Revista fotografante

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Editorial

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leitor tem em sua tela a primeira edição da Revista Fotografante, projeto de extensão ligada à disciplina Fotojornalismo, do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão. É um sonho gestado desde meados de 2014 e que a turma 2016.1 conseguiu realizar. Primeiro, foi necessário vencer as dificuldades técnicas: falta de equipamento profissional para o processo de ensino-aprendizagem. Graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão, Fapema, foi possível comprar quatro câmeras profissionais e partir para o mundo fora da sala de aula, fora dos livros-textos, fora dos muros da cidade universitária. Animados com as possibilidades de aprendizado abertas, os alunos conseguiram organizar uma expedição fotográfica nos municípios de Morros e Icatu, próximos da capital do Estado. O resultado desta expedição o leitor acompanha por meio dos ensaios publicados nesta edição. Além dos ensaios da expedição fotográfica, há também outros dois trabalhos. O primeiro é um pequeno documentário sobre um belo trabalho so-

Expediente cial de conscientização dos direitos da criança e do adolescente realizado pela UNICEF durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro. O outro é um ensaio com comparações entre São Luís e Lisboa, com fotografias feitas no centro histórico tipicamente português da capital maranhense. A Revista Fotografante também é um espaço de pensamento crítico sobre a fotografia. Por isso, publicamos pequenos artigos dos alunos sobre essa atividade tão apaixonante. Um dos textos faz uma reflexão sobre a popularização da fotografia a partir dos anos 1990. Outro trata da inserção da mulher nesse universo profissional. Há também um texto sobre o fotojornalismo no Maranhão e um trabalho artigo que mostra o trabalho de um reconhecido fotojornalista que atua na imprensa local.

Camila Silva Lima Carla Bianca Barros Câmara Edvaldo da Silva Goulart Fernanda Melo Assunção Joelson Augusto Lopes Juliana Andrade Ribeiro Leitão Klicya Irlanna dos Santos Nogueira Li-Chang Shuen Cristina Silva Sousa Luana Lima Alves Maiara do Nascimento Pacheco Petronilio Filipe Costa Ferreira Rainer Breno Frazão Sousa Stephany Rodrigues Pinho Thayane Maramaldo da Silva Yara Cristina Mendes da Silva Yasmin Ruth Paiva Martins

Desejamos uma ótima leitura. www.labjor.ufma.br @labjor.ufma

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se tornasse cada vez mais acessível e trazidos pela popularização da fotoque caísse ainda mais no gosto popu- grafia para os profissionais? Que papel lar. A produção fotográfica passou a se essa democratização cumpre na cres“Você aperta o botão, nós fazemos o resto” tornar ainda maior, embora a impres- cente cultura de “ode à imagem” da são (“revelação”) não acontecesse em chamada Idade Mídia? Até que ponto o século XIX a fotografia era U$$1,00. Eastman investiu fortemente grande parte dos casos. O estigma da isso é benéfico? Hoje há uma ampla gama de uma atividade para poucos, em publicidade e criou o slogan “você fotografia apenas enquanto um hobby por exigir conhecimento nas aperta o botão, nós fazemos o resto”, para as classes altas começou a ser aos ferramentas e equipamentos que permitem que qualquer pessoa possa tirar áreas da física e química, demandar que marcou o início da popularização poucos derrubado. O debate acerca da democra- uma foto – smartphones e câmeras ditempo de registro e revelação e altos da fotografia, afinal, seu objetivo era gastos com equipamento. As primeiras “fazer a fotografia tão conveniente tização/popularização/banalização da gitais compactas são as mais comuns, tentativas de registro de imagens surgi- quanto o lápis”. Já no final da meta- fotografia a partir dos anos 90 e da era e são caracterizadas como “xeretas”, ram por volta de 1800 pelo francês Jo- de do século XX, o físico Edwin Land digital põe em cheque questões como: assemelhando-se à centenária Kodak seph Nicéphore Niépce. Essas fotogra- lançou no mercado a Polaroid, primei- de que modo a automatização da foto- Brownie “point and shoot” (aponfias esmaeciam rapidamente – questão ra câmera instantânea da história. Esse grafia interfere nos usos profissional e te e dispare). Hoje, para manusear os reparada anos depois, quando o inven- tipo de fotografia foi amplamente di- artístico da prática? Quais os efeitos equipamentos que funcionam de fortor descobriu um método que permitia fundido pela rapidez e fácil manuseio que as imagens ficassem registradas do equipamento. permanentemente. Após trinta e nove A fotografia analógica ocupaanos, Louis Daguerre criou o daguer- va grande espaço na sociedade no fireotipo, um tipo de máquina primitiva nal do século XX, até o surgimento da que fixava as imagens obtidas na câ- fotografia digital. As primeiras fotos mara escura numa folha de prata sobre sem filme foram registradas durante uma placa de cobre. a Guerra Fria pelo programa espacial No entanto, já no final do mes- americano. Alguns anos depois a Komo século, a partir dos avanços e da dak lançou o primeiro protótipo de câfacilidade trazidos pela Kodak, a práti- mera sem filme, que gravava imagens ca de fotografar passou a ser difundida em uma fita cassete. Porém, a primeira como hobby, ainda que para os mais câmera digital comercial foi a Mavica, abastados. Em 1889, George Eastman lançada pela Sony, em 1981. Ela caplançou a Kodak Nº1, primeira câmera turava imagens em 0,3 megapixels e fotográfica comercial da história. Ela armazenava até 50 fotos. fazia 100 fotos por rolo, e era vendida Já a partir dos anos 1990, as câa U$$25,00. Após um ano foi lança- meras digitais passaram a evoluir ainda da a Kodak Brownie, câmera de fácil mais – foram automatizadas, compacmanuseio feita de papelão, vendida a tadas –, o que fez com que a fotografia A Kodak nº1 era simplesmente uma caixa de madeira revestida com couro e uma lente.

A Fotografia a partir dos anos 90

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/ Reprodução: Internet

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ma automática, não é preciso ter o conhecimento técnico (ISO, velocidade e abertura do obturador, entre outras configurações presentes nas câmeras manuais), nem o respaldo teórico a respeito da fotografia. “Pode-se dizer que a produção exacerbada de fotografias fez com que a mesma acabasse por ser banalizada. Pode parecer extremo, no entanto, para muitos, as fotografias são vistas como veículos visuais que podem ser produzidos por qualquer um que saiba disparar o botão da máquina fotográfica.” (KAWAKAMI, 2012, p. 172) A banalização é caracterizada pelo desgaste: “o assunto” passa a ser “mais um assunto”. A onipresença da imagem na sociedade atual faz perder a essência do incrível, do incomum. As câmeras de vigilância são presentes como o Big Brother de George Orwell; os grandes e espontâneos acontecimentos são primeiramente fotografados pelas lentes de smartphones e enviados aos noticiários; as redes sociais (Facebook, Instagram, Snapchat, Twitter, Tumblr) recebem diariamente milhões de imagens semelhantes – a paisagem de fim de tarde, a xícara de café, o famigerado “look do dia” e a selfie. No entanto, por mais que não haja num primeiro momento uma intencionalidade artística e ideológica explícita na fotografia tida como “banal”, não se pode negar que o próprio ato de fotografar através de uma xere-

ta já diz muito a respeito de quem fotografa, do contexto e da relação que existe entre o sujeito, o objeto a ser fotografado e a ferramenta. A própria aparente “falta de intencionalidade” já é, por si só, intencional. Apesar da banalização da fotografia ser um elemento inegável atualmente, é preciso reconhecer que o amplo acesso ao ato de fotografar (e compartilhar as fotografias) é benéfico para a democracia em si. Junto à internet, a democratização da fotografia possibilita que os processos políticos e culturais que se desenrolam na sociedade não passem despercebidos, ou pior, que sejam transmitidos a partir de uma perspectiva dominante. Desse modo, o fator resistência acaba por contrapor a questão da banalização. Não há dúvidas de que após mais de um século a meta de Eastman se concretizou. De fato, a fotografia acabou se tornando “tão conveniente quanto um lápis”, passando a ser acessível e estar presente em grande parte do tempo no cotidiano dos indivíduos: na publicidade, na arte, no jornalismo, ou – em grande escala – no universo das redes sociais. Por Fernada Melo Assunção Luana Lima Alves Juliana Andrade Ribeiro Leitão Rainer Breno Frazão Sousa

As fotos eram no formato circular de duas polegadas e meia de diâmetro e monocromáticas. / Reprodução: Internet

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Biné Morais Perfil e análise do trabalho do fotojornalista maranhense

aproximação que a carreira traz com os detalhes do acontecimento e o momento único ali salvo por sua lente. Um dos seus trabalhos que mais se destacou foi o registro da foto do linchamento de um homem, ocorrido em de Julho de 2015 na cidade de São Luís. A foto foi publicada na capa do jornal Extra do Rio de Janeiro, em

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otógrafo desde muito cedo, Biné Morais, atualmente fotojornalista do jornal O Estado do Maranhão, registra diariamente cenas envoltas nos mais diversos contextos sociais oferecidos pela região. Durante esses registros, o fotojornalista pôde presenciar cenas que marcaram sua vida, fator determinado pela

Reprodução: Biné Morais/Internet

uma composição intitulada “Do tronco ao poste” que compara o acontecimento a uma cena do período de escravidão negra no Brasil. A foto rendeu ao fotojornalista o Prêmio ExxonMobil de Jornalismo, o mais tradicional do país.

Do caminho percorrido até chegar à carreira

O interesse pela fotografia levou Biné Morais, ainda jovem, a trabalhar com retratos 3x4, mas foi por acaso, quando fez seu primeiro registro fotográfico de um acidente com uma vítima fatal, que começou a trabalhar como fotojornalista no jornal Diário do Norte, onde antes era laboratorista. “Fiz a foto. Nessa época, os jornais tinham aquela cultura de quanto mais trágico melhor”, relata o fotógrafo sobre seu primeiro impacto com uma cena de trabalho. No início do trabalho, a fotografia em preto e branco estava em alta, e a execução das imagens exigia cuidados redobrados por se tratar de um trabalho totalmente manual. O fotógrafo relembra com saudosismo e admiração os processos de revelação na era analógica. Os desafios do início da carreira, como a falta de lentes adequadas, equipamentos e os problemas financeiros, formaram as maiores barreiras enfrentadas em toda sua trajetória. Porém, além disso, afirma

não ter tido outras dificuldades por ter encontrado colegas de profissão experientes que o ajudaram, especialmente no manuseio de câmeras, e ensinaram vários truques fotográficos. Um dos que ele revela se tratava de uma espécie de manual manuscrito com as aberturas e as distâncias da lente que ganhou de um fotógrafo que admirava. “Fotografava com o papelzinho, batia uma foto, abria, olhava, enrolava e colocava no bolso”.

Da carreira em si Sem dúvidas, no início, os primeiros impactos em busca da fotografia trágica o deixavam perplexo, apesar de tudo, o lado humano existe, mas o profissional deve ser mantido. Biné Morais afirma que é preciso sempre fazer a foto pesando na capa, que considera o cartão-postal do jornal. Por essa razão, a cobrança por um trabalho de qualidade, a busca pela melhor foto, um excelente ângulo e a exigência do público, o transformaram em um repórter fotográfico de qualidade. O fotógrafo também destaca o apoio que a tecnologia oferece atualmente, especialmente as redes sociais, que proporcionam a troca de informações de forma mais rápida, fator

Reprodução: Biné Morais/Internet

Reprodução: Biné Morais/Internet

que exige também a capacidade de improviso do profissional. “Tem que correr pro local, você já começa imaginar como vai trabalhar a foto, só que quando chega no local é totalmente diferente”. Essa preparação ocorre especialmente por conta da organização decorrente do uso da pauta na sua rotina de trabalho. Outra evolução, con-

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siderada por ele importante, foi a intro- das de lado. A forma como a foto foi dução de equipamentos diversificados disposta pelos editores do jornal Extra no mercado regional maranhense. abaixo de uma cena em que um negro é chicoteado trouxe à discussão um verdadeiro retrocesso social: o mesmo brasileiro que vai às ruas clamando por Do trabalho do profissional justiça pune com a morte e expõe, preso por cordas a um poste de iluminação Após dois anos trabalhando no pública, a quem queira ver qual o pago jornal Diário do Norte, passou a trabaque um “desordeiro social” recebe. lhar para o Jornal de Hoje, e atualmen Partindo sempre do que chama te exerce a profissão de fotojornalista de leitura do ambiente - isto é, a verifino jornal O Estado do Maranhão, sencação da luz, velocidade e filtro que o do autor de inúmeras fotos conhecidas local a ser fotografado pede - o fotógrae até utilizadas em banners dentro do fo diz ser indispensável “pensar a foto” estado. Questionado sobre a esfera do antes de registrá-la. Além dos trabalhos fotojornalismo, ele expressou: “O fotofotojornalísticos, Biné Morais, também jornalismo é aquilo que você faz todos possui muitos registros fotográficos os dias, mas todos os dias tem algo dida cultura e do cotidiano maranhenferente.” Mesmo veterano na profissão, se. Morais acompanhou muitas fases Biné Morais ainda passa emoção ao no cenário fotojornalístico do estado. relatar momentos como a inesquecível Se no início de sua carreira a máxima cena capturada em um acidente com “quanto mais trágico melhor” imperatrinta e dois mortos ocorrido no muva no momento de fotografar para imnicípio de Peritoró: Biné diz ter percepressos, ao longo dos anos de trabalho bido naquele momento a fragilidade do ele viu cair por terra a cultura generaliser humano e que aquela imagem de zada de fotos impactantes, que mostracrianças e adultos mortos dentro de um va a morte em sua pior face exibida em ônibus dificilmente sairia de sua mente. capas de boa parte dos jornais, e vis “Do tronco ao poste”: título da lumbrou uma nova forma de mostrar a capa composta por sua foto premiada, tragédia sem assustar a população. criticada e exaltada. Forte sem chocar e Seja pela humildade, pelo prochocante sem ser forte. Fruto de aproxifissionalismo, pela simpatia ou pelo madamente oito cliques, a imagem que respeito que tem ao próximo, o fato hoje é um divisor de águas na carreira é que Biné Morais rompeu as barreide Biné mostra o vestígio de crueldade ras estaduais e teve a oportunidade de que levou o povo brasileiro a repensar mexer com o país através de uma foto questões escravocratas outrora deixa-

mostrando que fotografar vai além de apertar um botão: envolve o olhar que se tem da sociedade. Além de contar histórias através do seu olhar fotojornalístico, ele valoriza as belezas que o seu estado possui, não abrindo mão de registrar as diversas nuances dos elementos culturais positivos que o Maranhão apresenta e que

raramente são exaltadas. O fotógrafo ressalta a importância do olhar prévio: “Deve-se sempre observar ao redor, sua própria cidade”. Por: Camila Silva Lima Carla Bianca Barros Câmara Klicya Irlanna dos Santos Nogueira Thayane Maramaldo da Silva

Reprodução: Biné Morais/Internet

Reprodução: Internet

Reprodução: Biné Morais/Internet

Reprodução: Biné Morais/Internet

Reprodução: Biné Morais/Internet

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Mulheres no fotojornalismo Olhares e desafios

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presença feminina vem crescendo a cada ano no jornalismo. Ao longo do tempo elas arraigaram espaço e glamour em uma profissão ainda dominada pelo sexo masculino. Sandra Passarinho, Patricia Poeta e Sandra Anhemberg são nomes conhecidos da população brasileira. Porém, essa realidade ainda é difícil quando trabalhamos com o fotojornalismo. Segundo SANTOS (2005)5 o trabalho das jornalistas é atrapalhado por diversos fatores. No início, o problema era a quantidade de materiais e ferramentas, o que impedia uma maior mobilidade do fotógrafo. Nesse sentido, as primeiras se especializaram na arte do retrato. A popularização da fotografia aumentou o leque de possibilidades, e assim foi possível que elas assumissem seus papéis na profissão. Frente a isso, o maior desafio, ainda presente nos dias atuais, aumentou consideravelmente. O sexismo é a pior arma contra os trabalhos femininos na fotografia.

Nos anos de guerra, uma série de restrições foram impostas às fotojornalistas. E as mulheres que conseguiam burlar os cercos dos campos de guerra eram condenadas a penas mais severas que os homens. Outro fator interessante é o preconceito dos redatores e do público em geral. Durante o século XX, surgiu no imaginário popular a ideia de que as mulheres faziam fotos diferentes dos homens, carregadas de sentimentalismo. Além disso, essas fotógrafas poderiam causar um estranhamento ao público, acabando com o poder da fotografia de impressionar pelo imaginário. Por esses e outros fatores ainda é muito rara a participação feminina no fotojornalismo. Muitas são conhecidas apenas pelo nome do seu marido ou por causa da sua beleza e estilo de vida. Porém, as mais famosas fugiram a essa regra. Com muita técnica, devoção e amor à profissão elas puderam transformar a história da fotografia e dá outra visão ao mundo masculino.

As fotógrafas Annie Leibovitz Ousada e vanguardista. Assim podemos definir Annie Leibovitz, uma fotojornalista tão atual e moderna quanto a própria obra. “A única mulher a expor o seu trabalho no National Portait Gallery.”

Whoopi Goldberg numa banheira cheia de leite. Reprodução: Annie Leibovitz / Internet

Charlotte Brooks Brooks nasceu Charlotte Finkelstein no Brooklyn em 1918. Tentando evitar o antissemitismo, ela mudou o nome para Brooks, que foi derivado do nome de solteira da sua avó Eisenbroch.

Na década de 1970, ela entrou para o quadro de profissionais da Rolling Stone, onde formou o estilo fotográfico da mesma. Para a Vanity Fair, o seu destaque foi com o uso de luz, cores ousadas e poses, formando um estilo único e inovador.

Jonh Lennon (com Yoko Ono) em foto feita na manhã de seu assassinato e capa da Rollin Stone. Reprodução: Annie Leibovitz / Internet

De 1951 a 1971 ela trabalhou na revista Olhar. Gostava de documentar as mudanças na vida americana. Temas como política, saúde, educação, famílias urbanas e suburbanas, entretenimento, conflitos inter-raciais e os

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papéis sociais das mulheres estavam sempre como objeto fotografado. Numa época de segregação racial, forte preconceito enraizado na mente americana, Brooks enfrenta as dificuldades da sua época para relatar a realidade através da sua lente. Retratando-se como “um dos garotos”, ela mostrava a triste realidade do seu meio dominado por homens.

Bacia de poeira, Colorado. Reprodução: Charlotte Brooks / Internet

Dorothea Lange Dorothea Lange é uma das mais notáveis fotojornalistas americanas, ficou conhecida pela série Migrant Mother, As fotos de uma mãe faminta e seus filhos marcaram toda uma geração e mostrou ao mundo a realidade dos campos agrícolas durante a crise de 1929. A espontaneidade com que foram feitas a fotos deixaram que o realismo desse um sentimento maior ao objeto fotografado. O seu trabalho só foi possível devido aos incentivos do governo americano. Com isso as décadas de 1920 e

Mãe migrante. Reprodução: Dorothea Lange / Internet

Doris Ulmann 1930 foram marcadas pela dramaticidade das fotos que tratavam, não somente a consequência da pior crise da história, como também os desastres e os abandonos nos rincões da América.

Levou um tempo para ser re- desde as formas pitorescas às campoconhecida como fotojornalista. Ela ne- nesas, com um olhar de dignidade e cessariamente não precisava trabalhar propósito no mundo moderno. para ganhar a vida, mas se sentiu instigada a fazer a vida para si mesma, o que fez por meio da fotografia. Trabalhou com artistas e feministas usando a câmera para fornecer imagens socialmente significativas intituladas “the folks”. Considerada um marco no fotojornalismo do final dos anos 1910 e 1920, suas obras ajudaram a mudar a maneira como percebemos e, portanto, representamos as pessoas. Elas vão Trabalhador na Fish House. Reprodução: Doris Ulmann / Internet

Agricultor trazendo uma vaca. Reprodução: Charlotte Brooks / Internet

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Hansel Mieth Hansel Mieth nasceu dia 9 de abril de 1909 em Oppelsbdren, na Alemanha. Para ela, um bom fotógrafo deveria sentir o que as pessoas sentem quando estão para baixo. Dessa forma, Hansel Mieth acreditava que podemos ver o que po-

demos querer fingir o que não existe. Durante todo o trabalho de Hansel, seu foco foi nas injustiças e dessa forma ela se identifica fotografando classes miseráveis.

ela afirmava que suas produções eram apenas possíveis pois cobria a sua mente com um véu, o que a impedia de se chocar com o objeto e, consequentemente, interferir.

Reconhecimento e Aceitação

Meninos na estrada. Reprodução: Hansel Mieth / Internet

Pai desempregado com filho. Reprodução: Hansel Mieth / Internet

A valorização de profissionais jornalistas e fotógrafos foi superior entre os homens. Ainda existe machismo e muitos obstáculos a serem vencidos, entretanto, o exercício da mulher no fotojornalismo teve papel de destaque no desenvolvimento de técnicas e na documentação fotográfica de momentos importantes da história como mostrou Dorothea Lange (1895-1965), responsável por mostrar ao mundo o drama vivido pela população norte-americana após a Crise econômica e financeira de 1929 e Margaret Bourke-White

(19041971), a primeira mulher a trabalhar em áreas de conflito militar na Segunda Guerra Mundial. Na maioria das vezes, as fotojornalistas precisaram deixar a vaidade feminina de lado para obter algum respeito no ambiente de trabalho, mas demonstraram que talento e força de vontade são fatores que realmente importam nessa profissão. Esses ainda são diferenciais para não desistir e vencer nesta escolha profissional ainda dominada por homens, estigmas e estereótipos.

Margaret Bourk-White Marcada por suas composições harmoniosas e chocantes, Margaret Bourk-White se consagrou por suas fotos impactantes dos horrores dos campos de concentração nazista. Seu início na profissão é fotografando arquitetura e indústria nos arredores de New York. Isso acaba por influenciar o seu trabalho, dando uma dramaticidade à sua técnica.

Mas é nos anos 1930 que ela se consagra, ao ser enviada para Europa para fazer cobertura de conflitos pela revista Life. Essa empresa possibilitou que ela cobrisse histórias do dia a dia americano, da Segunda Grande Guerra, dos campos de concentração, a Guerra da Coreia e a Independência Indiana. Ao ser questionada como conseguiria fotografar tanta atrocidade,

Por: Maiara do Nascimento Pacheco Petronilio Filipe Costa Ferreira Yara Cristina Mendes da Silva Yasmin Ruth Paiva Martins

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O fotojornalismo maranhense na era do jornalismo pós-industrial

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m passeio rápido entre portais de notícias dos principais jornais do Maranhão e uma constatação: não temos dado passos muito além da produção de imagens a serem legendadas como “Fonte: Divulgação” ou “Fonte: Arquivo” e isso diz muito sobre o status do fotojornalismo no estado, suas finalidades, assim como a reprodução de imagens clicadas por usuários da rede. Em tom ensaístico, apresentando conceitos, episódios e experiências que indicamos como possíveis indiciários de uma discussão muito vasta que demanda fôlego de quem ousar travá-la. Faremos a partir de agora uma incursão partindo do surgimento da fotografia, atravessando um pouco as reflexões que dão conta de explicar seu casamento com o jornalismo e traçaremos, a partir daí um breve panorama sobre o fotojornalismo maranhense e algumas transformações do jornalismo que se avizinham e que, consequentemente, devem alterar o status da produção e distribuição de imagens no âmbito da atividade jornalística.

Desde 1880 a história da fotografia nos dá exemplos abundantes dos esforços realizados pela indústria para simplificar o processo de produção das imagens, ensejando cada vez mais a popularização da atividade fotográfica, barateando as máquinas. A criação da famosa câmera Kodak pelas mãos do empresário George Eastman é o ponto alto desse processo: Eastman havia fundado aquilo que se tornaria a indústria de revelação e impressão em massa. Com um só golpe, derrubara a maior barreira para a disseminação da fotografia. Para resumir o sistema Kodak, Eastman bolou um slong simples porém brilhante: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto” (HACKING; CAMPANY, 2012, p. 157). A fotografia durante muito tempo gozou do status de fiel reprodutora do real. É de se compreender tal concepção se pensarmos em seu caráter testemunhal: fotografia dá conta de que alguém “esteve ali”, diante daquela cena e, ainda que não se reconheça que esta se trata de um constructo, gerado

partir de escolhas e que, do começo ao momento final, do enquadramento, clique à pós-produção da imagem, ainda que esta compreensão não vigore, sabe-se que “alguém esteve ali”, diante desse “real”. Isso explica porque durante tanto tempo atribuiu-se a ela um valor documental, e porque para o jornalismo sua assimilação cairia bem (SONTAG, 1981). Libério (2008) aponta que o casamento entre a fotografia e o jornalismo se dá justamente a partir da noção segundo a qual a imagem fotográfica daria conta de captar o real. A partir daí elabora um estudo sobre as funções das imagens enquadradas como fotojornalísticas e conclui que o mito da imagem fotográfica como captura do real é um dos últimos vestígios do positivismo presente entre as discussões jornalísticas. Assim, ela afirma o papel do fotojornalista como produtor cultural e as imagens por ele produzidas, igualmente produtos culturais. Ocorre, porém, que de lá para cá a possibilidade de produção e manipulação das imagens se sofisticaram; as transformações nas possibilidades de produzir e disseminar informação impactaram fortemente a estrutura do jornalismo produzido nas redações. A tal crise no modelo de negócios do Jornalismo promove enxugamentos em série nas redações desde 2013, o que claramente desemboca num acúmulo de funções por parte de quem fica.

Esse quadro é ainda mais evidente nas redações das mídias de província (GOMES, 2004), como é o caso dos veículos maranhenses. Essas demissões em massa criam a necessidade de um novo profissional de jornalismo, um “jornalista completo”, multiuso, versátil, polivalente. Ele conta com a contribuição de usuários das novas tecnologias, úteis por estarem “na hora certa, no lugar certo”, quase sempre ávidos por verem seu clique sendo replicado por um veículo de grande porte, ilustrando uma matéria jornalística, aquela imagem que, geralmente possuindo função fática (LIBÉRIO, 2008), serve também para romper a monotonia do texto. O jornalismo tipicamente praticado em mídias de província (GOMES, 2004), herdeiro da tradição norte-americana com foco em jornalismo informativo, hard news e afins (PEREIRA, 2008) não cria um ambiente favorável para uma atividade fotojornalística expressiva, muito menos garante solo fértil para um importante desdobramento da fotografia jornalística como a fotografia documental (BUITONI, 2011, p. 91). Não é de se surpreender, portanto, que iniciativas independentes de projetos fotodocumentais venham ganhando cada vez mais espaço. O Ilha Invisível e o Projeto Terminais – SLZ são dois bons exemplos disso. O projeto Ilha Invisível surgiu

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como um projeto experimental dos graduandos Lorena Araújo e Matheus Coimbra, ambos discentes de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com forma de atender a um dos critérios mínimos para obter a titulação de graduados na referida área. O projeto ganhou corpo, conquistou centenas de pessoas na fan Page criada na rede social Facebook, onde são postados retratos com depoimentos de pessoas em situação de rua. O objetivo da dupla consiste em formatar um livro-reportagem sobre a questão, condensando imagens, depoimentos e informações sobre o tema adquiridos durante o processo fotográfico. Segundo Lorena, O projeto Ilha Invisível foi idealizado como a produção de uma grande reportagem, mas o texto, cru, não é suficiente para atrair a atenção e tocar a sociedade em relação às pessoas em situação de rua. Mostrar quem são as personagens - os pés descalços, a cabeça baixa e o olhar preocupado - é parte essencial para que o objetivo do projeto seja alcançado: torná-las pessoas visíveis, com direito a voz, e sensibilizar os leitores. O Projeto Terminais - SLZ trata-se de um esforço de 4 fotógrafos (Julyane Torres, David Ferreira, Leonardo Mendonça e Ruy Barros) de retratar o cotidiano dos terminais de integração da cidade de São Luís. Ao

longo das saídas para fotografar chegaram a passar por situações onde foram, inclusive, impedidos pelos seguranças do terminal de fazer as imagens. Nas palavras de Ruy Barros: O Projeto “TERMINAIS – SLZ” busca mostrar em fotografias, outra face da Cidade de São Luís MA, que estão além dos pontos turísticos, tais como: Centro Histórico e as Praias, transmitindo onde está o verdadeiro fluxo de pessoas da cidade, os “Terminais de Integração” do Transporte Público. Nesse Projeto, mostramos onde os trabalhadores passam dia após dia com o intuito de retratar a realidade desses locais, com nossos distintos olhares, levando ao público o cotidiano de um “ponto de passagem”, que, às pressas, cansaço, acabam sendo ofuscado por quem os frequenta. Mas, bem diferente das matérias vinculadas na imprensa, o Projeto traz olhares diferentes dos Terminais de Integração da capital, buscamos também ir além das problemáticas da mobilidade dos coletivos, trazer à tona uma visão mais poética do que se passa nesses locais, mostrar quem trabalha e frequenta as Integrações, a estrutura e suas histórias que ali, todos os dias, se passam. Procuramos despertar os olhares do público que, na maioria das vezes não percebe o que está havendo ao seu redor. Em resumo, a exposição busca ser um retrato poético, realista e reflexível

desses locais, onde milhares de passageiros se encontram para mais um dia de luta no caos urbano. A fala de Ruy Barros, no entanto, promove um ponto de inflexão em nossa discussão: o caráter menos denuncista e informativo que poético e artístico que orienta o trabalho do grupo no jogo de retratar o cotidiano dos terminais, o que não implica um prejuízo para suas funções jornalísticas, desde que se esteja a pensar em uma produção fotojornalística que ande em compasso com o que se vem discutindo em matéria de jornalismo pós-industrial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Se “a imagem síntese transforma radicalmente as condições de modelização dos objetos, dos fenômenos físicos e do mundo, contribuindo para uma renovação do estatuto da percepção” (PARENTE, 1993) explorar suas facetas e de que forma elas colaboram num processo de reagregação do social é tarefa também para os ‘arqueologistas dos agoras’, jornalistas que se reconhecem nessa agonística zona de interfaces, recolhendo no campo midiático os retalhos a serem costurados. O ‘fim do furo’ e superação de uma concepção do universo de produção das notícias em que o jornalista figura como protagonista na produção de notícia (ou vamos negar que o público

não saiba, ainda que intuitivamente, algo sobre critérios de noticiabilidade?) evidencia a necessidade de um novo jornalismo, comprometidos com a criação e recuperação de memórias capazes de suscitar reflexões, produção de imagens com as quais possamos pensar, pois “recordar é um ato ético, tem um valor ético em si mesmo e por si mesmo” (SONTAG, 2003, p.8). Um jornalismo, e por sua vez, um fotojornalismo, que operam na lógica da produção desenfreada de notícias, em uma intensa aceleração dos ágoras, repetindo e esvaziando ícones, não tem condição de recuperar “o aqui e agora, suporte de todo sentimento estético” (PARENTE, 1993) e relacioná-lo ao passado, fundamentando o presente e projetando análises e tendências para o futuro a partir da observação atenta.

Por: Augusto Santos Lopes Edvaldo da Silva Goulart Stephany Rodrigues Pinho

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Referências Bibliograficas A fotografia a partir dos anos 90:

ABOUT Kodak: Photography. Disponível em: <http://www.kodak.pt/ek/pt/pt/corp/aboutus/heritage/photography/default.htm>. Acesso em: 02 jun. 2016. POLAROID: History. Disponível em: <http://www.polaroid.com/history>. Acesso em: 04 jun. 2016. ESTRIN, James. Aldeia Digital: a democratização da democracia: De repente, viramos todos fotógrafos. 2013. Disponível em: <http://viajeaqui.abril.com.br/materias/fotografia-digital-redes-sociais>. Acesso em: 07 jun. 2016. CORRÊA, Juliana Rosa. A EVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA E UMA ANÁLISE DA TECNOLOGIA DIGITAL. 2013. 92 f. TCC (Graduação) - Curso de Comunicação Social - Jornalismo, Ufv, Viçosa, 2013. Cap. 1 e 2.

Mulheres no fotojornalismo: Olhares e desafios:

SANTOS. Heloisa Souza. Jornalismo e Fotojornalismo de Guerra: a visão dos conflitos por mulheres jornalistas. CESUMAR, Maringá, v. 17, n. 2, p. 251-262. Disponível em:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/iccesumar/article/view/4324/2669> . Acesso em: 30 de março de 2016. DESCONHECIDO. Charllote Brookes. 2016. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/coll/womphotoj/brooksintro.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. DESCONHECIDO. Hensel Mieth. 2015. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/coll/womphotoj/miethessay.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. DESCONHECIDO. Doris Ulman. 2015. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/coll/womphotoj/ulmannintro.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. DECONHECIDO. Jessie Tarbox Beals. 2011. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/coll/womphotoj/ulmannintro.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. DESCONHECIDO. Dorothea Lange. ___. Disponível em: <https://www.loc.gov/exhibits/wcf/wcf0013.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. DESCONHECIDO. Dorothea Lange’s “Migrant Mother” Photographs in the Farm Security Administration Collection: An Overview. 2013. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/list/128_migm.html>, Acesso em: 05 de junho de 2016. BIOGRAPHY.COM EDITORS. Annie Leibovitz Biography. ____. Disponível em: <http://www.biography.com/people/annie-leibovitz-9542372>, Acesso em: 05 de Junho de 2016.

O fotojornalismo maranhense na era do jornalismo pós-industrial:

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Patrimônio Natural

Morros e Icatu - Maranhão

E

m um estado rico cultural e historicamente, as belezas naturais vêm como brinde a quem tem como objetivo encontrar lindas paisagens aliadas à muita diversão. Quando se pensa no Maranhão logo pontos turísticos como os Lençóis Maranhenses, as cachoeiras de Carolina ou o Centro Histórico de São Luís são requisitados, contudo, basta ter tempo disponível e será possível encontrar destinos alternativos tão ricos em beleza quanto os citados. De São Luís a Morros são gastas aproximadamente três horas de estrada e durante o percurso é fácil comtemplar a exuberância de uma natureza, em grande parte, sem qualquer intervenção humana. As palmeiras exaltadas por Gonçalves Dias estão por todos os lados fazendo jus ao encanto do poeta maranhense pelo estado. No centro do município as paisagens naturais continuam presentes, e, se desenhada uma rosa-dos-ventos no meio da praça central, têm-se a Leste construções históricas de grande valor e a Oeste uma vista paradisíaca para o

mar. Seguindo por mais trinta minutos pelas ruas de Morros, chega-se ao ponto que mais atrai visitantes: o Rio Una. Trata-se de um rio com águas altamente límpidas cercado por árvores; geralmente, há música tocando às margens. Há, ainda, a tão conhecida ponte que liga uma parte mais movimentada do rio à uma outra mais reservada. Para além da ponte, existem singelos bancos de concreto à sombra de plantas e uma área ainda mais reclusa com uma extensão do Una. De Morros à Icatu gasta-se, em média, uma hora. Se ainda for dia, o ideal é apressar para ir à Cachoeira do Boqueirão e voltar para o porto na Baía de São José a tempo de apreciar o pôr do sol. Sobre a cachoeira, uma palavra pode resumir: perfeição. Desde o tranquilizante som das águas caindo, até os raios de sol que chegam ao lugar por entre as enormes árvores que cercam o ambiente trazendo ao visitante a sensação de estar dentro de um “buraco” de onde se vê ao longe um lindo céu azul, é possível notar não ter sido em vão enfrentar alguns quilômetros a pé

e a descida de uma escada cuidadosamente feita com pneus. De fato, vale a pena visitar a cachoeira do Boqueirão. E, se o objetivo é encerrar o dia com chave de ouro, o destino é acompanhar o pôr do sol que só a Baia de São José pode oferecer. Diante do Rio Munim, belas garças pousam sobre pequenas embarcações que atracam no porto. Há também uma praça agradável onde pessoas passeiam e conversam sem qualquer pretensão de perder

o grande espetáculo que a natureza continua a dar quando o dia vai dando lugar à noite. Apesar de não serem visitados com frequência por turistas de outros estados, Morros e Icatu recebem de braços abertos diariamente os visitantes que moram no Maranhão. Há, rotineiramente, grupos de amigos que organizam excursões para os municípios e fazem o trajeto de volta para casa satisfeitos com o que viram no passeio. Texto e fotos: Camila Silva Lima, Carla Bianca Barros Câmara, Klicya Irlanna dos Santos Nogueira e Thayane Maramaldo da Silva.

Vista que compõe a paisagem da praça central de Morros.

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Ponte que dá acesso a uma área elevada onde é possível ter uma vista panorâmica do Rio Una.

Criança se refrescando às margens do rio.

Estrutura da ponte que atravessa o Rio Una.

Córrego escondido pela vegetação.

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Folha pendurada por um singelo fio de teia de aranha em uma das árvores que fazem parte da vegetação que rodeia o rio Una.

Uma das áreas onde há presença de mata ciliar.

Tronco caído nas águas do rio.

Interação entre fauna e flora no caminho em direção à Cachoeira do Boqueirão.

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Placa na entrada da cachoeira do Boqueirão (Icatu).

A coroa de folhas formada pela copa das árvores que rodeiam toda a área da cachoeira.

As cores do céu, da areia e das árvores se misturam no reflexo produzido pelas águas da cachoeira.

Formações rochosas naturais que ajudam a compor a beleza das cachoeiras de Icatu.

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Parte superior da cachoeira onde a água começa a despencar como uma escadaria.

Ao redor da cachoeira alguns banhistas costumam gravar seus nomes ou deixar declarações de amor marcadas nas pedras.

Foto feita com uso de longa exposição, transformando o aspecto da água caindo em um véu.

A origem da queda d’água.

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O entardecer no porto de Icatu.

O pouso da garça em um dos barcos de pesca do porto de Icatu.

O porto minutos antes do pĂ´r do sol.

O pĂ´r do sol no porto.

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Patrimônio Cultural

Morros e Icatu - Maranhão

O

Patrimônio compreende lugares, objetos e manifestações culturais diversas que valorizamos por serem provenientes de nossos ancestrais, do lugar onde vivemos por terem importância social, cultural, econômica, cientifica e também por serem exemplos insubstituíveis de fonte de vida e inspiração. É nosso ponto de referência, nossa identidade, que só sobrevive graças a esforços especiais para protegê-lo. A cultura de Morros é bastante rica e diversificada, onde temos o meu bumba-boi de sotaque de orquestra, que hoje é Patrimônio Cultural Imaterial de Morros pela Lei Nº12/2013. O Boi de Morros é conhecido regional, nacional e internacionalmente, talvez um dos melhores e mais bonitos neste tipo de sotaque. Há na cidade duas igrejas católicas, a de São Bernardo, que é o patrimônio mais antigo do municipio e a de Nossa Senhora Aparecida, a terceira do Maranhão construída com paralelepípedos. Havendo também na cidade Assembléia de Deus, Batista do Brasil,

Testemunha de Jeová, Presbiteriana, Universal do Reino de Deus, Mundial e Batista o Caminho. Assim como Morros, o patrimônio cultural de Icatu também e bem rico e diversificado. A histórica e cultural Icatu é conhecida pela sua forte e rica cultura deixada pelos seus antepassados. Icatu com aproximadamente 400 anos é referência em cultura e história desde o acontecimento da famosa Batalha de Guaxenduba. Dentre as manifestações da sua gente, sempre muito hospitaleira, o Bumba-meu-boi, Dança de São Gonçalo, Reisado e Tambor de Crioula, merecem destaque. Ná cidade há espaços de lazer, como a praça central, rios etc. Encontramos também várias igrejas na cidade.

Índio do Boi de Morros. / Reprodução: Jornal Pequeno

Texto e fotos: Luana Lima Alves Fernada Melo Assunção Rainer Breno Frazão Sousa

Igreja de São Bernardo o patrimônio mais antigo do município.

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Cruz feita de madeira em frente à igreja São Bernardo.

Estátua do santo São Bernado, localizada perto de sua igreja.

Igreja Nossa Senhora Aparecida, a terceira do Maranhão construída com paralelepípedos.

Estátua em homenagem ao Monsenhor Carlos do Bonfim Couto Bacellar.

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Vidraรงaria da igreja Nossa Senhora Aparecida.

Vidraรงaria da igreja Nossa Senhora Aparecida.

Coreto que encontra-se na Praรงa Central em Icatu, Maranhรฃo.

Azuleijo visto em quase toda a cidade.

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Busto de Jerônimo de Albuquerque, herói da batalha naval de Guaxenduba.

Igreja Católica que fica perto da Praça Central em Icatu.

Praça em Icatu onde acontece eventos.

Coreto em uma das praças de Icatu, onde turistas vão para apreciar o pôr do sol.

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Patrimônio humano

Morros e Icatu - Maranhão

M

orros e Icatu são cidades com forte herança indígena e quilombola. Os traços das pessoas de lá são traços da gente que, desde o início da aventura brasileira, povoa uma terra rica em recursos naturais. Índios e negros, brancos e mestiços, caboclos: é gente simples que tira da natureza o sustento e a alegria de viver. Invariavelmente, as peles são marcadas pelo sol inclemente, seja de quem trabalha na roça, de quem vive no mar, de quem beneficia os produtos da pesca ou de quem trabalha nos balneários sempre cheios de turistas. Turistas, aliás, nunca ficam alheios à labuta de quem está ali para garantir a diversão. Em locais onde impera a simplicidade, quem é de “fora” e quem é de “dentro” se confunde em um só. Em Morros, há uma escola municipal de música. É lá que os talentos que mais tarde comporão a orquestra do Boi de Morros dão os primeiros sopros. A cidade de maioria católica se encontra na igreja Matriz, cuidada com esmero por mãos calejadas, porém devotas. Nas águas do Rio Una, a correnteza da vida dá uma pausa.

Em Icatu, encontramos as Cachoeiras do Boqueirão em uma área quilombola. As casas simples, construídas com esmero, dão abrigo a uma comunidade consciente do valor da preservação ambiental. São os quilombolas que gerenciam o acesso ao balneário. São eles que limpam a sujeira que turistas mal-educados deixam para trás. São eles que fazem as comidas tradicionais que servem em mesas improvisadas dentro da água. São eles que contam as histórias que deliciam quem tem ouvidos sensíveis para tudo o que é humano. No porto, a alguns quilômetros desse oásis de tranquilidade, o ritmo é mais intenso. Afinal, os frutos do mar são como as histórias que os jornais contam: tem prazo de validade curto. Mulheres e homens, crianças e idosos, todos participam do ritual diário de limpeza do pescado que será vendido para as feiras da capital.

Seu Fábio, depois de limpar a igreja matriz de Morros deixando a pronta para a missa do fim de tarde.

Texto: Li-Chang Shuen Fotos: Joelson Augusto Lopes Stephany Rodrigues Pinho Jovens que fazem parte da orquestra de bumba-boi do Boi de Morros.

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Nem mesmo a água fria e cristalina do Rio Una deixaram a menina alegre ao encarar a câmera.

A baixa profundidade e o solo arenoso atraem visitantes da capital,como Roberta e sua filha Kelly.

O dançarino nato de arrocha que correu para o colo da mãe ao perceber que estava sendo fotografado.

O sorriso da dona Nalva em sua casa de taipa feita com esmero e cercada de paz e segurança onde cajueiro e mangueiras brotam naturalmente.

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As cachoeiras do Boqueirão que são protegidas pelos moradores do povoado,como dona Marta que vende comida nos fins de semana para os visitantes.

A pesca do fim de tarde pode ser negociada ali mesmo pelo pescador,sem a necessidade de atravessadores ou de levar à feira.

A hora da limpeza das sardinhas e sururus é uma festa também para garças e urubus que disputam os restos sem se intimidar com a presença humana.

O calcário forma bancadas escorregadias que servem como apoio para a limpeza das sardinhas.

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Formado principalmente pelos cascos de sururu o calcário é quase impermeável e isso permite que os trabalhadores sentem e o usem-no como tábua para limpar os pescados.

Ao sair do porto ainda resta tempo para botar a conversa em dia,enquanto equilibra o balde com peixes e facas na cabeça.

Outro protetor é o seu Raimundo,contador de histórias e sempre disposto a fazer uma trilha até onde as cachoeiras são apenas um riacho que corre entre pedras.

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Preservação e degradação

Morros e Icatu - Maranhão

A

cidade de Morros e Icatu tem excelentes pontos turísticos. São lugares no Maranhão que andam despertando a atenção dos turistas mediante tantas belezas naturais. Com todos esses olhares voltados para tais localidades cresce também a preocupação em relação à preservação e degradação ambiental. Ao longo de ambas as cidades existem vários cestos de lixos, placas advertindo a colocação de lixo nos lugares corretos, porém nem todas as pessoas possuem esse senso crítico. Uma minoria ainda destina impurezas perto das margens dos rios e cachoeiras; por outro lado existem pessoas conscientes que guardam todos os materiais ali utilizados para descartar no lugar correto. Apesar desse detalhe, Morros e Icatu são bem preservadas e possuem um patrimônio natural exuberante. Na Cachoeira do Boqueirão podemos encontrar pedras em que são gravadas as iniciais de pessoas que ali estiveram e que se encontram preser-

vadas como recordação. É possível deparar-se com peixinhos tanto nos rios como nas cachoeiras e grande área verde. Lugares maravilhosos e que cada vez mais despertam a atenção das pessoas por tudo que apresentam.

Lixeiras na praça principal de Morros, de dá vista para o Rio Munin.

Texto e fotos:Yasmin Ruth Paiva Martins Yara Cristina Mendes da Silva

Resto das decorações de São João no matagal que dá vista para o Rio Munin.

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Lixeiras improvisadas na praça e uma garrafa no chão.

Entrada que dá acesso ao Rio Una.

Placa de preservação junto com lixo no chão.

Esgosto direcionado ao Rio Una.

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Lixo na margem do Rio Una.

Os lixos deixados ao redor do Rio Una não impede a procriação dos peixes da região.

Após um churrasco as cinzas foram esquecidas na areia perto do rio.

Copos na beira do Rio Una.

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Por mais que o lixo tenha sido recolhido, o mesmo foi esquecido em local inapropriado.

Placa perto da cachoeira do BoqueirĂŁo, em Icatu.

As assinaturas nas rochas tambĂŠm degradam o ambientel.

Muitos dejetos largados perto do estacionamento da cachoeira do BoqueirĂŁo, que provavelmente podem ser os que foram recolhidos na cachoeira.

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Respeitar, Proteger e Garantir

Abordagens ocorreram em pontos estratégicos do Rio de Janeiro – boulevares olímpicos em Madureira e Campo Grande, orla de Copacabana e terminal rodoviário.

S

egundo a Secretaria de Direitos Humanos, durante a realização de megaeventos, crianças e adolescentes se tornam mais vulneráveis diante de violações de direitos. Com o intuito de sensibilizar a população e turistas a respeito do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e difundir os canais de denúncia, a campanha “Respeitar, Proteger, Garantir” foi realizada na cidade do Rio de Janeiro durante todo o período das Olimpíadas. A iniciativa contou com apoio e realização de entidades como a Frente

Nacional de Prefeitos (FNP), UNICEF, Viva Rio, Mercociudades e União Europeia, além da participação do GAME (Grupo de Apoio em Megaeventos), grupo de jovens voluntários que atua na proteção dos direitos da criança e do adolescente em grandes eventos desde 2013. Os canais de denúncia divulgados durante a campanha (Disque 100 e aplicativo Proteja Brasil) funcionam em todo território brasileiro, e juntos somam mais de um milhão de denúncias diárias. Texto e fotos: Juliana Andrade Ribeiro Leitão

Durante as abordagens, cinematógrafos revelavam imagens de pontos turísticos do Rio de Janeiro intercaladas com fotografias de crianças em situação de rua.

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70 voluntários de todo Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, Itália e Romênia participaram da campanha de conscientização.

A campanha foi amplamente divulgada nas redes sociais tanto oficiais como nas pessoais.

Momento de avaliação em grupo após um turno de abordagens.

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Bem vindos a Lisboa

Lisboa:

“Cidade das sete colinas”. Assim é conhecida a capital portuguesa. Lisboa é atualmente a cidade mais populosa de Portugal. Sua localização privilegiada lhe transformou na sede propulsora das grandes navegações e consequentemente de um dos impérios mais ricos que a Europa já teve. Seu passado glorioso é facilmente percebido quando caminhamos pelas velhas ruas e ladeiras, uma característica forte dessa cidade. Os azulejos dos casarões refletem a magia e a riqueza da secular cidade europeia.

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Igreja de São Roque (Capela de Nossa Senhora da Doutrina):

Com quase 404 anos a Capela de Nossa Senhora da Doutrina é uma das mais exuberantes da Igreja de São Roque de Lisboa. Feita de madeira talhada dourada, pode ser considerada um dos símbolos da manifestação artística da época. Aliado a isso, suas colunas salomônicas dão um gigantismo a obra do século XVI.

Palácio de São Bento:

Antigo mosteiro benedito, hoje o palácio de São Bento é a sede da Assembleia da República. Ao longo dos séculos passados, o prédio passou por diversas reformas. Dessa forma, assumiu um estilo neoclássico na sua fachada. Sua estrutura abriga diversas obras de arte, em salões incríveis, que lembram o luxo e o requinte do reino Português.

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Portugal é o segundo país mais católico do mundo. Nesse quesito só perde para o Brasil, em número de fiéis. Uma das figuras simbólicas da igreja portuguesa é Nossa Senhora de Fátima. Seu aparecimento data durante a Primeira Guerra, e ajudou a fortalecer a fé cristã em Portugal e no mundo. Em Lisboa, apesar de um pouco distante de Fátima (Local da aparição) é muito forte a devoção pela santa.

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As colunas do Arco da Augusta, foram a primeira parte do monumento a ficar pronta. Quase 100 anos depois do início da obra. Ela tinha como objetivo comemorar a reconstrução de Lisboa depois do forte terremoto de 1755. Encontra-se localizada em frente à praça do Comércio.

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Azulejos:

Trazida pelos mouros, a cultura de adornar as casas ganha fama no século XVI. Nessa época, os artistas portugueses e flamengos começaram a modernizar a arte, com novas cores e títulos.

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Uma Lisboa em São Luís

A nossa inspiração para o fotodocumentário foi o vídeo postado pela artista plástica Mary Dutra, que ficou famoso por exaltar a cultura brasileira. Tentando entreter a sua sobrinha, Mary conseguiu fazer uma viagem mágica a Paris sem sair do Rio de Janeiro. Durante todo o trabalho elas conheceram um pouco mais da cultura francesa e as ligações que existem entre a Cidade Maravilhosa e a Cidade Luz. Pensando nisso, tentamos repetir o feito. Ao ver esse fotodocumentário, estarás convidado a uma viagem à Lisboa, mas sem tirar o pé do Brasil.

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Para conseguir essa epopeia, escolhemos São Luís. A cidade está localizada a mais ou menos 5800 km da capital portuguesa. Essa cidade brasileira foi fundada por franceses em 1612, mas em 1615 os portugueses tomam a capital da França Equinocial e iniciam a colonização. As marcas desse feito ainda está presente no dia atual. A cidade detém um rico patrimônio histórico, com casarões, azulejos e cantarias fazendo parte desse inventário. Não há como não se lembrar, ao caminhar pelas ruas do bairro do Reviver, da cidade lusitana. As ladeiras e os casarões refletem a beleza da terra que um dia foi uma das mais ricas do Brasil, e que detinha comunicação direta

com a capital portuguesa. Os lampiões dão para noite uma iluminação mágica do século XVIII. Nesse sentido, ao sair pelas ruas do centro histórico de São Luís buscamos enquadrar a Lisboa que existe nessa terra. Para fazer esse trabalho chegamos as 16h no Bairro do Reviver. Esse horário é ideal por causa da iluminação propícia para as fotos. Porém só começamos mesmo o trabalho as 17h, e logo enfrentamos nosso primeiro desafio: a mudança de ISO, abertura de câmera, velocidade além do balanço de branco. Com isso, perdemos um tempo precioso. Enquadrávamos o objeto mas no final não saía como o esperado.

Durante esse tempo conhecemos uma jornalista. Curiosa, queria entender qual era o nosso trabalho, e nos acompanhou até a igreja. No percurso fomos conversando sobre diversas coisas, inclusive “o porque de estudar jornalismo?”. Ficamos encantados com as histórias e a experiência dela. Com isso, ela nos deixou uma frase linda: “Nunca desista de seus sonhos. E, principalmente, nunca deixem de ser o jornalista sonhador que quer mudar o mundo”. Ao sair da igreja nos deparamos com os tempos modernos. Havia dezenas de pessoas, com a cabeça baixa, olhando para o brilho dos seus respectivos celulares. Logo, ligamos a febre do Pokemón Go. É incrível, como um aplicativo pode reunir tantas pessoas em um só lugar. E aquela área, que antes era esquecida e pouco movimentada nesse horário, estava repleta de jovens compartilhando pokebolas e as conquistas da caçada.

Texto e fotos: Maiara do Nascimento Pacheco Petronilio Filipe Costa Ferreira

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A Revista Fotografante é um produto do Laboratório Integrado de Pesquisa e Práticas Jornalísticas - Labjor/UFMA, realizado pela turma de Fotojornalismo 2016.1/UFMA, que foi orientada pela professora Li-Chang Shuen.

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