Editorial
Lado A 4 anos Quando você começa um negócio, não sabe onde ele vai te levar. Há quase 1500 dias, nascia uma pequena revista-poster que por toda a sua existência seria acompanhada de muito trabalho e grandes sentimentos. A Lado A passou a ser brochura, com grampos, virou regional, com um acabamento cada vez melhor e se tornou referência na região. São mais de 5 mil pessoas que visitam o nosso site todos os dias e criticam, elogiam, sugerem, participam da construção da revista gay sem conteúdo erótico mais antiga do país e a única independente. Sim, independentes. A Lado A é pioneira e a única que não está alojada em um grande site ou é financiada pelo governo. Apesar dos desafios que essa condição impõe, podemos ter orgulho de sermos livres e termos a certeza de que falamos o que deve ser dito e isso reflete em nossa credibilidade, em nossa obrigação com os leitores. Fazer uma revista gratuita não custa barato, ainda mais com a qualidade que ousamos propor. A Lado A é uma vitória da comunidade gay sulista, antes de tudo. Poderíamos ter mais anunciantes, mais assinantes, mais comentários, mais colaboradores, mas estamos contentes que nestes 4 anos você continuou ao nosso lado. A recíproca é verdadeira e estaremos sempre ao seu lado, nos momentos de tristeza e de alegria e expondo o que você quer e precisa ler. Foram momentos emblemáticos em nossa história, sem muitos dramas mas com muito trabalho e gente dando uma força. Agradecemos mais uma vez nossos apoiadores e colaboradores. Buscamos inspirar nossos leitores nas dificuldades diárias, passar um pouco de conhecimento e tranquilidade, e mostrar o Lado A da comunidade. Esta sempre foi a nossa meta, mostrar o que há de bom, o lado positivo, lado esse que, às vezes, esquecemos por causa de tanta pressão ou obrigações diárias. Seja assumido ou no armário, a Lado A é para todos, para os simpatizantes, para as meninas, para os jovens e também para os mais velhos. Conseguimos fazer uma revista democrática, sem estereótipos e que há 4 anos dá voz para pessoas que nem sempre tem o direito de expressão garantido. Parabéns a todos nós pelos 4 anos da Lado A!
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Allan Johan publisher
Expediente capa
nesta edição 05 Editorial Lado A - 4 anos
Coleção de capas da Lado A 07 Entrevista Mariângela Simão Galvão 11 Comportamento Traição LADO A # 31 - abr./mai. 2010 Tiragem 5 mil J. Responsável Allan J. Santin DRT-PR 8019 Jornalista Profissional Diplomado Editor Allan Johan Projeto Gráfico e Diagramação Anderson de Souza Website Supermodular Colaboradores do site: Raquel Gomes, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Beto, Fer Valois, Wander Mosco, Leandro Allegretti, Fernando Carlos, Eduardo e Paulo . Contato 41 - 3027.6599 contato@revistaladoa.com.br Para anunciar: contato@revistaladoa.com.br Correspondências CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A.
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13 Bens de Consumo 14 Moda 10 looks masculinos para 2010 16 Coluna Social 20 Comportamento Te gusta los hombres 22 Conto do Wander Dízimo 25 Guia Cultural 28 SC Guia GLS 30 PR Guia GLS 32 RS Guia GLS 34 Playlist DJ Marko 34 Pastel e seus amigos
Entrevista
Mariângela Simão Galvão Aos 53 anos, a doutora curitibana Mariângela Simão Galvão pediatra, sanitarista, mestre em saúde maternoinfantil pela Institute of Child Health de Londres (atual University College), dirige desde 2006 o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Ela roda o Brasil e o mundo interagindo com iniciativas de combate a epidemia que já chegou à casa dos 25 milhões de mortes pelo mundo. Mariângela respondeu as perguntas feitas por e-mail, com exclusividade para a Lado A. Lado A - O programa brasileiro contra a Aids é considerado o melhor do mundo, por quê? Mariângela Simão Galvão - Porque ouviu a sociedade civil e respondeu rapidamente a uma doença que, no início dos anos 1980, ainda não era conhecida e carregava grande estigma. Forneceu medicamentos antirretrovirais (ARV) universalmente, tão logo estes se tornaram disponíveis e acessíveis para aquisição. Além disso, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), mantém o fornecimento integral de medicamentos ARV para todos os que dele precisam. Para além disso, o governo brasileiro investe na negociação de preços para medicamentos e insumos de prevenção, como a camisinha. Nesse sentido, o governo brasileiro é o maior comprador
de preservativo do mundo. Aliás, o país possui uma fábrica de preservativos e produz seus próprios testes rápidos de aids.
Lado A - Muitos grupos civis reclamam que não há campanhas de massa constantes, que o assunto saiu da mídia, qual a dificuldade do assunto ganhar mais espaço e qual a principal mensagem a ser transmitida? Mariângela - Não diria que há dificuldade de exposição na mídia. Apesar de a aids não apresentar mais tantas novidades quanto há 20 anos, continua sendo uma pauta de interesse mundial. Além disso, há uma limitação de recursos para divulgação de mensagens de interesse público. A aids concorre, en-
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quanto tema, com outras pautas de saúde e com outras pautas de interesse público. Dentro da pauta de assuntos de saúde pública, a aids tem garantidas duas campanhas por ano. A principal mensagem é: a única forma de prevenir a aids em pessoas com vida sexual ativa é pelo uso do preservativo. Use camisinha. Mas se aconteceu algum descuido, faça o teste. Quem conhece seu estado sorológico se cuida melhor: seja continuando a usar camisinha, seja aderindo ao tratamento e melhorando sua qualidade de vida.
Lado A - Todo mundo sabe da importância do uso do preservativo, por que as pessoas não o usam? Mariângela - Porque é difícil. Temos dificuldade de incorporar atitudes e comportamentos preventivos de um maneira geral em nosso cotidiano. O uso do preservativo somente começou a ser incorporado à cultura sexual da sociedade brasileira após o aparecimento da aids. A camisinha ganhou um papel de destaque, uma vez que até hoje não existe forma mais eficaz de se prevenir. Mas nas relações estáveis, por exemplo, ela ainda é percebida por muitas pessoas como um indicativo de infidelidade ou de falta de confiança. Outras pessoas ainda acreditam que não correm risco porque “conhecem” as pessoas com quem têm relações sexuais. 94% da população têm conhecimento das formas de transmissão do HIV e 98% sabem que somente o uso do preservativo pode evitar a trasmissão sexual. Entretanto, somente 50% revelaram ter usado a camisinha na sua última transa. Mas veja que ao longo do tempo houve um grande avanço: em 1986, somente 9% das pessoas relatava ter usado camisinha na sua primeira relação sexual; em 2008, esse percentual chegou a 60,9%!
Lado A - Há teorias de conspiração que dizem que o vírus HIV foi fabricado em laboratório, há evidências disso? Mariângela - Baseadas em métodos de biologia molecular, as evidências atuais sugerem que o HIV seja uma modificação do SIV (vírus da imunodeficiência símia). O HIV 2, prevalente em algumas regiões da
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“Hoje, no mundo, cerca de 10 milhões de pessoas necessitam de tratamento e aproximadamente 40% têm acesso a ele” África, possui cerca de 80% de homologia em relação ao seu sequenciamento genético. Ao mesmo tempo, algumas populações africanas têm o hábito de utilizar a carne de macacos na alimentação, o que estabelece exposição ao sangue desse animal. Isso sugere que o HIV tenha sido uma mutação do SIV quando de sua transmissão para seres humanos.
Lado A - Há também a teoria de que o HIV não causa sozinho a Aids, o que é mito em tudo isso? O que é conhecido sobre a mortalidade do vírus? Mariângela - Existe uma teoria que advoga que o HIV não causa aids. Os resultados da utilização do tratamento antirretroviral e da supressão da replicação do vírus em decorrência da utilização do tratamento já demonstraram a centralidade do HIV como determinante da aids. Entretanto, é óbvio que outros fatores também são importantes no risco do desenvolvimento da doença.
Lado A - Quantos subtipos do hiv foram identificados? Todos causam a Aids? Quais já foram identificados no Brasil? Quais as diferenças entre eles, em virulência. Todos são detectáveis pelos testes Elisa I e II? Mariângela - Existem dois tipos de vírus da aids, o HIV1, mais prevalente no mundo, inclusive no Brasil, e o HIV2. Os dois estão subdivididos em três grupos: M, No, O e diversos subtipos, incluindo recombinantes. No Brasil, o subtipo B é o mais prevalente, exceto na região Sul, onde há alguns estudos demonstrando a importância do subtipo C. Suas diferenças em relação à virulência ainda estão sendo investigadas. Os testes disponíveis identificam tais subtipos.
Lado A - Quanto o governo brasileiro gasta com a Aids? Mariângela - O orçamento do governo brasileiro para 2010 é de exatos R$. 1.136.970.912,00 ou 1,1 bilhão.
Lado A - Há alguma expectativa de cura ou vacina? Depois de 30 anos de epidemia, as pesquisas continuam fortes, por que ainda não se teve resultado prático? Mariângela - É importante compreender a complexidade e enorme variabilidade do vírus HIV. É ela que explica por que, apesar dos grandes avanços nas pesquisas nos últimos 30 anos, não se chegou à cura ou a uma vacina. Ainda assim, no caso do tratamento, avançou-se bastante na pesquisa, pois se chegou a uma combinação de medicamentos (coquetel) que permitiu, em 12 anos, o aumento da sobrevida de pacientes com a doença de 58 meses para 108 meses. No caso da vacina para a aids - que é bastante diferente do das vacinas tradicionais, como febre amarela e outras, pela sua característica recombinante (combinação do vírus da aids com diferentes vetores) - avançou-se bastante também. No ano passado, no Congresso de Vacinas anti-HIV em Paris, anunciou-se pela primeira vez uma vacina de eficácia parcial, a partir de um ensaio clínico com 16 mil voluntários na Tailândia. Apesar de ter baixa eficácia (30%) e de ainda estar em discussão, esta foi a primeira vacina com algum resultado em humanos.
Lado A - Há populações de prostitutas africanas que têm imunidade contra o vírus, qual a dificuldade de reproduzir essa capacidade em laboratório? Mariângela - Estima-se que cerca de 1% da população mundial tenha deleção do correceptor CCR5. Sem este correceptor, o HIV não tem capacidade de penetrar na célula CD4. Isso já foi demonstrado por Luc Montagnier, descobridor do vírus da aids. Foram desenvolvidos medicamentos denominados inibidores de entrada, que se ligam à molécula CCR5, impedindo a penetração do vírus. Esse é um campo de pesquisa que vem se desenvolvendo nos últimos anos e que já tem alguns medicamentos com bons
resultados entre pessoas infectadas pelo HIV.
Lado A - Neste ano, cientista americanos disseram que o uso de antirretrovirais em massa poderia conter a epidemia em 40 anos, como foi recebida esta notícia? Mariângela - Toda teoria que abre a possibilidade de erradicação do HIV traz a esperança de controlar a epidemia. Entretanto, deve ser recebida com cautela, já que a complexidade biológica, social e cultural do vírus em que a doença do HIV se estabeleceu no mundo demonstra que são precisos esforços de diversos campos do conhecimento e da ação política para sua concretização. Uma série de perguntas seguem não respondidas. Hoje, no mundo, cerca de 10 milhões de pessoas necessitam de tratamento e aproximadamente 40% têm acesso a ele. Uma vez iniciado o tratamento, alguns riscos devem ser considerados, como, por exemplo, a resistência viral e a toxidade dos medicamentos. Além disso, modelos matemáticos nem sempre são capazes de reproduzir a singularidade e a diversidade em que o comportamento humano se expressa.
Lado A - Por que o Rio Grande do Sul assumiu a frente do ranking de casos de aids no país no ano passado? Existe mesmo maior número de usuários de drogas injetáveis no estado, eles seriam os responsáveis pelo aumento da aids na região? Mariângela - Desde o ano 2000 o Rio Grande do Sul figura entre os primeiros do ranking nacional em taxas de incidência por 100.000 habitantes, ocupando o primeiro lugar de 2002 a 2008. A taxa de incidência do estado no ano de 2007 foi de 43,8 por 100.000 habitantes, enquanto a taxa para a região Sul foi de 29,3 por 100.000 habitantes. No Brasil, para este mesmo ano, a taxa de incidência foi de 17,9 por 100.000 habitantes. No país, de 1998 a 2008, houve uma queda de casos de aids entre os usuários de drogas injetáveis (UDI). Passou de 20,3% no sexo masculino, em 1998, para 6,3%, em 2008. No feminino a queda foi de 8,5% para 2,8% no mesmo período. No Rio Grande do Sul
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também houve queda, porém menos acentuada que a do Brasil. Para o sexo masculino, o percentual passou de 32,2%, em 1998, para 13,4%, em 2008. Entre mulheres a queda foi de 10,4% para 3,3%, no mesmo período. O percentual de casos de aids entre os UDI no estado do Rio Grande do Sul continua maior do que nos demais estados da região Sul.
Lado A - No início da epidemia, gays foram apontados como os maiores vilões da Aids, chegou-se a chamar a doença de câncer gay. Foi uma injustiça histórica ou uma verdade incoveniente? Mariângela - Entre “uma injustiça histórica” ou “uma verdade inconveniente” eu não ficaria com nenhuma das duas. Lamentavelmente, por um lado, a epidemia da aids manifestou-se primeiro entre os gays, o que, de certa forma, criou condições favoráveis para que os estudiosos sobre a epidemia tivessem um universo bastante determinado para suas pesquisas. É claro que, numa sociedade preconceituosa, alguns grupos se apropriaram dessa concentração para condenarem as práticas homossexuais e responsabilizaram os gays pela epidemia. Entretanto, não demorou muito para que se percebesse que todos estamos vulneráveis à epidemia, alguns mais, outros menos, dependendo de uma série de fatores que acabam criando níveis diferenciados de vulnerabilidades. O contexto descrito permitiu que a população gay adotasse práticas sexuais seguras. Entretanto, em alguns contextos, percebe-se um recrudescimento de práticas sexuais desprotegidas, refletido em um pequeno aumento da prevalência em HSH jovens.
Lado A - Como promover a prevenção a uma doença que leva à morte, aumentar a auto-estima de quem vive com o vírus, sem prejudicar um trabalho ou outro, não é um dilema? Mariângela - Não. Estimamos que existam hoje no Brasil 630 mil pessoas vivendo com o HIV, sendo que, dessas, mais de 200 mil não sabem que possuem o vírus, pois nunca se testaram. Das que
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conhecem sua sorologia positiva, algumas estão vivendo com o HIV desde a década de 80, submetidas a terapia anterrotroviral e levando uma vida saudável, inclusive afetivo-sexual. A cada avanço da ciência, a cada descoberta de uma nova droga, a perspectiva e a qualidade de vida dessas pessoas aumenta, e, consequentemente, também sua autoestima. O que não significa que os efeitos colaterais do medicamento não as afete e que a adesão a uma terapia que exige regularidade não seja um transtorno. A aids em si não mata. Ela debilita o sistema imunológico da pessoa e a torna mais vulnerável a doenças que podem causar a sua morte. Existe, sim, a preocupação de não banalizarmos as consequências do HIV, pois isso poderia também levar a uma redução da importância das ações de prevenção e do sexo seguro. Entretanto, é fundamental que reconheçamos os direitos das pessoas vivendo com o vírus e combatamos o estigma que leva à discriminação, pois esse pode causar a morte em vida, o que é ainda pior.
Lado A - Qual a expectativa de vida hoje de uma pessoa com HIV com e sem tratamento? Por que hoje se vive mais do que na década de 80? Mariângela - Pessoas diagnosticadas em 96 tinham uma sobrevida de cerca de 58 meses. Já pessoas diagnosticadas em entre 99 e 98 apresentam uma sobrevida de mais de 108 meses. Quanto mais recente e precoce o diagnóstico, maior é a chance de que a sobrevida seja ampliada com qualidade. Isso porque, com o decorrer do tempo, os medicamentos empregados no tratamento antirretroviral se tornaram mais potentes, mais cômodos em sua posologia e menos tóxicos. Além disso, o emprego de métodos de biologia molecular tais como a quantificação do HIV (exame de carga viral) e teste de resistência genotípica (exame de genotipagem) aprimoraram o acompanhamento e o tratamento da infecção pelo HIV. Tais tecnologias passaram a estar disponíveis a partir do final da década de 1990, modificando a história da epidemia.
Comportamento
Traição Por Lou Gottfried
Você alguma vez já traiu? Alguma vez já se perguntou se foi traído? Já se perguntou ou parou para pensar se trairia um dia? É possível trair em pensamento? Estas são perguntas presentes em nosso dia a dia, sobretudo em uma sociedade “tribalista”, na qual “ninguém é de ninguém” e todo mundo pertence a todo mundo, ao mesmo tempo. Mas quero tentar esclarecer, mesmo que brevemente, o que vem a ser infidelidade dentro de uma visão antropológica e social. Segundo definição do termo infidelidade na língua portuguesa, trata-se do ato de violação de regras e limites mutuamente acordados em um relacionamento. No caso de relacionamento amoroso, trata-se de não ter relações apenas com uma pessoa. Em todo relacionamento, sobretudo no come-
“Eu sou de ninguém, eu sou de tudo mundo e todo mundo é meu também.” Uma breve visão antropológica sobre a infidelidade amorosa.
ço do mesmo, quando certamente tentamos vender nosso peixe e atrair a pessoa que queremos, prometemos amor eterno e que esta pessoa em questão é a única que pode suprir nossas necessidades afetivas. Sendo assim, por que ainda traímos? Nós, seres humanos, não podemos nem de longe ser classificados como um animal monogâmico. Se realmente fossemos, não trocaríamos de parceiros sexuais, namorados, maridos e outros. Somos poligâmicos, o que quer dizer que temos vários parceiros e nossa natureza, de forma instintiva, nos leva a isso. O que nos diferencia dos outros animais poligâmicos é a capacidade de escolher ter apenas um parceiro ou não. O fato de ter apenas uma pessoa e o matrimônio são questões religiosas, sociais e políticas, não tendo ligação nenhuma com a natureza humana. Isso já nos esclarece um pouco o
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fato da traição. Agora, segundo a definição denotativa, infiel é o indivíduo que quebra um trato mutuamente acordado. Mas, se este trato não é imposto pela sua natureza e sim por um conjunto de regras (religião, sociedade e política), podemos ainda tratar seu ato como infidelidade? Temos em sociedades mais antigas o ato de ter mais de um parceiro, encarado de forma natural e, não voltando muito, temos hoje os relacionamentos abertos, a poligamia conjugal, casos de casais que vivem juntos em plena harmonia. Como alguns mórmons americanos que vivem em colônias nas quais os homens chegam a ter quatro esposas, muçulmanos que podem casar com mais de uma mulher. Isso não se trata de infidelidade sendo que a única diferença é a sua sociedade pitoresca e seus costumes? Bem isso. Não é infidelidade por estarem todos de acordo. Mas somente por este motivo de consenso. Na época pré-histórica, sabe-se que quando o homem começou a viver em colônias, havia um macho dominante para cobrir um número específico de fêmeas. Nem por isso elas morriam de ciúmes, pois era a única forma que conheciam e assim foi por muito tempo. No império Romano, as orgias deixavam bem claro que ser fiel a uma pessoa apenas não era suficiente, pois os deuses pediam que os corpos fossem cultuados. Reza a lenda que Tibérius, avô de Calígula e fã das orgias em sua ilha da fantasia, dizia que todo grande homem deveria ter uma linda e maravilhosa mulher para reproduzir e um outro grande homem para se divertir. Não só ocorria sexo entre vários parceiros, mas também relações homossexuais abundavam. Mas, isto não era visto da forma que nos é colocado hoje, mas sim uma forma prazerosa de se relacionar, como sempre foi. Já na Idade Média, na época de ouro, as cortesãs tinham papéis fundamentais na sociedade como amantes de grandes nobres. Vale lembrar que cortesã é completamente diferente de prostituta. Há registros de existência de ambas nas socie-
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dades européias nesta época, mas ambas desempenhavam papéis diferentes. Mas, nesse período, os casamentos foram mais usados como tratados entre nações do que demonstração de amor eterno, sendo então, impostos pela política e religião que eram difundidas nesta época. Mas, vale também salientar que hoje casamos graças à cultura européia de casamento. Graças, ou desgraças. Ainda há o fato da ciência estar estudando a infidelidade como caso genético, constatando que, no sexo masculino, a maioria dos indivíduos que traem, traz uma variante do gene, o alelo 334. Na antropologia, sabemos que o homem sempre teve o hábito de ter várias parceiras pelo fato de estar pronto para a reprodução a todo o momento e porque desde o começo da existência do homem e da sociedade, ele precisava reproduzir o máximo que podia. Talvez, dessa forma, podemos também analisar o porquê da traição ser mais frequente nos homossexuais masculinos do que femininos. Há claro uma forma de vida diferente na homossexualidade, um mundo onde a promiscuidade é maior e sabemos disso, onde tudo é mais fácil. Mas sabemos que cada pessoa é diferente e o ambiente não influencia tanto nesta questão, não sendo todo homossexual promíscuo, mas sim aquele que se entrega aos prazeres da promiscuidade. E quem disse que este individuo promiscuo está errando? Ele simplesmente tem uma outra visão de relacionamento. Sendo assim, a traição é apenas um ponto de vista social, político e religioso. O maior problema não é o fato de ter mais de um parceiro ou desejar mais de um, mas sim a questão de respeito pelo outro. O importante deixar tudo as claras, não enganar, porque o que mais prejudica na história toda é você se machucar ou acabar machucando alguém. Se os dois estiverem de acordo com o relacionamento aberto, que sejam os dois felizes, ou os três, ou os quatro... A paranaense Lou Gottfried é transexual, professora de inglês e tem especialização em Antropologia pela Universidade de Cambridge e é colunista da Lado A desde 2007
Bens de consumo Cachecol com gravata A empresa dinamarquesa AndTie lançou uma série de cachecol gravata que é unissex, moderno e um super acessório. Com estampas desde o pretinho básico até o prata perolizado, este acessório é super fashion e ainda esquenta seu pescoço no inverno. Preço: Entre £55 (R$ 150) e £129 (R$350) no www.shop.andtie.dk
Air Umbrella Futurista, inovador e hi tech. Este guarda chuvas desenvolvido pelos designers coreanos Je Sung Park e Jung Woo Know despeja em sua ponta uma cortina de ar capaz de bloquear e desviar a passagem da chuva. Se você achava que isso é tudo, saiba que ainda é possível regular o tamanho do aparelho, aumentando seu raio de ação. A má notícia é que ele está em fase de desenvolvimento e não é comercializado, ainda.
Casio G-Shock Hyper Color A nova linha da marca de relógios japoneses está em sintonia com as cores da moda: as fluorescentes. Cores vibrantes, design arrojado com look retrô. Preço: US$175 (R$305) no site da Casio
Bape Creep A excêntrica marca japonesa Bape, The Bathing Ape, de street wear, sucesso também em NYC e Paris onde possui lojas, lançou com o coletivo de desing Ambush uma linha de calçados multicoloridos, inspirados nos anos 80. Cores berrantes, estampas de animais e solado flexível são algumas das apostas da linha de tênis Creep. Preço: ¥19 mil (R$350) no www.bape.com
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Moda
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ma para 2010
Selecionamos alguns visuais masculinos no XXII Crystal Fashion para você usar como guia para este inverno. Destaque para xadrezes, couro, as cores vinho, café, vermelho, preto, branco e nude (de bege para mais claro). Prefira looks discretos e combinações que valorizem a sua personalidade.
Jeans preto com cinto de tachas, com camiseta estampada Cavalera
Coat preto sobre camisa com jeans reto clássico e bota de montanhismo Costume de dois botões com maxi bata com motivos étnicos da TNG
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Pólo listrada com jeans rasgado semi bag e jaqueta acinturada estilo universitário bege by Triton
Jaqueta de veludo marrom sobre bata de linho branca com jeans escuro e sapato esporte da TNG
Bermuda e jaqueta jeans sobre xadrez multicolor da Cavalera
Cardigan vermelho sobre calça saruel listrada by Mario Queiroz
Knit metalizado e calça em alfaitaria na cor chocolate e tênis xadrez by Alexandre Hetchcovitch
Calça café com relevo de cobra, blusão de malha marrom sob regata brilhante com botões da Cavalera
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Coluna social Paranรก Business Collection (Curitiba )
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Side Caffe in Wonderland (Curitiba)
XXII Crystal Fashion (Curitiba)
Coluna social Clube dos 20 na Yes! (Baln. Cambori煤 )
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Dance Floor na Concorde (Florian贸polis)
White Party na UP (Joinville)
Comportamento Sempre temos aquela dúvida cruel quando o assunto é “sair do armário publicamente” ou “ficar no closet forever”. Recentemente, passei por esse “drama” quando em frações de segundos tive que decidir se revelava minha orientação sexual para uma sala de novos colegas no curso de espanhol. O professor explicava quando devemos usar “A mi también”, “A mi tampoco”, “A mi sí” e “A mi no” (frases para concordar ou discordar do que alguém disse em uma conversação). Muito bem, eis que ele soltou a seguinte afirmação para que um a um na sala respondesse afirmativa ou negativamente: “A mi NO me gustan los hombres” ao que as mulheres responderam “A mi sí” ou “A mi también” e os homens responderam “A mi no” ou “A mi tampoco” até que chegou minha vez de responder! Pensei em dizer: “A mi SÍ”, mas me veio em mente à reação de cada um na sala! O pai de família com dois filhos iria estrebuchar no chão; o casal de noivos me olharia com recriminação; a menininha mimada e filha única até poderia me pedir dicas de moda; e o guri com a camiseta do Nirvana não arriscaria fazer exercícios em dupla comigo! Adivinha o que respondi? “A mi NO”. E quando achei que a saia justa tinha acabado, eis que o professor solta mais essa: “A mi me gustan las mujeres”. Pensei “Caramba! Acho que é perseguição!” E tive que responder “A mi SÍ”, (fui honesto ao dizer isso porque gosto de mulheres, tenho várias amigas!). Mas no sentido em que a frase foi dita pelo professor, não mesmo! Não e que minhas amigas me desculpem, nunca rolou e não rolará agora! Deveria ter dito minha orientação sexual? Eu imagino a cara do professor (vermelha e sem graça) se tivesse feito isso, e o desconforto da sala toda! Com qual propósito faria isso? Acho que não devemos contar nossa orientação sexual assim, principalmente porque não vivemos em um mundo em que
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por Leandro Allegretti
ser gay é ser normal (perante os olhos da maioria). Acha que o fato do Serginho e Dicésar permanecerem no BBB10 por muitas semanas fez o Brasil mudar de postura quanto à Homossexualidade? O fato é que só contarei a desconhecidos que sou gay quando isso tiver o mesmo peso na sociedade que uma pessoa te diz em um primeiro contato: “sou casado e tenho dois filhos”. Qual sua reação a isso? Você no mínimo diz: “Ah! Que legal!”, até pode emendar um “Parabéns” e continua com sua vida normalmente, sem alarde, espanto, cara feia ou olhar de recriminação! Ser gay é só um detalhe, somos muito mais do que isso: somos filhos, irmãos, colaboradores, estudantes, namorados, amigos e muito mais! Experimente contar a alguém sobre sua orientação sexual e ouça o seguinte comentário pro resto da vida: “ele é gay”. Isso é um problema? Não quando é dito sem discriminação. Mas me responda, onde isso é dito desse modo? Na boate gay (talvez), mas até lá existe preconceito! Ih! Depois que escrevi tudo isso reparei que acabei de te contar a minha orientação sexual, e você é um desconhecido pra mim! Pois é, para toda regra há exceções! Agora que tu sabes que jogamos no mesmo time, guarda meu “segredo” que prometo guardar o seu! Leandro assina a coluna ‘aLEatória’ no site da revista Lado A e o blog ‘Do que os gays gostam’
Saiba onde fazer o teste ou receba mais informaçþes em: www.aids.gov.br ou 0800 61 1997
Contos do Wander
Dízimo
Por Wander Mosco
1994. Tinha quinze anos. Estava segurando minha revista Playboy, batendo uma punheta em pleno banheiro; porta fechada é claro. Ouvi murros quase invadindo minha privacidade: “Vai sair quando desse banheiro meu filho? Temos que ir pra igreja!”. Malditos desejos, sempre me assolando em pleno domingo pela manhã. Mas eu acordava com tesão, não conseguia lidar com isso sem extravasar. Terminava meu banho, mas não sem antes tocar meu corpo nu, quente, naquelas paredes frias; era indescritível. Colocava roupa, sempre algum shorts - era proibido sair pelado pela casa; aproveitava essa regra usando minha toalha pra esconder aquela revista já pegajosa. Manhã rotineira de domingo; fomos à igreja enfrentando certo vento gelado, minha mãe decidiu quebrar nossa monotonia: “Hoje você leva nosso dízimo, filho!”, disse sorrindo, mas sem realmente me animar, indaguei: “Pra quê?”, recebendo em seco uma resposta incisiva partindo de uma voz paternal, “Rapaz, obedeça a sua mãe”. Levei aquele envelope, quando pedido pelo pastor, num corredor cheio, uma multidão, com mais pessoas portando seus envelopes; aquela cena enjoou-me profundamente, todos pareciam alegres, todavia não havia profundidade naqueles olhares. Tentei voltar, mas não enxergava mais meus pais
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– os corredores tomados não permitiam nenhuma visualização – tomei coragem, seguindo em frente, já tocando naquele altar; uma curiosidade imensa me tomou. Olhei dentro daquele envelope, vi uma soma considerável. Percebi que era observado, olhos acusadores espreitavam, quando olhei em volta ninguém notara meu insano movimento. Depositei ali mesmo, em um canto, aquele dinheiro. Último domingo de um mês cansativo, eram férias, era inverno e meu pai chegou trazendo revista nova; era sempre assim, não entendia porque fazia questão em me entregar sempre uma revista pornô atual. Surpresa, conteúdo diferente, nunca tinha lido daquela – nem lembro mais nomes só lembro que era bem interessante – não havia apenas mulheres, suas páginas vinham recheadas por sexo explicito. Claro, não faltou uma última repetitiva recomendação daquele pai insistente: “Não conta pra tua mãe hein”. Minha primeira sensação foi estranha, inovadora, não prestei atenção somente naquelas mulheres sendo penetradas, mas vaguei meus olhos pelos homens que preenchiam coadjuvantemente aquelas folhas; laudas limpas por ainda não terem visitado meu banheiro. Levei já em meu próximo banho, folheei tudo, encontrando inclusive alguns homens nas fotos, sem mulheres - eram anúncios.
Ri um pouco com algumas atribuições e fiquei curioso quando li: “Sou hétero, mas procuro por homens”. Não entendi aquela palavra – “hétero” – como queria descobrir! Fiquei por dias ensaiando até que tomei coragem, aproveitando que minha mãe estava ausente: “Pai, que significa hétero?” falei rapidamente receoso por talvez não conseguir concluir meu questionamento; vai que eu estivesse dizendo palavrão ou algo desse gênero. “Tirou isso daonde meu filho?” falou rispidamente meu pai. Temi por sua reação, mas respondi: “Li naquela revista pornô” e ele tentou desviar “Tem bastante mulher pelada lá?”. Terminei nossa conversa balançando minha cabeça em sinal afirmativo... Aquela semana nem consegui estudar, minha imaginação voava, queria ver mais corpos masculinos; reli muitas vezes aqueles anúncios, havia poucos homens procurando homens, todos em várias regiões mas nenhum por perto. Numa tarde com frio ameno, fui buscar mais corpos, imagens, decidi adentrar locadoras tentando, sem sucesso, olhar filmes adultos – queria vê-los estampando capas. Lembro bem que num desses estabelecimentos fui expulso; uma garota esguia puxou-me pelo braço me arrancando com força: “Aqui não pode entrar de menor!!!” gritava ela; tive tanta vergonha, todos me olhavam enquanto eu caminhava cabisbaixo... Aquilo não esfriou minha cabeça, fiquei aterrorizado, passei por uma revistaria, ainda naquela semana, após minha ultima aula; havia tantas revistas pornôs que enfim consegui encontrar algumas com homens estampando capas, publicações pequenas, talvez metade do tamanho normal, em inglês que eu sinceramente não entendi apesar da grande certeza em serem eróticas – estavam lacradas por pacotes plásticos – verifiquei preços; caras demais pra mim. Na verdade qualquer valor seria muito, eu não recebia nada, era apenas um estudante. Alguns domingos se passaram. Havia se transformado em costume: fui oficialmente promovido, era minha incumbência entregar nosso dizimo familiar. Recebia novo envelope logo cedo, quando minha mãe me acordava abruptamente. Como
sempre fora muito preguiçoso, ela sabia como me assustar pela manhã. Entrava gritando pelo quarto, amarrando tal demônio da preguiça: “Acorda filho, não deixe seu inimigo te dominar!”. Enquanto caminhávamos, eu ia apalpando aquele envelope, guardado em meu bolso, tentando imaginar quanto teria. Pensei se seria suficiente pra comprar pelo menos uma revista. Durante nosso culto levantei, avisei meus pais que precisava ir ao banheiro, fui andando olhando pro chão; entrei sem fazer barulho, temia ser visto. Contei várias notas, com certeza seria suficiente, guardei em outro bolso – sobrava então um envelope vazio – peguei alguns pedaços de papel higiênico e enchi aquele envelope. Passei todo o culto temendo ser descoberto, mas nem mesmo quando depositei aquele papel higiênico sobre o altar – dentro do envelope, claro – nem naquele momento fui pego, então sai daquela igreja contente e querendo correr pra revistaria mais próxima. Ainda precisei esperar um demoradíssimo almoço em família com recapitulações sobre nosso culto matutino. Quando finalmente livre, corri, avisei meus pais que jogaria vídeo-game com meu primo – eles conheciam meu fascínio pelos jogos eletrônicos – mas tão logo alcancei uma avenida, virei, busquei, encontrei; era uma banca pequena, abarrotada por jornais dominicais. Fui direto pro que me interessava, escondendo minhas buscas de olhos curiosos. Enquanto olhava aquelas revistas menores sem ainda tocar em nenhuma, senti uma presença, era o dono daquele estabelecimento: “Procurando putaria rapaz?” disse isso soltando uma risada sarcástica ao mesmo tempo em que apontava uma sugestão “Essa é a melhor, todas bem putinhas”. Não sabia como responder, mas percebendo aquele lapso de intimidade tentei dirimir uma duvida: “Que significa hétero?” parecia que eu havia tocado uma ferida, pois ele desconversou disfarçando precisar voltar ao caixa. Aproveitei quando de repente o lugar esvaziou, agarrei uma revista com homens bem malhados, andei rápido pro caixa: “Vou levar essa!” minhas palavras pareceram cair em terreno minado “Isso não é pra criança, seu pirralho”; levei um tapa tão forte no ouvido, quis chorar, mas eu era adolescente, não podia
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agir como criança e contive minhas lágrimas... Praticamente voei pra casa, menti dizendo que meu primo não estava lá; minha única vontade naquele momento era estar só com meu zumbido ensurdecedor que levou um tempão pra passar. Algumas semanas depois, conforme minha curiosidade aumentava, peguei mais um envelope – meu pai recebia por quinzena – e engordei minhas economias sem saber muito bem como realizaria meus desejos. Logo saímos do culto, meus pais ainda decidiram passar numa banca, pra meu azar era a mesma de outrora onde recebera meu primeiro tapa no ouvido, inventei uma desculpa e permaneci no carro enquanto meus pais compravam jornais... Quando finalmente senti-me seguro, em casa, fui mofar meus neurônios em frente à televisão, assistindo programas dominicais enjoativos; em um deles passava uma disputa em pleno ringue de lama com homens malhados vestindo apenas sungas. Senti meu pau endurecer exatamente quando meus pais entravam na sala com alguns classificados em mãos. Meu rosto esquentou, ferveu, uma vergonha repentina – mal podia disfarçar minha ereção – pedi pra ver um pedaço daqueles anúncios, minha mãe me passou alguma coisa sem nem reparar e eu usei aquelas folhas pra me esconder e correr pro meu quarto. Enquanto sossegava meus nervos folheei aquelas poucas páginas em minhas mãos. Nada parecia me interessar, só havia informações de vendas, locações, anúncios religiosos e pessoais; foi nessa última sessão que reparei em algo: “Acompanhantes de Executivos”. Fiquei intrigado, mas não demorei pra perceber do que se tratava. Procurei então algum nome masculino. Encontrei dois, perdidos em um infinito catálogo de nomes femininos. Não havia preços, somente descrições – por sinal bem atraentes – e telefones para contato. Fiquei curioso, queria ligar, mas não tinha coragem de fazê-lo em casa. Recortei aqueles dois anúncios e guardei em minha mochila, em meio a lápis e canetas. Depois de uma longa noite, levantei cansado e sonolento; ansiedade chata levou meu sono, minha paz. Atrasado. Minha mãe gritava, entrando e saindo pelo meu quarto, agitando meus cadernos em suas mãos,
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arrumando tudo na mochila. Tomei logo todos aqueles materiais, ajeitei tudo, então me vesti correndo, engoli um croissant, me despedi e saí andando rápido. Cheguei atrasado, já estavam todos agrupados fazendo um exercício; vasculhei com meus olhos aquelas mesas ajuntadas e procurei minhas amigas. Quando as encontrei me sentei tentando entender qual era a atividade – um exercício bobo de biologia – mas mal consegui me concentrar aguardando pelo intervalo. Foi num desses lapsos que quase vi meu desejo descoberto: todos trocavam materiais e um garoto, conhecido meu, pediu uma lapiseira enquanto abria meu estojo. Tomei aquele objeto rapidamente de suas mãos, fingindo pegar algo. Consegui tirar meus recortes de jornal, devolvendo-lhe o estojo, enfiando aqueles papéis na manga da minha blusa bem discretamente. Por conta do medo, temia ser pego com aqueles anúncios, decidi colocá-los entre os materiais de alguma daquelas companheiras de atividade. Fingi emprestar uma caneta vermelha, coloquei os pedaços de jornal, mais pro fundo; descuidado, passei aquele estojo sem atenção, ela não observava, apenas estendeu sua mão. Caiu tudo no chão, inclusive meus acompanhantes que anunciavam seus dotes em linguagem beirando o vulgar. Um garoto, de outra mesa – nem me lembro seu nome – tentou ajudá-la; sua curiosidade acabou sendo aguçada quando viu aqueles recortes. Primeiramente leu em voz baixa, para si, mas percebendo do que se tratava, bradou para todos em classe: “Olhem a Ângela está procurando acompanhantes!!”. Leu tudo que estava escrito enquanto a sala se transformou em alvoroço. Ela tentou arrancar-lhe aqueles papéis enquanto gritava por sua inocência. Mesmo nosso professor olhou-a com escárnio, sem qualquer compadecimento. Agora aqueles anúncios passavam de mão em mão e até foram levados para fora, no pátio; lá se ouviram gritos, gargalhadas. Outros alunos de outras classes saiam querendo interar-se de tudo. Fiquei só naquela sala, tive medo, todavia me aproximei da porta com mãos trêmulas e coração saltitante. Olhei minha amiga sendo xingada. Tive pena por sua humilhação... Tive pena de mim mesmo...
Guia Cultural Curitiba
Guayasamín Violência contra o ser humano é o tema central do equatoriano Oswaldo Guayasamín que com traços fortes expressa momentos de dor, tristeza, medo, espanto e horror. Com forte expressão dramática, seus personagens emanam gritos e olhares de angústia. Aquarelas, óleo sobre tela, acrílico sobre tela e desenhos em tinta sobre papel, fazem uma retrospectiva nos 60 anos de produção do artista. SERVIÇO Quando: até 25 de julho; Onde: Mon - R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico; Quanto: R$4 e R$2 (estudantes); Info.: (41) 3350-4400
Deformação da História O artista João Moro usou rostos de personalidades históricas como Albert Einstein, Paulo Leminski e Santos Dumont para criar as obras de Deformação da História. Um painel de três metros de altura com 76 rostos e uma impressionante instalação com 210 rostos de resina compõem a mostra. SERVIÇO Quando: até 6 de junho; Onde: Casa João Turim – R. Mateus Leme, 38 - Largo da Ordem; Quanto: gratuito; Info.: (41) 3223-1182
XXXPERIENCE
Florianópolis Tensões O catarinense Guido Heuer expressa violência urbana, inconformidade com o mundo contemporâneo, conflito entre nações e a negligência em relação aos problemas ambientais. SERVIÇO Quando: até 14 de maio; Onde: Fundação Cultural Badesc - Rua Visconde de Ouro Preto, 216 – Centro (de seg. a sex., das 12h às 19h); Quanto: gratuito; Info.: (48) 3224-8846.
O Paraná recebe a tour 2010 da Xxxperience que este ano completa 10 anos de sucesso. A festa tem opcionais de camarote com open bar e promete mais de 14h de balada e contato com o meio ambiente. SERVIÇO Quando: 15 de maio – 10h; Onde: Fazenda Heimari – R. Atilio Pedão, 15 – Piraquara; Quanto: de R$50 a R$190; Info.: www. mundoxxxperience.com.br
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Guia Cultural Vidas da Luz da Lua A exposição é composta de 20 fotografias de habitantes das profundezas do mar da praia do Forte, tiradas entre 2005 e 2009. imagens de animais de aparência pré histórica que parecem pertencer a outro mundo fazem parte da mostra. SERVIÇO Quando: até 20/12; Onde: R. Prof. Ademir Francisco, s/n - Barra da Lagoa; Quanto: gratuito; Info.: (48) 3236-2015
formances acrobáticas, domínio técnico, figurinos e cenários extravagantes compõem a atração que já foi visto por mais de 9 milhões de espectadores em 20 países. A montagem utiliza mais de 250 figurinos, 200 pares de sapato e 500 objetos de cena, além de arrojadas plataformas invertidas suspensas, que trazem os artistas à cena. SERVIÇO Quando: de quinta a domingo até 20 de junho; Onde: BarraShopping Sul - Av. Diário de Notícias, 300 – Bairro Cristal; Quanto: de R$230 a R$680; Info.: 0300 789-6846
Ana Carolina
Porto Alegre Circo Quidam
Comemorando seus dez anos de carreira, Ana Carolina traz para Porto Alegre o show, N9ve. Com voz inconfundível, domínio e charme de palco inigualável, a dama da MPB promete um show íntimo e longo para uma platéia de fãs cativas que lotam suas apresentações. O Cirque du Soleil chega novamente a capital gaúcha, desta vez com o espetáculo Quidam. Per-
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SERVIÇO Quando: 26 e 27 de maio, 21h; Onde: Teatro do Bourbon Country – Av. Túlio de Rose, 80 2º Piso; Quanto: de R$90 a R$150; Info.: (51) 3375-3700
Modelo Bruna Brito do Brazil´s Next Top Model
Princesa Paola de Orleans e Bragança
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» SC Guia GLS « Florianópolis Bares Bar do Deca - Praia Mole (último no sentido Galhetas) Blues Velvet - R.Pedro Ivo, 147 - Centro Café das Artes (F) - R. Esteves Júnior, 734 Jivago Lounge - R. Dep. Leoberto Leal, 4 Rancho do Maneca - SC 405 Km 1, nº 472A Deny’s Bar - R. João Grumiche, trav. 437 - Kobrasol Ilha Café - R. Major José Augusto Faria, 20 - Centro BOATES Concorde Club - Av. Rio Branco,729 - Centro; www.concordeclub.com.br; telefone: (48) 3222-1981 Mix Café - R. Menino Deus, 47 - Centro SAUNAS
SAUNAS Sauna Clube - R. 2450, nº 86 Centro Sauna Batel - R. 2800, nº 422 - Centro Sauna Bianca - Rua Jamaica, 700 - Centro
Blumenau BOATES Galesi Mix 157 - R. Alwin Schader, 1 - Centro Fly Music Club - R. Carlos Rieschbieter, 950 - Centro SAUNA Sauna Bruno - R. Presidente Vargas - 173 - Centro
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Bal. Camboriú Bares Duo Lounge - R. 300, 120 - Centro Sublime Café - R. Alvin Bauer, 555 - Centro Boates Levion - Av. Brasil, 3801 - Centro London - Av. do Estado, 1008 (Itajaí - BnC) Yes! Mix Club - Av. Atlântica, 1960 (Pç. Tamandaré) - Centro; www.yes.art.br; tel.: (47) 9959-0449
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AVA Pub - Rod. Luiz Rosso, 1km após 28º GAC
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Studio 54 - Visconde de Pelotas, 87 - Centro
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Playlist
DJ Marko
Apaixonado por música, Marko transformou a sua paixão em profissão e com seu carisma, humildade, simpatia, desperta a todos, contagiando a pista onde toca. Com conhecimento, técnica e sets bem elaborados, ele anima qualquer pista com mixagens envolventes e precisas. Atualmente, ele é o residente da Yes! Mix Club de Balneário Camboriú.
Divulgação
Top 10 01. Global Deejays & Ida Corr-My friend 02. Patric Agenaar-Work it 03. Example-Won’t go quietly 04. Christian Luke-Use somebody 05. Filipe Guerra & Lorena Simpson-Breath again 06. Lady Gaga & Beyonce-Telephone 07. Milk & Sugar-Let the love 08. Quintino-You know what 09. Madonna-Liquid love 10. Bellini-Samba de janeiro 201
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