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Tem dúvidas na educação do seu filho? Pergunte à Tia Tati
ANO 02 | Nº 08 | R$ 9,00 | MAR/MAI 2015 | ISSN 2317-7667 WWW.REVISTATUTORES.COM.BR PARCERIA:
ELES ESTÃO FALANDO DE MIM A cada cinco crianças brasileiras, uma é envolvida em situações de bullying. Saiba identificar e combater essa prática
Moço, me paga um livro?
Confira a entrevista de José Rezende Jr., autor do livro “Fábula Urbana”
Ter ou não ter, eis a questão Descubra os benefícios dos animais para o desenvolvimento infantil
pinturas que fazem história
Conheça a menina de seis anos que vende seus desenhos na internet
Quero aproveitar esse espaço para compartilhar com você, leitor, o quanto foi importante a ajuda da Tutores na nossa família. Nosso filho Samuel, no início do ano, estava com muita dificuldade na leitura e escrita. A situação era complicada, ao ponto de fazer o ano anterior novamente. Foi quando conhecemos a Tutores e sua equipe. Eles nos ajudaram e contribuíram muito neste processo, tanto no aprendizado como na elevação da autoestima do nosso filho.
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Edson, Lara e Samuel Araújo Unidade Tutores Piracicaba - SP
Edson e Lara Araújo
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Nós podemos ajudar! Conosco os estudantes podem obter melhores notas escolares, desenvolver suas habilidades de estudo e sua autoconfiança, gerando maior tranquilidade no ambiente familiar.
O que oferecemos Avaliação gratuita do estudante Aulas de todas as disciplinas Aulas na residência ou outro local Garantia de uma operação de franquia Melhor custo benefício do mercado Ensino de técnicas de estudo Tutores altamente qualificados Atendimento a todas as idades Acompanhamento via web Aulas para alunos com dificuldades de aprendizagem Atendimento nacional Horários flexíveis Início imediato Cursos preparatórios para o ENEM e vestibulares Sem Material Didático Extra
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Sumário
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Lamonica Comunicação Integrada Rua Sabará, 566 § 7º e 9º andares § cjs 72, 74 e 92 Cep: 01239-010 Tel.: (11) 3256-4696 § 3214-5938 Publisher José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Consultoria Estratégica de Gestão Militelli Business Consulting Direção de Produção Andréa Cordioli (MTb: 31.865) - andrea@editoralamonica.com.br Reportagem Ex-Libris - Comunicação Integrada Direção de Criação e Arte Andrea Domingues - andreadomingues@editorlamonica.com.br Janaina Xavier - janaina@editoralamonica.com.br Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Silvério A. Bertelli Novo - silverio@editoralamonica.com.br Fotos Keiny Andrade Logística e Mercado Mônica Cavalcante - monica@editoralamonica.com.br Marketing Carol Nunes - carol@editoralamonica.com.br
COMPORTAMENTO Seu filho insiste em ter um animal de estimação? Veja os benefícios de ter um pet em casa e descubra os animais mais indicados para cada faixa etária
ENTREVISTA
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SAÚDE
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Você sabia que crianças também podem sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC)? Conheça as principais causas e formas de prevenção dessa grave doença
O autor do livro Fábula Urbana, José Rezende Jr., questiona os preconceitos em relação ao acesso à cultura no País
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CANAL DO LEITOR Orientações muito boas nas reportagens (da edição 7) “Muito mais que um cofrinho” e “Geração Alpha e o futuro da educação”! Cristianne Sampaio – Salvador (BA) Ótima revista! Artigos de ótima qualidade. Não perco mais nenhuma. Parabéns! Marcelo Ramos – via site www.revistatutores.com.br Adorei!! Yara Lima – Campo Grande (MS) Parabéns a toda equipe. A Revista está maravilhosa! Valdir Asei – São Paulo (SP)
E mais
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Silva
EDITORA RESPONSÁVEL
Muito se tem ouvido nessa palavrinha de proporções gigantescas na vida de crianças e jovens: bullying. Saiba como identificar e combater essa prática e, principalmente, como superar a violência física ou psicológica sofrida na infância
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14 ESPECIAL
Artigo Case Mapa da Rede de Atendimento da Tutores Na Mira da Tia Tati Tia Tati Responde
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4 na mira da tia
ai Educação é chave para crescimento econômico na América Latina, diz OCDE
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Saiba tu do o que acontec e na de educ área ação: notas, e ven lançame tos, ntos e muito m ais
Nobel da Paz pede educação para todas as crianças A paquistanesa Malala Yousafzai e o presidente da Marcha Global contra o Trabalho Infantil, o indiano Kailash Satyarthi, defenderam o acesso à educação para todas as crianças do mundo ao receber o Nobel da Paz em Oslo, no dia 10 de dezembro de 2014. Malala disse que a educação é “uma das bênçãos da vida”, mas também “uma de suas necessidades”, e dedicou boa parte de suas palavras ao ataque que sofreu há dois anos pelos talibãs no Paquistão por defender a educação das mulheres. Ela destinará parte de seu prêmio, de US$ 1,1 milhão, para ajudar na construção de escolas através de sua fundação, sobretudo em sua região natal, no do vale do Swat.
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O relatório "Perspectivas Econômicas para a América Latina 2015", divulgado em dezembro pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que a solução para desaceleração econômica no continente está no incentivo à educação e à formação de mão de obra. Segundo o documento, a economia da região crescerá entre 1% e 1,5% em 2014, bem menos do que em 2013 (2,5%) e 2012 (2,9%). De acordo com os especialistas, a desaceleração aponta para uma década de baixo crescimento na América Latina, que precisa ser revertida por meio da melhoria do padrão educação, ampliação da formação de mão de obra e do incentivo à inovação.
Apenas 54% dos jovens até 19 anos concluem o Ensino Médio Tido como o grande “gargalo” da educação no Brasil, o Ensino Médio é cursado até o final por apenas 54,3% dos jovens até 19 anos, segundo estudo divulgado pela ONG Todos pela Educação. O levantamento foi feito com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013. Apesar de apresentar uma melhora em relação aos últimos anos (46,6%, em 2007, 51,6%, em 2009 e 53,4%, em 2011), os números revelam as dificuldades que o País encontra para fazer com que os jovens concluam o Ensino Médio na idade certa.
Alunos ganham plataforma digital sobre educação no trânsito Estudantes do Ensino Médio de 287 escolas no Estado do Espírito Santo vão poder aprender mais sobre as regras de trânsito por meio de uma plataforma digital. O Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) lançou o programa “Nosso Trânsito”, iniciativa inédita que deve beneficiar cerca de 80 mil alunos. Utilizando o computador, os participantes poderão assistir a vídeos educativos e interagir com jogos sobre a temática. A ação visa contribuir para incentivar boas atitudes no trânsito.
Agenda
educação como direito Depois de um período de redução do papel do Estado, nos anos 90, os países da América Latina chegam a 2015 considerando a educação como um direito humano. Apesar disso, ainda existe uma grande distância entre o que estabelece a legislação e o que é garantido à população, sobretudo nos países mais pobres da América Central e Caribe. É o que mostram dados preliminares de um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Buenos Aires e da Campanha Latino Americana pelo Direito à Educação (Clade), a ser lançado em 2015. Segundo o estudo, os governos devem ser responsáveis por oferecer educação pública da forma mais ampla e democrática possível.
Dados da Prova Brasil 2013, compilados pelo Portal QEdu, mostram que o índice de alunos de escolas públicas que terminam o Ensino Fundamental com nível de aprendizado considerado adequado em matemática foi de 11,2%, para estudantes do 9º ano. O índice é inferior ao registrado na prova anterior, de 2011, quando a média foi de quase 12%. Já em português, com ênfase em leitura, a prova apresentou uma melhora de 22,2% para 23,6% no índice de alunos com aprendizado adequado.
6º Congresso Internacional de Educação 2015 Com o tema “Educação Humanizadora e os Desafios Éticos na Sociedade Pós Moderna”, o evento ocorre de 6 a 9 de maio, na Faculdade Palotina, em Santa Maria (RS), na rua Padre Alziro Rogia, 115. www.fapas.edu.br/congresso
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Somente 11% dos alunos aprendem o esperado em matemática
Anote!
Desempenho escolar melhora com lição de casa Alunos que fazem a lição de casa têm melhor desempenho escolar, segundo estudo do Departamento de Economia da PUC-RJ, que analisou as notas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2007 e 2009. Os questionários foram úteis para os pesquisadores identificarem quais alunos recebiam com frequência lição de casa e quais não tinham esse tipo de atividade. Aqueles que foram estimulados a estudar em casa atingiram média de ganho 10% maior em matemática e 14% maior em língua portuguesa do que os demais. O fato de os alunos terem de refletir sobre o que aprenderam fora da escola ajuda-os a fixar o conteúdo, na opinião dos autores.
Feira Educar 2015 De 20 a 23 de maio, o evento vai abranger conteúdos e ferramentas para ensino e aprendizagem e soluções para tomadores de decisão do setor. www.feiraeducar.com.br Exposição: Leonardo Da Vinci, a natureza da invenção Apresenta a trajetória do pintor a partir de peças e instalações do Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia Leonardo da Vinci (MUST), de Milão. Até 10 de maio, no Centro Cultural Fiesp Ruth Cardoso, Av. Paulista, 1.313 (SP). Mais informações: (11) 3146-7405 ou 3146-7406 17ª Conferência Anual Internacional sobre Educação De 18 a 21 de maio de 2015, em Atenas, na Grécia. O objetivo é reunir acadêmicos e estudantes de educação. Para conhecer os programas de conferências e obter outras informações, visite o site: www.atiner.gr/education.htm
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6 entrevista José Rezende Jr., jornalista e escritor
Abaixo o preconceito cultural
J
osé Rezende Jr., 55 anos, é jornalista e escritor. Mineiro nascido na cidade de Aimorés, estreou na literatura infanto-juvenil no ano passado, com Fábula Urbana (Edições de Janeiro), uma ficção sobre o papel do livro e da leitura na construção de um país mais desenvolvido e justo. A história retrata o preconceito de um “homem de terno” a partir de um pedido insólito feito por um menino; em vez de dinheiro, ele deseja um bem cultural. “Moço, me paga um livro?”, pede o garoto ao adulto. A obra tem o objetivo de questionar os valores e preconceitos da classe
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Obra infanto-juvenil questiona preconceitos em relação ao acesso à cultura no País
média, instigando a reflexão social para crianças e jovens de todas as idades. Entre outros títulos, o autor já escreveu os livros A mulher-gorila e outros demônios e Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras histórias de amor), pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti, em primeiro lugar na categoria Contos e Crônicas, em 2010. Além de escritor, José Rezende já trabalhou como repórter especial das publicações “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “IstoÉ” e “Correio Braziliense”. Confira a entrevista do autor para a Revista Tutores, sobre as principais ideias discutidas em seu último livro.
Como surgiu a ideia de escrever Fábula Urbana? Eu estava num shopping, em Brasília, quando um menino pobre me abordou, pedindo um livro. Muito tempo depois, tive a ideia de escrever um conto baseado naquela experiência. Mais alguns anos se passaram até que a história chegasse às mãos da Renata Nakano, editora-executiva da Edições de Janeiro, que decidiu publicá-la em forma de livro infanto-juvenil.
A intenção era falar com o público infanto-juvenil? Confesso que havia escrito pensando no leitor adulto, mas a Renata percebeu que aquele encontro
7 improvável entre o homem de terno e o menino pobre tinha muito mais a dizer a crianças e adolescentes. Pensei em simplificar a linguagem, mas ela não deixou. E estava certa, como a resposta dos jovens leitores ao livro tem demonstrado.
Qual foi a sua reação no momento em que o menino pediu um livro? Minha primeira reação foi a mesma do personagem (o homem de terno): surpresa total. Não é um pedido que se ouve todos os dias. Eu ouvi uma única vez em toda a minha vida. Já no segundo momento, autor e personagem reagiram de formas opostas. Fiquei feliz por ter sido escolhido pelo menino que queria ler, enquanto o homem de terno passou da surpresa ao medo, e deste à indignação.
Descreva o sentimento do “homem de terno”. Ele primeiro teme o menino, pensa que vai ser assaltado. Em seguida, depois de avaliar a altura e o peso do menino e concluir que tal perigo “ainda” não existe, esse homem de terno fica indignado pela invasão do “seu” espaço. O homem de terno paga em dia impostos e dízimos, o que lhe dá o direito – acredita ele – de não ser assim confrontado pela realidade, sobretudo num território (o shopping center) que imagina reservado exclusivamente para os de sua classe social.
De que maneira você pretende despertar a consciência das pessoas que irão ler o seu livro? O autor não tem domínio sobre seus leitores. Ele, muitas vezes, mal tem domínio sobre seus próprios personagens! Acredito ter escrito uma história sobre o preconceito e sobre o papel transformador do livro e da leitura. Espero que os leitores reflitam sobre esses temas e tirem suas pró-
prias conclusões. Mas posso adiantar que as conversas que tive com os jovens leitores, nas visitas que faço às escolas, me deixaram muito feliz.
literariamente saltavam das estantes e caíam diante de nossos olhos. Não é mais assim.
Como você vê o interesse de crianças e adolescentes pelos livros hoje em dia, independentemente da classe social a que pertençam?
Cada vez há mais casas despidas de livros, independentemente da classe social de seus moradores. Livros não chegam mais sozinhos às mãos das crianças, já não fazem parte do seu dia-dia. Cabe a nós – escritores, professores, mediadores de leitura – apresentá-los uns aos outros. Feitas as apresentações, a magia acontece.
O livro, tal como o conhecemos, reinou absoluto durante séculos. Hoje, enfrenta a concorrência de outros dispositivos, a princípio muito mais atraentes, como smartphones, tablets, videogames etc. Mas o velho e bom livro ainda tem o poder de tocar algum ponto profundo e secreto de nossa existência, o que mantém e manterá sua sobrevida por ainda muito tempo. Acontece que antes nós andávamos pelas nossas casas tropeçando em livros; eles literal e
E como é hoje?
Que importância você dá aos livros na formação de uma pessoa? Há uma frase muito interessante, se não me engano, do poeta Mário Quintana: “Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas.
Tutores lança campanha de apoio à leitura pelo País A Tutores está promovendo uma campanha para incentivar a leitura, a partir do livro de José Rezende Jr, Fábula Urbana. A ação se chama “Campanha Permanente de Apoio à Leitura da Tutores – Eu Leio” e foi lançada em dezembro de 2014. O objetivo é que as unidades da Tutores promovam, a cada dois meses, uma intervenção de apoio à leitura com a comunidade local, em escolas, bibliotecas, livrarias e eventos, onde serão apresentadas atividades de leitura, como contação de histórias, saraus poéticos, atividades de leitura com crianças e pessoas na terceira idade. Também haverá interação de distribuição (doação de livros) pelas unidades, com uma caixa de coleta de livros (em bom estado de conservação) em cada unidade da Tutores pelo Brasil. “Toda iniciativa que encurta a distância entre as pessoas e os seus direitos, inclusive ao livro e à leitura, são mais do que bem-vindas. Apoio a ação da Tutores e acredito que ela será um sucesso. Com certeza, trará muitas alegrias para todos: leitores e tutores. Compartilhar nos torna melhores”, diz o escritor José Rezende.
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8 entrevista Os livros só mudam as pessoas”. Penso que os livros tocam uma parte profunda e secreta de nossa existência. Poeticamente, isso faz todo o sentido. Mas não dá para dizer, cientificamente, que os livros mudam as pessoas. Ou melhor: acho que até dá.
Por que considera isso? Pesquisa publicada na revista Science revela que a leitura de um bom livro de ficção – que me perdoem os autores de não-ficção e os de ficção de má qualidade – aguça nossa empatia, nos permite “ler” com mais clareza as emoções ocultas de nossos semelhantes. Os pesquisadores dividiram os voluntários em três grupos: o primeiro recebeu para ler um trecho de algum grande escritor, como Tchékhov ou Alice Munro; o segundo, um artigo jornalístico; o terceiro, o trecho de um best-seller sem maiores pretensões literárias.
Como você vê a questão das barreiras sociais e culturais brasileiras atualmente? Vê perspectivas de melhorias? Quais?
grafias de olhares de diversas pessoas. Os voluntários que haviam lido alguns minutos de boa ficção interpretaram com facilidade impressionante os olhares contidos nas fotos, ao contrário dos membros dos dois outros grupos. Isso se explicaria pelo fato de que bons livros nos transportam a lugares desconhecidos, nos apresentam personagens a serem decifrados, nos fazem experimentar emoções que não pertencem a nós, mas ao “outro” (o personagem). Talvez isso queira dizer que os cientistas deram razão ao poeta: os livros mudam sim as pessoas. Esperemos, portanto, que as pessoas mudem o mundo. Para melhor, é claro.
Há evidentes sinais de mudança. O Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo, mas essa desigualdade vem caindo sensivelmente nos últimos 12 anos, graças a fatores como a geração recorde de 21 milhões de empregos com carteira assinada, o ganho real do salário mínimo (valorização de quase 80%, entre 2002 e 2014) e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que quebra o ciclo de transmissão hereditária da miséria. Os resultados são impressionantes. A evasão escolar caiu, o desempenho escolar melhorou, e o mais sensacional de tudo: a primeira geração de crianças do Bolsa Família já está chegando ao ensino superior, seja pelo aumento da oferta de vagas nas universidades públicas, seja pela política de cotas sociais e raciais, seja pela oferta de crédito estudantil facilitado e bolsas de estudo, que dão acesso às faculdades privadas. É o filho do pedreiro virando engenheiro.
Qual foi o resultado dessa pesquisa?
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Um dos experimentos consistiu em apresentar aos integrantes dos três grupos uma série de foto-
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Cada vez há mais casas despidas de livros, independentemente da classe social de seus moradores. Livros não chegam mais sozinhos às mãos das crianças 4/30/14
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Quais as evoluções mais significativas vividas na educação pelo País? O Brasil levou mais de um século para chegar à marca de 3,5 milhões de jovens na universidade. Em apenas 12 anos, colocou outros 3,5 milhões, ultrapassando a marca de 7 milhões de universitários. Ainda é pouco, mas estamos no caminho certo. Nestes mesmos 12 anos, nada menos que 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza, graças às políticas públicas citadas anteriormente. Já pensou se esses 36 milhões de brasileiros que antes mal tinham o que comer se transformam em 36 milhões de novos leitores? Este é o nosso desafio.
Tia Até que dia e mês do ano a criança deve completar os quatro anos para ingressar na Educação Infantil?
a lgum a m te r Você a ou que r dúvid ão escola taç o? orien eu filh s o para rgunte Pe Tati à Tia
P.A, de São Paulo (SP) Para a pré-escola, a criança deve completar quatro anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula. Esta data foi definida em 2010 pelo Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução nº 6/2010. O mesmo critério – fazer aniversário até o dia 31 de março – deve ser usado para as crianças que serão matriculadas aos seis anos no primei-
Como pode ser feita a inclusão de alunos com deficiência que nunca tiveram contato com classes regulares? É necessário algum tipo de adaptação? D.L, de Ouro Preto (MG) Na perspectiva da educação inclusiva, o foco não é a deficiência do aluno, e sim os espaços, os ambientes, os recursos da escola, que devem ser acessíveis e responder à especificidade de cada aluno. Portanto, a acessibilidade dos materiais pedagógicos e arquitetônicos, bem como o investimento no desenvolvimento profissional, criam condições que asseguram a participação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. Não cabe ao aluno se adaptar à escola tal como foi construída. É a escola que deve se reconstruir para atender a sua comunidade, da qual fazem parte pessoas com e sem deficiência.
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ro ano do Ensino Fundamental. Nos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e em alguns municípios do País a data de corte foi suspensa em decisões do Poder Judiciário. Nos outros estados, vale esta Resolução do Conselho Nacional de Educação.
A família deve participar da gestão administrativa e pedagógica da creche e da pré-escola? Como?
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I.M, de Aracaju (SE) Sim. É muito importante a participação ativa dos pais no cotidiano das instituições de Educação Infantil. Essa relação deve ser de parceria, de trocas, de corresponsabilidade no cuidar e educar das crianças, para que haja coerência nas ações entre eles e, dessa forma, a criança seja beneficiada. Deve-se envolver os pais na organização das instituições, nas decisões relativas à organização das propostas e do trabalho cotidiano, bem como, trazê-los para vivenciar o cotidiano da instituição. Para isso, é preciso oferecer momentos de socialização e reflexão sobre o que é cuidar e educar, sobre as etapas do desenvolvimento humano, sobre a proposta pedagógica institucional, sobre a inclusão e a diversidade.
Se você tem alguma dúvida, crítica ou sugestão, escreva para tiatati@revistatutores.com.br
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E se meu
animal falasse? Pesquisadores apontam que crianças que convivem com cães e gatos são mais saudáveis e têm menos problemas de infecções respiratórias no primeiro ano de vida
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s pessoas que gostam e criam animais tendem a ser mais ativas e sociáveis do que aquelas que não têm bichos. A opinião é de veterinários, pesquisadores e psicólogos. Os benefícios de ter um pet são inúmeros. Estudos apontam que o impacto no comportamento das pessoas, de todas as idades, vai do aumento da afetividade até chances menores de desenvolver doenças. Jude, uma vira-lata de seis anos, é um exemplo. Agitada, mas sensível, é o xodó da casa. E nos últimos meses se transformou numa verdadeira terapeuta. A perda de um membro da família foi sentida por Jude, que procurou ficar cada vez mais ao lado do seu dono numa tentativa de expressar apoio, afeto e carinho. “Eu percebo na Jude sentimentos puros de lealdade, sinceridade e amor incondicional”, afirma Adriana Duarte, dona da cachorra. “E isso ficou ainda claro nesse momento que difícil pelo qual passamos. Parecia que ela sabia a dor que a gente estava sentindo”, completa Adriana. “Quem convive com animais percebe como eles demonstram amizade, gratidão, amor, satisfação. Os cachorros, em especial, possuem uma sensibilidade apurada, que aflora e é
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ação
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e sua Adriana Duarte de Ju ra cachor
mais intensa quando você está doente ou apenas deprimido. Nesses momentos, ele ficará ainda mais perto de você para demonstrar apoio e carinho. E é isso que faz a gente mais feliz”, afirma a dona de Jude. História parecida reuniu o casal Anna e Anderson. Moradores da capital paulista, há 4 anos e meio eles adotaram o Tiquito, um cãozinho da raça lhasa Apso. Resgatado de um criador, Tiquito virou o filho que o casal não pode ter. “Foi o melhor remédio e a mais indicada terapia que a gente poderia receber num momento muito duro”, reconhece Anna. “O Tiquito supriu o vazio da frustração que veio com a notícia de que não poderíamos realizar o sonho de ter filhos”, completa. Conclusão idêntica foi revelada por pesquisa da Associação Psicológica dos Estados Unidos. Segundo o estudo, liderado por Allen McConnel, da Universidade de Miami, pessoas que possuem pets têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor diferenças e carências que as que não têm animal de estimação. O estudo indicou que donos de cachorros, gatos, coe lhos e outros bichos mantêm uma relação tão estreita com as pessoas próximas como a que têm com seus animais. Outro estudo, feito por pesquisadores da Finlândia, concluiu que crianças que convivem com cães e gatos são mais saudáveis e
apresentam menos problemas de infecções respiratórias no primeiro ano de vida do que aquelas que não têm contato com os animais. Os resultados desse estudo foram publicados na revista Pediatrics. O contato com cães e gatos – mas principalmente com cães –, segundo os pesquisadores, é benéfico especialmente em relação às infecções de ouvido e à diminuição da quantidade de antibióticos dados aos bebês. O maior efeito protetor foi observado entre crianças que conviviam com cães que passavam parte ou todo o tempo no interior das casas. A pesquisadora brasileira Ceres Berges Faraco, doutora em psicologia da PUC-RS (Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul), afirma que os animais domésticos proporcionam apoio social e emocional às pessoas. Ceres, que mantém o boletim Patas, Pelos e Penas, na rádio CBN, explica que, no caso da criança, esta cria com seu animal uma relação em que há exercício da responsabilidade e são resgatados valores, regras e moral. “Os animais de estimação, por meio de sua presença, podem contribuir para a redução da ansiedade em crianças pequenas, distantes dos cui-
Anna Flávia e o cão
Tiquito
A presença de animais pode estimular o desenvolvimento da linguagem e de habilidades motoras Ceres Faraco Vilanova, psicóloga
dados maternos, tornando-se, para a criança, um elo com o mundo externo”, afirma a pesquisadora. Até mesmo o desajeitado Diamante – um touro da raça Girôlando que pesava cerca de 1,2 mil quilos – se deleitava ao carregar uma criança em seu dorso. Morador da fazenda Fundão, em Araguari, no Triângulo Mineiro, acabou se tornando ‘um boi de caseiro’. Convivia em harmonia com crianças e adultos. Ao primeiro chamado, dobrava as patas dianteiras para receber seu montador, principalmente se fosse uma criança. Morreu ano passado. “Ele era a coisa mais linda, parecia que entendia os desejos da gente. Era dócil e carinhoso”, lembra a fazendeira Maria Abadia Morais, proprietária de Diamante que teve seu maior estrelato ao participar das gravações da novela América, da Rede Globo, que tratava do mundo dos rodeios. Segundo a psicóloga Ceres Faraco, a presença de animais pode estimular o desenvolvimento da linguagem e de habilidades motoras. A criança tenta mover-se em direção ao animal, buscando alcançá-lo, assim como procura imitar os sons que ele emite. Através dele, aproxima-se de temas como o nascimento, a sexualidade e a morte. “Além disso, ao vivenciar algumas experiências familiares, a criança as reproduz, na relação com o animal, manifestando, por exemplo, uma ati-
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A fascinação das crianças pelos animais facilita o aprendizado, influencia positivamente o desenvolvimento infantil e pode ser ferramenta para a educação de crianças com aprendizado compatível com sua faixa etária Ceres Faraco Vilanova, psicóloga
tude punitiva ao animal desobediente ou atribuindo a ele um papel protetor. Nesta situação, ele estará simbolizando um membro da família”, completa a veterinária e pesquisadora. O animal de estimação pode ser um integrante da dinâmica familiar, servindo como “bode expiatório” – no bom sentido – para tensões e conflitos familiares e, com isto, propiciando um ambiente mais tolerável para a criança. Considerando a perspectiva de desenvolvimento infantil, no nível cognitivo e sócio emocional, a influência da relação das crianças com animais é particularmente marcante, no período da pré-adolescência e início da adolescência. Ceres destaca ainda que “a fascinação das crianças pelos animais facilita o aprendizado, influencia positivamente o desenvolvimento infantil e pode ser ferramenta para a educação de crianças com aprendizado compatível com sua faixa etária”, e para as que têm necessidades especiais, manifestando dificuldade de aprendizagem. “Já é reconhecido o importante papel dos animais domésticos na vida familiar, na saúde mental de seus membros, destacando, em particular, a criança. O animal é uma fonte incondicional de amor; uma via de expressão do afeto para as pessoas”, afirma a veterinária. Ela acrescenta que, no contexto familiar, a presença do animal permite projeção e deslocamento de sentimentos e atitudes, como cuidado, preocupação, ansiedade e temor.
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“No caso dos adultos são reconhecidos inúmeros benefícios físicos e psicológicos tais como: redução na pressão sanguínea, na frequência cardíaca, modulação em eventos estressores, redução de sentimentos de isolamento social, auxílio em estados depressivos e incremento na autoestima”, diz a psicóloga. Quando questionada sobre a escolha do animal, Ceres afirma que esta dependerá das características dos responsáveis pelas crianças e pelos animais e do ambiente em que vivem. “Há dois elementos que precisam ser considerados nesta decisão: crianças pequenas devem ser sempre supervisionadas quando estão interagindo com animais de companhia. Para esta faixa etária, os animais não deveriam ser muito pequenos ou frágeis, para evitar que num acidente eles possam sofrer algum traumatismo”. Ceres conta que, quando doutoranda em psicologia da PUC-RS, direcionou seus estudos para as repercussões do uso de animais em salas de aula do Ensino Fundamental. Na época, ela detectou entre esses benefícios a redução da agressividade nas crianças, o estí-
mulo à socialização entre os jovens e o enriquecimento das atividades regulares de ensino. O trabalho “Animais em sala de aula: Um estudo das repercussões psicossociais das atividades mediadas por animais” foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia. A iniciativa surgiu quando Ceres, graduada em Veterinária, percebeu os benefícios dos animais de companhia para a vida das pessoas. Os bichinhos, quando adoeciam, expressavam a enfermidade de toda a família. O estudo também destaca que, quando eles integram um grupo humano, são coautores de seu processo, isto é, de sua vida e, portanto, o revitalizam. Ao mesmo tempo, estimulam a reorganização do grupo dando sentido novo para as relações humanas e interespécies. Ceres conta que das atividades de classe participaram cães, gatos, coelhos, pássaros e tartarugas. Os objetivos são diferentes para o uso de cada animal, explica Ceres. Os pássaros, por exemplo, contribuem ao desenvolvimento do autocontrole e da capacidade de focar a atenção nas tarefas e os coelhos estimulam o toque e a aproximação. No trabalho, é enfatizado o respeito pelos seres vivos. Nesse sentido, a psicóloga ensinou às crianças a reconhecer os sinais de estresse dos animais. “Isso fez com que os alunos evidenciassem demonstrações de cuidado, inclusive em relação aos seus colegas. Crianças que eram quietas ficaram mais desinibidas e conversavam sobre os animais”, ressalta Ceres.
Case
e desenho “Minha Inspiração para est foi a Bandeira do Brasil”
“Minha insp ira que eu inve ção foi um desenho ntei”
da “Minha inspiração foi a Dorinha ica” Môn da a Turm
“Minha insp iração para este desenho foi uma música ”
Desenhos que fazem história
Barrios
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que mais uma criança faz na infância, além de estudar, comer, brincar, passear e descansar? Em São Caetano do Sul, no ABC paulista, uma das cidades do polo da indústria automotiva, uma menininha de seis anos acrescentou mais um verbo à resposta: empreender. Renata Barrios, de seis anos, não se enquadra no figurino da maioria das meninas e meninos de sua idade. Ela tem paixão por desenhar e usou esse dom para empreender: criou uma loja virtual para divulgar e vender seus desenhos: desenhosre.lojaintegrada.com.br/. Embora a iniciativa em tão
Enquanto faz seus desenhos usando um programa chamado Paintbrush, Renata sonha em participar de exposições de arte. “O desejo dela é que o mundo veja sua arte”, diz a mãe, que atualmente trabalha em casa prestando consultoria financeira às empresas. Este ano, a menina dá início à maratona de estudos no 2º ano do Ensino Fundamental. Se no mundo das letras, Renata se dedica a aprender a ler e escrever – seus desenhos são oferecidos com breve descrição feita por ela mesma (veja na legenda das imagens que reproduzimos aqui), no mundo do desenho é indiscutível: trata-se de uma artista autodidata.
: Renata
desenhos seis anos, vende Renata Barrios, o de R$ 2,00 ao preço simbólic
tenra idade deixe muito empresário de queixo caído, Renata sinaliza que empreender não é o que a move. Seu sonho é ser conhecida no universo das artes, dos cartuns, das ilustrações e dos games. Tanto é que seus desenhos são oferecidos ao preço simbólico de R$ 2,00. Apenas no primeiro mês em que foi criada, em outubro, a página virtual teve seis mil acessos. O site tem, em média, 50 produtos e o internauta escolhe o desenho e este é enviado por e-mail, no formato de cartão digital. As imagens são gravadas em PDF (arquivo inalterável somente para leitura) e Jpeg (programa de extensão de imagens mais usada no meio digital). Raquel Barrios, a mãe de Renata, conta que a filha começou a desenhar aos quatro anos. E que a ideia da página na internet partiu da garota. “O gosto por compras virtuais há muito tempo acompanha a nossa família e isso pode ter influenciado o desejo da Renata”, reconhece a mãe, que confirma que a filha tem muitos sonhos para a sua carreira. “A ideia de criar uma loja virtual não passava de uma brincadeira, nem pensávamos que iria ter repercussão”, completa Raquel.
Desenhos
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ação
Aos seis anos, Renata Barrios vende desenhos pela internet com o sonho de se tornar uma artista conhecida no universo das artes
Renata retr
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o domínio do medo Conheça melhor o bullying e suas causas e saiba o que é possível fazer para identificar e combater essa prática tão recorrente nas escolas
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Luciene Tognetta, doutora pelo Instituto de Psicologia da USP
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em sido muito comum ouvir falar de casos de bullying em escolas pelo Brasil e pelo mundo. Não é para menos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, divulgada em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil de cada cinco crianças uma é envolvida em situações de bullying – seja como vítima, seja como agressor. O termo bullying é compreendido como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorre sem motivação aparente, adotado por uma ou mais pessoas contra outra (ou outras), causando dor ou angústia. São práticas que ocorrem dentro de uma relação desigual de poder e que promovem a intimidação da vítima. A agressão física ou moral repetitiva pode deixar marcas para o resto da vida na pessoa atingida. De acordo com o dicionário Michaelis, o termo bully pode tanto significar “brigão”, quanto “ameaçar, amedrontar, intimidar”. “Uma das principais características do bullying é a existência de um público que assista ou participe das humilhações que alguém impõe à vítima. Por isso, a escola é potencialmente um local para o bullying, já que é lá onde os pares se encontram e onde pode haver público”, explica Luciene Tognetta, doutora pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e autora dos livros da coleção Falando de sentimentos (Ed. Adonis), que tratam do tema da afetividade e do bullying na escola. No ambiente escolar, além de prejudicar o aprendizado, o bullying também provoca baixa autoestima, insegurança, isolamento, medo, angústia, agressi-
Cléo Fante, doutora em educação e pesquisadora do tema bullying e cyberbullying
vidade, ansiedade, mudanças de humor, choros, insônia, estresse e dificuldades de concentração. Para Cléo Fante, doutora em educação e pesquisadora do tema bullying e cyberbullying, e autora do livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz, o bullying vem ganhando visibilidade graças aos estudos que estão sendo realizados desde 2000 no País; à divulgação do assunto pela imprensa; à aprovação de leis antibullying, às ações preventivas em escolas; às campanhas de conscientização; ao estímulo às denúncias sobre casos, com o envolvimento das famílias; e à colaboração das diversas ciências na compreensão e contenção do problema. Tipos O bullying pode se manifestar de várias formas, diferenciandose em razão das características da vítima. Há o bullying homofóbico (com relação à sexualidade); por questões sociais (proveniência familiar, bairro), econômicas (ser rico, ser pobre); físicas (ser magro, gordo, baixo, alto, negro, branco); psicológicas (tímido, irritadiço); eficácia acadêmica (ser nerd ou mau aluno) e de gênero (homem ou mulher). O bulllying também pode ser classificado como direto e indi-
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reto. O primeiro refere-se a formas de agressão cometidas diretamente contra o alvo, e podem ser físicas como socos, tapas, chutes, ou verbais como xingamentos, apelidos e ameaças. Já a forma indireta envolve calúnias e difamações, boatos e exclusões de grupos. Entre as crianças, na faixa de oito a nove anos, por exemplo, as ações são movidas por uma forma de pensamento denominado prélógico. Nesses casos, os sinais de bullying são em sua maioria físicos e o agressor não mede as con-
Elaine Prodócimo, pesquisadora docente da Faculdade de educação Física da Unicamp
sequências dos próprios atos. Entre adolescentes, entre os quais o pensamento é formal, que organiza suas reflexões mentais de forma abstrata e hipotética, é possível que as agressões aconteçam mais por violência verbal e ameaças. “Hoje em dia, ocorre também o cyberbullying, por meio do uso da internet. Nesse tipo de violência, não é necessário que haja muitas repetições, pois uma só postagem pode alcançar muitas pessoas e também o desequilíbrio de poder se altera, pois mesmo uma pessoa mais fraca pode atingir um colega mais forte fisicamente”, frisa Elaine Prodócimo, pesquisadora docente da Faculdade de Educação Física
da Unicamp, que estuda a questão da violência e da educação física no contexto escolar. Causas Mas, por que o bullying acontece? De acordo com Luciene Tognetta, é possível inferir que essa prática sempre existiu, pois a violência, como forma de relacionamento, é tão antiga quanto o próprio homem. “No momento pós-moderno em que vivemos, temos a impressão de que as formas de violência presentes no cotidiano da sociedade aumentam significativamente a cada dia. Num mundo globalizado, temos grande possibilidade de saber de tudo o que acontece em diferentes lugares do mundo sem que haja diferenças de tempo”, diz ela. Segundo ela, ao mesmo tempo, é também evidente que os valores aos quais a sociedade moderna atribui peso maior são valores pouco ou nada morais: a fama rápida, a virilidade, a força física, a juventude, o fato de ‘se dar bem na vida’ a qualquer custo. “Tais valores parecem superestimar uma cultura egoística do ‘Eu’ sobreposto ao ‘Outro’. Com eles, a violência não é sentida como um desrespeito. Com tal violência, os valores como a humildade, a generosidade e a justiça são pouco incorporados”, diz. Para a professora Elaine Prodócimo, a prática do bullying refere-se a uma dificuldade de aceitação do outro, a uma atitude de preconceito ou intolerância, já que o eleito como alvo, em geral, apresenta alguma característica que o destaca como “diferente” em relação ao padrão estabelecido pelo grupo, como por exemplo, ser mais alto ou baixo que a média, obeso ou magro, usar óculos, destacar-se na obtenção de
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para isso, é preciso criar políticas públicas e investimentos na formação e capacitação profissional, no trabalho intersetorial, na orientação das famílias, na garantia dos direitos de crianças e adolescentes e na redução da vulnerabilidade e do riscos de envolvimento em delinquência, drogas, abandono escolar, muitas vezes frutos do envolvimento em bullying.
Ministério Público do Rio lança cartilha para prevenção do bullying Em uma tentativa conscientizar alunos e educadores sobre a prática do bullying, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro lançou, em novembro do ano passado, a cartilha “Bullying – práticas positivas de prevenção na escola”, distribuída junto a profissionais de educação do estado e dos municípios. De acordo com os organizadores, o objetivo é auxiliar os educadores a treinar habilidades necessárias junto às crianças e às famílias para prevenir casos de bullying.
“A iniciativa do Ministério Público do Rio de Janeiro é de grande relevância na prevenção do bullying. O material desenvolvido oferece estratégias preventivas diferenciadas, que o distingue dos demais materiais já oferecidos por outros Ministérios Públicos (como os de Santa Catarina, Paraíba, São Paulo)”, afirma Cléo Fante. Para a educadora, no entanto, as escolas ainda carecem de formação continuada para lidar com o bullying. “Políticas públicas e investimentos para o desenvolvimento de programas antibullying e responsabilizações por omissões se fazem urgentes em nosso País”, finaliza. Acesse a cartilha no QR Code ao lado.
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O que fazer e como combater Segundo os especialistas, não há receitas prontas para combater o bullying, uma vez que cada escola está inserida em um universo distinto. Para Elaine Prodócimo, a melhor forma de trabalho contra o bullying ou qualquer outra manifestação de violência é a preventiva, por meio de trabalho de reconhecimento e aceitação de todos. “Pais e educadores devem preocupar-se tanto com quem sofre quanto com quem comete o bullying. Em relação a quem sofre, é importante um trabalho que sustente a autoestima do aluno, que ele se sinta fortalecido e menos isolado. Já no caso dos que cometem, um trabalho que envolva o reconhecimento do outro e a percepção das consequências de suas ações. Em casos mais graves, a ajuda de um profissional especializado pode ser necessária, como um psicólogo”, diz Elaine. Cléo Fante também sugere o envolvimento da comunidade escolar e de parceiros, sendo isso possível por meio da implantação de programas antibullying. Os programas devem priorizar a capacitação profissional, para que todos os adultos da escola, do porteiro ao gestor, saibam identificar e intervir imediatamente diante da suspeita ou confirmação de bullying. O programa deve promover, ainda, uma ampla discussão do tema com a comunidade escolar, onde todos possam participar da elaboração de regras claras contra o bullying e inseri-las no Regimento Interno Escolar. A escola, por sua vez, deve enfatizar a interiorização de valores e atitudes de tolerância e respeito às diferenças individuais e socioculturais, promover solidariedade e empatia, conscientizar sobre direitos e deveres de crianças e adolescentes, pais e profissionais, intensificar a supervisão
nas áreas de risco, formar grupos de apoios, inserir os envolvidos em atividades culturais, esportivas e artísticas, promover a cultura de paz, que atendam a especificidade de cada escola. “Sou otimista em relação à redução dos casos de bullying e aposto na cultura de paz como antídoto a toda e qualquer forma de violência. Minha expectativa é que as autoridades governamentais se comprometam em programas preventivos oficiais”, afirma Cléo. Segundo ela,
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Crianças também têm AVC s eça a sas h n o C s cau i a p i princ ormas de sa e f ão des a enç prev ve doenç gra
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Acidente Vascular Cerebral (AVC) infantil é uma doença grave que, dependendo da localização da lesão ou de sua extensão, pode provocar a morte, principalmente nos primeiros dias após o evento. De acordo com os médicos, o AVC infantil pode ser considerado incomum, mas, devido à gravidade das suas complicações, constitui hoje uma das principais causas de morte pediátrica. Existem dois tipos de AVC infantil: o isquêmico, que ocorre quando há entupimento de um vaso sanguíneo (geralmente, uma artéria), e o hemorrágico, que ocorre quando há rompimento de um vaso sanguíneo. O problema pode ocorrer em qualquer idade da
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País, ainda faltam dados para uma avaliação da real incidência de AVC pediátrico em todo território, mas acredita-se ser semelhante ao da literatura mundial”, diz o médico do ambulatório de neurologia vascular do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Wagner Mauad Avelar.
criança. A faixa etária mais comum é o período perinatal (antes de nascer, durante o parto ou nos primeiros dias de vida). Aproximadamente metade dos casos ocorre até 28 dias após o nascimento. Nos casos de insultos vasculares intrauterinos, os partos são perfeitamente normais e somente após quatro ou cinco meses de vida começam a aparecer sinais como discretas paralisias e preferência por utilizar uma das mãos. “O que ocorre, atualmente, é que há maior facilidade para se realizar exames preventivos mais sofisticados, como a tomografia e a ressonância de crânio. Assim, é possível diagnosticar hoje um maior número de casos de AVC na infância”, explica a doutora em Ciências Médicas pela Unicamp e especialista em Neurologia Infantil,
Maria Augusta Santos Montenegro. No mundo, a ocorrência de AVC infantil é de dois a dez casos entre 100 mil crianças de até 18 anos completos. Se forem considerados somente os períodos perinatal e neonatal, a incidência sobe para dez a 18 casos entre 100 mil nascidos vivos. As proporções são similares para a ocorrência de AVC isquêmicos e hemorrágicos. Números apontam que a incidência do AVC infantil cai em 50% após o primeiro ano de vida. Nos Estados Unidos, estudos mostram que três mil crianças são afetadas ao ano pelo problema. “Infelizmente, em nosso
Causas As principais causas que podem levar ao AVC infantil são diferentes daquelas associadas ao AVC adulto. A maioria dos AVCs isquêmicos em crianças tem uma doença de base (veja box). Nos casos de ACV hemorrágicos em crianças, as causas mais comuns são malformação artério-venosa, distúrbios da coagulação e meningite. “Os dois mecanismos (isquêmico e hemorrágico) vão deixar de provir o tecido cerebral de oxigênio e nutrientes, levando à morte celular”, esclarece o doutor Avelar. Ele explica que até 50% dos pacientes podem ficar com algum tipo de déficit, que pode ser motor, como fraqueza em algum membro, comportamental ou mesmo cognitiva, o que pode ter reflexos até a vida adulta. Na evolução a médio e longo prazos, as sequelas neurológi-
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cas mais frequentes são a hemiplegia, com alterações motoras e sensitivas, distúrbios sensoriais e perceptivos. Outros distúrbios neurológicos de gravidade variável podem também surgir após o AVC, como diminuição da habilidade para a leitura, déficit de memória, além de dificuldades linguísticas, rebaixamento intelectual e epilepsia. A doutora Maria Augusta Montenegro lembra que o tipo de sequela provocada por AVC vai depender da região cerebral afetada, o que pode provocar prejuízos motores, visuais e da fala. “A dificuldade pode ser temporária ou permanente. De modo geral, as sequelas em crianças são menos graves do que nos adultos. O cérebro da criança ainda está em desenvolvimento e tem a capacidade de se recuperar muito melhor do que na idade adulta. Isso é chamado plasticidade cerebral”, afirma. É importante ressaltar que o AVC é passível de tratamento. Consiste basicamente de duas etapas. A primeira é tratar a causa provável que levou ao evento. A segunda é a reabilitação, o mais cedo possível, com o objetivo de devolver à criança sua funcionalidade. Basicamente, o tratamento consiste em um atendimento multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
Formas de prevenção Uma Campanha Nacional de Conscientização do AVC Infantil foi lançada no Brasil em outubro de 2014, por ocasião do 8º Congresso Paulista da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI), e tem previsão para terminar em maio de 2015, mês do AVC na criança nos Estados Unidos. A prevenção de AVC na infância pode ser feita tratandose adequadamente as doenças que se predispõem à ocorrência. As malformações cardíacas congênitas devem ser corrigidas, doenças sanguíneas que facilitam a trombose devem ser tratadas com anticoagulantes e doenças autoimunes precisam ser bem controladas. No caso de AVC hemorrágico, a prevenção se dá com a correção cirúrgica das malformações vasculares cerebrais. Em particular nas crianças portadoras de anemia falciforme, o exame de Doppler transcraniano, realizado rotineiramente, é fundamental para a prevenção do AVC. Crianças com velocidades de fluxo médio na artéria cerebral média maior que 200 cm por segundo podem se beneficiar da hemotransfusão. “A simples padronização desses exames nos pacientes faz com que a incidência de AVC ao ano caia de 10% para 1%”, afirma o doutor Avelar.
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Infelizmente, em nosso País, ainda faltam dados para uma avaliação da real incidência de AVC pediátrico em todo território, mas acredita-se ser semelhante ao da literatura mundial Dr. Wagner Mauad Avelar, neuropediatra da Unifesp
Doenças que podem desencadear AVCs isquêmicos em crianças Doenças hematológicas, como anemia falciforme, leucemia, linfoma, policitemia e trombocitose; Cardiopatias, sejam congênitas (estenose de aorta, defeito no septo atrial, constrição da aorta, persistência do canal arterial) ou adquiridas (arritmias, endocardites, miocardite, doença reumatológica, mixoma atrial); Vasculite pós-infecciosa por complicações de infecções como varicela, meningite, HIV, mycoplasma ou mesmo secundário a meningites e otites;
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Anomalias vasculares, como doença de Moyamoya, dissecção arterial e malformação arteriovenosa; e Traumas e outras causas associadas principalmente à AVC hemorrágicos (hematoma subdural e epidural, hemorragia subaracnoide). predomina”, explica a psicóloga Fernanda Furia.
ARTIGO
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O papel da linguagem na educação dos deficientes auditivos
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Por muito tempo, os deficientes auditivos foram forçados a falar, por meio de terapias e ensino de fala, e, com frequência, isso os levou apenas à pronúncia de palavras memorizadas, mas não à aquisição de uma língua com a qual pudessem efetivamente se expressar. Quando a criança surda é colocada diante da oportunidade de adquirir a língua de sinais, ela o faz sem dificuldades, já que é uma língua naturalmente acessível a ela e, por meio dela, ela é capaz de aprender os conceitos e desenvolver-se do mesmo modo que o fazem seus pares ouvintes. Crianças surdas, filhas de pais e mães surdos, usuários da língua de sinais, não apresentam qualquer atraso em seu desenvolvimento. A escola precisa, então, favorecer a aquisição da língua de sinais para os alunos com deficiência auditiva e, ao mesmo tempo, favorecer a construção conceitual de conhecimentos necessários ao trabalho escolar. As crianças ouvintes chegam à escola sabendo muitas coisas, como, por exemplo, os nomes Foto: Divulgação
ara aqueles que pretendem trabalhar no campo da educação de deficientes auditivos, há alguns pontos centrais que merecem ser conhecidos. Eles podem parecer inicialmente simples, mas sua compreensão pode fazer diferença para a qualidade da educação a ser oferecida a essas pessoas. O deficiente auditivo tem o desejo de desenvolver uma língua viva e real, uma língua com a qual se sinta à vontade para se comunicar (que é a língua de sinais, usada pela comunidade de deficientes auditivos), mas essa língua nem sempre está disponível e acessível a ele.
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Por Cristina B. F. de Lacerda
dos dias da semana. As crianças com deficiência auditiva, muitas vezes, não conhecem esses nomes por não terem em sua casa quem converse com elas em uma língua acessível e as ajude a construir conceitos elementares. Nesse sentido, é fundamental que, nas escolas onde estudam alunos com deficiência auditiva, estejam presentes vários alunos com esta condição, de diferentes idades e com vários níveis de domínio da língua de sinais. Também é indispensável a presença de adultos surdos fluentes na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na atualidade, no campo da saúde, os implantes cocleares têm sido oferecidos como a possibilidade de “normalização” das pessoas com deficiência, “devolvendo a elas” a audição. Contudo, muitos são os surdos que depois da cirurgia do implante coclear não conseguem ouvir suficientemente bem para seu desenvolvimento linguístico, e, depois de muitas tentativas infrutíferas, recorrem a Libras como forma de inserção social. Portanto, o cuidado mais fundamental no processo de desenvolvimento da criança surda é favorecer seu pleno desenvolvimento de linguagem, e isso se dá pela língua de sinais.
* Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs). Venceu o prêmio de Jabuti de literatura em 2014, na área de Educação, com o livro Tenho um aluno surdo e agora? (Ed. UFSCar). março/maio de 2015
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