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Capítulo XI –A Nova Ponte Rolante
CAPÍTULO XI
A NOVA PONTE ROLANTE
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No meu cargo de desenhista na Engenharia de Produtos, frequentemente apareciam tarefas não diretamente ligadas ao dia a dia da rotina de desenho de Produtos. Já contei aqui, atribuições extras que me foram confiadas, pois na época não se dispunha de um profissional na área de manutenção para serviços de desenho de equipamentos ou instalações.
Uma dessas tarefas que ainda me lembro, foi quando a Fábrica resolveu adquirir da Usiminas ou da CSN, fardos de chapas de maior volume e peso do que aqueles que até então eram adquiridos. Não lembro exatamente qual era o peso máximo daqueles fardos, mas era em torno de duas toneladas, e a Ponte Rolante do depósito de chapas tinha a capacidade de três toneladas.
Claro que os fardos não chegavam a tanto, mas com a intenção de aquisição de fardos maiores devido ao incremento da produção, era necessária uma Ponte Rolante de maior capacidade; no caso, fardos de cinco toneladas.
Foto Internet
Para que aquele equipamento fosse encomendado, era necessário que a Refrigeração Paranáenviasse ao fornecedor, um desenho da situação atual do local de instalação, a fim de que o projeto se adequasse ao espaço disponível.
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Foto Internet –situação idêntica àquela da Refrigeração Paraná.
E adivinhe quem foi a pessoa escalada para resolver essa tarefa?
Pedi emprestada uma escada e uma trena longa da Manutenção e lá fui subindo quase até o teto do depósito de chapas, me apoiando na estrutura de madeira empoeiradado telhado, espantando algumas pombas que se empoleiravam por ali.
A missão (possível) era de fazer um esboço das vigas laterais do prédio e do espaço disponível acima dos trilhos e, naturalmente, o posicionamento dos próprios trilhos sobre as vigas, por onde se deslocaria a Nova Ponte Rolante. Não foi fácil de esboçar o local e tomar todas as dimensões requeridas, já que estava sozinho e os trilhos no alto, distanciados cerca de nove metros. Mas com calma e persistência, andando nas alturas, prendendo a Trena num trilho, descendo a escada e posicionando novamente a escada distante nove metros, subindo novamente para fazer a leitura na trena da distância entre os trilhos, e também das dimensões do perfil do trilho.
Para quem não está habituado com esses termos, vale aqui dizer que a Ponte Rolante é uma espécie de guindaste móvel sobre trilhos, e que se usa para elevar cargas pesadas e depositá-las noutro local. No caso, para descarga dos caminhões quando chegavam com fardos de chapas de aço.
Essas dimensões eram muito importantes, pois delas dependia o projeto do Fornecedor da nova Ponte Rolante, sendo que a distância entre os trilhos era fundamental. Imagine um trecho de estrada de ferro que, por algum motivo, tenha um dos seus trilhos afastados de alguns centímetros... O trem fatalmente descarrilhará e tombará. Com a Ponte rolante era a mesma coisa. Erro zero!
Terminada a tarefa de esboço, fui para a prancheta passar a limpo aquele desenho. Antes de entregar a quem me solicitou, e para ter certeza que não havia erro,
voltei para o local e conferi todas as medidas tomadas. Tudo certo. Batendo a poeira da roupa, assumia novamente o minha rotina de trabalho.
Assim, o desenho foi para o fornecedor. Alguns meses depois chegou aquela belezura amarela para ser descarregada e instalada. Eu, lá de longe só ficava observando o pessoal posicioná-la no alto, no seu local de destino. Que alívio! Encaixou direitinho nos trilhos! Em seguida veio o teste de rolamento. Deslizou suavemente e “ronronando feito uma gatinha” em toda a extensão do curso no Depósito de Chapas. Mais uma tarefa cumprida.