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Capítulo X –A Lã de Vidro
CAPÍTULO X
A LÃ DE VIDRO
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QUem, mas quem nunca lambeu um algodão doce ou passeou com seus filhos por um parque, praça ou pelo Passeio Público? Lá estava um tiozinho com seu carrinho fazendo e vendendo algodão doce. Lembro que meu filho pequeno ficava admirado com aquela centrífuga girando, e o algodão aparecendo nas paredes daquela panela. Parecia mágica. Claro, o piá saía dali com um palito cheio daquele doce e logo ficava com a cara e mãos grudentas! Ah! As crianças!
ALGODÃO DOCE
Foto Internet
A lã de vidro usada como isolante térmico nos refrigeradores e congeladores antigos, era produzida praticamente da mesma forma que o algodão doce, - claro, guardadas as devidas proporções - apenas no lugar do açúcar derretido, usava vidro derretido e algum aditivo numa centrífuga enorme. Mas o efeito era o mesmo. Esse processo com o vidro produzia além de fumaça, um cheiro forte no ar (Não tenho certeza, mas acho que era um aditivo químico chamado Aldeído Fórmico) e, dependendo da direção do vento, a fumaça e cheiro invadiam a Engenharia na fábrica 2, que ficava bem próxima. Um horror! Acho que a vizinhança não via com bons olhos aquela situação...
VIDROLAN
A Vidrolan -empresa que fabricava a lã de vidro ao lado da Refrigeração Paraná – pertencia à firma Prosdócimo S/A desde a sua fundação em 1962 até 1982, quando então foi incorporada pela Refrigeração Paraná. Essa empresa recebia sua matéria prima em caçambas, que chegavam diariamente cheias de cacos de vidro, provenientes,
principalmente do descarte de resíduos de empresas de bebidas da região metropolitana, onde tudo era engarrafado em vidro e não em PET e, naturalmente havia muita quebra de garrafas.
Na fabricação da lã, o material era lavado eliminando impurezas, e depois derretido, passando em seguida para a centrífuga, (enorme) donde saiam em filamentos que formavam aquele aspecto de algodão doce, sem forma definida. A seguir, passava para outra máquina para compactá-la e moldá-la em forma de manta, sendo depois recortada conforme pedido do cliente. Por ser um material muito fofo, aplicava-se uma espécie de costura espaçada sobre a superfície dessa manta, de modo a assegurar precariamente que, no manuseio, a mesma não desagregasse.
Durante a montagem no produto, era necessário cuidado, sem movimentos bruscos, a fim de manter a sua integridade e para evitar resíduos flutuando no ar. Era uma operação delicada. Naturalmente os operadores daquele posto de trabalho estavam equipados com gorros, máscaras, luvas e óculos de proteção. Tanto na fabricação quanto nouso, se dava em ambiente pouco salubre.
Na Engenharia, cada peça do produto era desenhada tendo todas as especificações quanto a dimensões, material, peso, densidade, acabamento etc. A manta de lã de vidro também tinha seu desenho, que era bem simples; comprimento largura e espessura e especificação quanto à densidade, peso, fator “K” de isolamento térmico requerido que atendesse ao gradiente de temperatura especificado, entre o gabinete interno e o externo e, eventualmente alguma nota a mais. Mas, sendo um material tão irregular e fofo, como é que poderiam ser controladas as dimensões? No comprimento e largura não tinha problema; a precisão não era tão rigorosa, mas a espessura era importante, pois, se não atendesse as especificações, poderia ocorrer sudação externa no gabinete da geladeira ou do congelador, o que seria inadmissível.
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Foto Internet
Cabia ao Controle de Qualidade verificar a espessura a cada lote, usando um medidor muito peculiar: Colocava-se a manta sobre uma mesa e, sobre ela o dispositivo, que era uma placa metálica padronizada (mais ou menos 20 x 20 cm) que tinha um furo no meio; e através desse furo passava uma haste graduada em mm até encontrar a superfície sólida da mesa. Em seguida, fazia-se a leitura na haste em relação com a superfície da placa.
Atualmente esse material não é mais usado em geladeiras e freezers, mas ainda é usado como isolante térmico em fogões, fornos, tetos residenciais etc. A tecnologia na fabricação de hoje é mais moderna e são fabricadas além de mantas, também em placas mais densas conforme aplicação, e ainda revestidas com lâminas de alumínio, que dá uma forma mais rígida ao produto.
Com o encerramento da fabricação dos produtos que usavam esse isolante na Refrigeração Paraná, a Vidrolan foi desativada e demolida. Hoje no seu local está o prédio da Engenharia de Produtos.