Revista ANO 05 | Nº 10 | R$ 9,00 | 1º SEMESTRE 2018 | ISSN 2317-7667 WWW.REVISTATUTORES.COM.BR
PARCERIA:
METODOLOGIAS DE ENSINO
Conheça as principais e escolha a mais adequada para a sua família
É HORA DE ESTUDAR
Saiba como organizar a lição de casa e se preparar para as provas sem corre-corre
QUANDO ISSO VAI PARAR? Metade das escolas brasileiras já registraram agressões contra professores ou funcionários e três em cada quatro já presenciaram violência entre estudantes. Veja como identificar e corrigir condutas violentas em sala de aula
EDITORA RESPONSÁVEL
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Revista
SUMÁRIO
PING-PONG
O professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Campinas, Samuel Mendonça, fala sobre a formação dos educadores
Editora Lamonica Conectada Rua Sabará, 566 - 7º andar - cjs 72 e 74 - Cep: 01239-010 Tel.: (11) 3256-4696 / 3214-5938 Publisher José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Consultoria Estratégica de Gestão Militelli Business Consulting Direção de Produção e Edição Andréa Cordioli (MTb: 31.865) andrea@editoralamonica.com.br Reportagem Renata Turbiani (MTb: 30.844) renata@editoralamonica.com.br Direção de Criação e Arte Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Silvério A. Bertelli Novo - silverio@editoralamonica.com.br Mídias Sociais Juliana Parollo - juliana@editoralamonica.com.br Fotos Ivana Debértolis Logística e Mercado Thais Guardacioni - thaisg@editoralamonica.com.br Mônica Cavalcante - monica@editoralamonica.com.br Marketing/Mailing Tatiane Brito - tatiane@editoralamonica.com.br COMERCIAL PROJETOS E VENDAS DE PUBLICIDADE Sede 55 (11) 3256-4696 - 3214-5938 Gerentes de Contas Luzia Rodrigues - 55 (11) 55 (11) 97014-2726 luzia@editoralamonica.com.br Mislene Guedes - 55 (11) 95903-0244 mislene@editoralamonica.com.br Thais Andrade - 55 (11) 99115-3339 thais@editoralamonica.com.br Administração e Financeiro Silvia Medeiros - silvia@editoralamonica.com.br Assinaturas: (11) 3256-4696 - 3214-5938 A Revista Tutores é uma publicação semestral produzida, distribuída e comercializada pela Editora Lamonica Conectada. Disponível nas versões impresso, web, smartphones e tablets Plataforma digital: ISSUU Produção Gráfica: Leograf www.revistatutores.com.br
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Montessori, Waldorf, Freinet, Construtivista... você conhece as diferentes metodologias de ensino das escolas, que orientam processos de ensino-aprendizagem?
ESPECIAL
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A agressividade nas escolas tem sido tema recorrente e pais e professores devem estar alertas para identificar se o comportamento violento exige tratamento
PAIS E ALUNOS
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Como organizar os estudos em casa e se preparar para as provas? Os pais devem ajudar os filhos a fazer lição de casa? Saiba tudo nessa reportagem!
COM A PALAVRA
Educação para a paz: a psicóloga Ana Paula Rabello Chaves explica como gerar segurança emocional nas crianças e transformá-las em adultos autônomos E MAIS:
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i iti da educação V ENCONTRO SOBRE NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Nos dias 5 e 6 de abril, será realizado na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), em Campinas (SP), o V Encontro Sobre Neurociências na Educação Inclusiva – NeuroEdu 2018. Voltado para educadores, professores, profissionais da saúde e áreas multidisciplinares, estudantes de graduação, pós-graduação, aprimorandos e pesquisadores, o evento objetiva apresentar leituras teóricas e práticas educativas resultantes de trabalhos educativos e científicos sobre as neurociências aplicadas à educação, especialmente, propondo uma revisão literária sobre a educação inclusiva. Além de palestras com nomes importantes, como os professores Li Li Min (FCM-UNICAMP) e Adriana Fóz (UNIFESP-USP), serão realizadas quatro oficinas com conteúdo prático sobre Tecnologia, Educação e Cognição; Motricidade e Arte; Projeto Cuca Legal, e a Prática da Inclusão em Escolas Públicas. Mais informações: https://neuroeventos.wixsite.com/neuroedu2018.
AVALIAÇÃO NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO (ANA) REVELA ESTAGNAÇÃO NA APRENDIZAGEM Os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, divulgados pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram um cenário preocupante no ensino brasileiro. Os dados revelam que a maioria dos estudantes acima dos 8 anos, faixa etária de 90% dos avaliados, permanece em níveis insuficientes de leitura, ou seja 1 e 2 (elementares). Na ANA 2014, esse percentual era de 56,1. Outros 45,2% dos alunos analisados obtiveram níveis satisfatórios em leitura, com desempenho nos níveis 3 (adequado) e 4 (desejável). Em 2014, eram 43,8%. Já os graus de alfabetização dos brasileiros em 2016 são praticamente os mesmos que em 2014. O desempenho dos estudantes do terceiro ano do ensino fundamental matriculados nas escolas públicas permaneceu estatisticamente estagnado na avaliação durante esse período. Os resultados revelam ainda que parte considerável dos alunos, mesmo havendo passado por três anos de escolarização, apresentam níveis de proficiência insuficientes para a idade. A terceira edição da ANA foi aplicada pelo Inep entre 14 e 25 de novembro de 2016. Foram avaliadas 48.860 escolas, 106.575 turmas e 2.206.625 estudantes. Outros dados no site www.inep.gov.br.
MEC ANUNCIA POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO Com o objetivo de combater a estagnação dos baixos índices registrados pela Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, o Ministério da Educação lançou a Política Nacional de Alfabetização. Trata-se de um conjunto de iniciativas que envolvem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a formação de professores, o protagonismo das redes e o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Também será criado o Programa Mais Alfabetização, que deve atender, a partir de 2018, 4,6 milhões de alunos com a presença de assistentes de alfabetização – eles trabalharão em conjunto com os professores em sala de aula. A expectativa é contar com 200 mil turmas em todos os municípios brasileiros, entre o primeiro e o segundo ano do ensino fundamental, e o investimento será de R$ 523 milhões em 2018. Mais informações: www.mec.gov.br.
E-BOOK GRATUITO DA FUNDAÇÃO ABRINQ PROMOVE O BRINCAR EM FAMÍLIA Com o objetivo de incentivar os momentos de brincadeira em família para o bom desenvolvimento da garotada, a Fundação Abrinq criou o e-book “Brincar Junto! - Guia de Brincadeiras para Crianças e Adultos”. Disponível no QR Code abaixo, ele é focado em atividades de baixo custo – podem ser feitas com materiais como cartolina, papel e barbante –, que incluem o apoio ou presença de um adulto. Segundo a entidade, brincar, além de ser uma valiosa oportunidade para momentos de maior vínculo dos pequenos com pais, familiares, cuidadores ou responsáveis, ajuda a desenvolver o imaginário, a linguagem, as capacidades cognitivas e motoras, as emoções e o aprendizado. www.f adc.o
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DKT DO BRASIL LANÇA PROGRAMA VOLTADO À EDUCAÇÃO SEXUAL Para orientar os jovens sobre educação sexual, a DKT do Brasil, detentora das marcas Prudence e Andalan, lança a plataforma DKT Jovem. O objetivo é oferecer informações sobre saúde sexual, prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos desde o início da vida sexual dos adolescentes. Em parceria com ONGs de todo o País e iniciativa privada e pública, a empresa levará aos púberes materiais educativos, incentivando-os a participarem de atividades em grupo sobre temas relacionados à sexualidade. As interações acontecerão em palestras, feiras, festas e qualquer outro lugar que houver atividades com esse público. Nas escolas, o projeto vai capacitar os educadores para trabalharem os temas relacionados e, posteriormente, os próprios alunos passarão a atuar como multiplicadores da informação. As ações já estão em andamento junto às ONGs com as quais a DKT Brasil mantém parceria, como a Barong (Sudeste), a Equipe Voluntária Brasil (Sul) e a Gestos (Nordeste).
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO CONECTADA LEVARÁ INTERNET DE ALTA VELOCIDADE A ESCOLAS PÚBLICAS ATÉ 2024 O Governo Federal anunciou recentemente a Política de Inovação Educação Conectada. Realizado em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o objetivo do programa é universalizar o acesso à internet de alta velocidade nas escolas, a formação de professores para práticas pedagógicas mediadas pelas novas tecnologias e o uso de conteúdos educacionais digitais em sala. Na fase de indução da ação, até o final de 2018, o Ministério da Educação (MEC) deverá investir R$ 271 milhões. A intenção é que, até o final deste ano, 22,4 mil instituições de ensino (urbanos e rurais) recebam conexão de alta velocidade. O processo será concluído em todas as demais escolas públicas até 2024.
JOVENS NÃO TÊM BOA IMAGEM DO BRASIL, SEGUNDO PESQUISA Para saber o que os jovens pensam sobre o País, o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou uma pesquisa com 31.326 deles, com idade entre 15 e 26 anos. A pergunta feita foi a seguinte: “Qual dessas frases melhor representa o Brasil?”. Havia seis opções de respostas, sendo que a mais votada (26,23%) foi “sinônimo de corrupção”. De acordo com a coordenadora de treinamento do Nube, Rafaela Gonçalves, todo foco das mídias e dos jornais locais tem sido as atuais investigações e escândalos políticos. “Infelizmente, as questões positivas e demais iniciativas perdem espaço, logo a sensação é de estarmos presos em torno da corrupção”, explica. A segunda alternativa que se destacou, com 23,82%, foi “lugar onde tem uma mistura de raças”. Depois vieram “país do ‘jeitinho’” (22,30%), “terra com muitos impostos”, (14,24%), “país do futuro” (9,52%) e “o povo ama futebol” (3,88%).
USO DE CELULARES PARA FINS PEDAGÓGICOS É LIBERADO NAS ESCOLAS DE SÃO PAULO Para melhorar a qualidade da educação básica paulista, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin liberou o uso de celulares durante as aulas nas escolas estaduais de São Paulo, mas apenas para finalidades pedagógicas. De acordo com o secretário de Educação do estado, José Renato Nalini, o acesso a informações e as possibilidades de produção e compartilhamento de conteúdos, por meio de celulares, tablets e demais aparelhos eletrônicos, fazem parte, cada vez mais, da rotina da população e não podem ser ignoradas pelos gestores administrativos e pedagógicos: “O ensino prelecional está sendo questionado em todos os ambientes. Se quisermos manter o aluno interessado em aprender, temos de usar a linguagem dele, a linguagem de seu tempo”. 1o semestre 2018
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i iti da educação Eu leio
Dicas da Tutores para você NEURO-O-QUÊ?! NEUROCIÊNCIA! A CIÊNCIA E A ARTE DO CÉREBRO O livro, da Editora ADCiência e organizado pelo doutor Li Li Min, apresenta conceitos relacionados à estrutura do cérebro e pesquisas na área de neurociências. Ele foi escrito por 12 jovens pesquisadores imersos em teoria, mas com seus neurônios voltados para a arte criativa da divulgação científica em neurociências. À medida em que acompanha a bem-humorada argumentação dos autores, o leitor vai se apropriando de novas redes neuronais, o que lhe permite compreender a anatomia, o funcionamento e as manifestações da arte do cérebro. O preço é de R$ 35,00. Informações e compra pelo e-mail adciencia@gmail.com
PLATÃO E A DIALÉTICA ENTRE A FILOSOFIA DO AMOR E O AMOR À FILOSOFIA A questão do amor e a luta para a conquista da felicidade configuramse como duas das mais fundamentais reflexões, posta para todas as culturas, gerações e pessoas que buscam decifrar a razão de seu existir e construir o sentido de viver. Muitas dessas respostas estão na filosofia. Pensando nisso, o professor César Aparecido Nunes escreveu esse livro, que representa um libelo sobre a educação afetiva e de constituição da ética do amor como proposta política através de uma nova visita a Platão. A obra identifica que, atualmente, persiste a redução do amor e da sexualidade à função do orgasmo e, justamente por essa razão, reafirma a necessidade de uma invenção: mais Platão, menos Reich! Com preço sugerido de R$ 65,00, pode ser adquirida pelo site www.profcesarnunes.com.br. Revista Tutores
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SONO - ENTENDA COMO FUNCIONA O SEU Da AllPrint Editora, e escrita por Marcos Alessandro, a obra, de 133 páginas e preço de R$ 40,00, é distribuída em 18 capítulos, que versam em toda sua extensão sobre a pergunta “Você dorme bem?”. Essa questão perpassa pelo entendimento de como a má qual idade do sono pode comprometer a qualidade de vida. Além disso, o livro traz um capítulo que cuida especificamente sobre sonhos e curiosidades do sono. Ele ainda discute o uso de equipamentos eletrônicos como celulares, tablets e computadores durante a noite, o perfil das pessoas que dormem muito ou pouco, bem como o perfil dos bons e maus dormidores. Compras pelo site www.allprinteditora.com.br.
Sem Minha filha de 15 anos cursa o 1º ano do Ensino Médio e tem muita dificuldade em manter o foco nos estudos. Ela é dispersa, não absorve o conteúdo e deixa para estudar no final do ano, quando precisa de nota. Ela se mostra sem interesse e alega que não gosta de estudar. O que fazer? A.C, de São Paulo - SP Ao dizer que ela deixa para estudar em cima da hora e não gosta de estudar, isso evoca ao fato de que os adolescentes também possuem uma “preguiça” neuroquímica, e tem a ver com a produção de endorfinas no cérebro. Sabemos que todos possuem interesses e habilidades para alguns temas ou assertividade para sentirem mais motivação. Uma proposta interessante é trabalhar com ela um tema paralelo ao conteúdo que está sendo estudado na escola, levando-a a acreditar em seu potencial para a aprendizagem. Também é preciso mostrar-lhe que os pais se importam com seus esforços e, portanto, têm interesse por sua vida. Daqui a pouco, sua filha se tornará adulta e ser responsável é parte dessa nova etapa de vida, sendo o conhecimento uma grande conquista. Boa sorte!
Meu filho tem 17 anos e cursa o 2º ano do Ensino Médio. Ele é estudioso, aplicado e responsável, mas fica muito ansioso com nota baixa ou quando não consegue entender alguma matéria, principalmente matemática, física e química. Sou enfermeira aposentada e o ajudo nos estudos. Ele também é acompanhado por uma psiquiatra e faz uso de Sertralina. Nada mudou. E agora? R.C.T., do Rio de Janeiro - RJ Percebemos que o aluno tem dificuldade em reconhecer as próprias qualidades, não confia no seu desempenho e tem o hábito de se autodepreciar. Por isso, quando as autoavaliações dele forem equivocadas, não se deve deixar que elas passem sem resposta. Mas cuidado com o elogio demagógico e gratuito. É importante que ele seja genuíno. Além disso, pode-se, ao invés de elogiar a pessoa, elogiar o ato, a conduta, a performance, o trabalho... É interessante mostrar para ele, de maneira lógica, racional e cartesiana, que tais atividades foram bem-feitas e tais conceitos aprendidos. Vale pontuar que a dificuldade nas quatro operações básicas da matemática prejudica a aprendizagem não só da matemática, mas também da física e da química. Então, paralelamente aos novos conteúdos que vêm sendo ministrados no colégio, é interessante revisar conhecimentos anteriores. Boa sorte!
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Meu sobrinho e afilhado tem 16 anos e muita dificuldade em raciocínio matemático. Cursa o 9º do Ensino Fundamental II, é repetente pela segunda vez e fez tratamento fonoaudiológico para alteração no processamento auditivo durante dois anos. É possível que ele tenha discalculia? T.R.G, de Curitiba Não necessariamente é um caso de discalculia, justamente por se tratar de um transtorno neurológico caracterizado por uma incapacidade de pensar, avaliar e raciocinar processos que envolvam números ou conceitos lógico-matemáticos. A discalculia do desenvolvimento é um problema de ordem biológica ou inato, que não tem a ver com os estímulos do ambiente e afeta a capacidade de a criança aprender matemática. O ideal é que o jovem seja avaliado por um psicopedagogo, que deve ter acesso ao laudo psicopedagógico. Ou ainda pode-se procurar um psicólogo cognitivo comportamental para a realização de testes cognitivos, entre eles o Teste de Habilidade Matemática (THM). Se após esse histórico clínico forem levantadas outras dificuldades, o ideal é encaminhar o adolescente para um neuropediatra ou neurologista. Se for confirmado se tratar de um transtorno, não existe uma “cura” medicamentosa, mas sim apoio com especialistas multidisciplinares. O acompanhamento tutorial também poderá ajudá-lo substancialmente.
Se você tem alguma dúvida, crítica ou sugestão escreva para canaldoleitor@editoralamonica.com.br
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PROFESSORES BEM PREPARADOS Foto: Divulgação
Os mestres das salas de aula jamais devem parar de estudar, a fim de estarem sempre atualizados para lidar com as novas gerações
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Samuel Mendonça, professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas
esponsáveis por formar profissionais das mais variadas áreas, os professores também precisam de uma formação específica, e levandose em conta que os alunos de hoje estão cada vez mais tecnológicos e preparados, os mestres não podem ficar parados. Sendo assim, é fundamental repensar a formação do educador, para que, de uma maneira mais ampla, seja possível adaptar o ensino das escolas brasileiras aos estudantes da era digital. Mas como fazer isso? Para responder a essa e outras perguntas, a Revista Tutores bateu um papo com o professor titular e coorde-
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nador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas, líder do grupo de Pesquisa Política e Fundamentos da Educação (CNPq/PUC Campinas) e membro do grupo de pesquisa Direito e Realidade Social (CNPq/ PUC Campinas), Samuel Mendonça. Confira os principais trechos da entrevista a seguir: Como se dá a formação de professores no Brasil? Por professor pode-se definir a pessoa que tem formação acadêmica em cursos superiores. De modo geral, os cursos de pedagogia têm a finalidade de ensinar crianças na
Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos (EJA); licenciaturas em diferentes áreas do conhecimento para ensinar crianças e jovens do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, e mestrados e doutorados para ensinar estudantes do Ensino Superior e pós-graduação (lato-sensu e stricto-sensu). Assim, a formação de professores está relacionada com cursos de formação superior, que se realiza em faculdades, em centros universitários e em universidades, nas suas diferentes espécies, sejam públicas federais, estaduais, municipais ou particulares. Cada área de conhecimento contempla suas diretrizes curri-
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culares, de modo que os cursos, embora distintos, porque o Brasil é um país de grande expansão territorial, devem seguir as referidas diretrizes. O que a legislação prevê para essa área? No caso de cursos de graduação, que têm como foco a educação básica e superior, em seus diversos segmentos, os professores devem cumprir o que as diretrizes curriculares determinam. Para isso, há um sistema de avaliação, nos diversos níveis, para justamente certificar-se da eficácia da aplicação das diretrizes curriculares. No caso de professores de pós-graduação, a legislação é específica e prevê, além de dar conta de conteúdos para a formação nas diversas áreas do conhecimento, que eles tenham produção científica qualificada observada por meio de artigos científicos, livros, capítulos de livros e outros produtos previstos. E os cursos estão realmente fazendo o que a legislação determina? No geral sim, pelo fato de que, justamente por haver um sistema de avaliação, caso não cumpram com as determinações oriundas de diretrizes curriculares pode haver intervenção do Ministério da Educação (MEC), por meio de visitas técnicas e até mesmo o fechamento de cursos. Mas é evidente que os cursos precisam melhorar, assim como a legislação educacional. Apenas esses cursos dão conta da formação ideal? Todos os cursos específicos de formação de professores dão conta de uma formação real. Formação ideal não, até pelo fato de que devemos trabalhar com aspectos re-
ais, circunscritos à escola e não a concepções ideais que, em diversos casos, distanciam-se muito da vida social. Mas, talvez, seria importante perguntar para os agentes que estão nas escolas (professores, estudantes, gestores e famílias) quais conteúdos ou espaços poderiam ser incluídos para se pensar em uma formação mais consistente. Existe um modelo de professor que deve ser seguido? Não acredito em professor ideal, justamente pelo fato de que ele nada poderia fazer pela escola. Acredito no professor real, circunscrito, que assume seu papel na sala de aula e, principalmente, que participa de reuniões pedagógicas, consegue ouvir os outros professores, dialogar com a equipe pedagógica e escutar o que pode ser feito para melhorar. Para mim, esse professor real parte da ideia de que não está pronto, é um ser inacabado e, por isto, assume que precisa aprender e estudar continuamente e não maltrata alunos com argumentos de autoridade, mas, ao contrário disto, se coloca como insterlocutor de todos os agentes da escola e à disposição para ouvir e perceber as demandas dos alunos. De tanto cuidado e atenção, ele passa a ser ouvido, passa a ser voz proativa e a desenvolver liderança sem a qual o professor não consegue, de fato, exercer o seu ofício. Os professores estão preparados para lidar com essa geração totalmente tecnológica que temos atualmente? Não, eles não receberam em seus cursos formação para lidar com a tecnologia. Assim, a geração de estudantes está muito avançada, e muitos professores não têm o know-how para lidar com esse tipo de perfil.
O que pode ser feito para resolver esse problema? É preciso investir na formação continuada de professores, assim, essa geração que está nas escolas poderá ter acesso à linguagem da tecnologia e utilizar-se dela para dar conta dos novos desafios para a aquisição de conhecimento. É importante que a educação faça parte da agenda de agentes públicos de forma prioritária. Também é preciso investir em recursos materiais (compra de equipamentos), mas, sobretudo, em recursos humanos. Além da questão tecnológica, o que é preciso para que a didática usada em sala de aula seja mais dinâmica e integrativa? Ter professores dinâmicos e dispostos à interação. Para isso, não basta o conhecimento técnico, o professor precisa querer transformar o ambiente escolar de forma propositiva e ativa. Um professor sonolento, por exemplo, não conseguirá desenvolver qualquer didática efetiva em sala de aula. Diferentemente disso, um desperto consegue êxito na forma de apresentar seus conteúdos. Cabe registrar que nem todos os professores têm essa natureza dinâmica e integrativa. Alguns são mais isolados e acreditam que os alunos devam aprender por vontade própria, o que é falso e, normalmente, motivo de frustração de ambas as partes. Qual a saída? Parece ser o professor reconhecer que não tem dinamismo para a possibilidade de superação desse problema. Enquanto ele responsabiliza os alunos por problemas na sala de aula, e não focaliza a sua responsabilidade nesse
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10 PING-PONG processo, pouco há de ser feito. É preciso, pois, autocrítica por parte do professor. Hoje, parece que muitos professores precisam “competir” pela atenção do aluno. Como conquistar isso e, ao mesmo tempo, manter o foco no conteúdo curricular? A questão da atenção e da concentração de estudantes, sobretudo da Educação Básica, está relacionada não apenas com o currículo, mas, principalmente, com a figura do professor. Se ele tem preparo técnico, ou seja, conhecimento de sua área, é apenas um elemento da aprendizagem. E mais do que conhecimento científico, obrigação de cada um, é preciso dedicação para algo muito importante na escola de hoje: o afeto. É necessário ter a percepção e a comunicação abertas para a compreensão dos momentos que vivem os estudantes. Muitos professores consideram que devem trabalhar apenas a questão do conhecimento, no entanto, só há conhecimento quando há demanda por parte do aluno, o que se dá por meio de um olhar atento, de atenção e cuidado do professor, não apenas com o conhecimento do aluno, mas também com a dimensão existencial dele. É por meio de uma relação afetiva, que tem como pressuposto a formação humana constituída de valores como tolerância, amizade e respeito, que um professor consegue superar a falta de atenção e de concentração em sua aula. No caso das dificuldades de aprendizagem, um tema cada vez mais presente na vida dos professores, o que fazer? As dificuldades de aprendizagem devem ser assumidas como um problema do ambiente escolar,
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e não exclusivamente dos alunos. Se o professor, a coordenação pedagógica e a direção da escola o assumem como sendo complexo e estrutural, talvez seja possível superá-lo para a viabilidade da aprendizagem. Argumentar que o aluno não quer aprender é insuficiente, se colocar como vítima também. As maiores dificuldades de aprendizagem não estão nos alunos, mas, justamente, na figura de professores sucateados que se utilizam desse expediente lamentável para justificar sua ineficácia e inoperância. É preciso, pois, revalorar o sentido do que é o professor.
É preciso investir na formação continuada de professores, assim, essa geração que está nas escolas poderá ter acesso à linguagem da tecnologia e utilizar-se dela para dar conta dos novos desafios para a aquisição de conhecimento Samuel Mendonça, professor
De que forma? A profissão de professor não pode ser a última opção de um jovem quando ele está pronto para decidir o que deseja fazer profissionalmente, e para reverter esse cenário não basta uma política de valorização salarial. Um deslocamento de concepção de educação talvez precise ocorrer, no sentido de inserir essa profissão com o devido destaque e valorização social, com propaganda na grande mídia e até mesmo em produções artísticas, como filmes, novelas e músicas.
Enfim, é necessário um esforço de muitos sujeitos do quadro social para que haja uma adequação de ensino nas escolas. De forma precisa, afirmo que é fundamental construir uma nova escola, a partir de outras bases, por meio de outras pessoas e de outros valores. Para finalizar, quais são os desafios curriculares da educação nacional? São diversos e, justamente no momento de implementação da Base Nacional Comum Curricular, com o desenho de um novo Ensino Médio, o Ministério da Educação tem se esforçado para lançar uma renovação da educação básica. O problema é que se optou por olhar para o Ensino Médio primeiro sem o cuidado de pensar a educação de forma mais global, assim, analiso que o principal desafio curricular é a ausência de uma concepção educacional que tenha o seu nascedouro na educação infantil e se desenvolva até a pós-graduação. As alterações curriculares são feitas de forma estanque, ora com atenção em um nível de ensino, ora em relação a outro, sem que se focalize o conjunto da obra, por meio da pergunta elementar: Que tipo de educação desejamos para o Brasil, nos diversos segmentos? Outro desafio diz respeito à ausência de priorização da educação no conjunto de áreas do conhecimento. Enquanto áreas tecnológicas, agrárias e das ciências naturais são priorizadas, o campo educacional não o é, de modo que a formação de professores fica sempre para outro momento. Assim, o principal desafio está em assumir a educação, nos seus diversos níveis, como prioridade sem a qual nenhum outro campo possa ser analisado.
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METODOLOGIAS DE ENSINO: QUAL ESCOLHER? A melhor escola para crianças e adolescentes é aquela que tem proposta de acordo com os valores e os objetivos da família
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radicional, Construtivista, Escola Nova (escolanovista), Montessori, Waldorf... certamente você já ouviu falar em alguma ou algumas dessas terminologias. Mas sabe exatamente do que tratam? Todas são metodologias de ensino, ou seja, o estudo das diferentes trajetórias planejadas e vivenciadas pelos educadores para orientar processos de ensino-aprendizagem em
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função de certos objetivos ou fins educativos. A questão é que, para muitas famílias, escolher a que mais tem a ver com os seus ideais, objetivos e valores nem sempre é tarefa fácil. Só que essa decisão é fundamental para uma vida escolar saudável e eficaz, já que o rendimento da criança e do adolescente normalmente está relacionado ao seu perfil perante a pedagogia seguida pela escola em que estuda.
De acordo com o professor titular de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação, da Universidade de Campinas (Unicamp), César Nunes, o aluno que frequenta uma instituição de ensino que trabalha com conceitos muito diferentes de seus comportamento e personalidade pode apresentar falta de interesse pelos estudos, mau rendimento escolar e até desenvolver problemas emocionais.
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César Nunes, professor titular de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da Unicamp
“Os pais precisam ter um prévio conhecimento sobre as metodologias que suas escolas de interesse adotam antes de fazer qualquer julgamento. O ideal é que eles avaliem bem o local e, ao fazerem a escolha, confiem na proposta pedagógica e tenham paciência”, aconselha o especialista. Ainda segundo ele, não se deve ficar mudando o aluno de escola. “Isso atrapalha muito o desempenho escolar, pois a criança ou o jovem ficará perdido e achando que é incapaz de aprender”, finaliza Nunes, que, a seguir, explica um pouco mais sobre os quatro métodos mais comuns nas escolas do País.
A relação entre estudante e professor é de autoridade, e seu modelo de ensino e avaliação é padronizado. A mecânica de aprendizagem se dá através da resolução de exercícios e repetição de conceitos, enquanto as notas são por meio de lição de casa, trabalhos e provas oral e escrita. “O aluno precisa apenas memorizar o que o educador ensina e ter boa frequência escolar (assiduidade). É um tipo de educação onde não se discute, até porque a própria formação do professor no País ainda é extremamente tradicional”, relata Nunes.
TRADICIONAL Metodologia mais antiga e predominante nas instituições brasileiras, a Tradicional, que surgiu na Europa do século XVIII, coloca o professor como eixo fundamental, sendo ele o responsável por transmitir os conhecimentos aos alunos. Nas aulas, os conteúdos, frutos do que foi acumulado ao longo dos anos, são concebidos como verdades – e essas não estão sujeitas a variações ou questionamentos –, focando apenas na formação intelectual da criança ou do adolescente.
ESCOLA NOVA (ESCOLANOVISTA) Diferentemente da pedagogia tradicional, nessa o centro é o aluno, o que significa que é ele quem define o que deseja aprender. “É a escola da vida, na qual o estudante fala mais e se expressa melhor. Também há maior flexibilidade no currículo e na avaliação”, relata o professor da Unicamp. A Escola Nova, também chamada de Escolanovista, surgiu no final do século 19, ganhando mais força na primeira metade do século 20. Foi um movimento de renova-
ção do ensino, objetivando deixálo mais moderno e oferecendo uma nova relação professor-aluno. “Nele, prega-se o educar para a vida e pelo exemplo, com foco nas situações e experiências do dia a dia”, acrescenta Nunes. Sem um caráter formalizado, e trabalhando menos conteúdos clássicos, essa metodologia oferece ferramentas para a criança ou o adolescente decidirem por si só, sem precisar necessariamente do professor para chegar a uma conclusão. CONSTRUTIVISTA Esse método, idealizado pelo psicólogo suíço Jean Piaget na década de 1920, defende que o conhecimento não está pronto – e, sim, sendo construído – e que nem o professor e nem o estudante são o eixo central do processo de aprendizagem.
“Conforme os conteúdos vão sendo apresentados, o aluno o acomoda na sua formação efetiva, social e subjetiva, se tornando o autor do próprio aprendizado”, explica o professor da Unicamp. Nesse sistema, a construção do conhecimento pela criança ou o adolescente é fruto de sua interação com o meio, mas tem o professor como um importante mediador.
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NA LOUSA Seu objetivo é que o aluno adquira autonomia, através de experiências da vida e de um ensino mais aberto e dinâmico, sem o autoritarismo do currículo e do educador tradicionais. Fora isso, a linha construtivista foi desenvolvida para que não haja prova, mas isso pode variar de escola para escola. “Essa metodologia respeita as fases de desenvolvimento humano, porém, cria uma concepção de criança meio universal, classificando-as a partir de uma matriz, o que pode não ter tão interessante”, expõe Nunes.
SÓCIOINTERACIONISTA É baseada nos conceitos do psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky, e considera que tanto o educador quanto o aluno aprendem um com o outro. “É um conceito mais democrático, que supõe que o professor dispõe de melhores condições para preparar o conteúdo, mas não tira o poder da criança ou do adolescente de levar para a sala a suas vivências”, explica o professor. Nesse caso, a aprendizagem se dá a partir da interação do estudante com a sociedade, e o educador atua
apenas como mediador. A metodologia sócio-interacionista estimula o aluno a aprender a partir de suas experiências e dá importância para trabalhos e discussões em grupo. “Trata-se de uma pedagogia que não tem tantas provas e nem apela para a memória. No entanto, exige um professor melhor preparado e mais esclarecido. A formação deste profissional é bem mais exigente e continuada”, completa o especialista.
CONHEÇA OUTROS MÉTODOS DE ENSINO WALDORF Foi criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner e está fundamentada na Antroposofia, palavra de origem grega que significa “sabedoria humana”. Esse tipo de metodologia de ensino determina aspectos importantes para o desenvolvimento do indivíduo os pilares físico, emocional e espiritual, sempre respeitando a faixa etária de cada um. Por conta disso, os alunos são divididos por faixa etária, e não em séries.
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Tem como objetivo desenvolver a personalidade de forma equilibrada e integrada, estimulando o florescimento na criança e no jovem de clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e iniciativa da ação. Trata-se de uma pedagogia que incentiva e encoraja a criatividade, nutre a imaginação, conduz os alunos a um pensamento livre e autônomo e prioriza atividades que trabalham o pensar, o sentir e o agir. De modo geral, o currículo Waldorf é planejado para atender
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MONTESSORI Idealizada pela médica e educadora italiana Maria Montessori, essa metodologia acredita que o ensino deve ser ativo e se desenvolver com base na evolução do aluno. Aqui, a criança cria senso de responsabilidade a partir de um aprendizado próprio, e, ao trabalhar a autoeducação, define seu ritmo e os próximos passos. Outros pilares educacionais montessorianos são: educação como ciência, educação cósmica, ambiente preparado, adulto preparado e criança equilibrada. Todos devem funcionar em união, a fim de que os pequenos progridam de forma completa e equilibrada. As salas de aula são ricas em estímulos – como jogos pedagógicos e cubos lógicos – pois seu conceito determina que a concentração e o desenvolvimento infantil se dão através da manipulação
jetivo principal da educação é formar cidadãos para o trabalho livre e criativo. Ao professor cabe criar uma atmosfera que estimule o estudante a ter suas próprias experiências e procurar respostas para as necessidades e dúvidas, sempre com a ajuda dos colegas. Também é função do educador organizar todo o trabalho e colaborar ao máximo para o sucesso da turma.
de objetos. Para isso, tudo tem de estar à altura das mãos, para despertar o interesse e conduzir os alunos às experiências. O professor atua mais como um guia, mas para o sucesso do método é fundamental que ele compreenda a criança e, assim, consiga identificar se o que está sendo oferecido tem sido ou não eficiente. FREINET Acreditando que educar é construir juntos, a pedagogia Freinet se alicerça em quatro eixos fundamentais: cooperação (como forma de construção social do conhecimento), comunicação (para integrar este conhecimento), documentação, com o chamado livro da vida (registro da história que se constrói diariamente) e afetividade (elo de ligação ente as pessoas e os objeto de conhecimento). Idealizada pelo pedagogo francês Célestin Freinet, a metodologia se identifica com a corrente da Escola Nova. Porém, nesse caso, o trabalho e a cooperação vêm em primeiro plano. Menos rígida, e sem manuais, ela determina que o que orienta a prática escolar é a atividade, e que o ob-
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às diversas etapas do desenvolvimento da criança. As escolas contam com atividades como teatro, pintura, música, jardinagem, tricô e tecelagem. Além disso, há aulas de inglês, geografia, matemática, ciências físicas e biológicas, história e literatura, entre outras.
A Tutores não tem ou indica uma metodologia de ensino. No entanto, como explica a coordenadora pedagógica da rede, Sueli Adestro, em seus dez anos, a empresa mantém firmemente a filosofia educativa que privilegia o acolhimento, a empatia e o olhar integrativo e inclusivo. “Isso significa viver e compreender o universo da educação dentro de um conceito multidisciplinar que provoca a interdisciplinaridade e nos permite uma visão mais ampla e contemplativa, afinal, educação é um ato de amor”, completa a especialista.
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MEU FILHO É AGRESSIVO
E AGORA? Pais e professores devem estar alertas para identificar se o comportamento é rebeldia da idade ou se exige tratamento
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m outubro de 2017, a tragédia ocorrida no Colégio Goyases, em Goiânia (GO), que resultou na morte de dois alunos e ainda deixou mais quatro feridos, trouxe novamente à tona a discussão a respeito da violência nas escolas. Apesar de casos como esses não serem tão comuns no Brasil, outros tipos de agressões são. Pelos números de um estudo da empresa de inteligência analítica IDados, elaborado a partir de respostas de mais de 50 mil diretores de instituições de ensino públicas participantes da Prova Brasil 2015, em 55,2% das escolas brasileiras consultadas houve agressão física ou verbal de alunos a professores ou funcionários. Além disso, de cada quatro, três, o que representa 76%, registraram a ocorrência de agressões entre os estudantes. Já a presença de crianças ou jovens portando arma branca e de fogo foi citada por 16,5% e 3,2% dos entrevistados, respectivamente. E, ao contrário do que se imagina, essas situações acontecem com mais frequência em locais de situação socioeconômica média e alta (61%). O índice é um pouco menor nos colégios menos favorecidos (43,6%). A conduta violenta se manifesta por uma série de razões, que podem coexistir ou, até mesmo, serem complementares: bullying, ausência de desenvolvimento das habilidades socioemocionais – como falta de tolerância a frustrações –, mau exemplo em casa, alto nível de estresse, presença de transtornos mentais, exposição exagerada à violência, incluindo aí televisão, filmes, desenhos e jogos de computador e videogame, mudança de valores da sociedade, falta de empatia e distorções de percepção do meio, entre outras.
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Muitos pais não sabem como lidar com seus filhos e o quanto impor de limites, deixando que eles cresçam livres demais e até mesmo passando a responsabilidade para a escola Marilda Novaes Lipp, psicóloga e diretora-fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress (IPCS)
Um fator que merece destaque, segundo a psicóloga e diretora-fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress (IPCS), com unidades na capital paulista e em Campinas (SP), Marilda Novaes Lipp, é o relacionamento familiar. “Muitos pais não sabem como lidar com seus filhos e o
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quanto impor de limites, deixando que eles cresçam livres demais e até mesmo passando a responsabilidade para a escola”. Para a especialista, isso se deve, em grande parte, à mudança pela qual a sociedade está passando. “Antigamente havia valores claros, e que as pessoas realmente seguiam, mas hoje ninguém mais sabe o que está
certo ou errado, e aí, como passar isso para as crianças?”, questiona a profissional. SERÁ QUE JÁ NASCEMOS VIOLENTOS? Apesar de o ser humano já vir ao mundo com algumas tendências, a especialista em neuropsicologia e terapia cognitivo comportamental, Priscila da Costa Gonçalves, diz que isso não significa que esta ou aquela criança será violenta. “Temos sim algumas características que já vem conosco, no entanto, afirmar que já se nasce assim ou assado é muito determinista”. Ainda de acordo com a profissional, raiva e agressividade surgem naturalmente na infância, como manifestações próprias do desenvolvimento socioemocional. Dessa forma, é normal, por volta dos três ou quatro anos, morder, bater, chutar e gritar. Agir desta forma é a maneira que a garotada tem de se expressar, se defender
e controlar o meio, ou seja, conquistar algo que deseja e necessita, podendo ser um brinquedo ou atenção. Mas, então, como saber quando este comportamento deixa de ser normal? Marilda Novaes Lipp aponta que o botão de alerta deve acender se eles se tornarem frequentes e mais intensos. Entre os sinais mais comuns estão se acidentar com facilidade, não respeitar autoridade, mentir e constantemente tratar mal amigos e parentes, quebrar brinquedos e jogar objetos. “Os pais precisam estar bem atentos ao comportamento de seus filhos. Eles devem observar absolutamente tudo”, aconselha a diretora do IPCS. Para ela, a escola também tem papel importante. “Se o professor notar qualquer indício, tem de informar a diretoria e, em seguida, conversar com a família do aluno”. De qualquer forma, a especialista garante que o mais importante é prevenir, e não apenas remediar. Isso se faz ensinando valores positivos, como gentileza, respeito, bondade, colaboração, apoio, sociabilidade, paciência e resiliência, dando bons exemplos em casa e no colégio, elogiando, impondo limites e oferecendo amor e ambientes familiar e educacional saudáveis e pacíficos. BUSCANDO AJUDA Quando não existe um equilíbrio, e condutas agressivas tornam-se um padrão e persistem com o tempo, o que pode vir a se transformar em um problema mais sério na adolescência e na vida adulta, aí a solução é buscar ajuda especializada. Normalmente, o tratamento é realizado em conjunto entre psiquiatra, psicólogo, família e escola. O que também pode ajudar, e muito, é a neurociência.
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19 Ao falar que a criança é brava, nervosa, agressiva..., isso poderá acompanhá-la por toda a fase escolar, gerando o afastando dos colegas e a fama de má. Sendo assim, ela certamente irá pensar ‘Se eu já tenho esse rótulo, por que preciso mudar? Priscila da Costa Gonçalves, especialista em neuropsicologia e terapia cognitivo comportamental
“Precisamos compreendera o que está acontecendo no cérebro da criança ou do jovem para ter uma resposta frente a esses comportamentos. A partir daí, iremos dar a eles ferramentas para trabalhar estas questões”, explica a neuropsicóloga Priscila da Costa Gonçalves. Ainda de acordo com a especialista, também é fundamental não taxar as pessoas. “Ao falar que a criança é brava, nervosa, agressiva..., isso poderá acompanhá-la por toda a fase escolar, gerando o afastando dos colegas e a fama de má. Sendo assim, ela certamente irá pensar ‘Se eu já tenho esse rótulo, por que preciso mudar?’”. O certo, indica Priscila, é jamais tratar o indivíduo que precisa de ajuda com pré-conceitos ou
desistir dele. Sua recomendação, nestes casos, é “baixar a guarda” e estar disposto e aberto para auxiliá-lo no seu desenvolvimento. “Não se pode dar poder a este tipo de comportamento. Quando ele acontece, precisa ser punido, claro, mas não de forma imperativa e, sim, de uma maneira que a criança entenda que está agindo errado e tenha exemplos do que é certo”. Apesar disso, este problema jamais deve ser minimizado. “É preciso cuidar para que ele não se torne um transtorno de conduta na vida adulta, porque aí a pessoa será marginalizada e certamente não se encaixará em nenhum emprego e nem conseguirá manter relacionamentos”, finaliza Priscila.
SINAIS DE COMPORTAMENTO AGRESSIVO § § § § § § § § §
Se machucar com facilidade; Agredir, seja verbal ou fisicamente, colegas e parentes; Mentir constantemente; Não respeitar autoridades; Ter baixa tolerância a frustração; Não ter amigos; Quebrar ou jogar objetos; Cometer atos de vandalismo; Maltratar animais.
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LIÇÃO DE CASA:
ajudar os filhos ou não, eis a questão Sim, é preciso ajudar sempre, mas isso não significa fazer as tarefas por eles
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lgumas escolas orientam os pais a não ajudarem os filhos a fazer a lição de casa. Outras, no entanto, apontam o caminho contrário. Mas, afinal, o que é certo e o que errado nesta situação? E como tornar a realização das tarefas algo positivo e tranquilo tanto para a garotada quanto para família? Confira a seguir as dicas da psicóloga e professora do curso de pedagogia da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB), Vilma Bastos Machado.
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AMBIENTE SILENCIOSO O local onde o aluno fará a lição de casa – e estudará para as provas – deve ser sossegado, bem iluminado e longe de televisão, videogame, animais, pessoas passando e qualquer outra distração (o celular, inclusive). Também é indicado que tenha uma mesa ou escrivaninha, para que a criança ou o adolescente não tenha que preparar as tarefas na cama ou no sofá.
ORGANIZAÇÃO DE ESTUDO É preciso preparar a lição pela prioridade, o que significa fazer antes de tudo a tarefa que será entregue na data mais próxima, bem como estudar para a prova que acontecerá primeiro. Para isso, é fundamental ter um calendário com as datas anotadas. Outra recomendação é manter todo o material necessário por perto, como lápis, cola, caneta, tesoura, borracha e dicionário, entre outros.
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HORÁRIO FIXO Não é necessário passar o dia entre cadernos e livros, mas é de extrema importância elaborar uma rotina de estudos, com horário fixo para a execução das tarefas. Os pais também podem determinar um momento para conferir o que foi feito e tirar eventuais dúvidas que os filhos possam ter. SUPERVISÃO SEMPRE Durante todo o processo escolar dos filhos, os pais – ou algum responsável – precisam estar por perto, acompanhando e ajudando, mas isso não significa fazer a lição por eles. A realização das tarefas é de total responsabilidade do aluno, pois só assim ele conseguirá assimilar a matéria estudada e terá autonomia. Fora que, quando alguém prepara a lição no lugar da criança ou do adolescente, os professores não conseguem ter noção de sua evolução e dificuldades. NÃO APONTAR ERROS É errando que se aprende, certo? Sendo assim, os pais ou responsáveis nunca devem apontar onde a criança errou na lição. O mais indicado é ajudá-la a refletir para que ela encontre a resposta sozinha. Porém, alguns apontamentos podem, e devem, ser feitos, por exemplo: “Você verificou se está tudo correto?”, “Faça uma revisão final e cheque os resultados e as informações”, “Dê mais uma lida para certificar-se de que não deixou passar erros” ou “Você tem certeza de que está tudo certo?”. Se ainda assim o estudante
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não identificar o que fez de errado, nada de pânico, pois o professor irá auxiliá-lo na sala de aula. ATENÇÃO COM COBRANÇAS Por mais que se fique frustrado ou irritado com o filho por ele estar errando ou enrolando para fazer a lição de casa, é preciso cautela com cobranças e broncas. Os pais precisam ser firmes, mas não intransigentes, a fim de não traumatizar ou gerar ansiedade na criança ou no adolescente e também para não transformar a realização das tarefas em algo penoso. PAIS PREPARADOS Os processos de aprendizagem mudaram muito ao longo dos anos, o que pode dificultar o entendimento dos
Vilma Bastos Machado, psicóloga e professora do curso de pedagogia da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB)
pais em relação à matéria que os filhos estão estudando. Neste tipo de situação, se não puder ajudar, melhor não atrapalhar e nem interferir na forma como o aluno está aprendendo determinado conteúdo, para não confundi-lo.
TUTORES AUXILIA FAMÍLIAS SEM TEMPO Apesar de saberem o quão importante é acompanhar a rotina escolar de seus filhos, muitos pais que trabalham fora nem sempre têm tempo para isso. O problema é que a criança e o adolescente precisam de supervisão para fazer a lição de casa e estudar para provas. O que fazer, então, para resolver esta questão? A resposta é fácil: procurar um serviço de tutoria. Na Tutores, com unidades em todo o País, há profissionais altamente preparados para ajudar os estudantes na realização de qualquer tarefa. Entre os serviços oferecidos pela empresa, que está há dez anos no mercado, estão reforço escolar, aula particular, tutoria multidisciplinar e tutoria com supervisão permanente. Com um programa eficaz para desenvolver bons hábitos de estudo, o aluno é orientado a gerenciar o tempo pessoal e de estudo, bem como reconhecer um estilo apropriado e individualizado. O projeto pedagógico da Tutores enfatiza ensinar a aprender. Vale-se, para tanto, de conceitos pedagógicos que valorizam a relação de ensino-aprendizagem e situam o tutor como um agente de transformação da vida escolar do estudante. A empresa ainda respeita o método de ensino adotado pela escola em que a criança ou o adolescente estuda, e evita acrescentar novos materiais didáticos, que possam sobrecarregá-lo na realização de tarefas e exercícios repetitivos.
COM A PALAVRA
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Por Ana Paula Rabello Chaves
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m tempos de tantas discussões, de opiniões que vão de um pólo a outro e levando sempre em consideração que pais, educadores e cuidadores de nossas crianças são modelo de aprendizagem faz-se necessário começarmos esse bate papo com duas definições: • Bullying: “conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por uma ou mais pessoas contra outra(s), causando dor, angústia e sofrimento” (Fante, 2011 em Fenômeno Bullying); • Conflito: “situação que envolve um problema, dificuldade e pode resultar posteriormente em confrontos, geralmente entre duas partes ou mais, cujos interesses, valores e pensamentos observam posições diferentes e opostas” (www.queconceito. com.br/conflito em 23.08.17).
de criação e desenvolvimento das crianças. Dessa forma, faça a si mesmo as seguintes perguntas: “Tenho aplicado a máxima ‘faça o que falo, não o que faço’”? e “Tenho, por receio das adversidades da vida, criado meu filho(a) em uma redoma?” Ter a certeza de que somos modelos de comportamento e que a retirada de obstáculos nos processos de crescimento dos filhos pode gerar baixa resistência à frustração e dificuldades na formação da autonomia, nos guia para o entendimento de que bullying é uma coisa e resolução de conflitos entre pares é outra. “Como você resolve os problemas/dificuldades em casa?”; “Como, diante de uma negativa, você administra tal questão?” Modelo é isso! Gritos, mentiras, omissões ou xingamentos na dinâmica familiar tendem a ser estendidos para os pares no meio social e escolar das crianças. Ensinar que caso perca não há problema, porque a mamãe ou o papai lhe darão outro ou resolverão o
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EDUCAR PARA A PAZ!
problema é ensinar que perdas não existem, é remover os obstáculos da vida e colaborar para uma baixa resistência à frustração. É criar um mundo de fantasia. Quando se resolve qualquer conflito do(a) filho(a) com os pares é gerado um sentimento de insegurança e incapacidade. O pensamento automático da criança é “papai ou mamãe resolvem para mim, eu não dou conta”, o que deixa patente a dificuldade de fortalecimento da autonomia, fator imperante para o desenvolvimento da criança. Nosso trabalho como pais, educadores e cuidadores vai além da educação formal. Precisamos dar base para a segurança emocional e assim desenvolvermos adultos autônomos, seguros e com uma autoimagem firme. Precisamos educar para a paz!
Abarcamos como critério para caracterização de bullying insultos, intimidações, apelidos crueis, constrangedores, gozações, acusações injustas e atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outras pessoas. Já o conflito se estabelece, por definição, pela divergência de opiniões e como a mesma será mediada ou tratada. Vamos dar uma “paradinha” e nos perceber como pais, cuidadores e educadores dentro do processo *Ana Paula Rabello Chaves é psicóloga clínica de Brasília (DF)
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