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Logisvale 2012 recebe 8 países em rodada de negócios
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A São Paulo Chamber of Commerce (SPCC), órgão da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que atua na promoção das relações comerciais entre empresas brasileiras, principalmente paulistas, com o resto do mundo, gerenciou uma movimentada rodada de negócios na Feira Logisvale, evento que aconteceu entre os dias 13 e 14 de junho em São José dos Campos. Uma parceria inédita levou uma rodada de negócios feita pela SPCC colocando empresas brasileiras em contato direto com empresas do mundo todo, além disso, a feira de
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relacionamento e ciclo de palestras também apresentou aos visitantes temas como “Novidades da entrada efetiva de operação da Região Metropolitana do Vale: negócios e desafios”, “Desmitificando a tecnologia RFID”, “Concessão ou Parceria Público Privada nos Aeroportos: o novo cenário aeroportuário do Brasil”, “Infraestrutura Regional: qual o futuro da carga do Vale do Paraíba - “Porto de São Sebastião e sua viabilidade econômica” e o “A resolução 72, o fim das “Guerra dos Portos” e as oportunidades logísticas para as empresas da RMVale”.
“O futuro está nas mãos de pessoas que têm a capacidade de se integrar. Vejo São José dos Campos como o resultado da comunhão de expectativas. Meus votos são para que saiamos daqui melhores do que quando chegamos”, comentou Rogério Amato, presidente da Federação das associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). A Logisvale A feira chegou a sua 11ª edição como um dos mais tradicionais eventos empresariais da RM Vale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba). Promovendo apresentações e debates que atualizam seus participantes sobre temas como a indústria, o transporte, a infraestrutura, a logística, o comércio exterior e o fomento à economia e aos setores produtivos da RM Vale, atraindo grupos corporativos, empresas, entidades, executivos e profissionais de todos os municípios do Vale, capital e interior do estado de São Paulo, bem como de outros estados do Brasil, com interesses comerciais e operacionais de aproximação, investimentos e negócios.
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Daniel Andreotti de Barros Administrador de Empresas com Ênfase em Logística e Transportes pela Fatec-SP. Especialista em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística pelo LALT/ Unicamp. Atuou na área de supply chain e strategic procurement na Siemens Ltda. Divisões de turbinas a vapor, turbinas a gás e compressores centrífugos e hoje atua na área de global sourcing na divisão Oil & Gas
Paulo Sérgio de Arruda Ignácio Doutor em Engenharia de Transportes pela FEC/ Unicamp, professor do Curso de Especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística do LALT/Unicamp.
LALT – Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes Faculdade de Engenharia Civil - UNICAMP
Este estudo apresenta um projeto de redução de custos no fluxo logístico de importação para uma indústria de turbinas a vapor. Ele se concentra na principal problemática do processo: o travamento das mercadorias nos terminais de carga durante o desembaraço aduaneiro. Uma multinacional do ramo adotou um método que permitiu eliminar este gargalo, melhorando significativamente o processo logístico e obtendo ganhos após ser implantado. A má classificação fiscal de um produto importado pode ser uma fonte de custos imprevistos no processo logístico. Quando um determinado item, no ato da parametrização, recebe uma classificação fiscal inadequada, entra em canal vermelho e fica retido na aduana, gerando prejuízos no processo. Além disso, quando isso ocorre, a empresa compradora recebe uma multa equivalente a 1% do custo CIF (Cost, Insurance and Freight) da mercadoria declarada no registro de importação, ou seja, o custo da mercadoria no porto ou aeroporto de destino acrescido do
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custo do frete e do seguro incorridos. Os prejuízos, portanto, além de financeiros, afetam todo o processo. Eles geram gargalos no planejamento, atrasos na produção e montagem de equipamentos e multas contratuais com o cliente. Tudo isso afeta a reputação da empresa. Desde 1995, a nomenclatura de codificação de mercadorias mais comum no MERCOSUL é conhecida pela sigla NCM. Sua base de composição é o sistema harmonizado de designação e codificação de mercadorias (SH), que é um sistema internacional de classificação usado em operações logísticas do mundo inteiro. Sua função é atribuir códigos com 6 dígitos a cada mercadoria. No caso dos países do MERCOSUL, decidiu-se atribuir mais 2 números ao final do código SH, resultando numa classificação com 8 dígitos. Para se solucionar os problemas de classificação equivocada, o primeiro passo dado por uma empresa multinacional do setor, objeto deste estudo, foi levantar,
por meio de sua equipe de suprimentos, os itens importados cadastrados no SAP e a menção de suas descrições e classificações fiscais utilizadas até então. Na etapa seguinte, foram enviados catálogos, manuais, certificados e propostas técnicas aos engenheiros de uma empresa de consultoria, especializada na atribuição de descrições e classificações fiscais, para que analisassem os materiais e atribuíssem as denominações e NCM´s mais adequadas aos mesmos. Na última etapa, foi recebida a planilha revisada pela empresa de consultoria e repassada aos setores de engenharia e cadastro para que alterassem os códigos necessários. Por tratar-se de um produto customizado, a turbina a vapor é um equipamento variável conforme o projeto, adequando-se às necessidades dos clientes. Portanto, os itens que a compõe, bem como suas matérias-primas, variam conforme o equipamento, gerando um alto número de SKU´s (Stock Keeping Units) para a empresa produtora deste bem de capital.
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Redução de custos no fluxo logístico de turbinas a vapor através da reclassificação fiscal dos componentes importados
A figura 1 apresenta as etapas do processo de migração dos dados do pedido de compra, desde o input dos códigos das mercadorias no sistema SAP até o Siscomex.
Quando uma turbina a vapor é vendida, o departamento de engenharia gera uma lista com todos os componentes para sua fabricação. Inclui desde itens miúdos, como porcas, arruelas, parafusos, até equipamentos com altíssimo valor agregado, como geradores de energia, carcaça da turbina, rotor, dentre outros. Em seguida, a planilha com a descrição dessas mercadorias é encaminhada à divisão de cadastro de materiais, responsável pela atribuição dos códigos a cada item e as quantidades para aquisição de cada um. Depois de cadastrados, a engenharia repassa essas informações para o setor de programação e planejamento, que cria as requisições de compra contendo tais códigos, incluindo a data de entrega de cada item na fábrica. Após as requisições serem criadas no SAP, elas migram automaticamente para uma planilha denominada “evolução diária”, que contém todas as requisições em aberto para os compradores nacionais e internacionais consultarem, e assim, tomar conhecimento da demanda da empresa. Os pedidos de compra, por sua 44 | Revista Cargo News
Figura 1: Fluxograma do procedimento de migração do pedido de compra do SAP para o Siscomex (Fonte: Empresa de turbinas a vapor, 2010).
vez, são incluídos no SAP com base nas requisições, incluindo o código do material, a quantidade e a necessidade na fábrica. Nos casos de importação, após os pedidos serem liberados pelo gestor de logística, eles migram automaticamente para o sistema de comércio exterior usado pela empresa, o Esoft Comex. Ele é consultado pelo despachante aduaneiro, podendo ser por ele editado. Após serem conferidos, os dados são migrados ao Siscomex. O Esoft Comex exige que todos os códigos referentes às mercadorias adquiridas fora do país possuam as respectivas denominações em inglês e português, bem como sua classificação fiscal baseada na NCM. Devido à urgência do processo de compra em diversos casos, ou à maneira inadequada como foi solicitado seu cadastro pelo departamento de engenharia, muitos itens referentes às mercadorias importadas eram inseridos no SAP de maneira incorreta e incompleta, afetando a parametrização aduaneira. A empresa em questão possuía, na época anterior à implantação deste projeto, aproximadamente 500 itens
referentes a mercadorias importadas cadastradas em seu sistema integrado, mas muitos deles de forma incorreta, o que era um grande problema para o setor de importação. Para aprimorar este processo, foi contratada uma consultoria especializada para analisar esses itens. Ela revisou os de maior volume de compra no exterior e que já estavam cadastrados no SAP, atribuindo-lhes descrições mais próximas das suas respectivas NCM´s. Assim, além de reduzir o risco da compradora pagar multas à Receita Federal, ganhou maior flexibilidade na emissão dos pedidos de compra dos itens importados, pois os compradores internacionais deixaram de solicitar revisões do cadastro do código para o departamento de engenharia. Houve também menor risco de atrasos no desembaraço aduaneiro, pois os materiais deixaram de cair no canal vermelho, dispensando a necessidade da carga ser analisada fisicamente pelos fiscais. Esse processo em geral depende da sua disponibilidade, o que, em alguns casos, pode levar dias ou semanas. FanPage: Cargo News
Resultados Por receber a NCM correta, a principal melhoria foi a redução dos custos no processo de importação devido ao não “travamento” da mercadoria no terminal de carga. Isso reduziu os gastos com multas e com a armazenagem nas zonas primárias e secundárias, uma vez que os itens importados não caíram mais em canal vermelho, dispensando a conferencia física pelo fiscal da receita federal. A padronização das descrições e
classificações fiscais dos itens importados de maior volume também permitiu uma redução considerável no tempo de cadastro de materiais para novos projetos, o que deu agilidade ao processo. Uma observação feita pelo setor de suprimentos (que conduziu o projeto de reclassificação fiscal dos itens importados) é que o departamento de engenharia atribuía, para a maioria dos itens, a NCM 8406.90.90, um código genérico
para outras partes e peças de turbinas a vapor. Assim, não era observado que determinados itens acabados e matérias-primas possuíam particularidades, e consequentemente, classificações fiscais específicas para a tributação brasileira e atribuição das NCM´s. A tabela 1 resume o cenário anterior e posterior ao projeto de Revisão de NCM´s e seu custo de implantação.
Tabela 1: Cenário anterior e posterior ao projeto de revisão de NCM´s e seu custo de implantação (Fonte: Empresa de turbinas a vapor / 2011). Conclui-se que a reclassificação fiscal das mercadorias importadas trouxe diversos benefícios e uma melhoria significativa na cadeia de suprimentos ligada ao processo de sua aquisição. A identificação do gargalo no processo de importação, por parte do departamento de suprimentos, e a posterior criação de uma parceria junto à empresa de consultoria, que auxiliou na atribuição das novas descrições e NCM´s, fizeram com que as mesmas não ficassem
estagnadas nas zonas alfandegárias. Tal fato só foi permitido graças à ação do departamento de suprimentos, que se empenhou num programa interno voltado à redução de custos nas aquisições dos serviços, mercadorias e processos logísticos pré-existentes em suas operações. Portanto, dentro de um fluxo de importação – e até mesmo em aquisições realizadas no mercado interno –, não se deve apenas focar em
melhorias de processos operacionais, como a redução de custos em transportes, melhores negociações com agentes de carga, armazéns e outros intermediários. Quando a empresa dá atenção a pontos essenciais que estão por trás dos processos logísticos, como neste caso, consegue-se reduzir custos de forma eficiente e gerar ganhos financeiros, eliminando gargalos pré-existentes e otimizando suas operações dentro da gestão da cadeia de suprimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RONALD BALLO, H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimento 5ª Edição – Editora Bookman, 2006. KEEDI, Samir. ABC do Comércio Exterior. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Lex Editora, 2006. ROCHA, Paulo Cesar Alves. Logística e Aduana. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. VASQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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A figura 1 apresenta as etapas do processo de migração dos dados do pedido de compra, desde o input dos códigos das mercadorias no sistema SAP até o Siscomex.
Quando uma turbina a vapor é vendida, o departamento de engenharia gera uma lista com todos os componentes para sua fabricação. Inclui desde itens miúdos, como porcas, arruelas, parafusos, até equipamentos com altíssimo valor agregado, como geradores de energia, carcaça da turbina, rotor, dentre outros. Em seguida, a planilha com a descrição dessas mercadorias é encaminhada à divisão de cadastro de materiais, responsável pela atribuição dos códigos a cada item e as quantidades para aquisição de cada um. Depois de cadastrados, a engenharia repassa essas informações para o setor de programação e planejamento, que cria as requisições de compra contendo tais códigos, incluindo a data de entrega de cada item na fábrica. Após as requisições serem criadas no SAP, elas migram automaticamente para uma planilha denominada “evolução diária”, que contém todas as requisições em aberto para os compradores nacionais e internacionais consultarem, e assim, tomar conhecimento da demanda da empresa. Os pedidos de compra, por sua 44 | Revista Cargo News
Figura 1: Fluxograma do procedimento de migração do pedido de compra do SAP para o Siscomex (Fonte: Empresa de turbinas a vapor, 2010).
vez, são incluídos no SAP com base nas requisições, incluindo o código do material, a quantidade e a necessidade na fábrica. Nos casos de importação, após os pedidos serem liberados pelo gestor de logística, eles migram automaticamente para o sistema de comércio exterior usado pela empresa, o Esoft Comex. Ele é consultado pelo despachante aduaneiro, podendo ser por ele editado. Após serem conferidos, os dados são migrados ao Siscomex. O Esoft Comex exige que todos os códigos referentes às mercadorias adquiridas fora do país possuam as respectivas denominações em inglês e português, bem como sua classificação fiscal baseada na NCM. Devido à urgência do processo de compra em diversos casos, ou à maneira inadequada como foi solicitado seu cadastro pelo departamento de engenharia, muitos itens referentes às mercadorias importadas eram inseridos no SAP de maneira incorreta e incompleta, afetando a parametrização aduaneira. A empresa em questão possuía, na época anterior à implantação deste projeto, aproximadamente 500 itens
referentes a mercadorias importadas cadastradas em seu sistema integrado, mas muitos deles de forma incorreta, o que era um grande problema para o setor de importação. Para aprimorar este processo, foi contratada uma consultoria especializada para analisar esses itens. Ela revisou os de maior volume de compra no exterior e que já estavam cadastrados no SAP, atribuindo-lhes descrições mais próximas das suas respectivas NCM´s. Assim, além de reduzir o risco da compradora pagar multas à Receita Federal, ganhou maior flexibilidade na emissão dos pedidos de compra dos itens importados, pois os compradores internacionais deixaram de solicitar revisões do cadastro do código para o departamento de engenharia. Houve também menor risco de atrasos no desembaraço aduaneiro, pois os materiais deixaram de cair no canal vermelho, dispensando a necessidade da carga ser analisada fisicamente pelos fiscais. Esse processo em geral depende da sua disponibilidade, o que, em alguns casos, pode levar dias ou semanas. FanPage: Cargo News
Resultados Por receber a NCM correta, a principal melhoria foi a redução dos custos no processo de importação devido ao não “travamento” da mercadoria no terminal de carga. Isso reduziu os gastos com multas e com a armazenagem nas zonas primárias e secundárias, uma vez que os itens importados não caíram mais em canal vermelho, dispensando a conferencia física pelo fiscal da receita federal. A padronização das descrições e
classificações fiscais dos itens importados de maior volume também permitiu uma redução considerável no tempo de cadastro de materiais para novos projetos, o que deu agilidade ao processo. Uma observação feita pelo setor de suprimentos (que conduziu o projeto de reclassificação fiscal dos itens importados) é que o departamento de engenharia atribuía, para a maioria dos itens, a NCM 8406.90.90, um código genérico
para outras partes e peças de turbinas a vapor. Assim, não era observado que determinados itens acabados e matérias-primas possuíam particularidades, e consequentemente, classificações fiscais específicas para a tributação brasileira e atribuição das NCM´s. A tabela 1 resume o cenário anterior e posterior ao projeto de Revisão de NCM´s e seu custo de implantação.
Tabela 1: Cenário anterior e posterior ao projeto de revisão de NCM´s e seu custo de implantação (Fonte: Empresa de turbinas a vapor / 2011). Conclui-se que a reclassificação fiscal das mercadorias importadas trouxe diversos benefícios e uma melhoria significativa na cadeia de suprimentos ligada ao processo de sua aquisição. A identificação do gargalo no processo de importação, por parte do departamento de suprimentos, e a posterior criação de uma parceria junto à empresa de consultoria, que auxiliou na atribuição das novas descrições e NCM´s, fizeram com que as mesmas não ficassem
estagnadas nas zonas alfandegárias. Tal fato só foi permitido graças à ação do departamento de suprimentos, que se empenhou num programa interno voltado à redução de custos nas aquisições dos serviços, mercadorias e processos logísticos pré-existentes em suas operações. Portanto, dentro de um fluxo de importação – e até mesmo em aquisições realizadas no mercado interno –, não se deve apenas focar em
melhorias de processos operacionais, como a redução de custos em transportes, melhores negociações com agentes de carga, armazéns e outros intermediários. Quando a empresa dá atenção a pontos essenciais que estão por trás dos processos logísticos, como neste caso, consegue-se reduzir custos de forma eficiente e gerar ganhos financeiros, eliminando gargalos pré-existentes e otimizando suas operações dentro da gestão da cadeia de suprimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RONALD BALLO, H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimento 5ª Edição – Editora Bookman, 2006. KEEDI, Samir. ABC do Comércio Exterior. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Lex Editora, 2006. ROCHA, Paulo Cesar Alves. Logística e Aduana. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. VASQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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