CULTURA URBANA 02.07
KRYPTONIT
ilustração:coverdesign
índice
propriedade: krypton edição e textos: cláudia bárbaro pesquisa: pedro nuno design: coverdesign › joana nina, luís silva coverdesignonline.com capa: fotografia › luís silva produção: neia oliveira, krypton colaboradores: artur soares da silva (festivais de verão) impressão: grifos, artes gráficas exemplares: 500 verão 2007
4 perfil: augusto fraga 8 dupla 14 tono e truth 16 festivais de verão 21 publi-reportagem 22 victoria reynolds 24 designer slash model 26 barbican 28 daniel jonhston 30 last chance
augusto
fraga
perfil
nunca tinha experimentado. E correu muito bem. Ganhou uns prémios aqui e ali. Depois, chegou um anúncio para fazer, ninguém queria fazer porque era um anúncio para anunciar um festival de cinema e o produtor disse-me “porque não fazes tu?”. Fiz o anúncio e esse anúncio ganhou um prémio
Sou um “enamorado” de Portugal, gosto sobretudo de um Portugal que tenho na cabeça e que ainda não sei se existe.
em San Sebastian. É importante ganhar um prémio em San Sebastian. Comecei a realizar há dois anos. Em Espanha eles fazem prémios internos e uma das coisas que eles têm é o melhor novo realizador. E eu fui eleito um dos três melhores novos realizadores de Espanha. O que parece pouco para um país como Portugal porque há poucos realizadores, mas em Espanha há imensos e nós éramos muitos. Depois fui para Nova Iorque estudar. Fiz um empréstimo. Há três anos. Fiz um curso de directing porque era isso que ensinavam na New York Film Academy. Foi um curso de dois meses e sinceramente não aprendi quase nada, já sabia aquilo da produção e do dia-a-dia.
Foi para Espanha para um estágio de seis meses. E acabou por ficar seis anos. Augusto Fraga saiu dos Açores com 10 anos, foi viver para Aveiro
Voltar Para Portugal
e regressou ao arquipélago durante um ano antes de ir para Braga estu-
Sou um “enamorado” de Portugal, gosto sobretudo de um Portugal que
dar Comunicação Audiovisual. Na capital catalã, começou por estagiar na
tenho na cabeça e que ainda não sei se existe. O meu regresso a Portugal
RCR Films e hoje é um dos sete realizadores desta produtora de publici-
tem mais a ver com o sítio onde quero ter uma casa do que com uma ideia
dade espanhola. Em Portugal, é agora representado pela Krypton.
definitiva. Neste momento vivo (tecnicamente) em Barcelona, mas a realidade é que passo mais dias fora.
RCR Films
Volto para Lisboa porque acredito que se pode, a partir de Lisboa, trabalhar
Adoro publicidade desde há muitos anos. Adoro os filmes, contam-me
para o mundo – tal como em Amesterdão se trabalha para Londres ou em
uma história. Recordo-me dos anúncios desde miúdo. Fui para Barce-
Barcelona para Miami. Acredito num estilo de vida que nos permita estar
lona estudar comunicação audiovisual e publicidade e depois entrei na
em Lisboa como acampamento base (onde as pessoas são simpáticas e
produtora. Tinha 20, 21 anos. É uma produtora espanhola enorme, tinha
se come tão bem...) e que, desde Lisboa, se produzam filmes (publicitários
seis realizadores, agora tem sete. E trataram-me muito bem. Nunca fui
mas não só) para a Europa e para o resto do mundo. Essa é a ideia base,
nem discriminado por ser estrangeiro, nem discriminado por não saber o
teórica, que me motiva a estar mais em Lisboa. Num dos últimos filmes que
suficiente. Não tem nada a ver com a mentalidade que eu pensava que
fiz para o mercado espanhol (Shandy, Cruzcampo) a equipa era totalmente
havia. Eu comecei a fazer de técnico de vídeo nas filmagens, era uma ma-
internacional, partindo de um desenho de produção muito flexível: agência
neira de eu poder estar ao pé do realizador e aprender. Passaram os anos
de Barcelona, director de fotografia português, director de arte francês, a
e passei a segundo assistente de realização. Basicamente dediquei-me a
pós-produção feita em Madrid, a música feita em Berlim.
trabalhar, não fiz mais nada durante seis anos.
Todos juntos num mesmo projecto com base em Barcelona, mas sem que
Trabalhava muitas vezes 20 horas por dia. Em, Barcelona, naquela pro-
isso implicasse mais gastos, já que toda a comunicação com o músico (em
dutora em particular, há muito trabalho, é um ritmo muito exigente. Como
Berlim) e pós-produção (em Madrid) se fez via Internet/telefone. Por que
eu, havia pessoas a vir de todo o mundo a querer estar nesta produtora
não fazer isso em Lisboa?
e não noutra. Até porque Barcelona é uma cidade muito atractiva para os
“Quero ir para Portugal” e falei com a minha produtora. Então comecei a
estrangeiros. Há imensos realizadores e tens de trabalhar muito.
ver produtoras em Portugal em que estaria interessado. Lembro-me de um amigo que é director criativo me ter dito há anos: “há uma produtora muito
Curta-metragem
gira que é a Krypton”. Conheci o João [Vilela] e o Ricardo [Estevão] e gostei
Comecei a fazer uns planos, entretanto fiz uma curta-metragem. Dediquei
muito deles. Depois vi o trabalho deles, gostei muito do reel da produtora.
um ano a fazer uma curta-metragem. Aí é que estão as 18 horas. Foi a RCR
E acho que foi assim. Foi um bocado uma experiência. “Vamos fazer um
Films que produziu. Era um filme que se chamava “H2Ombre”. Basicamen-
primeiro filme.” Gostei muito de trabalhar com eles e a partir daí não tem
te o que queria era experimentar imensas técnicas que já sabia fazer mas
mais sentido ir para outra.
augusto fraga favor das necessidades do cliente), com ideias que nos façam vibrar (a mim e aos criativos) – gosto de sentar-me com os criativos, discutir, gritar, mudar tudo, chegar juntos as conclusões – e com condições realistas de trabalho (o que demora 3 dias não se pode fazer bem numa tarde). Adoro trabalhar em publicidade, dedico-me muito (mais do que seria recomendado clinicamente...) e por isso é um prazer quando sinto que os criativos permitem (e querem) um trabalho conjunto. A publicidade é inimiga das regras e o que é verdade hoje é mentira amanhã. O Meu Método De Trabalho Tenho alguma experiência em pós-produção. E gosto muito de trabalhar com actores. Tento sempre trabalhar com actores ingleses. Por isso, os filmes que mais gosto combinam estas duas vertentes: actores e pósKrypton
produção. Mas isso não é nada sem uma boa história.
Filmo cá desde Outubro, há seis meses. Como é que consigo conciliar?
Como método de trabalho, começo por entender o espírito da história,
É um drama. Não consigo. Consigo, trabalho ao sábado, domingo vou para
não o script, mas o espírito. A partir daqui, ponho tudo em causa, menos
Barcelona e segunda-feira tenho uma apresentação. É um bocado assim.
esse espírito. Muitas vezes isso é agressivo para alguns criativos, já que
Também não vou ficar a pensar que sou uma vítima. Depois quando quero
pode ser entendido como uma crítica ao muito trabalho que tiveram. Mas
ter uma semana ou duas ou um mês também tenho. Vou de viagem e nin-
uma coisa é a ideia (essa intocável) e outra é a execução da ideia – aqui
guém me diz nada.
entro eu. Gosto de trabalhar em conjunto com a equipa criativa, de igual
O último filme que fiz para a Krypton foi o da Optimus. Fiz também o Dia do
para igual, dando voltas ao filme. Pela minha experiência, sempre que po-
Pai para a TMN, um filme da Sagres com o Luís Represas e um filme contra
demos dedicar-nos mais aos filmes que às questões políticas, o resultado
as touradas. É uma rapariga que é apedrejada. Basicamente é uma compa-
final é de grande qualidade.
ração da tradição dos touros com tradições do mundo que são deixadas ou
Gosto muito de trabalhar com humor, gosto muito de actores. Adoro di-
que foram deixadas ou que deviam ser deixadas. O texto que eles puseram
recção de actores. Trabalho sempre – em Espanha, aqui ainda não, não
por cima, a voz off, é dito por uma associação que defende as touradas.
há dinheiro – com actores de Londres. É impecável. São muito mais pro-
Pegas nesses argumentos e pões em cima de outra imagem e vês que não
fissionais. Não tem nada a ver. Em Espanha, são meio figurantes, actores,
são válidos. O filme está giro. Não sei se vai passar na televisão ou não,
modelos – são intermédios. Nem todos, mas muitos. E os actores de Lon-
porque é muito violento.
dres são actores. Eles distinguem um acting contido de um acting contido menos dez por cento. Um actor que pergunta a óptica que estás a usar
Como Entendo A Publicidade
para saber em que valor de quadro é que estás...
A minha vida pessoal e o meu trabalho estão juntos. Se o filme corre mal sou infeliz na vida pessoal. Não há volta a dar-lhe. Também não acho que
Férias
seja saudável a separação. Acho que é saudável misturar as coisas e ter
Países nórdicos only. Noruega, Suécia… Porque adoro os países nórdi-
liberdade para escolher. No meu trabalho dá para escolher: “agora quero
cos. São tranquilos, são limpos, as pessoas são super-educadas, come-
trabalhar, agora quero descansar”. Seja domingo, seja segunda-feira, seja
se bem, são caros – isso é a parte má. Não sei, gosto muito da tranquili-
Janeiro, seja Fevereiro. Ou tenho uma semana de sete dias ou tenho um
dade dos países nórdicos, de todos. Oslo, Copenhaga, Estocolmo…
fim-de-semana de sete dias.
Gosto de todas as cidades. As pessoas são giras.
A ideia é que a liberdade nos permite pensar (tal como o livro de Ricardo
Já Barcelona é um bocado caótica. Mas acho que é um bocado uma fuga.
Semler, “Seven Days Weekend”) num fim-de-semana de 7 dias. Eu só
Podia fugir para os Açores ou fugir para os países nórdicos. Para os paí-
faço anúncios que gosto (ou, pelo menos luto por isso...) e o meu objecti-
ses nórdicos é mais giro, fazes coisas, podes ir ver exposições.
vo é não fazer mais de 5 ou 6 spots por ano, dedicando-me totalmente a eles. Não me preocupa tanto a marca, ou o orçamento do anúncio: quero
Tempos Livres
sobretudo trabalhar com liberdade criativa (sempre com as agências e a
Jogo futebol. Faço desporto, obrigo-me a fazer desporto. É uma questão
perfil
de libertar stress. Temos um grupo de amigos e vamos jogar duas ou três
do “Punch Drunk Love”. Este realizador está a fazer coisas diferentes.
vezes por semana.
- E “Os imperdoáveis”, de Clint Eastwood. Gosto muito do Clint Eas-
Agora ando a ler livros portugueses. Não leio muito, infelizmente. Sei que
twood, sobretudo o que ele fazia antes.
há pouco tempo acabei a “Aparição”. E “O Delfim”. Como ando há muito
Não sei se são os cinco mais, mas são os cinco de que eu me lembrei
tempo a pensar fazer um filme em Portugal, ando sempre a tentar en-
agora.
contrar livros que tenham histórias sobre o país. Acho que se pode fazer cinema com pouco dinheiro. Os argentinos dizem e é assim: para fazeres
5 Músicas Preferidas
cinema precisas de duas coisas: “un buen guión y muchas ganas”. Não
- “Breakfast at Tiffany”s”
falam de subsídios do ICAM. Preciso de um bom guião e de muita vonta-
Não sei... Cinco músicas é muito difícil. Sou um bocado clássico, gosto
de de fazer o filme. Tu tens um bom guião e toda a gente vai aceitar fazer-
de coisas antigas. Gosto muito de Johnny Cash, por exemplo. E não gos-
te o filme. Há uma senhora em Espanha que se chama Isabel Coixet, que
to de Johnny Cash só por causa do filme, já gostava há muitos anos. Gos-
não é conhecida aqui mas que faz bons filmes. Ela tinha um bom guião e
to muito de Leonard Cohen, Jacques Brel. Provavelmente por causa dos
foi aos Estados Unidos falar com o Tim Robbins. E conseguiu que o Tim
meus pais. Gosto muito de Jorge Palma. Gosto muito de Chico Buarque.
Robbins lesse, vai ganhar dez vezes menos do que ganharia, porque é um bom guião. Isto é a essência de tudo. É um bocado como na publicidade,
5 Vícios
quando te dão um bom script, todos os realizadores querem fazer, todas
- Fumar.
as produtoras querem entrar. E no cinema é a mesma coisa.
-Sou muito impaciente. É um vício.
É a grande lacuna no cinema em Portugal. Porque realizadores tecnica-
Eu não tenho cinco vícios. Tenho para aí três.
mente bons está provado que há, basta ver a publicidade e ver os filmes
-E a PlayStation.
que se faz. Só que os guiões são muito maus. 5 Coisas que adoro 5 Anúncios Preferidos
- Adoro gatos mas sou alérgico. São muito simpáticos. Mas sou alérgico.
Referências de realizadores é mais fácil.
- Adoro jogar futebol com os meus amigos.
- Gosto de todos os anúncios do Jonathan Glazer.
- Adoro filmar. Adoro dirigir os actores. Sinto-me mesmo bem. Gosto.
- Gosto de um espanhol que se chama Pep Bosch.
Detesto PPMs, detesto aprovações de montagem. Sobretudo a aprova-
- Há um que se chama Noam Murro.
ção de montagem. Acho que é a pior parte deste trabalho. Quando fazes
- Depois gosto muito dos realizadores nórdicos, Johan Renck. Gosto
um play e tens cinco pessoas caladas a olhar para o teu filme, pensas
muito da estética nórdica, que é uma coisa que em Portugal não se faz
“não estão a gostar”, “não disseram nada, não estão a gostar”. É uma
ainda.
paranóia. E normalmente não olho para o ecrã, fico mais stressado. Olho
Em Espanha há um ou dois realizadores que fazem mas os clientes não
para eles.
querem – é tudo muito plano, muito artificial.
- Gosto muito de Woody Allen, não disse isso acima. Adoro Woody Allen.
- E alguns realizadores ingleses. E franceses também.
Ele vai filmar a Barcelona agora e ando a tentar meter-me nem que seja na equipa de electricistas para estar nas filmagens dele. A sério. Gostava
5 Filmes Preferidos
mesmo.
- Adoro o “Casino” do Scorsese.
- Gosto de “Family Guy”. Sou fã, vejo tudo.
-“Kramer Contra Kramer”. Quando era miúdo, os meus pais separaramse. Então marcou-me.
5 Defeitos
Filmes que me marcaram que tenha visto ultimamente...
-Sou muito impaciente. Muito impaciente.
- Gostei muito do “Children of Men” [“Os Filhos do Homem”]. É um filme
-Sou demasiado sonhador. Acho que li demasiados livros que a minha
de Alfonso Cuarón, mexicano. É o melhor filme dos últimos anos. Foi no-
mãe me dava para ler. Livros de guerreiros, de fantasia, das grandes his-
meado a Oscar para qualquer coisa. Não ganhou nada. Ganhou o “Babel”
tórias.
que é uma porcaria.
Sou muito sonhador com esse género de histórias. E depois isso aplica-
- Gosto muito dos filmes de Paul Thomas Anderson, do “Magnólia”. Es-
se muito à minha vida, sou um bocado revoltado, acabo por ser muito
colheria o “Boogie Nights”, foi o que me marcou mais. Mas gosto muito
frustrado porque as coisas não são tão boas como eu gostava.
dupl
JosĂŠ Diogo | Diamantino Jesus
fotografia
Naturais da Madeira, José Diogo e Diamantino Jesus começaram por dedicar-se à pintura, onde a questão do corpo humano é sempre apresentada de uma forma realista e religiosa. No tecto da Igreja Paroquial de Ponta Delgada, pintaram a criação do mundo numa área de 220 m². Em 2003, surgiu o interesse pela fotografia digital e pelas manipulações permitidas pelo tratamento de imagem. A dupla começou por apresentar as primeiras fotografias em desfiles de moda, mas o seu trabalho depressa foi reconhecido com prémios como o da revista francesa Photo, a medalha de ouro Gaudi na Bienal de Barcelona ou o European Newspaper Award – Award of Excellence de 2006 a propósito de uma capa feita para a revista do Diário de Notícias da Madeira. Além de vários trabalhos feitos para publicidade, recentemente o reconhecimento do trabalho destes dois madeirenses veio por parte do mundo da arte. A Colecção Berardo adquiriu já 26 obras de grande formato da dupla José Diogo / Diamantino Jesus.
www.truthtag.com
el tono
www.eltono.com
Adornar edifĂcios degradados ou spots menos visĂveis da malha urbana
truth
street art se de uma parte do nosso universo, das nossas viagens, das nossas influências.” Outro dos projectos conjuntos de El Tono e Nuria Mora foi uma encomenda da Galeria 54, em Gotemburgo, Suécia. A instalação decorreu no início do ano e estava integrada no projecto “Privé Och Público”. Os artistas espanhóis colocaram uma série de sinais na cidade e no verso dizia-se a quem os encontrasse que se dirigisse à galeria para serem autografados. A ideia foi lidar com as noções de espaço, as fronteiras entre público e privado. Com participações em inúmeras exposições colectivas internacionais, nos últimos tempos El Tono tem vindo a desenvolver trabalhos em 3D e graffitis de som, como foi o caso da exposição “x, y, z”, pela primeira vez apresentada na Galeria Vacío 9 em Madrid, onde exploraram a volumetria das suas representações gráficas. Além disso, a dupla faz parte do colectivo Equipo Plástico, juntamente com outros dois artistas, Nano4814 e Sixe, após terem trabalhado juntos em váAlém do desenho, a volumetria começa a ganhar peso na intervenção
rias exposições.
artística sobre a malha urbana. Como é o caso dos artistas Truth e El
Já o jovem artista que assina Truth também aposta na volumetria
Tono, que redimensionam a realidade existente através de trabalhos
para fazer intervenção visual na urbe. Muitas das suas manifestações
com formas geométricas.
ocorrem no seu país natal, a Polónia, apesar de já ter trabalhado com
O espanhol El Tono já fez intervenções no Porto e em Guimarães.
o tecido da cidade de Roma. O seu trabalho tem-se centrado em sets
Além de várias cidades em Espanha, entre as quais Barcelona e Ma-
de cubos em PVC coloridos, que chegaram a ser referidos como jóias
drid, El Tono já colocou a sua arte em países como França, Brasil,
a adornar edifícios degradados ou spots menos visíveis da malha ur-
Coreia do Sul, Itália, Reino Unido, Alemanha, Suécia ou Japão. Os
bana, os chamados não-lugares da nossa atenção visual – o verso
seus desenhos giram à volta de representações abstractas de diapa-
dos sinais de trânsito, esquinas e recantos de edifícios ou estações
sões e polígonos.
de comboios.
El Tono tem vários projectos em conjunto com Nuria Mora. Um de-
Outro dos seus projectos de redimensionamento da malha urbana são
les é o livro editado pela Rojo Books, que condensa uma série de
os símbolos dos parêntesis e dos sinais matemáticos com os quais
fotografias tiradas a trabalhos efectuados durante a primeira visita
cria equações que questionam o discurso da arquitectura existente.
da dupla ao Brasil, em 2004. A imagem da capa é a de um casebre
Ao intervir com as suas geometrias sobre locais mais incisivos como
abandonado que fora em tempos o Bar Tom Cruise, quando ambos
portas ou janelas, Truth está a desvelar a função desses mesmos ob-
iam de autocarro a caminho de Porto Seguro.
jectos. Está a chamar a atenção para o facto de serem janelas, ou
“O conceito deste livro [só imagem, sem texto] é perfeito para nós
portas, e que por isso mesmo há por trás um universo de pessoas
porque funciona como quando encontras as nossas pinturas na rua.
passíveis de estar em comunicação com o exterior, com o mundo.
Não há uma explicação, apenas olhas para elas e fazes as tuas pró-
Muitas das suas formas em PVC têm como que uma função de pas-
prias interpretações”, referiu El Tono ao site da especialidade Ekosys-
se-par-tout. A ideia é insistir, é enfatizar, uma nova visão da realidade
tem.org. “Não mostramos apenas os nossos desenhos no livro, trata-
arquitectónica urbana.
o 達 r e s i v a v i t s e f
Fizemos uma ronda aos festivais para lhes descobrir as diferentes facetas
música
Para a maior parte de nós, viciados em música, Verão é sinónimo de festivais. Em Portugal ou Espanha, no campo ou na cidade; a folia é certa, as experiências amiúde inesquecíveis. Todavia, neste ano, os festivais decorrem num momento atípico na indústria discográfica. As bandas nunca tiveram tanto poder nas suas mãos; as editoras multinacionais vivem a maior crise de sempre; os consumidores acedem a música como nunca; e a tecnologia evolui a bem da criatividade, partilha e, noutro pólo, da restrição. No início do ano o Financial Times publicava um relatório da Enders Analysis que previa que as vendas de CD em 2009 cairiam para 23 mil milhões de dólares, longe dos 45 mil milhões de 1997 – ano do seu pico de vendas. A empresa de estudos de mercado NPD Group revelou que mais de metade da música adquirida em 2006 veio de fontes gratuitas, incluindo a partilha de ficheiros e cópias. Estima-se que gravar CDs contribuiu em 37% para o consumo total de música, nível superior à partilha de ficheiros. Paralelamente, sectores da indústria discográfica mais versáteis no entendimento do público dão sinais de vitalidade. É o caso das editoras independentes. A Associação de Música Independente (AIM) do
sonic youth klaxons the rapture
festivaisdeverao.blogs.sapo.pt www.anti-popmusicfestival.com www.paredesdecoura.com www.musicanocoracao.pt www.fmm.com.pt www.boomfestival.org
música
Reino Unido declarou que as indies alcançaram o seu melhor ano de sempre em 2006. Oito em cada doze álbuns independentes vendeu mais de 60.000 cópias, sendo o best seller “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not” dos Arctic Monkeys. Estas tendências díspares reflectem-se nos cartazes dos festivais de Verão. Um exemplo da importância conquistada pelas bandas indie é o Super Bock Super Rock, que decorre no Parque Tejo, em Lisboa, nos dias 28 de Junho e 3 a 5 de Julho. Arcade Fire, Bloc Party,
A importância da região é uma imagem do Sudoeste. Realiza-se na
Klaxons, The Rapture, LCD Soundsystem, Bunnyranch ou Micro Au-
Zambujeira do Mar, entre 2 e 5 de Agosto, com perspectivas de 30 mil
dio Waves saem do filão independente para encabeçar o cartaz. No
pessoas para cada um dos quatro dias do certame. Cassius, Ojos de
mesmo palco, note-se o regresso da banda de culto Metallica, cujos
Brujo, Cypress Hill ou The Streets são zénites num alinhamento com
membros aproveitarão a vinda a Portugal para fazerem, não uma co-
forte contingente lusófono: Gilberto Gil, Mayra Andrade, Buraka Som
laboração com os Moonspell, apenas uma... surf trip!
Sistema e Bonde do Rolê.
A Arena de Marketing dos Festivais
Festejar Tendências Musicais
Há dois factos atrozes nos festivais de Verão: o lixo e a falta de ima-
Um dos serviços dos festivais é a solidificação de novas tendências
ginação dos patrocinadores. Com efeito, as marcas sustentam o cir-
musicais. Neste ano o reggae reforça a sua importância, figurou no
cuito sob troca de visibilidade num público-alvo. Grande parte dos
Creamfields e estará presente no Sudoeste e no Avis a Rasgar (13 a
festivais tem até como prefixo nomes de marcas ou numa versão eu-
15 de Julho).
femística certa empresa “Apresenta”.
“O reggae está estabelecido no Norte da Europa há vinte anos e de-
As parcerias entre empresas e organizações é benéfica para ambas,
morou algum tempo a chegar a Portugal”, afirma Selecta Lexo, DJ e
sendo obscuro o proveito retirado pelo público. Serão os concursos,
responsável pela Embassy, loja especializada em música da Jamaica.
os lenços, os lounges, os jantares a 50 metros de altura, os insufláveis
“Para os festivais é óptimo”, adianta, “porque tem mensagem posi-
e as lonas, as eternas lonas com logótipos, benéficas? Duvidamos.
tiva. Até ao nível de venda de música, o reggae diferencia-se porque
O Delta Tejo personifica o binómio marcas-festivais. Decorre entre 20
não está em queda como outros estilos e centra-se no formato vinil”.
e 22 de Julho, em Monsanto, e versa sobre a música de países com
O jornalista António Pires (responsável pelo blogue raizeseantenas.
ligação ao café. “Ao olharmos para o cartaz, salta à vista a falência dos
blogspot.com) aponta para outra tendência lustrada pelos eventos
produtores africanos e vietnamitas, vítimas talvez da concentração ex-
estivais. “A importância dos festivais de folk e world music é cres-
cessiva do grosso da distribuição do café mundial nas mãos de três
cente e continuada. Já há dezenas deles a acontecer: FMM de Sines,
ou quatro multinacionais”, lemos em cronicasdaterra.com. Verdade ou
África Festival, MED de Loulé, Intercéltico de Sendim, Granitos Folk,
não, há uma reflexão que fica no ar, que poderá até ser radicalizada
Andanças, Arraiais do Mundo, Festival Mestiço, Sons do Atlântico,
com o concerto do jamaicano Sizzla, a 22 de Julho, o mesmo que já
Delta Tejo, Cool Jazz Fest, Portugal a Rufar, Iberfolk, sem esquecer a
disse “Burn all the white people in Jamaica” ou “Kill Gays”...
Festa do Avante”. A vitalidade é sublinhada por eventos como o Su-
A Norte verifica-se uma das associações mais bem conseguidas entre
doeste e Paredes de Coura integrarem artistas destes circuitos na sua
eventos e empresas, com o festival Paredes de Coura e a Heineken,
programação.
naquele que foi em 2005 um dos cinco melhores festivais de Verão da
O destaque vai para o Festival Músicas do Mundo, de Sines: “Este
Europa, segundo a edição espanhola da revista Rolling Stone. Este
ano passam por lá 32 nomes da world, folk, jazz, em nove dias de
ano, a organização do evento foi cancelada por falta de verbas…
concertos. É sem dúvida uma referência em Portugal”, conclui Antó-
Entre 12 e 15 de Agosto o prato forte é, mais uma vez, a cultura indie
nio Pires.
com os decanos New York Dolls e Sonic Youth, sendo imperdível a
Os festivais de Verão instituíram-se no público, nas estratégias de
actuação dos new ravers Cansei de Ser Sexy ou dos Architecture in
marketing, nas edições de imprensa e até nas agendas políticas. Têm
Helsinki. A organização aponta como outras atracções yoga, cinema
dado voz a novas modas musicais e a dar espaço a artistas. Resta-nos
e a presença num cenário natural fabuloso.
saber se além de entreterem alguma vez fabricaram conceitos. Por Artur Soares da Silva
boom festival: um mundo à parte É bienal e o mais singular evento em Portugal porque não se limita a música. Não aceita patrocínios, sendo as suas receitas advindas dos bares, venda de bilhetes e aluguer de espaços. É o festival mais internacional do país. Segundo a organização, a última edição teve 70 nacionalidades nas 20.000 pessoas e tem pontos de venda de bilhetes em 38 países. Em 2006 aplicou sistemas ecológicos na abordagem de consumo, tratamento e reutilização de água, reciclagem e tratamento de lixos, construção e utilização de sanitários secos, utilizou geradores solares e gastou “um quarto de milhão de euros em sistemas eco”, segundo nos confidenciou o produtor do evento Diogo Ruivo. Água potável é gratuita. “Queremos que o entretenimento seja não apenas para divertir mas também para formar as pessoas”, conclui. Sobre a importância da ecologia, André Soares – consultor de tecnologias sustentáveis do MIT, ONU, Fundação Banco do Brasil e do Boom – resume: “Um festival é um momento privilegiado para o ser humano reflectir sobre a sua relação com o mundo e o planeta”.
publi-reportagem
Para este Verão, a Delidelux propõe: Queijo Brie Recheado Com Trufas Pretas Laminadas Chef Hugo Brito / DELIDELUX
1. Um queijo Brie inteiro + 2 frascos de trufas pretas laminadas. 2. Corta-se o Brie ao meio no sentido horizontal. 3. Espalham-se as trufas já laminadas sobre o Brie. 4. Cobre-se com a outra metade do Brie. 5. Serve-se fatiado com uma salada verde.
Saboreie esta e outras receitas na nossa cafetaria.
www.delidelux.pt
Victori Hoje fala-se de um adeus ao corpo. Filósofos e sociólogos como Da-
“A ideia é as pinturas serem visualmente sumptuosas, voluptuosas e
vid Le Breton consideram que o corpo enquanto matéria se tornou
sensuais.” Fazem lembrar-nos a nossa mortalidade, a mortalidade da
num acessório, num kit de peças descartáveis sujeitas a manipula-
matéria de que é feito o nosso corpo. Ao mesmo tempo, dá a ver a
ções. A ciência de hoje quer combater a doença e o envelhecimento
carne como matéria para sacrifício. “Na Antuérpia do século XVII, pro-
da carne sem passar pela dor.
duzia-se muitas pinturas de animais chacinados.” As referências de
Já a concepção artística do corpo passa precisamente pela neces-
Reynolds a diversos autores são muitas, desde Rembrandt, mestres
sidade contrária de expor a carne enquanto dor. Veja-se o caso de
holandeses do século XVI e XVII, a Velásquez, a El Greco ou Francis
Orlan, em que a artista sujeita o seu próprio corpo a uma série de
Bacon.
intervenções cirúrgicas e estéticas em plena performance e dá a ver o
“O meu trabalho também alude ao sacrifício da carne de incontá-
desejo de mutação da carne. O artista plástico Marc Quinn funde arte
veis animais que consumimos sem dar graças ou pensar sequer nis-
e ciência e faz esculturas com o seu próprio sangue. Damien
so.” Victoria Reymolds viveu em Las Vegas nos anos 90 onde diz ter
Hirst fatia uma ovelha ao meio e expõe o corpo do animal enquanto
aprendido a gostar das luzes da ribalta dos casinos. O casino Vene-
interior e exterior – de um lado uma ovelha enquanto corpo, do outro
tian Hotel tem cópias de Titian e de Tintoretto pintadas nos tectos da
uma delineação de carne. A dor passou da ordem da sensação para
entrada principal, incluindo o ‘Triunfo de Veneza’ de Veronese. A arte
a ordem da visibilidade, da imagem.
de pintar carne foi aperfeiçoada em Veneza. “As pinturas de Titian,
“O corpo do meu trabalho é constituído por carne crua, apresenta-
com as suas 40 famosas camadas de tinta que se parece com pele,
da de forma ostensiva e hedonista.” Victoria Reynolds é uma artista
são a mais pura expressão da pintura da carne. Interessei-me em
plástica do Texas a viver e a trabalhar em Los Angeles, cujas pinturas
fazer arte que pudesse coexistir neste ambiente sensacional.”
retratam carne crua sempre enquadradas em molduras de estilo ro-
Outro contacto de Victoria Reynolds com a problemática da carne
cocó e barroco. É como se nos olhássemos ao espelho e víssemos as
foi-lhe proporcionado numa altura em que vivia na Suécia. A artista
nossas entranhas, aqui transformadas em objecto de ostentação.
plástica foi convidada pelos Saami (indígenas do norte da Suécia, No-
artes plásticas
ia Reynolds ruega, Finlândia e algumas partes da Rússia) a participar no chamado sacrifício do veado. Na Suécia, os Saami são os únicos a poder ser proprietários de veados. A experiência permitiu-lhe perceber melhor a problemática do ritual da carne, o que resultou na série de quadros sobre carne de veado, incluindo o ‘Flight of the Reindeer’. “A forma como as vísceras do veado estão entrançadas mostra-nos como a pintura pode ser sobre o acto da criação, formando uma ilusão de substância e carne a um nível tridimensional.” Actualmente, Victoria Reynolds está a trabalhar na manipulação digital de fotografias tiradas a carne, onde puxa por aspectos ornamentais como é o caso dos rendilhados.
Victoria Reynolds meatpainter@earthlink.net 1. Fat of the Lamb, 2003 2. Down the Primrose Path, 2004 3. Beautiful Uteral Garlands, 2002 4. Tripe on the S-Curve, 2003
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www.designerslashmodel.com
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designer slash model
design
It’s as simple as this. Beautiful people create beautiful design
Este é o mote do filme de apresentação do conceito Designer Slash Model. Do design à edição de imagem ou ao 3D, cada área de trabalho apresenta as suas considerações acerca do fascínio do design enquanto embelezamento da realidade. Verónica, designer de motion graphics: “I always tell people that I don’t work in motion graphics. I work in emotion graphics. That means the images I create don’t just move. They move you.” Fernando, editor de imagem: “I got into editing because I realise I can manipulate the video, the power to be able to create anything and everything. I’s what excites me.” Chrissy, designer: “I’m a problem solver. That’s what design really is, problem solver. Sometimes a client brings me a project that has virtually no problem to solve. So I create one.” As declarações são prentensiosas q.b., mas a postura destes designers/artistas é a de modelos arrogantes. São todos belos, são todos inteligentes, são todos artistas. Em forma de vídeo de apresentação de uma produtora de pós-produção, a Digitalkitchen decidiu fazer uma sátira ao seu próprio mundo de trabalho – ao mundo do design. E o resultado não podia ter sido mais bem conseguido. Neste mundo de pessoas super-belas e super-interessantes, a chegada ao estúdio de um estafeta, uma criatura super-normal, é motivo de escárnio (de mal dizer não, porque já implicaria darem-se a demasiado trabalho…). O conceito circula na Net e é uma forma original de dar a conhecer a produtora criadora do conceito. A Digitalkitchen é uma produtora de pós-produção com escritórios em Nova Iorque, Seattle e Chicago e é composta por directores criativos, designers, editores de imagem, animadores, realizadores, produtores e músicos. Trabalha com agências de publicidade, produtoras de televisão e cinema e outro tipo de clientes um pouco por todo o mundo. A DK concebe, filma e produz desde anúncios de televisão, a design gráfico para genéricos de cinema e tv e trata de conteúdos não convencionais tanto para publicidade como para entretenimento. Designer Slash Model é um exemplo fantástico dessa originalidade. A de ter humor suficiente para sabermos rir de nós próprios…
Este ano, o Barbican celebra o seu 25 aniversรกrio e organiza um programa especial.
www.barbican.org.uk
barbican
arte Sai-se da estação do metro e depara-se logo com a imponência de três dos edifícios residenciais mais altos de Londres. A área denominada de Barbican começou por ser uma zona construída a partir dos escombros da II Guerra Mundial e as três torres – Cromwell, Shakespeare e Lauderdale – são hoje símbolo de uma zona residencial exclusiva, habitada por actores, escritores e músicos. Segue-se as indicações impressas no chão a amarelo e acaba-se por chegar ao Barbican Centre, um dos maiores centros culturais da Europa. Artes, cinema, música, teatro e serviços educativos são as grandes áreas de trabalho desta instituição. Construído no início dos
Outra apresentação importante foi a exposição dedicada a Alvar Aal-
anos 70, o Barbican tem uma sala de concerto de quase 2000 luga-
to, uma mostra completa sobre as diferentes fases da obra do arqui-
res, um teatro de mais de 1000, três cinemas, uma galeria de arte de
tecto finlandês – no que foi a primeira retrospectiva do seu trabalho
1300 metros quadrados, mais de 4600 metros quadrados de foyers e
no Reino Unido. Uma retrospectiva que foi comissariada pelo arqui-
espaços públicos.
tecto japonês Shigeru Ban, e que incluía desenhos, maquetas, peças
Este ano, o Barbican celebra o seu 25 aniversário e organiza um pro-
de mobiliário e materiais concebidos por um dos grandes impulsiona-
grama especial. Trata-se de 25 eventos que o centro diz considerar
dores do modernismo na arquitectura. Esteve patente até Maio.
ser importantes nas diferentes áreas de intervenção deste espaço.
O que é que a segunda metade do ano nos reserva para ver no Barbi-
Uma das grandes atracções foi a instalação da autoria de um jovem
can Centre? O destaque vai para a comemoração do 70º aniversário
dinamarquês, exposta de Janeiro a Abril. Entra-se no hall principal
de Philip Glass, o compositor norte-americano que compôs a música
do Barbican e, à direita, há um espaço em forma de “u”. Esta galeria
das óperas majestáticas de Robert Wilson (artista que teve este ano
de forma peculiar chama-se The Curve e é dedicada à promoção de
uma exposição de polaroids tiradas a figuras conhecidas do mundo
novos talentos. A instalação de Jeppe Hein é uma estrutura metálica
da arte na Galeria Luís Serpa e teve a instalação “Alice” exposta na
que funciona como uma montanha russa, em que as curvas fazem
Ellipse Foundation). De 19 a 21 de Outubro, vai celebrar-se o traba-
mover uma série de bolas brancas que sobem e descem pela estru-
lho de composição de bandas sonoras que Glass fez para filmes e a
tura a partir da sua própria força de gravidade.
estreia no Reino Unido de “Orion”, uma ópera encomendada pelos Jogos Olímpicos de Atenas, que em 2004 passou na inauguração dos jogos. E será a estreia europeia de um conjunto de poemas de Leonard Cohen musicados por Glass, retirados do livro intitulado “Book of Longing”. Entre Junho e Agosto vai estar em exposição a mostra “Panic Attack! – Art in the Punk Years”. Trata-se de um olhar sobre a arte em Inglaterra e América nos anos 70, o período por excelência do punk, um movimento associado à música, moda e artes gráficas. No entanto, tratou-se de um movimento com um espectro mais alargado no que diz respeito ao mundo das artes. Da fotografia ao cinema, pintura e escultura, estes trabalhos reflectem o espírito rebelde e iconoclasta da era punk. Para descontrair, nada como o pátio enorme que faz paredes meias com casas residenciais. Esplanadas e um repuxo de água rematam o panorama – para passar uma tarde relaxante a ler um livro.
www.hihowareyou.com
and
daniel
dvd chegou a passar um ano inteiro de cama a que chamou “o seu ano perdido”. Parecia um vegetal e chegaram à conclusão que estava a tomar o medicamento errado. Trocou a medicação e começou a apresentar melhorias. Foi nessa altura que o manager dele tentou estabelecer-lhe contactos com bandas como os Sonic Youth, Jad Fair ou os Half Japanese. Jeffrey Tartakov mostrou a música a Steve Shelley dos Sonic Youth, que começou a divulgá-la. Surgiu então a oportunidade de ir visitá-lo a Nova Iorque e passar uns dias em estúdio com vários
johnston
músicos. A visita começa com um Daniel entusiasmado a percorrer as ruas movimentadas de Nova Iorque e acaba com ele a deambular de madrugada pelos arredores da cidade e os amigos à procura dele de carro. Mandaram-no para casa e foi imediatamente hospitalizado. Quando os Nirvana participaram nos MTV Music Awards de 1992, Curt Cobain usou uma t-shirt dele e divulgou o nome para milhões de
Então a música começa assim: “He was smiling through his own per-
espectadores. Durante meses, usava sempre essa t-shirt em público.
sonal hell / Threw his last coin in a wishing well / He was hoping too
A t-shirt a dizer “Hi, how are you?” criou frenesim. Cobain chegou
close and then he fell / Now he’s Casper the friendly ghost.” A letra
mesmo a declarar Johnston o maior autor de canções vivo.
é familiar, pertence ao tema “Casper The Friendly Ghost” de Daniel
Outra faceta de Daniel Johnston é as artes gráficas. O manager de
Johnston. E é a banda sonora de vários spots da Optimus. O autor é
Daniel conseguiu fazer exposições com a arte dele em Berlim, Barce-
Daniel Johnston, um compositor que uns consideram louco, e outros
lona, Paris, Eindhoven, Londres, Manchester, Nova Iorque. Numa das
um génio. É as duas coisas – com se pode ver no documentário “The
primeiras exposições em Los Angeles, na Galeria Zero One, noventa
Devil and Daniel Johnston – Loucuras de um Génio”, realizado por Jeff
e oito por cento da colecção foi vendida várias horas antes da própria
Feuerzeig e produzido por Henry S. Rosenthal.
inauguração. As referências dos desenhos giram à volta do mundo
No início do filme, Daniel Johnston introduz-se a si próprio através
dos super-heróis como o Capitão América, usa muitos patos (que Da-
de uma das muitas cassetes onde gravava depoimentos seus. Es-
niel considera o seu exército na luta contra Satanás), personagens
távamos em 1985. “Olá. Eu sou o fantasma de Daniel Johnston. Há
que aludem ao amor não correspondido, o Casper, o Frankenstein,
muitos anos, vivia em Austin no Texas e trabalhava no McDonald’s.
olhos, pirâmides, o número 666. As ilustrações de Daniel são hoje tão
É uma honra e um privilégio poder estar aqui convosco hoje e falar-
conhecidas como a sua música. Música essa que foi interpretada por
-vos da minha doença. E do outro mundo.” Segue-se um depoimento
mais 150 artistas em todo o mundo, entre eles Tom Waits, Pearl Jam,
em grafismo: “Acredito em Deus e acredito piamente no Diabo. O Dia-
Beck, Yo La Tengo, Mercury Ver ou Flaming Lips.
bo existe, sem dúvida, e sabe como eu me chamo.” Obcecado com o Diabo e com Santanás, dizia constantemente para evitarem o número 666, teve tendências suicidas do género “é melhor morrer do que viver para sempre”, necessitou da ajuda constante dos pais para tomarem conta dele, viu os irmãos afastarem-se dele com receio de que fizesse alguma coisa aos sobrinhos. Uma vez, ia numa avioneta com o pai e provocou o despiste do avião. Daniel era fortemente medicado e
last chance
Directora executiva da Associação ModaLisboa, 34 anos, rato do Zodíaco chinês
rita costa gomes 1. A publicidade associada ao marketing social é eficaz? De que bom exemplo se lembra? 2. A publicidade feita aos festivais de Verão fá-la ir aos concertos? 3. Uma boa campanha de marketing elege um presidente de câmara, no caso a de Lisboa? 4. Que tipo de produtos compra ao ver publicitados na televisão? 5. Qual o filme publicitário que mais a deslumbrou nos últimos meses?
1. A publicidade pode ser utilizada como estratégia de mobilização e como agente de mudança. As campanhas mais eficazes são habitualmente as que contêm elementos de choque ou que utilizam um apelo emocional como a campanha da União Zoófila de 2006 com o filme ‘Funeral’. 2. De alguma maneira poderão captar a atenção para a sua realização, mas o factor de decisão é sempre o cartaz de bandas a actuar. 3. No marketing político nacional, uma boa anti-campanha é significativamente mais eficaz do que uma boa campanha. No caso de Lisboa, a generalidade das campanhas é muito fraca, em conteúdo e forma, pelo que me parece contribuírem pouco para a decisão de voto. 4. Normalmente compro produtos com um forte branding e pouca publicidade. 5. O que mais me divertiu... Axe ‘Dinner Party’.
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