Revista Mogi News 21

Page 1


Moda

Especial Mulher | marรงo de 2008


Moda

Especial Mulher | marรงo de 2008


Editorial

Resultado de amadurecimento

O

Índice

prêmio Mogi News Mulher de Expressão está em sua terceira edição, mas esta grande homenagem é o amadurecimento de um projeto que surgiu em 1996. Naquele ano, o Mogi News criou o Expo Mulher News, uma espécie de feira da mulher, onde havia diversos estandes de empresas que trabalhavam com produtos voltados para o universo feminino, além de desfiles de moda, palestras e apresentações de dança, no Clube de Campo de Mogi das Cruzes. O encontro aconteceu em três dias, 15,16 e 17 de maio, sendo os dois primeiros com todas estas atrações e entrada franca e, o último, destinado exclusivamente às mulheres que foram homenageadas pelo evento. Mais de 20 mogianas que de destacavam no mercado de trabalho participaram de um elegante coquetel no salão social do clube e tiveram seu sucesso reconhecido com a entrega do prêmio. De lá para cá,

a idéia evoluiu muito e, em 2005, nasceu o Mulher de Expressão. Foi mais uma ação inédita na região, considerada ousada para a época, já que foi numa década de consolidação da mulher no ramo profissional. Em 2005, o projeto ganhou novo formato, mantido até hoje: com uma premiação e uma revista. Neste ano, com o amadurecimento das duas edições anteriores, o prêmio está ainda mais direcionado, e o resultado veio por meio de votação popular, o que gerou ainda mais credibilidade. A revista está com matérias mais ricas e uma linguagem ainda mais leve e fácil. Todo o conteúdo foi cuidadosamente preparado para acompanhar o crescimento e a evolução da mulher brasileira. Suas necessidades, conquistas e sonhos. Um material atual, com assuntos úteis para o dia-a-dia da classe feminina.

8 Coloração

17 No divã

9 Vinhoterapia

18 Comportamento

Para obter aquele efeito “arrasa quarteirão”, é preciso escolher bem a cor que combina com a sua pele Novo tratamento à base de vinho é mais uma opção para quem quer ficar bonita e em forma

10 Câncer de mama

A prevenção ainda é o melhor caminho. Conheça a doença e histórias de mulheres vencedoras

Muitas mulheres tendem a escolher o mesmo tipo de homem. A psicologia explica esta fixação O ciúme pode apimentar uma relação, mas também pode tornar-se uma triste armadilha

20 Sem compromisso

É cada vez maior o número de mulheres que assume fazer sexo apenas por prazer

12 Avó moderna

22 Entrevista

14 Moda

24 Sucesso

As vovós do século XXI são ativas, modernas, joviais e muitas ainda sustentam a família Os anos 70 voltam com toda a força nas coleções dos principais estilistas do País. Confira!

16 Perfume

Os aromas e as embalagens podem falar mais sobre a sua personalidade do que você imagina

A atriz Claudia Alencar fala sobre sua carreira e sobre os segredos para manter a juventude aos 57 anos Para alcançar qualquer objetivo na vida, é preciso, em primeiro lugar, fazer um planejamento

25 Homenagem

A partir desta página, conheça as mulheres homenageadas no 3º Prêmio Mulher de Expressão

Especial Mulher | março de 2008

Editora-responsável Vera Marcolino Re p o r t a g em Katia Guimarães e Agência Bolsa de Mulher E n t r e v i s ta s (Especial Mulheres de Expressão) Katia Guimarães Projeto gráfico e editoração Edimar Veloso c a pa Rafael Gonzales (Hommer), Foto: Rodrigo Lopes, Produção: Claudio Marra, Maquiagem e cabelo: Edson Morales Fotografia Larissa Seccomandi, Luciana Moura, Michel Meusburger, Monalisa Ventura, Agência Bolsa de Mulher e Divulgação Fotografia (Especial Mulheres de Expressão) José Carlos Cipullo Re v i s ã o Laura Abrão e Suéller Costa Colaboração Mônica Valentin E x e c u t i v o s d e Co n ta s Adriana Francisco, André Mello, Clenira Cataldi, Edson Moraes, Léia Cristina e Rubem Neto

Ge r e n t e - C o me r c i a l / m o g i n e w s Marcos Roberto Sebastião Ge r e n t e - C o me r c i a l / DAT Sentileusa Moraes De p a r t a me n t o d e A r t e Adriana Ambriola, Daniela Farias, Eduardo Bernardineli, Erica Miashita, Marcus Navarro e Fabíola Koba (revisão) A t e n d i me n t o C o me r c i a l (011) 4735-8000 comercial@moginews.com.br

Diretor-presidente Sidney Antonio de Moraes Diretora-vice-presidente / Circulação Sonia Massae de Moraes D i r e t o r - C o me r c i a l Wilson Bego diretor de marketing Salatiel de Moraes Rua Carlos Lacerda, 21 Vila Nova Cintra, Brás Cubas Mogi das Cruzes - CEP: 08745-200 Telefone: (011) 4735-8000 www.moginews.com.br I M PR E SSA NA PROL E DITORA GRÁFICA

A 21ª Mogi News Revista, produzida pela Editora Mogi News, é uma publicação comemorativa ao mês da mulher, que circula encartada nos jornais Mogi News e Diário do Alto Tiête edição especial



Água sob medida

Moda Bem-estar

Beber água é fundamental para a saúde e a beleza, mas sem exageros, pois o excesso pode prejudicar o organismo

E

O organismo é uma sábia e delicada máquina que sabe fazer com que tenhamos sede quando necessita de água

stamos vivendo um tempo em que falsos conceitos se espalham com rapidez pela mídia. Atrizes, modelos e cantoras ditam normas malucas sobre medicina e milhares de pessoas, mulheres, especialmente, as seguem obedientemente. Uma destas regras repetidas à exaustão como um mantra é o “beba muita água, tantos litros por dia”. Já chegou-se ao absurdo de recomendar até 5 litros. É bom que todos saibam que beber água sem vontade nenhuma, a ponto de se sentir mal, não vai servir para nada, a não ser para eliminar um cálculo renal com urgência. Cada pessoa terá sede de certo volume de água, de acordo com algumas variantes, como o nível de exercícios; temperatura do ambiente; tipo físico; quantidade de comida; estresse e necessidade de falar seguidamente, entre outras. Por essas razões, não há o menor fundamento em determinar genericamente quantos litros se deve tomar de água, já que cada um terá sua medida a cada dia.

Há casos extremos de mulheres que não conseguem ter autonomia nem de meia hora sem ter de ir ao banheiro, mantendo suas bexigas num trabalho constante de encher e esvaziar, o que pode também trazer problemas à saúde. Elas acreditam que, assim, ficarão mais bonitas, com a pele lisa e sem celulite. Puro engano! O organismo é uma sábia e delicada máquina que sabe fazer com que tenhamos sede quando nosso corpo precisa de água e que nos faz afastar o copo com repulsa quando já bebemos o bastante. Água forçada pode levar a distúrbios da digestão, já que o suco gástrico fica diluído e a freqüência urinária, limitante. Ir ao banheiro muitas vezes ao dia prejudica suas atividades, entretenimento, sono e leva até mesmo a transtornos de ordem geral, que envolvem o sangue e órgãos diversos. Aprenda a ouvir o que seu corpo pede e desconfie de conselhos de gente não especializada!

Cálcio: mineral essencial

Mais soja no prato

O cálcio é um mineral essencial para a vida por ser o responsável pela formação dos ossos e dentes. Ele participa também de várias reações no corpo ligadas à transmissão nervosa e regulação de batimentos cardíacos, contração muscular e coagulação sanguínea, desempenhando papel fundamental no equilíbrio do metabolismo. Encontramos essa substância no leite e em seus derivados; nos peixes, mariscos, tofu (queijo de soja), leguminosas (lentilha, ervilha e soja), semente de gergelim, nozes e vegetais verde-escuros. Excesso de sal, cafeína e proteínas aumenta a eliminação de cálcio na urina. A ingestão deve ser, em média, de três a quatro porções de leite e seus derivados por dia.

O consumo de soja (o grão ou produtos derivados), especialmente por mulheres, tem sido amplamente incentivado. Uma das principais razões é a presença da substância isoflavona, que é muito semelhante ao principal hormônio feminino, o estrogênio. Entre as propriedades benéficas à saúde da mulher, a proteína de soja está associada à melhora no sistema cardiovascular, à redução dos níveis de mau colesterol, à prevenção do câncer de mama e da oste-

Especial Mulher | março de 2008

oporose, à redução dos efeitos da menopausa e até ao rejuvenescimento. Estudos demonstram que o consumo diário de cerca de 40 a 60 gramas de soja e seus derivados (o que corresponde a um pouco menos de meia xícara do grão) a longo prazo, pode proporcionar os efeitos benéficos desta leguminosa citados anteriormente.



Cabelo

Beleza no tom certo Evite surpresas ao pintar o cabelo. Descubra a tintura ideal para você

Q

Se quiser ter cabelos coloridos, você terá de se tornar sócia do salão de beleza

ue mulher nunca de- ria mechas iguais às da prima. sejou, mesmo que se- Para isso, comprou água oxigecretamente, fazer uma nada e descolorante na farmámudança total no visual? Se cia e aplicou a mistura sozinha: passar a tesoura está descarta- “Não sabia quantos minutos dedo, que tal mudar a cor do ca- veria deixar o produto, mas tobelo? Mas é preciso se cercar mei como base o tempo que de alguns cuidados. Embora levava para descolorir os pêlos existam produtos para todos do braço. Então lavei e o cabelo os gostos e tipos, nem sem- ficou laranja, além de áspero e pre eles combinam com seu esfarelado. Demorou uns dois tom de pele ou são os mais re- anos para o meu cabelo ficar comendados para os seus fios. saudável de novo”, conta. Agir no impulso arriscando Conhecer as opções existentécnicas do tipo “faça você tes no mercado é um bom comesma” definitivamente não meço. Existem vários tipos de é a melhor forma de deixar os produtos para tingir os cabelos: cabelos bonitos. O sonho de tinturas, henna, descolorantes, ganhar um visual mais bacana xampus tonalizantes, entre oupode se transformar num pe- tros. De acordo com Anysio Essadelo. A advogada Lúcia que- tevão, estilista capilar, as tinturas

se diferenciam pela sua química, algumas são à base de amônia e outras, à base de água: “Há produtos permanentes ou temporários. As tinturas permanentes são as mais usadas, até porque, hoje em dia, elas quase não estragam o cabelo, isso quando usadas com o acompanhamento certo e boa manutenção depois, é claro”. E não tem jeito, se quiser ter cabelos coloridos, você terá de se tornar sócia do salão de beleza. As madeixas, neste caso, precisam de cuidados especiais. Estevão explica, ainda, que as famosas “tinturas de perfumaria”, possuem uma tecnologia mais pesada, e, por isso, podem danificar mais os cabelos.

cores e peles

A cor do cabelo tem o poder de valorizar seus olhos e sua pele e até de conferir um ar glamouroso ou moderno ao visual. Por isso, é preciso entender por que certas cores funcionam para algumas pessoas e para outras não.

Pele rosada: Combina com acobreados, vermelhos, dourados, ruivos, marrons e tons escuros. Exemplos famosos: Mariana Ximenes, Kirsten Dunst e Monique Alfradique. Este tom de pele combina com qualquer cor de cabelo. Mas atenção: preto chapado dá uma aparência ‘Mortícia’. Evite tons acinzentados, pois envelhecem.

Pele amarelada: Vai bem com tons de marrons e vermelhos, como os das atrizes Daniela Suzuki, Amanda Lee e Lucy Liu. Os louros devem ser usados com moderação - os muito chapados podem deixar a pele pálida. Para clarear, a melhor opção é fazer mechas em tons de mel.

Pele morena: Fica ótima com castanhos, achocolatados, pretos e vermelhos. As famosas Beyoncé, Carol Castro, Juliana Paes e Camila Pitanga são bons exemplos. As mais conservadoras podem optar por tons avermelhados, acobreados e café - não tem erro. Para as ousadas, dá para arriscar os louros.

Pele negra: Neste caso, o melhor é optar por tons castanhos, acobreados e pretos, a exemplo das atrizes Taís Araújo e Sheron Menezes. Evite o louro, pois contrasta demais e deixa um ar artificial. Quanto mais claro o cabelo maior também a necessidade de cuidados com a saúde dos fios.


Beleza

Da taça para a banheira Terapia à base de vinho promete rejuvenescimento e ajuda a emagrecer

Tratamento facial e corporal Existem dois tipos de vinhoterapia, a facial e a corporal. A primeira consiste na limpeza da pele, aplicação de peeling e máscara. É recomendado que se faça pelo menos uma vez por mês. Já a corporal oferece ação antioxidante para a pele do corpo, tonificando-a e aliviando o estresse e pode ainda ser dividida em três tipos: antienvelhecimento, relaxamento e perda de medidas. A diferença é que a de relaxamento engloba uma massagem, e a de perda de medidas acompanha infravermelho, acelerando a quebra de gorduras. A vinhoterapia facial custa em média R$ 100 por sessão, enquanto o tratamento completo da corporal, incluído a exposição ao infravermelho, custa cerca de R$ 300. É recomendado que se faça pelo menos três sessões por mês para sentir os resultados. O tratamento deve contar com acompanhamento profissional.

H

á muito se discute as propriedades terapêuticas do vinho. Algumas pesquisas revelam, por exemplo, que tomar um copo antes das refeições faz bem para o coração e diminui o mau colesterol. Até aí, nenhuma novidade. Entretanto, o vinho pode ser um excelente aliado da beleza, rejuvenescendo e tonificando a pele e ajudando a diminuir medidas. A vinhoterapia é a novidade que tem despertado o interesse de muitas pessoas. A revolução desta técnica está na indução da termogênese, um processo natural do corpo humano que gera calor, eliminando ca-

lorias excedentes. A aplicação de vinho morno em zonas de concentração de gordura induz essa geração de calor e, conseqüentemente, o deslocamento das placas de gordura. É esse processo que ajuda no emagrecimentoe na redução da celulite. Além disso, o vinho também é rico em polifenóis (flavonóides, procianidinas e resveratrol), substâncias presentes nas sementes e na casca da uva, que têm ação antioxidante e atuam contra os radicais livres (responsáveis pelo envelhecimento da pele) - chegam a reduzi-los em 85% e superaram a famosa vitamina E em até cem vezes.

História O primeiro registro que se tem do uso medicinal do vinho data de mais de 2000 a.C., no Egito. Os papiros da época revelam que a bebida era utilizada para tratar doenças de pele. Documentos atestam que Hipócrates, o pai da Medicina, recomendava a substância como suplemento dietético, diurético, purgativo, antitérmico, antisséptico e até mesmo contra depressão. Mas foi na cidade de Bordeaux, região vinícola da França, que a vinhoterapia surgiu de fato como técnica aliada à estética. Inspirada nos “Wine spa” franceses, o Brasil aderiu à moda e, hoje, já existem no País muitas clínicas e spas que oferecem a técnica inovadora.

Especial Mulher | março de 2008


Saúde feminina

Inimigo silencioso Câncer de mama: enfrente o problema de peito aberto

M

edo e dor. Essas são as primeiras palavras que vêm à cabeça quando se pensa em câncer, uma doença devastadora, que faz sofrer não apenas a pessoa doente, mas também os familiares e os amigos. E, entre as mulheres, o câncer de mama é o mais temido. Os números são alarmantes. Dados indicam que 400 mil novos casos de câncer surgem a cada ano no Brasil, sendo que um terço deles com óbitos. A doença é a segunda que mais mata no País e sua incidência e mortalidade têm crescido em virtude do aumento da expectativa de vida e de fatores como poluição, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, tabagismo, entre muitos outros. Como tudo o que é desconhecido causa ainda mais medo e receio, nada melhor que conhecer o câncer de mama a fundo para saber como lidar com ele e, principalmente, evitá-lo. Afinal, muitos casos são curáveis, principalmente se diagnosticados em seu estágio inicial.

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a iniciação do câncer de mama é de origem genética. Isso não significa que seja uma doença exclusivamente passada através das gerações, aliás, apenas entre 5% e 10% dos casos são ocasionados por herança genética. A doença, na verdade, é desencadeada por uma lesão, que pode ser herdada ou adquirida, no DNA cromossômico, fazendo com que a multiplicação celular ocorra de maneira desordenada. Se o acúmulo dessas células tumorais (neoplasias malignas) não conseguir infiltrar a camada que dá sustentação ao tecido dos ductos mamários, a chamada “membrana basal”, o tumor é considerado não-invasor. Do contrário, ele é invasor e, neste caso, passa a existir a chance de que pequenos vasos sangüíneos e capilares linfáticos sejam atingidos, levando as células anormais a outros órgãos, como pulmões e fígado, ou até mesmo aos ossos. O trânsito dessas células para estas regiões recebe o nome de metástase.


Prevenção nunca é demais Nunca é demais repetir que a melhor forma de se prevenir do câncer de mama é se submeter periodicamente a exames clínicos e à mamografia, além de realizar o autoexame em casa mesmo, depois do banho ou antes de dormir. O exame clínico, feito por um médico ou enfermeira treinados, pode identificar um tumor de até 1 cm de diâmetro, em 57% a 83% de mulheres com idade entre 50 e 59 anos, e em torno de 71% nas que têm entre 40 e 49 anos. O Inca não estimula o auto-exame como estratégia isolada na detecção do câncer de mama. Ele é importante, mas deve ser apenas complementar, realizado entre uma e outra consulta ao ginecologista. A orientação atual, que deve ser seguida em condições ideais de recursos para a assistência à saúde, é a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade, tendo sido feito um exame basal prévio aos 35 anos. Na fase pré-clínica de neoplasia, de tumores detectados pela mamografia, as taxas de cura são de quase 100%, e essa deve ser a motivação maior para estimular as mulheres a fazerem uma mamografia de rotina. Outras medidas mais simples, que podem e devem ser adotadas no dia-a-dia, também são importantes, como evitar a obesidade, o sedentarismo, os alimentos gordurosos e a ingestão alcoólica em excesso.

Elas venceram “Tive câncer de mama três vezes. Na primeira, tinha 34 anos e tive um tumor no seio esquerdo. Foi muito difícil. É um choque saber que se está com a doença. Pensei que fosse morrer. A segunda, aconteceu quatro anos depois, no seio direito e, a terceira, há três anos, nos dois seios ao mesmo tempo. O auto-exame foi fundamental, nas três vezes, pois detectei a doença bem no início e consegui vencê-la”. Yara Torres Barbosa, 55 anos, aposentada

“Depois de retirar um ovário e uma trompa por causa de um cisto, há dois anos, descobri que tinha um nódulo no seio por meio do auto-exame. Num período de 30 dias, passei por três cirurgias. Fiz quimioterapia, radioterapia e ainda faço tratamento com medicação, mas minha vida praticamente já voltou ao normal. Quando ouvi dos meus dois filhos que eles precisavam de mim, recebi forças, lutei e venci a doença”. Carmelita da Silva Maria Shibata, 48 anos, auxiliar de produção

“Há quatro anos sentia muitas dores no seio direito e com um exame descobri que estava com um nódulo. Quando recebi o resultado da biópsia, fiquei desesperada. Perdi o chão, voltei para casa chorando. Tive de tirar toda a mama, mas no mesmo dia fiz a reconstrução. Fiz seis meses de quimioterapia e, neste período, não saía de casa. Há três anos, minha vida voltou ao normal. Sempre tive muita fé e Deus me ajudou a vencer”. Maria Rita Damasceno, 43 anos, dona de casa

“Eu tinha acabado de completar 37 anos quando percebi que estava com um caroço no seio direito: era um tumor maligno. Tive um medo terrível de morrer. Fiz quimioterapia e retirei a mama, que reconstrui no final do ano passado. A fase mais difícil foi a da quimio, porque tive uma anormalidade na veia e precisei passar por mais uma cirurgia. Hoje, ainda tomo remédios, mas levo uma vida normal. A minha família e a fé em Deus me deram forças para superar o problema”. Rosana de Carvalho Oliveira, 39 anos, professora


Família

As novas vovós Modernas, jovens e independentes, elas mudaram o jeito de ser avó

Q

uando você escuta a palavra avó, qual a primeira imagem que vem à sua cabeça? A figurinha dócil, meiga, de cabelos brancos, sentada no sofá fazendo tricô? Bem, isso faz parte do passado. A nova geração de avós venceu preconceitos, o machismo, ultrapassou barreiras, queimou sutiãs e participou da revolução sexual. Essas mulheres deixaram as tarefas domésticas para trabalhar fora e isso não as impediu de criar seus filhos. Agora, anos depois de tantas conquistas que mudaram a sociedade, elas se vêem às voltas de uma outra realidade: os netos. Como será que essas jovens senhoras estão vivendo essa nova etapa da vida?

As mulheres que eram jovens nas décadas de 60 e 70, hoje, têm pouco mais de 50 ou 60 anos de idade. Mas nem parece. Com o avanço da medicina, elas retardaram o envelhecimento e melhoraram a qualidade de vida. Participam ainda econômica e socialmente de forma ativa e juntam a experiência de vida com um frescor pouco comum na juventude atual. “O modelo cultural é outro e a noção de velhice também se transformou. Uma mulher de 60 anos do século XXI não tem a aparência de uma senhora da mesma idade de décadas atrás”, comenta a psicóloga de família Maria Helena Rego Junqueira.

A pedagoga Regina Cunha faz coro. “Houve uma ampliação das funções da avó. Ela desempenha papel político, econômico e afetivo. Às vezes, a avó ainda contribui financeiramente ou até sustenta a família, exercendo uma representatividade muito maior do que no passado”. Entretanto, segundo a educadora, o papel dessas senhoras vai mais além. Para ela, as vovós têm consciência da importância no equilíbrio e no auxílio aos filhos também na educação dos netos. “As avós modernas são da geração do feminismo. Teriam uma tendência à permissividade, mas, pelo amadurecimento, perceberam que liberdade tem limite”, afirma.

Mesmo com tantas atividades, não deixam de aproveitar a companhia dos netos. Para muitas, não existe o tão falado conflito de gerações. “Sou mãe e avó e estou tentando conviver com meus netos assim como participei da infância dos meus filhos. Hoje me sinto plena, completa. Você pode ter a plenitude profissional e familiar”, afirma Márcia Pessanha, diretora de faculdade e avó dos

bebês Bento e Luísa. Mas nem todas recebem a notícia com a mesma naturalidade. Aos 42 anos, a decoradora Consuelo Ferrer, hoje com 51 anos, foi surpreendida pelo filho mais velho: “Quando ele disse que eu iria ser avó meu mundo caiu. No primeiro momento, fiquei abobalhada. Não estava preparada. Fui aprendendo aos poucos. Felizmente, isso já está superado”.

meus netos e o meu namorado, não posso perder tempo com essas pessoas que insistem em ter preconceito”. As noites em festas são curtidas em família, na maioria das vezes. Boa parte das amigas da Geórgia conhece Flávia. “Minha

mãe é uma das mais animadas quando está com as minhas amigas. Ela tem espontaneidade, alegria, inteligência e educação. As colegas dela, às vezes, se juntam com as minhas e a festa fica melhor ainda”, conta a filha.

A hora da verdade Nada de óculos na ponta do nariz, receita de chazinho e histórias de antigamente. Algumas vovós são pra lá de ativas. Alguns programas que parecem demasiadamente “teen” para maiores de 50 anos, por vezes, são normais no cotidiano delas: namoram, freqüentam academia, vão para baladas, bebem e batem papo no barzinho, fazem plástica, lipoaspiração e outras cositas más.

Na flor da idade A artista plástica Flávia Amorim, de 49 anos, dá a impressão de ter uma década a menos. No guarda-roupa, apenas calças e blusas modernas, parecidas com os modelos manequim tamanho 40 usados pela única filha, Geórgia, de 12

23, mãe de Juliano, de 5, e Rodrigo, 2: “Quando me perguntam se me sinto mais velha por ser avó, costumo responder que tudo depende da cabeça da pessoa. Tenho 49 anos e uma vida inteira para aproveitar com a minha filha, Especial Mulher | março de 2008



Moda

Por Karen e Katiúscia de Moraes

Anos 70 P

em alta

Fernanda Calfat

ode fazer frio, chover e até nevar, porque modelitos não faltam, amigas. Pencas de apostas para o inverno que vai chegar. Afffê, uma coisa mais bela que a outra! A gente amou a influência dos anos 70, dando pinta nas calças de boca larga, cintura alta, saias longas, vestidões, estampas floridas, psicodélicas e bem coloridas, tricôs, estampas tie-dye ou manchadas e lenços pra glamourizar seu look. Há também inspirações no velho oeste, aí se jogue nas franjas, botas cowboy, xadrez (principalmente camisas), camurça e ponchos. Outro tema que o povo “das modas” explorou bastante foi a alfaiataria, tipo os coletes, calças amplas, suspensórios, peças com um quê de smoking, tudo com um ar de roupita masculina. E fica mais incrível se for coordenada com “mudelos” girlie, que seriam as peças mais fofas. Sabe aquele detalhe

de laços, babados, estampas lúdicas? Só para dar um toque de feminilidade. As cores que predominaram foram: preto (sempre), variações de cinza, marrom, berinjela, vinho, mostarda, laranja (mais escuro) e diversos tons de azul. Já as padronagens que mais apareceram foram os xadrezes e listrados, tipo horrores...em tudo quanto é peça! Principalmente em looks fazendo sobreposições que, aliás, a gente ama e é aposta máster para o frio... As novas propostas de modelagens criam silhuetas novas e bem interessantes, que têm como ponto de partida a arquitetura e o geometrismo. Só lembre-se de não se empolgar muito com os temas, afinal sua “montação” não é uma fantasia literal, mas já vale ir sonhando com os axós (roupas) belíssimos das coleções de inverno!

Desfile outono/inverno 2008, Giselle Nasser

Desfile outono/inverno 2008, Maria Bonita Extra

Desfile outono/inverno 2008, Do Estilista

14

Desfile outono/inverno 2008, Têca

Desfile outono/inverno 2008, Têca

Especial Mulher | março de 2008

Desfile outono/inverno 2008, Alexandre Herchcovitch



Aromas

Um rastro de perfume A fragrância escolhida fala muito sobre você e sua personalidade

M

esmo em uma so- época tem um tipo de perciedade tão ligada fume. Além disso, na hora na imagem como de trazer um lançamento é a nossa, os odores nunca para o Brasil, é preciso penpassam despercebidos. O ol- sar na realidade e no gosto fato é um dos nossos sentidos dos consumidores: “As brasimenos explorados, mas cer- leiras gostam muito dos flotamente o mais visceral e, tal- rais, e os florais frutais estão vez, venha daí o pré-histórico em voga hoje”. encantamento do ser humaNão é difícil notar como no pelos perfumes. Acredita- perfumes e grifes estão ligase que a arte da perfumaria dos. Segundo Samaritana, os nasceu no Egito Antigo e na estilistas têm consumidores Mesopotâmia, e que se de- fiéis para seus cosméticos e senvolveu a partir dos roma- quanto mais sucesso nas pasnos e dos árabes. sarelas, mais frascos vendidos. A especialista em perfumes “Se você não pode comprar Samaritana Moraes diz que, uma bolsa Gucci, pode ter um assim como na moda, cada perfume da marca. Tanto é

que, se a pessoa está usando o perfume e alguém elogia, ela não vai dizer o nome do perfume, mas a marca, por questão de status”. A especialista explica que os perfumes importados têm uma concentração de essências maior que os nacionais e, por isso, mais fixação. O perfumista Eduardo Vaz explica que, na verdade, não se faz perfume no Brasil, apenas colônias: “As pessoas se recusam a pagar um ‘parfum’ feito no Brasil, pela falta de conhecimento e crença de que os importados são melhores”.

PERSONALIDADE E CORES Guia indica o que as cores do frasco e a do perfume sugerem sobre a personalidade de quem deve usá-lo: Dourado: Sugere glamour e é pensado para mulheres muito vaidosas, detalhistas, que gostam de se destacar. Prateado: Também lembra mulheres vaidosas, mas essas mais práticas

e modernas. Vermelho: Para mulheres muito sensuais. Se a cor for mais fechada, sugere algo mais carnal. Rosa: Perfumes em tons de rosa são para as muito românticas.

Pink, laranja e amarelos: Servem a quem tem muita vitalidade e alegria. Preto: A elegância discreta está nesses perfumes. Branco: Pensados para a mulher naturalmente chic, sem excessos.


No divã

Moda

A bendita fixação Algumas mulheres escolhem sempre o mesmo tipo de homem

S

eu último affair era um roqueiro cabeludo, alto e metido a intelectual, três anos mais novo que você. Que, por sinal, te fazia lembrar de um outro rapaz por quem você nutriu um daqueles amores platônicos de adolescência. Mas não deu certo... E, algum tempo depois, você finalmente encontra sua cara-metade, o namorado perfeito: mais novo, mais inteligente, 1m85 de altura, cabelos compridos e que adora um rock’n roll. Epa, peraí... Outra vez? Caso tenha se encaixado de alguma forma neste contexto, mesmo trocando as características por ou-

tras, você é uma das muitas mulheres que, inconscientemente ou não, por vontade própria ou fatalidade do destino, são atraídas somente por um tipo específico de homem. Ele pode ser loiro, forte, barbado, oriental, rústico, mulherengo, tímido, tatuado, surfista..., mas está sempre povoando o seu imaginário. Segundo a psicóloga Silvana Martani, toda escolha que fazemos, sobretudo no campo emocional, é regida ou inspirada pelas nossas idealizações: “Há pessoas, de ambos os sexos, que sempre procuram o mesmo tipo de parceiro porque ide-

alizam essa imagem. Elas prezam por determinada(s) característica(s), na personalidade ou na aparência, que corresponda à expectativa que criaram. O problema é que o ideal de figura que tanto perseguem fica apenas dentro da cabeça delas, não é aquele indivíduo que está diante delas”. A psicóloga também confirma a teoria de que essas escolhas podem estar relacionadas a uma busca (ou anulação) inconsciente por particularidades de origem paterna: “Todos buscamos, de alguma maneira, o nosso pai, ou a nossa mãe refletidos em outras pessoas”.

Momento de se libertar O médico e psicólogo Paulo Próspero acredita que o amor relativo aos pais pode, de fato, ser estendido aos parceiros, principalmente porque é o primeiro contato amoroso que temos na vida. Contudo, para o psicólogo, a fixação por determinados

perfis pode ter muitas outras explicações. “É muito relativo. Em geral, os desejos que temos podem estar ancorados em uma identificação primitiva, mas não necessariamente na figura do pai ou da mãe. Podemos nos fixar a partir de uma situação,

Especial Mulher | março de 2008

de um trauma, de uma pessoa”, esclarece Próspero. Ele salienta que a insistência em um tipo de parceiro muitas vezes é ruim porque anula a capacidade de mobilidade e empobrece as relações, ainda mais se o perfil escolhido causar sofrimento. 17


Comportamento

Isso é ciúme “(...) me fez padecer com a desa- relacionamento, dependendo tenção de Capitu e ter ciúmes do tamanho que damos para do mar. Não, meu amigo. Ve- essa “criaturinha”. nho explicar-te que tive tais ciO ciúme não é uma doenúmes pelo que podia estar na ça isolada. Ele é conseqüêncabeça de minha mulher, não cia de algum problema, na fora ou acima dela. É sabido maioria das vezes, relacionaque as distrações de uma pes- do à personalidade. “A partir soa podem ser culpadas, me- do momento em que o ciútade culpadas, um terço, um me se torna doentio, a pesquinto, um décimo de culpa- soa começa a pensar em coidas, pois que em matéria de sas que existem em cima de culpa a graduação é infinita. coisas que não existem”, afirA recordação de uns simples ma o psiquiatra Eduardo Ferolhos basta para fixar outros reira, autor dos livros “Ciúme que os recordem e se deleitem - o medo da perda” e “O lado com a imaginação deles”. amargo do amor”. Para Ferreira, é fácil distinguir iúmes do mar, do que quando esse sentimento copodia estar na cabeça meça a atrapalhar: o ciumento do outro, da recorda- desconfia. E o muito ciumento ção de outros olhos que não cria certezas a partir do nada. fossem os seus. Ciúmes, ciú- De qualquer maneira, os dois mes... Não dá para negar. São níveis estão ligados ao medo perturbadores os pensamen- da perda ou da exclusão. O intos de Bentinho, personagem divíduo se apega a alguém ou criado por Machado de Assis, a alguma coisa e se torna deem Dom Casmurro. Tão per- pendente. Isso pode ser veriturbadores que não é possível ficado desde cedo na vida de saber se os fatos do romance uma pessoa. são reais ou frutos da imagiO psiquiatra ressalta que nação do narrador. Ao ponto esse sentimento deve ser visto de, nós, leitores, muitas vezes como um alerta de que algo nos vermos incitados a acredi- não vai bem. “O ciúme não é tar em tais palavras, culpando uma doença isolada. Ele é cono amigo Escobar e a mulher seqüência de algum problema, Capitu por traição. Ciúmes, o na maioria das vezes, relacionatal monstrinho verde, já citado do à personalidade. Ele deve também por William Shakes- ser visto como uma dor, que peare, que pode tomar gran- indica uma doença, mas não des proporções e causar es- é propriamente a doença. Da tragos em todos os tipos de mesma forma, acontece com

C

18

Especial Mulher | março de 2008

Este sentimento até tem o seu charme, mas pode virar doença

o ciúme. Ele só irá melhorar parceiro(a) dá motivos ou se se aquilo que o tiver gerado comporta de forma a deixar for identificado e tratado em o outro inseguro. Sendo asuma terapia”. sim, antes de tudo, torna-se “Todo ser humano está sujeito importante que o outro não ao ciúmes. Uns de maneira mais deixe dúvidas sobre suas atiintensa que outros. É natural tudes e não provoque cenas sentir ciúmes da pessoa ama- de forma premeditada. da, mas ser inseguro e começar Clareza e diálogo são as ara criar cenas de desconfiança, mas contra esse “monstrinho”. gera atritos na relação”, afirma Até mesmo quando ele está a psicóloga Patrícia Gugliotti. em uma forma mais branda: O interessante é que a psi- “Agora, se mesmo assim os cóloga destaca que, muitas conflitos continuarem, cabe vezes, o ciumento até tem à pessoa decidir se aceita firazão nos relacionamentos car em um relacionamento amorosos. Isso porque o(a) sob essas condições”.


“Ter c iú ta tem me é abs o é pre , mas par lutament a que ciso s e nor a m o isso. Mesm ber contro relacion al. Quem a finjo l m o á gosento q l o. E ue q Já br ue nada e sinta um u consigo dê certo ig st c e sei q uei muito á acontec iúme inc controlar ontro endo com ue pa na lá sensa e r ção é a o outro morado tudo fica vel, bem. por c não c tamb que a a o é Isabe nfia na g pessoa es m é difíci usa disso l, por ente tá co l Crist qu ei m 24 an in os, so a Lima S sso é mui ciúme po e a to rui oares rque lteira m”. , , vend edora

É bom ruim. osta e m g o essoa dos: b ois la de que a p porque é d m e me t ão sinal é ruim “O ciú e ele é um a gente. E da possess s o u m e q co xim ntr a por ocupa muito pró nvivência e ara o e r p e es co nto te p ntime lhar a astan um se ode atrapa ntribuiu b nto”. e p co e isso s. O ciúme elacionam r a o o s ltim pes , meu ú Souza fim do Henrique xiliar de n u Clayto , solteiro, a oal s ss o e 19 an amento P t r a Dep

“O ci úm há d e atrapa ois a lha b no eu so u pou s e tem astante. N dado qüila co ciu amo .N c r cium unca na mento e e erto porq o m enta, l u a o e é r ei u be e acho difíci ntão não ma mulh m tranl dar sei co er mu é mu ce it m it Lean o possess rto quand o seria, m o ivo”. dro C o um a a 20 an dos d s ois os, so rdoso, lteiro , aux iliar d e leg aliza ção

u hoje, do que so ta n e m iu c conquisito mais recendo e te peru d “Já fui mu a m a i en te va tempo a g nônimas a gen rio. Com o íb é si il e u u q q e , o a tando trapalh a oé só e m iú c m o diálog cebe que o e que só co onseguiria ça n ra u g oc mo de inse u, hoje, nã me encê-lo. E v iumento, l c e o ív it ss u o p m m e m um ho namorar focada”. su a sentiri nes, edora Sueli Antu rada, vend a p se s, o n 42 a

er re“Sou bastante ciumento e a minha mulh acernos pre sem s amo acab clama disso, mas espud eu se , bom é não e ciúm ir tando. Sent ria se, mudaria isso em mim, porque, na maio o nos das vezes, o ciúme e a desconfiança estã mas em, exist nem olhos da gente. Os motivos defaz e los rgáenxe a a quem é ciumento pass a”. les motivo de brig Rodnei Teixeira, 33 anos, casado, gerente de loja

“Sou ciumenta assumida, possessiva mesmo, e isso nunca prejudicou me us relacionamentos. Já namoro há oito anos e ele convive bem com isso. Até porque, ele também é ciumento e nós acreditamos que ter ciúme é normal. Este sentimento só se torna um proble ma se a outra pessoa der motivos. A intensida de tem a ver com o comportamento do outro. Se não fizer nada de errado, não tem por qu e ter ciúme”. Renata Branco da Silva, 28 anos, solteira, vendedora

Especial Mulher | março de 2008

19


Amor e sexo

E

le a espia dançando durante a festa. Ela é sexy. Ele avança e ela o recompensa com um belo sorriso sensual. Depois de algumas horas de conversa, eles acabam fazendo sexo com ardente paixão. Na manhã seguinte, cada um segue sua própria vida, feliz e satisfeito. Essa cena está cada vez mais comum e são as mulheres que estão no comando, convivendo muito bem com essa escolha. Se no passado a solidão do dia seguinte era um drama para a maioria, hoje elas curtem esta nova fase, tendo a certeza que uma boa noite em claro não é exatamente um programa para se jogar fora. A idéia de encontrar um príncipe encantando com qualidades que nos farão felizes para o resto da vida ainda vale para muitas mulheres, porém, enquanto eles não aparecem, elas se divertem. De acordo com a psicóloga Lesley

Xavier, a mulher contemporânea busca uma atitude mais ativa, prática e determinada na sua forma de atuar no mundo e isso também se reflete nas relações afetivas. “Mesmo que ainda tenhamos sonhos de constituir uma família, de ter filhos, encontrar o grande amor, é possível com todas as mudanças culturais e sociais admitir, sem nenhum tabu, ter relações puramente sexuais”. No entanto, a profissional alerta que a diferença deles para elas é que, mesmo que elas consigam ter essa postura mais prática, ainda assim muitas criam certa expectativa de que possa dar certo, de que o cara vai ligar no dia seguinte. A nova revolução, então, não é tanto sobre quantos ‘sins’ as mulheres dizem, mas, principalmente, sobre poder também dizer um ‘não’. Consciente disso e sem abrir mão da camisinha, é só aproveitar.

Sem São muitas as mulheres, hoje em dia, que aceitam fazer sexo apenas por prazer

As diferenças existem Além das diferenças físicas, existem também diferenças cerebrais entre os sexos. Segundo a clínica geral Carolina Castro, a maior diferença pode ser o tamanho do ‘corpus callosum’, que é um feixe de nervos que permite que os sinais cerebrais sejam transferidos do lado esquerdo do cérebro (área responsável pela linguagem e pela lógica) para o direito (que lida com as

emoções e os pensamentos). “Alguns pesquisadores acreditam que o tal ‘corpus callosum’ masculino é menor do que o feminino. Então, enquanto os sentimentos da mulher cruzam de um hemisfério para o outro a cerca de cem quilômetros por hora, os deles podem estar apenas ‘esquentando os motores’”, afirma a médica. Além disso, eles são mais hábeis do que nós em separar informa-

ções, estímulos e emoções. Por isso, na cabeça deles, flertar com aquela ‘gostosona’ durante uma festa ou na academia não tem nada a ver com o que ele, necessariamente, sente de verdade por você. “Os homens são levados a fazer sexo com muitas mulheres por uma necessidade ancestral de perpetuar a espécie”, afirma a psicóloga Lesley Xavier. Eles também têm me-

nos dificuldade para se desligar das parceiras depois do sexo. “Quando uma mulher chega ao orgasmo, por exemplo, os níveis de ocitocina – um agente químico que aumenta a sensação de intimidade – continuam altos por vários dias, dando a ilusão, muitas vezes, de que ela está apaixonada. Já nos homens, isso não acontece, é bem diferente”, admite Carolina.


compromisso Vale a pena? Será que tudo bem fazer sexo com um simples ‘ficante’ ou um desconhecido? Pode ser que sim, pode ser que não. Veja as dicas:

sem ‘grilos’, ou seja, com uma pessoa que respeite os nossos limites e que esteja antenada no sexo seguro.

Sexo, muitas vezes, tem a ver com intimidade. E isso pode ser que não seja para qualquer um, não é mesmo?! As mulheres tendem a escolher bem a pessoa com quem pode ser bacana viver um momento tão íntimo e dividir coisas tão próximas, como beijos, amassos, carícias, emoções envolvidas naquele momento. Sexo também tem a ver com saúde e responsabilidade. Não podemos esquecer disso. E aqui entra encontrar alguém com quem a gente possa usar a camisinha

Sexo tem a ver com sentir-se bem. Aqui entra a questão de ter ao seu lado, mesmo que seja por uma única noite, um cara baca-

na. Enfim, para que seja possível ‘saborear’ a relação, mesmo que ela dure apenas poucas horas. Sentir prazer, experimentar o que der vontade sem ‘neuras’, chegar ao orgasmo. E, por fim, sexo tem a ver com assumir um compromisso consigo mesma, ou seja, em se comprometer a só fazer aquilo que realmente estiver a fim, com segurança, maturidade e responsabilidade. E, ao se comprometer com isso, aí sim, a pessoa se torna mais livre para se perguntar: ‘sexo para mim, sem compromisso, vale mesmo a pena?’ E também acrescentar algumas outras perguntas, como: ‘sexo para mim, com quem vale a pena?’


Entrevista

Por Katia Guimarães

O segredo da juventude Mesmo tendo uma vida atribulada, a atriz Claudia Alencar aprendeu a equilibrar o corpo e a mente

A

os 57 anos de idade, sendo mais de 30 dedicados à carreira artística e 20 ao seu bem-estar físico e mental, a atriz, bacharel e licenciada em Teatro pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a artista plástica e escritora Claudia Alencar fala sobre os seus sonhos profissionais e as mudanças necessárias para ganhar mais qualidade de vida e revela os seus segredos de beleza, além de adiantar como será a palestra que dará em Mogi das Cruzes ainda neste semestre. Com um corpo invejado por muitas garotas de 20 anos e um bom humor admirável, Claudia diz que aprendeu muito com a vida, mas que luta diariamente para “burlar” o metabolismo, o estresse e os contratempos pelos quais todas as pessoas passam. Assume que fez cirurgias plásticas e diz por que decidiu ser adepta do chamado “higienismo”, um tipo de alimentação que não mistura carboidrato e proteína na mesma refeição. Mulher de Expressão: É notável a sua beleza e juventude aos 57 anos. Você atribui isso ao seu estilo de vida? 22

Claudia Alencar: Atribuo à mi- dável, mais flexível, mais forte, nha perseverança em manter- mais resistente e mais alegre me saudável, afinal, ninguém do que quando tinha 38 anos. pode caminhar por mim, ao Ganhei juventude. fato de ter tido filhos mais ma- ME: O fato de a sua mãe ser dura (tive Crystal com 41 anos), nutricionista ajudou para que à minha genética e à minha você entendesse a importânmente: lembro-me de ter pen- cia de se alimentar bem? sado quando pequenina: “por Claudia: Mamãe cozinhava que os adultos, quando enve- maravilhosamente. Era filha lhecem, ficam gordos, deixam de baiano e cozinhava feito de brincar e são poucos são Dona Flor, mas também nos felizes?”. Fiz uma promessa in- dava soja, que tinha aquele consciente neste momento: eu gosto horrível (hoje não tem não iria ser como eles. mais), leite em todas as refeiME: Você segue o “higienismo” ções, comida feita sem gordesde 1989, mas, antes disso, você dura, vegetais e frutas. E pajá tinha um controle alimentar? pai era quem dava os limites: Claudia: Não. Tinha um só “Gostou da comida?”. Eu resobjetivo: minha arte. Minha pondia: “Não”. E ele dizia: “Envida ficava em segundo pla- tão come mais para aprender no, como se a gente pudesse a gostar”. dividir a vida em planos. Por ME: Você sempre fez exercícausa do teatro e do cinema, cios físicos? tive, por mais de dez anos, uma Claudia: Agora, que estou de vida noturna intensa, o que me férias, faço musculação, yoga deixava resfriada, com dores e bicicleta, alternando em cinde garganta, sem vitalidade e co dias. Quando estou na tevê melancólica. Até que encontrei ou no teatro não tenho muiuma médica macrobiótica, co- to tempo, então faço só a saumecei a ler sobre a Cabala, em dação ao sol e pedalo um ou 1989, depois sobre os filósofos dois dias para manter. gregos e, em 1996, comecei a ME: É adepta aos tratamenyoga, a ler e praticar a filoso- tos estéticos e aos cremes difia hinduísta e parei de fumar. ários? Desde então, fiquei mais dis- Claudia: Faço laser fraxel. Não ciplinada e, hoje, sou mais sau- gosto de nada invasivo. Fiz boEspecial Mulher | março de 2008

tox duas vezes e o resultado foi muito artificial, gosto das minhas “ruguinhas” pelos cantos, afinal, não sou nenhum robô. Uso filtro solar e creme para os olhos sempre, mas a alimentação é o melhor creme que já inventaram. ME: Você já fez alguma cirurgia plástica? Claudia: Aos 38 anos, fiz uma intervenção nos olhos e, aos 42, uma lipoaspiração, depois dos dois filhos. Adorei. E se achar que estou “so so” e que posso ficar “very good” farei outra. ME: Com mais de 30 anos de sucesso na televisão e no cinema, hoje, qual é o seu sonho profissional? Claudia: Não realizei ainda o meu sonho: quero escrever uma peça, colocar no palco minha cantora, minha dançarina, minha pensadora do mundo. ME: Como é essa série de palestras que você realiza? Claudia: Minhas palestras têm como objetivo dar ferramentas para que o “caminhante” alcance uma melhor qualidade pela vida, com saúde, beleza e harmonia interior. Eu mudei muito. Por que outras mulheres não podem mudar para melhor também?



Estilo de vida

Segredos para o sucesso Planejamento é a chave para transformar sonhos, mesmo que distantes, em realidade

Q

uem lê entrevistas com pessoas bem-sucedidas (como as Mulheres de Expressão, que virão nas próximas páginas) costuma sentir uma pontinha de inveja da excelente colocação, dinheiro e prestígio que alcançaram, além da vida pessoal e profissional em equilíbrio. Daí, surge a pergunta que não quer calar: o que elas fizeram para chegar lá? As palavras que regem a vida dessas profissionais são planejamento e trabalho. PRIMEIRO PASSO: De nada adianta ter disposição e energia para o trabalho se a pessoa não fizer um planejamento. É necessário fazer dos sonhos uma meta e planejar todos os passos para chegar lá. Não importa se o objetivo parece distante ou, então, demorado. Segundo Francisca Higa, consultora empresarial, o primeiro passo a ser dado é definir muito bem aonde se quer chegar. Isto quer dizer que você deve idealizar, por exemplo, em que

situação deseja estar daqui a dez anos. Não se esqueça que fazer um planejamento de vida significa pensar não só na carreira, mas também nas áreas pessoal e afetiva.

QUARTO PASSO: É o mais delicado, requer disciplina. Francisca afirma que a pessoa deve sempre pensar no resultado final como um agente motivador. Assim, o seu foco não será desviado.

SEGUNDO PASSO: Depois de imaginar a situação, é neQUINTO PASSO: Tenha muicessário analisar sua realida- ta coerência nas suas ações, de. “Você tem de fazer uma este é o quinto e último passo: auto-avaliação muito sincera “Sempre somos seduzidos por para saber de onde começar. algum motivo, mas se quesSignifica que você deve in- tione se aquilo que você está vestir nos seus pontos fortes fazendo (ou quer fazer) vai te e conseguir ferramentas para levar a algum lugar”. melhorar os fracos”, ensina a consultora. Antes que você pense que a vida dessa forma será chata, TERCEIRO PASSO: Segun- extremamente metódica e caldo Francisca, é o projeto em si. Se você definiu o objetivo e o prazo em que quer realizar o seu sonho, faça o caminho inverso e estipule pequenas metas neste intervalo de tempo. Desta forma, no decorrer do percurso, você conseguirá avaliar se o seu projeto está caminhando conforme o planejado.

culada, Francisca alerta: “Existem dois perfis profissionais o seguidor e o vencedor. Qual estilo que você quer adotar?”. Ela informa que não há nada de errado em escolher o perfil de seguidor. De acordo com a profissional de consultoria empresarial, para atingir um patamar de conforto, é necessário fazer um sacrifício por um período. Muitas vezes, esta nova maneira de encarar a vida tornase um hábito. Sempre é válido reavaliar os sonhos (de tempos em tempos) e celebrar todas as pequenas conquistas que a levarão até o objetivo final.


Por Katia Guimarães

A busca pelas grandes

vencedoras E

scolher 37 mulheres da região do Alto Tietê, que representassem o sucesso da mulher brasileira era a meta do Grupo Mogi News para esta terceira edição do prêmio Mulher de Expressão. Para isso, era necessário um processo de seleção justo e rigoroso. Uma comissão formada por jornalistas, publicitários e representantes de entidades de classe de toda a região foi convocada para indicar estas pessoas. Foram apontadas 607 mulheres. Destas, restaram 95 finalistas, criteriosamente escolhidas pela comissão por meio de seus currículos. No período de 20 de janeiro a 3 de fevereiro, as escolhidas tiveram seus perfis, com foto e histórico, divulgados no site do jornal (www. moginews.com.br/mulherdeexpressao), onde os internautas puderam votar em suas candidatas preferidas. A votação, que teve alto rigor de segurança, resultou em 37 nomes, cada um à frente de uma ca-

tegoria. A iniciativa inédita, de voto popular por meio da Internet, foi um sucesso. Mais de 3 mil e-mails foram cadastrados no site. Cada pessoa registrada votou, em média, em 32 categorias. As 95 concorrentes receberam a notícia sobre o resultado no dia 12 de fevereiro, num emocionante café da manhã no Sesi, com direito a gritos de alegria, palmas calorosas e muitos abraços. Entre todas, escolhidas ou não pela população, o clima era de vitória. O público, porém, só conheceu as ganhadoras ontem, em cerimônia realizada no Clube de Campo de Mogi das Cruzes. Após receberem o troféu, as premiadas se divertiram num animado jantar dançante. Além das vencedoras, foi homenageada também a empresária e educadora Sylvânia Grinberg, a “Mulher do Ano 2007”. As histórias de sucesso destas vencedoras podem ser conferidas nas páginas a seguir.


prefeitura


prefeitura


Milene Teixeira Cruz Academia de Ginástica Filha de um médico e de uma dona de casa, Milene Teixeira Cruz sempre teve uma relação muito estreita com a saúde. Com uma inclinação natural para o marketing e a venda, começou a trabalhar por conta própria aos 13 anos, vendendo roupas de porta em porta. No ano seguinte, uma fatalidade mudou a sua vida e de sua família: seu pai faleceu. Sem uma pessoa que pudesse dar continuidade ao trabalho que o pai realizava no hospital da família, a empresa foi fechada e eles começaram a pensar em outras possibilidades. O espírito empreendedor de Milene logo se revelou. Com apenas 18 anos, ela resolveu, com os três irmãos, Riley, Simone e Tiago, reabrir um antigo clube de médicos, do qual seu pai era sócio, em Suzano, onde nasceram. A idéia não veio por acaso. Milene se lembrou do sonho de seu pai, que era proporcionar benefícios ligados à saúde para pessoas carentes. Começava ali um trabalho para a concretização deste sonho. No início, o local era apenas um centro de realização de eventos esportivos. Sem recursos financeiros, os irmãos fizeram empréstimos para reconstruir o clube, que estava abandonado. Começaram com a infra-estrutura, depois as piscinas, as quadras, o salão e o playground. Depois de

Acessórios A criatividade de Mônica Maria Bonanno de Almeida Cazarine sempre chamou a atenção de parentes e amigos. Na infância, ela já fazia bolsas e jogos americanos. Curiosa, com dez anos já mexia na máquina de costura da mãe, que a incentivava a aprender o ofício. E não demorou muito para despertar o interesse pelo que transformaria a sua vida profissional: a bijuteria. Mas, no início, era apenas um hobby. Ela ainda não tinha se dado conta de que este produto era a sua especialidade. Então, formou-se em Magistério, cursou Vitrinismo na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e fez trabalhos nesta área para várias lojas de Mogi e de São Paulo. Depois, estudou Propaganda e Marketing, na UMC, fez especialização na ESPM e, quando estava no último ano da faculdade, foi convidada para dar aulas no ensino fundamental do colégio São Marcos. Atuou por um ano nessa área, mas percebeu que a ocupação não a faria feliz, então tomou uma decisão: trabalhar na produção de uma revista voltada para arquitetura e decoração. Com um portifólio cheio de trabalhos como vitrinista debaixo do braço, Mônica bateu na porta da editora Globo e já saiu de lá com o emprego garantido. Também fez alguns trabalhos para a editora Abril, na revista Casa Cláudia. Ficou na área por sete anos, sem abandonar o seu “hobby” de fazer bijuterias. Até que foi definitivamente se-

28

Especial Mulher | março de 2008

cerca de três anos de investimento no negócio, a família passou por um verdadeiro sufoco financeiro. Mas não desistiu. Milene e Simone continuaram no comando do clube e os irmãos foram fazer eventos fora, para levantar capital. Depois de muito esforço e com o apoio da mãe, se reergueram e conseguiram, finalmente, realizar o sonho do pai. De lá para cá, o empreendimento cresceu incrivelmente, estabilizou-se e, hoje, mais de dez anos depois, é um grande sucesso em toda a região do Alto Tietê. No ano passado, inauguraram uma completa academia, onde os alunos podem malhar enquanto apreciam a bela paisagem da área de lazer. Agora, Milene e sua irmã Simone estão à frente do Tênis Clube de Suzano. Milene, que é formada em Gestão Financeira e Administração, é diretora-administrativa e tem planos audaciosos para a empresa. Ela pretende implantar uma escola de ensino fundamental dentro do clube e não esconde o orgulho que tem do filho, Lucas, de dez anos, quando ele diz que quando crescer quer ser engenheiro para projetar um novo tipo de toboágua para o empreendimento. “O positivismo da minha mãe e os ensinamentos de meu pai me incentivaram a conquistar este sonho”.

Mônica Maria Bonanno de Almeida Cazarine duzida pelo setor de artesanato e criação de acessórios femininos. Passou a freqüentar feiras, se profissionalizou e passou a dedicar mais tempo à produção de bijuterias. Por um ano, ela expôs o seu trabalho numa feira montada no Mogi Shopping, que só foi criada por sua insistência. Era por meio destas exposições que conseguia vender suas peças, feitas num ateliê no fundo da casa da mãe, para lojistas. No ano seguinte, 1998, a publicitária abriu sua primeira loja no centro de compras, a Collezione, que significa coleção, em italiano. Foi um sucesso absoluto, que rendeu uma nova unidade: a Colezzione Regale (coleção de presentes), uma proposta diferenciada de presentes, mais direcionados à decoração da casa, fruto de sua experiência como vitrinista e produtora de fotografia de revistas do setor. Casada há 12 anos com Carlos Cazarine – que considera seu maior parceiro na vida e na profissão – e mãe de Rafaella, de 8 anos, e Lucca, de 4, a empresária planeja abrir mais uma unidade nos próximos anos. Hoje, Mônica conta com 14 funcionários e seu ateliê é comandado por sua irmã Roberta, mas todas as peças passam pela aprovação dela. “O apoio de meus pais, de meu marido e dos meus filhos foi fundamental para a realização dos meus sonhos”.


Ivone de Mello Almeida Agência de Empregos Se fosse possível resumir a personalidade de Ivone de Mello Almeida em uma palavra, seria perseverança. Nascida em Mogi das Cruzes, numa família humilde, Ivone e seus sete irmãos lutaram para mudar a realidade social dos pais. O pai, Geraldo Alves de Mello, era ferroviário, e a mãe, Sebastiana Vicentina de Camargo Mello, ajudante de produção, mas passou a se dedicar integralmente à família depois que se casou. Quando criança, não sabia que profissão queria seguir, mas se imaginava uma mulher bem-sucedida, bonita e independente. Bem-humorada, ela brinca que só não conseguiu alcançar um destes objetivos: ser bonita. Com 12 anos, Ivone começou a trabalhar nos negócios da família: um bar, uma quitanda e uma barraca de pastel na feira. Ficou nesta ocupação por mais de seis anos e, neste período, teve de abandonar os estudos. Apenas aos 19 anos voltou a estudar. Nessa época, deixou os negócios da família e foi trabalhar como ajudante de cozinha num restaurante da cidade. Pouco tempo depois, aos 22 anos, sua grande aspiração de cursar o ensino superior começava a se concretizar. Ela prestou vestibular para Direito, mas, como não passou, seguiu para a segunda opção: Psicologia. No se-

gundo ano da faculdade, decidiu que realmente queria trabalhar com Recursos Humanos, arriscou-se e pediu demissão de seu emprego na linha de produção de uma fábrica em César de Souza. A decisão lhe custou um ano de desemprego, que foi compensado pelos anos seguintes. Sua primeira oportunidade na área foi numa agência de empregos em Itaquaquecetuba, como estagiária. O salário não era bom, os benefícios tampouco, mas o prazer de fazer o que gostava fazia com que o trabalho valesse a pena. Um ano depois, conseguiu uma entrevista na NIC Empregos. O encontro com a proprietária da agência, Nadir Coelho de Freitas, durou duas horas. Como todas as pessoas, Ivone ficou nervosa, porque desejava muito a vaga e não poderia imaginar que, pouco tempo depois, seria a principal selecionadora da empresa. Cerca de 14 anos se passaram e, hoje, Ivone é o braço direito de Nadir. E, mesmo trabalhando 14 horas por dia, consegue ter tempo para se dedicar ao marido, o policial militar Salatiel Santos de Almeida, e aos filhos, Luiz Guilherme, de 7 anos, e Giovana, de um ano e meio. “Fui a única da família a cursar o ensino superior. Minha mãe conseguiu ver parte do meu crescimento profissional, mas meu pai se foi antes disso”.

Hilse Amorim Martinez Arquitetura Embora soubesse de sua vocação desde a adolescência, quando cursou Edificações, Hilse Amorim Martinez adiou por muito tempo o seu sonho de ter um escritório de arquitetura. Depois de se tornar arquiteta, pela Universidade Braz Cubas, em 1979, ela começou a fazer projetos para os amigos. No ano seguinte, a mogiana se casou e foi morar em Alta Floresta, no Mato Grosso, para acompanhar o marido, que havia sido transferido. Cinco anos depois, voltou para Mogi, onde ficou três anos, porque o marido foi enviado para São Bernardo do Campo. De personalidade companheira, não hesitou em acompanhá-lo mais uma vez e só voltou para a sua cidade natal em 1994, quando se separou. Depois de passar tantos anos sonhando com a consolidação de seu trabalho, Hilse expandiu sua cartela de clientes e se uniu ao também arquiteto Wilson Godoy de Toledo. Eles criaram a WH Arquitetura de Interiores, uma união que conquistou a população de Mogi e região. O vigor masculino e a sensibilidade feminina geraram um trabalho com identidade forte, que ganhou, ainda, a preferência de moradores do litoral paulista. As viagens que Hilse fez com o ex-marido por vários países ampliaram seus conheci-

mentos arquitetônicos e enriqueceram a sua criatividade. Depois do investimento na área de construção civil, os sócios passaram a apostar nos projetos da área de interiores. O resultado pode ser visto em vários prédios da cidade, como o da CMI Informática, da Offer, do Café Vila Constance, da Clínica Musa e muitos outros, entre construções comerciais e residenciais de todos os tipos. O próximo objetivo profissional de Hilse é ter seu trabalho reconhecido. E o primeiro passo ela já deu: ser escolhida pela população da região como a representante da categoria Arquitetura no Mulher de Expressão. Depois de tantos anos de empenho e dificuldades para estabelecer seu nome no mercado, Hilse lembra de como começou a carreira e como o apoio de sua mãe foi importante na construção dela. Quando a arquiteta voltou para Mogi e recomeçou, sua filha, Carina – hoje com 26 anos, formada em Medicina e mãe de Nicole, de um ano e meio –, tinha apenas 9 anos e, enquanto ela se entregava de corpo e alma ao trabalho, era a sua mãe quem cuidava de Carina. “O apoio de meus pais e do Wilson Toledo, que acreditaram no meu trabalho, foi fundamental para as minhas conquistas profissionais”.

Especial Mulher | março de 2008

29


Lídia Costa Artes Natural de Mogi das Cruzes, onde passou quase toda a sua vida, Lídia Costa, como a maioria dos artistas, não se tornou artista, já nasceu com este dom. Quando criança desenhava muito bem e não demorou muito para que este talento se tornasse profissão. Sua preferência é pelas artes plásticas, mas Lídia também foi arrebatada pela dança. Sensível, uniu as duas modalidades para montar suas exposições, que têm como característica unir a beleza das telas à suavidade das performances. A primeira exposição veio em 1991. O início de sua profissionalização aconteceu quando começou a trabalhar no ateliê do artista plástico Victor Wuo e a estudar desenho. O ateliê de Daniel Melo também abrigou as inspirações de Lídia, que, há cerca de 16 anos, participa ativamente das atividades culturais de todo o Alto Tietê. Mas seu talento ultrapassou as fronteiras regionais e suas obras foram expostas até no exterior. Lídia também migrou para o setor educacional, sorte dos alunos da Unai, da UBC, e dos projetos culturais da cidade, que puderam usufruir a experiência desta artista nata, que também fez teatro e se formou em Comunicação Social, o que, segundo ela, a ajudou na inserção de seus trabalhos no mercado.

A artista chegou a trabalhar um período na área de Marketing, mas não conseguiu deter a sua vocação. Hoje, se dedica exclusivamente à arte, uma área que ela classifica como “inconstante”, mas que a faz muito feliz. Seus trabalhos têm uma linguagem contemporânea. A mistura de telas com performance virou uma peculiaridade de sua arte, que pôde ser vista na comentada exposição “Papirus”, feita no ano passado no Vão Livre do Masp, em São Paulo. Em 2005, Lídia realizou outra mostra que revelou uma nova faceta de seu trabalho. Quem estava acostumado a ver um show de cores se surpreendeu ao conhecer Fragmentos, uma exposição toda em preto e branco. Cerca de 80% de sua produção é com a temática da mulher, o que ela garante não ter nada a ver com o feminismo. A razão da escolha são as linhas e formas do corpo feminino, que podem ser mais exploradas. Ela trabalha com a figuração, sem realismo. São mulheres que passam sentimentos de solidão, alegria e sensualidade. A etnia, o circo e a música também são temas utilizados. O projeto de Lídia, agora, é vincular suas obras a uma galeria, onde elas possam ser consumidas. Modesta, ela acredita ainda estar engatinhando na profissão. “A yoga e os meus amigos, que acreditam no meu trabalho, são meu apoio”.

Lina Hillman Comércio de Construção Civil Lina Hillman, formou-se em Engenharia Elétrica, em 1984. E não podia ser diferente, pois desde pequena já demonstrava interesse pela área, tanto que já tinha o curso de técnica eletricista. Começou a fazer projetos elétricos residenciais, prediais e industriais, e com a experiência foi convidada para ser instrutora no curso Circuitos Elétricos do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e professora de Circuito Elétrico do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Braz Cubas (UBC). Estagiou também em importantes empresas do setor, como a Furnas Centrais Elétricas e a Central de Telecomunicações, onde aprimorou ainda mais os seus conhecimentos no setor. Seus trabalhos com projetos elétricos fizeram tanto sucesso, que começaram também os pedidos dos clientes para instalações elétricas nos estabelecimentos projetados, aí teve início a sua empresa de instalação elétrica. Empreendedora e com visão de mercado, a engenheira percebeu a

30

Especial Mulher | março de 2008

deficiência no setor de materiais elétricos na região e foi assim que surgiu a Lina Comércio de Materiais Elétricos, em 1991. Até 1996, ela conciliou a loja com seus projetos elétricos, ano em que optou por um de seus negócios para que a sua dedicação pudesse ser integral e o bom atendimento não sofresse alterações. A loja cresceu rapidamente, fruto da responsabilidade nos trabalhos e o total respeito pelos clientes, bem como o seu perfeccionismo em cada projeto. Por isso, tornou-se referência para os profissionais da área, como engenheiros, projetistas, instaladores, técnicos em elétrica e eletricistas. Com o crescimento do mercado da construção civil e da indústria no Alto Tietê, a loja também está em franca expansão. E para atender a este bom momento da economia, a empresária acaba de adquirir um terreno de dez mil metros quadrados, onde construirá uma loja de 4,5 mil metros quadrados. “Quero dividir este momento importante da minha carreira com os meus clientes, funcionários e fornecedores”.


Priscila Samezima Comércio do Setor Calçadista Campineira, Priscila Samezima escolheu Mogi das Cruzes para dar uma guinada na sua vida profissional. De família simples, a empresária sempre foi precoce. Aos 12 anos já dava aulas particulares de matemática, com 15, casou-se com Weres Cley Marcelino de Moura e passou a trabalhar numa empresa de pavimentação asfáltica, em Sorocaba, com o marido, ela na área administrativa e ele na comercial. O sonho do casal era construir uma família e ter um negócio próprio, mas eles ainda não tinham recursos para realizá-lo. O primeiro sonho foi realizado há sete anos, com o nascimento da filha Sofia. Dois anos depois, nasceu Gustavo. Antes de definir o negócio que construiria, Priscila também vendeu jóias, salgados e teve outras atividades, mas sem descuidar da família. Uma conversa com um amigo que trabalhava no ramo de fabricação de sapatos foi definitiva para Priscila e o marido. Eles se interessaram pelo setor e resolveram que seria por meio dele que abririam o seu comércio. Weres começou a fazer uma detalhada pesquisa de mercado e descobriu que Mogi era um bom lugar para se morar e montar um negócio. Em menos de um mês, tudo já estava acertado e a família veio para a cidade já com a primeira loja pronta.

Comércio do Setor Ótico Conceição Aparecida Moreira Leite sempre gostou de biologia e nunca imaginou que poderia ser uma empresária do setor ótico. Filha de um engenheiro civil e de uma professora, aos 18 anos, decidiu que queria fazer biologia, mas foi convencida pelo pai a mudar para Engenharia Civil. Chegou a trabalhar por três anos na área, na antiga Codemo (Companhia de Desenvolvimento de Mogi das Cruzes), mas o trabalho não a realizava. Resolveu, então, fazer pós-graduação em Análise de Sistemas e atuou nesta área por seis anos, mas ainda buscava algo mais. Conceição pensou em abrir um negócio próprio, mas não sabia em que ramo. Para se preparar, pesquisou, freqüentou feiras e fez cursos de gestão de negócios no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Por uma questão de mercado, escolheu o setor ótico. Opção reforçada pelas decepções que sentia quando saía das lojas sem encontrar um óculos de sol que combinasse com o seu rosto. Abriu sua primeira loja, a Empório do Óculos, há nove anos, em Mogi e, um ano depois – já como designer de óculos –, produzia suas coleções próprias, além de trabalhar com vários fornecedores. Implantou em seu negócio um grande diferencial: colaboradores treina-

A Sofia Calçados foi inaugurada há três anos e conquistou rapidamente a preferência dos mogianos. Com uma marca exclusiva e uma proposta inovadora, com calçados de todos os tipos separados por numeração em espaçosas salas, a loja cresceu e, hoje, tem em seu cadastro mais de 18 mil clientes, além de uma segunda unidade, inaugurada em Suzano, a pedido dos clientes da região, há dois anos. Hoje, Weres cuida da parte financeira da empresa e Priscila, da de vendas. Não poderia ser diferente já que, depois que abriu a loja, a empresária descobriu um grande talento para lidar com o público. Aos 27 anos, ela é referência no meio empresarial da cidade e se lembra das dificuldades do início, quando, sem conhecer ninguém daqui, nem a realidade do município, investiu tudo em Mogi. Religiosa, Priscila credita todo o seu sucesso a Deus. E diz que quem fez a loja crescer foram seus clientes e sua equipe de colaboradores. Para o futuro, o projeto do jovem casal empreendedor é abrir mais unidades no Alto Tietê e no Vale do Paraíba. Priscila, que estudou até o ensino médio, tem uma queda por arquitetura e não descarta a idéia de ingressar no curso, mas nem pensa em deixar o comércio, que se tornou uma de suas paixões.

Conceição Aparecida Moreira Leite dos, com capacidade para dizer ao cliente, com sinceridade, o modelo que mais combina com ele. Na loja, há um sistema que fotografa a pessoa no momento em que ela experimenta os óculos, para que possa tomar uma decisão com segurança. O setor fascinou Conceição, mas, no início, ela ainda não tinha certeza se tinha feito a escolha certa. Até que um dia, um garoto de cinco anos, deficiente auditivo, mudo e com problemas de visão, mudou a sua vida profissional. O menino não se conteve de alegria quando colocou os óculos, feitos por ela. Sem conseguir falar o que estava sentindo, o pequeno a abraçava e a beijava como forma de agradecimento. Aquilo tocou profundamente Conceição, que percebeu o quanto o seu trabalho era importante e gratificante. Hoje, a engenheira é completamente realizada. Não se imagina fazendo outra coisa e fica orgulhosa cada vez que um cliente sai satisfeito. Seu outro orgulho é Davi, seu filho de 11 anos, que já desperta interesse pela área. Tem uma verdadeira coleção de óculos escuros e adora conhecer as novidades. “Eu me encontrei profissionalmente. Nunca imaginei que uma profissão pudesse me fazer tão feliz. É muito bom ver a alegria das pessoas quando recebem seus óculos”.

Especial Mulher | março de 2008

31


Célia Piovan Comunicação Jornalista por formação e vocação, Célia Piovan nasceu em Palmital, uma pequena cidade do interior de São Paulo. Perdeu os pais ainda criança e, desde então, batalha para superar os obstáculos. A inclinação para o jornalismo começou cedo. Com sete anos, já escrevia redações que impressionavam os professores na escola. Com a perda irreparável de seus pais, Célia mudou-se para São Paulo para morar com um de seus quatro irmãos, quando tinha 11 anos. No ano seguinte, por vontade própria, começou a trabalhar. Curiosamente, seu primeiro emprego foi num jornal, o Voz de Portugal, em que anotava recados dados pelo telefone. Depois disso, a jornalista trabalhou em várias lojas de roupas, sempre conciliando com os estudos. Para conseguir ter um vestido de formatura para a oitava série, trabalhou por um ano numa loja especializada sem receber salário e ainda dava aulas de português para o filho da dona da loja. No ensino médio, fez Magistério e, antes mesmo de se formar, já dava aulas para crianças em escolas particulares. Com 18 anos, deixou de dar aulas porque o salário não pagaria a mensalidade da faculdade de Jornalismo, que sempre desejou cursar. Mudou-se para Mogi, onde uma irmã morava, e conseguiu um empre-

go no antigo banco BCN. Do ordenado, não lhe sobrava nada, mas ela conseguiu concluir o curso na Universidade Braz Cubas. Para ter o prazer de trabalhar na área que escolheu mesmo estudando, antes de ir para o banco, estagiava na rádio Metropolitana AM. Sem uma oportunidade na área, Célia trabalhou em muitas outras funções, incluindo a de Mamãe Noel do Mogi Shopping e a de vendedora de consórcio, e foi tentando vender um consórcio numa agência de propaganda e marketing que foi contratada. Ficou na agência por cinco anos, depois também fez trabalhos pontuais para outras empresas do ramo. Também trabalhou para o Colégio Joana D’Arc, Clube de Campo de Mogi das Cruzes, Wizard Idiomas, Ampla Assistência Médica e Residencial Aruã e, por cerca de dois anos e meio, no Grupo Padrão. Hoje, produz o jornal institucional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas Regional Mogi das Cruzes, faz consultoria para a Offer e tem uma parceria com a Rocket Propaganda. Também faz, voluntariamente, o jornal do Instituto Maria Mãe do Divino Amor e está iniciando a sua pós-graduação em Gestão Estratégica de Marketing e Comunicação. “Muitas coisas que aconteceram na minha vida poderiam ter-me feito desistir, mas persisti e venci os obstáculos”.

Daniela Cruz Cunha Cosmética Ela sempre gostou da área de construção e design. O pai, Wilson Cruz, um grande empresário da construção civil de Mogi das Cruzes, acabou incentivando-a a seguir carreira nesta área, bem como os irmãos, Melissa e Wilson Júnior. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e atuou, por nove anos, no desenvolvimento de projetos para as construtoras da família - Mogi Imóveis e Damebe -, além de trabalhos para terceiros. O setor de cosméticos passou a ser uma possibilidade durante uma conversa em família, quando discutiam sobre a necessidade de diversificar os negócios. Fizeram uma pesquisa e descobriram que este segmento era promissor. Em 2003, Daniela e os três irmãos, além do sócio Murilo Reggiani, que já era do ramo, desenvolveram e construíram a Vult Comércio de Cosméticos, assim como a marca Vult Cosmética. Com o crescimento da empresa, houve a necessidade de um dos sócios se dedicar em tempo integral aos trabalhos. Daniela, então, assumiu a administração da empresa, tarefa que executa ao lado de Reggiani. A arquiteta adorou este meio mais dinâmico que a empresa lhe pro-

32

Especial Mulher | março de 2008

porcionou e ela nem precisou se desligar completamente da área de design, pois nas embalagens ela também pode aplicar este tipo de trabalho. O que também contribui para que Daniela se mantenha próxima da arquitetura é o fato de o marido dela, Rafael Colin Cunha, ser o arquiteto da empresa. Quem vê o sucesso que a Vult faz em todo o Brasil não imagina como o começo foi difícil. Com agressiva concorrência, de produtos nacionais e importados, a empresa teve de inovar na qualidade da fabricação, no design e no preço. Um forte trabalho de marketing fez com que a marca deslanchasse. Começou com sete itens e, hoje, tem mais de 30, sem contar a linha Duda Molinos Make Up Studio, uma marca criada para atingir outro segmento. Agora, a arquiteta, mãe de Nadine, de 6 anos, e Yasmin, de 9 anos, tem como planos expandir a produção de itens e aperfeiçoar a distribuição. “Meu pai sempre foi uma referência, um exemplo de trabalho e honestidade, e a minha mãe me ajudou muito a conquistar meus objetivos. Meu marido e minhas filhas são a motivação para ter prazer em tudo o que faço”.


Clarice Jorge Cultura A paixão pelo teatro foi despertada em Clarice Jorge ainda na infância. Mogiana, começou a atuar aos 17 anos em peças da escola estadual Dr. Washington Luís, onde cursava o ensino médio, na época integrado ao curso de Magistério. A atriz escolheu o curso porque, naquele tempo, não havia muitas opções de profissão para a mulher. Desde que se formou professora, passou a conciliar as duas coisas: a educação e a arte. Sempre deu aulas para crianças e adolescentes, mas nunca deixou de lado o prazer de atuar nos palcos. Todos os atores de seu grupo de teatro tinham outras atividades profissionais durante a semana e, aos sábados e domingos, se reuniam para fazer o que mais gostavam: interpretar. As peças de seu grupo eram apresentadas onde, hoje, é a Escola Técnica Getúlio Vargas e os ensaios eram feitos na garagem da casa dos integrantes. A idéia de atuar era bastante avançada, numa época em que quem fazia teatro não era visto com muito bons olhos. Para dar continuidade à carreira de educadora, Clarice se formou em Pedagogia, pela Universidade de Mogi das Cruzes, e em Estudos Sociais, pela

Universidade Braz Cubas. Foi professora das escolas estaduais Dr. Washington Luís, Aprígio de Oliveira e Coronel Almeida, onde se aposentou. Como atriz, ela não chegou a se profissionalizar e, apesar da experiência de uma vida inteira e muito estudo informal, ainda se considera amadora. Amante das peças de Luigi Pirandelo, Martins Pena e Brest, a atriz nunca pensou em fazer televisão. O que a encantava era o contato com as pessoas, as reações e as emoções imediatas do público de teatro. Hoje, aos 71 anos, Clarice dirige o Grupo de Teatro do Centro Espírita Cáritas, onde também é voluntária há mais de 32 anos. Quando começou seus trabalhos no Cáritas, ainda não direcionava as atividades para a dramaturgia, mas, há 11 anos, ela resolveu criar seu próprio grupo de teatro. O conjunto é composto por atores com idade mínima de 12 anos e Clarice aposta no talento dos jovens. Dinâmica, a atriz agora se aventura nas artes plásticas. É o seu próximo sonho. Já comprou telas e tintas e não vê a hora de começar a expressar sua arte também em formas e em cores. “Ainda tenho muitos sonhos. Viver é sonhar. Quem não sonha não está vivo”.

Márcia Belarmino Dança A habilidade para a dança já podia ser vista em Márcia Berlarmino aos 4 anos de idade, quando ela começou a fazer balé na escola Regina Ballet, em Mogi das Cruzes. Em 1981, quando Márcia tinha 11 anos de idade, foi criada a Escola Municipal de Ballet de Suzano, onde ingressou para dar continuidade à arte que ela já desejava que fosse a sua profissão. No período em que estudou no local, houve um concurso para selecionar quatro alunos para ingressar no antigo Colégio Cruzeiro do Sul, hoje, Universidade Cruzeiro do Sul, gratuitamente. Márcia foi uma das escolhidas. Lá, se formou antes do restante do grupo. Com uma impressionante destreza, a bailarina se destacou e acabou pulando algumas fases do curso. Em 1986, foi convidada para compor a companhia de dança Ballet Nacional do Brasil. Neste grupo, ela ficou até 1990 e, com ele, viajou por todo o Estado de São Paulo. Seu empenho lhe rendeu a representação do Brasil, em 1988, no Festival Internacional de Dança do Rio de Janeiro, na categoria Júnior. Com 17 anos, por causa dos baixos cachês, Márcia teve de complemen-

tar a renda dando aulas de dança. A dedicação ao ensino chamou a atenção da Prefeitura de Suzano, que a contratou para dar aulas no Ballet Municipal, no qual ficou até 2005. Mas o seu objetivo de montar uma escola se concretizou antes, em 1993, quando inaugurou o Studio Márcia Belarmino-Dança & Cultura de Suzano, que já recebeu o prêmio Qualidade Brasil. Dois anos depois, foi convidada para conhecer a metodologia do Bolshoi, na Rússia e, de lá para cá, não parou mais. Fez várias especializações, dentro e fora do Brasil. Antes, se graduou bailarina pelo Centro Internacional de Estudos Coreográficos e Arte da Unicsul, com especialização em Metodologia da Dança no Centro Pró-Danza, de Havana. Muitos alunos de Márcia ganharam medalhas de ouro, prata e bronze em grandes festivais e estão, hoje, na Europa ou em importantes companhias no Brasil, como a Cisne Negro e a Companhia de Dança de Diadema. “Meu sonho é transformar a minha escola num centro bolsista, para dar oportunidades a todos. Eu fui bolsista e talvez sem este auxílio eu não tivesse conseguido”.

Especial Mulher | março de 2008

33


Moda

Sylvânia Maria Pires Grinberg

Mulher do Ano

Sylvânia Maria Pires Grinberg consegue unir delicadeza e pulso firme, combinação que faz com que o seu trabalho, à frente do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Universidade Braz Cubas e do Conselho Empresarial Feminino (Consef) da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, seja bem-sucedido. Ela diz que a principal herança que recebeu de seus pais, Sylvio e Neiva Pires, foi a união. A adoração por crianças fez com que ela cursasse Magistério e, com apenas 18 anos, já começasse a dar aulas no Instituto Dona Placidina, onde também estudou. No curso superior, optou por Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Mas o espírito educador de Sylvânia não estava adormecido. Assim que terminou a faculdade, iniciou o segundo curso: Pedagogia. Nas duas vezes, a instituição escolhida foi a Universidade Braz

Jeruza Lisboa Pacheco Reis

Direito Com 14 anos de idade, a paulistana começou a trabalhar no Cartório de Registro de Imóveis de Poá. Alguns anos depois, Jeruza Lisboa Pacheco Reis, cursou Magistério e chegou a dar aulas por alguns meses, mas desistiu quando se deparou com uma injustiça: a violência contra a criança. Sem poder fazer nada, abandonou o setor educacional e decidiu entrar para uma área na qual pudesse ajudar a vencer estas injustiças. Formou-se em Direito, pela Universidade de Mogi das Cruzes, fez pósgraduação em Direito Empresarial e Imobiliário e em Gestão Ambiental e, atualmente, cursa Teologia e Mestrado em Filosofia do Direito, no Ibetel e na PUC, respectivamente. Atua na área desde 1989 e, hoje, ocupa o cargo de secretária de Assuntos Jurídicos de Poá, além de presidir três entidades da cidade: a Comissão de Direitos da Criança e Adolescente da 77ª Subsecção da

34

Cubas, na época, Faculdade Braz Cubas. O que ela não imaginava é que um dia se casaria com Saul Grinberg, atual pró-reitor administrativo da UBC. O casamento aconteceu em 1979, dois anos e meio depois que eles se conheceram. Naquele ano, Sylvânia deixou o trabalho como professora para acompanhar o marido em suas viagens de negócios. Nos anos 80, passou a assessorá-lo e, um tempo depois, resolveu arriscar no mercado comercial. Abriu uma loja e uma agência de viagens, mas o seu destino já estava traçado. Em 1987 retornou à UBC, onde está até hoje. Nestas duas décadas, a educadora passou por vários setores da universidade. Na vida pessoal, Sylvânia é tão realizada quanto na profissional: é mãe da fisioterapeuta Stella Pires Grinberg Fonseca, 24 anos, e de Saul Grinberg Filho, de 20, e avó de Stephanie, de 4, filha de sua primogênita.

OAB, a Comissão do Direito das Crianças do município (CMDCA) e a Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil (Cometi). Com disposição para trabalhos sociais, Jeruza – que é casada com Eduardo Batista Reis, o Edu do Posto, atual vice-prefeito poaense, e tem três filhos, João Eduardo, Eloísa e Henrique – ainda encontra tempo para prestar orientação jurídica voluntária aos pacientes do Cecan (Centro de Convivência e Apoio ao Paciente com Câncer). Não foi à toa que a filha primogênita de Jorge Monteiro Pacheco e Benedicta Lisboa Pacheco foi eleita pela segunda vez uma “Mulher de Expressão”. Seus trabalhos na região sempre foram de grande relevância. Já atuou em pastorais no município, foi orientadora do Projeto Capacitação Solidária e responsável por vários projetos sociais da cidade. “Sou grata por esta premiação. Espero um dia merecer tal honraria”.

Especial Mulher | março de 2008


Moda

Ana Maria Cazarine de Oliveira Nascida na capital, Ana Maria Cazarine de Oliveira veio para Mogi ainda recém-nascida. Desde criança, já demonstrava aptidão para ensinar. Aos 15 anos, começou a trabalhar, com o objetivo de guardar dinheiro para cursar a faculdade de Pedagogia. Seu primeiro emprego foi numa área completamente diferente da que sonhava seguir: contabilidade. Mas, naquela época, ela já cursava Magistério na escola estadual Dr. Washington Luís. Quando se formou, seu sonho foi realizado. Começou a trabalhar como estagiária na escola estadual Professora Célia Pinheiro Franco e, de lá para cá, passou a se dedicar quase que integralmente à educação. Aplicada, logo no início da carreira conquistou uma das disputadas vagas dos concursos públicos. Passou a dar aulas efetivas no Estado. Formou-se em Educação Artística e em Pedagogia, com habilitação em Administração Escolar e Supervisão, pela UMC, foi

Educação Particular professora do ensino fundamental e de educação artística, vice-diretora em escolas públicas e supervisora de Ensino da Diretoria Regional de Ensino de Mogi. Sua dedicação lhe rendeu muitos convites profissionais. Em um deles, Ana foi trabalhar como diretora da escola Benedito de Souza Lima, onde aconteceu um episódio que mudou o rumo de sua vida profissional e pessoal. Foi lá que ela conheceu o também educador Paulo Carlos de Oliveira, proprietário do Colégio Guarani, e, um ano depois, estavam casados. Hoje, com 52 anos, Ana é aposentada pelo Estado, mas nem pensa em parar de trabalhar. É o braço direito de Oliveira no colégio, onde exerce a função de diretora-pedagógica. Seus projetos são investir cada vez mais na qualidade de ensino do Guarani e passar mais tempo com os três filhos: Thaís, Paula e Marcelo. “Sou muito feliz e realizada, porque faço o meu trabalho com verdadeira paixão”.

Karina Watanabe Esporte O interesse pelo esporte apareceu quando Karina Watanabe ainda tinha 9 anos. As imagens da competição de judô nas Olimpíadas de Atlanta na tevê seduziram a menina, que, imediatamente, pediu aos pais para fazer as aulas. Os irmãos também resolveram estudar a arte marcial, mas acabaram deixando de lado depois de um tempo. Com ela, foi diferente. A judoca se destacou, passou a ganhar títulos e, com 17 anos, decidiu que era isso que queria para a sua vida. Mogiana, teve de se mudar para São Paulo para aperfeiçoar seu treinamento no Projeto Futuro, no Ibirapuera, um programa que abriga vários atletas. Karina aceitou o desafio e abriu mão de ver sua família e amigos todos os dias, visitando-os apenas nos finais de semana durante dois anos e meio. Um sacrifício em nome de sua carreira que Karina não se arrepende de ter feito, pois lhe trouxe muitos frutos.

Entre medalhas de ouro, prata e bronze, a atleta acumula 77 vitórias desde 1997, em competições nacionais e internacionais. Além disso, a judoca participou várias vezes das seletivas para os Jogos Panamericanos, que reúne os melhores atletas do País. O evento de 2005 foi o que mais marcou Karina, por causa de sua realização profissional. Cursando o terceiro ano de Administração, Karina está com 20 anos, dá aulas particulares de judô para crianças e adolescentes de Mogi e aulas gratuitas no projeto social da Universidade de Mogi das Cruzes. No ano passado, recebeu indicação da Comissão Técnica da Confederação Brasileira de Judô para participar da seletiva do Projeto Beijin 2008. “O esporte individual no Brasil sofre com a falta de patrocínio, mas eu tive a sorte de contar com o apoio de alguns parceiros”.

Especial Mulher | março de 2008

35


Katya Jordão Garcia Estética Com a influência dos pais, que sempre foram ligados à área da saúde, Katya Jordão Garcia se interessou pela área biológica desde muito jovem. Fez curso de Patologia Clínica, na adolescência e, no último ano do ensino médio, foi conhecer o curso de Fisioterapia, na PUC, em Campinas, e se encantou. Naquela época, em 1982, o curso era pouco conhecido e, partidária dos desafios, decidiu explorá-lo. Quando estava no segundo ano da faculdade, se interessou pelos cursos de especialização de estética. O pai, médico, e a mãe, acupunturista, a incentivaram a fazer também o curso de Acupuntura e Terapia Ortomolecular na Associação Brasileira de Acupuntura (ABA) e a pósgraduação em Medicina Chinesa, na Universidade de Mogi das Cruzes. Há quase 20 anos, a fisioterapeuta abriu a Clínica Mulher – Espaço Estético, um lugar completo para a realização de tratamentos estéticos. Ela classifica o seu trabalho como “harmonia entre a estética e a saúde”, frase que se tornou seu slogan. Há dez anos, o crescimento de sua empresa ficou mais evidente, com a inauguração da unidade na praça Norival Tavares, em Mogi. Depois de dividir o prédio com o pai por quase uma década, Katya

conquistou sua total independência. A coroação de seu sucesso, segundo ela, é o reconhecimento, principalmente quando percebe que tem clientes fiéis, que fazem questão de serem atendidas por ela. Por isso, a competência da fisioterapeuta ultrapassou as barreiras regionais. Pessoas de todo o País vêm até a sua clínica para se cuidar. Ela é convidada a dar palestras nos mais importantes eventos do setor. No próximo mês, por exemplo, vai fazer uma apresentação no Hair Brasil, um renomado congresso internacional. Além da clínica, Katya também presta serviço em cursos de atualização para profissionais da área, há dez anos. Os negócios são administrados pela fisioterapeuta e pelo marido, Márcio Garcia, com quem tem dois filhos: Julia, de 14 anos, e Gabriel, de 10. Sempre antenada com as novidades, a empresária está cursando pósgraduação em Engenharia Cosmética, uma especialização de bastante prestígio no setor. Seu objetivo é trazer, constantemente, novidades para as suas empresas, mantendo o cuidado que sempre teve no atendimento a seus clientes. “As necessidades dos meus clientes são a minha prioridade, e o meu investimento em melhorias é ininterrupto”.


Margarete Moreno Farmácia Vaidosa, Margarete Moreno sempre gostou de cosméticos. Quando criança, ainda não sabia que profissão seguiria ao se tornar adulta, mas sabia que seria ligada ao ramo farmacêutico. O hábito de ler as embalagens dos produtos que usava para conhecer a composição revelou sua vocação. Mesmo sabendo que faria o curso de Farmácia na faculdade, Margarete trabalhou na Organização Moreno, o escritório de contabilidade de seu pai, para ajudar a família, quando tinha 15 anos. Ficou lá por dois anos, até entrar para a Universidade de Mogi das Cruzes, onde se formou no curso que sempre desejou. Já na área que se identificava, ela estagiou num laboratório de análises clínicas e, na universidade, no setor de manipulação. Foi quando definiu o segmento que queria seguir em sua profissão. Para se especializar na sua preferência – os cosméticos –, Margarete fez pós-graduação em Cosmetologia, na Universidade Oswaldo Cruz. Em 2003, a farmacêutica revelou mais uma faceta profissional: a de empresária. Fundou a Light Pharma Farmácia de Manipulação, que conta com uma gama de sais do mais alto nível tecnológico. Seus funcionários rece-

bem treinamento constante, para que a produção acompanhe as tendências e evoluções do mercado. Sua empresa, instalada em Suzano, se tornou referência em manipulação na região. A notoriedade fez com que sua clientela aumentasse significativamente e Margarete inaugurou, no ano passado, uma nova unidade, desta vez, em Arujá, cidade com a qual tem grande identificação, já que seus irmãos, Mônica e Júnior Moreno, moram lá. Com 27 anos, a empresária já tem uma carreira estável e planos de incluir em sua farmácia o tratamento homeopático e criar seus próprios produtos, além de fundar uma empresa de fabricação específica de cosméticos. Seu primeiro produto está com a fabricação em andamento e já tem nome definido: Camilla Szyflinger, uma homenagem à filha de três anos. Será o primeiro de muitos perfumes contratipos. A jovem empresária superou os desafios e comanda com competência as duas unidades e os 22 colaboradores. “A minha missão é buscar a satisfação dos meus clientes e transmitir segurança quanto aos serviços que eles estão adquirindo”.


Clarice Terumi Emi Floricultura Suzanense, Clarice Terumi Emi mora em Mogi das Cruzes há 30 anos, onde seus pais, Takashi e Yuriko, iniciaram um sólido negócio no ramo de flores, que ela deu continuidade. Quando era criança, seus pais vendiam flores na porta dos cemitérios e faziam entrega nas casas. Ela sempre acompanhou o rumo dos negócios, mas ainda não imaginava que comandar a futura loja da família – Emy –, inaugurada há 38 anos, seria o seu destino. Seu primeiro emprego, aos 15 anos, foi de atendente numa drogaria, em Suzano. Algum tempo depois, mudou-se para Mogi para estudar Administração de Empresas na Universidade Braz Cubas. Neste período, trabalhou como executiva de contas no Mogi News e, ao mesmo tempo, ajudava os pais na floricultura. Depois de concluir o curso de Administração, Emi, como é conhecida na cidade, resolveu estudar também Arquitetura, o que, mais tarde, a ajudou na composição de seus trabalhos como empresária do ramo de flores. Casou-se com Jorge Pereira do Nascimento, que ela faz questão de citar como seu grande parceiro, desde o início de sua carreira.

Há 16 anos, uma enfermidade afastou o pai de Emi dos negócios. Foi aí que o seu grande desafio começou. A arquiteta não titubeou e assumiu o comando da loja. Com muito esforço, determinação e fé, conseguiu vencer as barreiras e, com a ajuda dos pais, do marido e dos filhos, que na época eram pequenos, fez a empresa crescer. Hoje, ela faz a decoração de todos os tipos de eventos, como casamentos, aniversários, formaturas, convenções e de residências. É uma verdadeira máquina de realizar sonhos, que, segundo ela, traz conseqüências muito gratificantes, pois ver o rosto das pessoas felizes com o resultado de seu trabalho é o seu maior pagamento. Agora, os três filhos de Emi, Fernanda, de 25 anos, Roberto, de 23, e Takashi, de 18, também ajudam na floricultura, o que dá muito orgulho à empresária. Ela também dedica parte de seu tempo à religião. Evangélica, tem o objetivo de levar os ensinamentos bíblicos às pessoas que precisam de aconselhamento espiritual. “Tudo que tenho devo a Deus, meus pais, meu marido e meus filhos. Ver meus clientes realizando seus sonhos me traz muita felicidade”.

Ana Lucia de Almeida Franquias Com um talento nato para o comércio, Ana Lucia de Almeida começou vendendo bijuterias informalmente, mas parou porque não conseguiu conciliar as vendas com o trabalho na área jurídica, que realizava desde os 18 anos, quando passou num concurso público estadual. O primeiro emprego a motivou a cursar Direito na Universidade Braz Cubas, mas seu talento para o empreendedorismo não ficou escondido por muito tempo. A falta da chamada “realização profissional” fez a advogada se dar conta de que estava no ramo errado. Por meio de seu namorado, Paulo, proprietário de uma franquia da Kopenhagen, em São Paulo, conheceu o trabalho da fabricante de chocolates e se encantou, mas ainda não imaginava que seria por meio desta grife que ela se realizaria. Em janeiro do ano passado, depois de uma visita a Mogi das Cruzes, sua cidade natal, que havia deixado há 15 anos para viver em São Paulo, percebeu o quanto a cidade tinha crescido e se deparou com o Mogi Shopping em franca expansão. Visionária, viu naquele grande canteiro de obras a oportunidade de implantar seu primeiro negócio. Voltou para São Paulo com a loja pronta na cabeça. Podia imaginar cada detalhe de sua franquia da Kopenhagen. Ligou

38

Especial Mulher | março de 2008

para o namorado e pediu para que ele verificasse o interesse da marca em vir para Mogi. No minuto seguinte, já ligou para a administração do centro de compras para agendar uma reunião com o superintendente. Inicialmente, a intenção da empresária era montar um quiosque. A idéia foi o primeiro obstáculo, já que a direção do shopping não queria este tipo de instalação. Mas, como toda filha única, Ana é persistente e não sossega enquanto não tem seu objetivo alcançado. Depois de muita insistência, conseguiu convencer o superintendente e, em dois meses, já estava com seu quiosque montado. O negócio superou as melhores das expectativas. Deu tão certo que, sete meses depois, Ana abriu uma filial, também no shopping, mas, desta vez, uma loja, com ainda mais opções de produtos e uma área de convivência, com mesas e cadeiras. E ela e seu namorado, que também é seu sócio, têm mais projetos na área, mas, agora, querem fazer tudo com planejamento. Ana admite que foi impulsiva ao montar o quiosque, mas garante que valeu e pena. Conquistou a admiração e a fidelidade dos mogianos. “A persistência nos leva a ter sucesso. Existem pessoas que têm boas idéias, mas, no primeiro obstáculo, desistem. O mais importante é insistir e não perder o foco”.



Moda

Maria Cristina Pereira de Souza

Gastronomia

A gastronomia sempre esteve presente na vida desta mogiana. Neta de portugueses proprietários de uma padaria e filha de uma ótima cozinheira, Maria Cristina Pereira de Souza cresceu com o sonho de ter seu próprio bufê. Na adolescência, cursou Edificações com o objetivo de fazer, em seguida, Arquitetura e projetar seu próprio espaço. Por conta de um casamento precoce, Maria Cristina acabou interrompendo os estudos, mas o sonho não saiu de sua cabeça. Quando voltou a estudar, chegou a fazer Magistério, mas o seu dom para a culinária se sobressaiu. Começou a trabalhar com salgados e bolos por encomendas, em casa, já que estava recém-separada e com uma filha pequena. A família sempre a incentivava. Com o apoio dos pais e de um tio, a empresária realizou seu primeiro trabalho de bufê, há cerca de 20 anos. Começou fazendo uma festa por mês, depois duas

Débora Andrade Lapique

Indústria Mineira, de Paraisópolis, Débora Andrade Lapique veio para Mogi com a mãe e sete irmãos depois que seu pai faleceu, em 1968. A determinação de Débora começou ainda criança e foi herdada da mãe, que era analfabeta, mas conseguiu estudar e se tornar enfermeira-padrão. Seu intuito era ser professora e cursou Magistério, mas, antes disso, aos 14 anos, começou a trabalhar numa lanchonete. Com 16 anos, foi contratada como secretária pela extinta Livroeton. Com a experiência, conquistou uma vaga no Semae (Serviço Municipal de Águas e Esgotos) e, passados dois anos, atuou no departamento de Recursos Humanos da Hoechst do Brasil. Pouco tempo depois, conheceu o engenheiro Carlos Lapique, com quem se casou. Ele estava montando a sua primeira empresa, a Petite Marie, uma importadora de matérias-primas, que Débora ajudou a construir. A empresa cresceu e o empreendedorismo do casal fez com que o negócio se consolidasse.

40

e, assim, com seu esforço, foi conquistando cada vez mais clientes. Seus cursos de especialização, feitos no Brasil e no exterior, também impulsionaram sua carreira. Manter a qualidade em todos estes anos não foi tarefa fácil, mas Maria Cristina conseguiu. Sua empresa, La Lunelli, recebe, diariamente, 13 horas de sua dedicação. Se precisar, fica sem dormir, mas não permite que suas festas não saiam perfeitas. São cerca de 12 eventos mensais, todos supervisionados pessoalmente pela empresária, que se especializou em todos os tipos de festa. Com tanto tempo dedicado ao trabalho, Maria Cristina só poderia ter uma família companheira, que ela define como “compreensiva e atuante”. Ela não esconde o orgulho que sente dos netos Valentina, de 11 meses, e João Marcello, de 8 anos. O menino já demonstra que seguirá os passos da avó. Diz que será chefe de cozinha. “Sou completamente realizada na minha vida pessoal e na profissional”.

Como importava matéria-prima para fragrâncias e aromas, resolveram montar uma segunda companhia, de fabricação de cosméticos, perfumaria e produtos de limpeza, que foi batizada de L’essence, em 1992. Em 2000, o sucesso de Débora como empresária do setor industrial foi coroado com a fundação da Lapiendrius, que começou como loja de cosméticos e, com o tempo, passou a ser revendedora de aromas. As três empresas do grupo estão instaladas em Itaquaquecetuba e empregam mais de cem pessoas. Entre a construção de uma empresa e outra, Débora se formou em Direito, na Universidade Braz Cubas e, hoje, cuida da área administrativa do grupo, enquanto seu marido é responsável pela logística. O casal teve dois filhos: Jéssica, de 18 anos, e Carlos, de 15. Muitos não sabem, mas ela ajuda várias instituições e projetos sociais na região. “Meus projetos incluem a criação de uma instituição que cuide de crianças carentes”.

Especial Mulher | março de 2008


Moda

Tiyomi Kimura Ikegaya Tiyomi Kimura Ikegaya veio para Mogi das Cruzes em 1957, com a família. Filha de japoneses, nasceu em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo, mas a sua vida foi construída em solo mogiano. Começou a trabalhar com 12 anos de idade, na loja do pai, a Kimura Calçados, e, até os 23 anos, Tiyomi esteve fortemente envolvida com o comércio da cidade, por meio da loja da família e do irmão mais velho, Kazuo, que foi presidente da Associação Comercial de Mogi das Cruzes por duas vezes. Ela só se afastou do setor quando se casou. E, apenas depois de separada, ingressou na faculdade, quando descobriu sua vocação para a área biológica. Graduou-se em biologia na Universidade de Mogi das Cruzes, com especialização em Patologia Clínica e, desde então, tem sido uma profissional de referência no setor.

Laboratório de Análises Clínicas Ela se casou novamente e, em 1980, inaugurou seu primeiro laboratório de análises clínicas, o Sancet, associada ao médico José de Moura Campos Neto. A bióloga abriu mais três unidades. Uma em Mogi, especializada no atendimento infantil, e duas em Suzano. Os laboratórios realizam mais de 30 mil exames por mês e atendem mais de cem convênios. Tiyomi também foi pioneira quando conquistou selos de qualidade inéditos no setor para sua empresa. Em congressos, os trabalhos feitos nos laboratórios receberam vários prêmios. Hoje, Tiyomi se orgulha em ter o filho do primeiro casamento, Roberto Joji, 36 anos, como seu braço direito no laboratório. Ela teve mais dois filhos, do segundo casamento: Renato, de 26, e Érica, de 22. “Quero deixar de herança para os meus filhos credibilidade e dedicação profissional”.

Inês Paz Legislativo O envolvimento de Inês Paz com a política começou cedo. Nascida em Mogi das Cruzes, a vereadora, já com 12 anos, quando estudava na escola estadual Dr. Washington Luís, já lutava por suas idealizações no grêmio estudantil. Nesta época, nos anos 60, quando a ditadura militar imperava no País e defender a democracia significava colocar a vida em risco, Inês já mostrava fibra para defender suas idéias. Na universidade, concluiu o curso de Ciências e Estudos Sociais, em 1974. Dois anos depois, em nome da política, foi morar em São José dos Campos e no ABC paulista, onde realizava movimentos para conscientizar socialmente os operários das fábricas. Nos anos 80, participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT (Partido dos Trabalhadores). De volta a Mogi, também se tornou

coordenadora da subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), quando já era professora efetiva do Estado. Foi dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, e, em 1992, foi pela primeira vez candidata a vereadora, pelo PT, e não foi eleita, mas, em 2000, conquistou uma vaga na Câmara de Mogi. Em 2004, foi reeleita e se mantém como parlamentar de esquerda, mas em outro partido. Em 2005, por não concordar com os rumos do PT, ingressou no PSol (Partido Socialismo e Liberdade), do qual é presidente municipal. Aos 54 anos, Inês é mãe de um filho de 29 anos e seus atuais trabalhos focalizam os direitos do povo, em especial os relacionados à mulher e à regularização de terras. “Defendo a mudança para o socialismo e vou continuar na política para contribuir com a construção deste projeto”.

Especial Mulher | março de 2008

41


Tânia Cristina Tripode Medicina O desejo de ajudar e confortar as pessoas trouxe a medicina para perto de Tânia Cristina Trípode bem cedo. Desde criança já queria ser médica. A vontade foi evoluindo e se concretizou em 1992, quando se formou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde morou no período dos estudos. Fez residência médica no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, entre os anos de 1993 e 1994, e se especializou em Ginecologia e Obstetrícia, pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, e em Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal, pela Associação Médica Brasileira. Em 1996, retornou a Mogi das Cruzes, sua cidade natal, e iniciou sua carreira em hospitais particulares da cidade, além de montar um consultório próprio e, até hoje, concilia os dois empregos. Como médica, já vivenciou inúmeras histórias e todas, sem exceção, marcaram de alguma forma a vida de Tânia. Ouvir o choro do bebê na hora do nascimento é o seu momento preferido. Contribuir para que a vida daquela mãe se torne completa, com a chegada de seu filho, faz com que Tânia nem sequer pense em fazer outra coisa. É uma apaixonada convicta pela profissão, tanto que também se apaixonou por um médico, seu marido, Luciano

Augusto Jerônimo, com quem tem um filho de seis anos, o Guilherme. Mas a medicina não proporciona somente alegrias. Tânia já se deparou com casos críticos de mães com complicações na gestação e na hora do parto, que, nem sempre, são possíveis de solucionar. Perder o feto é a única parte ruim considerada pela médica. Sem ter idéia de quantos partos já realizou, ela não se deixa levar pela experiência. Busca, constantemente, as atualizações da área, porque faz questão de oferecer um atendimento seguro e com qualidade, talvez por isso seja tão querida por suas pacientes. Além da área de saúde, Tânia também tem talento para a comunicação. Um de seus trunfos é a excelente relação que tem com as pacientes. Com tanta informação disponível na Internet e outros veículos e cada vez mais questionamentos, a médica não se descuida das explicações. Ter um bom relacionamento com as mulheres que atende, para ela, é fundamental e prazeroso. Hoje, ela trabalha na Clínica Musa e atende em seu consultório particular. Também gasta parte de seu tempo se especializando. “A medicina é uma paixão sem remédio”.

Rosana Máximo Mercado Financeiro A mogiana Rosana Máximo sempre quis trabalhar em banco, mas, muito jovem, não poderia imaginar que se tornaria uma executiva de prestígio. A sua carreira foi sendo construída naturalmente, mas com 17 anos ela já começou a correr atrás do seu sonho profissional. Conseguiu um emprego de “Moça Bradesco”, na época, cargo bastante cobiçado pelas moças de sua idade. O trabalho foi na unidade de São José dos Campos do Bradesco, para não perder a vaga, não pensou duas vezes e se mudou para lá. Dois anos depois, foi transferida para Mogi das Cruzes, quando entrou para a universidade. Cursou Relações Públicas, na Universidade de Mogi das Cruzes, já com a intenção de pleitear uma promoção na agência bancária. Os anos foram se passando e ela foi promovida de escriturária para caixa. Com sua experiência, foi buscar novas oportunidades. Começou a trabalhar no Unibanco e, em menos de um ano, foi convidada para fazer um programa de trainee para gerente de contas. Foi neste momento que percebeu que era aquilo que queria fazer na vida profissional. Se saiu tão bem que, voltando do curso, já se tornou gerente de contas. Mais uma vez, Rosana surpreendeu. Seu trabalho foi reconheci-

42

Especial Mulher | março de 2008

do e ela recebeu um convite para trabalhar no extinto banco BCN, onde já começou como gerente de contas. Ficou lá por nove anos. Como o Bradesco comprou o BCN, ela acabou voltando para o grupo. Em 2005, mais uma vez, recebeu proposta para atuar no Unibanco. Favorável a novos desafios, aceitou. Seu cargo desta vez, era gerente uniclass. Antes de aceitar o convite, Rosana chegou a considerar ingressar em outra área, numa daquelas fases de dúvida profissional. E propostas para isso não faltaram, mas ela não conseguiu. Sua verdadeira vocação falou mais alto. Hoje, aos 37 anos, Rosana, que é casada com um comerciante, tem um enteado de 20 anos e uma filha de seis, almeja, profissionalmente, ser promovida a gerente-geral do banco. São mais de 20 anos de carreira e sua filha Luize é seu principal incentivo para continuar a crescer e obter cada vez mais conquistas. O desejo de mãe é dar para a filha um futuro melhor. E, para ela, o trabalho não é nenhum sacrifício. O amor pela profissão pode ser visto nos olhos dela. “A vida de bancária tem um pouco de tudo. Conhecemos pessoas com os mais diversos perfis e isso é válido até para a vida pessoal”.



Meire Sebata Moda Desde muito jovem, Meire Sebata já demonstrava o seu talento para os negócios. Herança de sua mãe, que, desde que costurava e vendia suas roupas em casa, já deixava aparente o seu empreendedorismo. Depois de um tempo vendendo roupas informalmente, a mãe de Meire abriu uma loja no bairro Socorro, onde morava, e ela, com 14 anos, passou a ajudá-la. A loja Lídia, inaugurada em 1984, foi um sucesso, e Meire encantou-se pelo comércio. Começou como vendedora, se tornou caixa e passou por muitos outros ofícios, o que a ajudou a se especializar no setor. Na Lídia, elas vendiam roupas femininas, masculinas e infantis. Avaliando o mercado, mãe e filha decidiram investir no ramo infantil. Abriram, em 1992, no então recém-inaugurado Mogi Shopping, a Lídia Kids, que cresceu e ganhou um público fiel. Elas estão entre as primeiras que apostaram no centro de compras. A nova loja contava com todos os tipos de produtos para crianças, desde o enxoval até o infanto-juvenil. Tanta diversidade e credibilidade transformaram a pequena loja em um grande espaço de artigos infantis, mas o desenvolvimento não aconteceu da noite para o dia. Meire e a mãe foram comprando os pontos vizinhos

até chegar ao tamanho e à variedade de itens que têm hoje. A coroação do sucesso viria com a franquia da Lilica & Tigor, marca que já comercializava na Lídia Kids. Durante uma viagem a passeio a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ela conheceu uma loja franqueada da Lilica & Tigor e se encantou com o estilo. Quando voltou para Mogi, fez uma pesquisa e constatou que não havia nenhuma franquia infantil na cidade. Imediatamente entrou em contato com a empresa para conseguir trazer a grife. Meire precisou de persistência. A direção da marca não tinha interesse na região, mas a empresária mogiana a convenceu. Passou por um rigoroso processo seletivo e, em 2003, finalmente, abriu sua franquia. Mais uma vez foi pioneira: foi a 32ª empresária a conquistar o direito de representar a marca. Hoje, em todo o Brasil, o número de franqueados da Lilica & Tigor é quase cinco vezes maior. A franquia também proporcionou um treinamento ainda mais especializado a Meire, que é formada em Administração de Empresas, e a sua equipe. “Não esperava que tudo isso fosse acontecer. Agradeço a minha mãe, que foi quem começou e que continua me apoiando. Ela é batalhadora e eu a admiro”.

Bianca Cirillo Música A cantora e instrumentista Bianca Cirillo iniciou a sua carreira com apenas quatro anos de idade e, aos 12, já fazia apresentações em escolas das redes pública e privada, além de shows beneficentes para crianças da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Suzano, cidade onde nasceu e sempre morou. Aos 13, quando integrava o Coral Municipal, ganhou seu primeiro prêmio como cantora: uma bicicleta, num concurso de karaokê. Neste período, Bianca estudou canto na escola Fama, onde também fazia aulas de teclado. No piano, ela tinha experiência, já que tocava desde os 4 anos. Mas um episódio trágico quase a impediu de dar continuidade às aulas. Sua professora, que a acompanhava desde o início, faleceu. Levou um tempo, mas a cantora se recuperou e seguiu em frente, em busca de seu sonho. Com 14 anos, já cantava na noite. Clientes de churrascarias e shoppings da região já podiam conferir o talento de Bianca, que, logo, levou suas apresentações para São Paulo. Sua popularidade gerou novos convites para os mais diversos eventos, e grandes hotéis entraram para o rol de locais onde se apresentava. A cantora também conseguiu se manter por três semanas seguidas no pro-

44

Especial Mulher | março de 2008

grama do renomado descobridor de talentos Raul Gil, quando tinha 17 anos. Hoje, aos 18 anos, Bianca dá aulas de canto para adultos, cursa o segundo ano de Canto Popular, na Universidade Livre de Música (ULM) “Tom Jobim”, e ensaia todos os dias. Para entrar para a instituição, teve de provar que sua veia artística é mesmo forte. E conseguiu. Entre 5 mil candidatos, para 45 vagas, ela entrou em sexto lugar. Se até então Bianca tinha dúvidas sobre a sua vocação, neste momento, elas desapareceram. Ali, ela teve certeza de que poderia ir muito longe. A primeira fase da seleção consistiu na gravação de um CD com duas músicas, estabelecidas pela universidade. Quando viu quais seriam as dela não se conteve se alegria. Dois de seus compositores preferidos: Noel Rosa e Ivan Lins. Na segunda fase, a instrumentista cantou para uma banca de especialistas. E, mais uma vez, foi classificada. Desde o início, sua família sempre esteve presente na profissão. Quem cuida de sua carreira é seu irmão. E o pai, ex-integrante da banda Os Lobos, a acompanha nas apresentações com o violão. “Meu sonho é gravar um CD com músicas inéditas”.


Mary Rose da Silva Miranda Zapata Mary Rose da Silva Miranda Zapata é nascida na capital, mas mudouse com a família para Poá ainda criança. Na adolescência, veio para Mogi, onde estudou para ser o que a vida inteira desejou: dentista. Ela ingressou na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), com 18 anos, onde se formou cirurgiã-dentista, sanitarista e ortodontista, com especialidade em Saúde Pública, Ortodontia e Ortopedia Facial dos Maxilares. As especializações foram feitas na Universidade de Ribeirão Preto e na Associação dos Cirurgiões-Dentistas de Santos e São Vicente. Mary também é mestra pela Universidade Metodista de São Paulo e trabalha desde 1988 em consultório próprio, mas, antes disso, precisou de uma dedicação integral para conquistar seu lugar ao sol. Seu primeiro emprego na área foi na Prefeitura de Poá, vaga que conseguiu depois de passar num concurso municipal. O serviço público, desde então, passou a fazer parte de sua vida, com muitas outras atividades, já que Mary tem como uma de suas principais características o dinamismo, o que, segundo ela, é herança da mãe. Mary abriu mão de muitas coisas para se dedicar à profissão, inclusive de momentos de lazer com a família. Mas seu

Polícia Civil Não é muito comum uma menina responder que quer ser policial, quando questionada sobre o que gostaria de ser quando crescer. Pois esta era a resposta de Marilene Rodrigues Morato. De uma família simples, Marilene via na polícia e na advocacia uma forma de corrigir as injustiças que presenciava. O caminho até a desejada profissão não foi fácil. Seu primeiro emprego foi como babá, na cidade onde nasceu e morou a vida toda, Mogi das Cruzes. Com 16 anos, Marilene se casou e, logo depois, teve um filho, o Milton, e, seis anos depois, teve uma filha, a Silvia. Neste período, ela se dedicou completamente à família. Somente quando Silvia completou seis anos de idade ela começou a construir a sua vida profissional. Estudou Magistério e, quando se formou, começou a dar aulas em escolas municipais infantis. Foi professora por doze anos e, nesta época, já desejava dar início à realização de seu sonho de infância: ser policial. Iniciou a faculdade de Direito, na Universidade Braz Cubas, em 1983, e a conciliava com o trabalho nas escolas. Antes de se formar advogada, prestou concurso para a Polícia Civil, passou e começou a trabalhar como escrivã.

Odontologia marido, Ricardo Fabian Miranda Zapata, e seus dois filhos, Rafael, de 21 anos, e Fabianne, de 19, são compreensivos. Até porque, os três também escolheram carreiras que exigem muita dedicação: Ricardo também é dentista com especialização em cirurgia buco-maxilo-facial e os filhos estudam medicina. Sua família, segundo a dentista, é parte responsável pelo seu sucesso e nunca se sentiu culpada por estar ausente em alguns momentos por conta do trabalho ou dos estudos, porque o marido e os filhos a admiram e dão total apoio. Com Ricardo, Mary divide, além da vida, o seu consultório particular. Ela também atua, hoje, como diretora-técnica da Secretaria de Saúde de Poá, acumulando o cargo de coordenadora do programa de saúde bucal da prefeitura, e é professora-assistente do curso de Ortodontia da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), em parceria com a UMC. Consciente de seu papel nos cargos que ocupa, Mary atribui seu sucesso ao compromisso e à responsabilidade que sempre manteve em todas as empresas pelas quais passou, além, claro, de suas especializações. “Sou muito privilegiada, porque tive a sorte de escolher a profissão que sempre quis ter e de poder desenvolve-la honestamente”.

Marilene Rodrigues Morato O espírito de defensorismo de Marilene a colocou no departamento de investigação da polícia, o que a motivou ainda mais a desvendar casos e corrigir injustiças. Agora, com 61 anos, a policial já poderia estar aposentada, mas a adoração pelo trabalho a impede de fazer isso. E não é só a sua vida profissional que lhe gerou frutos de orgulho. Para o seu deleite, seu filho Milton seguiu a sua profissão e atua como investigador na delegacia de entorpecentes. Além disso, ele estuda Odontologia, na Universidade de Mogi das Cruzes. Silvia também seguiu os passos da mãe, mas da primeira fase de sua vida profissional, é professora de ensino infantil. Marilene é viúva de Silvio Morato e se enche de empáfia ao ver o nome dele numa rua da Vila Rei, no bairro Mogi Moderno. E a carreira na polícia já caminha para a terceira geração. Sua neta Carina, de 18 anos, já comunicou à família que quer ser policial e pretende ir para a Academia Barro Branco, uma escola que forma aspirantes a tenente. Marilene tem ainda outros três netos: Fernando, de 14 anos, Nathália, de 10, e Gustavo, de 3. “Não pretendo parar de trabalhar, porque isso me dá prazer. No futuro, pretendo entrar para a política”.

Especial Mulher | março de 2008

45


Edvania Moraes Polícia Militar Edvania Moraes nasceu na pequena cidade de Auriflama, no interior de São Paulo, mas com oito anos de idade veio com a família para Mogi das Cruzes. Já nesta época, Edvania se imaginava policial na vida adulta. O que mais lhe atraía na profissão era poder ajudar, de alguma forma, a população. Antes de ingressar na Polícia Militar, trabalhou com outras atividades. Dos 16 aos 20 anos, foi vendedora em lojas mogianas. Depois, entrou para a Escola de Soldados, da PM, onde se especializou em Trânsito. O início de sua carreira foi no Pelotão de Trânsito de São Paulo, onde ficou por pouco tempo, porque foi transferida para Mogi. Na cidade, trabalhou na viatura, zelando pela segurança nas ruas e fazendo atendimento de ocorrências do dia-a-dia. Com os bons resultados conquistados com o seu trabalho, Edvania foi convidada para compor o Pelotão da Força Tática, em que permaneceu por cinco anos. Lá, a policial recebeu treinamento diferenciado e também foi preparada para atuar em distúrbios civis, situações de crise e ocorrências de Pelotão de Choque em geral.

Há três anos, voltou a atuar nas viaturas, compondo a primeira companhia do 17º Batalhão da Polícia Militar de Mogi das Cruzes. Agora, a policial pleiteia uma promoção para o cargo de cabo. Para isso, aguarda a abertura de vagas do concurso público. E ela não pretende parar por aí. Ambiciosa e batalhadora, quer se tornar oficial. Hoje, a policial mora em Mogi com as duas filhas, Thaís, de 15 anos, e Milena, de sete. O prêmio Mulher de Expressão não veio por acaso. Edvania é admirada pela família, por colegas de trabalho, vizinhos e amigos. Seu objetivo de ajudar pessoas, definido quando ainda era uma criança, foi atingido. Com 12 anos de trabalho, ela não sabe dizer quantas ocorrências já atendeu, nem quantos bandidos já colocou atrás das grades. Foram muitos flagrantes, com prisões e apreensões de drogas e de armas. Com modéstia, ela diz que tudo que já fez pelas pessoas, por meio da polícia, só foi possível graças ao trabalho de sua equipe. “Nós, mulheres policiais, chegamos às ocorrências com uma delicadeza, que o homem não tem. E pagamos um preço alto por isso: já vi colegas até apanharem, mas vencemos, porque também temos pulso firme”.

Luciana Garcia de Lima Psicologia O prazer em lidar com as pessoas está estampado no rosto de Luciana Garcia de Lima quando ela fala sobre o seu trabalho. Graduada em Psicologia, pela Universidade de Mogi das Cruzes, com especialização em Psicopedagogia, pela PUC-SP, e em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, pelo ITC, Luciana coleciona projetos, criados por ela, em prol do desenvolvimento da psicologia. Tratar do comportamento humano sempre foi seu objetivo profissional, mas, antes de se formar na faculdade, trabalhou como vendedora em uma loja do Mogi Shopping e, depois, no departamento de Recursos Humanos do Grupo Padrão. Saiu do emprego para se casar com o publicitário Duda Lima. Há cerca de dez anos, começou a trabalhar em seu consultório, que fica dentro da Clínica Multidisciplinar Dr. Henrique Naufel, onde é psicoterapeuta até hoje. Suas especializações e a paixão pelas crianças acabaram levando-a para outro segmento: a educação infantil. Mestra em Semiótica, Tecnologias da Informação e Educação pela UBC, se tornou psicóloga e psicopedagoga do Colégio Interativo, onde trabalhou quando ele tinha acabado de ser inaugurado e, agora, há um ano, retornou para o grupo de colaboradores. Uma das maiores dificuldades que Luciana enfrentou na carreira foi que-

46

Especial Mulher | março de 2008

brar um antigo e persistente tabu: de que psicólogo só atende pessoas com problemas psiquiátricos graves. Mas a psicóloga tem lutado para tirar esta imagem que algumas pessoas ainda têm sobre o assunto. Membro dos grupos de pesquisa da PUC e da UBC, ela acaba de concluir uma pesquisa sobre a influência da tevê na infância e está trabalhando no projeto de um livro. A obra deve ser lançada no próximo ano, com outros autores, que também fazem parte do grupo de pesquisa. No Interativo, Luciana implantou vários programas inéditos na cidade, como estimulação precoce, no berçário, aulas anti-estresse, na educação infantil e no ensino fundamental, além de sessões de relaxamento, massagem e outras medidas de psicologia preventiva. Sua pesquisa de mestrado, concluída em 2006, comprovou que muitas crianças levam uma vida de “adulto”, com excesso de atividades e compromissos, e são estimuladas a se comportar e se vestir como tal, o que pode torná-los adultos infantilizados e inseguros. Mesmo trabalhando 14 horas por dia, a psicóloga ainda encontra tempo para o marido e para os dois filhos, de dez e quatro anos. “Dar à criança a possibilidade de se expressar contribui muito para o seu desenvolvimento e aprendizado”.


Yolanda Kimura

Nair Kamiyama Salão de Beleza

Enquanto suas amigas brincavam de ser mães de suas bonecas, Yolanda Kimura brincava de ser cabeleireira delas. Ela já sabia: seria arquiteta ou estilista. Acabou não estudando nenhum dos dois cursos, mas depositou todo o seu talento para criação na profissão de cabeleireira. Filha de produtores rurais, Yolanda começou a trabalhar aos 15 anos, como auxiliar de cabeleireira, e estudava numa escola que oferecia um dos melhores cursos do setor. Naquela época, todos que estudavam na Akahoshi já saíam renomados, por conta do prestígio da instituição. O curso durou quatro anos. Era um ano de básico, seis meses de aperfeiçoamento e outros cursos complementares divididos no tempo restante. Durante todo o período, trabalhou no salão sem tirar férias. Depois de formada, aos 19 anos, voltou para Mogi para montar seu próprio salão. Começou o negócio no centro da cidade. O ambiente era bastante pequeno, tinha cerca de 3x5 metros quadrados. Yolanda trabalhava como cabeleireira e a irmã, Elisabete, como manicure. Ficou lá por dois anos. Como a demanda foi aumentando, ela precisou de mais espaço. Mudou-se de endereço por duas vezes. O aumento do número de clientes e de sua credibilidade veio na mesma proporção que o crescimento de seu local de trabalho. Há três anos, Yolanda deu um grande salto. O Yolanda K Hair & Beauty mudou de endereço mais uma vez e passou a ter 500 metros quadrados de área e a contar com todos os serviços de beleza. Hoje, a cabeleireira atende, em média, 900 pessoas por mês. Toda a sua experiência, adquirida com os 28 anos de carreira e com os cursos de especialização, que fez em Paris, Londres, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Portugal e Grécia, hoje, é repassada para seus funcionários, que vêem nela uma verdadeira mestra. Yolanda se casou e seus olhos brilham quando fala de Matheus, seu filho adotivo de um ano e dez meses. “Hoje me sinto realizada, mas tenho como um de meus sonhos fazer de minha empresa um exemplo de qualidade”.

Seguros O seu objetivo na adolescência era ser nutricionista. Para isso, fez o curso técnico de Nutrição na Etec Getúlio Vargas e depois o superior na Universidade de Mogi das Cruzes. Mas as conseqüências naturais da vida fizeram com que Nair Kamiyama descobrisse a sua aptidão para os negócios. Atendendo a um pedido do irmão, que era proprietário de uma franquia da Nipomed em Mogi das Cruzes, depois de trabalhar como nutricionista por 13 anos, ela foi administrar a regional da empresa. Foi cativada pelas possibilidades do setor e, com uma filha de 3 anos, um filho de 1 ano e meio e uma outra filha recém-nascida, ela decidiu recomeçar profissionalmente. Fez o curso da Funenseg, onde tirou a habilitação para abrir uma corretora de seguros, e muitos outros de especialização. E o setor, que, até então, nunca havia passado pela sua cabeça como opção para trabalhar, tornou-se sua motivação para crescer profissionalmente. Um ano depois, em 2000, abriu a Segawa Corretora de Seguros. Em 2003, pensando em unir forças e experiências com o primo Akira Eduardo Momoi, que já trabalhava na área, fundou a Shibata Corretora de Seguros. Dinâmica, Nair, desde que entrou para o ramo, não parou de buscar novidades e diferenciais para a sua empresa. Hoje, são três unidades, com mais de 2,5 mil clientes e serviço especializado em seguro fiança locatícia, com parcerias diretas com imobiliárias e proprietários de imóveis. A jornada da empresária só tem hora para começar. Mesmo com o intenso trabalho que realiza na corretora, ainda tem fôlego para cuidar do marido, Felício Kamiyama, e dos três filhos, Mariana, de 6 anos, Lucas, com 5, e Giuliana, com 3, além de fazer aulas de natação e hidroginástica de manhã e de pintura à noite. Sem contar a sua participação voluntária nas entidades Lions Clube e Tradef. “Ganhar o prêmio Mulher de Expressão no ano passado, me abriu muitas portas. E isso deve se repetir este ano”.


Moda

Maria Geny Borges Ávila Horle De personalidade forte, Maria Geny Borges Ávila Horle sempre quis ser professora. Antes mesmo de se formar, já dava aulas como professora substituta num grupo escolar em Santa Anastácia, sua cidade natal. Quando terminou o curso de Magistério foi para Bauru, onde cursou Pedagogia pela Universidade do Sagrado Coração de Jesus. Fez especialização em Avaliação Educacional pela Universidade de Brasília e mestrado em Filosofia da Educação e Educação Escolar Brasileira na PUC- SP. Veio para Mogi das Cruzes, em 1973, para trabalhar, depois que conquistou uma vaga num concurso público, quando tinha 26 anos. Atuou no antigo Ginásio Municipal de Jundiapeba, onde hoje é a escola estadual Professora Maria Isabel Santos Mello. Foi convidada para instalar uma escola na Vila da Prata e, em seguida, para ser supervisora de Ensino. Também ocupou o cargo de diretora da extinta Divisão Regional de Ensino 5 Leste, de Mogi. Em 1984,

voltou às salas de aula, mas, desta vez, na universidade, nos cursos de formação de professores da UBC. Sua habilidade para ensinar, aliada ao seu pulso firme para coordenar e tomar importantes decisões, lhe rendeu um convite para atuar como secretária municipal de Educação. Ela aceitou o desafio e, desde 2001, está ao lado do prefeito Junji Abe fazendo uma verdadeira revolução no ensino da cidade. As mudanças educacionais do município são evidentes. Não há quem não fique admirado com a evolução desde que Maria Geny assumiu o cargo. São 40 anos ininterruptos de trabalho. Uma vida inteira dedicada à educação, dividida com o também professor Rodolfo, seu marido. Casados há mais de 30 anos, partilham os mesmos ideais e batalham por um ensino de qualidade. “Meu marido é uma pessoa fundamental na minha vida. Somos cúmplices”.

Rachel Melges Cardinalli Breviglieri

Terceiro Setor Desde criança, Rachel Melges Cardinalli Breviglieri já desejava poder fazer algo para ajudar as pessoas. E ela não poderia ter encontrado maneira melhor. Médica e voluntária, suas ações sempre beneficiaram alguém. Sua história com Mogi das Cruzes começou em 1973. Campineira, veio para a cidade para estudar Medicina na Universidade de Mogi das Cruzes. Se especializou em Hematologia, na Escola Paulista de Medicina, e, por um período, trabalhou em São Paulo, mas voltou para Mogi para trabalhar na UMC, no hospital Santana, na Santa Casa, no centro de saúde e, depois, no hospital Luzia de Pinho Melo. Com dois sócios, Rachel fundou um laboratório e assumiu o banco de sangue da Santa Casa. Ao mesmo tempo, criou, implantou e dirigiu o Serviço de Referência de Coagulopatias Hereditárias de Mogi. Há 11 anos, criou o Instituto de Oncologia e, há

48

Setor Público Educação

cinco, uma casa que é referência em toda a região no auxílio a pessoas com câncer, o Cecan (Centro de Convivência e Apoio aos Pacientes com Câncer), do qual é presidente. A entidade começou pequena, mas ganhou força e, hoje, atende, gratuitamente, cerca de 200 famílias. Os pacientes recebem vale-transporte, assessoria jurídica, cesta básica e curso de idiomas e podem participar de atividades como fisioterapia, acupuntura, coral, alfabetização, massagem, bordado e culinária. Ao todo, são 38 oficinas terapêuticas e um trabalho que mudou a vida de muitas pessoas. Rachel conhece a história de cada paciente que passou pela instituição. Lidar com a realidade de uma pessoa com câncer não é fácil, mas a médica tem prazer em poder transformar isso num momento de esperança e superação. “Minha família é minha grande motivação para continuar este trabalho”.

Especial Mulher | março de 2008


Ana Maria Magni Coelho Treinamento empresarial Ana Maria Magni Coelho passa a impressão de que seria bem-sucedida em qualquer profissão que escolhesse. É uma daquelas pessoas que aceitam desafios e se entregam completamente ao trabalho. Prova disso é a sua história profissional. Ela poderia ter sido bailarina, jogadora de vôlei ou jornalista, mas o seu empenho num trabalho como digitadora mudou totalmente o seu destino. Paulistana, na infância e na adolescência estudou balé clássico e jogou vôlei. Batalhadora, teve de superar prematuramente duas dificuldades: perder a mãe e não ter contato algum com o pai. Aos 17 anos, conseguiu seu primeiro emprego como vendedora numa loja de shopping. Com o primeiro salário, ela realizou um desejo: fazer uma tatuagem. Com 18 anos escolheu o jornalismo para cursar na universidade. Nesta época, Ana se mantinha com o trabalho de monitora de acampamento. A sua dedicação aos estudos foi reconhecida e ela recebeu um convite para trabalhar na produção do SBT. Antes, também foi assistente de Recursos Humanos numa empresa. Em 2000, ela entrou para o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Turismo Carla Andréa de Souza Faria sempre teve tino para os negócios. A suzanense abriu sua primeira empresa quando tinha apenas 18 anos. Seu bom gosto e o talento comercial fizeram de sua boutique um sucesso na cidade. Seu talento é herança dos pais. A mãe tinha um escritório de contabilidade, no qual Carla trabalhou ainda na adolescência, e seu pai foi o fundador de uma das primeiras agências de turismo da região: a Utiyama Turismo. A experiência de sua família aprimorou suas aptidões naturais e a universidade as complementou. Formada em Contabilidade e em Administração de Empresas pela Universidade de Mogi das Cruzes, Carla conquistou, ainda muito jovem, uma sólida carreira comercial. No entanto, uma fatalidade mudou o rumo de sua vida. O pai faleceu e a direção da agência de turismo ficou a cargo dela. Por oito anos, a empresária conseguiu conciliar o comando da loja com o da agência, mas, em 2007, ela teve de optar. Escolheu manter a empresa criada pelo pai. Além da ligação que tinha com o negócio da família, Carla também considerou as possibilidades de mercado. Segundo ela, hoje, no Brasil, a melhor escolha é trabalhar com o segmento de prestação de serviços. E ela se especializou nisso.

Pequenas Empresas) de São Paulo, como digitadora. Tantas funções fizeram dela uma pessoa flexível e multifuncional. Característica facilmente identificada pela direção da entidade, que logo a convidou para atuar em outras funções, até chegar à gerência da unidade regional do Alto Tietê. Graduou-se em Pedagogia e se especializou em Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual e em Gestão de Projetos. Fazer parte da transformação da vida das pessoas motiva diariamente Ana, que, visivelmente, ama o que faz. Ela considera seu trabalho no Sebrae uma missão e, talvez por isso, obtenha resultados tão expressivos. A sua definição de sucesso é “a soma de competência e oportunidade”´, pois ela não deixa escapar nenhuma das oportunidades que a vida lhe proporciona. Apesar das incontáveis horas que passa no trabalho, Ana ainda encontra tempo para cuidar de sua família, seu marido, que ela define como “companheiro, cúmplice e fã”, e dois filhos, Marcello, de 11 anos, e Lucca, de 2, que ela cuida com inteira atenção. “Meu marido é meu anjo da guarda e meus filhos, meu grande orgulho. Sonho vê-los bem encaminhados e vivendo num mundo mais justo”.

Carla Andréa de Souza Faria Seu irmão Guini e sua prima Rita são seus sócios desde o início, e os três tiveram de estar sempre atentos às novidades do ramo para conquistar o prestígio que a agência tem hoje. O turismo deixou de ser só uma opção profissional para Carla. Hoje, é uma paixão, que ela não pretende abandonar. Seu gosto pela moda não acabou, mas, agora, ela desfruta apenas como consumidora. As grandes faces e oportunidades que o turismo proporciona maravilhou a empresária, que aprendeu com o irmão e com a prima a enxergar o setor com fascinação. Sem ter percebido antes, o turismo preencheu seus desejos profissionais. Carla adora estar em contato com o mundo, com as pessoas e com as novidades. O prêmio Mulher de Expressão é o remate de uma carreira que foi construída aos poucos e que resultou em grandes admiradores e clientes fiéis, além da realização pessoal e profissional. Mais de 20 anos se passaram e, hoje, aos 39 anos de idade, a administradora vê suas metas atingidas, mas quer crescer mais. “O meu trabalho é muito gratificante. Vou investir cada vez mais na empresa e, quem sabe, abrir novas unidades na região”.

Especial Mulher | março de 2008

49


Artigo

Por Marta Vicentin

Um mantra feminino De vez em quando, é preciso ter coragem e admitir: não somos a Mulher Maravilha, mas somos sim, mulheres maravilhosas

Q

uem é essa que paga todos os pre- lheres? Esta talvez seja a pergunta que mais ços pelas suas escolhas, tem a mente povoe o imaginário masculino atualmente. A inquieta, luta contra o medo do des- cada desencontro, a cada projeto interromconhecido e da solidão, defende suas crias pido, a cada escolha errada nos culpamos. como uma leoa, paga as contas, cuida dos Mas logo recomeçamos nossa busca pela pais doentes e até esquece de si mesma? liberdade, pelo nosso crescimento interior. De repente, quando o furacão passa, sente De vez em quando, é preciso ter coragem e uma calmaria e chora sozinha. “O que quer admitir: não somos a Mulher Maravilha, mas a mulher afinal?”, indagou Freud depois de somos sim, mulheres maravilhosas. estudar a alma feminina por mais de 50 anos. Apesar de tudo, é preciso ter mais disposiAcho que nem ele conseguiu nos decifrar, ção para brincar com os filhos, para enconnem mesmo nós nos entendemos. trar os amigos, ler o jornal para acompanhar Que sexo frágil que nada. Cada vez mais o que ocorre no mundo e amar o parceiro me convenço de que viemos para consertar com o mesmo fervor do início da relação. o mundo, afinal, nascemos com uma obriga- Proponho que, a partir de hoje, cada mução inexplicável de ser feliz a qualquer custo. lher se divida em três. Calma, não se trata É típico da mulher. E nos cobramos a todo o de incluir mais um papel nesta tumultuada momento para que tudo ao nosso redor fun- vida moderna que levamos, afinal, desejacione direito. Nossa educação machista nos mos tanto ser donas do nosso próprio naensinou que devemos manter a casa em or- riz, não é mesmo? dem, os móveis sem poeira, a louça brilhando. Então, vamos lá. Repita todos os dias, A mídia todos os dias nos despeja impo- como se fosse um mantra: a partir de hoje, sições: depois da gravidez, é preciso logo vou me dividir apenas em três mulheres, estar com o corpo em dia, como as estrelas cada uma a seu tempo: uma que se realida televisão. Ser magra e ter uma pele bo- za no trabalho, outra que cuida de sua fanita é regra, fazer plástica a cada nova ru- mília com muita alegria e a terceira, que vai guinha é primordial, além de nos empurrar reservar 30 minutos do seu dia para assisgoela abaixo fórmulas mágicas sobre como tir ao pôr-do-sol bem quietinha, sozinha, segurar seu homem pelo sexo. É de enlou- em total momento de contemplação. E, asquecer. Coisas que fogem do afeto, distan- sim, que todas nós – e também os homens te de qualquer felicidade. – entendamos, finalmente, que apesar de Poderosas empresárias, endeusadas mo- nossos esforços, somos vulneráveis e fortes, delos, saltitantes socialites, guerreiras donas incapazes e gloriosas, assustadas e audaciode casa. O se passa na cabeça dessas mu- sas, somos mulheres.

Marta Vicentin é jornalista e editora do caderno Mulher do Mogi News 50

Especial Mulher | março de 2008




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.