NE Vitรณria - ES 24 de Abril de 2018
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No Entanto - Ano 1 - Ed. 01
A tecnologia e os transportes urbanos
Conheça um pouco mais sobre os apps de transportes urbanos e como eles funcionam na sociedade. O No Entanto realizou uma pesquisa em que 100% dos participantes que afirmaram utilizar aplicativos de transporte usam o Uber, enquanto apenas 8,5% usam o Easy Taxi. Mas os aplicativos de transporte urbano não se limitam apenas ao uso de táxis e transportes particulares. Com o grande fluxo de carros na rua, muitas vezes utilizados individualmente, começaram a chegar ao Brasil propostas de programas de carona, como o Blablacar, fundado em 2006 na França e já presente em 22 países. Outro aplicativo recente é o Caronaê, que é o app oficial de caronas da Universidade Federal do Rio de Janeiro Com o advento da tecnologia, o tempo passou (Ufrj), criado com o intuito de aumentar os custos dos a ser cada vez mais precioso e as pessoas passam a ter estudantes com passagem, tem sido um sucesso, conta a necessidade de ter tudo que precisam em mãos, no o estudante de engenharia da Ufrj, Mateus. caso, em seus smartphones. E não foi diferente com os Outro facilitador, principalmente na vida de universitransportes urbanos. Em 2011, foi criado aqui no Bra- tários, tem sido as plataformas que mostram os horásil o app de solicitação para taxis “Easy Taxi”, sendo o rios em que os ônibus vão passar em cada ponto, alpioneiro da área no país, seguido pelo 99táxi (hoje co- gumas chegando a mostrar o percurso em tempo real nhecido como 99pop). Porém, com uma proposta de dos transportes públicos. Porém, apenas 60% dos parlivre mercado, já existente em outros países, o app Uber ticipantes da nossa pesquisa, composto principalmente chegou ao Brasil em 2014 na Copa do Mundo e abalou por universitários, utiliza esses apps, enquanto 90% utios apps já existentes de táxi, pelo seu custo benefício. lizam as plataformas de transporte particular.
Premiado nas gringas O estudante mineiro Fábien Oliveira ganhou um prêmio pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets pela criação do aplicativo Milênio Bus, que tem como objetivo aperfeiçoar o transporte público, informando a localização em tempo real do ônibus e quantos passageiros estão dentro da locação. “O objetivo é trabalhar com pagamentos digitais, informações ao passageiro e geração de dados com Big Data, onde são usadas tecnologias computacionais para gerar os dados na nuvem.”, declarou Fábien Oliveira para a Gazeta do Povo.
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Os aplicativos para mulheres Com índices de violência contra a mulher altíssimos, um dos maiores medos das mulheres é saírem a noite sozinhas, seja a pé, em transportes públicos ou transportes particulares. Uma grande e ótima novidade para elas é a chegada de aplicativos exclusivos, só com motoristas mulheres. Algumas plataformas já haviam adicionado a opção de chamar motoristas exclusivamente do sexo feminino, como o 99pop, porém, agora estão sendo criados apps exclusivos, como o Femitaxi, que está disponível na Apple Store e na Play Store.
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Entenda as casas astrológicas e aprenda a interpretá-las
As casas astrológicas são importantes na hora de interpretar o mapa astral, mas pouco se fala sobre elas A onda da astrologia veio para ficar. Muitas pessoas passaram a procurar pelo mapa astral e em como interpretá-lo. Aquele amontoado de planetas, signos e casas tem significado para várias pessoas que acreditam em astrologia. “Mas espera aí. Casas? O que é isso?”. Vamos explicar como isso funciona. Os planetas são as energias a serem tratadas, os signos são a forma que essa energia acontece e as casas astrológicas falam sobre a área da vida. Elas podem não aparecer ou se repetirem diversas vezes no mapa astral.
Saiba onde está cada casa nesses grupos: CASAS ANGULARES Essas casas astrológicas se referem ao “Eu” ou “O Ego”. Essas casas nos dizem como lidamos com a realidade. CASA 1: É a casa do seu ascendente, o signo que saía ao leste no horizonte quando nasceu. Ela rege o potencial pessoal para com a aparência, como você se mostra aos outros. É aqui que se conhece qual é a primeira impressão que as pessoas têm de você. CASA 4: Essa é a casa da família. Aqui mostra como suas origens influenciam no seu “eu”. CASA 7: Casa do signo descendente, o oposto ao ascendente. Fala como você é em relação aos outros em várias instâncias, mas principalmente nos
relacionamentos amorosos. CASA 10: Casa do “eu público”, da fama e do reconhecimento. CASAS SUCEDENTES Aqui são as casas ligadas a posses. Sucedente significa seguir ou alcançar, ou seja, essa parte fala sobre como você alcança o seu sucesso. A palavra aqui é “coleção” e ela pode aparecer de várias maneiras, seja na organização, na vida financeira ou na própria proteção. CASA 2: É a casa dos pertences, muitas vezes ligadas a dinheiro. A verdade é que ela está preocupada com o que você dá valor, incluindo a autoestima. CASA 5: Diz respeito aos hobbies e atividades prazerosas. Também fala sobre romance, criação dos filhos e esportes.
Quando alguma não aparece, a interpretação se dá através do planeta e signo regente dela. Essas casas dividem o céu em 12 partes. A divisão pode diferenciar, mas a mais comum é o Sistema de Casas Iguais, em que todas elas têm o mesmo tamanho. Existe o sistema Placidus que divide de acordo com o tempo. Elas também são separadas por grupos sendo eles Angulares, Sucedentes e Cadentes. Astrólogos antigos acreditam que cada grupo tem uma intensidade de influência. A primeira tem 100%, a segunda 50% e a terceira 25%.
CASA 8: É a maneira que você lida com a partilha de dinheiro. Está ligada a morte e regeneração. Também diz muito sobre sua capacidade de recuperação em questão de saúde. CASA 11: Essa casa fala sobre sua relação com os amigos. Também está preocupada com os valores e futuro. CASAS CADENTES Essas casas astrológicas falam sobre dispersão. Aqui se discute sobre como o passado pode afetar o futuro e de que maneira você lida com isso. CASA 3: É a casa da comunica-
ção, ou seja, como você dispersa seu conhecimento. Também diz sobre o convívio familiar. CASA 6: É a casa do serviço, em que se dispersa recursos para ajudar os outros. Aqui se discute saúde, trabalho e os hábitos do dia-a-dia. CASA 9: Representa filosofias de vida, religião e escolha profissional, principalmente do ensino superior CASA 12: É a casa do “não-eu”, da quebra do ego. Representa a saúde mental e as fraquezas ocultas
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Os desafios dos universitários que vêm de fora Adaptação ao novo, viver longe da família e conciliar estudo com a vida doméstica. Esses são alguns dos perrengues passados por quem vem de longe atrás de seu sonho acadêmico. Deixar a casa dos pais para desbravar, sozinho, um lugar desconhecido com o intuito de estudar é o que muitos jovens que estão na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) fizeram, principalmente, após a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Alguns são do interior do Espírito Santo e outros vêm dos demais estados. São inúmeros os desafios e as histórias de quem não pertence à capital e seus arredores. Além de estudar, agora, eles precisam cuidar de afazeres domésticos e, também, de se adaptar ao novo ambiente. Vitória Bordon veio de Americana (SP) para o Espírito Santo no início de 2017 cursar Publicidade e Propaganda na Ufes. Ela diz que sua principal dificuldade foi a ideia de não poder voltar para casa com tanta frequência. “Vir para cá foi uma mudança muito grande e eu cheguei sabendo que não poderia voltar tão cedo. Fico todo o semestre letivo aqui e só volto para minha cidade nas férias. Acho que o primeiro ano é o mais complicado em termos de adaptação, mas, com o tempo, a tendência é melhorar”, declara. Já o estudante de Administração, Gilberto Lobato, afirma que sua adaptação foi tranquila por poder morar com pessoas que já conhecia. “A saudade às vezes bate, mas eu tive tempo para me preparar”. Por morar na cidade de Marataízes, no interior do ES, ele consegue ir para casa com certa regularidade: “Tento ir ao menos duas vezes ao mês”, diz. Sobre a capital, Gilberto e Vitória frisam as boas qualidades. “Não é muito grande nem muito pequena, o que me agrada bastante. Tem farmácia e supermercado perto. Outra coisa que também gosto, é a pluralidade, de tribos, estilos, gostos e pensamentos, o que é difícil de encontrar em cidades como Marataízes”, elogiou o estudante. Vitória destaca a cultura: “Tem muita coisa legal para fazer, lugares para conhecer e muito o que provar. A cultura capixaba está sempre presente em algo, seja nos bairros, na culinária ou nas pessoas”, concluiu. Larissa Prates veio para a capital no início de 2018 e, por ser de Aracruz (ES), conhecia pouco da cidade e preferiu morar num local seguro e perto da univer4
sidade. “Meus pais e eu achamos uma república em Goiabeiras muito tranquila e pertinho do campus. Posso ir e voltar rapidamente sem pegar ônibus”. A estudante em Letras-Inglês precisou aprender a “se virar” domesticamente. Antes, morava com os pais e agora tem que fazer, sozinha, tarefas como lavar roupa, fazer compras e a própria comida. Larissa Franquini morava em Baixo Guandu e, agora, divide um apartamento com a irmã, em Vitória, com despesas pagas pelos pais. Ela diz que a mudança foi brusca, porém, sua acomodação aqui está sendo tranquila. “Dificuldades eu não sei se senti muitas, prefiro não olhar o lado ruim das coisas, porque sei que a oportunidade que meus pais conseguem me dar é muito boa”, pondera. Em relação a conhecer novas pessoas, Larissa Prates e Larissa Fraquini ressaltam que seus grupos sociais daqui são compostos, principalmente, por pessoas da própria universidade. “Não tenho muito contato com outras pessoas que não sejam da república ou da universidade.
Apoio O Departamento de Psicologia da Ufes, tem o Núcleo de Psicologia Aplicada, um órgão de apoio que atende toda a comunidade local, inclusive os estudantes. Conta com apoio individual e em grupo, podendo haver avaliação psicológica, se for o caso. O processo de inscrição acontece duas vezes ao ano, no próprio CEMUNI VI, próximo ao Cine Metrópolis. Telefone: +55 (27) 4009-2509, das 13 às 19 horas.
A maioria delas veio de outros lugares e não de Vitória”, afirma Prates. Larissa Fraquini fala, também, que entrar na empresa júnior logo no início do período a fez conhecer mais pessoas. Todas do meio universitário. Estudando em Alegre, Daniel da Silva saiu do interior de Minas Gerais para cursar licenciatura em Química. Ele mora em república e recebe auxílio estudantil para se manter no curso. Sua maior dificuldade foi na área acadêmica, visto que já morava sozinho antes de se mudar para o estado. “De início, foi um baque muito grande por conta da rotina diferente e, como estava há muito tempo fora da sala de aula, sofri um pouco até pegar ritmo de estudo”. Apesar de conseguir chegar à universidade, por diver-
sos motivos, há quem deixe o curso para voltar para sua cidade natal. Yuri Nogueira é de São Paulo, capital, e passou em Comunicação Social na Ufes no início de 2017, logo após a adesão ao Sisu. Porém, em menos de um ano, ele voltou para casa. “Em outubro, recebi algumas notícias sobre a saúde de uma parenta próxima. Era importante que eu voltasse para ajudar tanto no cuidado quanto nas finanças da família. E eu não estava muito empolgado com o curso e sentia muitas saudades”. Enquanto esteve no estado, Yuri diz que passou por diversas dificuldades financeiras ao ponto de não ter o que comer em casa dependendo do Restaurante Universitário (RU) para poder se alimentar, visto que era assistido. “Os feriados eram os piores dias possíveis”, recordou.
Adaptação ao novo
“Mudar para uma nova cidade, iniciar um novo curso e lidar com uma rotina totalmente nova pode ser assustador para algumas pessoas”, afirma a doutoranda em Psicologia e professora da Ufes, Jaqueline Bagalho. Ela ressalta que ter uma boa adequação ao novo depende de características de cada um para enfrentar desafios, de apoio de amigos e familiares e, também, de oportunidade para “se distrair” do meio acadêmico. “Manter relações sociais que promovam atividades grupais em que a pessoa se sinta inserida e acolhida podem significar proteção e auxílio para melhor adaptação”, diz. Quanto à prevenção de problemas psicológicos, a professora fala que “a identificação do isolamento, da reclamação e da insatisfação contínuas são bons indicadores para observar e procurar apoio ou inserção em atividades que proporcionem satisfação”. Jaqueline acrescenta que, para o caso de já haver um problema identificado, buscar ajuda psicológica ou conversar com alguém de confiança é fundamental.
Perrengue extra Logo que se inscreveu no Sisu para entrar no curso de Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda na Ufes, Vitória Bordon relata que no site constava que o ingresso era somente no primeiro semestre de 2017, dessa forma, assim que foi aprovada, se planejou para vir de Americana (SP) para o Espírito Santo no início do ano. Ela e o pai fizeram uma viagem de dezesseis horas de carro trazendo toda a sua mudança. “O carro quebrou no caminho, o que nos fez atrasar um pouco, mas chegamos a Vitória um dia antes da data da matrícula e nos hospedamos num hotel”, recorda. Deixaram toda a mudança dela na república em que iria morar. Porém, quando foi fazer a matrícula, descobriu que havia a possibilidade de ingressar somente no segundo semestre.
“Não podia arriscar deixar minhas coisas aqui e ter que voltar pra buscar caso ficasse na turma do segundo semestre, então fui obrigada a retornar para Americana com toda a mudança e aguardar a lista com os alunos que, de fato, começariam em 2017/1”. Então, quando teve certeza de que entraria no primeiro período de 2017, Vitória, enfim, retornou definitivamente para o estado, dessa vez, sozinha e de avião. “Tive que pagar quase o valor da passagem por conta da bagagem extra”, lamenta.
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Estudante boia-fria e a inserção das marmitas no cotidiano universitário
Aulas, textos, trabalhos, iniciação científica, estágios. Onde se acha tempo para cuidar da saúde alimentar na correria da universidade? O cotidiano universitário é corrido por natureza. Trabalhos para entregar, textos para ler, provas para estudar, estágios e horas para cumprir são alguns dos exemplos do alvoroço que é a vida dentro da faculdade. E no decorrer de todo esse frenesi, muitos estudantes ainda têm de lidar com o aumento do Restaurante Universitário (RU), dietas, restrições alimentares ou simplesmente quererem se manter saudáveis. A partir desse panorama, é possível encontrar as circunstâncias que permitiram a maior presença das marmitas no ambiente estudantil. A Cantina do Cinema,
por exemplo, desde o aumento do Ru, tem permitido aos alunos esquentarem as suas marmitas pelo preço de um real. No Campus da Ufes em São Mateus, por outro lado, foi instalado um microondas para ficar a disposição dos alunos que trazem o almoço de casa. Universitários que pararam de comer no Ru pelo aumento do preço, pela necessidade de otimizar o tempo, para continuar na dieta ou ainda pela restrição na alimentação são os mais adeptos do uso de marmitas. A estudante da Ufes, Beatriz de Souza, por exemplo, encontrou nas merendas uma forma de otimização de seu tempo, já que o intervalo entre o fim de seu estágio e o início de suas aulas é muito curto, ela opta pela marmita em detrimento de um restaurante. A universitária acabou por ver essa troca como vantajosa. “Até agora me economizou bastante dinheiro e tempo, além de poder levar a comida [pronta] de casa. Não perco tempo fazendo e esquento ela no estágio mesmo”, informou. Em contrapartida, o estudante Arthur Araújo, da Emescam, que costumava ser muito adepto das marmitas no início de sua faculdade, parou de fazê-las nos últimos meses pela praticidade. “Era mais saudável, eu sabia o que estava comendo, pois era eu que fazia, mas acabei optando nesse último período por comer no self service aqui perto, pela facilidade”, comentou o estudante, que continua muito ligado a sua saúde física. A mestranda em Nutrição e Saúde pela Ufes, Lauriete Silva, explica as vantagens para a saúde de trazer os alimentos de casa. “É uma opção saudável, visto que você conhece melhor o que está comendo, desde a escolha na hora da compra até o consumo final, garantindo quantidade adequada e qualidade dos alimentos”, disse. A possibilidade de conhecer todos os ingredientes que estão sendo absorvidos é o que agrada a universitária Letícia Caliman. Ela é vegetariana e está iniciando uma dieta vegana e, apesar do RU cobrir uma alimentação ovolactovegetarina, o uso de ovos e laticínios impede a aluna de se alimentar com qualidade e de acordo com suas convicções éticas. “Nos dias em que sei que o tempo é mais apertado e não consigo voltar para casa para
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almoçar, eu opto por trazer Dicas para fazer suas próprias a minha marmita”, explicou marmitas: • Planeje com antecedência! Prea estudante. No consumo pare sua marmita na noite anterior ao de marmitas, é necessário dia que irá levar ou, se quiser economiprocurar uma combinação zar tempo, prepare as refeições para a semana toda e congele-as. No segundo diversificada de alimentos, caso, retire a marmita do congelador na principalmente na dieta noite anterior e coloque na geladeira vegetariana. “É importante para descongelar. garantir uma alimentação • Opte por refeições com pouco molho, pois eles podem escorrer na equilibrada com opções marmita. Se possível leve o molho de carboidratos, proteínas, sempre separado. leguminosas, verduras e le- • Use recipientes de vidro para as comidas que serão aquecidas. O vidro gumes” explica a mestranda é mais seguro e não altera o cheiro ou Lauriete. Essa e outras dicas o sabor dos alimentos. podem ser encontradas no • Os recipientes de plástico são liberados somente aqueles livres de box a seguir: Bisfenol A , substância tóxica presente
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na composição de plásticos, que quando aquecidos podem contaminar o alimento. No consumo de marmitas é importante garantir uma alimentação equilibrada com opções de carboidratos, proteínas, leguminosas, verduras e legumes. As saladas cruas devem ficar separadas da marmita e não podem ser aquecidas para preservar seus nutrientes. Você pode optar por marmitas que não precisam ser aquecidas, como as saladas de potes que podem ser preparadas para a semana toda também. Para transportar suas marmitas é importante ter uma bolsa térmica, pois conservam melhor o alimento.
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Marielle, presente. O que será do futuro para as minorias sociais? O assassinato da vereadora carioca abalou o país e acirrou discussões sobre representatividade das minorias na política brasileira. Há cerca de um mês, o Brasil viu-se dividido em inúmeras opiniões divergentes a respeito do assassinato de Marielle Franco. De um lado, há aqueles que defendem a vereadora carioca, eleita em 2016, pelo PSOL, como a quinta mais votada na cidade do Rio de Janeiro. De outro lado, seus detratores espalham falsas notícias, desviando o foco sobre o significado de sua morte. Considerada uma das poucas representantes parlamentares de minorias, ela atuou como coordenadora na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa. Semanas antes de seu
assassinato, havia assumido a relatoria de uma comissão criada para acompanhar a intervenção federal no Rio de Janeiro. O assassinato está sendo investigado pela polícia, mas a razão da execução ainda não foi divulgada. Para partidos da esquerda, as motivações são políticas. Marielle combatia algumas ações do Estado, em especial as que afetavam moradores das favelas do Rio de Janeiro. Dias antes de sua morte, por exemplo, havia denunciado, em suas redes sociais, a ação violenta de policiais na Favela de Acari, zona Norte do Rio.
O que Marielle significa?
Júlia Reis Quais são os impactos e os receios que o as- Estudante de Publicidade e Propaganda Júlia Reis mora na periferia e afirma não se sentir sassinato de Marielle gerou? O NoEntanto representada politicamente. Em sua opinião, foi ouvir algumas opiniões: as minorias não têm ocupado o espaço político por falta de oportunidade, até mesmo, para Henza Bergami disputá-lo. Essa baixa representatividade, a Para a estudante de Direito Henza Bergami, seu ver, é percebida, claramente, na ausência duas questões são importantes quando se de políticas públicas que contemplem esses trata de representatividade: a existência de grupos, deixando-os cada vez mais vulnerácandidatos que defendam pautas dos grupos veis. “Os meus medos se alternam de acordo minoritários e a visibilidade deles. “Se falacom o lugar em que estou e aonde prevalece mos de visibilidade, eu não me sinto representada. A gente sabe que existe quem nos defenda, mas eles não são vistos”, diz. Ela, que já foi alvo de homofobia - quando, trocando carinhos com a namorada, foi ameaçada de ser retirada de um restaurante - acredita que se um político nunca viveu ‘na pele’ situações como esta, não saberá como é sofrer determinada dificuldade. “Sem representatividade política, dificilmente certos temas seriam debatidos”, alega. 7
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uma característica minha. Na rua, sozinha, como mulher, tenho medo de ser violentada. Quando saio com os meus amigos, tenho medo de a polícia confundir a gente com bandido ou, ainda, dos próprios bandidos confundirem a gente com alguma gangue inimiga”, relata a jovem. Luana Leite Luana Leite é negra e, atualmente, cursa Medicina Veterinária. Antes disso, fez dois cursos técnicos e, ainda assim, não conseguiu se inserir profissionalmente em sua área de atuação. Ela usa seu próprio exemplo para explicar a falta de repre-
Grupos minoritários sofrem com a violência. Veja alguns números: Mulheres Taxa de homicídio: - 2005 a 2015: cresceu 7,5%. Felizmente, esse indicador mostrou uma melhora gradual: - 2010 a 2015: diminuiu 2,8% - Apenas em 2015: queda de 5,3% Mortalidade (2005 a 2015): - Mulheres não negras: redução de 7,4% - Mulheres negras: aumentou em 22%
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sentatação dos negros na política: “Um negro entrando na política é ainda mais complicado”. O seu maior medo como mulher negra é justamente não encontrar espaço no mercado de trabalho. B.R. B.R., moradora de periferia, sofreu violência física e psicológica após o fim de um relacionamento amoroso. Ela relata que, na tentativa de denunciar o ex-namorado, que ameaçou matá-la, foi recebida por um delegado que, a todo o momento, buscava justificar o ocorrido. “Eu tenho medo de algum dia fazerem algo comigo e eu não ter a quem recorrer”, diz a jovem que assume sentir-se exposta, uma que vez não se vê seus interesses e preocupações representados.
Negros A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Regiões periféricas Em 2015, 2,0% do total de municípios brasileiros responderam por metade dos homicídios no país. Homossexuais Ainda não existem, no país, leis específicas que combatam a homofobia. Esse tipo de violência é registrado como outros tipos de crime. Portanto, não existem dados oficiais sobre violência contra à comunidade LGBT. Fonte: Dados do Ipea - Atlas de Violência de 2017
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Quanto ganha um estagiário? Dependendo do curso, empresas oferecem bolsas que podem ultrapassar o salário mínimo.
Colocar em prática o que se aprende em sala de aula, adquirir experiências e obter a confirmação de que se está no caminho certo são os principais objetivos de quem busca um estágio. Além das vantagens educacionais, a remuneração se torna outro fator relevante na procura pela vaga dos sonhos. Pensando no futuro e em preencher requisitos como “necessário experiência”, muitas vezes exigido pelas empresas, estudantes buscam se inserir no mercado de trabalho cedo. Pesquisa realizada em 2017 e disponível no site do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) revela que a média salarial
Outra pesquisa intitulada “O perfil dos candidatos a vaga de estágio em 2017”, realizada pela Companhia de Estágios, contou com a participação de 2.183 educandos de todas as regiões do país e revelou que dentre os remunerados, boa parte dos estudantes recebe
dos estagiários no Brasil é R$ 683,33, considerando todos os níveis de formação. A pesquisa, que envolveu 16.323 alunos de diferentes níveis, ainda aponta um ranking dos cursos que em média pagam os melhores salários no nível superior.
bolsa auxílio de até um salário mínimo. Porém, quase 10% contam com remuneração de mais de R$ 1.500,00. O levantamento ainda apontou que 61,2% dos entrevistados que estagiam se mostraram satisfeitos com o emprego atual.
No Espírito Santo, há vagas com remuneração de até R$ 1.400,00 para estágio na área de Engenharia, R$ 633,34 para estágio em Pedagogia e R$ 550,00 para Administração. A estudante de Engenharia Civil, Izabela Gomes Ucelli estagia no setor de Manutenção Civil de uma das maiores empresas presentes no Estado, a ArcelorMittal. Ela acredita que recebe uma quantia digna pelas 20 horas de trabalho semanais. “Em muitos outros lugares um estudante de Engenharia Civil não chega a ganhar o que eu ganho”, contou. A estudante de Cinema e Audiovisual Natalia de Souza Manarte conseguiu um estágio quando estava no 3° período do curso. Entre as suas funções estão a criação de material visual e produção/edição de vídeos. Por esse trabalho, ela recebe R$ 364,00 de bolsa auxílio mais R$ 120,00 de auxílio transporte. No caso dela, o estágio não é exatamente uma necessidade, já que a família possui
uma renda boa. “Imagino que se estivesse em outra situação e dependesse do valor, provavelmente não daria conta de boa parte das despesas de um estudante”, afirmou.
Os cursos campeões em estágio na Ufes De acordo com a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o curso com mais alunos atuando em estágios não obrigatórios é o de Direito, seguido de Pedagogia e Ciências Contábeis. Curso Quantidade de alunos estagiando Direito 247 alunos Pedagogia 124 alunos Ciências Contábeis 122 alunos Administração 102 alunos Engenharia Civil 64 alunos Arquivologia 63 alunos Design 62 alunos Fonte: Prograd
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Uma forma de permanência na universidade A aluna de Pedagogia Bianca Luiza Néris trabalha em uma das Unidades Municipais de Ensino Infantil de Vila Velha (Umei), segundo ela a remuneração de R$ 550,00 mais R$ 140,00 de auxílio transporte é de grande ajuda. “O estágio me auxilia a adquirir experiência e a permanecer dentro da universidade, pois com a remuneração consigo arcar com os custos gerados”, afirmou. Por que eles preferem os estagiários? Segundo o economista Aldous Pereira de Albuquerque, empresas e órgãos governamentais procuram cada vez mais estagiários para preencher o quadro de funcionários. “A procura se dá porque além de a contratação de aprendizes ser mais barata e menos burocrática, algumas características desses funcionários chamam a atenção de empregadores. Entre elas, a familiarização com a tecnologia e a vontade de aprender”, explicou.
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