5 minute read

Capítulo I –Histórico Profissional

CAPÍTULO I

HISTÓRICOPROFISSIONAL

Advertisement

A rotina de trabalho, seja ele braçal ou intelectual, a gente vai adquirindo experiência e, portanto, avançando na nossa habilidade, sempre sesobrepondo àpráticas anteriormente adquiridas. N Desde pequeno, como toda criança faz, gostava de desenhar; no meu caso, rabiscando papel de embrulho no balcão da mercearia do meu pai, lá no bairro Capão Raso. Ao avançar da idade, algumas crianças mudam de interesse por desenho e assumem outras habilidades. Eu mantive o gosto por desenho, e já na adolescência, com15 anos de idade, consegui meu primeiro emprego com carteira assinada como “Aprendiz de Desenhista” na Impressora Paranaense, que ficava na Rua Comendador Araújo, onde hoje está o Shopping Cristal. Foi ali que adquiri experiência com desenho gráficoe, claro, gostava disso. Atualmente, quando passo por aquele local, volto mentalmente ao passado lembrando o primeiro dia em que entrei ali, nessa casa da foto, buscando emprego. Daquela Indústria, hoje só resta essa casa frontal preservada, onde era o escritório da Impressora Paranaense. Quem passar por ali vai observar o símbolo “IP” nas grades daquelas janelas, como testemunho de uma grande empresa paranaense. Fiquei quatorze meses empregado naquela empresa e, após, por circunstâncias que não vêm ao caso aqui descrever, fui com meus pais para o Interior do Estado, conseguindo emprego de desenhista, numa fábrica de celulose que estava sendo

construída. Permaneci lá por quase três anos, trabalhando e aprendendo muito, dessa vez com desenho mecânico (dos 16 aos 18 anos).

Nessa foto: Eu, com 17 anos e o Office boy José Elias, no meu empego antes da Refrigeração Paraná. Na parede, uma pintura minha.

Nunca fiz um curso na área de desenho, por isso me considero um autodidata, aprendendo na prática do dia a dia e auxiliado por literatura técnica. Só deixei aquele emprego para prestar o Serviço Militar em Curitiba em 1965 e, depois disso, meu destino profissional ficouestabelecido na Refrigeração Paraná.

PROCURANDO UM EMPREGO

Em março de 1966, eu,então com 19 anos de idade, tinha saído hátrês meses do Serviço Militar em Curitiba, e estava desempregado. Voltei para o interior do Estado, masempresa em que trabalhara como desenhista antes do serviço militar, não quis me readmitir porque estava falindo. Logo fiquei sabendo de uma fábrica de geladeiras no bairro Guabirotuba, chamada de Refrigeração Paraná, onde trabalhava a cunhada do meu irmão. Disse-me ela para que eu fosse até lá para ver se conseguiria alguma coisa. Não sabia nada a respeito daquela fábrica, mesmo assim me animei. Voltei para Curitiba.

Era uma manhã de quinta-feira 10 de março de 1966.Naquele dia me dirigi até a Refrigeração Paraná à procura do tão sonhadoemprego. Chegando ao portão, falei com a pessoa que cuidava da entrada, dizendo que eu queria ir até ao Departamento de

Pessoal. Ele me orientou, e lá chegando me apresentei ao então chefe do departamento, Sr. Lauro Golemba, - que já tinha sido indicado pela cunhada do meu irmão – e perguntei a ele se haveriauma vaga para desenhista.

Nem tinha um currículo em mãos, apenas a cara, a coragem e a Carteira de Trabalho. Após alguns minutos de diálogo,contando meu pequeno “histórico” pessoal e profissional de três anos na área de desenho,deu por encerrada a entrevista e pegou o telefone ligando para alguém.

Em seguida ele me pediu que o acompanhasse ao Escritório Técnico (Departamento de Engenharia no mezanino da Fábrica 1), e lá me apresentou ao Dr. Luiz Carlos B. Vieira que era o diretor técnico, ao Dr. August Jacques Vanhazebrouck que era o Diretor Industrial, ao Sr. João, técnico do departamento e também a outro técnico o Sr. Pieter Jan Valeton, - explicando que eu estava me candidatando a desenhista. Naquela ocasião, já trabalhavam lá dois estudantes de Engenharia Mecânica, eque faziam estágio na área de projetos, sendo que um trabalhava de manhã e estudava à tarde e o outro trabalhava à tarde e estudava de manhã. Um era o Luiz, o outro era o Manuel.

O TESTE

Foi então me dada uma peça para desenhar para testar minha habilidade; Era uma peça de plástico, que ainda me lembro da forma, (Suporte da Caixa Interna) e que ainda hoje sou capaz de reproduzi-la de memória, de tão marcante que foi na minha carreira, pois ali naquela peça, estava lançada a minha sorte. Se eu me saísse bem no teste, poderia ter o emprego, caso contrário...

Para o teste, me forneceram os instrumentos de medições disponíveis, Paquímetro, Transferidor, Pente de Raios, e para desenhar, uma Lapiseira, Escala triangular, Compasso e uma prancheta com Tecnígrafo. (Na época, só grandes empresas possuíam Tecnígrafos - era um luxo. Empresas pequenas usavam Régua Paralela e esquadros de plástico.) Após uns 40 minutos terminei o teste e o apresentei para o Sr. João, juntamente com o Dr. Luiz Carlos B. Vieira. Após rápida analisada no desenho, o Dr. Vieira me pediu que o acompanhasse até o Departamento de Pessoal.

Naquele momento estava apreensivo, e não tinha certeza se estava aprovado, mas essa dúvida se dissipou quando, no caminho, em pleno pátio da fábrica, ele me perguntou quanto eu queria ganhar de salário. Surpreso e sem saber o que dizer, respondi que aceitaria o que me fosse oferecido ou mesmo o Salário Mínimo. Naquele momento, como eu estava desempregado,qualquer oferta seria lucro!

Cumprindo as formalidades de praxe, fui convocado para exame médico admissional no dia seguinte, e fui considerado apto. Na ocasião, o salário mínimo era algo em torno de 70.000 Cruzeiros e fui contratado com 100.000 mensais! Estava empregado!

MEU PRIMEIRO DIADE TRABALHO

Quatro dias depois, no dia 14 de março de 1966, numa abençoada e iluminada segunda feira, começava minha longa jornada na Refrigeração Paraná.

MEU ÚLTIMO DIADE TRABALHO

Naqueles últimos dias de dezembro de 2000, (já Electrolux) corria o boato que haveria corte de pessoal na Engenharia de Produtos. Na época tinha sido contratada uma empresa deauditoria para analisar custos edespesascom pessoal.

Foi um duro golpe quando fui chamado para uma tensa reunião com meu então chefe, e fui informado do que estava ocorrendo, visando à redução de custos no Departamento, e que, lamentavelmente, eu e outros colegas seríamos desligados da Empresa. E assim, em 20 de dezembro de 2000, terminou aquele primeiro ciclo na Refrigeração Paraná.

Mas minha história não terminou aqui; continua.

This article is from: