.org

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COLUNA PAULO FARIA Bate papo com Gerson Peres Batista do Clube de Xadrez On Line - Parte II

6-Houve algum momento que pensou em parar com o xadrez?

intelectual.

Quando descobri o xadrez tudo se encaiTer descoberto o xadrez para mim foi uma xou e fluiu de maneira natural, pois era o dádiva. Eu era muito tímido e essa ativi- que eu estava buscando. dade encaixou perfeitamente com minha personalidade, mais voltada ao estudo e à Profissionalmente o início foi muito duro, reflexão. Foi um casamento perfeito. já que em 1992 quando comecei a lecionar a carreira de professor de xadrez ainda esMesmo gostando de esportes físicos, des- tava engatinhando. de criança demonstrava pouca aptidão para eles. Era péssimo no futebol, vôlei, Não tenho o que reclamar da profissão de basquete, natação, etc. instrutor/treinador de xadrez. Acho até que ganhei mais projeção do que realmenAnsiava por descobrir algo que combinas- te merecia! se com minha personalidade, de natureza mais introspectiva, voltada para a parte 7-Qual os melhores torneios que par40


ticipou, e quais grandes amigos que fez por causa do xadrez? Joguei cerca de 600 torneios e é difícil apontar os melhores.

tam exclusivamente na área trabalha como professores nas escolas, lidando com o xadrez pedagógico – para melhorar o rendimento dos alunos nas demais disciplinas curriculares.

Citarei dois deles:

As portas das escolas foram abertas para o xadrez e ele tem tido um respeito grande 1995 – Semifinal do Brasileiro Absoluto por parte de toda a comunidade escolar: em Florianópolis/SC. diretores, coordenadores, professores, pais e alunos. 2012 – Continental das Américas em Mar del Plata (Argentina). Falar em xadrez no meio escolar não é mais novidade nem é visto com desconfiança. A Já no campo da amizade foram centenas modalidade conquistou seu status de ferde bons amigos virtuais e presenciais an- ramenta importante no rendimento dos gariados nestes anos todos. alunos. Citarei dois também (que me desculpem A implantação do xadrez nas escolas tem os demais amigos por não citá-los tam- se mostrado muito viável por trazer inúbém neste espaço): meros benefícios aos alunos como cálculo mais rápido e preciso, melhoria na memóPresencialmente - Joel Cintra Borges. ria e questões como planejamento e paciência, aliado a isso seu custo é relativaVirtualmente – Newton Arruda. mente baixo. 8-O que espera do xadrez nacional?

O xadrez é um instrumento aguçador e potencializador da mente. E, por isso mesPodemos dividir o xadrez em dois campos: mo, surge como um dos mais poderosos educacional e competitivo. mecanismos à disposição da educação. A questão hoje no setor educacional é de como levar concomitantemente a educação objetiva e subjetiva ao aluno. Como o professor pode ajudar o estudante a ter independência de pensamento para buscar ele mesmo as respostas para suas dúvidas e ainda conseguir que adquira conteúdos úteis para estar apto a passar no vestibular ou num concurso, que exigem conhecimentos mais específicos? O segredo é conseguir que o aluno saia da escola preparado para ser um profissional de sucesso e ao mesmo tempo viva harmoniosamente em sociedade. Conhecimento que leve informação e formação aos alunos. O xadrez promove uma ponte para unir estes dois pontos da educação. O xadrez educacional no Brasil vem crescendo muito e hoje a maioria dos que mili-

Os gestores já perceberam isso e vêm conseguindo com sucesso incorporar o xadrez na rotina dos alunos, seja na grade curricular ou como matéria extracurricular, como enriquecimento de conteúdo dos alunos. Como sabemos, para evoluir em xadrez é necessário não somente a prática, mas, sobretudo o estudo em livros e softwares. Através do lúdico, do “brincar” de jogar xadrez, os estudantes tomam gosto pela leitura e ampliam sua capacidade de pesquisa, já que o bom enxadrista a rigor é um curioso, a procurar em suas partidas a verdade por trás de cada posição. O desenvolvimento das inteligências múltiplas dos alunos – como raciocínio lógico e espacial – também são observados como 41


fatores positivos nos projetos escolares de xadrez. No entanto, nestes 24 anos que milito no xadrez não vejo um momento tão bom A modalidade oferece ainda um ambien- quanto agora para a nossa modalidade. te formidável para trabalhar a inteligência emocional. No jogo os alunos têm que sa- Por um processo de seleção natural mesber negociar trocas de peças; avançar e mo estão ficando na área os bons profisrecuar nos momentos certos; lidar com a sionais. dor de uma derrota, recompondo o equilíbrio emocional para instantes depois A seriedade no trato com o xadrez, em tobuscar uma vitória na partida seguinte. O das as suas facetas, penso ser o elemento triunfo sorri àquele que tem mais vivên- principal na busca pelo fortalecimento da cia prática, bagagem teórica e, sobretudo, modalidade em nosso país. controle das suas emoções! 10-Tem alguma coisa que almeja ainEnfim, o xadrez educacional está vivendo da no xadrez, ou se considera uma um momento excelente e tem campo fértil pessoa totalmente realizada nessa para crescer ainda mais. área? Já o competitivo é uma questão mais sensível. As condições para os jogadores profissionais de xadrez se manterem somente como jogadores no Brasil estão muito longe do ideal.

A minha grande meta no xadrez é lecionar melhor a cada dia. Buscar meios didáticos para ajudar meus alunos a obterem melhores performances como jogador, instrutor e treinador (que são os três tipos de curso que ministro) é a prioridade. Trabalho A Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) cotidianamente com o objetivo de ser um possui um bom calendário de eventos. professor mais preparado e assim prestar Atrair patrocinadores e aumentar os prê- um serviço melhor aos meus alunos. mios creio que são os desafios maiores para o xadrez competitivo brasileiro. Cheguei a perseguir duas metas no xadrez como jogador: ser MF e ganhar o quinto 9-Tem algo que te desagrada hoje no título mineiro absoluto (hoje só há tetraxadrez brasileiro? campeões em Minas: MI’s Wellington Rocha e Roberto Molina, MF João Bosco LaSou muito positivista. Onde há um proble- deira e eu). Mas, como encerrei a carreira ma tento enxergar a melhor forma de lidar de jogador, são metas que ficaram para com aquilo de maneira produtiva. trás. Assim, observo mais os assuntos no ângulo das oportunidades. Onde há um problema, há também uma oportunidade de lidarmos com ele, solucioná-lo e promover crescimento. Olhar assim o mundo gera um sentimento bom de poder participar do progresso e evolução das coisas. Ao olhar o xadrez brasileiro naturalmente vejo problemas, porque é uma atividade em expansão e há muito a fazer para ela chegar ao nível de excelência desejado. 42

Por Paulo Faria Instrutor FIDE


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