Revista Tutores nº 9

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Revista ANO 05 | Nº 09 | R$ 9,00 | 2º SEMESTRE 2017 | ISSN 2317-7667 WWW.REVISTATUTORES.COM.BR

PARCERIA:

ENSINO À PROVA

O que muda com a reforma do Ensino Médio?

CHEGA DE PROBLEMA Veja como solucionar distúrbios de aprendizagem

ENCARE SEM MEDO Aprenda a reconhecer a dislexia o quanto antes

Bruna Marsaioli Gonçalves

O TOQUE DA

TUTORES Ela foi uma das primeiras alunas da rede, há uma década. Hoje com 20 anos, a jovem superou a dificuldade em aprendizagem e passou em dois vestibulares



Revista

SUMÁRIO DESTAQUE

EDITORA RESPONSÁVEL

Editora Lamonica Conectada Rua Sabará, 566 - 7º andar - cjs 72 e 74 - Cep: 01239-010 Tel.: (11) 3256-4696 / 3214-5938 Publisher José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Consultoria Estratégica de Gestão Militelli Business Consulting Direção de Produção e Edição Andréa Cordioli (MTb: 31.865) andrea@editoralamonica.com.br Reportagem Renata Turbiani (MTb: 30.844) renata@editoralamonica.com.br Direção de Criação e Arte Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Silvério A. Bertelli Novo - silverio@editoralamonica.com.br Mídias Sociais Juliana Parollo - juliana@editoralamonica.com.br Fotos Ivana Debértolis Logística e Mercado Thais Guardacioni - thaisg@editoralamonica.com.br Mônica Cavalcante - monica@editoralamonica.com.br Marketing/Mailing Tatiane Brito - tatiane@editoralamonica.com.br

Artur Hipólito e Léa Bueno, idealizadores da Tutores

Veja como a Tutores, que completa uma década, transformou a vida de estudantes, ajudando-os a superar problemas de ensino, e descubra os planos da empresa para o futuro

PING-PONG

BRASÍLIA Paulo Tamanaha - 55 (61) 9258-1243 paulo.con@centrodeideiasenegocios.com.br Administração e Financeiro Silvia Medeiros - silvia@editoralamonica.com.br Assinaturas: (11) 3256-4696 - 3214-5938 A Revista Tutores é uma publicação semestral produzida, distribuída e comercializada pela Editora Lamonica Conectada. Disponível nas versões impresso, web, smartphones e tablets Plataforma digital: MavenFlip Publicações Digitais Produção Gráfica: Leograf www.revistatutores.com.br

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A coordenadora e professora do Curso de Neuroaprendizagem da Faculdade Unyleya, de Brasília (DF), Ana Paula Rabello Chaves, fala sobre dificuldade de aprendizagem

NA LOUSA

PAIS E ALUNOS

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Dislexia? Disgrafia? Discalculia? TDA? TDAH? Quais são os principais distúrbios de aprendizagem, como identificá-los e solucioná-los?

COM A PALAVRA

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A fonoaudióloga, psicopedagoga e terapeuta familiar, Quézia Bombonatto, escreve sobre dislexia e suas consequências no processo de aprendizagem E MAIS:

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Entenda o que muda com a reforma do Ensino Médio na entrevista com o secretário do MEC, Rossieli Soares, e confira a visão de especialistas sobre o tema

COMERCIAL PROJETOS E VENDAS DE PUBLICIDADE Sede 55 (11) 3256-4696 - 3214-5938 Gerentes de Contas Fábio Braga - 55 (11) 95903-0224 fabio@editoralamonica.com.br Gesner Castro - 55 (11) 99815-3063 gesner@editoralamonica.com.br Luzia Rodrigues - 55 (11) 55 (11) 97014-2726 luzia@editoralamonica.com.br Mislene Guedes - 55 (11) 95903-0244 mislene@editoralamonica.com.br Thais Andrade - 55 (11) 99115-3339 thais@editoralamonica.com.br

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04 TiTiti da Educação - 09 Sem TiTubear 21 Com a Palavra - 22 Encontre a Tutores

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i iti da educação

A Tutores lançou recentemente uma série de vídeos com depoimentos de franqueados sobre a rotina dos serviços prestados, as ações desenvolvidas e as razões para investir em uma franquia da rede, e ainda apresenta alguns cases de sucesso que as unidades têm conquistado ao longo do trabalho. Todos eles podem ser vistos na página da empresa no Youtube. Além disso, a marca passa a oferecer um serviço para pais ou responsáveis que desejam acompanhar mais de perto o desenvolvimento escolar das crianças. Para isso, basta enviar #EUQUERO para o whatsapp da unidade escolhida e você receberá vídeos semanais com dicas e orientações para ajudar as crianças com lições de casa, trabalhos escolares e tudo o mais relacionado ao universo educacional e suas dificuldades. O primeiro que indicamos foi elaborado pela franqueada da unidade Tutores de São José dos Campos (SP) Ádrinne Uchoa Dias.

COMO ESCOLHER A PROFISSÃO?

Fotos: Divulgação

TUTORES OFERECE DICAS E ORIENTAÇÕES POR VÍDEOS NO WHATSAPP

Escolher uma profissão nem sempre é tarefa fácil, tanto que muitos estudantes acabam se frustrando e até abandonando o curso logo no início. Para ajudar os jovens nesse momento, a Matrix Editora lança o livro “Profissão Futuro – 100 perguntas para auxiliar na escolha profissional” (R$ 33,00), das autoras Anna Kelly Frota e Huaína Guimarães. Outra novidade da empresa é “Letras e Fonemas – Jogo da memória” (R$ 33,00). Escrita pela psicóloga clínica Aline Bellino, a obra é indicada para profissionais envolvidos com a área de aprendizado e educação em geral, como material de apoio para crianças que possuem dificuldades na grafia de fonemas. Mais informações no site www. matrixeditora.com.br.

SÃO PAULO RECEBE DESAFIO INTERATIVO GRATUITO SOBRE DENGUE Até o final de julho, São Paulo sediará o primeiro escape room do Brasil dedicado à educação e ao engajamento da população em uma causa: prevenção à dengue. Batizado de Dengue Experience, o projeto faz parte da ação global #barreiracontradengue (Be a Wall) e é uma iniciativa da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da Sanofi. Seu objetivo é mostrar que cabe a cada um buscar a proteção e evitar que outras pessoas se contaminem, tornando-se, assim, uma barreira contra a dengue. O desafio foi desenvolvido para ser jogado por grupos de quatro a seis pessoas e é composto por diversos enigmas que levam à prova final. Nesse caso, os participantes, em 60 minutos, precisam encontrar a pesquisa sobre a dengue e sair do consultório antes da secretária voltar. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.sessentaminutos.com.br.

RELATÓRIO TRAÇA O PERFIL DE INTERCAMBISTAS DA GERAÇÃO Z O AFS Intercultural Programs, organização não-governamental internacional, por meio do relatório “Mapeando a Geração Z: Atitudes para Programas de Educação Internacional” ouviu mais de cinco mil adolescentes, com idade entre 13 e 18 anos e em quase 30 países, sobre estudar no exterior. O estudo constatou que nações de língua inglesa, como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, são as mais procuradas por jovens de todo o mundo, com 77% de taxa de interesse. Para os brasileiros, o fator econômico é a maior dificuldade para a realização de intercâmbio. De acordo com a pesquisa, 33% dos respondentes não teriam a possibilidade de estudar fora do País sem uma bolsa.

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PROJETO SOBRE EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO CHEGA NAS ESCOLAS DE SÃO PAULO O Mobile Kids, projeto global do Grupo Daimler, que desenvolve com a consultoria de profissionais especializados materiais que destacam o trânsito mais seguro e a prevenção de acidentes, acaba de chegar ao País. Por aqui, a parceria entre a Mercedes-Benz do Brasil e o Colégio Humboldt possibilitou que 64 escolas públicas e 58 particulares da cidade de São Paulo tivessem acesso à cartilha do programa, indicada para crianças de 4 a 10 anos. Segundo a empresa, o objetivo é estimular a garotada a compartilhar com seus familiares conceitos importantes a respeito dos temas, para a formação de uma sociedade mais consciente. A cartilha é composta por cartões, fichas, desenhos explicativos e jogos de cartas que representam a realidade do trânsito e estimulam o raciocínio dos participantes em busca de segurança e responsabilidade.

JOVENS ESTÃO INDECISOS COM O RETORNO DA GRADUAÇÃO

ENEM 2017 TERÁ VIDEOPROVA PARA SURDOS E DEFICIENTES AUDITIVOS

As universidades brasileiras têm um trabalho árduo pela frente: convencer os estudantes do Ensino Médio de que a graduação é um investimento que vale a pena. Pelo menos foi isso o que identificou um estudo promovido pelo ambiente virtual de aprendizagem Canvas, da Instructure, empresa de tecnologia de software. Segundo o documento, 30% dos alunos consultados não acreditam que o curso de graduação trará um retorno compensatório e 44% não têm uma opinião sobre o assunto. A pesquisa sugere que há duas razões principais para este resultado. A primeira é que 45% dos estudantes do Ensino Médio buscam um currículo de conteúdos que seja relevante para o mercado de trabalho – e 30% deles disseram acreditar que terão que complementar a graduação com outros cursos para se sentirem prontos para a vida profissional. A segunda causa é que 40% estão em busca de uma experiência de aprendizado sempre disponível, que lhes permitam acessar materiais do curso em qualquer hora ou lugar. Outras informações no site www.canvaslms.com/brasil.

Este ano, pela primeira vez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) fará o uso em grande escala de videoprova traduzida em Língua Brasileira de Sinais (libras). O recurso estará disponível para os participantes com surdez ou deficiência auditiva que optaram por ele no momento da inscrição – eles receberão as questões apresentadas em libras por meio de um vídeo e terão acesso ao caderno de questões impresso com os itens correspondentes apresentados no material especial. A novidade faz parte da política de inclusão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), adotada em sua atual gestão e focada em desenvolver iniciativas que permitirão avançar futuramente na oferta de outras soluções, fazendo valer o direito equânime de todos. Até 2016, os participantes do Enem podiam optar pelos auxílios de tradutor-intérprete de libras e de leitura labial, que continuam disponíveis. As provas de 2017 serão realizadas nos dias 5 e 12 de novembro.

EXCESSO DE PESO NA MOCHILA ESCOLAR PREJUDICA SAÚDE Quem estuda não tem como fugir do material escolar. O problema é que ele quase sempre sobrecarrega a mochila, podendo causar uma série de problemas, especialmente na coluna e alterações posturais, que afetam, inclusive, o rendimento escolar. De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), a mochila transportada não pode ultrapassar 10% do peso corporal do estudante. O recomendado, então, é optar pelas mochilas de rodinha, evitar aquelas que têm apenas uma alça e levar somente o material necessário para o dia de aula.

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ESTÁ COM DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM? A coordenadora e professora do Curso de Neuroaprendizagem da Faculdade Unyleya, de Brasília (DF), Ana Paula Rabello Chaves, tira todas as dúvidas sobre o problema

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irar notas baixas e não ter vontade de ir para a escola nem sempre significa que a criança ou o adolescente não goste de estudar. Na realidade, em muitos casos, isso está relacionado à dificuldade de aprendizagem. Como explica a coordenadora e professora do Curso de Neuroaprendizagem da Faculdade Unyleya, de Brasília (DF), Ana Paula Rabello Chaves, trata-se de incapacidade ou impedimento específico para a aprendizagem em uma ou mais áreas acadêmicas, podendo ser consequência de questões – isoladas ou associadas entre si – sociais, ambientais, emocionais e escolares. A especialista diz ainda que não existe causa única que provoque e explique essa situação, e sim uma conjunção de fatores. “Cada pessoa tem seu modus operandi e, por isso, responde de maneira diferente ao que ocorre ao seu redor e no seu interior”, afirma. O tratamento também vai depender de cada um, e ele precisa ser feito, a fim de evitar impacto negativo sobre a vida do aluno e acarretar prejuízos em todas as áreas do seu desenvolvimento pessoal. Não lidar com esse problema corretamente contribui para o isolamento da criança ou do adolescente e aumento do sentimento de não pertencimento, gerando baixa autoestima e até quadros relacionados à depressão. A situação ainda pode levar o estudante a sofrer bullying no colégio. Para saber mais sobre o assunto, confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida à Revista Tutores pela professora Ana Paula Rabello Chaves. Ela, inclusive, lançou recentemente o livro “A Neurobiologia do Aprendizado

O tratamento [da dificuldade de aprendizagem] é realizado com terapias, rotinas de estudo, reabilitação cognitiva e treino cognitivo Ana Paula Rabello Chaves, coordenadora e professora do Curso de Neuroaprendizagem da Faculdade Unyleya, de Brasília (DF)

na Prática” (Editora Alumnus), com estratégias pedagógicas para favorecer o processo de ensino-aprendizagem de alunos com dificuldades. O que são dificuldades de aprendizagem? As dificuldades de aprendizagem são uma incapacidade ou impedimento específico para a

aprendizagem em uma ou mais áreas acadêmicas, podendo ser consequência de problemas sociais, ambientais e emocionais. Pode citar alguns desses problemas? Eles vão desde a inacessibilidade da criança à escola, como transporte e condição econômica, até o trabalho infantil. Um exemplo, a criança que não se alimenta adequadamente, provavelmente não conseguirá prestar atenção na aula, e isso irá afetar na aprendizagem. O que mais pode interferir? A metodologia da escola e a má condução do professor em sala de aula, já que alguns profissionais, infelizmente, não têm o talento para ensinar, e aí acabam dificultando o aprendizado. Na realidade, não há

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8 PING-PONG uma causa única que provoque a dificuldade de aprendizagem, e sim uma conjunção de fatores, afinal, cada criança tem seu modus operandi. Como identificar e avaliar as dificuldades de aprendizagem? E quais os seus sintomas? A escola é o principal local de identificação, e o psicopedagogo, o psicólogo infantil e o neuropsicólogo são os profissionais mais adequados para avaliar e tratar. Normalmente falamos de sinais, e não sintomas. Os mais comuns são queda no rendimento escolar e irritabilidade em casa e/ou na escola. A criança, muitas vezes, também evita ir à escola. Como se dá o tratamento nesses casos? O tratamento é realizado com terapias, rotinas de estudo, reabilitação cognitiva e treino cognitivo. Nós trabalhamos para potencializar o que está subativo, e para isso, utilizamos uma série de ferramentas, como jogos, leitura e atividades no computador. Transtorno de aprendizagem e dificuldade de aprendizagem são problemas distintos, certo? O que os diferencia? As dificuldades de aprendizagem têm a ver com o ritmo de aprender de cada aluno, enquanto o distúrbio de aprendizagem (ou disfunção ou transtorno) vem de uma causa orgânica. É fundamental fazer tal diferenciação para se evitar erros de mediação diagnóstica e proporcionar intervenções clínicas e pedagógicas mais eficientes. Vale ressaltar que todo distúrbio gera uma dificuldade de aprendizagem, mas o contrário não é verdadeiro.

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Qual o papel dos pais e da escola quando o aluno apresenta dificuldade de aprendizagem? Identificação, apoio, orientação e condução adequada. Esclarecer o que é e saber como lidar é sempre o melhor caminho. De que forma o bullying contribui para esse problema? Não vejo o bullying contribuindo para a dificuldade de aprendizagem, mas o contrário é possível, uma vez que tudo que destoa do comum pode levantar algum tipo de agressão do grupo. O bullying pode interferir no aprendizado, mas não é a sua causa.

Não há uma causa única que provoque a dificuldade de aprendizagem, e sim uma conjunção de fatores, afinal, cada criança tem seu modus operandi Ana Paula Rabello Chaves

E o quanto essas dificuldades podem afetar o equilíbrio familiar? Caso a família não reconheça o problema em questão, isso pode contribuir para o isolamento da criança e aumento do sentimento de não pertencimento, gerando baixa autoestima e quadros relacionados à depressão. Mas eu nunca vi uma família sofrer sérias consequências por conta da dificuldade de aprendizagem. Normalmente, ela se volta para a resolução da situação. O que pode ocorrer são mudanças na

Livro “A Neurobiologia do Aprendizado na Prática” (Editora Alumnus) traz estratégias pedagógicas para favorecer o processo de ensino-aprendizagem de alunos com dificuldades

logística familiar, já que para tratar o problema é preciso dedicação e investimento financeiro. Recentemente você, junto a outros especialistas, lançou o livro “A Neurobiologia do Aprendizado na Prática”. Do que ele trata? Ele foi escrito visando instrumentalizar o leitor a desenvolver novas estratégias pedagógicas que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem de alunos com dificuldades e/ou distúrbios de aprendizagem, bem como desenvolver, de forma assertiva, estratégias para quem não apresenta dificuldades, mas subutiliza a capacidade cognitiva do cérebro. Essa obra também pode ser utilizada pelos familiares de crianças e adolescentes com dificuldade de aprendizagem? Em um primeiro momento, o livro foi pensado para educadores e professores, mas, por conta de sua linguagem acessível, pode sim orientar e ajudar os pais de alunos que tenham dificuldade e/ou distúrbios de aprendizagem.


Sem A Tutores pode alfabetizar uma criança de 7 anos que não é aceita em nenhuma escola por ter hidrocefalia? T.A, de São Paulo As escolas regulares não se permitem aceitar porque essa não é uma tarefa fácil para elas. Para trabalhar com essa criança, seria fundamental um tutor especialista em psicopedagogia, educação especial e educação infantil. Mas, para dar uma resposta mais assertiva, seria fundamental conhecermos o comprometimento cognitivo, a velocidade de processamento da informação, a organização perceptiva, a compreensão verbal e a memória visual e verbal da criança, já que são áreas do cérebro que frequentemente são afetadas na hidrocefalia. É importante destacarmos que o processo alfabetizador para um quadro de hidrocefalia, mesmo não conhecendo os comprometimentos cognitivos ainda, é árduo e de “formiguinha”, isso sem contar que não será possível assumir uma alfabetização regular, talvez, como seja a expectativa. De toda forma, usando muita ludicidade (jogos de aprendizagem e brincadeiras) e atividades que despertem a psicomotricidade (sensório-motor), bem como trabalhando a coordenação motora fina e visual, é possível assumirmos essa criança. De toda forma, fica aqui a sugestão de que há escolas públicas municipais aptas a receber alunos com esse tipo de inclusão. Entre em contato com a Secretaria Municipal de Educação e fale com o setor de Educação Inclusiva, pois, pela Lei de Inclusão, essa criança tem o direito a atendimento escolar e com qualidade de desenvolvimento.

Como seria a tutoria para aluno deficiente auditivo que ainda não está alfabetizado? A.S – de Minas Gerais Para dar uma orientação mais pontual precisamos saber a idade da criança, se ela está matriculada no ensino regular, em qual ano e se é surda total ou parcial. De toda forma, em se tratando de processo alfabetizador, será necessária uma tutora que tenha experiência com a linguagem de Libras (sinais). Não é viável trabalhar com uma criança no processo alfabetizador se não tiver um profissional que saiba compartilhar a compreensão alfabetizadora com a expressão dos sinais. Tem que haver uma comunicação entre os sinais e a compreensão do aluno no contexto em que os sinais interagem com a dinâmica do alfabeto. Em outras palavras, o aluno não aprende a ler pelo processo alfabético, mas sim pela compreensão de que os sinais representam uma palavra ou uma frase, isso significa um processo alfabetizador diferenciado.

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Como lidar com uma aluna do primeiro ano do Ensino Médio que tem muitas dificuldades em física, matemática e química, é extremamente introspectiva, desestimulada e desinteressada e tem os pais muito ocupados? S.M, de Minas Gerais Nesse caso, um encontro com os pais ou responsáveis seria fundamental para conhecermos um pouco mais sobre as possíveis dificuldades dessa aluna. Como o nosso questionário pode ser considerado uma anamnese, poderíamos entender melhor o que realmente se passa com ela e, assim, determinarmos como proceder. Afinal, é difícil chegarmos a uma proposta de plano de aula satisfatória sem conhecer os problemas que iremos lidar. De toda forma, a primeira suspeita é de que essa aluna tenha dificuldade de concentração e atenção, o que exige uma intervenção diferenciada na forma como o tutor dará as aulas. Mas, dependendo do que ela tem por trás desse desinteresse, talvez o trabalho de tutoria seja difícil de ter sucesso. Um encaminhamento para um psicólogo também é indicado, mas, para isso, é necessária uma justificativa.

Se você tem alguma dúvida, crítica ou sugestão escreva para canaldoleitor@editoralamonica.com.br

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DESTAQUE

10 ANOS DE SUCESSO

NO BRASIL

Franquia de educação complementar voltada para o reforço escolar multidisciplinar pretende dobrar de tamanho no País

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á dez anos, surgia no Brasil uma empresa preocupada em oferecer um sistema de educação complementar estruturado para melhorar o desempenho escolar de crianças, adolescentes e jovens: a Tutores. Idealizada pelo casal de empresários Artur Hipó-

lito e Léa Bueno, a marca nasceu com a missão de tornar mais fácil a vida de estudantes e seus familiares, por meio de atendimento multidisciplinar personalizado e focado em atitude ética, profissional e acolhedora. Mas tudo isso não existiria se não fosse uma experiência real e bastante pessoal. “Eu e o Artur te-

mos filhos com dificuldade de aprendizagem. O meu, hoje com 25 anos, foi diagnosticado com dislexia, e a dele, de 24, com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)”, conta Léa. “Em meados do ano 2000, os dois estavam enfrentando problemas no colégio, mas, naquela época, não encontrávamos um local especializado nessa situação. O

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Artur Hipólito e Léa Bueno, idealizadores da Tutores

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diagnóstico era complicado e precisávamos buscar diversos profissionais e fazer aula de reforço, mas com profissionais que não tinham uma visão global do aluno”, acrescenta Hipólito. Por conta disso, a empresária, que dedicou parte da sua vida à criação e desenvolvimento de sistemas educacionais de ensino de idiomas, ensino fundamental e cursos profissionalizantes, foi para os Estados Unidos pesquisar o mercado de tutoria. Lá, encontrou locais com atendimento especializado no estudante como um todo. “Eles lidavam não apenas com a matéria, mas com tudo o que envolve o dia a dia escolar”, recorda a diretora da Tutores. Na volta para casa, a ideia inicial era abrir uma franquia que já existisse no exterior. Porém, o projeto se tornou inviável por conta das diferenças culturais e sociais entre os norte-americanos e os brasileiros. Para os idealizadores da marca, ao invés de apenas encaixar algo de fora, fazia mais sentido desenvolver um sistema nacional que atendesse os anseios das famílias modernas. “Os primeiros alunos foram os nossos filhos. Hoje, eles são formados na universidade e conseguiram superar as dificuldades que tinham”, afirma Léa. Outra estudante dos primórdios da empresa é Bruna Marsaioli Gonçalves, de 20 anos. Atualmente cursando Propaganda e Marketing nas Faculdades de Campinas (Facamp), ela conta que desde pequena tem dificuldade de aprendizagem, especialmente em matemática. “Na sétima série o problema me pegou de vez, e até repeti de ano na escola. Depois disso, minha família procurou a Tutores. A ajuda dos professores e especialistas de lá foi ex-

Foto: Ivana Debértolis

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Bruna Marsaioli Gonçalves, uma das primeiras alunas da Tutores

tremamente importante para mim e fundamental para que eu conseguisse passar pelo processo escolar”, recorda a universitária.

Com todo o auxílio dado pela rede até 2014, Bruna conseguiu ser aprovada em dois vestibulares. “Assim que soube liguei para a Léa, para agradecer imensamente pelo apoio que eles me deram. Agora, na faculdade,

ainda sinto um pouco de dificuldade em finanças, mas tenho mais confiança e consigo dar conta dos estudos sozinha”. O pai da universitária, o empresário Valmir Gonçalves, de 61 anos, celebra as conquistas da filha. “Durante a escola, percebi a dificuldade dela e achei por bem procurar uma tutoria. Com certeza, isso a ajudou a ficar mais segura e preparada. Agora no terceiro ano da faculdade, ela caminha com as próprias pernas e isso é alegria” afirma. uma alegria”, PROJETO PEDAGÓGICO Atualmente com mais de 100 franqueados no País, e atendendo cerca de cinco mil alunos por mês, a Tutores dá aulas para estudantes que necessitam de reforço em todas ou algumas disciplinas do

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DESTAQUE ensino convencional, e auxilia quem sofre com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem. Entre os serviços oferecidos estão reforço escolar, aula particular e tutoria multidisciplinar. O projeto pedagógico da rede enfatiza ensinar a aprender. Valese, para tanto, de conceitos pedagógicos que valorizam a relação de ensino-aprendizagem e situam o tutor como um agente de transformação da vida escolar do aluno. É importante destacar que a empresa respeita a proposta escolar escolhida pela família, evitando, assim, acrescentar novos materiais didáticos que possam sobrecarregar o aluno de tarefas e exercícios repetitivos. Léa salienta ainda que o grande diferencial da Tutores é avaliar cada aluno detalhadamente, através de uma avaliação diagnóstica multidisciplinar para que sejam mapeadas as principais causas de seus problemas escolares e eventuais dificuldades de aprendizagem. Uma vez aplicada a avaliação, uma entrevista (anamnese) é realizada com o pai/a mãe ou o responsável, para melhor compreensão do histórico escolar e familiar do aluno, e somente após uma análise, é apresentado um plano de aulas de tutoria individual e multidisciplinar. Todas as informações coletadas em uma entrevista diagnóstica são tratadas com sigilo e confidencialidade. CONQUISTAS E PLANOS Nos dez anos de existência, os diretores da rede garantem que a maior conquista são as histórias de sucesso das famílias atendidas. “Quando a criança ou o adolescente não vai bem na escola, isso afeta toda a família, provocando desarmonia no lar. Mas, a partir do momento em que ele se encontra, começa a tirar notas boas e entender a matéria, isso melhora muito a relação, e é também uma alegria para nós”, assegura Hipótilo.

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FUTURO DA EDUCAÇÃO Apesar de ter um programa altamente eficaz para desenvolver bons hábitos de estudo, por meio do qual orienta os alunos, por exemplo, a gerenciar o tempo, reconhecer seu estilo de aprendizagem, organizar o material escolar e preparar-se para provas, a Tutores está sempre em linha – e de olho – com o que acontece no setor educacional e, para isso, conta com uma ampla rede de parceiros. Entre eles está o médico, pesquisador em neurociência e responsável por um projeto de desenvolvimento humano, Tabajara Dias de Andrade. Segundo o especialista, a educação no mundo vive uma situação crítica, já que o ensino de qualidade acaba reservado apenas para alguns poucos privilegiados. “Se todos tivessem acesso a bons métodos de ensino e escolas, seria ótimo, e isso vale para diversos países, não apenas o Brasil”, comenta. No entanto, o profissional destaca alguns pontos positivos e que serão fundamentais para esse mercado no futuro: evolução da neurociência, facilidade na geração e aquisição de conhecimento e novidades digitais. “Nunca se teve tanta informação sobre o funcionamento do cérebro humano quanto agora, e com tudo o que temos conquistado, será possível desenvolver novos métodos de ensino. O mundo está mudando, e rápido, e as escolas precisam se adaptar a isso. Não dá mais para resistir à tecnologia”, diz o médico. E acrescenta: “O horizonte educacional é promissor, mas, para formar cidadãos conscientes, críticos e competentes, é fundamental ter grupos de discussão focados e alinhados com todo este desenvolvimento”. Além disso, para se adequar às novas gerações, os professores deverão atuar mais como mentores, ajudando os estudantes a desenvolver habilidades que servirão de alicerce para enfrentar os desafios do cotidiano e a organizar experiências que lhes possibilitem interagir com os saberes formalizados. Foto: Divulgação

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Tabajara Dias de Andrade, pesquisador em neurociência


Pois foi justamente isso o que aconteceu com o clã Fontoura. A professora Cleide Fátima Fontoura, de 52 anos, conta que seu filho Rafael, agora com 20 anos, foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção quanto tinha cerca de 9 anos. “Ele sempre precisou de ajuda multidisciplinar e acompanhamento porque não consegue se organizar e repete as tarefas”, diz a mãe. Há cerca de seis meses, o universitário tem contado com a ajuda da Tutores Sapiranga (RS). Os profissionais da unidade o auxiliam conforme as necessidades que ele vai apresentando. Com isso, suas notas melhoram significativamente e ele ainda conseguiu colocar todos os trabalhos em dia. “Para mim sempre foi difícil a questão da organização. Durante a escola, tive o apoio da minha mãe na busca de resposta para o baixo rendimento. Inclusive, íamos para outra cidade para fazer os atendimentos psicológico, fonoaudiólogo e psicopedagógico. Quando ingressei na faculdade, abandonei o acompanhamento, até que conheci a proposta da Tutores. Já fiz alguns cursos e aprendi algumas técnicas, e agora sou acompanhado por uma tutora psicopedagoga e uma psicóloga parceira da rede. Estou muito feliz e continuarei com elas até me sentir mais seguro e organizado”, descreve Raquel.

Fotos: Arquivo Pessoal

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Meu filho, Davi Antonio, de 8 anos, nasceu prematuro, e, por conta disso, teve atraso no desenvolvimento psicomotor. Quando ele foi para o colégio, percebemos uma dificuldade em acompanhar os colegas de turma Cristiane Frazão Valente e Davi Antonio, aluno da Tutores Boa Vista (RR)

Outra família que só tem a agradecer pelo trabalho da franquia – especificamente a unidade de Boa Vista (RR) – é a da administradora Cristiane Socorro Cardoso Frazão Valente, de 48 anos. “Meu filho, Davi Antonio, de 8 anos, nasceu prematuro, e, por conta disso, teve atraso no desenvolvimento psicomotor. Quando ele foi para o colégio, percebemos uma dificuldade em acompanhar os colegas de turma”, revela. Rapidamente, os pais procuraram a Tutores. Nos dois primeiros anos de atendimento, ele logo apresentou uma melhora. Porém, no ano passado, a escola

Cleide Fátima Fontoura e seu filho Rafael, aluno da Tutores Sapiranga (RS)

alertou que, apesar de inteligente e rápida no pensamento, a criança estava muita dispersa e não parava quieta. “Procuramos um neurologista e um psicólogo e, em novembro, eles diagnosticaram TDAH, mas moderado. Com o laudo dos médicos, a empresa nos orientou sobre tudo o que era necessário e montou um plano de estudos. Atualmente, ele tem tutoria cinco dias por semana, faz terapia, tem acompanhamento na escola e em casa e ainda faz natação, esporte que ajuda na concentração. O resultado disso tudo é que o Davi está se desenvolvendo bem de novo”, comemora Cristiane. E com tantas conquistas e histórias de sucesso, quais serão os planos da rede para o futuro? Segundo Hipólito, o que buscam é fortalecer e ampliar o conhecimento adquirido até agora, e duplicar o tamanho da rede em cinco anos. “Queremos abrir cada vez mais espaço para um universo atuante e acolhedor e fazer com que os distúrbios e as dificuldades de aprendizagem sejam assuntos de reflexão em todas as esferas, para que, assim, os estudantes tenham mais dignidade”, completa o diretor da Tutores.

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NA LOUSA

E COMO É O NOVO ENSINO MÉDIO?

Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares, esclarece as principais dúvidas sobre as mudanças na educação brasileira

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ecentemente, foi editada no Brasil a Medida Provisória MPV 746/2016 promovendo a reforma do Ensino Médio, última etapa da educação básica. Ela prevê a criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral,

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e amplia a carga horária mínima anual para 1.000 – progressivamente deverá ser aumentada para 1.400. O novo currículo, que vale tanto para escolas públicas quanto particulares, será dividido entre conteúdo comum e assuntos específicos, de acordo com o itinerário formativo escolhido pelo estudante (linguagens, matemática, ciências

da natureza, ciências humanas e formação técnica). Ao final do Ensino Médio, o aluno obterá o diploma do ensino regular e um certificado do ensino técnico. Segundo o governo, português e matemática continuam obrigatórios nos três anos do Ensino Médio. Já as disciplinas de filosofia, sociologia, artes e educação física


Foto: Mariana

Leal

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Rossieli Soares, secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC)

entrarão apenas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Como esse assunto ainda tem gerado muitas dúvidas – e polêmicas –, a Revista Tutores buscou esclarecê-las com o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares. Confira a seguir. REFORMA A proposta do novo Ensino Médio traz como ações catalisadoras a indução à formação técnica para os alunos, o fomento à escola em tempo integral e o estímulo do protagonismo juvenil. RAZÕES A alta evasão no Ensino Médio e os baixos índices de desempenho dos estudantes nas avaliações do Índice de Desenvolvimento de

“A legislação brasileira define a educação básica como a unidade de três modalidades: Infantil (0 a 5 anos), Fundamental (6 a 14 anos) e Médio (15 a 17 anos). Essa reforma proposta pelo governo para o Ensino Médio deveria ocorrer articulada com mudanças nas outras duas. Ela está sendo feita de maneira desconexa. Foram retirados alguns conteúdos fundamentais para a formação da pessoa, como filosofia. Também foi diminuída a carga horária de ciências humanas e eliminada a obrigatoriedade da educação física. Apenas foi mantida a nuclealidade em matemática e português visando o vestibular. A reforma no ensino precisa ser feita, mas, na minha interpretação, essa é artificial e acentua apenas a formação para o trabalho, acabando com os conteúdos de totalidade. No quesito carga horária, ela foi aumentada, mas não de maneira indicativa. Dessa forma, qualquer um pode fazer o que bem entender. Outro problema da mudança é que ela foi feita sem consultar ninguém. Precisamos, atualmente, de um ensino preocupado em problematizar questões sociais e ambientais, em desenvolver sensibilidade, formar cidadãos mais críticos... Pela atual proposta é mais um atraso do que um avanço.” César Nunes, professor titular de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp)

Educação Básica (Ideb) mostraram a urgência das mudanças nessa etapa da educação básica. O Ensino Médio é a modalidade que apresenta hoje os piores resultados e aspectos mais desafiadores do sistema educacional brasileiro.

Foto: Divulgação

MAIS ATRASO QUE AVANÇO

OBJETIVOS As escolas poderão organizar o ensino em módulos ou créditos, por exemplo. A principal determinação da reforma é a flexibilização do currículo, por meio da oferta de diferentes itinerários

NÚMEROS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL  Atualmente, o Brasil conta com 8.133.040 alunos matriculados no Ensino Médio, sendo 386 mil em tempo integral;  O Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) no Ensino Médio nacional é de 3,7 desde 2011. O número de 2015 está distante 14% da meta prevista (4,3) e 28,8% do mínimo esperado para 2021 (5,2);  No Brasil, 82% dos jovens entre 18 e 24 anos que finalizam o Ensino Médio não prosseguem seus estudos no Ensino Superior e somente, em média, 8% saem com uma profissão por terem frequentado Ensino Técnico junto com Ensino Médio;  Os jovens brasileiros desistem ou prolongam por muito tempo a finalização de seus estudos. Pesquisas mostram que apenas 1,9 milhão chegam a concluir o Ensino Médio e 43% finalizam até os 19 anos. Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Ministério da Educação (MEC)

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NA LOUSA formativos, incluindo a oportunidade de o jovem optar por uma formação técnica ou profissional dentro da carga horária do ensino regular. À medida que a educação brasileira for modernizada, os jovens serão melhor preparados para os projetos de vida. O objetivo é tornar a escola de Ensino Médio mais atraente e articulada com o mundo atual.

MOTIVAÇÃO PARA ESTUDAR

“A reforma do Ensino Médio proposta pelo governo tem pontos positivos, porque permite ao aluno escolher conteúdos que ele realmente gosta e se interessa, lhe dando mais motivação para estudar. Isso também possibilitará que ele faça experimentações e se aprofunde em determinados assuntos. Acredito que dessa forma teremos pessoas melhor preparadas para o mercado de trabalho, beneficiando toda a sociedade. Ao mesmo tempo, existe uma questão preocupante, que é o tempo para a implantação dessas mudanças. É preciso muita preparação e cuidado por parte da escola e dos professores para que elas sejam eficientes e realmente cheguem à sala de aula. Não adianta ser apenas uma proposta, ela precisa virar trabalho na classe. Além disso, será necessário alterar os vestibulares. Sabemos que a reforma foi inspirada em outros países, nos quais esse sistema dá muito certo. Só que neles a forma de ingresso na universidade é outra. No Brasil, se o vestibular continuar exigindo conteúdo igual para todos, como o estudante conseguirá entrar na faculdade? Isso é algo que precisa ser muito discutido e planejado.” Silvana Leporace, diretora-geral pedagógica e professora do Colégio Dante Alighieri

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NOVO CURRÍCULO O currículo do novo Ensino Médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), obrigatória e comum a todas as escolas (da Educação Infantil ao Ensino Médio), e por uma parte flexível, pela qual o aluno poderá transitar por modalidade acadêmica com uma ou mais áreas de conhecimento ou por uma ou mais área técnica, podendo, ainda, optar por área técnica mais área do conhecimento. As disciplinas obrigatórias nos três anos de Ensino Médio serão língua portuguesa e matemática. O restante do tempo será dedicado ao aprofundamento acadêmico nas áreas eletivas ou a cursos técnicos: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional. Cada estado e o Distrito Federal organizarão os seus currículos considerando a BNCC e as demandas dos jovens. CARGA HORÁRIA Em até cinco anos, as redes estaduais de ensino terão que ampliar a sua carga horária para 1.000 horas/ano, totalizando 3.000 horas. Dessas, 1.800 serão para o conteúdo da BNCC e 1.200 para os itinerários formativos nas áreas de conhecimento ou de atuação profissional. VALIDADE DA LEI A implantação da Lei do novo Ensino Médio (13.415/2017), aprovada no dia 16 de fevereiro de 2017, depende da publicação da BNCC pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e sua homologação pelo Ministro da Educação (MEC).


17 O QUE MUDA

1.800

horas / Base Nacional Comum Curricular (BNCC) / Obrigatória

1.200 horas / Áreas de

conhecimento e formação técnica / Flexível

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). A BNCC define conteúdos e competências que todos os alunos devem desenvolver na educação básica, seja em língua portuguesa, matemática, ciências ou história. Ela determina o que é essencial e o que não pode ficar fora dos currículos. De Norte a Sul, nos pequenos e nos grandes municípios, nas zonas rurais e nas capitais, nos bairros nobres e nas periferias, o que constar na BNCC deverá ser obrigatoriamente ensinado em sala de aula. O documento vale para escolas públicas e particulares, e define ainda quais habilidades e conhecimentos serão exigidos dos estudantes ao final de cada ano letivo. PERÍODO INTEGRAL O novo Ensino Médio instituiu o programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral, com apoio efetivo para a expansão nas redes estaduais de todo o País, por meio de uma proposta baseada não apenas em mais tempo de aula, mas sim em uma visão integrada do estudante. O tempo integral é

É PRECISO PLANEJAMENTO “Uma apreciação atenta da reforma nos remete a um passado não tão distante, quando o Ensino Médio tinha carga adicional para que o jovem tivesse formação técnica profissionalizante, além de base curricular nos anos iniciais. O novo Ensino Médio traz de interessante a retomada pela opção (orientação profissional e vocacional), que tem por objetivo oferecer ao estudante a escolha por uma formação técnica profissional mais adequada a sua escolha vocacional. Segundo o MEC, a reforma “trará os conhecimentos essenciais, as competências e as aprendizagens pretendidas para crianças e jovens em cada etapa da educação básica em todo o País”. Em contrapartida, para que um jovem com idade respectiva ao Ensino Médio possa tomar decisões sobre quais matérias gostaria de colocar no menu da grade curricular, há de se adotar um conceito de autonomia assistida por profissionais que deverão ter cultura e formação refinada. Sem contar que essa grade diferenciada (matérias eletivas) será no turno sequente, portanto, a escola precisará adotar o regime integral, e isso tudo terá de ser articulado e otimizado para ser bem-sucedido. Não podemos nos esquecer que boa parte das escolas está distante de uma bem-estruturada formatação arquitetônica. É preciso ainda um cronograma funcional e articulado. A reforma é necessária sim, mas sem planejamento e engajamento, a proposta que nasceu com bons objetivos e justificativas pode vir a ter inviabilizada a sua implantação, mesmo que seja aos poucos.” Sueli Adestro, coordenadora pedagógica da rede Tutores

calculado somando-se a duração da escolaridade com a duração do atendimento complementar – considera-se tempo integral quando essa soma for igual ou superior a sete horas. ADAPTAÇÃO DAS ESCOLAS Para que os alunos trilhem diferentes itinerários formativos, de acordo com os seus interesses, em uma mesma escola, é preciso repensar a forma de organização. Assim, estudos e diagnósticos pre-

cisam ser realizados por todos os estados e o Distrito Federal, para que os mesmos possam ter de forma clara informações sobre a condição atual de cada uma para a implantação da flexibilidade e para a diversificação das propostas que poderão ser ofertadas. Também é importante que os estados organizem consultas junto aos estudantes e professores para identificar as demandas e os interesses dos jovens e as competências e a disponibilidade dos professores.

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CHEGA DE PROBLEMAS Foto: Reprodu

ção

NA ESCOLA Dislexia, disgrafia, discalculia, TDAH... Saiba quais são os principais distúrbios de aprendizagem, como identificá-los e solucioná-los

É

normal, em qualquer escola, ter alunos que aprendem um pouco mais devagar ou apresentam dificuldade em uma determinada matéria. Também é bem comum tirar nota baixa vez ou outra. O problema é quando a situação se torna constante e, o que é pior, o estudante não consegue aprender o fundamental: ler e escrever. Nesses casos, a criança ou o adolescente pode sofrer de algum distúrbio de aprendizagem. Como explica a neuropsicóloga e professora livre-docente em Neu-

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rologia Infantil do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Campinas (Unicamp), Sylvia Maria Ciasca, os distúrbios de aprendizagem têm origem neurobiológica, afetando determinadas áreas do cérebro, que recebem pouco estímulo. Mas é importante destacar que crianças e jovens com transtornos de aprendizado têm o cérebro perfeitamente normal, ou seja, sem lesão ou deficiência intelectual. O que acontece com eles é que o processamento do estímulo externo chega em um tempo

Sylvia Maria, neuropsicóloga e professora livre-docente em Neurologia Infantil

diferente da resposta do cérebro. Segundo Sylvia, que também é coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Distúrbio, Dificuldades de Aprendizagem e Transtorno de Atenção (Disapre) da FCM/Unicamp, “as disfunções podem ser generalizadas, específicas, ambas derivadas de falha de desenvolvimento, e não verbais, que en-


COMO A TUTORES ME AJUDOU

o pessoal

“Sou de Uberlândia (MG), mas eu e minha família tivemos de nos mudar em 2013 para Brasília (DF). Lá, minha filha Ana Laura, de 11 anos, começou a ter problemas na escola – dificuldade na leitura e também em matemática. Fui atrás de ajuda e me aconselharam a dar medicação. Segui a recomendação dos médicos e busquei acompanhamento com psicólogo e psicopedagogo. Com o remédio ela ficou mais centrada, mas ainda Adriana Horário Silveira Alves, 45 anos, dona de casa, mãe de Ana Laura Horácio assim não estava 100%. Nesta época, tam- Silveira Alves, 11 anos, aluna da Tutores bém procurei o pediatra dela, em Uberlândia, Uberlândia Santa Mônica (MG) e ele nos encaminhou para um neurologista, que diagnosticou a dislexia. Quando retornamos de vez para Minas Gerais, em 2016, fui atrás de um acompanhamento mais personalizado. Foi aí que conheci a Tutores. Depois da tutoria, as notas dela nunca mais ficaram abaixo da média. Agora ela consegue entender e absorver o aprendizado, e isso tudo a ajudou a ficar mais segura e motivada.”

Fotos: Arquiv

volvem algumas associações, percepções e criatividade, e têm dominância direta no hemisfério direito do cérebro”. Uma das mais comuns é a dislexia, atingindo entre 10% e 15% da população mundial. Ela é caracterizada por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. De acordo com a Associação Internacional de Dislexia (IAD), essas dificuldades, normalmente, resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras aptidões cognitivas. Outros transtornos de aprendizagem apresentados por crianças e adolescentes são disgrafia, discalculia e disortografia. A primeira trata-se de falha no desenvolvimento da grafia (ou escrita). A neuropsicóloga e professora da Unicamp relata que os alunos com esse problema não conseguem controlar plenamente os músculos das mãos – por isso, não seguram corretamente lápis e caneta – e não têm compreensão do que estão escrevendo.

A discalculia, por sua vez, está relacionada à incapacidade de aprender matemática. “Os estudantes discálculos têm dificuldade em fazer contas e em compreender os números, e não têm raciocínio lógico. Nesses casos, tanto a leitura do texto quanto a

COMO A TUTORES ME AJUDOU

TDAH

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DISLEXIA

“Procuramos a Tutores em janeiro de 2016, depois que a professora que dava aulas particulares para o meu filho teve de parar. Com 10 anos, ele foi diagnosticado com dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), e, agora no 5º ano na escola, precisa ter aulas auxiliares de todas as matérias. A Tutores atendeu exatamente o que precisávamos. O tutor vai em casa duas vezes por semana e, quando é período de provas, todos os dias. Fora isso, eu e meu marido o ajudamos a estudar, inclusive aos finais de semana. O Tiago também faz terapia com psicólogo uma vez na semana, vai ao psiquiatra de seis em seis meses e toma medicação. Antes da Tutores, ele quase repetiu de ano, e era uma criança mais apreensiva, porque não conseguia entender as aulas. Hoje, com todo este auxílio e a nova escola, Janine Luz, 40 anos, funcionária pois tivemos de achar uma que lhe desse pública, mãe de Tiago Diniz, 13 anos, o apoio necessário, ele está bem mais sealuno da Tutores Recife Graças (PE) guro, responsável e atento.”

execução da tarefa são ruins”, afirma a especialista. Já a disortografia é um distúrbio no desenvolvimento das regras gramaticais, e está relacionado com a disgrafia. Quem apresenta este transtorno tem dificuldades na leitura, na pontuação, no uso de coordenação e subordinação das orações e faltas de vontade para escrever e de clareza na escrita. TDA e TDAH Os Transtornos do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA) também entram na lista. “Tratam-se de disfunções neurobiológicas, em que se verifica uma falha funcional de neurotransmissão entre os neurônios. Mas é importante deixar claro que não é uma lesão”, esclarece a coordenadora pedagógica da rede Tutores, Sueli Adestro. “A criança com TDAH, especialmente, apresenta desatenção, sofre para focar em apenas uma atividade e parece estar em outro mundo. Ela também possui comportamento de hipertividade e impulsividade, pois se movimenta excessivamente dentro de um ambiente, causando problemas, como a indisciplina, em sala de aula e junto aos familiares e amigos”, acrescenta.

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TDA “Há cerca de três anos, minha filha foi diagnosticada com Transtorno de Dé- Cristina Bonifácio Neves, 45 anos, ficit de Atenção (TDA). Na época, ela fez assistente social, mãe de Mariana tratamento com dois psicopedagogos, Bonifácio Neves, 13 anos, aluna da mas não vimos muitos resultados. Che- Tutores Itu Centro (SP) guei até a suspeitar que ela tivesse algum problema de audição, mas os médicos não constaram nada. É uma luta procurar respostas, e confesso que eu já não sabia mais o que fazer quando conheci a Tutores. A Mariana é muito inteligente, só que não consegue se concentrar por muito tempo. Ela dispersa com facilidade e não tem organização. Precisamos chamar a atenção dela o tempo todo para que volte a ter foco. Na Tutores, o que os especialistas fazem com ela é um trabalho de orientação de tarefa e estudo. O tratamento lá foi iniciado no começo de 2017, e os resultados já são bem nítidos. Recentemente, inclusive, o diretor da escola deu os parabéns. Outro ponto bastante positivo da tutoria é que a minha filha percebeu que existem outras crianças com o mesmo problema, e que elas levam uma vida normal. Antes disso, ela se autogredia com palavras.” ta Sylvia Maria Ciasca, o estudante aprenderá por outros caminhos de processamento, diferentes dos formais. Nele, são utilizadas técnicas neuropsicológicas e pedagógicas,

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PROCESSAMENTO AUDITIVO “Estamos com a Tutores há cerca de dois meses, devido ao problema do nosso filho mais velho, o Guilherme, de 11 anos. Desde bebê ele apresenta uma demora acima do normal em relação à percepções. Mas só conseguimos receber um diagnóstico fechado da real situação na fase de alfabetização, quando ele começou a inverter letras, algo que permanece até hoje. O que foi constatado é que ele tem dislexia e problema no processamento auditivo (dificuldade em interpretar mensagens recebidas). Atualmente, ele faz tratamento com fonoaudiólogo e com a Tutores, que o ajuda exclusivamente a assimilar as matérias. Apesar do pouco de tutoria, ele já teve uma evolução significatiRicardo Belarmino, 39 anos, médico, e Letícia Boller va. Sabemos que ainda temos da Cunha Dantas, 40 anos, turismóloga, pais de um longo caminho, mas como Guilherme Boller Dantas Belarmino (esq.), 11 anos, houve progresso, estamos bem aluno da Tutores Florianópolis Centro (SC) confiantes.”

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sempre respeitando o tempo de resposta de cada um. Sueli indica que cabe aos educadores e profissionais multidisciplinares criar as ferramentas educacionais e clínicas para acompanhar o neurodesenvolvimento e o processo de aprendizagem, facilitando que a criança se desenvolva de forma regular e cresça com autonomia e independência. Os pais ou responsáveis, por sua vez, devem procurar ajuda assim que perceberem qualquer sinal alarmante em seus filhos e sempre estimulá-los a ler, escrever e realizar outras atividades acadêmicas. “Os que sofrem com disfunções de aprendizagem necessitam de muito estímulo”, aponta a professora da Unicamp. Vale salientar que aulas de tutorias também são de grande ajuda para acompanhar o dia a dia escolar. E é aí que entra a Tutores. “A rede, desde a sua fundação, há dez anos, tem se dedicado na compreensão e no acolhimento de crianças e jovens com dificuldades nos estudos, sempre preservando um atendimento complementar de educação multidisciplinar”, complementa a coordenadora pedagógica da empresa.

Fotos: Arquiv

Independentemente do tipo de transtorno de aprendizagem, Sueli é taxativa ao dizer que a criança ou o adolescente não deve ser rotulado antes de se fazer uma pesquisa bem apurada com uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas nas áreas de neurologia, psiquiatria, psicologia escolar, fonoaudiologia e psicopedagogia. Se constatado o distúrbio, qualquer que seja ele, a boa notícia é que existe tratamento. De modo geral, ele é feito em parceria entre a escola, o time de profissionais e a família – em alguns casos pode ser necessário o uso de medicamentos. Ao colégio, por exemplo, cabe envolver ao máximo o professor, oferecer atividades didáticas mais direcionadas para a necessidade do aluno e ter uma modalidade de avaliação diferenciada para ele, o que inclui, tempo, local e observação mais global. No processo de intervenção com a equipe multidisciplinar, rela-

o pessoal

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COM A PALAVRA

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Por Quézia Bombonatto

U

Um dos temas que vêm preocupando as famílias, os professores, as instituições acadêmicas e os legisladores é o fracasso escolar. As descrições em relação aos estudantes que não conseguem dar conta do processo da aprendizagem são impregnadas de pré-conceitos, só que muitas vezes esses alunos sofrem de distúrbios de aprendizagem. Neles, a habilidade mental se desenvolve de forma irregular, verificando-se uma discrepância marcante entre a capacidade e a execução nas tarefas acadêmicas. Entre os transtornos de aprendizagem está a Dislexia do desenvolvimento que, de acordo com a definição adotada pela International Dyslexia Association (IDA), em 2002, é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas

em relação à idade e outras habilidades cognitivas. Detectar a dislexia, no entanto, não é fácil. Na pré-escola, já é possível notar algum sinal, quando a criança apresenta atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem, dispersão, dificuldades em manter a atenção, com rimas, memorização de canções e em realizar quebra-cabeças, falta de interesse por livros e materiais impressos e desenvolvimento da coordenação visomotora aquém do esperado. O diagnóstico nessa fase é mais complexo, uma vez que a criança ainda não foi exposta ao processo de alfabetização. Nas fases mais adiantadas da vida escolar, os sinais deste transtorno são: dificuldades na aquisição e automação da leitura e da escrita e na coordenação motora fina; baixo conhecimento de rimas e aliteração; desatenção e dispersão; dificuldade em fazer cópias de textos; falta de organização de material e do tempo; recorrentes atrasos de entrega de atividades; perdas e esquecimentos de pertences; dificuldade de orientação espacial e identificação de direita e esquerda; vocabulário pobre; construção de frases sem adequado uso de pontuação, e falta de interesse pela leitura. O disléxico ainda tem leitura lenta, sem modulação, ritmo e domínio da compreensão e da interpretação, confunde letras, troca sílabas e substitui uma palavra por outra, faz repetições, omissões/adições de letras e palavras. Também apresenta problemas com a escrita e a cópia: inversões, omissões, adições e substituições de letras e palavras. Sua

Foto: Keiny Andrade

DISLEXIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

ortografia é fonética e inconstante, e a caligrafia, algumas vezes, chega a ser ilegível. Por apresentar uma forma peculiar de aprender, o aluno disléxico deve receber atendimento individualizado, mas que lhe permita acompanhar as aulas regularmente junto aos seus iguais. Como para ele a leitura e a escrita representam grandes esforços, assim como escutar e anotar é mais difícil e cansativo, é necessário lhe dar mais tempo para realizar as tarefas a contento. Caso não seja diagnosticada a tempo e não tendo a adequada intervenção tanto pedagógica como terapêutica, a dislexia pode comprometer o desenvolvimento escolar também em outros aspectos, pois ler e escrever são necessidades básicas do ser humano. Além de serem fundamentais para o acesso e a aquisição da maioria dos conhecimentos de nossa cultura, tornam a pessoa intelectualmente independente. O disléxico, devido à sua limitação, pode adquirir o medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por desacreditar na sua capacidade. Pode também passar a apresentar problemas de conduta, tornar-se agressivo, apático ou desinteressado. É comum que pais, professores e até colegas, por desconhecerem o que realmente acontece, acabem abalando ainda mais sua autoestima com críticas e punições.

* Quézia Bombonatto é bacharel em Matemática, fonoaudióloga, psicopedagoga e terapeuta familiar

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