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CULTURA URBANA 01.08

KRYPTONIT


A Krypton faz 20 anos em 2008‌



ilustração:coverdesign


propriedade: krypton edição e textos: cláudia bárbar o pesquisa: pedro nuno design: coverdesign › joana nina, luís silva coverdesignonlin e.com produção: neia oliveira, krypton fotografia: kryptonphoto (p.4, p.7 , p.8 e p.9); pedro cláudio (p.11, 12, 13 e 14); colaboradores: isabel lindim (zo na autónoma temporária), vítor belanciano (o corpo dança) impressão: grifos, artes gráfica s exemplares: 500 primavera 2008

e c i nd

í

4 cultura:

zona autónoma temporária 10 música: trash yé-yé 12 performance: united visual artists 18 arte: thomas heatherwick 22 o corpo dança na cozinha de pedro cláudio 26 ideias: sacos 28 livro: boom book 30 last chance


www.bracodeprata.org

zona aut贸noma tempor谩ria


A Fábrica Braço de Prata é um novo espaço cultural da cidade de Lisboa que se tem revelado um verdadeiro fenómeno. Uma alternativa aberta a novas formas de arte, na zona do Poço do Bispo

Por Isabel Lindim

cultura

Lisboa vive um fenómeno cultural para os lados de Braço de Prata, no Poço do Bispo, num lugar improvável, longe do centro da cidade. Uma espécie de palácio que durante o século XX servia para fabricar armamento é hoje em dia um espaço que pode ter várias designações, mas centro cultural é talvez a que se aproxima mais. No mesmo dia pode passar por ali um torneio de xadrez, um concerto de jazz, uma palestra sobre Deleuze e uma festa de música electrónica. Às vezes, acontece tudo ao mesmo tempo. Ser uma livraria era o primeiro objectivo da Fábrica Braço de Prata, mas depressa se transformou em muito mais. O projecto começou a receio, num espaço que podia ter a má sorte de viver vazio, o que é mau quando se trata de um edifício com grandes salões, mas a oportunidade era irresistível e foi aproveitada por Nuno Nabais, quando o seu irmão propôs aos proprietários do espaço, a empresa Obriverca, que se fizesse um contrato de comodato. Quem ocupa não paga renda, mas no dia em que recebe ordem de despejo não pode reclamar, tem que sair de imediato. É preciso uma certa dose de loucura para investir tempo e dinheiro num espaço que de repente pode desaparecer, mas assim o fez Nuno Nabais, depois de ter fechado as portas da livraria Eterno Retorno e durante uns tempos juntar-se à Ler Devagar, primeiro na livraria da ZDB, depois num pequeno espaço na Rua da Rosa. Longe estavam os tempos em que estas duas livrarias eram uns pequenos nichos culturais do Bairro Alto, cada uma à sua maneira, e Nuno Nabais, apesar de gostar de estar no centro da cidade, quis afastar-se. Uns dias antes de abrir a Eterno Retorno no Braço de Prata, em Julho de 2007, a Ler Devagar juntou-se ao projecto. “A ideia inicial era pintar umas paredes, ficar com uma imagem pós-queda do muro de Berlim, queria apenas um palco e um bom piano de cauda. O Zé Pinho [da Ler Devagar] deu uma nova dimensão.” Neste momento tem quatro salas de livraria, sendo que uma é também


bar e outra é sala de espectáculos, cinco salas para exposições,

Também não é estranho ouvir o relato de alguém que adormeceu

uma de cinema e teatro, a sala do Michel [ver caixa] e outra de um

numa conversa sobre Nietzsche e quando acordou e se levantou para

projecto chamado Holos. Todas as salas têm nomes: Nietzsche,

ir embora acabou por ficar numa sala onde decorria um concerto da

Deleuze, Beauvoir, Kafka, Duras, Arendt, Rilke, Visconti, Eduardo

banda Bordel, com imagens eróticas a serem projectadas. É mesmo

Prado Coelho...

assim este conceito de “zona autónoma temporária”, como lhe chama

“Nós gostávamos que isto fosse a nossa casa”, diz Nuno Nabais.

o jornalista Jorge Pereirinha Pires, que empresta muitos dos filmes

“Temos programação para todas as noites até ao fim de Março, e

que passam na sala de cinema do Braço de Prata.

coisas boas, com grandes músicos. As exposições estão marcadas

“Aquilo que tenho achado mais piada é que na Ler Devagar e na Eterno

até Setembro, nas cinco salas de galeria. Tenho estado a funcionar

Retorno havia um determinado tipo de pessoas, e aqui são outras”, diz

como receptor de propostas de exposições, mas está a ter um tal

Zé Pinho, “não vêm só pelo aspecto cultural, vêm por causa de festas

sucesso que acho que temos condições para transformar este espaço

ou concertos e acabam por adoptar como um sítio a que voltam e onde

numa galeria de arte de intervenção, contactarmos artistas e fazer

marcam encontros.” Quando e como é que este espaço se tornou

do Braço de Prata um lugar de ataque, de provocação. Isso implica

um fenómeno de sucesso? Nunca se vai perceber muito bem, como

não estar simplesmente a receber mas ir também bater à porta de

qualquer fenómeno, mas Zé Pinho acha que foi a partir do momento

pessoas que respeitamos.”

em receberam “ali outro tipo de eventos, que foi desde Outubro.” De

Um dos fenómenos mais interessantes da Fábrica Braço de Prata é

dezenas de pessoas “passámos a centenas”, afirma, “gerir isto implica

o convívio entre gerações. Nunca foi tão intenso e tão natural. Numa

mais organização, e como é tudo precário, não vamos contratar mais

noite de sexta-feira é provável encontrar ali crianças a brincar numa

gente. Fica por fazer a divulgação e uma base de dados com moradas

sala, enquanto os pais assistem a um concerto, vêem um filme ou

de e-mail para mandar a programação, mas vamos ampliando a nossa

escolhem livros para comprar. Noutra sala, um grupo de jovens assiste

capacidade de organização de vários eventos ao mesmo tempo.” A

a um concerto de pop. Uma das noites memoráveis de Dezembro

venda de livros acompanhou o impulso do resto do espaço, por isso

passado foi a da Festa Paradoxal, organizada pelo Coral Paradoxal,

vão aumentar a parte da livraria. No espaço da galeria de street art,

do qual faz parte a escritora Luísa Costa Gomes. Ocuparam com

vão passar outros eventos. “Vai ser inspirador estar numa conferência

vários concertos de música electrónica e jazz as salas do edifício,

ou num concerto de fado rodeado de graffitis, é um lugar muito

enquanto o próprio coro, que ensaia no Braço de Prata às terças e

bonito.”, diz Nuno Nabais. No andar de cima, onde funcionam apenas

domingos, ia cantando pelos corredores e até dentro do bar, atrás

escritórios, está programada para um futuro muito próximo uma sala

do balcão. Nesse dia, a realizadora Margarida Gil visitava o espaço

de espectáculos e um restaurante de fondues. Apesar de precário, o

pela primeira vez e estava “maravilhada”, como afirmou. “Tem imensa

edifício parece ter ainda muito por viver. Como diz Nabais, “este risco

vida, nem parece que estamos em Lisboa, não há stress. Há bocado

tem a sua beleza.” E uma ponta de falta de controle num espaço que

estava a ouvir o coro e só me apetecia ir para lá cantar!”

ganhou vida própria também tem o seu encanto.



ilha da fantasia

É impossível não ficar deslumbrado com a sala do Michel, um polo independente

da Fábrica Braço de Prata. A viver há 30 anos em Portugal, este músico, performer e artista plástico parece ter encontrado um espaço com o qual se identifica totalmente. Na sala que escolheu para ocupar, foi ao longo dos meses espalhando as dezenas de objectos antigos que tinha guardados em casa. “Foram todos comprados na Feira da Ladra, isto tudo faz parte da minha vida”, conta Michel. “Já fui um coleccionador compulsivo, agora estou melhor.” O espaço do Michel chama-se Pétaouchnok, expressão francesa do século XVIII que significa “lugar de que sempre se falou mas que nunca existiu.” Ali, vai alternar instalações de artes plásticas com performances de teatro, música, dança e novo circo. A partir de Janeiro, vai ter uma programação semanal com diferentes nomes. “Vou trazer alunos de filosofia e artes plásticas”, diz Michel. “Todos os que quiserem exprimir alguma coisa. Vai ser um espaço de criação, com muita alegria.” Por enquanto a instalação da sala é a “Nostalgia – uma paragem no tempo”, onde Michel também vende livros antigos, sempre em versão de leilão, mas em breve a transformação vai ser completa. “As pessoas transmitem-me muito as emoções quando entram aqui”, diz, “isso é muito bom. O que gosto neste espaço é que toda a gente vem cá para ficar bem disposta, e voltam com os amigos.”


arte urbana

Em Dezembro passado, a Fábrica Braço de Prata acolheu o projecto VSP – Visual Street

Performance –, um colectivo de artistas de graffiti e street art que já passou duas vezes pelo espaço Interpress, no Bairro Alto, numa exposição que se tornou um acontecimento anual nesta área das artes plásticas. Desta vez, o espaço Braço de Prata permitiu uma maior expansão de performances. Na inauguração, graffiters criavam imagens em tempo real, projectadas em telas ao som de DJs de scratch como Ride. Cá fora, os muros eram telas, acessíveis a um público pouco habituado a ver de perto graffiti que não seja os tags que poluem as ruas da cidade. Mais uma vez, o Braço de Prata misturava artes. Como diz RAM, um dos intervenientes da VSP, “é uma fusão de mundos que aqui acontece”, experiência que quer manter. Entraram em acordo e resolveram que o colectivo não vai sair dali, e assim nasceu a primeira galeria de graffiti e street art do País. “As paredes são deles”, diz Zé Pinho, “o chão também é nosso, vamos pôr aqui concertos e outros eventos.” A galeria ainda não tem nome, mas RAM afirma que os objectivos são concretos, e que pretendem que seja um meio de “divulgação de artistas nacionais e estrangeiros”.


www.benjaminbiolay.com

benjamin biolay

yéyé


música É referido como um sucessor à altura de Serge Gainsbourg. No álbum ‘Trash Yé-Yé’, Benjamin Biolay também tem um dueto com a que já foi sua companheira, Chiara Mastroianni Foi lançado em Setembro mas isso não o impediu de fazer parte de

caso de ‘Jules et Jim’. Não é por acaso que Biolay tem uma paixão

uma série de listas como um dos melhores do ano de 2007. O álbum

assumida pelo cinema, e já participou inclusive num filme na qualida-

‘Trash Yé-Yé’ de Benjamin Biolay cativou tanto o público como a críti-

de de actor.

ca com a chanson francesa agora reinventada.

Quando o canal de divulgação cultural on-line evene.fr lhe perguntou

Depois de um álbum anterior menos conseguido e das desavenças

se o trash yé-yé seria um género que desejaria ter criado, Biolay res-

com a imprensa francesa – Biolay foi casado com a actriz Chiara Mas-

pondeu ser-lhe um género familiar há muito. Acrescentou ainda que o

troianni – o autor está de regresso, inspirado com este ‘Trash Yé-Yé’.

inventor do estilo foi Morrissey, então vocalista dos Smiths. “Histori-

Os amantes oferecem-se este disco, a voz rouca – por vezes sussur-

camente, ele adorava Sandie Shaw, que é, quanto muito, uma cantora

rada – de Biolay lembra um Gainsbourg sensual e até mesmo sexual.

yé-yé, mas eu não me reconheço no yé-yé! Os Smiths sempre tiveram

Há quem o denomine como o novo Serge. Os duetos com a cara-

temas muito ritmados, uma ambiência bastante açucarada e riffs mui-

metade também lá estão. Biolay canta ‘Paris, Paris’ com a ex-mulher,

to dançantes”, referiu. “Uma via muito lírica que contrabalançava com

Chiara. Já quando começamos a ouvir o tema ‘Dans La Merco Benz’,

as letras abomináveis, definitivas, lapidares, insubmissas, muito anti-

as primeiras sonoridades remetem-nos para a world music à maneira

sociais, por vezes anti-clericais. É ele o Deus do trash yé-yé!”

de Manu Chao, mas, quando a voz e a letra chegam, conferem-lhe outro tom – o da paixão, do amor, do segredo. A aura deste quinto álbum ronda o sombrio, o melancólico. Mas trata-se de uma melancolia no sentido de uma qualquer procura interior, de uma busca existencial – nostálgica, mas ao mesmo tempo doce e límpida. “Lançar-se nesta espécie de périplo introspectivo é uma decisão desfeita por uma mescla paradoxal de inocência e de animalidade”, refere Biolay na nota de intenções do álbum, revelada no site do compositor. “Não me recordo de ter sido infeliz ou colérico, apenas um pouco depressivo. Um provérbio regional diz que é sempre necessário acariciar o cão que nos mordeu de véspera.” ‘Trash Yé-Yé’ apresenta uma sonoridade muito cinematográfica, seria a banda sonora perfeita para os filmes de Serge Truffaut, como é o


www.uva.co.uk


A luz e a tecnologia são as ferramentas de trabalho do colectivo londrino United Visual Artists. Já trabalharam para museus como o V&A ou o Tate Modern

performance

Podíamos dizer que fazem imagens através da luz. A ideia é criar experiências e ambientes em tempo real, que proporcionem algum tipo de interactividade com o espectador. As colaborações do colectivo United Visual Artists passam pela música, arte, performance e design de espaços. Um dos primeiros trabalhos de relevância do colectivo sediado em Londres foi a colaboração com os Massive Attack, quando desenhou toda a parte de VJaying da tour ‘100th Window’ em 2003. Pensaram em grandes painéis que funcionavam como a componente visual da actuação da banda de Bristol e exploravam o mundo da informação digital, com dados desde a bolsa de valores às previsões do tempo. Tudo traduzido em 36 línguas. O palco era como se fosse um grande centro de operações. As informações eram actualizadas diariamente e incluíam especificações sobre cada local onde o concerto estava ser dado.


Os clientes do United Visual Artists incluem agora nomes do mundo da moda como Prada. As instalações são também uma área onde o colectivo tem dado que falar. Como é o caso do trabalho efectuado para o museu Victoria&Albert, em Londres. Uma parceria com a PlayStation, chama-se ‘Volume’ e a ideia é criar um ambiente de luz e som que reaja ao movimento humano. “Deram-nos criatividade total para criar uma instalação de três meses no jardim John Madejski: o coração simbólico do edifício”, referiu Matt Clark, um dos fundadores do UVA, à edição de Outubro passado da revista Creative Review. “Queríamos criar uma experiência que fosse uma resposta em permanente mudança a ser influenciada pelos visitantes. Por isso decidimos criar a volumetria de uma espécie de floresta, que consiste em 46 colunas de LED, da qual cada pessoa pudesse retirar a sua própria experiência – sozinha ou em grupo”, explicou Clark. “Simulamos tudo o que fazemos em grande detalhe, mas não há maneira de perceber como é que 46 canais de luz e som vão funcionar até se ter realmente construído a instalação.” Um dos trabalhos mais recentes dos UVA chama-se ‘Triptych’, realizado em Outubro de 2007. O colectivo considera-o a próxima fase das suas explorações artísticas e conceptuais no que diz respeito a esculturas de LED. Trata-se de um tríptico, composto por painéis de luz que reagem ao movimento das pessoas a aproximar-se deles. Foi uma encomenda a propósito da Nuit Blanche, a noite dos museus parisienses.



Um mês antes, o United Visual Artists fez uma espécie de VJ/DJ battle com os Chemical Brothers. Em Trafalgar Square, a actuação incluiu uma autêntica constelação de luzes que inundavam a praça mítica de Londres. Esta performance em dueto foi encomendada pelo Institute of Contemporary Arts, a propósito das comemorações do seu 60º aniversário. Também de Setembro de 2007, o projecto para os Battles foi comissariado pela Warp Films e tratou-se da primeira promo para música com actuação em tempo real feita pelo colectivo. O single intitulava-se ‘Tonto’. Trata-se de uma espécie de documentação da maratona de uma performance de onze horas da banda, retratada através de LED, apoiada por um conjunto de peças em time lapse. Há também propostas mais comerciais a que os UVA dão resposta. É o caso do bar Kabaret’s Prophecy, cujas paredes estão revestidas com instalações de LED – são elas a principal fonte de luz do espaço, cuja intensidade varia consoante o ritmo que se lhes quiser proporcionar. Em 2006, o Tate Modern encomendou-lhes um trabalho para a Turbine Hall, que veio a chamar-se ‘Echo’. Os United Visual Artists trabalharam com o grupo de dança, os Mimbre, que actuaram em frente de um LED de oito metros de altura. Os movimentos dos corpos eram captados em 3D através de uma câmara e projectados no ecrã em tempo real. Daí o ‘Echo’, os movimentos dos Mimbre ecoavam no painel gigante por trás deles. “A grande parte do nosso trabalho é baseada na instalação ao vivo, quer seja para performance ou contexto de galeria. A luz é um medium muito poderoso, tanto a nível das suas qualidades emocionais como na forma como podemos controlá-la para alterar um ambiente físico”, refere Matt Clark na mesma publicação. “As pessoas são atraídas pela luz ao nível mais simples: ela tem o seu quê de qualidade mágica inexplicável.”







1988. A União Soviética dá início ao processo da Perestroika, o filme O Último Imperador de Bernardo Bertolucci ganha nove Oscars, os Jogos Olímpicos decorrem em Seul. Três amigos tomam um copo no Pavilhão Chinês e encontram um nome para a produtora de filmes publicitários que queriam formar: Krypton. Comemorava-se nesse ano o quinquagenário do Super-Homem. Passaram 20 anos desde que João Matos, José Cruz e Francisco Vasconcelos idealizaram a Krypton, mas a filosofia de uma das produtoras mais emblemáticas do mundo publicitário português mantém-se fiel desde o seu início: marcar a diferença. Foi assim com o filme realizado para a Agros em 1989, que revolucionou o vídeo institucional em Portugal e por isso ganhou o prémio do US Industrial Film and Video Festival. Foi assim com os memoráveis Vamos Nessa Vanessa para a Piaggio, Cão e Pulga para a NovaPublicidade, Vaca para a então Telecel, Baleia da Optimus, Anjos da Superbock, Namorados da TMN, Folha para a EDP, BES 360º, Menina do Gás da Galp, privatização da PT, Duplica-te também para a Optimus, Duplos da Worten… São muitos, demasiados para numerar todos. Mas esta não é a única área por onde a Krypton se move. Os videoclips têm uma importância vital na história da empresa, porque a sua postura no mercado foi a de se assumir sempre como inovadora. Por isso, começou logo a fazer não só publicidade e institucionais como também vídeos de música. O primeiro foi para os Ban: Ideal Surreal. Mas seguiram-se outros igualmente emblemáticos. Quem não se lembra do Tás na Boa para os Da Weasel, onde pela primeira vez se viu uma produção estrondosa com insurreições de rua e carros de polícia anti-motim, numa linguagem que fazia lembrar o melhor que se fazia nos Estados Unidos para o mundo do hip hop. Houve outros videoclips igualmente importantes como Haja o que Houver dos Madredeus ou The Beauty of You para os Coldfinger. As curtas-metragens são outra área inevitável a explorar. O Ralo provocou sensação no Festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde e Acordar foi uma encomenda por parte da organização da Porto 2001. São autênticos tubos de ensaio, servem de experimentação a novas linguagens que podem ajudar a inovar na própria publicidade.


about us

miguel rangel director de Marketing Continente A Krypton sempre representou uma garantia de trabalho bem executado, com uma equipa de produção experiente e de confiança. No caso do Continente acompanhou alguns

joão vilela director-geral da Krypton e sócio maioritário Gostava de saudar em primeiro lugar todos aqueles que ao longo destes 20 anos têm de alguma forma colaborado com a Krypton e permitiram que a Krypton se elevasse ao estatuto de produtora de primeira escolha. Numa conjuntura, nem sempre favorável, a Krypton tem vindo a consolidar-se como projecto de qualidade reconhecido no mercado nacional e internacional. A manutenção

projectos relevantes para a marca dos quais realço a produção do filme “isqueiros” que celebrava, em 2005, a abertura do 1º hipermercado Continente na cidade do Porto, bem como o filme “bandeira” em 2004, que certamente ajudou em muito a que nesse Verão se vendessem mais de 850 000 bandeiras nas lojas Continente. Se pretendesse resumir numa palavra o trabalho da Krypton seria a palavra Qualidade a que escolheria. Um abraço a todos e Parabéns à Krypton.

deste estatuto não é tarefa fácil e não pode depender exclusivamente das mais-valias adquiridas neste longo trajecto. Tal estatuto exige esforços pessoais acrescidos e uma dedicação incondicional; apesar de os resultados obtidos nestes primeiros 20 anos serem de facto muito positivos e animadores, não são, de modo algum, suficientes. Há que prosseguir no caminho traçado, aprofundando a nossa capacidade de inovação, integração e leitura das necessidades e mutações do mercado, tentando antecipar as respostas necessárias ao bom

pedro bidarra vice-presidente BBDO Nas indústrias da criatividade, a longevidade depende de algo que está acima do talento. Dura um ano ou dois nesta indústria quem tem uma ideia. Às vezes basta uma para prolongar a carreira um bom par de anos. Dura talvez meia dúzia de anos quem tem um ponto de vista geracional, quem é porta-voz da

desempenho da nossa actividade. Assistimos nos últimos 20

moda, das tendências dos tiques e dos gostos da última geração.

anos a mudanças profundas tanto no que respeita aos meios

Uma coisa que passa assim, que passa a frescura e outra

tecnológicos como à metodologia de produção e às regras do

geração surge. Para se durar uma dúzia de anos já é preciso

próprio mercado. Orgulhamo-nos pelo facto de a Krypton se

o talento, que é cultura, conhecimento e invenção. Vinte anos

manter na vanguarda – a isso se deve a paixão com que vivemos

é muito tempo e para sobreviver tanto tempo na indústria

esta profissão e a total dedicação de uma equipa empenhada

da criatividade é preciso algo mais que apenas esse talento.

em produzir com o máximo de qualidade.

É preciso que a companhia cultive esse talento i.e. que o talento

A todos o nosso muito obrigado.

seja a cultura da companhia. Ora a Krypton vive há 20 anos. Está tudo dito.

ricardo estevão sócio-gerente da Krypton

luís rodrigues

Prestar um depoimento destes nem sempre é facil, todavia

marketeer do ano, Portugal Marketing Awards 2007

a tarefa torna-se mais fácil quando estamos entre amigos.

A Krypton faz 20 anos? Não pode ser. Para uma produtora em

O registo, mais do qualquer coisa, é de agradecimento.

Portugal fazer 20 anos era preciso ser feita por pessoas

Agradecimento a todos os que fizeram crescer a Krypton

consistentemente especiais. E isso não existe! Tenho a certeza

de alguma forma nos bons e maus momentos.

que é mais um daqueles efeitos especiais que nos leva a acreditar

Venham mais 20.

em coisas inverosímeis! A Krypton faz 20 anos! Tá bem tá...!


judite mota

miguel ralha

directora criativa Young & Rubicam

director-geral McCann Erickson

Lembro-me bem da primeira vez que trabalhei com a Krypton:

A Krypton é sem dúvida uma produtora de referência no nosso

o orçamento era ridículo (para não dizer inexistente)

mercado e que muito contribui para o desenvolvimento

e o timing impossível. Como nem tudo podia ser mau,

da produção dos filmes publicitários, ajudando-nos a estar entre

a ideia era engraçada e o entusiasmo muito. O actor principal

os melhores. Significa que são sinónimo de qualidade

chamava-se Roadie e era o Golden Retrivier do... João Vilela.

e profissionalismo garantidos em cada projecto que desenvolvem,

A actuação foi fabulosa e o filme acabou por ganhar um monte

com uma equipa muito divertida e cheia de energia. Têm uma

de prémios, o que como primeira experiência não podia

importância muito grande pelo valor acrescentado que trazem

ter sido melhor. E as seguintes nunca não foram piores.

a todos os projectos que estão envolvidos. Dos 20 anos

Parabéns à Krypton.

de Krypton, posso dizer que há pelo menos 15 que trabalhamos juntos e com muitas produções feitas.

diogo anahory director criativo McCann

edson athaide

20 anos!!! Quer dizer portanto que eu ainda tinha buço já vocês

vice-presidente criativo, Ogilvy Portugal

andavam a gritar ‘check the gate!’.

“20 anos? Já? Mas a Krypton parece sempre uma produtora tão

Pois então que venham mais 20 anos de grandes filmes!

nova, tão fresca, tão moderna. 20 anos. Bem, se calhar a Krypton

Muitos parabéns!

não envelheceu (diferente de mim, da Linda Evangelista e de boa parte da claque do Benfica). Num mercado onde não são raras as produtoras cometas (que ascendem meteoricamente, desfilam

jorge teixeira

as suas caudas brilhantes, cheias de poeiras de estrelas, para depois desaparecerem no limbo), saber que uma produtora

director criativo DDB

completa duas décadas, e continua pronta para as curvas,

1988. Eu cá ainda não era nascido. Para a publicidade,

é obra. E, por falar disto, tenho que falar um poucas das obras

entenda-se. O Gorbachov nascia para a Perestroika.

que fiz com ela. Sei que pode parecer graxismo para

Madonna nascia virgem para o Mundo. E o We are the World

a aniversariante, mas não é. A Krypton sempre se portou muito

nascia no Live Aid. Nascia uma produtora em Lisboa. Nascia

bem comigo e a meia dúzia de spots que nasceram das nossas

um jogador do Clube de Futebol Andorinha de Santo António.

parcerias não só ficaram mais do que boas, como motivaram

Mais uma produtora, mais um jogador da bola. Ambos só

a satisfação alargada dos meus clientes, além de prémios

vencerão se tiverem talento. Muito. Se trabalharem. Muito.

em vários festivais internacionais. Agora mesmo, tenho

Se forem ágeis, rápidos. Se tiverem uma boa equipa.

um spot assinado pela Krypton a rodar o mundo, através

Se tiverem sorte. Se aguentarem caneladas. Se baterem

da MTV Internacional e a ganhar prémios por onde passa.

a concorrência. E conquistarem fãs.

Ganhou, por exemplo, o troféu de Melhor Spot Português

Em 1988 nascia a Krypton e o Cristiano Ronaldo.

de 2007 no ‘El Ojo de Iberoamerica’, através da votação

E andam cá há 20 anos a mostrar que não são

dos publicitários locais (o que só demonstra o mérito da Krypton,

apenas mais um. Já tive a sorte de trabalhar com uma e outro.

pois o pessoal aqui da aldeia não costuma dar-me prémios...).

Ao Ronaldo pedi-lhe um autógrafo. À Krypton é um prazer

20 anos. Passam rápido. Passaram rápido. Espero que

assinar os seus filmes.

os próximos 20 também.”


krypton vinte anos

susana sequeira

vasco perestrelo

directora criativa e sócia Partners

vice-presidente Euro RSCG Lisboa

Eu e a Krypton estivemos muito próximas quando ela tinha para

A krypton faz 20 anos? Impressionante como o tempo passa.

aí 14 ou 15 anos e eu estava na YR. Tal como é próprio dessa idade,

O meu primeiro contacto com a Krypton não teve nada

a Krypton era uma produtora descontraída, divertida, sem medo

a ver com o mercado publicitário mas sim com o da indústria

de arriscar e muito à frente. Fizemos filmes para a Telecel, Porto

musical. Data de há alguns anos atrás era eu Director

2001 e divertimo-nos bastante....enfim foi uma época marcante

de Marketing da BMG, uma editora discográfica. Nos anos 90

para todos. Aos 20 anos, só posso fazer votos de que a Krypton

o videoclip “ainda” era uma ferramenta fundamental

continue a crescer e que mantenha o espírito dos 15 anos. E fico

na promoção de um artista ou disco e quando se tratava

muito contente por já não habitarem numa casa assombrada!

de artistas nacionais iniciou-se um processo de recorrer a produtoras de publicidade para tentar “aumentar” a qualidade dos videoclips. Ora, já nessa altura a Krypton

rui soares

era uma referência e ficou no meu “top of mind”. Só voltei a ter contacto passados alguns anos (já depois de estar

criativo Partners

na SportTV e PT Multimedia), em 2003, quando vim

20 anos de produções, de realizações, de dias sem parar, de noites

trabalhar para a Euro RSCG. E aqui apenas posso constatar

sem dormir. 20 anos com bons momentos, 20 anos com maus

que a Krypton sempre se manteve como referência

momentos mas acima de tudo 20 anos. 20 anos a descobrir actores,

no que se refere a qualidade de produção e realização

a inventar ambientes, a mostrar o mundo que todos conhecemos

de filmes publicitários. Neste mercado, que vive muito

de um novo ângulo: aquele ângulo que sempre esteve lá mas que

de relacionamento entre pessoas, é muito difícil manter

só alguns o conseguem ver. Celebrar 20 anos com saúde neste

um padrão de qualidade constante e acima da média,

meio parece ser um aniversário de 20 que vale por 100. Eu só

seja numa agência de publicidade seja numa produtora

pertenço a este universo há 13 anos mas cresci muito com os 20

gráfica ou audiovisual. O maior elogio que posso fazer

da Krypton. Obrigado por tudo e que daqui a 20 anos possam

à Krypton é agradecer por ter conseguido sempre

publicar este texto tendo só que mudar um algarismo.

“melhorar” de forma significativa as ideias que produziram para nós. Muitos Parabéns!

helena simas directora de comunicação PT É muito fácil falar sobre o que se gosta e é sem qualquer dúvida

carla marques

que digo que a Krypton é uma GRANDE produtora, não pela

directora de comunicação Sapo

dimensão, mas é GRANDE, muito GRANDE em QUALIDADE! No

O Krypton para mim representa a primeira vez... a primeira

processo de produção de filmes corre-se contra o tempo, não há

de muitas aventuras no Mundo da realização de filmes

espaço para errar, controlam-se os dias, as horas e os minutos até

publicitários. Foi com a Krypton que fiz o meu primeiro filme...

à entrega das bobinas nas estações... A Krypton é a garantia de um

foi para o Sapo, já lá vão 7 anos… Por isso mesmo a Krypton

excelente produto final. É essa a nossa experiência, a de uma

é especial...

parceria que trouxe óptimos resultados de recordação para a marca

Parabéns pelo excelente trabalho que têm realizado ao longo

e impacto muito positivo no negócio da PT. Ainda bem que

destes 20 anos...20 anos que coincidência, a minha idade :)

existem... espero poder contar convosco por + 20 + 20 + 20 anos...

Beijinhos para toda a equipa da Krypton.



krypton vinte anos



krypton vinte anos



krypton vinte anos



obrigado a todos o nosso


www.thomasheatherwick.com

hea ther wick


Um documentário comparou-o a Leonardo Da Vinci. Mistura design, arquitectura, arte e engenharia. Thomas Heatherwick é o inventor de quem se fala no mundo das artes

arte

Arquitectura, escultura, infraestrutura urbana, design de equipamento. É a trabalhar nestas diferentes áreas que Thomas Heatherwick tem impressionado o mundo. Sediado em Londres, é redutor catalogar Heatherwick de arquitecto, quando dos seus projectos mais sonantes fazem parte uma escada de aço ondulante de 55 toneladas em Nova Iorque, uma ponte hidráulica num canal em Londres que se enrola numa bola ou uma escultura que é a mais alta de Inglaterra. Numa época em que a criatividade se rendeu ao cruzamento de linguagens, Heatherwick mistura arte, design e arquitectura com engenharia. A BBC retratou-o há um ano num documentário e intitulou-o de ‘The Ingenious Thomas Heatherwick’. ‘Ingenious’ junta os termos genious e engeneering, o que demonstra uma apreciação bastante positiva pelo seu carácter inventivo. No documentário, o autor compara Heatherwick a Leonardo Da Vinci, também ele inventor que explorou diferentes áreas. “No exercício de uma profissão, sentimo-nos como que um recipiente, a tentar implementar pensamentos que são acumulações de influências de muitos indivíduos. Conheço pessoas que têm ideias brilhantes mas não conseguem fazer as coisas acontecer, falta-lhes esse bocadinho. Eu sinto ser o meu dever ajudá-las a implementálas”, referiu Heatherwick em entrevista à revista Icon. De 38 anos, Thomas Heatherwick tem um estúdio junto a King’s Cross Station e considera-o um projecto de pesquisa em si. O documentário mostra que essa acumulação de referências se joga na forma como trabalha: os brainstormings, os diálogos com a equipa.



No website, pode escolher-se os projectos por escala, e o documentário sugere que essa é uma estratégia criativa. Capacidade inventiva aliada a uma imaginação fora do comum, onde a escala desempenha um papel-chave na cultura de projecto. De um origami em espiral feito numa folha A4 resulta um sistema de ventilação perto da catedral de St. Paul, em Londres. Além da escala, outra categoria de pensamento usada por Heatherwick é a transposição de conceitos de uma situação para outra. Um sacerdote budista propôs ao estúdio a construção de um templo na província de Kagoshima, Japão. Uma estrutura rígida e formal parecia não satisfazer a equipa. Heatherwick lembrou-se das características do tecidos das vestes dos sacerdotes – rígidos, de estrutura definida. O projecto, ainda em desenvolvimento, prevê um templo cuja cobertura é inspirada precisamente em tecido. As escadas da loja da Longchamp em Nova Iorque são outra das obras emblemáticas de Heatherwick, pelo impacto e surpresa que provocam. A ideia é precisamente desviar a atenção dos clientes do facto de terem de subir um lanço de escadas para aceder à loja que se situa no segundo andar. Por isso, o artista inglês decidiu criar umas escadas, de 55 toneladas de aço, que simulam uma paisagem natural – um misto de escadas com rampas, com caminhos. Heatherwick encontra criatividade nos próprios constrangimentos, como foi o caso da ponte concebida para um canal em Londres. Uma vez que o local não permitia uma ponte elevadiça, a solução foi enrolá-la. E fica transformada numa bola. Trata-se de não se limitar às convenções e ir para além delas. Como é o caso do monumento desenhado para celebrar os Jogos da Commonwealth decorridos em Manchester em 2002. Heatherwick quis ir contra o tipo de monumentos que normalmente celebram eventos ou figuras desportivas – sempre objectos passivos que celebram paz e harmonia. Heatherwick criou uma estrutura, considerada a escultura mais alta de Inglaterra, que mostra o lado mais hormonal e explosivo do desporto.


o corpo dança na cozinha de pedro cláudio Pela manhã fixa imagens, nas fotografias. À tarde ocupa-se de vide-

que até aí havia sido gordinho, passei a ser magrinho. Senti uma im-

oclips ou filmes publicitários. À noite, cozinha e dança, não necessa-

potência muito grande. Senti-me frágil.

riamente por esta ordem. Às vezes também conversa.

Que satisfação retira do acto de dançar? A dança ajuda-me a viver uma série de emoções. Intensifica-as. Há

Alguma vez encontrou alguém que tivesse achado extremamente

danças lentas e rápidas, enérgicas e tranquilas, e de todas elas é

parecido consigo fisicamente?

possível retirar algo de estimulante. Gosto de dançar funk, mas um

Sim, numa fotografia. Reconheço muitas vezes coisas em determina-

gesto próximo do silêncio também pode ser excepcional. Valorizo a

das pessoas que consigo dizer que são minhas.

expressão humana, o corpo, a voz, o olhar.

Consegue reconhecer-se nos outros, logo, tem uma imagem de

Dança sozinho, em casa, na cozinha, por exemplo?

si próprio. Como é que se descreveria?

Sou capaz de o fazer, porque não? Ligo muito as minhas expressões

Não consigo descrever-me, mas tenho consciência que, entre a forma

de humor à performance corporal. Mesmo no trabalho, para exempli-

como eu me imagino e aquilo que sou, realmente, verdadeiramen-

ficar qualquer coisa, acabo por ser muito expressivo.

te, devem existir muitas diferenças. Em algumas pessoas identifico

E cozinhar, gosta?

pedaços delas que relaciono comigo. É esse olhar reflexivo que me

Sim, para os outros. Sou intuitivo e tenho algum conhecimento empíri-

ajuda a construir uma imagem de mim.

co, coisas que li, que vi, segredos da minha mãe ou coisas que apren-

Num corpo, o que lhe chama a atenção de imediato?

di com os amigos. Há uma dose de improviso naquilo que faço, ao

Todos os aspectos que fogem aos cânones da normalidade. Pode ser

mesmo tempo que tento fazer aquilo que me parece o mais adequado

uma silhueta, um aspecto da face, os olhos ou o cabelo. Agradam-me

para quem estou a cozinhar. É uma cozinha com objectivo social.

pessoas que são capazes de transmitir intencionalidade nos gestos e

O que o atrai num prato, à primeira?

expressões. Podem estar em movimento ou paradas, mas essa atitu-

O cheiro, o aroma. Logo de seguida a cor e a textura.

de tem que ser significativa.

Era capaz de comer uma sopa lilás?

Alguma vez sofreu uma alteração corporal brusca?

Sim, desde que cheirasse bem.

Aos 4 anos estive de cama durante 3 meses. Quando me curei, eu,

Por Vítor Belanciano





sacos McCANN

www.mccann.com


Director Criativo António Bezerra Director de arte Pedro Morgado Copy Pedro Dias Produtor Duarte Azevedo

A McCann decidiu reutilizar os mupis das campanhas que realiza para criar sacos que fazem parte do estacionário da empresa

ideias

Fala-se há vários anos em reciclagem, mas não se tem apostado num outro conceito que se revela mais importante ainda: o da reutilização. Nem todos os materiais são recicláveis, como é o caso dos mupis. A McCann teve a ideia de aproveitar as impressões de diversos trabalhos da agência para fazer sacos que são agora parte do estacionário da empresa. A indústria da publicidade gasta toneladas de papel e tintas que têm um impacto ambiental pesado, apesar de o suporte digital estar a assumir um papel cada vez mais importante. O que fazer com o desperdício que utilizamos? “O surgimento da ideia dos sacos prendeu-se basicamente com duas questões: a necessidade de fazer uma peça na agência que transportasse materiais como maquetas e a urgência de pensar em assuntos de sustentabilidade ambiental”, refere António Bezerra, da McCann. “Avaliámos o impacto ambiental que a agência tem e criou-se aqui uma conjuntura.” O design dos sacos ficou a cargo dos próprios criativos da McCann, cuja ideia surgiu no Verão passado mas foi posta em prática em finais de Novembro. Tiveram de estudar o ciclo de vida de um mupi, aperceberse do processo de recolha, proceder ao esticamento, seleccionar as partes, cortar, colar, colocar a asa. Cada saco tem um sticker que, além de introduzir o branding da McCann, explica de forma clara que o saco é para ser usado até à exaustão e não apenas uma vez. E foi um sucesso. Os clientes adoraram. Ficam tão satisfeitos que pedem várias unidades de sacos que tem excertos das campanhas das suas empresas. O facto de cada saco ser único é outro dos factores de adesão ao objecto. Há inclusive criativos que personalizam ainda mais os seus sacos através de desenhos que fazem a marcador.


boom book


O Boom Festival começou há dez anos e fez um livro para assinalar a data

livro

Reúne antropólogos, jornalistas, designers, poetas, musicólogos, ilustradores e fotógrafos, vindos de vários pontos do mundo – Canadá, Brasil, Inglaterra ou Austrália. O projecto Boom Book foi desenvolvido ao longo de 2007 a propósito do décimo aniversário do Boom Festival. Trata-se de uma edição de autor e foca aspectos desenvolvidos pelo evento durante a sua década de existência, como é o caso da consciencialização ecológica. “O Boom Book surge numa altura em que sentimos a necessidade de criar uma marca na consciência colectiva, através da materialização do que consideramos ser as nossas directrizes para o futuro”, refere Diogo Ruivo, produtor do festival, na nota introdutória do livro. O Boom Festival começou por ser um evento de música que pretendia reunir as várias comunidades de trance do mundo inteiro numa floresta a alguns quilómetros a sul de Lisboa. Havia duas pistas e uma área de chill out, além das zonas de acampamento e restaurantes vegetarianos. Associada a vários movimentos activistas, a Good Mood Productions fez evoluir o conceito do festival para uma plataforma de criatividade tanto de divulgação artística como de desenvolvimento de ideias ligadas à realidade do planeta. Se na segunda edição, 1998, participaram 5000 pessoas, em 2000 o número ascendia aos 10 500. Foi neste ano que o festival abriu portas ao trance psicadélico. Hoje, o Boom Festival assenta numa noção de sustentabilidade em que todo o evento é produzido sem recurso a patrocínios visíveis de marcas. Em todo o recinto não se vê um único logótipo comercial. Foi desenvolvida toda uma perspectiva holística para o festival e, em 2004 por exemplo, explorou-se os temas da água, fogo, ar, terra e éter. O Boom Festival é hoje um verdadeiro melting pot de ideias e culturas: instalações artísticas pontuam todo o recinto, desde performances a estruturas interactivas. A próxima edição decorre de 11 a 18 de Agosto, nas margens do lago de Idanha-A-Nova, na Beira Baixa.


Nathalie Portela

nuno


last chance

30 anos, The Gift

gonçalves 1. O que é que mais o fascina num anúncio de tv? 2. O que é que mais o irrita num anúncio de tv? 3. Existem boas campanhas televisivas a divulgar música – bandas, álbuns, concertos? 4. Comprou algum presente de Natal porque o viu anunciado na televisão? 5. Um desejo para 2008, direccionado ao mundo da publicidade?

1. O ritmo e um final inesperado. O enaltecer das qualidades do produto ou instituição ou serviços em breves segundos. O reviver de uma situação que possa ter acontecido comigo mesmo ao consumir tal produto. 2. As cópias musicais que se fazem muitas vezes para não utilizar originais. Isso aconteceu com uma das canções dos Arcade Fire e achei gravíssimo. Perde a marca. 3. Se a campanha servir o artista sim. Se for o oposto não. É bom saber que a Coca-Cola usou uma música dos The Gift, mas seria mau a música dos Gift ser a música da Coca-Cola.... Mesmo assim preferíamos Coca-Cola a Pepsi.... 4. Não. Sou influenciado pelo impulso e a tv não me dá esse mesmo impulso. Sou mais influenciado pela exposição em loja ou através de anúncios de revistas. Acho a publicidade de tv demasiado massiva para os produtos que poderia oferecer. 5. Que sejam cada vez mais originais e que não tomem o consumidor como populista ou pouco inteligente. Que se termine de vez com a máxima “é disto que o povo gosta”. Perceber que o povo é cada vez mais inteligente e imune a gato por lebre...


www.kryptonproduction.com




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