Argumentação do tema do TCC | RECICLAR- Centro de Reciclagem e Aprendizagem

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O lixo não é um problema só na cidade de Anápolis, em todo o mundo existe a preocupação com o gerenciamento dos dejetos da humanidade. Soluções para amenizar esse problema foram surgindo, nas décadas de 30 e 40, a conservação e a reciclagem se tornaram importantes na sociedade dos EUA e em muitas outras partes do mundo, produtos como o náilon, a borracha e muitos metais eram racionados e reciclados para ajudar a suportar o esforço da guerra. Atitudes assim mudam o futuro, pensando nisso o novo Centro de Reciclagem de Anápolis vem para mudar vidas do presente e do futuro. O centro tem como principal objetivo auxiliar os mais de 100 catadores desempregados que vivem na cidade, a obter na coleta seletiva um trabalho digno. Um pensamento sustentável já não é um ideal tão utópico, a população precisa ter consciência da importância desse pensamento inteligente da separação de lixo reciclável não so para a geração futura mas para a sociedade atual. A reciclagem já vem mudando vidas desde a década de 40, porque não mudar uma cidade ?

INTRODUÇÃO

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O lixo vem se tornando uma problemática de nível mundial. Os resíduos descartados pelo o homem sempre existiram, mas nunca foram tratados como problemática. Foi apenas após o período da Primeira Revolução Industrial e após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) quando houve um crescimento populacional e juntamente com o incentivo ao consumo, que o lixo passa a ter um engrandecimento em quantidade e diferentes composições. Assim começa a surgir o problema de destinação final já que não eram somente resíduos orgânicos que poderiam ser enterrados, agora os lixos que tinham composições químicas prejudiciais ao meio ambiente contaminavam o solo e dava origem a novas patologias. Começa então criação de locais onde poderiam ser depositados esses resíduos, normalmente longe dos centros urbanos. O lixo fica mais evidente nos países subdesenvolvidos onde muitas vezes não existe um sistema de coleta de lixo, característica que demonstra a fragilidade das políticas assistenciais. No Brasil essa situação não foi diferente, a população com o consumo elevado começou a gerar os famosos lixões a céu aberto. Só em 2014, que a lei nº 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil e declara o fechamento de todos os lixões ilegais em todos os municípios do país, em sua grande maioria lixões viraram aterros sanitários, como é o próprio caso de Anápolis, porém o que se vê ainda são casos irregulares de disposição do lixo.

realidade dos lixões á céu aberto

PROBLEMÁTICA

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Essa realidade ainda acontece devido a geração desenfreada de resíduos urbanos no mundo todo. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), elaborada pelo IBGE em 2000, cada brasileiro produz de 0,5 a 1 quilo de lixo por dia. Considerando o número de habitantes, de 190 milhões, é muito lixo, aproximadamente 88 milhões de toneladas anuais. Com tantos desperdícios de alimentos, há aproximadamente 16,27 milhões de pessoas no Brasil em situação de miséria, inclusive passando fome (IBGE, 2000). A cultura do consumo também ajuda nesses dados, a cada dia que passa a população consome cada vez mais e descarta com a mesma rapidez que compra, gerando assim, um ciclo sem fim de consumo e descarte. A ONU prevê que nesse ritmo em 2050 a população produzirá cerca de 4 bilhões de toneladas de lixo por ano. Os países cada vez mais buscam soluções para amenizar o impacto do lixo, uma das mais utilizadas é a reciclagem, um mercado que movimenta US$ 410 bilhões por ano (R$ 940 bilhões). Porem ainda não é muito explorado em todo o mundo, no ranking de países no tratamento de lixo utilizando reciclagem como alternativa, a Alemanha lidera seguido da Bégica, Holanda, Aústria, Suécia e Suíça. O comissário europeu do Meio Ambiente, Janez Potočnik, destacou a importância econômica do tratamento de lixo: "Seis países combinam hoje zero aterro sanitário com altos índices de reciclagem. Dessa forma, eles utilizam não apenas o valor dos resíduos, mas conseguiram, através de uma indústria dinâmica, gerar muitos empregos." Chamaram isso de o “lixo pode virar ouro”. o consumismo

PROBLEMÁTICA

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Com os lixões, vieram os catadores de lixo, pessoas em sua maioria sem estudo e que buscava no lixo seu sustento. Hoje, catadores de detrito em lixões a céu aberto é uma pratica considerada ilegal, por esse motivo foi então criada à profissão do catador de lixo reciclável, um trabalhador que recolhe os resíduos sólidos recicláveis e reaproveitáveis, como papelão, alumínio, plástico, vidro, entre outros, que foi reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) pela Portaria n.º 397, de 9 de outubro de 2002, do Ministério do Trabalho, sob o Código n.º 5.192-05. Uma profissão que mesmo legalizada ainda é julgada como sem importância e medíocre. Em Anápolis, essa realidade não é diferente, mais da metade que saíram do aterro estão desempregados ou trabalhando por conta própria, indo em busca de materiais recicláveis na rua saindo de todo tipo de conforto que qualquer trabalho legalizado proporciona. Um trabalho que pode mudar o futuro da humanidade é tratado com tanto desprezo e sem a devida importância. O catador de lixo reciclável tem que ter condições dignas de trabalho para exercer sua função de modificar o futuro de que uma população que cada vez mais só destrói o mundo com uma cultura do consumo desenfreado e do descarte inconsciente. Em Anápolis, a produção do lixo reciclável não é desenvolvida. A cidade tem grande potencial para a produção dos mesmos, em média 49,95% dos resíduos em Anápolis são de materiais recicláveis, porém os mesmos são depositados diretamente no aterro sanitário. os catadores no Brasil

PROBLEMÁTICA

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Em uma reportagem, o Jornal Estado de Goiás relata que os resíduos sólidos urbanos (RSU) recolhidos pela coleta pública durante todo o ano de 2015 somou aproximadamente 102 mil toneladas, sendo que em 2014 foram 101 mil toneladas. “Esta quantidade se refere somente àquilo recolhido dos domicílios”, afirma a ex-diretora Sibele Maki. Já a coleta seletiva, através da Coopercan e Copersólidos conseguiu recolher somente 923 toneladas, ou seja, menos de 1% se comparada com do total de resíduos sólidos. Isso acontece, principalmente, devido a falta de informações sobre o assunto para a população, além da maioria ainda possuir a mentalidade de que separar o lixo é uma perca de tempo já que o aterro supri todas as necessidades dos cidadãos. O que eles não sabem é que os aterros sanitários tem vida útil, e esses resíduos extras descartados ocupam espaço e prejudica este ciclo de vida do aterro. Com o aumento da parcela da população Anapolina, consequentemente, há o aumento da quantidade de lixo, resultando assim na maior necessidade de se haver uma prática da separação do lixo que pode ser reciclado. A carência de mais de 100 catadores precisando de um emprego, manifesta a necessidade de um local na cidade adequado para modicar à situação do gerenciamento de resíduos sólidos. Juntando as potencialidades com essas problemáticas o centro de reciclagem pode ser a pequena diferença em um mundo que cada vez mais se afunda em suas próprias atitudes inconscientes que o capitalismo propõe. cultura do lixo na rua

PROBLEMÁTICA

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Anápolis é referência no gerenciamento de resíduos. Desde 1999 o Aterro Sanitário de Anápolis busca amenizar os desconfortos causados pelo lixo urbano, operando de acordo com lei nº 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil. Todos os resíduos são coletados por 13 caminhões compactadores que recolhem o lixo e levam para o aterro, o lixo é depositado em trincheiras que tem a proteção adequada para que não contamine os lençóis freáticos e nem o solo. Pórem nem sempre fora tão simples assim. Antes mesmo do funcionamento adequado do aterro existia o lixão a céu aberto que com ele tinham seus próprios funcionários autônomos, os catadores de lixo que antes eram tratados apenas como pessoas que procuravam nos materiais descartados pela população esperança em um local insalubre e sem nenhuma condição digna de um serviço humano. Os catadores permaneciam nessas situações até mesmo depois que o lixão se transformou no aterro sanitário. Em 2008, a prefeitura criou a cooperativa de catadores de materiais recicláveis, a Coopersólidos com cerca de 30 funcionários para o inicio do ciclo da coleta seletiva na cidade com o objetivo de tentar aliviar a situação dos catadores do aterro, e também abrir uma nova oportunidade de reciclagem de resíduos para a cidade. Ainda assim existia ainda aproximadamente 200 catadores de lixo com diferentes faixa etárias, trabalhando em condições precárias no aterro. Só em 2014, que a situação começa a mudar quando ainda na Lei nº 12.305/2010, estabelece esse ano como o tempo limite para a proibição de entrada de catadores dentro dos aterros sanitários e a adequação para o programa da coleta seletiva com apoio das cooperativas e associações de catadores. inauguração da cooperativa Coopersólidos 2008

JUSTIFICATIVA

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Com as novas ordens, a prefeitura torna-se obrigada a criar uma nova cooperativa de lixo reciclável para abrigar esses catadores que seriam retirados de vez do aterro. Foi nesse intuito que a Coopercan foi criada, uma cooperativa que começou com 20 catadores. É perceptível que ainda criando essas duas cooperativas, a quantidade que existia de catadores de lixo no aterro era superior a quantidade de vaga proporcionada pelas cooperativas, apenas 25% entraram no programa de reciclagem da coleta seletiva. Após visitas aos locais foi constatado que o numero de catadores diminuiu por mais da metade, sendo que na coopersolidos existe apenas 13 catadores e na coopercan 9. E o questionamento é, onde estão aqueles 200 catadores ilegais do aterro? Em uma entrevista com uma cooperanda, Maria de Fátima da coopercan esclarece indignada, que a maioria desses trabalhadores estão desempregados e passando necessidades de moradia e alimentação, o restante continua com o encargo de catadores de lixo na rua. Ela completa dizendo que as cooperativas não estão contratando devido a falta de resíduos suficientes para o sustento de todos e o local também não suportaria tantos funcionários. Para a melhoria das condições dos catadores e somando com a potencialidade do lixo reciclável em Anápolis, o Centro de reciclagem suprirá e solucionará essa problemática que atualmente não pode mais assombrar as cidades brasileiras.

inauguração da cooperativa Coopercan 2014

JUSTIFICATIVA

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O centro dará suporte não somente para os catadores de lixo recicláveis, mas também para toda a cidade diminuindo o lixo que é destinado ao aterro e que prejudica a vida útil do mesmo. A finalidade deste projeto é trabalhar todo o ciclo do lixo, desde a coleta até o consumo do novo produto. Essas etapas serão desenvolvidas dentro do centro e também fora, começando com a divulgação para toda população nas escolas, faculdades e mídias sócias. É como ilustra a Sibele Maki, ex Diretora de Gestão de Limpeza Urbana e Conservação de Praças, Parques e Jardins, sobre a coleta seletiva “funciona como uma corrente, quando um dos elos enfraquece todo o ciclo se quebra” isso define bem a importância de todos trabalharem juntos para a obtenção dos resultados desejados. No centro seria trabalhada a máxima colaboração dos catadores e a preocupação em capacita-los para o trabalho, dando condições dignas de serviço já que atualmente as cooperativas não dão suporte necessário, sem locais separados e nem adequados para as atividades diárias. Atingir as famílias dos catadores indiretamente e diretamente com cursos que possam ajuda-los no futuro profissionalizante tratando do assunto de reutilização de materiais recicláveis. O assunto lixo é muito conhecido no mundo todo, mas não é tratado com a devida importância. O Centro de Reciclagem de Anápolis vai trazer a relevância do lixo reciclável para o meio ambiente e as gerações futuras além de evidenciar o mérito desses trabalhadores que modifica esses materiais e ajudam na transformação de um mundo mais sustentável. realidade das cooperativas em Anápolis

JUSTIFICATIVA

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perspectiva do terreno escolhido

O local escolhido para a proposta do Centro de Reciclagem em Anápolis foi um terreno próximo ao aterro sanitário e das Cooperativas. Em uma das visitas as cooperativas, os funcionários relataram que moram em bairros próximos a esses locais, e por isso utilizam de meios de transporte mais acessíveis, como a bicicleta, e ate mesmo vão a pé. Como a proposta do projeto é principalmente o restruturação do local de trabalho desses catadores não seria viável levar esse centro para outro local da cidade. Os bairros próximos á esse terreno são Jardim primavera I e II, Residencial Vila Feliz, Gran Ville, Parque Braília, Filostro, Residencial Morada Nova e Recanto do Sol. O Centro irá atender os catadores em todo raio que abrange esses bairros. Além da proximidade com o Aterro Sanitário, o cemitério Memorial Parque, a chácara Talismã e a Estação de Tratamento de Esgoto de Anápolis também são marcos para o local. Cooperativa CooperCan Cooperativa CooperSólidos Aterro Sanitário de Anápolis Local da proposta do Centro de Reciclagem

TERRENO

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Prefeitura de Anápolis. PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS.Disponivél: <http://www.anapolis.go.gov.br/portal/secretarias/meioambiente/pagina/plano-municipal-de-residuos-solidos/> Acesso: 23/02/17 Paulo Cesar Vicente de Lima. CATADOR LEGAL. Disponível em: <http://www.coopcentabc.org.br/documentos/CARTILHA_CATADORES.pdf> Acesso: 23/02/17 Em discussão. AUMENTO DA PRODUÇÃO DE LIXO TEM CUSTO AMBIENTAL. Disponível em :<http://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/residuos-solidos/mundo-rumo-a-4bilhoes-de-toneladas-por-ano#http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/olixo.html> Acesso: 24/02/17 Contexto. COLETA SELETIVA: CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO É O CAMINHO. Disponível em: <http://www.jornalcontexto.net/coleta-seletiva-conscientizacao-popular-e-ocaminho> Acesso 23/02/17 Jornal Estado. RECICLAGEM NÃO CHEGA A 1% DO DO LIXO COLETADO EM ANÁPOLIS. Disponível em: <http://www.jornalestadodegoias.com.br/2016/02/15/reciclagem-naochega-a-1-do-lixo-coletado-em-anapolis/> Acesso 24/02/17 Ministério Público do Estado de Goiás. INAUGURADO NOVO GALPÃO DE TRIAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ANÁPOLIS. Disponível em: < http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/inaugurado-novo-galpao-de-triagem-de-residuossolidos-de-anapolis--2#.WK-EldLyvIU> Acesso: 23/02/17

REFERÊNCIAS

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Ministério Público do Estado de Goiás. SER NATUREZA - RESÍDUOS SÓLIDOS: GRUPO DE TRABALHO DE ACREÚNA CONHECE AÇÕES DE ANÁPOLIS. Disponível em:< http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/ser-natureza-residuos-solidos-grupo-de-trabalhode-acreuna-conhece-acoes-de-anapolis#.WK-J_tIrLIU> Acesso:23/02/17 Ministério Público do Estado de Goiás. MP PRESTA CONTAS DE AÇÕES PREPARATÓRIAS A FECHAMENTO DE ATERRO E INCLUSÃO DE CATADORES DE ANÁPOLIS. Disponível em: <http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/mp-presta-contas-de-acoes-preparatorias-afechamento-de-aterro-e-inclusao-de-catadores-em-anapolis--2#.WKouoPkrLIU< Acesso em 23/02/17 Anápolis. PREFEITURA REESTRUTURA SERVIÇO DE COLETA SELETIVA E REALIZA AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO. Disponível em: <http://www.anapolis.go.gov.br/portal/multimidia/noticias/ver/prefeitura-reestruturaserviaso-de-coleta-seletiva-e-realiza-aasames-de-conscientizaasapo> Acesso: 24/02/17 Mundo educação. O LIXO. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-lixo.htm> Acesso: 24/02/17 Portal educação. O ACUMULO DE LIXO NO PLANETA. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/o-acumulo-de-lixo-noplaneta/56171> Acesso: 24/02/17

REFERÊNCIAS

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