Revista Home Angels #11

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ANO 05 - Nº 11 - 2O SEMESTRE 2018 - R$ 9,00 ISSN 2317-7675

PARCERIA:

Nós cuidamos de quem você ama.

O comentarista de futebol Walter Casagrande Jr. contou com o atendimento do AT para vencer a dependência da cocaína

O AT ajuda a execução do planejamento terapêutico feito pelo psiquiatra e o terapeuta: em plena expansão, o Acompanhante Terapêutico é o mais novo serviço da Home Angels

DE MÃOS DADAS

COM O AT NA HORA DA DOENÇA Cobrança de franquia em plano de saúde? Atenção para os seus direitos! AMOR DE 4 PATAS Veja como os animais de estimação podem livrá-lo da solidão e da depressão

ESPECIALISTA EM ENVELHECIMENTO Genética e longevidade tem relação? Quem responde é Hugo Aguilaniu



Publisher José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Edição Andréa Cordioli (MTb: 31.865) andrea@editoralamonica.com.br Reportagem Renata Turbiani (MTb: 30.844) renata@editoralamonica.com.br Diagramação Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Logística e Mercado Mônica Cavalcante - monica@editoralamonica.com.br COMERCIAL PROJETOS E VENDAS DE PUBLICIDADE Sede 55 (11) 3256-4696 - 3214-5938 Gerentes de Contas Thais Andrade - 55 (11) 99115-3339 thais@editoralamonica.com.br Luzia Rodrigues - 55 (11) 97014-2726 luzia@editoralamonica.com.br Mislene Guedes - 55 (11) 9757-1633 mislene@editoralamonica.com.br Administração e Financeiro Silvia Medeiros - silvia@editoralamonica.com.br Assinaturas: (11) 3256-4696 - 3214-5938 A Revista Home Angels é uma publicação semestral produzida, distribuída e comercializada pela Editora Lamonica Conectada. Disponível nas versões impresso, web, smartphones e tablets Plataforma digital: ISSUU www.revistahomeangels.com.br

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S UM ÁR I O

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AÇÕES & HÁBITOS Mais do que fofos, os bichinhos de estimação são a maior, senão a única, companhia de muitos idosos Brasil afora. Veja os efeitos emocionais desses companheiros que não falam, mas tiram muitas pessoas da depressão

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FIQUE DE OLHO Muitos se assustaram com a possibilidade de as operadoras de planos de saúde cobrarem franquias dos clientes. Por isso, é importante que você conheça os seus direitos!

PING-PONG O biólogo, geneticista, especialista em envelhecimento e presidente do Instituto Serrapilheira, Hugo Aguilaniu, traça um paralelo entre genética e qualidade da longevidade 20|SAÚDE EM DIA Além do temido câncer, a pele da pessoa acima de 60 anos é mais suscetível a apresentar coceira, desidratação, hematomas, alergias e infecções. Veja como cuidar do maior órgão do corpo humano e conheça os alimentos aliados nessa tarefa

18|HISTÓRIAS PARA INSPIRAR A médica aposentada Themis Koteck, de Florianópolis (SC), decidiu estudar francês aos 57 anos e ainda fez um mini intercâmbio para a França aos 62. Afinal, sempre é tempo para recomeçar!

E MAIS: 04 De Tudo um Pouco 10 Pergunte à Home Angels 15 Artigo 24 Encontre a Home Angels

Foto: Universidade de Lyon

Editora Lamonica Conectada Rua Sabará, 566 - 1º andar - cj. 12 CEP: 01239-010 Tel.: (11) 3256-4696

Foto: Globo/Ramon Vasconcelos

EDITORA RESPONSÁVEL

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ESPECIAL PARA VOCÊ Você conhece o Acompanhante Terapêutico (AT)? Ele ajuda o cumprimento da terapia do paciente no seu dia-a-dia, auxiliando com sua companhia para que não hajam recaídas e retrocessos. Este novo atendimento, já oferecido pela rede Home Angels em todo o Brasil, também chamado de AT, ajuda pessoas em sofrimento psíquico e em recuperação química, como foi o caso do ex-jogador e comentarista de futebol, Walter Casagrande Jr.


DE TUDO UM POUCO Tratamento da diabetes exige atenção

Água é essencial na terceira idade

A doença pode ser a mesma, mas o tratamento nem sempre é igual. No caso dos idosos diabéticos, a situação exige ainda mais atenção. De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, João Eduardo Nunes Salles, um terço das pessoas com mais de 65 anos apresenta algum tipo de alteração no metabolismo da glicose. “É fundamental atentarse às particularidades que tangem o tratamento do diabetes, não apenas medicamentoso, mas comportamental e nutricional. Além do avanço do sedentarismo e da obesidade, o envelhecimento populacional tem grande impacto no aumento dos casos”, avalia.

Duas em cada dez pessoas são hipertensas

Pesquisa mostra que quem se prepara para a morte vive melhor Lidar com a morte não é fácil para muita gente. Imagina, então, se preparar para ela. Pois um estudo realizado pela pesquisadora Gabriela Machado Giberti, do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP), mostra que esse é justamente o caminho para ser mais feliz durante o processo de envelhecimento. Depois de muita conversa com idosos com mais de 80 anos, a especialista concluiu que é importante naturalizar a ideia do preparo para a finitude da vida, pois isso faz com que as pessoas aproveitem a sua existência da melhor forma possível.

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A água faz bem em todas as idades, mas é particularmente recomendada aos idosos. No entanto, são eles que mais apresentam problemas de desidratação. Isso acontece porque o idoso tem menos água no organismo do que o adulto. E o sistema que avisa que está na hora de tomar água já não funciona direito. O idoso não toma água porque não sente sede e não porque tem problema de memória.

A hipertensão é fator de risco para problemas no coração, cérebro e rins. O alerta foi dado em 26 de Abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. A campanha alertou que 23,2% da população é hipertensa. E que a prevenção é baseada na mudança do estilo de vida, com a adoção de hábitos como alimentação saudável, diminuição da ingestão de sal e gordura, prática de atividades físicas e abstenção de bebidas alcoólicas e cigarro.

Atenção ao risco de queda À medida que a população envelhece, cresce o número de quedas entre os idosos, com fraturas e internações. Estudos apontam que uma pessoa acima de 75 anos tem 32% mais chances de cair, sendo que em 34% dos casos ocorre algum tipo de fratura. Uma análise da Escola de Educação Física e Esportes de Ribeirão Preto (EEFERP), da Universidade de São Paulo (USP), reforça que, com o avanço da idade, a capacidade funcional vai sendo comprometida, afetando a marcha, a coordenação e o equilíbrio, gerando aumento no risco de quedas e medo de cair.

População brasileira envelhece O número de idosos com mais de 60 anos no Brasil aumentou em 8,5 milhões de pessoas nos últimos dez anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje o País conta com 26 milhões de indivíduos acima dos 60 anos, número que deverá atingir o total de 37 milhões até 2027. Além disso, a entidade revelou, no estudo “Projeção de População”, que, a partir de 2039, o Brasil terá, em média, mais idosos (65 anos ou mais) do que crianças de até 14 anos. As mulheres continuarão vivendo mais do que os homens. O indicador feminino, atualmente em 79,8 anos, chegaria a 84,2 anos; já o sexo oposto passaria de 72,7, em 2018, para 77,9, em 2060.


Brasileiro precisa de alternativas para não depender da Previdência Social

Editora lança passatempo especial para quem tem Alzheimer Com o objetivo de reconectar os portadores de Alzheimer com suas famílias, a editora “A Recreativa” lançou em seu novo site o projeto “Memórias Cruzadas”. O passatempo é indicado para as pessoas que têm alguém em sua família que sofra da doença. Ao acessar a página e responder perguntas sobre a vida e a história do paciente, pode-se gerar um esquema personalizado de palavras cruzadas. O projeto está disponível on-line para todo o Brasil através do site memoriascruzadas.com.br

Cérebro de quem toca instrumento ou fala outra língua é mais eficiente Uma pesquisa publicada no periódico norte-americano Annals of the New York Academy of Sciences constatou que músicos e pessoas que falam outra língua têm cérebros mais eficientes do que quem não sabe tocar um instrumento ou não domina outro idioma. O estudo ainda sugeriu que indivíduos com cérebros mais funcionais podem retardar o início da demência. O que acontece é que essas pessoas têm menos atividade cerebral para completar certas tarefas, o que deixa seus cérebros mais efetivos e rápidos, evitando, assim, uma queda cognitiva no futuro.

Dentro de 21 anos, o Brasil terá mais idosos do que pessoas em idade ativa, segundo o IBGE. Pensando nesse cenário, o brasileiro precisa se preocupar com o próprio futuro para ter uma aposentadoria mais tranquila e sem depender da Previdência Social que, no momento, se encontra em situação incerta. Hoje, o número de residências em que mais de 75% da renda vem da aposentadoria cresceu 12%, de acordo com a LCA Consultores.

Uso da tecnologia traz benefícios para os idosos Engana-se quem pensa que computadores, tablets e celulares modernos são exclusividades dos jovens. Estudos recentes, como um realizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, mostram que o uso da tecnologia por idosos possui efeitos positivos na preservação e na ampliação das funções cognitivas e promove melhorias na memória, na velocidade de resposta, no raciocínio, na resolução de problemas, na atenção e no aperfeiçoamento de habilidades visuais-espaciais. Além disso, o uso da tecnologia garante um envelhecimento mais ativo e auxilia nas relações sociais e nas habilidades funcionais.

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PING-PONG

Genética

longevidade

O biólogo francês Hugo Aguilaniu fala sobre envelhecimento e explica como a ciência ajuda a melhorar este processo

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biólogo e geneticista francês Hugo Aguilaniu deixou seu país de origem para presidir, no Brasil, o Instituto Serrapilheira, instituição privada sem fins lucrativos criada para valorizar a ciência e aumentar sua visibilidade e impacto no País. Durante toda a sua carreira, ele se dedicou às bases genéticas dos processos de envelhecimento, tornando-se um especialista no assunto.

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Foto: Universidade de Lyon

Doutor pela Universidade de Gothenburg (Suécia), com pós-doutorado no Instituto Salk de Estudos Biológicos dos Estados Unidos e membro do Conselho Nacional de Pesquisa Científica da França, ele realizou uma premiada pesquisa com os vermes Caenorhabditis elegans. Nela, conseguiu aumentar a vida da espécie de duas semanas para cerca de 300 dias. Na entrevista que você lerá a seguir, Aguilaniu, que já trabalhou como pesquisador visitante especial na Universidade de São Paulo (USP) e mediou relações institucionais entre faculdades francesas e brasileiras, traça um paralelo entre genética e qualidade da longevidade. O que é envelhecer? O envelhecimento tem várias definições. A primeira é matemática, onde a probabilidade de morrer aumenta de uma maneira exponencial com o tempo. Na verdade, essa é mais que uma definição, é uma descrição do que acontece com a grande maioria dos seres vivos ao longo do tempo, mais especificamente com os seres humanos. A definição mais fisiológica é um processo de perda progressiva de funções fisiológicas básicas que, eventualmente, levam à morte. Existem seres vivos que não envelhecem? Temos alguns exemplos de seres vivos que envelhecem bem lentamente, como um roedor da África. Ele é parecido com um rato, vive no subterrâneo e não tem pele. Sua expectativa de vida

é de aproximadamente 35 anos, enquanto a do rato é de um a dois anos. É um ser muito parecido com o rato, mas tem expectativa de vida quase dez vezes maior. Existem seres vivos mais simples, como as hidras, que não envelhecem. São seres bem pequenos que vivem normalmente em rios, em água doce, constituídos de célulastronco, com capacidade de regeneração tão intensa e tão automática, que, se você o retira do meio normal, onde ele morre de predação, e o coloca em um meio controlado e preservado, não se vê nenhum sinal de envelhecimento. Esses experimentos começaram no início do século XX e não é só que o animal não morre, ele continua igual, e as funções fisiológicas de reprodução e digestão, que normalmente decaem com o tempo, permanecem exatamente iguais, sem mudança nenhuma. Essa é uma indicação muito forte de que eles não envelhecem. Em sua pesquisa com o Caenorhabditis elegans o senhor conseguiu aumentar a vida delas de duas semanas para cerca de 300 dias. É possível fazer isso com humanos? Dessa maneira, provavelmente, não, porque o Caenorhabditis elegans tem uma plasticidade muito maior que os seres humanos. Agora, o fato de você poder manipular, fazer coisas que vão aumentar a expectativa de vida, sim. Para ter uma noção, uma

"O enveLhecimentO tem várias definições.

a primeira É matemática, Onde a prOBaBiLidade de mOrrer aumenta de uma maneira expOnenciaL cOm O tempO” Hugo Aguilaniu, biólogo francês

mutação X, que aumenta a longevidade do Caenorhabditis elegans em 80%, em média, terá um impacto um pouco menor num camundongo, entre 20% e 30%, porque o nível de complexidade é um pouco maior. E no ser humano, como o nível de complexidade é ainda maior, o impacto vai existir, mas será bem menor. Então, quanto mais complexo o animal, mais difícil ter uma ação harmônica no corpo inteiro. As intervenções que nosso grupo e outras equipes fazem usando animais fáceis de manipular, como o Caenorhabditis elegans e as drosófilas, quase 90% delas também funcionam nos mamíferos. Essas intervenções que aumentam a longevidade dos Caenorhabditis elegans de 15 para 300 dias são, na verdade, a combinação de duas ações, mas não posso revelar porque ainda não publiquei. Se você aplicá-las no ser humano, ele não vai viver 500 anos, mas há uma grande chance de impactar positiva-

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PING-PONG

Vamos chegar a uma pílula da longevidade? A ideia de fazer genética é mais fácil se você tira um gene ou coloca um gene a mais, assim, dá para exatamente o que se está fazendo. Se você tomar uma molécula, ela raramente será específica, terá uma ação principal e várias outras laterais, que nem sempre são o ideal. Então, para facilitar a pesquisa científica, é muito mais simples começar com a genética. Mas você não pode modificar um ser humano geneticamente. Para o ser humano você tem que dar remédio. Do ponto de vista ético, ninguém faz alterações genéticas. A genética te dá a possibili­ dade de identificar o que precisa ser alterado para melhorar o envelhecimento ou curar uma doença. Uma vez identificado o que precisa ser alterado, você pode desenhar moléculas que serão transformadas em remédios. Depois, veem todo um trabalho extensivo de química para desenhá-los o mais especificamente possível. Em que momento o senhor passou a acreditar que é melhor cuidar da qualidade de

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Foto: Universidade de Lyon

mente na longevidade. Nós temos que pensar que, se há um ganho de 15 anos de expectativa de vida, passando de 80 para 95 anos, na média, isso vai significar que a longevidade máxima, que hoje é de 122 anos para o ser humano, vai passar para 150 anos. Mas o objetivo não é tanto de viver mais tempo, mas de melhorar a qualidade de vida. A expectativa de vida dos seres humanos já está aumentando. No Brasil, ela aumenta extremamente rápido.

vida dos idosos e melhorar o processo do envelhecimento? Eu entrei na pesquisa sobre envelhecimento no início, logo depois que o primeiro gene que conseguia aumentar a longevidade dos animais foi achado. Isso foi em 1993. No primeiro momento, todo mundo corria atrás de genes e manipulações que conseguiriam aumentar a longevidade. Depois de uns dez anos, entendemos que existem várias maneiras de aumentála. Hoje em dia, são mais 50 manipulações que conseguem aumentar a longevidade de vários animais. Percebemos que algumas intervenções são muito boas. Elas, além de aumentar a expectativa de vida, melhoram a saúde dos animais. Outras técnicas não faziam isso. Se um animal, no fim da vida, tem três dias em que não está mais ativo e você aumenta a expectativa de vida dele em um terço, você

também estará aumentando em um terço esse período desagradável do fim da vida. Mas existem técnicas em que se consegue que os animais fiquem bem durante muito tempo. Hoje em dia, nós temos entre cinco e dez anos no final da vida que são desagradáveis. Se conseguimos reduzir esse período, isso será bom para quem envelhece e para quem acompanha o envelhecimento dos próximos. Os últimos 15 anos de vida das pessoas são mesmo doloridos? As pessoas sofrem mesmo. Esse é o grande mistério: a probabilidade de desenvolver uma doença aumenta com o envelhecimento. As doenças são de vários tipos: diabetes, câncer, Alzheimer... São doenças completamente diferentes, com causas diferentes e que se manifestam de maneiras diferentes. As ca-


racterísticas que essas doenças têm em comum é que a chance de desenvolvê-las aumenta exponencialmente com o passar do tempo, com o envelhecimento. Então, se conseguirmos alterar o processo de envelhecimento, conseguiremos alterar a probabilidade de desenvolver todas essas doenças. Isso funciona muito bem nos animais. Se fizermos uma mutação genética, uma restrição calórica que aumenta a longevidade, diminuiremos a probabilidade de desenvolver um câncer, um diabetes, uma neurodegeneração, uma doença mental. Existe a possibilidade de envelhecer sem doenças. O senhor diz que a partir da maior longevidade das pessoas vamos ter que mudar o sistema de trabalho. Teremos trabalhos diferentes para jovens e para idosos? Não tem como decretar isso, mas acho que seria o certo. Existem vários trabalhos que pessoas de mais idade não podem exercer por conta desses problemas. Imagina um mundo no qual a longevidade chega a 150 anos e a idade de aposentar é por volta de 65 anos, não funciona. Não dá para trabalhar apenas um terço da vida. Mas obviamente, com 100 anos ou mais, as funções que você pode exercer serão bem diferentes. Eu acho que, além das reformas de previdência e aposentadoria, teremos que reorganizar o trabalho. O certo seria que as pessoas mudem de trabalho ao longo dos anos, e que tenhamos políticas de trabalho para pessoas com mais idade, com funções que não demandam juventude física. Isso é uma reorganização da sociedade inteira. Esse

aumento rápido da expectativa de vida não é sustentável, temos que mudar e mudar rápido. É preciso ter uma política pública para a terceira idade? Claro. A pesquisa científica é fundamental porque ela é de longo prazo, e o mundo é de longo prazo. Os remédios demoram dez anos para serem desenvolvi-

"se fiZermOs uma

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pOssiBiLidade de enveLhecer sem dOenças” Hugo Aguilaniu, biólogo francês

dos. As políticas públicas podem ser implementadas rapidamente. São decisões que a sociedade precisa tomar. Isso parece muito complicado, especialmente aqui no Brasil, mas é o mais simples. Vamos ter que arrumar uma nova ocupação a partir de que idade? Hoje em dia, as pessoas são completamente funcionais até

60, 65 anos. É bem diferente de alguns anos atrás. Eu lembro que, quando eu era menino, e minha avó tinha 65 anos de idade, ela era uma pessoa bem idosa, bem velhinha. Agora, não. Minha mãe já tem mais de 65 anos e está completamente ok. Estatisticamente, a ocorrência de doenças ligadas à velhice aumenta fortemente depois de 65 e 70 anos de idade. Esse é um momento chave, de repensar. Hoje em dia, uma pessoa de 75 anos é muito diferente de uma pessoa de 65 anos. Entre os 65 e os 75 acontecem alterações fortes, mas esse momento vai mudar com o tempo. Em 20 anos, provavelmente, será entre os 75 e os 85 anos que a mudança vai ocorrer. Eu acredito que é nesta década que as coisas mudam mesmo. É este o momento de mudar as práticas e repensar a vida. O senhor é surfista. A prática de esportes e a alimentação saudável podem ajudar no envelhecimento? Sim, sem dúvida. Outra coisa que dá para fazer imediatamente, além de alterar as políticas públicas, é a prática regular de esportes. Não precisa ser muito forte, correr maratona, mas ter uma atividade física regular, com bastante frequência. Um pouco só. E comer normalmente, evitando frituras e usando pouco sal e pouco açúcar. Curtir a vida também ajuda, é bom para a cabeça. Com a velhice as pessoas socializam menos e isso é um fator agravante. Tem que se relacionar. Não precisa ter uma socialização louca, festa todos os dias, mas ter pessoas com quem possa conversar e ficar perto da família. Tudo isso é provado que ajuda bastante.

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PERGUNTE À HOME ANGELS Quando a pressão é considerada alta?

Suco de uva faz bem ao coração?

A hipertensão está boa quando a medição fica na faixa de 12 por 8 ou 120 por 80 milímetros de mercúrio (mmHg). Se o índice passa dos 14 por 9, a pressão é considerada alta. Quando os números variam entre 12 por 8 e 14 por 9, o quadro é chamado de pré-hipertensão. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Sim. O suco de uva é rico em resveratrol, que faz parte de um grupo de compostos denominados polifenóis, que agem como antioxidantes, protegendo o corpo contra danos que podem aumentar os riscos de câncer e doenças cardíacas. É aconselhável o consumo diário de suco de uva 100% natural, sem conservantes.

Confusão mental é sinal de infecção?

Sol ajuda na carência de vitamina D?

As infecções em geral podem causar sinais atípicos nos idosos, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento. As infecções mais comuns entre os idosos são pneumonia, infecção urinária e de pele. A família e os cuidadores devem ficar atentos a sinais como confusão mental, hipotermia (redução considerável da temperatura) e mudanças importantes no comportamento.

A carência de vitamina D em grandes centros urbanos já atinge índices preocupantes, especialmente entre os maiores de 65 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o problema se deve à falta de exposição solar, que estimula a produção do nutriente. A falta de vitamina D pode causar fragilidade óssea e maior predisposição a fraturas.

Óculos escuros ajudam a prevenir catarata?

Como detectar a depressão? Há indicadores de que a depressão em idosos atinge de 3% a 7,5% desta população no Brasil, porcentual muito superior ao 1,6% que atinge os adultos em geral. É importante atentar que a depressão em idosos pode ser diferente dos sintomas em adultos mais jovens, o que muitas vezes confunde a família e os amigos mais próximos. Entre os fatores que podem levar à depressão estão morte de amigos ou cônjuge, saída dos filhos de casa e diminuição de recursos financeiros (aposentadoria). A doença tem tratamento, que deve ser acompanhado por um médico.

Comida vegetariana ajuda a evitar doenças? Sim. Na menopausa, as mulheres têm uma grande diminuição da atividade hormonal, prejudicando a produção de cálcio no organismo, o que causa a osteoporose. Vegetais escuros, tofu, nozes, castanhas e leite de soja são fontes de cálcio de origem vegetal, que ajudam a repor o cálcio. A comida vegetariana também contribui para complementar as vitaminas A, B6, C e E.

Sim. Usar óculos escuros é altamente recomendado na prevenção da catarata. Os raios UVA e UVB do sol aumentam o risco da doença. Segundo os especialistas, a incidência da doença aumenta conforme o envelhecimento da população. Em muitos casos, o tratamento mais indicado é a cirurgia para remoção da catarata.

Se você tem alguma dúvida, crítica ou sugestão, escreva para canaldoleitor@editoralamonica.com.br

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ESPECIAL PARA VOCÊ

Acompanhante terapêutico: dos divãs para a rua Profissional que participa do dia a dia dos pacientes ajudou o ex-jogador de futebol Walter Casagrande Jr. a superar o vício em drogas

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Foto: Globo/Ramon Vasconcelos

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de conhecimento geral a luta do comentarista esportivo Walter Casagrande Jr. contra a dependência da cocaína. Sua história, inclusive, já foi contada em livro (“Casagrande e Seus Demônios”) e, recentemente, foi tema de uma série de matérias do dominical Fantástico, da Rede Globo, com o Dr. Drauzio Varella. Nela, o ex-jogador de futebol revelou que seu momento de entrega à droga foi após sair dos campos, quando sentiu uma sensação de vazio e de não ter mais a adrenalina que o abastecia nos jogos. Após uma overdose em casa, onde estava com o filho, ficou internado por 40 dias e deu um tempo no uso, mas, infelizmente, recaiu. Depois disso, um grave acidente de carro, em que se envolveu sob efeito de cocaína, foi a razão para que sua família o internasse compulsoriamente, em um tratamento com regras mais rígidas – ele não podia, por exemplo, receber visitas durante

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Foto: Globo/Ramon Vasconcelos

os primeiros seis meses. O médico Drauzio Varella “O dependente químico e o comentarista Walter Casagrande Jr. sempre vai sentir vontade. Não tem como terminar isso. Eu faço tratamento até hoje, não paro, e nem pretendo parar”, contou para a reportagem. A dependência química é um problema crônico, e que deve ser tratado constantemente para prevenir as recaídas. No programa, Casagrande disse que evita armadilhas como a proximidade com situações em que possa haver pessoas usando a droga. Além "O at É indicadO para quem sente do apoio da família e dos amigos, Casagrande contou com a necessidade de Buscar equiLÍBriO uma importante ajuda nesta emOciOnaL e psicOLÓgicO, em geraL batalha: a do Acompanhante Terapêutico (AT). aqueLes que detectam que O desequiLÍBriO “Um dos trabalhos que faOs impede de cOnviver cOm Os demais Ou zemos na clínica de reabilitação reaLiZar atividades diárias'' é um mapa com os lugares onde aconteceu o uso das drogas ou Priscilla Campagnollo, gerente da Home Angels algo relacionado a elas. Depois, saímos para esses locais acommas, depressão, ataques de panhados pelo AT, a fim de, ao A prática tem foco na reabipânico, Transtorno Obsessivo passarmos por lá outras vezes, litação psicossocial e reinserção Compulsivo (TOC), Transtornão sofrermos um impacto com do indivíduo na sociedade e em no de Estresse Pós-Traumático as lembranças”, explicou. ambientes sociais, além da reor(TEPT), Transtorno do Déficit ganização das atividades de vida ACOMPANHANTE de Atenção com Hiperatividadiárias, a partir de uma escuta TERAPÊUTICO de (TDAH), Transtorno Afetivo qualificada e técnicas terapêutiPara quem ainda não coBipolar (TAB), portadores de cas, normalmente complemennhece o serviço de acompadoenças físicas ou mentais, idotares à terapia. O atendimento nhamento terapêutico – a sos com comprometimentos em acontece nos espaços e lugares grande novidade da rede decorrência do envelhecimento de vida dos pacientes, como Home Angels para este ano –, e crianças e adolescentes com casa, escola, trabalho, cinema e trata-se de uma prática clínica dificuldades escolares (emocioshopping, entre outros. e de cuidados a pessoas em sonais, sensoriais e cognitivas). Durante todo o processo, frimento psíquico intenso, que “O AT é indicado para quem o AT acompanha o paciente necessitam de ajuda circunssente a necessidade de buscar equie pessoas próximas a ele em tancial ou contínua, por vezes líbrio emocional e psicológico, em uma série de situações (saídas em condição de isolamento e geral aqueles que detectam que o de campo e intervenções facom grandes dificuldades de desequilíbrio os impede de convimiliares). O objetivo é que o conduzir seus projetos e vida. ver com os demais ou realizar atiassistido consiga a autonomia Podem recorrer a ele, vidades diárias”, comenta a gee o autogerenciamento de sua além de dependentes químirente da Home Angels, Priscilla vida. A duração e a frequência cos, pessoas com fobias, trauCampagnollo. dos atendimentos, bem como o

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ESPECIAL PARA VOCÊ propósito, são construídos singularmente diante de cada caso. “A função principal é ser o ‘alter ego’, outra personalidade da pessoa, um ‘amigo qualificado’, ego auxiliar, co-terapeuta... Claro que são termos que deverão ser respeitados com o devido profissionalismo, distanciamento ético e sem envolvimento emocional”, analisa a técnica em acompanhamento terapêutico da Home Angels Brasil, Renata Incerpi. O AT deve ter qualificação para atuar, ser dotado de ética profissional, paciência, conhecimento para lidar com situações adversas e imprevistos e firmeza nas atitudes. Diferentemente do psicólogo, que atende apenas dentro de um consultório, este profissional lida com o paciente no cotidiano do indivíduo, uma vez que o setting terapêutico é móvel e flexível. “Isso permite o melhor entendimento de seus conflitos e resgates, uma vez que o indivíduo vai ressignificando a compreensão de si mesmo e do ambiente. Atua na prática direta de ações junto com o paciente e auxilia o psicólogo no que tange às limitações do consultório”, complementa Renata.

HISTÓRICO

Não se sabe exatamente como surgiu a profissão de acompanhante terapêutico. A literatura mostra que esse especialista, inicialmente chama-

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Home Angels passa por reestruturação e está cheia de novidades Sabendo que o cenário familiar apresentado nas casas em que atende é delicado e, em geral, a carga emocional do familiar é muito grande, a Home Angels busca cada vez mais oferecer serviços diferenciados e de grande importância para o bem-estar dos assistidos de seus parentes. Por conta disso, a rede, criada em Campinas, no interior de São Paulo, em 2008, passa por uma grande reestruturação. Entre as novidades está o investimento em tecnologia de ponta para a gestão de atendimento e comunicação e a opção do acompanhante terapêutico, cujo objetivo é promover autonomia e reinserção social, oferecendo um tratamento domiciliar para pessoas que necessitam de cuidados ou tenham distúrbios mentais e psicossociais. Monitoramento de sinais vitais com controle diário também é um lançamento exclusivo no mercado nacional, além do espaço personalizado Home Angels, com centros de atendimento e núcleos de capacitação familiar, onde são realizadas palestras com profissionais especializados para tratar a convivência com os entes queridos assistidos. Nesses locais ainda haverá área de treinamento e capacitação dos supervisores, cuidadores e equipe multidisciplinar. Atualmente, a Home Angels, pertencente ao Grupo Zaiom, líder na América Latina no segmento de cuidados a pessoas e especialmente idosos, conta com mais de 150 operações, concentradas nas regiões Sul e Sudeste. do de “amigo qualificado”, tem como precursores o movimento antipsiquiátrico e a psicoterapia institucional que ocorreram a partir da década de 50 na Europa e nos Estados Unidos. Na América Latina, acredi-

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ta-se que tenha surgido no final da década de 60, em Buenos Aires, na Argentina. Por aqui, o trabalho foi influenciado pelo processo argentino até o fim dos anos 70 e solicitado por terapeutas e familiares em busca de uma alternativa à internação. Realizado como necessidade clínica para pacientes cujas terapêuticas clássicas fracassavam, o AT foi, aos poucos, ganhando espaço até se transformar em um importante aliado no processo de manutenção de vínculos sociais e na participação ativa na qualidade de vida do indivíduo que havia sido acometido por problemas de saúde.


ARTI G O

Alimentos para turbinar o cérebro e melhorar a memória Por Dr. Paulo Camiz

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omo geriatra e idealizador do projeto Mente Turbinada de exercícios para o cérebro, frequentemente sou questionado sobre os alimentos que podem melhorar nossa memória. Assunto que está na moda, mas ainda controverso. De qualquer forma, as pistas que um raciocínio evolucionista nos traz têm se mostrado bastante válidas. Explico-me propondo um raciocínio de em que momento da história da humanidade o cérebro humano se desenvolveu mais e o que ele estava comendo nesse período. Sim, a história da humanidade tem nos ajudado a desvendar esse mistério! Ostras: alimento muito rico em ômega 3, colesterol e vitamina B12! Pode ter tido papel no desenvolvimento do cérebro humano na região litorânea do leste da África, onde habitaram nossos primeiros ancestrais num período crucial da evolução humana. Nozes, amêndoas e afins (“nuts”): estiveram sob críticas negativas devido ao seu alto valor calórico, mas agora isso se descobriu inválido e seus benefícios

o selênio, de vitamina E e de proteínas. Esses alimentos ainda são ricos em gordura poliinsaturada, que ajuda inclusive a reequilibrar o perfil de colesterol do organismo. Folhas verdes: fonte de fibras, ácido fólico e de vitaminas K, C e A. Azeite de oliva e alho podem servir de tempero para quem não aprecia esse tipo de alimento. Vale lembrar que os vegetarianos frequentemente apresentam carências nutricionais que devem ser monitoradas e suplementadas. Dieta do Mediterrâneo: frutos do mar, grãos, nozes e até pequenas quantidades de vinho tinto parece ser a dieta que engloba os alimentos supracitados e a que mais se aproxima de um estilo de vida saudável nos dias atuais, até do ponto de vista circulatório e de longevidade.

a dieta

saudáveL, nãO apenas para O cÉreBrO, É aqueLa que mais se aprOxima dO que ingeriam Os nOssOs antepassadOs" Paulo Camiz é geriatra, clínico geral e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

nutricionais, em especial para o cérebro, têm sido cada vez mais exaltados. Importante fonte de minerais, como o ferro, o manganês e

De qualquer forma, independente do tipo da dieta, eu sempre gosto de ressaltar que a dieta saudável, não apenas para o cérebro, é aquela que mais se aproxima do que ingeriam os nossos antepassados. Vale a reflexão de procurar comer as coisas que os nossos bisavós reconheceriam como alimentos, ao invés da explosão de alimentos industrializados dos tempos modernos.

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FIQUE DE OLHO

Planos de saúde:

cuidados na contratação Antes de fechar negócio com uma operadora, conheça os seus direitos

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o final de julho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revogou a aprovação da resolução normativa 433/2008, que previa, entre outras mudanças, a cobrança de coparticipação e franquia em planos de saúde – a nova norma estabelecia um limite de até 40% de coparticipação dos consumidores nas despesas médicas e hospitalares. O órgão decidiu reabrir as discussões sobre o tema em função da apreensão que ele causou na

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sociedade, porém, ainda não há data prevista para isso. De acordo com o advogado Daniel Alcântara Nastri Cerveira, do escritório Cerveira Advogados Associados, de São Paulo, essas modalidades, na maioria das vezes, causam prejuízo aos consumidores, principalmente aos que usam os serviços de planos de saúde com mais frequência, como idosos e pacientes com doenças crônicas ou graves. Mas ele destaca que, mesmo nos convênios tradicionais, existem

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problemas que podem prejudicar os segurados, em especial os da terceira idade. Nesse caso, os principais obstáculos enfrentados são negativas de coberturas, exclusão dos contratos coletivos e reajustes de mensalidades por mudança de faixa etária, sinistralidade e uso. “Entre os procedimentos e atendimentos mais negados pelas empresas de saúde privada estão cirurgias, internações, inclusive em UTI, e tratamentos para doentes com câncer”, informa o especialista.


Foto: Divulgação

Daniel Alcântara Nastri Cerveira, do escritório Cerveira Advogados Associados

Sendo assim, é necessário atentar para o que consta na legislação. A Lei nº 9.656/1998 impede que as operadoras de planos privados de assistência à saúde recusem clientes por conta de sua idade. Existem diversas outras bases legais para barrar a discriminação etária, incluindo o artigo 4º do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), que proíbe discriminação a indivíduos na terceira idade; o artigo 3º da Constituição Federal, que promove o bem de todos sem preconceitos, inclusive de idade; e o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, que define como prática abusiva “recusar a venda de bens ou a prestação de serviços diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento”. Também é importante saber quando o cancelamento do plano de saúde é impróprio. “A renovação do plano é automática ao final da vigência mínima estabelecida em contrato, daí a impossibilidade de recusa da renovação”, afirma Cerveira, com base na mesma Lei nº 9.656/1998, que trata da

discriminação motivada por idade. A rescisão ou não da renovação do plano só pode acontecer se o consumidor tiver praticado fraude ou tiver deixado de pagar as prestações por período superior a 60 dias, nos últimos 12 meses de vigência do contrato, desde que devidamente notificado pela prestadora de serviços. No caso de tratamentos especiais decorrentes de certas doenças graves, as leis também amparam o segurado. O advogado destaca que, mesmo havendo exclusão expressa e direta de algum tratamento no contrato, a prestadora de serviços é obrigada a cobri-lo, sendo a recusa abusiva e arbitrária. Mais especificamente, o Artigo 5º da Constituição Federal determina: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.” Caso a operadora recuse a cobertura, a orientação para o consumidor é entrar com uma ação judicial, amparada na Constituição e no Código de Defesa do Consumidor. Existem milhares de casos do tipo todos os anos. De janeiro a setembro de 2017, foram registradas 23.067 ações contra operadoras de planos de saúde, sendo 13.976 delas em primeiro grau de jurisdição e 9.091 em segunda instância – os dados são do Observatório da Judicialização da Saúde Suplementar do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Frente esses desafios, o mais importante para o segurado é

É PROIBIDO! Você sabia que é proibido aumentar o preço da mensalidade do convênio privado quando o cliente completa 60 anos de idade? A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regulou os reajustes em 2004, através da Resolução Normativa nº 63, que estabelece 10 faixas etárias para reajustar os valores dos planos privados de saúde. Esses parâmetros se aplicam para planos contatados a partir de 2004. Confira abaixo as dez faixas etárias fixadas pela legislação:  De 0 a 18 anos;  De 19 a 23 anos;  De 24 a 28 anos;  De 29 a 33 anos;  De 34 a 38 anos;  De 39 a 43 anos;  De 44 a 48 anos;  De 49 a 53 anos;  De 54 a 58 anos;  De 59 anos ou mais.

se informar sobre seus direitos ao contratar um plano de assistência à saúde e sobre os direitos e deveres da prestadora de serviços. São informações que podem fazer a diferença na hora de garantir uma assistência médica adequada e um atendimento justo.

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HISTÓRIAS PARA INSPIRAR

A médica aposentada Themis Koteck, de Florianópolis (SC), decidiu estudar francês aos 57 anos e ainda fez um mini intercâmbio para a França aos 62

Foto: Divulgação

Sem medo do novo

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ão existe tempo para aprender ou fazer algo diferente”. A frase, da médica ginecologista aposentada Themis Koteck, de 63 anos, e moradora de Florianópolis, em Santa Catarina, retrata bem a sua história de vida. Depois uma viagem a Paris, na França, há cerca de 20 anos, ela, que é fluente em inglês, voltou frustrada com a dificuldade que teve para se comunicar com os franceses. “É muito ruim quando você quer conversar e não consegue. Eu fiquei bem chateada com isso. E ali nasceu a vontade de estudar o idioma”, relembra. Apesar disso, por conta da rotina atribulada, ela acabou deixando o desejo de lado, só o retomando há seis anos. “Eu estava com 57 anos, e resolvi que era hora de procurar uma escola. Durante este período, me dediquei de verdade ao aprendizado, mas sentia que ainda faltava alguma coisa”, acrescenta. Apaixonada por viagens e conhecimento, Themis, casada há 37 anos e mãe de dois filhos, um de 34 anos e outro de 31, foi atrás de um curso no país europeu. O escolhido foi um ministrado na cidade de Montpellier, que há alguns anos se tornou a queridinha dos estudantes estrangeiros devido à oferta de escolas e ao custo-benefício do local. Assim, em setembro do ano passado, a médica arrumou as malas e foi passar duas semanas na França. Sozinha! “Decidi fazer uma imersão total, e optei até por ficar na casa de uma família. Nos 15 dias que passei lá, fiz questão de só falar em francês, e

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o aprendizado foi incrível. Vivi como uma moradora local”, conta. Para sua surpresa, ela ainda acabou encontrando um grupo da mesma faixa etária e com os mesmos propósitos. “Eram holandeses, finlandeses e dinamarqueses que também foram estudar francês. Foi normal nos aproximarmos. O bacana é que mantivemos a amizade até hoje. Inclusive, trocamos e-mail com frequência, mas só na língua francesa. Foi um acordo que fizemos.” Segundo a médica aposentada, essa também é uma maneira de continuar praticando. Além disso, ela criou o hábito de assistir, todos os dias pela manhã, telejornais da França. “Estudar profundamente uma língua, que era o meu objetivo, demanda tempo e treinamento constante. É preciso se dedicar, no mínimo, 30 minutos por dia. E é o que procuro fazer”, garante.


o Fotos: Divulgaçã

Grupo da terceira idade se encontra na França com os mesmos propósitos: estudar, dominar outra língua e conhecer novas pessoas e culturas

VIAGENS SOLO

Sobre viajar sem a família, Themis revela que isso nunca a amedrontou. Quando mais jovem, ela visitou diversos países desacompanhada, como Peru, Bolívia, Inglaterra, Israel e Grécia. “O positivo de fazer este tipo de viagem é que você fica mais aberto para os outros e observa melhor o que acontece ao seu redor. É uma experiência extremamente enriquecedora”, afirma. Ela ainda fez um intercâmbio de seis meses para os Estados Unidos aos 17 anos. Comparando essa vivência da adolescência com a mais recente, para a França aos 62 anos, a médica aposentada diz que prefere a última. “Com 17 anos eu era uma garota imatura e amedrontada. Agora não. Fui segura de mim, sabendo o que eu queria e me relacionando com muito mais desembaraço”, finaliza.

Praça da Comédia, em Montpellier, na França

Curiosidade O francês é falado em 56 países – sendo que em 25 é a língua oficial – em cinco continentes e é o segundo idioma mais ensinado do planeta, atrás apenas do inglês. Estima-se que 136 milhões de pessoas o tenham como língua nativa – somando com os que o tem como segunda língua, este número sobe para cerca de 500 milhões. No Brasil, há alguns bons anos, ele era obrigatório nas escolas, sendo parte da grade curricular da 1ª a 4ª séries.

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SAÚDE EM DIA

Minha pele, minha vida

A pele da pessoa acima de 60 anos é mais suscetível a apresentar coceira, desidratação, hematomas, alergias e infecções. Veja como cuidar do maior órgão do corpo humano

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s cuidados com a pele são importantes em todas as fases da vida, sobretudo na terceira idade, quando o maior órgão do corpo humano demanda particular atenção. A boa notícia é que algumas precauções envolvem práticas positivas para vários outros aspectos da saúde, como uma alimentação balanceada. Mas quais são as particularidades da pele que se manifestam com a idade? Segundo o dermatologista da Sinclair Pharma, Gabriel Aribi, o envelhecimento provoca na pele alterações intrín-

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secas, que são as hormonais e a perda de capacidade em formar fibras elásticas e produzir colágeno, e extrínsecas, que estão diretamente ligadas aos danos originados pelo sol, como o fotodano. “Com o tempo, o idoso acaba perdendo a camada de proteção da pele, além da quantidade de líquido no corpo. Isso faz com que ele seja mais suscetível a diversas afecções, como coceira, desidratação, hematomas, alergia e infecções. Mas essa mudança estrutural é natural e ocorre com todo mundo”, afirma o especialista. A dra. Marta Wöhlers, especialista em Dermatologia, acrescenta que, por conta da fragilidade dos capilares san-


Fotos: Divulgação

SOL E ALIMENTAÇÃO

Gabriel Aribi, dermatologista da Sinclair Pharma

guíneos, qualquer 'apertãozinho' pode formar hematomas, deixar um “roxo”. Para minimizar os riscos, existe uma série de hábitos simples que podem fazer a diferença. “Ingerir pouca água auxilia na desidratação da pele, então, em primeiro lugar, o importante é beber bastante líquido”, orienta a médica. Junto a isso, ela sugere o uso de cremes, inclusive os que se pode encontrar em farmácias e mercados. “Hidratar o corpo diariamente também é muito importante. Mais de 90% do prurido – ou coceira – em idosos tem como causa a pele desidratada”, informa. Na hora da higiene pessoal, banhos longos e quentes não são indicados, por agredirem mais a pele. A sugestão é manter a água sempre morna e também não usar sabonetes em excesso. Todos esses cuidados são realmente indispensáveis, pois o ressecamento aumenta a predisposição a lesões que podem infectar, resultando, por exemplo, em uma erisipela. As áreas que mais sofrem com a falta de líquido são pernas, cotovelos e joelhos.

O sol apresenta um fator de risco, mas também traz benefícios à saúde, requerendo um equilíbrio. Os raios solares aumentam os níveis de vitamina D, elemento que evita a perda de cálcio nos ossos e, em consequência, previne a osteoporose. “Quando se trata da pele, sempre deve existir um trabalho de prevenção em termos de exposição solar. Por isso, recomendo ao paciente que realize consultas periódicas com um dermatologista de sua confiança e use bastante protetor solar”, diz Aribi. A dra. Marta alerta que exposição ao sol, se possível deve ser diária, de 15 a 30 minutos, sendo suficiente no rosto, nas mãos e nos braços. Mas o que mais traz benefícios para a saúde da pele – e de todo o organismo – é a alimentação balanceada. No caso da terceira idade, alguns alimentos podem ser destacados: peixes

e linhaça, que possuem ômega 3 e auxiliam na hidratação cutânea; tomate e cenoura, que promovem ação antioxidante e protegem dos raios ultraviolenta; frutas vermelhas e abacate, ricos em vitaminas. Outra sugestão da dermatologista é ter acompanhamento médico para garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários. “Às vezes, é preciso fazer alguma suplementação específica, como a, reposição de vitamina B12”, afirma. Com esta série de indicações, é possível reverter o envelhecimento cutâneo e evitar danos à pele. O mais importante, segundo a dra. Marta, é se cuidar, e, mesmo que a pessoa não tenha esses hábitos, ainda dá tempo. “Nunca é tarde para começar a ter uma rotina de tratamento da pele: hidratação via oral e com cremes, proteção solar, alimentação adequada e rica em nutrientes e exposição solar”, completa.

Marta Wöhlers, especialista em Dermatologia

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AÇÕES & HÁBITOS

Foto: Divulgação

Ada Nicolaewsky

Animais de estimação ajudam idosos e pessoas com necessidade de acompanhamento Cães, gatos, peixes e outros bichinhos podem melhorar o humor das pessoas e até a sociabilidade

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nos atrás, em depressão profunda após a perda da mãe, a separação do marido e os desentendimentos com as filhas, Ada Nicolaewsky não comia, não saía da cama e até pensou em suicídio. Até que Flufy, um cachorrinho poodle, chegou para trazer alegria. De lá para cá, ela nunca mais deixou te ter cães. Hoje, dona Ada tem duas novas companheiras:

uma poodle e uma vira-lata que a mantém feliz e com ânimo renovado a cada dia. “Após me sentir melhor, fui trabalhar com idosos portadores de câncer. Os cachorros me deram força para sair da depressão e para ajudar outras pessoas que precisam de carinho, atenção e afeto”, conta dona Ada. Cachorros, gatos, peixes, pássaros e cavalos sempre trouxeram alegria aos hu-

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”Os cachorros me deram força para sair da depressão e a ajudar outras pessoas que precisam de carinho, atenção e afeto”

Ada Nicolaewski


Foto: Divulgação

pist’”, do psicoterapeuta infantil e precursor da TAA Boris Levinson. “Nas áreas de Enfermagem, Medicina e Psicoterapia, a TAA tem ganhado força como forma de ajudar no tratamento de pacientes. Os animais podem deixar as sessões de terapia menos ameaçadoras e mais agradáveis”, completa Ana.

” Os animais podem deixar as sessões de terapia menos ameaçadoras e mais agradáveis” Ana Luisa Ares, mestranda em Gerontologia

manos e há bastante tempo são estudados os efeitos terapêuticos dos animais na vida das pessoas. A mestranda em Gerontologia Ana Luisa Ares explica que o primeiro caso documentado de Terapia Assistida por Animal (TAA) data de 1792, na Inglaterra. “Animais típicos de fazendas foram usados no tratamento de doentes emocionais no asilo York Retreat. Já no século dezenove, o uso de cães em instituições de tratamento mental foi muito utilizado para deixá-las com uma atmosfera mais amistosa” explica. Nos Estados Unidos, o primeiro registro de animais como terapeutas foi em 1919, em Washington, no hospital psiquiátrico St. Elizabeth, com o uso de cães como acompanhantes dos pacientes. O grande avanço aconteceu com a tese “The Dog as ‘Co-Thera-

PRIMEIRA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

No Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira, que nos anos 40 revolucionou o tratamento de doentes mentais a partir da terapia ocupacional, introduziu cães e gatos no Centro Psi-

quiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, obtendo ótimos resultados no tratamento dos pacientes. “Observei que os resultados terapêuticos das relações afetivas entre o animal e o doente eram excelentes”, escreveu Nise em seu livro “Gatos, a emoção de lidar”. E realmente foi por meio da afetividade com os bichinhos que os internos tiveram expressiva melhora em seus quadros psiquiátricos. Além de companheiros, os animais de estimação fazem com que idosos e pessoas com depressão possam trabalhar melhor suas emoções e sociabilizar com outras pessoas.

Qual tipo de pet escolher? Na hora de escolher o melhor tipo de pet, é preciso se ater às características dos bichinhos para que a convivência seja sempre positiva, evitando acidentes ou estresse para os mascotes e para os tutores. Os três tipos mais comuns de bichinhos terapêuticos são: Felinos - Têm boa adaptação com os humanos e comportamento tranquilo. Além disso, são mais independentes e demandam menos cuidados. Na hora de escolher, prefira os de pelagem curta, pois soltam menos pelos na casa. Os gatos são carinhosos e ideais para pessoas que não podem sair muito de casa. Cães - Para idosos, o ideal é escolher cachorros de temperamento calmo e pequeno porte, assim evitam acidentes. Além de carinhosos, os cães precisam passear, o que induz os seus tutores a sair de casa e sociabilizar com outras pessoas. Peixes - Melhoram a saúde mental e reduzem a ansiedade. Também são ideais para pessoas que não podem sair muito de casa.

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