INTERVENÇÕES NA MARGEM
PROPOSTAS URBANAS PARA O SUL DO MACIÇO DO MORRO DA CRUZ
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO | ARQUITETURA E URBANISMO | UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ALUNA: LARISSA HEINISCH | ORIENTADOR: RENATO SABOYA | 2016.1
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SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 5 1.1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................................... 5 1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 5 1.2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 5 1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 5 1.3. METODOLOGIA E ETAPAS ........................................................................................ 5 1.4. ESTRUTURA ............................................................................................................... 5 2. CONTRASTES E MARGENS ........................................................................................... 7 2.1. O CONTRASTE POSITIVO ......................................................................................... 8 2.2. O CONTRASTE NEGATIVO ....................................................................................... 9 2.3. CONTRASTES EM FLORIANÓPOLIS ....................................................................... 10 2.4. AS MARGENS .......................................................................................................... 11 3. O LUGAR ..................................................................................................................... 13 3.1. HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO ................................................................................... 14 3.2. CHEIOS E VAZIOS .................................................................................................... 15 3.3. GABARITOS ............................................................................................................. 16 3.4. USOS ........................................................................................................................ 17 3.5. PLANO DIRETOR ..................................................................................................... 18 3.6. A ESCALA HUMANA ............................................................................................... 19 3.7. BUSCA DO ENTENDIMENTO DA REALIDADE LOCAL .......................................... 20 3.8. SÍNTESE ................................................................................................................... 21 4. PROPOSTAS GERAIS ................................................................................................... 23 4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA PROPOSTA ......................................................................... 23 4.2. PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO E DIRETRIZES ...................................................... 23 4.3. PROPOSTA MOBILIDADE ........................................................................................ 24 4.4. PROPOSTA EQUIPAMENTOS ................................................................................. 26 4.5. PROPOSTA ESPAÇOS ABERTOS ............................................................................ 28 4.6. PROPOSTA PAISAGEM .......................................................................................... 30 4.7. PROPOSTA MORADIA ............................................................................................ 32 4.8. PROPOSTA ÁGUA E SANEAMENTO ...................................................................... 34 4.9. PROPOSTA LIXO E ILUMINAÇÃO .......................................................................... 36 4.10. PROPOSTAS PARA AS PRINCIPAIS VIAS ............................................................... 38
5. ENSAIO NAS MARGENS .............................................................................................. 43 5.1. ESCOLHAS E ESTRATÉGIAS .................................................................................... 43 5.2. PRINCIPAIS USOS E PONTOS DE INTERESSE EXISTENTES ................................... 44 5.3. BARREIRAS AO MOVIMENTO E AO ENCONTRO EXISTENTES ............................. 46 5.4. INTERFACES COM A RUA E FLUXOS EXISTENTES ................................................ 48 5.5. INTERVENÇÕES PROPOSTAS ................................................................................. 50 5.6. IMPLANTAÇÃO GERAL DA PROPOSTA .................................................................. 52 5.7. TRECHO 1: A RUA SILVA JARDIM ........................................................................... 54 5.8. TRECHO 2: O TOPO DO MORRO ........................................................................... 58 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 63 7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 65 7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 65 7.2. REFERÊNCIAS PROJETUAIS .................................................................................... 66 8. APÊNDICES ................................................................................................................. 71 8.2. PROCESSO EM MAQUETE ...................................................................................... 71 8.1. CROQUIS ................................................................................................................. 72 AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 75
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1. APRESENTAÇÃO 1.1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
1.2. OBJETIVOS
Ao iniciar o processo de desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso, dois principais aspectos me vieram à reflexão. Primeiramente, eu tinha por objetivo me dedicar ao estudo de um tema que me motivasse, que despertasse inquietações para um aprofundamento constante e que, portanto, eu pudesse aproveitar esse momento para desenvolver esse conhecimento e levar essa bagagem comigo para a futura vida profissional. O outro aspecto considerado foi a vontade e a necessidade de abordar uma questão considerada problemática nas cidades, em especial na realidade brasileira. E, abrangendo essas duas reflexões, o amadurecimento de que tipo de profissional eu quero ser e qual a contribuição que eu posso trazer para a sociedade a partir da minha formação.
1.2.1. OBJETIVO GERAL
Antes mesmo de escolher a carreira de arquiteta e urbanista, sempre fui apaixonada pela vida urbana. A cidade como o lugar da troca, onde você pode ter contato com pessoas diferentes e realidades opostas é para mim, assim como expõe Glaeser (2011), uma das grandes invenções humanas. Esse fascínio pela diversidade nas cidades, pelos contrastes urbanos, me motivou ao longo da graduação e me leva também agora a abordar esse tema neste trabalho. Porém, é importante ressaltar que os contrastes urbanos têm seu lado negativo e isso ocorre quando estão associados à desigualdade de acesso às oportunidades na cidade, sendo expressos, entre outras formas, através da segregação espacial. Portanto, é necessário pensar de que forma a configuração de nossas cidades e as articulações entre as suas partes estão permitindo ou não uma real experiência de vivência urbana e trocas entre seus habitantes. E, a partir dessa realidade, a importância de propostas arquitetônicas e urbanísticas socialmente conscientes. O Trabalho de Conclusão de Curso apresentado neste caderno seguiu um processo que partiu da reflexão acerca dos contrastes e margens na cidade, em paralelo ao lançamento de propostas para uma área macro localizada ao sul do Maciço do Morro da Cruz (Florianópolis). Após a compreensão local, foi eleito um recorte para aprofundamento e dois trechos para detalhamento. Espera-se que este trabalho contribua na discussão em busca de cidades mais justas, humanas e apropriadas.
Propor a qualificação urbanística local, aliada à busca da ampliação das possibilidades de articulação desta área com o resto da cidade.
a desenvolver paralelamente as propostas gerais considerando as peculiaridades do lugar. Para o entendimento da realidade local, a metodologia contou com visitas exploratórias, observações participantes, entrevistas narrativas e poema dos desejos.
1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Etapa 3 - Detalhamento da proposta: lançamento de propostas de intervenção com enfoque em um recorte e confecção dos materiais escritos e gráficos para a comunicação das ideias.
• Identificar a realidade, as necessidades e os desejos da comunidade; • Compreender as peculiaridades do sítio e do seu processo histórico de ocupação; • Perceber de que forma a área de estudo insere-se no contexto de Florianópolis, bem como as relações que estabelece ou não com o resto da cidade; • Entender e refletir acerca de temas como o direito à cidade, barreiras, conexões, vitalidade urbana e segregação socioespacial; • Explorar possibilidades de melhoria da infraestrutura existente e de implementação de novas medidas que possam qualificar a vivência no meio urbano.
1.3. METODOLOGIA E ETAPAS O desenvolvimento deste trabalho contou com uma abordagem multimétodos e pode ser dividido em três etapas, que estão apresentadas a seguir: Etapa 1 - Aproximação com o tema e área: reflexão acerca dos temas “contrastes urbanos” e “margens” por meio de revisão bibliográfica e percepção do ocupação do Maciço do Morro da Cruz como uma expressão espacial desta realidade em Florianópolis. Busca do entendimento desta área a partir do estudo de sua localização no contexto da cidade, aspectos demográficos e histórico do lugar. Percepção da morfologia de ocupação através da análise e elaboração de mapas com o programa QGIS e percepções empíricas. Etapa 2 - Enfoque em um recorte e lançamento de diretrizes: após o estudo geral do Maciço, enfoque na sua porção sul de forma
1.4. ESTRUTURA Este caderno está estruturado em oito capítulos, conforme descrito abaixo: 1. Apresentação - introduz o tema abordado e a área estudada, os objetivos da proposta, a forma de desenvolvimento deste trabalho e uma visão geral do conteúdo a ser apresentado neste caderno. 2. Contrastes e Margens - discussão acerca de contrastes e margens na cidade com a apresentação do embasamento teórico. 3. O Lugar - estudo da área ao sul do Maciço do Morro da Cruz, que abrange as ocupações do Morro do Mocotó, Queimada, Jagatá e do bairro José Mendes. 4. Propostas Gerais - propostas de intervenção para a área apresentada no capítulo 3 de acordo com os estudos expostos anteriormente. 5. Ensaio sobre as Margens - ambientação das propostas gerais através de um recorte que busca trabalhar as margens. 6. Considerações Finais - apresenta as reflexões ao fim deste processo. 7. Referências - referências bibliográficas e projetuais. Lista da bibliografia utilizada ao longo do processo e referenciada neste caderno, além da exposição de exemplos de intervenções em áreas similares, com a indicação de quais aspectos são considerados relevantes em cada projeto apresentado. 8. Apêndices - contém o registro fotográfico do desenvolvimento do trabalho em maquete e croquis de visitas exploratórias, observações participantes e do processo de criação.
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2. CONTRASTES URBANOS A palavra contraste refere-se à noção de oposição, de diferença entre duas partes. Quando se tratando de contrastes urbanos, essas diferenças se expressam nos diversos cenários encontrados ao nos deslocarmos pelas cidades. O meio urbano é, portanto, um palco de situações contrastantes, onde distintos atores, experiências e ambientes podem ser encontrados e coexistem, harmonicamente ou não. É no espaço público das cidades que estas oposições são compreendidas na sua maior intensidade, a partir da percepção dos “outros” (Figura 1). Segundo Santos (1985), o contato com o aquilo que nos é estranho, com pessoas diversas e realidades diferentes das nossas, coloca em questão dois aspectos: segurança e socialização. Em síntese, o autor expõe que quando nos defrontamos com um “outro”, três situações são possíveis de acontecer: a troca, a evitação ou o conflito. Na troca o contato é reforçado, na evitação a situação é de neutralidade e no conflito há a recusa de uma troca possível. Os três casos ocorrem em conjunto nas relações sociais estabelecidas no meio urbano, sendo reforçados pelas situações contrastantes.
“A rua torna-se, com frequência, o lugar da novidade, do inesperado. Para isso, contribui o fato de ser ela o lugar, por excelência, do outro. Esta categoria se refere ao estranho, o outro na sua forma mais radical, mas se aplica também ao outro concebido e simplesmente como aquele com quem mantemos relações sociais. Essa última característica ressalta-lhe a função de estranhamento.” Santos (1985, p.83)
O Brasil possui diversos contrastes ao longo do seu extenso território, assim como os plurais países latino americanos. Essas diferenças espaciais podem intensificar a relação com o “outro” de maneiras positivas ou negativas. A situação de contraste é positiva quando é sinônimo de diversidade urbana, possibilitando trocas, socialização e aprendizagem com o diferente no meio urbano. Por outro lado, o contraste é negativo quando associado à desigualdade de acesso às oportunidades na cidade, expressando-se através da segregação espacial e sendo, portanto, um caso de negação ou até mesmo conflito entre diferentes contextos dentro da cidade. A seguir, serão discutidos os aspectos positivos e negativos dos contrastes urbanos, além de uma reflexão acerca dos contrastes presentes na cidade de Florianópolis e das margens existentes nas cidades.
Figura 1: o espaço público e os vários “outros” em Florença - Itália. Fonte: acervo pessoal.
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2.1. O CONTRASTE POSITIVO A vitalidade urbana também está diretamente relacionada ao convívio com a diversidade. Jane Jacobs (2000) ressalta a importância dos “estranhos” para animar as ruas e dos “olhos da rua” para a manutenção da sensação de segurança nos espaços públicos, o que reforça o estímulo para a utilização desses locais. Assim, diferentes formas de socialização e atividades contribuem para a preservação da vida urbana na dinâmica das cidades.
O lado positivo dos contrastes urbanos expressa-se quando relacionado com a palavra diversidade. Nas cidades, essa diversidade está associada com os vários perfis de usuários, diferentes usos dos espaços, distintas possibilidades de experiências e maneiras de deslocar-se no meio urbano. O conjunto desses diversos fatores, quando coexistindo de forma harmônica e coerente, reforça a sensação da cidade como local de surpresas, novidades e encontros, possibilitando a manutenção da sustentabilidade social nos espaços públicos, como cita Gehl em seu livro “Cidade para pessoas”:
Ao tratarmos do contexto latino americano, podemos afirmar que nossa cidades são diversas, tanto em termos da pluralidade de identidades, quanto em relação às paisagens e cultura de espaços abertos (mercados, praças, ruas). Apesar disso, o que se percebe muitas vezes na contemporaneidade é um aumento do medo em relação ao espaço público, visto como uma ameaça, um lugar potencialmente perigoso, o que gera um sentimento de desconfiança à vivência na cidade.
“A gama de atividades e atores demonstra as oportunidades do espaço público de reforçar a sustentabilidade social. É significativo que todos os grupos sociais, independentemente da idade, renda, status, religião ou etnia, possam se encontrar nesses espaços, ao se deslocarem para suas atividades diárias.”
Segundo Rolnik (2015), estamos vivendo em um mundo cada vez mais murado, evidenciando a dificuldade da sociedade atual em lidar com a complexidade, liberdade e o reconhecimento e respeito à heterogeneidade e diversidade. Ao invés disso, as configurações de nossas cidades muitas vezes demonstram negação e alienação em relação à resolução de conflitos, preferindo isolar os problemas. No próximo tópico, será discutido como isso expressa-se espacialmente, através do aspecto considerado negativo nos contrastes urbanos: a desigualdade representada pela segregação.
Gehl (2010, p.28)
O mesmo autor também discursa acerca da cidade como esse local de encontro, trazendo a questão da oportunidade para trocas democráticas no espaço público, onde as pessoas deveriam ter liberdade para expressarem-se (Figura 2). Além disso, Gehl afirma que ao observar, ouvir, conversar e experienciar com os outros no meio urbano, estamos reunindo informações sobre as pessoas e a sociedade à nossa volta. Essa convivência com as diferenças, com o que nos é estranho, pode levar à reflexão sobre a nossa própria condição e realidade como cidadãos e, a partir disso, a aprender e crescer com o distinto.
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CAPÍTULO 2
Figura 2: encontros e trocas na cidade do Porto. Fonte: acervo pessoal.
2.2. O CONTRASTE NEGATIVO Os contrastes urbanos negativos estão relacionados à desigualdade de acesso às oportunidades na cidade, como o direito a itens básicos à promoção da cidadania: moradia digna, infraestrutura urbana adequada e participação nas atividades que ocorrem no meio urbano (lazer, trabalho, educação, saúde). Isso é expresso nas cidades, principalmente, através da segregação espacial (Figura 3).
Para Villaça (2012), se não compreendermos a segregação espacial que ocorre nas cidades brasileiras, nenhum estudo urbano será satisfatório. Ela é, portanto, a mais importante manifestação espacial-urbana da desigualdade que impera em nossa sociedade. No seu livro “Espaço intra-urbano no Brasil”, Villaça define o conceito da seguinte forma:
“[...] a segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole.” Villaça (2001, p.142)
sim com base nas necessidades sociais. Assim, mostra-se cada vez mais relevante o debate da construção da cidade como a criação da própria cidadania. Isso leva também à discussão da demanda crescente pelo desenvolvimento de projetos socialmente conscientes. Uma iniciativa no sentido de destinar o trabalho dos arquitetos e urbanistas para a parte da população que mais precisa desses serviços foi a criação em 2008 da Lei de Assistência Técnica. Contudo, apesar da relevância dessa medida em termos de buscar uma deselitização da profissão, ela ainda não é amplamente aplicada em nosso país (CAU/BR, 2015). Dados de uma pesquisa realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e pelo Instituto Datafolha mostram que mais de 80% dos brasileiros fazem obras sem auxílio de um profissional com formação para isso. Todas essas questões levam à reflexão de qual é o papel dos arquitetos e urbanistas em meio a tantos contrastes presentes nas cidades. E de que maneira propostas de intervenção podem contribuir na busca por cidades mais justas para a diversidade.
A realidade segregada possui duas infelizes faces: a exclusão imposta e a autossegregação. O primeiro caso afeta as camadas menos favorecidas que, por falta de um planejamento urbano justo, são relegadas a áreas ambientalmente frágeis ou desvalorizadas na forma de assentamentos informais. A segunda situação é uma negação dos conflitos, como já exposto no tópico anterior, resultando nos diversos muros presentes em nossas cidades e sendo a tipologia dos condomínios fechados uma forma de materialização dessa realidade. Para Maricato (2001), esse panorama é o reflexo de uma sociedade desigual, autoritária e baseada em relações de privilégio e arbitrariedade, que acaba reproduzindo cidades com essas mesmas características e conformando o espaço urbano como um campo de lutas e conquistas.
Figura 3: as diversas camadas urbanas e segregação espacial no Rio de Janeiro. Fonte: acervo pessoal.
Essa produção social do espaço já vem sendo discutida desde 1968 por Henri Lefebvre no seu livro “O direito à cidade”, onde o filósofo e sociólogo francês também questiona o acesso democrático à vida urbana. Essa discussão ainda ocorre até os dias de hoje, através de nomes como David Harvey (2013), dando continuidade à luta por uma mudança do pensar a cidade não mais a partir de necessidades exclusivamente econômicas, mas
CONTRASTES E MARGENS
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2.3. CONTRASTES EM FLORIANÓPOLIS Florianópolis apresenta uma situação de ocupação bem particular, visto que grande parte de seu território está situada em uma ilha. Associado a este fator condicionante da sua expansão urbana, vale ressaltar o fato que cerca de 42% da porção insular 189,42 km2 - são áreas de preservação permanente (REIS, 2011), o que reforça ainda mais as particularidades desta cidade. Em paralelo a essa realidade geográfica, a dinâmica de crescimento urbano está fortemente associada com onde e por qual razão os investimentos do poder público em infraestrutura foram feitos, como demonstrou Sugai (2015). O forte eixo de valorização na cidade concentra-se na porção central, ao longo da Avenida Beira Mar, e em direção às praias do norte da ilha (Figura 5). Isso está relacionado, como pode ser observado no mapa da Figura 4 ao lado, a uma maior concentração da população de alta renda nessa áreas valorizadas dentro da porção insular e, como consequência, com um ciclo contínuo de investimentos nesses mesmo locais. Em contraponto, houve um rápido crescimento sem a mesma proporção de qualificação de infraestrutura urbana no continente, onde também está localizada a maior parte da periferia pobre da metrópole.
Figura 5: Jurerê Internacional, bairro localizado na área de praias ao norte da ilha. Fonte: <http://www.steinhaus.com.br/images/jurere/grande/foto4.jpg> acesso em 28/11/2015.
As porções ocupadas por comunidades de baixa renda dentro da ilha estão muitas vezes associadas a áreas ambientalmente frágeis como encostas, locais alagadiços e dunas. Esses locais acabam sendo ocupados por propiciarem fácil acesso a importantes equipamentos da cidade, serviços e oportunidades de trabalho, mesmo tratando-se de áreas de riscos como deslizamentos ou enchentes. Um desses casos é a ocupação do Maciço do Morro da Cruz (Figura 6), localizado no centro da ilha e, portanto, próximo a várias oportunidades que a centralidade proporciona. Devido à importância da localização desse maciço no contexto de Florianópolis, do seu processo histórico de provisão habitacional informal na região central e das peculiaridades do seu sítio, percebeu-se essa área como um realidade na cidade com grande relevância de ser analisada. O estudo da ocupação Figura 4: concentração populacional por extremos de renda no ano de 2010 na região que abrange os municípios de Florianópolis, São José, Biguaçu e do Maciço do Morro da Cruz, com enfoque na sua porção sul, Palhoça. Fonte: SUGAI (2015). será apresentado no capítulo 3.
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CAPÍTULO 2
Figura 6: vista da Avenida Beira Mar Norte e do Maciço do Morro da Cruz. Fonte: <http://www.ruy-machado.com.br/imgs/ exposicao/46c2b7754605e263150bfa1c1ca8942a.jpg> acesso em 28/11/2015.
2.4. AS MARGENS Se o contraste é a oposição, a diferença entre partes, essa dualidade pressupõe a existência de um momento onde ocorre a mudança entre estas realidades: a margem. Margens, fronteiras, bordas, limites, contornos, barreiras constituem portanto espaços de transição, lugares intermediários entre espacialidades e situações que não são iguais, mas também não necessariamente são opostas entre si. Nas cidades, as margens podem estar fisicamente expressas através de elementos como o muro exemplificado na Figura 7 ao lado. Este muro foi construído pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro ao longo da Linha Amarela, demarcando um limite claro entre a via expressa e a comunidade da Maré, e isolando fisicamente, visualmente e socialmente esta população do resto da cidade, apesar dos argumentos de que a construção deveu-se a motivos de segurança e conforto acústico.
“O espaço urbano está atravessado por bordas que demarcam áreas diferentes, gerando separações e suturas. As bordas da cidade põem em dúvida o sentido mesmo do espaço público que se pressupõe fisicamente contínuo e social e culturalmente universal. As bordas atualizam, expressam e significam diferentes espacialidades e temporalidades da cidade. Estas alternâncias e variações definem não só uma característica do espaço público da cidade contemporânea como também uma de suas problemáticas mais agudas: a da cisão, a segregação, a interrupção da cidade como totalidade sistêmica [...]. Em tal sentido as bordas físicas da cidade se associam metafórica ou literalmente com fronteiras, margens, limites, passagens, transições, umbrais, etc. Cada um destes termos confere matizes e qualidades ao conceito inicial.” Arroyo (2007, p.1)
As margens podem ser também entendidas num sentido mais abstrato, como barreiras simbólicas que implicam em “estar à margem” de algo. No meio urbano, o “estar à margem” do direito à cidade está diretamente relacionado ao contraste negativo e à segregação espacial, tópicos expostos anteriormente no item 2.2. Segundo Arroyo (2007), é precisamente na margem que se avivam os conflitos físicos, sociais, materiais e simbólicos da cidade contemporânea, que se reconhece cindida, descontínua e heterogênea. O mesmo autor também afirma que isso implica em um meio urbano desarticulado socialmente, ambientalmente e paisagisticamente, e que é necessário apostar na recuperação de uma boa vida pública das cidades, reconhecendo as bordas. Com essas inquietações a respeito dos contrastes e das margens nas cidades parto para o estudo mais aprofundado de uma área na cidade de Florianópolis localizada ao sul do Maciço do Morro da Cruz e com a vontade de explorar maneiras de trabalhar essas margens físicas e/ou simbólicas existentes.
Figura 7: muro instalado ao longo da Linha Amarela na cidade do Rio de Janeiro. Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_mK1mDspTh-Y/TNVeu5X4HWI/ AAAAAAAALmQ/ar_v38OXLW4/s1600/1.JPG> acesso em 13/06/2016.
CONTRASTES E MARGENS
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3. O LUGAR Em paralelo às leituras e reflexões expostas no capítulo anterior, voltou-se o olhar ao Maciço do Morro da Cruz como um todo*, posteriormente optando-se pelo enfoque em uma porção de maneira a desenvolver as diretrizes gerais considerando as peculiaridades do lugar em relação às especificidades do sítio, da comunidade local e dinâmica com o entorno. A área escolhida como foco está localizada na porção sul do maciço e abrange as comunidades do Mocotó, Queimada, Jagatá, Prainha e José Mendes, tendo proximidade também com a região central e com o bairro Saco dos Limões (Figura 8). A justificativa para essa escolha deve-se à diversidade de realidades urbanas encontradas no lugar (ocupações em Zona Especial de Interesse Social, áreas residenciais consolidadas, faixas de preservação ambiental, túnel, aterros e equipamentos de importância pública como hospitais) e também devido ao envolvimento com algumas iniciativas locais (que serão apresentadas no item 3.6.).
BRASIL
A metodologia para a busca do entendimento da realidade local contou com os seguintes métodos: visitas exploratórias, observações participantes, entrevistas narrativas e poema dos desejos, que serão explicados no item 3.7. deste capítulo. A seguir será apresentada a análise do lugar, com estudos sobre seu processo histórico de ocupação, cheios e vazios, gabaritos, usos, plano diretor e acerca da população local. Os dados obtidos baseiam-se tanto nos métodos apresentados acima, quanto em pesquisas em material bibliográfico.
SANTA CATARINA
QUEIMADA MOCOTÓ
SACO DOS LIMÕES
JAGATÁ CENTRO
PRAINHA * O estudo completo realizado acerca do Maciço do Morro da Cruz, também conhecido como Maciço Central de Florianópolis, consta em outro caderno elaborado durante a “Introdução ao Trabalho de Graduação” (desenvolvido ao longo do segundo semestre de 2015). De forma a não deixar a leitura deste presente caderno muito extensa e de maneira a manter o foco na área relativa às propostas de intervenção, esta parte foi aqui ocultada, mas a autora disponibiliza-se a fornecer o material completo em caso de interesse na pesquisa. Na busca do entendimento do maciço, além do estudo da sua localização no contexto da cidade e do seu processo histórico de ocupação, foram analisados também aspectos demográficos, socioeconômicos, ambientais, morfológicos e relativos à legislação.
FLORIANÓPOLIS
JOSÉ MENDES
Figura 8: vista aérea da porção sul do Maciço do Morro da Cruz. Fonte: elaborada pela autora a partir do Google Earth.
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3.1. HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO O processo de ocupação desta porção do maciço esteve diretamente relacionado com algumas obras que ocorreram em outras partes da cidade e no seu entorno mais próximo. A área denominada “Morro do Mocotó”, também conhecida como “Morro do Governo”, começou seu processo de ocupação no ano de 1900, ou seja, cento e dezesseis anos atrás. Foi, portanto,uma das primeiras áreas de ocupação da cidade (ACAM, 2015). Contudo, só a partir de 1984 teve acesso à titulação legal da terra, após um processo de constantes ameaças de despejo tanto do Exército como do Hospital de Caridade, que possuem terrenos na área. A origem do nome Morro do Mocotó está relacionada a um dos primeiros grupos de habitantes da área: as exlavadeiras que trabalhavam no rio da Bulha. Com as obras sanitaristas e a construção da Ponte Hercílio Luz na década de 20, houve a expulsão dessas lavadeiras do leste do centro para os morros, onde estas passaram a cozinhar para os operários da construção da ponte e o prato principal era o “Mocotó”.
1957
1938 X 740.774
0
250 m
X 740.269
0
250 m
0
250 m
A construção do hospital de caridade no final do século XVIII também contribuiu com a ocupação do local, visto que muitos operários que auxiliaram nas obras acabaram por habitar a encosta das imediações. A ocupação do bairro José Mendes, por outro lado, foi mais lenta. No fim do século XIX, havia somente três propriedades no local. Teve um crescimento acentuado no século XX principalmente por ser a via de ligação entre a região central e o sul da Ilha de Santa Catarina. Contudo, a inauguração do Túnel Antonieta de Barros em 2002 fez com que o bairro perdesse importância comercial, tornando majoritariamente residencial. As construções dos grandes aterros próximos à área estudada, o primeiro no começo da década de 1970 (Figura 9), também alteraram com bastante intensidade tanto a morfologia local como a articulação desta porção com o resto da cidade, visto que suas margens passaram de mar para uso principalmente viário.
1994
1977 X 740.429
2002
0
250 m X 740.429
2012 X 740.414
Figura 9: fotos do processo histórico de ocupação da área. Fonte: elaborada pela autora a partir de imagens do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis.
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CAPÍTULO 3
0
250 m
3.2. CHEIOS E VAZIOS No mapa ao lado, em preto estão representados os cheios (edificações) e em branco os vazios (áreas abertas). Em relação às partes edificadas da área, é possível identificar com clareza a localização das ocupações nas cotas menos e mais elevadas do maciço, além das diferenças entre a disposição das construções e parcelamento do solo entre essas duas partes. Nota-se que nas elevações mais baixas, próximas a ligações de importância na hierarquia do sistema viário, a ordenação é em geral regular, reticulada, as edificações tendem a serem maiores e é possível identificar facilmente nos vazios a localização das vias e a demarcação das quadras. Em direção ao topo do morro, onde em geral ocorreu um processo de ocupação informal, a disposição das construções tende a ser irregular, fragmentada, orgânica, com grãos menores, não se identificando claramente vazios referentes a vias e quadras como na outra porção. Vale destacar uma exceção no topo do morro, onde existe uma ocupação com traçado bastante regular, referente a obras públicas realizadas no local.
ESCALA 1:5000
Os vazios do mapa referem-se às grandes áreas de massa vegetal, áreas de preservação (Reserva Particular do Patrimônio Natural Menino Deus no terreno do Hospital de Caridade), os aterros do entorno e o mar. As vias, em especial as que contornam a orla do bairro José Mendes, também compõem uma importante parcela de vazios nas áreas de ocupação formal.
Figura 10: cheios e vazios da porção sul. Fonte: elaborada pela autora com o programa QGIS, a partir de dados do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (2015).
O LUGAR
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3.3. NÚMERO DE PAVIMENTOS Este mapa, assim como o do item 3.4. que será apresentado a seguir, foi confeccionado com base nos dados de loteamento fornecidos pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis. Quando esta informação não foi disponibilizada, no caso dos assentamentos em Zona Especial de Interesse Social, a análise foi feita por manchas de áreas com caracterítiscas semelhantes, classificada com o aspecto predominante do conjunto e seus limites são apresentados em tracejado nos mapas. Em relação ao mapa ao lado, observa-se que o gabarito predominante está na faixa de 1 até 2 pavimentos. Isto está diretamente relacionado com a topografia local, pois a maior parte da área analisada consiste em encostas do maciço, limitando a construção em altura, e também como consequência do seu processo histórico de ocupação apresentado no item anterior. Alguns lotes localizados na base do maciço possuem números de pavimentos mais elevados e em algumas situações dimensões também maiores.
ESCALA 1:5000 LEGENDA: (número de pavimentos)
Vale ressaltar que existe um proporção significativa de lotes com gabarito 0 na área, relativos em alguma situações a lotes sem uso, como será exposto no item a seguir.
0 1-2 3-5 6 ou mais
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CAPÍTULO 3
Figura 11: número de pavimentos da área. Fonte: elaborada pela autora com o programa QGIS, a partir de dados do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (2015).
3.4. USOS O mapeamento de uso do solo demonstrou a predominância do uso residencial na maior parte da área, o que evidencia o papel desse local num processo histórico de fornecimento habitacional na porção central de Florianópolis. Ao longo das principais vias do sistema viário que circundam a encosta, ocorre uma diversificação de usos incluindo, além do residencial, uso comercial, serviços, religioso, alguns usos mistos e instituições públicas (Centro de Saúde Prainha e Escola de Ensino Básico Jurema Cavallazi). Existe um lote de uso industrial na porção sul do maciço, referente à antiga fábrica da Coca-Cola. Esse espaço em 2015 foi utilizado como sede da mostra Casa Cor e há previsão de implantação de uma Escola Sesc no local. Vale ressaltar ainda que existem alguns terrenos sem uso na área analisada, muitos deles abrangendo áreas de preservação.
ESCALA 1:5000 LEGENDA: residencial comercial misto serviços público industrial religioso sem uso
Figura 12: usos da área. Fonte: elaborada pela autora com o programa QGIS, a partir de dados do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (2015).
O LUGAR
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3.5. PLANO DIRETOR Como pode ser observado no mapa ao lado, nesta área há a predominância de parcelas de APP (Área de Preservação Permanente), ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e ARP (Área Residencial Predominante), com essas zonas do plano diretor dividindo limites comuns, num processo potencialmente conflituoso entre expansões urbanas e preservação ambiental. Ainda há áreas de APL-E (Área de Preservação de Uso Limitado - Encosta) na parte leste da grande mancha de APP presente no local. Ao longo das principais vias que contornam a base do morro encontram-se zonas de ARM (Área Residencial Mista) e pontualmente de ACI (Área Comunitária/ Institucional). Também de maneira potual existem partes de AMC (Área Mista Central) próximas às áreas aterradas. As grandes parcelas de AVL (Área Verde de Lazer) presentes no local referem-se aos aterros e à Ponta dos Limões. ESCALA 1:5000 LEGENDA: ACI AMC APL - E APP ARM ARP AVL ZEIS
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CAPÍTULO 3
Figura 13: plano diretor da porção sul. Fonte: elaborada pela autora com o programa QGIS, a partir de dados do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (2015).
3.6. A ESCALA HUMANA O bairro definido oficialmente pela prefeitura como José Mendes ocupa praticamente a totalidade da área analisada e é o menor em extensão territorial da cidade segundo dados do IBGE (2010), com 3.385 moradores. O Censo de 2010 também demonstrou que a população masculina na área representa 1.653 habitantes, enquanto a população feminina é de 1.732 habitantes. Ou seja, existem mais mulheres do que homens sendo a população composta de 51,17% de mulheres e 48,83% de homens. A força feminina na área é intensa, começando com a própria origem do nome Morro do Mocotó, relacionado às cozinheiras do morro (Figura 14) e ao empoderamento feminino no sentido de transformar o prato em um símbolo do lugar (GONÇALVES, 2013). Outra importante figura feminina na história local foi a pintora Valda Costa, uma artista afrodescendente considerada autodidata (LINS, 2008) e que retratou em suas obras o cenário do morro (Figura 16). Outro fato que reforça a importância do papel das mulheres na área são alguns dados expostos pela Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM, 2015). Das 378 famílias presentes na comunidade, 40,7% são dirigidas por chefes do sexo feminino. Um terço (39,9%) destas famílias é dirigida por chefes que não têm companheiro(a) e, dentro deste panorama, 72,1% de mulheres que dirigem, sem parceiros, suas respectivas famílias. A ACAM é um organização não governamental dentro do Instituto Padre Vilson Groh que tem papel marcante na área, com iniciativas como Mocotó em Cena (Figura 16), o projeto Mocotó Cor (multirão para pintura de casas na comunidade e outras melhorias no local como limpeza do lixo nas ruas, construção de parque infantil, alocação de corrimãos, placas de identificação das ruas e incentivo à arte urbana por moradores locais).
Figura 14: mulheres da comunidade cozinhando mocotó. Fonte: retirado do documentário “Mocotó do Morro”. Disponível em <https://www.youtube. com/watch?v=QGEVh2OQkys> acesso em 16/12/2015.
Figura 15: “Morro”, 1979. Fonte: <http://www.masc.sc.gov.br/arquivosSGC/ CAT_Acervomasc-0469.jpg> acesso em 16/12/2015.
Figura 16: apresentação de final de ano no Teatro Álvaro de Carvalho. Fonte: acervo pessoal.
Figura 17: celebração da Protegidos da Princesa. Fonte: <http://wp.clicrbs. com.br/partiucarnaval/files/2014/03/festa7.jpg> acesso em 16/12/2015.
Figura 18: pescador na orla do bairro José Mendes. Fonte: acervo pessoal.
Figura 19: detalhe em cerâmica em um muro local. Fonte: acervo pessoal.
É importante ressaltar também o alto índice de população jovem presente (segundo o IBGE, 21,5% na faixa etária de 0-14 anos), o que justifica também outra iniciativa local da qual faço parte: o projeto voluntário independente Curta no Morro, que trabalha com a exposição de curtas infantis no centro comunitário e posterior debate acerca de temas relacionados aos filmes com as crianças. Vale também lembrar que a a mais antiga escola de samba da cidade, a bicampeã Protegidos da Princesa, teve sua origem no Morro do Mocotó (Figura 17). Por fim, é importante destacar algumas práticas da herança portuguesa presentes principalmente ao longo da orla do bairro José Mendes como a pesca e a cerâmica (Figuras 18 e 19).
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3.7. BUSCA DO ENTENDIMENTO DA REALIDADE LOCAL
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho buscou-se o entendimento da realidade local através de uma abordagem multimétodos que contou com visitas exploratórias, observações participantes, entrevistas narrativas e poema dos desejos. Estes métodos estão explicados abaixo, bem como de que maneira foram aplicados ao longo do processo. a) visitas exploratórias: o objetivo da visita exploratória é o levantamento das características do espaço. Segundo Ornstein (1992), o método possibilita a percepção de aspectos positivos e negativos da área em estudo. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho foram realizadas visitas que permitiram primeiras análises do local e posteriormente aprofundar ou checar informações sobre a área. Durante as visitas foram feitos levantamentos de dados, fotografias e a elaboração de croquis de forma registrar as percepções. b) observações participantes: a observação participante pressupõe a interação pesquisador/pesquisado e as informações obtidas, as respostas que são dadas às indagações, dependerão do seu comportamento e das relações que desenvolve com o grupo em estudo (WHYTE, 2005). O método consiste portanto em uma pesquisa de campo, onde o modo de pesquisar coloca o pesquisador no meio da comunidade que está estudando, obtendo as informações empiricamente. Neste trabalho, essa inserção na comunidade deu-se através da participação em trabalhos voluntários e eventos artísticos. c) entrevistas narrativas: durante as visitas exploratórias e as observações participantes apresentadas acima, foram aplicadas entrevistas aqui chamadas de narrativas por basearem-se na experiência desenvolvida por Kapp et al (2012). Trata-se de perguntas abertas, de caráter informal, com pessoas de diferentes sexos e idades, onde o entrevistado é estimulado a narrar como produz e experimenta seu espaço cotidiano. Evita-se perguntas avaliativas ou opiniões, como “o transporte público é bom?”. Ao invés disso, tenta-se perceber questões do dia a dia a partir do discurso do entrevistado. d) poema dos desejos: método desenvolvido por Henry Sanoff que consiste em solicitar aos usuários de um determinado local que descrevam através de desenhos ou palavras como seria o ambiente ideal para eles. O poema dos desejos é um método indicado para a utilização em projetos participativos (SANOFF, 1993) e neste trabalho o seu grupo foco foram crianças, devido à sua alta capacidade de imaginação e de sonhar, além da proximidade que a participação no projeto Curta no Morro permitiu para a sua aplicação. Em um dos eventos de exibição de curtas, foi elaborado um “painel dos sonhos” (Figura 20). Foi pendurada em uma das paredes do centro comunitário uma grande folha de papel e disponibilizados pinceis, tintas, lápis de cor e giz de cera para as crianças, pedindo que elas ali registrassem qual era o seu sonho para a comunidade/como queriam que seu bairro fosse. Mais do que o resultado gráfico do painel em si, a maior relevância desta atividade foi poder interagir com as crianças enquanto elas registravam suas ideias, usando o desenho como meio para conversar. Alguns detalhes que chamaram atenção neste painel são expostos na Figura 20 ao lado.
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CAPÍTULO 3
Figura 20: “painel dos sonhos” elaborado em um dos eventos do projeto Curta no Morro e alguns detalhes destacados. Da cima para baixo: o registro de uma menina sobre a ponte Hercílio Luz e as “suas estrelas” à noite, a vontade de uma criança por um lugar com sol e que possa jogar futebol, e o sonho de um menino por lugar bem colorido e com animais. Fonte: acervo pessoal.
É importante neste ponto fazer uma reflexão acerca dos ensinamentos adquiridos com as experiências aqui apresentadas. Primeiramente, vale ressaltar a relevância da vivência no local, que possibilitou a percepção de aspectos intangíveis por meio de mapas ou referências bibliográficas como a relação com a paisagem (como a Ponte Hercílio Luz registrada no poema dos desejos, a possibilidade de visualização dos desfiles na passarela Nego Quiridu a partir do topo do morro durante a época do carnaval), a forte apropriação da rua (crianças empinando pipas, churrascos nos finais de semana, conversas ao longo dos muros e soleiras das casas), as dificuldades encontradas no dia a dia (esforço na subida do morro, a convivência com situações de violência, carência de aspectos básicos para um viver digno) e a importância do esporte, principalmente do futebol, como meio de integração e socialização. O envolvimento com o Projeto Curta no Morro possibilitou um contato mais próximo com a população local, principalmente crianças e mães, o que também me influenciou a atentar para o modo com as cidades são vivenciadas de maneiras diferentes por estes públicos. Esta experiência me fez atentar também para a dificuldade de acesso ao lazer que famílias com poder aquisitivo menor encontram, o que ressalta a importância de iniciativas como esta e a necessidade de buscar mais possibilidades para que a população local tenha direito a momentos de ócio e recreação.
3.8. SÍNTESE
Ao final desta análise sobre o lugar, é relevante retomar e sintetizar alguns dos principais pontos aqui abordados e outros compreendidos através de percepções empíricas por meio de uma tabela de aspectos considerados positivos e negativos na área (Tabela 1 abaixo). Nos próximos capítulos serão apresentadas propostas para o lugar, assim como os princípios de intervenção e diretrizes que guiaram essas preposições. É importante destacar que foram utilizados como base para isso tanto as reflexões expostas no capítulo 2 como os estudos apresentados neste capítulo.
Figura 21: foto panorâmica do lugar. Fonte: acervo pessoal.
POSITIVOS
NEGATIVOS
POTENCIAL PAISAGÍSTICO (distintas conexões visuais que a localização em encosta proporciona, paisagem ao longo da orla);
SEGREGAÇÃO ESPACIAL (isolamento da área como um todo após a criação do túnel e das grandes avenidas no aterro, bem como da população em área de ZEIs no topo da encosta);
POTENCIAL NATURAL (ainda há a presença de mata nativa que cria uma microambiência agradável);
ESTIGMAS (morro vinculado pejorativamente a um lugar de violência e pobreza);
POTENCIAL CULTURAL (manifestações culturais existentes como as apresentadas no item 3.6.);
PROBLEMAS DE CONECTIVIDADE (dificuldade de acesso devido ao esforço do deslocamento em área de encosta, falta de conectividade entre ruas - o que dificulta os percursos e o encontro entre os moradores);
POTENCIAL HISTÓRICO (ocupação antiga do local, sendo um lugar de relevância histórica para a cidade);
INFRAESTRUTURA URBANA PRECÁRIA OU INEXISTENTE EM CERTOS PONTOS (problemas relativos a questões como mobilidade, saneamento, entre outros);
URBANIDADE NAS COMUNIDADES (intensa apropriação da rua); POSSIBILIDADE DE SER UM BAIRRO CAMINHÁVEL E UTILIZADO POR CICLISTAS (ciclável ao longo da base da encosta, bastante percorrido pela polulação local a pé); PROXIMIDADE COM LUGARES DE IMPORTÂNCIA NA CIDADE (região central, bairro Saco dos Limões, Trindade).
SUBVALORIZAÇÃO DA PAISAGEM (potencial paisagístico da área subaproveitado, falta de pontos com estrutura adequada para contemplação); DESRESPEITO À NATUREZA (poluição do mar, obras que desconsideram o perfil natural do sítio); RISCOS DE DESLIZAMENTOS (ocupação de áreas geologicamente instáveis e de grande declividade).
Tabela 1: síntese dos aspectos positivos e negativos do lugar. Fonte: elaborada pela autora.
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4. PROPOSTAS GERAIS 4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA PROPOSTA Neste capítulo serão apresentadas as propostas gerais para a porção sul do Maciço do Morro da Cruz apresentada no capítulo anterior. Como demonstrado no mapa abaixo*, a delimitação da área de intervenção geral baseou-se no limite da bacia hidrográfica estabelecido pela prefeitura, assim como recomendado por Afonso (1999). Devido à grande extensão desta bacia, foi necessário estabelecer um limite ao norte considerando equipamentos que possuem relação direta com o resto da área em estudo: Passarela Nego Quirido (A), Creche Celso Ramos (B) e Hospital de Caridade (C). A área demarcada em cor laranja no mapa abaixo refere-se a um recorte eleito para detalhamento, que será apresentado e explicado no capítulo 5 A
B
4.2. PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO E DIRETRIZES Abaixo estão expostos os princípios de intervenção e as diretrizes a eles associadas, que nortearam tanto as propostas gerais para a área a serem apresentadas neste capítulo, como também a proposta para o recorte que será exposto no capítulo 5. POSSIBILITAR CONEXÕES (FÍSICAS, SOCIAIS, VISUAIS); QUALIFICAR A INFRAESTRUTURA URBANA LOCAL; BUSCAR O DIREITO À CIDADE;
TRATAR AS ÁREAS DE RISCO AO DESLIZAMENTO; CONSIDERAR A TOPOGRAFIA E A BACIA HIDROGRÁFICA COMO PONTOS DE REFERÊNCIA NO PLANEJAMENTO;
C
RESPEITAR O SÍTIO;
VALORIZAR A PAISAGEM E A NATUREZA; DAR PREFERÊNCIA PARA O PEDESTRE NO DESENHO URBANO;
PRIORIZAR A ESCALA HUMANA;
PROPOR OUTROS MODOS DE TRANSPORTE (BICICLETA, FUNICULAR, VAN); ARTICULAR AS INTERFACES DAS EDIFICAÇÕES E LOTES COM O ESPAÇO PÚBLICO (RETIRADA DE MUROS E CRIAÇÃO DE INTERFACES DE CONTATO);
CONSIDERAR A IGUALDADE DE GÊNEROS;
BUSCAR ESPAÇOS URBANOS MAIS SEGUROS E ACESSÍVEIS PARA TODOS, ATENTANDO PARA NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA MULHER;
LOCALIZAÇÃO DA BACIA
Fonte: Geoprocessamento da Prefeitura de Florianópolis (2015)
VALORIZAR O POTENCIAL HUMANO LOCAL: CONVÍVIO NA RUA, EXPRESSÕES CULTURAIS;
INCORPORAR A PERCEPÇÃO DA CRIANÇA NA CIDADE. 0
100
200
300
LIMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA PARA AS PROPOSTAS GERAIS LIMITE ESTABELECIDO AO NORTE PARA AS PROPOSTAS GERAIS
CIDADE MAIS LÚDICA E INTERATIVA, CONSIDERANDO A ESCALA DA CRIANÇA.
Nos tópicos a seguir serão apresentadas as propostas gerais, que buscam qualificar aspectos carentes ou deficitários na área de acordo com os seguintes temas: mobilidade, equipamentos, espaços abertos, paisagem, moradia, água, saneamento, lixo, iluminação e propostas para as principais vias.
RECORTE ENSAIO SOBRE AS MARGENS (VER CAPÍTULO 5) *Neste capítulo, quando não houver indicação de legenda, significa que a imagem foi produzida ou fotografada pela autora.
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4.3. PROPOSTA MOBILIDADE Para uma melhor compreensão da proposta para a mobilidade na área (mapa da página 25 a seguir), é necessário primeiramente discorrer acerca da situação atual. Como pode ser observado no mapa de análise “Situação Atual Estrutura Viária” ao lado, há uma predominância de vias locais, que muitas vezes desdobram-se em travessas ou escadas no topo do morro. Foram consideradas algumas vias como principais por serem importantes conexões e possuírem fluxos significativos de pedestres (como demonstrado no mapa “Situação Atual Fluxos e Pontos Atratores), como a via que contorna a orla do bairro José Mendes e ligações entre o topo do morro e a base da encosta. Estas muitas vezes estão dispostas de maneira extroversa (classificação Mascaró/2005), as quais desconsideram que o sistema viário é um importante canal de escoamento das águas pluviais e dificultando o deslocamento dos pedestres. É importante ressaltar que as vias expressas presentes na área, assim como o túnel, também são barreiras à acessibilidade pelo pedestre, priorizando o carro.
SITUAÇÃO ATUAL ESTRUTURA VIÁRIA
LEGENDA SITUAÇÃO ATUAL ESTRUTURA VIÁRIA: VIAS EXPRESSAS VIA EXPRESSA - TÚNEL ANTONIETA DE BARROS VIAS PRINCIPAIS VIAS LOCAIS TRAVESSAS E ESCADAS PONTOS DE ÔNIBUS LEGENDA SITUAÇÃO ATUAL FLUXOS: PREDOMINANTE PEDESTRES CAMINHO CRIANÇAS ESCOLA-CASA/CASA-ESCOLA EQUIPAMENTO EDUCACIONAL
A proximidade do local com áreas que dispõem de grande variedade de serviços, instituições e oportunidades de emprego (região central, bairro Saco dos Limões) possibilita muitas vezes que a população não dependa do transporte público nos deslocamentos diários. Associado a isso está também o fácil acesso à rede de transportes que o local apresenta em seu entorno (proximidade com o terminal, linhas que passam pela base da encosta). Contudo, como apresentado no mapa “Situação Atual Fluxos e Pontos Atratores” ao lado, a única conexão por transporte público até o topo da encosta é a linha Morro da Queimada, que possui uma periodicidade de hora em hora, sendo ainda mais escassa nos finais de semana e feriados, justamente quando a população local teria mais tempo livre para acessar atividades em outra partes da cidade. É importante ressaltar também que a dimensão do ônibus impossibilita que o mesmo acesse as áreas de travessas locais.
PEQUENO MERCADO BAR/LANCHONETE 0
100
200
300
CICLISTAS LINHAS DE ÔNIBUS QUE ATRAVESSAM O TÚNEL
SITUAÇÃO ATUAL FLUXOS E PONTOS ATRATORES
LINHAS DE ÔNIBUS QUE ATENDEM O BAIRRO JOSÉ MENDES LINHA DE ÔNIBUS MORRO DA QUEIMADA LEGENDA PROPOSTA MOBILIDADE (página ao lado): QUALIFICAÇÃO DA ORLA DO BAIRRO JOSÉ MENDES COM PRIORIDADE PARA PEDESTRES E CICLISTAS* TRAJETO POR VAN/MICRO ÔNIBUS PONTOS DE ÔNIBUS EXISTENTES
Vale destacar também o considerável fluxo de ciclistas ao longo da via que contorna a orla do bairro José Mendes, mesmo sem a presença de ciclovia ou ciclofaixa atualmente.
NOVOS PONTOS DE VAN PONTOS DE ALUGUEL/ESTACIONAMENTO DE BICICLETAS
A proposta para a mobilidade na área buscou dar preferência ao pedestre, facilitar o deslocamento dos moradores entre as atividades diárias e também aumentar a conectividade desta área com o resto da cidade.
FUNICULAR*
As intervenções propostas estão apresentadas no mapa da página ao lado, acompanhados de textos explicativos e justificativos das alterações sugeridas.
TRAVESSIAS DE PEDESTRES COM FAIXA ELEVADA
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CAPÍTULO 4
QUALIFICAÇÃO DE RUAS PARA PEDESTRES* NOVAS CONEXÕES PARA PEDESTRES*
0
100
200
300
SISTEMA BINÁRIO PARA PERMITIR O ALARGAMENTO DO PASSEIO
* Os perfis das situações atuais e propostas das vias alteradas serão apresentados da página 38 a 41 deste mesmo capítulo.
ESCALA 1:5000 Qualificação das ruas para os pedestres de forma a tornar os percursos morro acima e morro abaixo mais agradáveis.
Faixas de travessia elevada para pedestres em pontos em que a acessibilidade é prejudicada pelo intenso fluxo de carros e/ ou em locais onde há pontos de interesse entre os dois lados da via.
Proposta de duas vias com transporte vertical por ascensores funiculares. Essa aqui indicada já é proposta pela prefeitura e facilitaria a conexão com a região central. Sugere-se também que haja outra via com esse sistema para aumentar a conectividade com o bairro Saco dos Limões.
Proposto um circuito por van/micro ônibus em áreas nas quais o ônibus convencional não consegue acessar por serem ruas menores, dotando assim a área de mais uma alternativa de transporte público.
Criação de novas conexões para pedestres neste ponto para aumentar a conectividade entre quadras extensas e por passar por dentro de uma área de parque proposta (ver mapa de “Proposta Espaços Abertos” na página 29). O desenhos desses calçadões seguem as curvas de nível para respeitar a topografia e exigir menos esforço por parte do pedestre ao deslocar-se.
Ciclofaixa na base da encosta para prover de infraestrutura um percurso hoje já bastante utilizado pelos ciclistas.
Sistema binário proposto neste ponto para permitir o alargamento do passeio para o pedestre. A via escolhida para o carro descer foi a mais inclinada.
Ponto de aluguel e estacionamento de bicicletas em locais de entroncamento de diferentes modos de transporte (ônibus/ funicular).
PROPOSTAS GERAIS
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4.4. PROPOSTA EQUIPAMENTOS No mapa da página ao lado estão indicados os equipamentos comunitários existentes, aqueles em que se propõe melhorias e também a proposta de novos equipamentos para a área. Em relação aos equipamentos já existentes, vale destacar novamente a presença de alguns pontos nas proximidades como a Passarela Nego Quiridu (1), Assembleia Legislativa (2) e os Hospitais de Caridade (4) e Guarnição (5). É importante ressaltar também que além dos dois hospitais, o único outro equipamento de saúde presente é o Centro de Saúde Prainha (9).
LEGENDA: EXISTENTE
Na área como um todo os equipamentos são pouco diversos e de uso predominantemente local, sendo a maioria instituições de ensino como as três creches presentes e uma escola, e são ausentes os equipamentos destinados exclusivamente ao lazer e cultura além do Centro Comunitário (15). É importante destacar a existência de equipamentos de assistência como o Centro de Referência de Assistência Social (10) e a Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (8), que organizam eventos de caráter recreativo dentro da comunidade. Neste mapa também foram incluídos equipamentos religiosos (19) por serem espaços de congregação para os moradores locais e abrigarem, além dos cultos, atividades de lazer como bingo, celebrações e aulas de capoeira.
NOVO NECESSITA MELHORIAS 1. Passarela Nego Quiridu 2. Assembleia Legislativa 3. Creche Celso Ramos 4. Hospital de Caridade
Com base nessas considerações, os novos equipamentos para a área incluem Centro Valda Costa (6), a Escola SESC que já há previsão de acontecer (11), Centro Mocotó (16) e Casa da Mulher (17). A ideia para o Centro Valda Costa é que seja um espaço para as manifestações culturais citadas no parágrafo anterior que hoje ocorrem sem uma infraestrutura própria na comunidade e também de forma a ampliar a possibilidade ocorrência de outras atividades recreativas. Locou-se este centro nas imediações da Rua Silva Jardim de forma a ser um ponto também atrativo para que pessoas de fora da comunidade venham conhecer o espaço, pelo fácil acesso e conexão visual. O nome Centro Valda Costa é uma homenagem à pintora local (como exposto na página 19).
5. Hospital de Guarnição de Florianópolis 6. Centro Valda Costa: espaço para manifestações culturais 7. Creche do Duduco 8. Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM) 9. Centro de Saúde Prainha
No local do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) que hoje encontra-se desativado, a proposta é a sua conversão em “Centro Mocotó”, onde associado a um espaço de agricultura urbana (ver mapa Proposta Espaços Abertos na página 29 a seguir) existam espaços para oficinas, restaurante e feira para venda da produção das hortas comunitárias. A ideia é que, assim como o Centro Valda Costa, este também pudesse ser um convite a pessoas de fora da comunidade virem a conhecer o local, o que seria facilitado em união com a proposta para mobilidade apresentada anteriormente (acesso pelo funicular, ruas qualificadas para os pedestres). A Casa da Mulher proposta tem o objetivo de prover um espaço de assistência legal (como casos de violência domestica) e também à saúde e bem estar (contraturno para as crianças, auxílio com métodos contraceptivos) para a população feminina local. Quanto à Escola SESC, considera-se a previsão de sua construção (no terreno já exposto na página 17), contudo são feitas algumas recomendações como que seu uso não seja restrito a escola, mas que seu programa inclua também outras formas de apropriação em horários não letivos e pensar sua configuração como importante conector entre orla e topo do morro. Os equipamentos nos quais são propostas melhorias são: Escola de Ensino Jurema Cavallazi (12) e Centro Comunitário (15), pois apesar de serem importantes espaços de encontro para os moradores do bairro, hoje possuem infraestrutura precária como infiltrações na escola e falta de abastecimento de água no centro comunitário.
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CAPÍTULO 4
10. Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) 11. Escola SESC 12. Escola de Ensino Básico Jurema Cavallazi 13. Creche Morro da Queimada 14. Creche Morro do Mocotó 15. Centro Comunitário 16. Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) atualmente e proposta de conversão para Centro Mocotó: oficinas, restaurante e feira 17. Casa da Mulher 18. Associação dos Pescadores do Saco dos Limões (ASPSALI) 19. Religioso
1
2
4 3
5 6
ESCALA 1:5000
19
7
8
9
19
15
16
14 19
10
13
18 11 19
17
12
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PROPOSTAS GERAIS
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4.5. PROPOSTA ESPAÇOS ABERTOS Em relação aos espaços abertos, primeiramente é relevante ressaltar que aqui serão abordados aqueles de grande porte além das ruas. Estas, por serem importantes espaços de apropriação e convivência dentro da área, serão tratadas num tópico a parte (4.10. deste mesmo capítulo). Como pode ser visto no mapa da página ao lado, as áreas verdes de lazer estabelecidas pelo plano diretor estão localizadas apenas na base da encosta. Contudo, não possuem estrutura adequada para isso. Portanto, propõe-se a qualificação destas áreas considerando apropriações locais já existentes como a pesca, a prática do futebol e pontos de parada para a contemplação da paisagem. Além disso a área apresenta grandes faixas de áreas de preservação. Neste caso, são propostos novos espaços utilizando faixas para conter a ocupação ao mesmo tempo em que se propõe um apropriação de uso coletivo, trabalhando assim estas bordas. Um destes espaços seria no terreno da Escola SESC, que poderia complementar as atividades da instituição e por onde também passam as novas vias para pedestres (expostas na proposta para mobilidade da página 24). O outro espaço sugerido seria no topo do morro próximo ao Centro Mocotó, onde haveria hortas comunitárias para limitar a expansão e promover geração de renda, associadas a outras atividades de caráter recreativo (que serão apresentadas e explicadas no capítulo 5). É proposto também um espaço de parquinho num terreno vazio próximo à Casa da Mulher. São indicados três pontos de qualificação paisagística aliados ao tratamento de esgoto por zona de raízes, de acordo com a topografia, e que serão apresentadas e explicadas no item 4.8. da página 34 deste mesmo capítulo. É importante ressaltar também a presença da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Menino Deus (Figura 16), importante ponto de proteção ambiental localizada no terreno do Hospital de Caridade. Sugere-se que esta área poderia ser mais aberta para apropriação coletiva, com uso para trilhas e educação ambiental, o que poderia trabalhar o limite entre expansão da comunidade e área de preservação. Contudo, isto requer estudos mais aprofundados para a sua viabilização.
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CAPÍTULO 4
LEGENDA: ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) ÁREA VERDE DE LAZER (AVL) ÁREA DE PRESERVAÇÃO DE USO LIMITADO - ENCOSTA (APL - E) PROPOSTA DE ESPAÇO ABERTO PÚBLICO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) MENINO DEUS
ESCALA 1:5000
PROPOSTAS GERAIS
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4.6. PROPOSTA PAISAGEM
Como pode-se perceber nas vistas indicadas ao lado, a área apresenta grande potencial paisagístico, estabelecendo conexões visuais com o mar (vistas B, I, J), região central (vista E), aterro da baía sul (vista H) e até mesmo áreas mais distantes no continente (vista G). Outra importante conexão visual é com a ponte Hercílio Luz (vistas C, D, F), cuja construção esteve relacionada com a própria história de ocupação do lugar e hoje em dia está presente na paisagem cotidiana dos moradores locais (como foi ressaltado pelo poema dos desejos apresentado na página 20).
A
B
C
E
F
G
I
J
D
H
É importante destacar também a conexão visual no sentido resto da cidade morro (vista A), estabelecida principalmente a partir da região central, uma vez que os outros lados da encosta são visualizados em sua totalidade apenas em alto mar. Portanto, a valorização da paisagem é um ponto importante a ser considerado nas proposições para a área. São sugeridos pontos mirantes de acesso à paisagem onde hoje existem aberturas ao longo do passeio enquadrando a vista e permanência ou fluxo significativo de pessoas. Recomenda-se que nesses pontos haja guarda corpos e, quando houver possibilidade de espaço, áreas de estar na forma de decks mirantes. Foi proposta também uma área de preservação da paisagem ao longo da orla e na via que a conecta com o topo do morro. Nesta faixa propõe-se a limitação de gabarito ao máximo de dois pavimentos acima do nível da rua e a utilização de postes sem fio.
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CAPÍTULO 4
LEGENDA: PROPOSTA DE PONTOS MIRANTES DE ACESSO À PAISAGEM PROPOSTA DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA PAISAGEM (LIMITAÇÃO DE GABARITO, UTILIZAÇÃO DE POSTES SEM FIO) INDICAÇÃO VISTAS
A ESCALA 1:5000
D
B
F
E
G
I
H
C
J
PROPOSTAS GERAIS
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4.7. PROPOSTA MORADIA O mapa ao lado apresenta o risco geológico de escorregamento de acordo com estudos do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) realizado em 2006 pela Prefeitura Municipal de Florianópolis em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esses dados foram fornecidos para este trabalho pela Secretaria Municipal de Habitação de Florianópolis. A classificação nesta área foi feita em setores de risco baixo, médio e alto. Como pode-se observar, existe uma pequena mancha de alto risco onde não há habitações atualmente (e, como exposto anteriormente, onde propõe-se a locação de uma área de zona de raízes) e outra grande mancha de área de alto risco no topo da encosta, onde estão assinaladas com linha pontilhada as habitações altamente suscetíveis ao risco. Essa situação é agravada pelo fato que tratam-se na maioria das vezes de assentamentos precários, suscetíveis também ao desabamento em função da intempérie. Propõe-se a realocação destas edificações para áreas não distantes das originais, porém com mais segurança geológica e estes locais estão assinalados no mapa com linha tracejada. Foram estudados grande terrenos vagos dentro da área onde houvesse a possibilidade de apropriação pelo Estado através de mecanismos do Estatuto da Cidade e construção de habitações multifamilares. Foram eleitos terrenos que fossem próximos a novas áreas de equipamentos e espaços abertos propostos, e em trechos qualificados pela proposta de mobilidade anteriormente apresentada.
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CAPÍTULO 4
LEGENDA: ALTO RISCO * MÉDIO RISCO * BAIXO RISCO * EDIFICAÇÕES EM ALTO RISCO PROPOSTA DE ÁREAS PARA REALOCAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES EM ALTO RISCO
ESCALA 1:5000
PROPOSTAS GERAIS
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4.8. PROPOSTA ÁGUA E SANEAMENTO A topografia é ponto fundamental pois rege uma série de coisas, entre elas o modo como a água caminha pelos espaços, sendo o limite da bacia hidrográfica um aspecto importante a ser considerado de forma a utilizar a dinâmica natural do ambiente a favor da qualificação urbana. A área analisada possui uma nascente localizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Menino Deus. Além disso, possui três cursos d’água aparentes perto da orla. É importante ressaltar que neste ponto houveram discrepâncias entre dados de fontes diferentes (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, Secretaria de Habitação e conversas com moradores). Há indicações de que hajam outros cursos de água no local além dos apresentados no mapa ao lado, alguns inclusive canalizados. Contudo, neste trabalho são apresentados aqueles que constam no levantamento do geoprocessamento da prefeitura de Florianópolis. Propõe-se que as ruas qualificadas para pedestres apresentadas nas propostas de mobilidade do tópico 4.3. recebam também tratamento para drenagem ao serem reformadas. Sugere-se o uso de pisos drenantes e também outros formas de microrretenções como canteiros Em todos os equipamentos apontados como novos ou que necessitam melhorias no item 4.4. a proposta é que haja um sistema com captação de água da chuva para reuso local: como por exemplo para a área de hortas comunitárias, limpeza dos espaços abertos públicos e irrigação da vegetação, e uso nos próprios equipamentos comunitários Os dados relativos ao saneamento na área, assim como os da hidrografia, também foram escassos e pouco confiáveis. Em relação a essa questão sugerem-se três áreas de zona de raízes, uma em cada ponto de descida da encosta (ver esquema do funcionamento na figura 23 ao lado). A opção por este sistema foi motivada pelo seu baixo custo de manutenção/operação e estética visual podendo ser incorporada ao paisagismo. Ressaltase aqui também a importância da despoluição da baia, ou pelo menos a parada do lançamento de esgoto sem tratamento no mar, visto que afeta a atividade de pesca ainda presente no local. Por fim, considera-se que as questões acerca da água e saneamento devam ser alvo de estudos e levantamentos mais aprofundados, sendo assuntos de extrema importância. Ressaltase ainda a necessidade de um banco de dados atualizado e confiável não só nestas áreas, mas em outros aspectos urbanos, pois isso já seria um passo importante em direção à qualificação das cidades.
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CAPÍTULO 4
Figura 22: esquema do funcionamento zona de raízes. Fonte: <https:// reciclaflores.files.wordpress.com/2010/09/projunco1.gif> acesso em 29/05/2016. .
LEGENDA: NASCENTE CURSOS D’ÁGUA LIMITE BACIA HIDROGRÁFICA PROPOSTA DE RUAS COM TRATAMENTO PARA DRENAGEM MICRORRETENÇÕES EQUIPAMENTOS COM INSTALAÇÕES CAPTAÇÃO D’ÁGUA DA CHUVA
PARA
PROPOSTA PONTOS DE LOCALIZAÇÃO DE ZONA DE RAÍZES PROIBIÇÃO DO LANÇAMENTO DE ESGOTO SEM TRATAMENTO NO MAR
ESCALA 1:5000
PROPOSTAS GERAIS
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4.9. PROPOSTA LIXO E ILUMINAÇÃO
Acerca da infraestrutura para coleta de lixo, são propostos alguns pontos para coleta seletiva, que foram percebidos durante as visitas exploratórias como locais onde há o acúmulo de detritos passíveis de reciclagem e que, portanto, poderiam ser dotados de mobiliário urbano próprio para este fim. É importante ressaltar que, em relação à coleta de lixo, assim como no caso do tópico relativo ao saneamento exposto anteriormente, também houve dificuldade para obtenção de dados. Sabe-se que a Companhia Melhoramentos da Capital (COMCAP) realiza coleta seletiva e convencional nas vias ao longo da orla e as classificadas como principais no mapa “Situação Atual Estrutura Viária” da página 24. Contudo, as visitas ao local demonstraram que ainda assim nestas ruas, e principalmente nas áreas de travessas e escadarias, a questão do lixo é bastante problemática. Recomenda-se que sejam feitos estudos mais aprofundados neste ponto, com a avaliação de alternativas como o uso de veículos menores (como tobatas) para o recolhimento dos resíduos em áreas que o caminhão da COMCAP não consegue acessar. Quanto à iluminação pública, a proposta é que haja a sua qualificação nas ruas que passarem por reformas quanto à melhoria para pedestres, questão da paisagem e drenagem (como expostos nos tópicos 4.3., 4.6. e 4.8. anteriores). Neste ponto, vale ressaltar que o ideal seria o uso de postes sem fio, por questões paisagísticas e também pela frequente prática de empinar pipa no local. Contudo, compreende-se que também requer maiores estudos de viabilidade.
LEGENDA: PROPOSTA DE PONTOS PARA COLETA SELETIVA DE LIXO PROPOSTA DE VIAS COM QUALIFICAÇÃO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA
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CAPÍTULO 4
ESCALA 1:5000
PROPOSTAS GERAIS
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4.10. PROPOSTAS PARA AS PRINCIPAIS VIAS As vias onde foram propostas alterações estão apresentadas no mapa abaixo e cada uma possui uma cor própria para auxiliar na compreensão da sua localização. Foram propostas intervenções de maneira a dar prioridade ao pedestre, qualificar o mobiliário urbano (criação de espaços de estar ao longo das vias, melhoria da iluminação pública), arborização (quando houver espaço possível, se não pequenos canteiros ou vegetação rasteira sobre parede) e evitando desapropriar casas ou lotes privados lindeiros. Portanto elas permanecem com a sua extensão original, mas possuem ampliação do espaço para o pedestre aliada a outras intervenções que permitam que isto ocorra. Nos dois casos ao lado, por exemplo, na Rua Silva Jardim alargou-se o passeio com a retirada de uma das vias para carro, o que possibilitou também espaço para uma ciclofaixa, bolsões de estacionamento e canteiros para arborização de maior porte.
SITUAÇÃO ATUAL RUA SILVA JARDIM | Escala 1:250
A Rua 13 de Maio é a via onde existe a proposta de implementação de um funicular pela prefeitura para conexão entre o topo do morro e Rua Silva Jardim, o que foi aqui também incorporado. A ideia é que este sistema compartilhe o espaço com o pedestre e que haja ainda uma delimitação do local para o deslocamento exclusivo do mesmo através do mobiliário urbano (bancos, postes de iluminação, lixeiras, canteiros). O carro só seria permitido em alguns casos (ambulância, bombeiros) e este controle seria feito por meio de balizadores na sua conexão com a avenida. É importante ressaltar que estas duas vias estão presentes no recorte eleito para aprofundamento de propostas apresentado no capítulo 5, onde estas intervenções serão retomadas e melhor explicadas. PROPOSTA RUA SILVA JARDIM | Escala 1:250
SITUAÇÃO ATUAL RUA 13 DE MAIO | Escala 1:250
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CAPÍTULO 4
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PROPOSTA RUA 13 DE MAIO | Escala 1:250
Com relação às três vias apresentadas nesta página, é importante ressaltar que a Rua José Maria da Luz é a que contorna a orla do bairro José Mendes, onde foi identificado um fluxo intenso de ciclistas mesmo sem a infraestrutura para isso. Portanto, propõe-se a implementação de ciclofaixa, que está conectada com a já apresentada para a Rua Silva Jardim, e que proporcionaria um percurso que desfruta da vista para o mar em conjunto com a paisagem propiciada por algumas belas edificações antigas presentes na área. Acredita-se que a qualificação desta via poderia atrair a diversificação de usos na orla, hoje predominante residencial, o que traria maior vitalidade para o local. Na Rua São Judas Tadeu, em conjunto com a Servidão João Honorato Soares é proposto um sistema binário para o carro, permitindo assim a ampliação do espaço para o pedestre e a criação de áreas de estar ao longo destas vias que estabelecessem conexão com o topo do morro, o que traria conforto no percurso diário da população.
SITUAÇÃO ATUAL RUA JOSÉ MARIA DA LUZ | Escala 1:250
PROPOSTA RUA JOSÉ MARIA DA LUZ | Escala 1:250
SITUAÇÃO ÃO ATUAL RUA SÃO ÃO JUDAS TADEU | Escala 1:250
SITUAÇÃO ATUAL SERVIDÃO JOÃO HONORATO SOARES | Escala 1:250
PROPOSTA RUA SÃO JUDAS TADEU | Escala 1:250
PROPOSTA SERVIDÃO JOÃO HONORATO SOARES | Escala 1:250
PROPOSTAS GERAIS
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As duas vias exibidas abaixo possuem um caráter parecido e por isso serão apresentadas conjuntamente. A Rua Prof. Aníbal Nunes Pires é uma importante ligação entre a orla e o topo do morro, onde ocorre um ponto de encontro entre os assentamentos presentes na área. É também a via por onde passa a linha Morro da Queimada, única conexão por meio de transporte público como já exposto anteriormente no tópico 4.3. A situação atual desta via consiste em trechos inferiores ao mínimo para o pedestre, agravados ainda pela presença de postes nestes pontos. Isso faz com que as pessoas prefiram andar na porção central da rua, atentando para a vinda de carros/ônibus. A proposta é a de priorizar a via como um todo para o pedestre, fazendo esta indicação com o tipo de pavimentação e ainda estabelecendo com a linha de mobiliário e postes de iluminação uma faixa exclusiva para o pedestre para momentos em que ocorrer a passagem de veículos. Uma situação similar ocorre na Rua Profª. Maria Júlia Franco e, portanto, utilizou-se a mesma medida de priorização do pedestre nesta via.
SITUAÇÃO ATUAL RUA PROF. ANÍBAL NUNES PIRES | Escala 1:250
PROPOSTA RUA PROF. ANÍBAL NUNES PIRES | Escala 1:250
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CAPÍTULO 4
SITUAÇÃO ATUAL RUA PROFª. MARIA JÚLIA FRANCO | Escala 1:250
PROPOSTA RUA PROFª. MARIA JÚLIA FRANCO | Escala 1:250
Ao lado é apresentada a situação atual e proposta para a Servidão Apollo, bem como as recomendações para as travessas presentes na área e novas ruas de pedestres sugeridas. Em relação à Servidão Apollo, ela consiste na outra via onde sugere-se a implementação de um sistema funicular, estabelecendo assim a conexão com o bairro Saco dos Limões e facilitando a acessibilidade neste ponto. Devido à sua pequena dimensão, propõe-se ainda que a iluminação e vegetação públicas sejam alocadas nos muros das edificações lindeiras. As travessas presentes na área como as gerais do Mocotó e da Queimada, bem como a Servidão Luís Zili, também possuem um empecilho relativo à sua pequena largura. Nestes casos, recomendase que haja o tratamento dos pisos (regularização, drenagem), locação de corrimãos, e implantação de vegetação trepadeira, iluminação pública e pinturas também nos muros das edificações lindeiras à via, como no caso da Servidão Apollo.
SITUAÇÃO ATUAL SERVIDÃO APOLLO | Escala 1:250
PROPOSTA OSTA SERVIDÃO APOLLO | Escala 1:250
PROPOSTA GERAL DO MOCOTÓ/ GERAL DA QUEIMADA E SERVIDÃO LUÍS ZILI | Escala 1:250
PROPOSTA NOVAS RUAS UAS PARA PEDESTRES | Escala 1:250
Por fim, as novas ruas para pedestres propostas estão localizadas no espaço de parque pensado para o terreno da Escola SESC, como já exposto anteriormente. Nestas, propõe-se uma arborização abundante, assim como a iluminação pública para propiciar a sensação de segurança e áreas de estar com canteiros e bancos para promoção dos encontros da comunidade e admiração da belíssima paisagem que a sua localização na encosta permite.
PROPOSTAS GERAIS
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42
5. ENSAIO SOBRE AS MARGENS
5.1. ESCOLHAS E ESTRATÉGIAS 1 Após as propostas gerais para a área apresentadas no capítulo anterior, optou-se pela escolha de um recorte para aprofundamento dessas diretrizes macro. Este recorte está indicado em laranja no mapa ao lado*. Optou-se pelo enfoque neste local devido às possibilidades de articulação com o resto da cidade encontras nos estudos anteriores e pela existência de duas margens importantes: a Rua Silva Jardim (trecho 1) e as áreas de preservação e risco ao deslizamento no topo do morro (trecho 2), assinaladas com retângulos pontilhados na imagem ao lado. Estes pontos serão melhor explicados no item 5.6. deste capítulo e são justamente os dois trechos onde são detalhadas as propostas de intervenções.
2
Nos tópicos a seguir serão apresentados estudos justificativos das intervenções feitas no recorte, bem como a apresentação da proposta.
0
100
200
300
*Neste capítulo, quando não houver indicação de legenda, significa que a imagem foi produzida ou fotografada pela autora.
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5.2. PRINCIPAIS USOS E PONTOS DE INTERESSE EXISTENTES 8
No mapa ao lado são apresentados os usos e pontos de interesse existentes na área. Alguns deles já foram apresentados no item 4.4. do capítulo anterior e são retomados, porém aqui considera-se importante também demonstrar alguns aspectos mais locais como a existência da galeria de arte urbana (8), uma intervenção artística realizada por moradores do Mocotó em conjunto com a ACAM. Estes painéis estão localizados na entrada geral do Mocotó. Contudo, hoje esta galeria fica pouco visível por quem passa na Rua Silva Jardim, pois os paineis estão afixados nos muros laterais da clínica veterinária (7) e locadora de carros (9).
18
PRINCIPAIS USOS AO LONGO DO RECORTE DE INTERVENÇÃO RESIDENCIAL COMERCIAL SERVIÇOS MISTO (COMERCIAL NO TÉRREO + RESIDENCIAL NO PAVIMENTO SUPERIOR) PÚBLICO RELIGIOSO
19
24
Vale ressaltar também a existência de dois campos de futebol (19), cujas traves foram construídas pela própria comunidade, que também bancou a compra de uma bola para permitir o jogo.
DEPÓSITO SEM USO ESTRUTURA DE CONCRETO INACABADA PONTOS DE INTERESSE E INDENTIFICAÇÃO DE ATIVIDADES
Outro aspecto importante a ser destacado é a existência de uma estrutura de concreto inacabada (28) que hoje é utilizada como local para empinar pipas.
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CAPÍTULO 5
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1. SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO (SESC) PRAINHA 2. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC) 3. CRECHE CELSO RAMOS 4. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 5. HOSPITAL DE CARIDADE 6. HOSPITAL DE GUARNIÇÃO 7. CLÍNICA VETERINÁRIA 8. GALERIA DE ARTE URBANA 9. LOCADORA DE CARROS 10. LOJA DE ROUPAS 11. FARMÁCIA 12. LANCHONETE 13. LOJA DE ACESSÓRIOS E BRINQUEDOS 14. VIDRAÇARIA 15. IMPRESSÃO DIGITAL 16. CENTRO DE SAÚDE PRAINHA 17. PANIFICADORA E CONFEITARIA 18. ACADEMIA AO AR LIVRE 19. CAMPO DE FUTEBOL 20. PASSARELA NEGO QUIRIDU 21. RANCHOS DE PESCADORES 22. IATE CLUBE VELEIROS 23. CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) 24. PROJETO SÓCIO-ESPORTIVO EU FAÇO A MINHA PARTE 25. CRECHE DO DUDUCO 26. ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DA CASA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DO MORRO DO MOCOTÓ ACAM) 27. CENTRO DE EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS (CEJA) 28. ESTRUTURA DE CONCRETO 29. CENTRO COMUNITÁRIO 30. CRECHE MORRO DO MOCOTÓ 31. CRECHE MORRO DA QUEIMADA
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31 19
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ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.3. BARREIRAS AO MOVIMENTO E AO ENCONTRO EXISTENTES Neste recorte foram identificadas algumas questões que atualmente são barreiras ao movimento e às possibilidades de encontro. Primeiramente, é importante destacar que as vias expressas existentes na base da encosta dificultam o acesso do pedestre à área, segregando de maneira abrupta este local com o resto do tecido urbano, o que ocorre também em outros pontos ao longo do Maciço do Morro da Cruz. A Rua Silva Jardim, por exemplo, possui seis pistas de trânsito rápido sem pontos com travessia em faixa elevada para o pedestre (A). Além disso, as áreas de passeio existentes ao longo desta via muitas vezes não respeitam a escala humana, com espaço mínimo para o pedestre em conflito com postes (que também atrapalham a conexão visual), estacionamentos e entrada/saída de veículos (ver também mapa de “Interfaces com a Rua e Fluxos Existentes” na página 49 a seguir.) Dentre as vias expressas existentes na área, é importante também discorrer acerca daquela que dá acesso ao Túnel Antonieta de Barros por meio de um elevado. Essa configuração gera um espaço percebido como inseguro embaixo desta estrutura, por não ter motivadores à passagem e à apropriação pelas pessoas (B).
A
B
Outra configuração que merece ser destacada é a da Rua 13 de Maio. Esta via, por ter sido disposta de maneira extroversa, é bastante inclinada o que ocasiona dificuldade de acessibilidade. Ao longo desta rua também existem duas torres de alta tensão, uma delas dentro de um terreno privado e a outra está localizada no meio da via (e também em área de alto risco ao deslizamento), fazendo com que as pessoas tenham que passar por baixo desta torre ao deslocarem-se por este percurso (C). Por fim, vale ressaltar que existe uma outra área de alto risco no topo do morro onde também há uma grande área de preservação permanente. Neste local, segundo moradores locais, a prefeitura plantou alguns eucaliptos (D).
D
LEGENDA: VIAS EXPRESSAS ELEVADO PARA O TÚNEL RUA COM DIFÍCIL ACESSIBILIDADE DEVIDO À INCLINAÇÃO POSTES DE ILUMINAÇÃO/TRANSMISSÃO/SINALIZAÇÃO ATRAPALHAM O DESLOCAMENTO OU A CONEXÃO VISUAL C
TORRE DE ALTA TENSÃO ÁREA DE ALTO RISCO AO DESLIZAMENTO ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
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CAPÍTULO 5
QUE
ESCALA 1:2500
C D
A
B
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.4. INTERFACES COM A RUA E FLUXOS EXISTENTES Além das barreiras apresentadas no tópico anterior, mostrou-se relevante também elaborar uma mapeamento relativo às interfaces com a rua e aos fluxos existentes, pois essas configurações, dependendo do caso, também estabelecem limitações ao movimento e ao encontro. A presença de muros altos e paredes cegas, como alguns localizados ao longo da Rua Silva Jardim (muro do Hospital de Guarnição, muro da clínica veterinária e muro da locadora de carros) tornam o percurso pelo pedestre menos agradável e “escondem”, por exemplo, a entrada para a comunidade do Mocotó. Neste trecho há também presença de grades que, ainda que constituam uma situação menos problemática pois pelo menos permitem a conexão visual, apresentam-se como obstáculos à permeabilidade dos deslocamentos em alguns casos. Outra questão é a presença de pontos de entrada/saída de garagem e áreas de estacionamento ao longo desta via, que competem com o espaço do pedestre. Ao longo da Rua 13 de Maio, a interface entre edificações/ lotes e a via apresenta uma boa permeabilidade, sendo composta quase que na sua totalidade por muros baixos, grades ou até mesma a ausência de uma delimitação física. É importante ressaltar que as possibilidades de conexão entre os dois lados desta rua para as comunidades adjacentes ocorrem apenas em direção às cotas mais elevadas. No topo do morro, onde estão presentes as habitações construídas pela prefeitura, apesar de haver uma forte urbanidade, existem muros e paredes cegas que limitam esses encontros.
LEGENDA: MURO ALTO OU PAREDE CEGA MURO BAIXO OU GRADE PORTA ENTRADA/SAÍDA DE CARROS ÁREAS DE ESTACIONAMENTO ESCADARIAS MASSA DE VEGETAÇÃO E DECLIVIDADE DO TERRENO FLUXOS PREDOMINANTES
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CAPÍTULO 5
ESCALA 1:2500
vai para a Avenida Mauro Ramos/ Instituto Estadual de Educação
vai para comunidade do Mocotó vai para comunidade do Mocotó
vai para a Avenida Hercílio Luz/ Centro/ TICEN/ Fórum/Tribunal de Justiça/
vai para as pontes/acesso ao continente vai para orla do bairro José Mendes vai para o sul da ilha/acesso a Trindade
vai para comunidade da Queimada
vai para comunidade do Jagatá
vai para a Prainha/ acesso ao bairro José Mendes
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.5. INTERVENÇÕES PROPOSTAS LEGENDA
Com base nas análises expostas nos tópicos anteriormente apresentados, foram propostas as intervenções sintetizadas no mapa da página ao lado. Foram retirados certos muros e grades presentes ao longo da Rua Silva Jardim para ampliar a permeabilidade. No muro do Hospital de Guarnição do Exército, que permanece, são propostas intervenções artísticas que serão apresentadas no detalhamento do item 5.7. a seguir. Neste trecho também propõe-se o alargamento do passeio avançando-o sobre uma das vias para carros, que hoje é pouco utilizada, tendo muitas vezes carros estacionados ao longo deste espaço. São propostos dois pontos de faixa de travessia elevada para facilitar a transposição da via expressa pelo pedestre. Foram também retirados postes e estacionamentos que atrapalham o fluxo e/ou a conexão visual. Os postes foram realocados de acordo com a nova configuração proporcionada pelo alargamento do passeio e a ideia para os carros é a sua realocação para bolsões também ao longo deste novo espaço.
RETIRADA DE MURO OU GRADE INTERVENÇÃO ARTÍSTICA NO MURO RETIRADA DE EDIFICAÇÃO ESPACIALIDADE
NOVA
MUDANÇA ENTRADA GARAGEM
LOCAÇÃO DE FUNICULAR
CAPÍTULO 5
DE
NOVAS ABERTURAS DE PORTA NA EDIFICAÇÃO
Na Rua 13 de Maio propõe-se a locação da zona de raízes e do funicular (em conformidade com o que já foi exposto nas propostas gerais). Para isso, foi necessária a realocação da torre de alta tensão presente nesta via para um lote vago adjascente. É importante ressaltar que o ideal seria a retirada destas torres existentes, porém isso requer estudos mais aprofundados que não foram o foco deste trabalho.
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CRIAÇÃO
VAGAS REALOCADAS PARA BOLSÕES DE ESTACIONAMENTO AO LONGO DAS VIAS
ALARGAMENTO DO PASSEIO
As espacializações destas intervenções serão expostas na implantação geral do item 5.6. a seguir, com o detalhamento de dois trechos que serão apresentados nos itens 5.7. e 5.8.
A
RETIRADA DE POSTE PARA SUBSTITUIÇÃO DA SUA LOCALIZAÇÃO E MODELO
São propostas as retiradas de algumas edificações para a criação de novas espacialidades. Uma delas é no local onde hoje localizam-se a clínica veterinária e a locadora de carros, que encontram-se em área de ZEIs. A sua retirada proporciona uma maior abertura na entrada para a comunidade do Mocotó e propõe-se a criação do Centro Valda Costa (que será melhor explicado no item 5.7.). No topo do morro propõe-se a criação do Centro Mocotó onde hoje encontra-se o CEJA desativado (ver item 5.8.). A ideia é que estes dois novos equipamentos funcionem como pontos atratores para que pessoas de outras partes da cidade venham frequentar a área, ao mesmo tempo fornecendo bem estar para a população local.
No topo do morro retiram-se muros e também os eucaliptos presentes em APPs, os quais propõe-se que sejam tratados e utilizados para confecção de decks nos pontos mirantes propostos. Há também a proposta da implementação de agricultura urbana como mecanismo de geração de renda e limitador da expansão em área de risco ao deslizamento (este ponto será retomado no item 5.8.) e novas aberturas para o centro comunitário, que hoje só tem um acesso por meio das habitações implementadas pela prefeitura.
PARA
QUALIFICAÇÃO DO PASSEIO E/OU TRATAMENTO PAISAGÍSTICO DA ÁREA RECOMENDAÇÃO DE TRATAMENTO DA FIAÇÃO DE ALTA TENSÃO REALOCAÇÃO DA TORRE DE ALTA TENSÃO RETIRADA DE ESCADARIAS
LOCAÇÃO DE PONTO MIRANTE LOCAÇÃO DE FAIXAS ELEVADAS PARA A TRAVESSIA DE PEDESTRES LOCAÇÃO DE PONTOS DE BICICLETÁRIO/ALUGUEL DE BICICLETA LOCAÇÃO DE LIXEIRAS COMUNITÁRIAS DE COLETA SELETIVA LOCAÇÃO ZONA DE RAÍZES RETIRADA EUCALIPTOS AGRICULTURA URBANA
ESCALA 1:2500
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.6. IMPLANTAÇÃO GERAL DA PROPOSTA Ao lado segue a implantação das propostas apresentadas anteriormente. Foram utilizadas ferramentas físicas, de uso e de conexão visual para propor a qualificação da infraestrutura urbana local em conjunto com a busca pela ampliação das possibilidades de articulação desta área com o resto da cidade. Dentre as ferramentas físicas, estão propostas de melhoria da acessibilidade e mobilidade associadas com o desenho dos espaços abertos como a locação de faixas de travessia elevada para pedestres, sistema funicular, ciclovia, escadarias, arquibancadas, rampas, a qualificação dos passeios e a configuração de novas espacialidades na interface edificação/lote e espaço público. É importante reinteirar que estas alterações foram muitas vezes possibilitadas pelas intervenções apresentadas no item 5.5. anterior como a retirada de muros e estacionamentos. As ferramentas de uso referem-se à locação estratégica de pontos atratores para a área, que buscaram atividades que possibilitassem o encontro de diferentes grupos de usuários como a expressão cultural, a alimentação e o esporte. A partir disso, foram propostos o Centro Valda Costa, cinema ao ar livre, o Centro Mocotó, espaço de pomar e hortas comunitárias, uma área para o skate embaixo do elevado para o túnel e a conservação de campos de futebol e da quadra no topo do morro . A conexão visual buscou a articulação entre a área e o resto da cidade nos dois sentidos e fez uso da coloração e porte da vegetação, intervenções em muros, a inserção do funicular na paisagem, locação de mirantes e da materialidade e espacialidade do desenho urbano (tipo de piso e mobiliário urbano como postes sem fio, configurações dos novos equipamentos propostos permitindo abertura para conexão visual). Também como estratégia, foram eleitos dois trechos para o detalhamento: a Rua Silva Jardim (trecho 1) e o topo do morro (trecho 2), assinaladas com retângulos pontilhados na planta de implantação ao lado. Em síntese, buscou-se trabalhar estas duas margens compostas por uma via expressa no trecho 1 e por uma área de forte urbanidade para as comunidades, porém com a presença de áreas de preservação e risco ao deslizamento no trecho 2. Com base nas ferramentas físicas, de uso e de conexão visual aqui apresentadas, procurou-se transpor, diluir, conectar e/ou criar centralidades em relação aos espaços de margens. A seguir, serão apresentados estes dois trechos com pequenos textos explicativos e justificativos das intervenções feitas.
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CAPÍTULO 5
CORTE AA’ ESQUEMÁTICO DA IMPLANTAÇÃO*
*Verificar também os cortes da Rua Silva Jardim e da Rua 13 de Maio já apresentados na página 38 do Capítulo 4 - Propostas Gerais.
ESCALA 1:2500
TRECHO 1
TRECHO 2
A
A’
IMPLANTAÇÃO GERAL DA PROPOSTA
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.7. TRECHO 1: A RUA SILVA JARDIM
LOCALIZAÇÃO DO TRECHO 1
1. intervenção para tornar o muro do Hospital de Guarnição interativo no caminho das crianças para a escola (ver vista 01) 2. paineis da galeria de arte urbana alocados neste ponto para melhor visualização (ver vista 01) 3. canteiro hoje existente que teve seu desenho pouco alterado e locação de um ponto de estacionamento/aluguel de bicicleta 4. continuação da ciclovia neste ponto para conectar com o sistema existente na Avenida Hercílio Luz 5. continuação do passeio neste ponto para conectar com faixa de pedestre mais adiante 6. academia ao ar livre realocada para este ponto onde fica mais afastada do trânsito das vias expressas do entorno e recebe sombreamento da nova arborização proposta 7. bolsões de estacionamento com piso grama para auxiliar na questão da drenagem 8. ponto com lixeras comunitárias de coleta seletiva, em conformidade com o estabelecido nas propostas gerais (Capítulo 4) 9. entrada geral do Mocotó 10. criação do Centro Valda Costa (em homenagem à artista local como exposto anteriormente no item 3.6.) no local da locadora de carros (ver vista 02) 11. anfiteatro complementar às atividades do Centro Valda Costa, permitindo a extensão das atividades para a rua (ver vista 02)
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CAPÍTULO 5
12. ponto de embarque e desembarque do funicular (ver vista 03) 13. ponto controlado por balizadores para a entrada de veículos em casos particulares na Rua 13 de Maio
LEGENDA: MATERIAIS
14. campo de futebol existente, construído pela própria comunidade local
ASFALTO
15. ponto de ônibus realocado próximo à faixa elevada para travessia de pedestres (anteriormente este ponto estava mais próximo ao elevado para o túnel, onde possuía pouca visibilidade e motivava o acesso pelas pessoas fora da faixa)
PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO NA COR CINZA ESCURO
16. conformação de um ambiente mais afastado da via a partir de canteiros com bancos ao seu redor, mesas e cadeiras (ver vista 04)
CICLOVIA
17. edificação na área embaixo do túnel onde se propõe a a criação de um quiosque (ver vista 05), como suporte às atividades da área de skate (19)
PISO GRAMA
PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO NA COR CINZA CLARO PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO NA COR NATURAL
FAIXA DE TRAVESSIA ELEVADA PARA O PEDESTRE VEGETAÇÃO CANTEIRO COM GRAMA
18. área com mesas e cadeiras para servir os clientes do quiosque proposto e da panificadora existente 19. área de skate locada embaixo do elevado para o túnel e adjacente ao quiosque, buscando a apropriação e movimento de pessoas neste ponto (ver vista 05) 20. rocha existente 21. ciclovia continua neste ponto conectando com a proposta para a orla do bairro José Mendes
ÁRVORE ÁRVORE ROXA PARA INDICAR A LOCALIZAÇÃO DE FAIXAS DE TRAVESSIA ELEVADA PARA O PEDESTRE ÁRVORE AMARELA PARA INDICAR PONTOS IMPORTANTES FORRAÇÃO PARA PERMITIR A CONEXÃO VISUAL E/OU DESESTIMULAR A TRAVESSIA DO PEDESTRE FORA DA FAIXA
ESCALA 1:750 5,00
9
10 8
1
2
11
3,00
CENTRO VALDA COSTA
V 02 13 12 7
V 01
16
0,15
V 04
0,15
17
0,00
18
0,15
3 19
V 03
4
6
15
0,15
V 05
0,15
21
5
14
20
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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*Fonte: Google Street View (2016).
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CAPÍTULO 5
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 01*
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 02*
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 03
PROPOSTA VISTA 01
PROPOSTA VISTA 02
PROPOSTA VISTA 03
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 04*
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 05*
PROPOSTA VISTA 04
PROPOSTA VISTA 05
*Fonte: Google Street View (2016).
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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5.8. TRECHO 2: O TOPO DO MORRO
1. ponto de embarque e desembarque do funicular (ver vista 06) 2. escadarias existentes reformadas para possuírem patamares de descanso com bancos e canteiros a cada 18 degraus 3. locação de deck mirante para a região central (ver vista 06). Neste ponto, em épocas de carnaval, a comunidade assiste às apresentações das escolas de samba pela fácil visualização da Passarela Nego Quiridu 4. neste trecho, onde foram retirados os muros da igreja (como exposto anteriormente no item 5.5.) foram propostas arquibancadas (ver vista 06) para permitir os encontros que já ocorrem com intensidade nesta área 5. ponto da linha Morro da Queimada realocado para este ponto. Atualmente ele está localizado no ponto 6 indicado na planta ao lado. Contudo, como o ônibus tem dificuldade para acessar este ponto e manobrar, e pelo fato de que os moradores já normalmente esperam no ponto 5 pela possibilidade de visualização do ônibus vindo, fez-se esta alteração para condizer com as necessidades observadas 6. localização do ponto de ônibus na situação atual 7. ponto com lixeiras comunitárias de coleta seletiva, em conformidade com o estabelecido nas propostas gerais (Capítulo 4) 8. implementação de faixa de hortas comunitárias acompanhando o traçado da topografia existente, atuando como um limitador ao avanço da ocupação pela comunidade em áreas de preservação e risco ao deslizamento, aumentando a capacidade de infiltração da água da chuva no solo (que encontra-se sem vegetação em alguns trechos) e possibilitando geração de renda local (ver vista 09) 9. conversão do CEJA existente para Centro Mocotó, onde propõe-se a ocorrência de oficinas culinárias, restaurante e feira para venda da produção da horta comunitária
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CAPÍTULO 5
10. retirada do muro neste ponto e implementação de escadas e arquibancadas para promover a permeabilidade e os encontros (ver vista 07) LOCALIZAÇÃO DO TRECHO 2
11. outro ponto de retirada do muro para implementação de escadas, arquibancadas e neste caso também um pequeno escorregador (ver vista 08) devido à proximidade com o parquinho existente (14) 12. parquinho existente
LEGENDA:
13. espaço aberto (ver vista 07) onde sugere-se que ocorram as feiras e também a possibilidade de outros encontros imprevistos (churrascos, rodas de samba), mais acessível também devido a intervenção no muro apresentada no ponto 10
MATERIAIS DECK DE MADEIRA CONCRETO PERMEÁVEL
14. área com mesas e cadeiras com visualização para a quadra esportiva (15) e área de pomar (19)
PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO NA COR NATURAL
15. campo de futebol hoje inutilizado devido à desativação do CEJA, reformado e convertido para quadra esportiva
QUADRA DE CONCRETO COM PINTURA ACRÍLICA
PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO NA COR TERRACOTA
PISO EMBORRACHADO
16. implementação de arquibancada, escadas e rampa para facilitar o acesso à área de quadra (ver vista 09) 17. onde hoje há um recuo natural da topografia, locou-se uma área de estar (ver vista 09) 18. deck que avança sobre a área de pomar (19) permitindo um percurso por meio das árvores frutíferas (ver vista 09) 19. área de pomar 20. instalação de deck mirante para o bairro Saco dos Limões e plantio de árvores de Garapuvu (espécie bastante presente na área do maciço) para proporcionar a conexão visual também do resto da cidade para a área (ver vista 10) 21. estrutura de concreto inacabada, hoje utilizada para empinar pipas, convertida em um brinquedo (ver vista 11 dia) e espaço para cinema ao ar livre (ver vista 11 noite)
VEGETAÇÃO CANTEIRO COM GRAMA VEGETAÇÃO EXISTENTE EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO ÁRVORE FRUTÍFERA HORTAS COMUNITÁRIAS ÁRVORE AMARELA PARA DESTAQUE VISUAL DESTE PONTO NA PAISAGEM A PARTIR DO RESTO DA CIDADE
ESCALA 1:750
7,00
2 -2,00
1
2,40
3
4
0,00
2,40
5 6
2,00
7
8
V 06
1,00
0,00
17
V 09
0,00
9 CENTRO MOCOTÃ&#x201C;
20 0,00
16
18
- 2,00
19
V 10 V 11
15 - 3,00
21
14 0,00
10
-2,00
-2,00
13
V 07
0,00
11
-3,00
- 3,00
V 08
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ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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*Fonte: Google Street View (2016).
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CAPÍTULO 5
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 06*
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 07*
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 08*
PROPOSTA VISTA 06
PROPOSTA VISTA 07
PROPOSTA VISTA 08
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 09
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 10
SITUAÇÃO ATUAL VISTA 11
PROPOSTA VISTA 09
PROPOSTA VISTA 10
PROPOSTA VISTA 11 DIA
PROPOSTA VISTA 11 NOITE
ENSAIO SOBRE AS MARGENS
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Comecei o trabalho de conclusão de curso com inquietações acerca dos contrastes e margens presentes nas cidades. Ao longo do processo, o próprio lugar e a sua gente me deram muitas das respostas que eu buscava e outras que eu nem sabia que viria a procurar. Através deste estudo, pude explorar também a importância dos espaços abertos públicos nas cidades contemporâneas e a necessidade de trabalhar suas articulações para permitir os encontros Vale ressaltar que não espero que o desenho sozinho mude as questões sociais apresentadas ao longo deste trabalho. Porém, acredito sim no projeto arquitetônico e urbano como um facilitador, ao criar cenários que busquem com que certas relações possam ocorrer e se estabelecer mais naturalmente. Este processo me proporcionou um grande amadurecimento, visto que o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso para mim foi, dentre outros aprendizados, um exercício de como “caminhar pelas minhas próprias pernas” frente à realidade profissional que se aproxima. São necessárias decisões constantes que começam desde a escolha do tema, orientador, local de intervenção (não necessariamente nessa ordem linear) e continuam em todos os momentos de proposição, sendo necessário o fazer consciente e um posicionamento próprio frente às questões que surgem. Por fim, acho importante destacar este momento de finalização do trabalho de conclusão de curso como uma celebração de todas as vivências possibilitadas ao longo deste período e dos conhecimentos adquiridos ao longo destes anos no curso de Arquitetura e Urbanismo. Deixo registrada aqui também a vontade de continuar explorando e aprofundando os temas abordados neste estudo, com o início de um novo ciclo e novos desafios.
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7. REFERÊNCIAS 7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, Sonia (1999). Urbanização de Encostas: Crises e Possibilidades. O Morro da Cruz como referencial de projeto de arquitetura da paisagem. Tese de Doutorado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). ARROYO, Julio. Bordas e espaço público. Fronteiras internas na cidade contemporânea. Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 081.02, Vitruvius, fevereiro de 2007. Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó - ACAM. Comunidade do Morro do Mocotó. Disponível em <http://www.acammocoto.org.br/sobre-a-acam/ a-comunidade.html> acesso em 11/11/2015. CAU/BR. Lei de Assistência Técnica ainda não é realidade no Brasil. Disponível em <http://www.caubr.gov.br/?p=4355> acesso em 04/12/2015.
Martins Fontes, 2000. JACQUES, Paola Berenstein. Estética da ginga: a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011. JOSEP, Maria Montaner e MUXÍ, Zaida. Arquitetura e Política: ensaios para mundos alternativos. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. KAPP, Silke et al. Arquiteto nas favelas: três críticas e uma proposta de atuação. IV Congresso Brasileiro e III Congresso Ibero-Americano Habitação Social: ciência e tecnologia “Inovação e Responsabilidade”. Florianópolis: UFSC, 2012. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.
CAU/BR. Percepções da sociedade sobre Arquitetura e Urbanismo. Disponível em <http://www.caubr.gov.br/?p=48216> acesso em 04/12/2015.
LINS, Jacqueline Wildi (2008). Para uma história das sensibilidades e das percepções: vida e obra em Valda Costa. Florianópolis, Tese de doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
DALSGAARD, Andreas. The human scale: bringing cities to life. Denmark: “ lm produced by KimStim, 2012.
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2001.
GEHL, Jan. Cities for people. Washington: Island Press, 2010.
MASCARÓ, Juan Luis. Loteamentos Urbanos. 2. ed. Porto Alegre: Masquatro, 2005.
GHIONE, Roberto. Cidade formal e cidade informal. Disponível em: <http://www.caupr.org.br/?p=4907> acesso em 13/11/2015. GLAESER, Edward L. Os centros urbanos: a maior invenção da humanidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. GONÇALVES, Beatrice Corrêa de Oliveira. As cozinheiras que transformaram o mocotó em um símbolo. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013.
MARQUES, Eduardo. Social Networks, Segregation and Poverty in São Paulo. International Journal of Urban and Regional Research, v. 36, n. 5, p. 958–979, 2012. MÜLLER, Gláucia (2002). A influência do urbanismo sanitarista na transformação do espaço urbano de Florianópolis. Florianópolis, Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
HARVEY, David. Rebel cities: from the right to the city to the urban revolution. London: Verso, 2013.
ORNSTEIN, Sheila Walbe, ROMÉRO, Marcelo de Andrade (colaborador). Avaliação pós-ocupação do ambiente construído. São Paulo: Studio Nobel, Edusp, 1992.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo:
PIMENTA, Margareth de Castro Afeche e PIMENTA, Luís
Fugazzola. Pobreza e qualidade de vida nos morros centrais de florianópolis: a escalada de um distanciamento. ACTA Geográfica, Boa Vista, v. 5, n. 9, p. 47 - 66, jan./jun. de 2011. REIS, Almir Francisco Reis. Preservação ambiental no contexto urbano: cidade e natureza na Ilha de Santa Catarina. R. B. Estudos Urbanos e Regionais, v. 12 , n. 1, p. 45 - 61, maio de 2010. ROLNIK, Raquel. Um mundo cada vez mais murado. Disponível em <https://raquelrolnik.wordpress.com/2015/10/08/ummundocada-vez-mais-murado/> acesso em 09/10/2015. SANOFF, Henry. Designing a Responsive School Environment. Disponível em: <www.colorado.edu/journals/cye/>. Acesso em: 16/12/2015. SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Quando a rua vira casa. São Paulo: Editora Projeto, 1985. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E SANEAMENTO AMBIENTAL DE FLORIANÓPOLIS. Projeto Maciço do Morro da Cruz. Disponível em <http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/habitacao/index. php?cms=projeto+macico+do+morro+da+cruz&menu=9> acesso em 22/09/2015. SUGAI, Maria Inês. Segregação silenciosa: investimentos públicos e dinâmica socioespacial na área conurbada de Florianópolis (1970-2000). Florianópolis: Editora da UFSC, 2015. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel; FAPESP; Lincoln Institute, 2001. VILLAÇA, Flávio. Reflexões sobre as cidades brasileiras. São Paulo: Studio Nobel, 2012. WHYTE, William Foote. Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
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7.2. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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JARDÍN CIRCUNVALAR | Medellín, Colombia
UVA LIBERTAD | Medellín, Colombia
O projeto do Jardín Circunvalar está localizado nas bordas da ocupação da montanha, delimitando assim a área urbanizada e parte da montanha a ser preservada. O objetivo desta proposta é conter a expansão nesses limites entre comunidades e áreas de preservação, através de um sistema de espaços de usos comunitários e públicos.
A sigla UVA significa “Unidad de Vida Articulada” e no caso da comunidade de Libertad, a proposta foi a de transformar tanques de reservatório de água, que eram áreas isoladas, em espaços educacionais e de iluminação durante o período noturno. O local hoje conta com usos como sala de computadores, salas multiuso, banheiros públicos, terraços mirantes e áreas de recreação para crianças.
Fonte: <https://cinturonverde.wordpress.com/about/> acesso em 16/12/2015.
Fonte: <http://www.elpalpitar.com/portada/2015/05/en-fotos-sol-de-oriente-seencendio-con-la-inauguracion-de-la-uva-la-libertad/> acesso em 16/12/2015.
CAPÍTULO 7
UVA EL PARAÍSO | Medellín, Colombia
MORRO DE MORAVIA | Medellín, Colombia
Assim como a outra UVA apresentada anteriormente, esta também busca o encontro cidadão, o fomento ao esporte, a recreação, a cultura e a participação comunitária. No caso da UVA El Paraíso, a proposta foi conceber um imenso clube de bairro em um dos distritos de maior desenvolvimento em Medellin. O equipamento foi localizado de acordo com um projeto estratégico de centralidades urbanas para a cidade.
O projeto de recuperação ambiental e socioeconômica do Morro de Moravia transformou um espaço onde antes existia um grande lixão em uma área de jardins, hortas comunitárias e mariposário. A intervenção não somente proporcionou um novo espaço público para a comunidade, como também promoveu a regeneração ambiental local.
Fonte:
<http://www.archdaily.com.br/br/788974/uva-el-paraiso-edu-empresa-de desarrollo-urbano-de-medellin> acesso em 02/07/2016.
Fonte: <http://www.unescosost.org/en/project/moravia-florece-para-la-vida/> acesso em 02/07/2016.
REFERÊNCIAS
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PRAÇA ALPES DO JARAGUÁ | Jaraguá, Brasil O projeto, realizado pelo escritório Boldarini Arquitetos Associados, consiste em um espaço público com duas porções com conformações diferenciadas: uma em desnível e a outra é plana. Os volumes marcam a paisagem através de suas cores fortes, formas e pisos em diferentes níveis, com áreas para a permanência das pessoas, espaço de brincar e visualização do entorno do Pico do Jaraguá.
Fonte: Disponível em <http://www.boldarini.com.br/projetos/praca-alpesdo-jaragua/> acesso em 16/12/2015.
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CAPÍTULO 7
CONCURSO DE IDEIAS PARA BAIXINHA DE SANTO ANTÔNIO | Salvador, Brasil Este concurso teve o objetivo de ser um projeto piloto para o programa “Bairro da Gente”. A proposta vencedora trabalhou com a regeneração das várzeas como centralidades urbanas, trazendo usos para as “margens”, com lançamento do sistemas de áreas livres integrado à infraestrutura para a urbanização da área.
Fonte: Disponível em <http://concursos.arqs.com.br/concursobaixinha/resultado/> acesso em 16/12/2015.
ESPAÇOS DE PAZ | Venezuela
BARRÍO MIO | Lima, Peru
Este projeto, liderado pelo escritório PICO Estudio, busca converter “áreas de perigo” em “áreas de paz”, através do projeto participativo em áreas violentas da Venezuela. Através da transformação dos espaços como terrenos vazios e áreas de lixão não regulamentadas, as intervenções procuraram criar dinâmicas sociais que convidassem a novas formas de convivência e relações nas comunidades, trabalhando duas categorias: tempo e espaço.
O programa Barrío Mio promove o assessoramento técnico a moradores organizados em áreas de encosta, visando a criação de projetos que recuperem e melhorem os espaços públicos dentro de um sistema urbano integrado, com foco na ação a partir da autogestão. A proposta abaixo, Sr. de los Milagros - La Ensenada, prevê a integração e ressignificação dos espaços abertos dentro de um sistema urbano com novas circulações peatonais, que tiram partido da geografia e das vistas privilegiadas para consolidar um bairro caminhável, reforçando a relação com a paisagem.
Fonte: <http://www.archdaily.com.br/br/756317/como-o-projetoespacos-de-paz-esta-transformando-os-espacos-comunitarios-navenezuela> acesso em 16/12/2015.
Fonte:
<http://www.archdaily.com.br/br/761445/espacos-publicos-humanos-para-uma-cidadeinformal-a-experiencia-de-barrio-mio-em-lima> acesso em 16/12/2015.
REFERÊNCIAS
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8. APÃ&#x160;NDICES 8.1. PROCESSO EM MAQUETE
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8.2. CROQUIS: VISITAS EXPLORATÓRIAS, OBSERVAÇÕES PARTICIPANTES E PROCESSO
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CAPÍTULO 8
APÃ&#x160;NDICES
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AGRADECIMENTOS Ao final deste processo não só do trabalho de conclusão de curso, mas do percurso na graduação como um todo, são muitos os agradecimentos. Ao meu orientador Professor Renato, pelo conhecimento compartilhado, por estar sempre presente e pela segurança que me passou durante todo este período. E à Laís, companheira nesta trajetória de orientações. A todos os mestres do curso de Arquitetura e Urbanismo pelos ensinamentos. Aos moradores do Mocotó, Queimada, Jagatá e José Mendes. Em especial à Julia e todos os membros do Projeto Curta no Morro, ao grupo da Rede Comunitária e à ACAM pelas belas iniciativas que me inspiraram e guiaram ao longo deste trabalho. Um agradecimento especial à minha família. Aos meus pais por serem meus maiores exemplos, meu porto seguro e por sempre me fazerem acreditar nos meus sonhos e princípios. E à minha irmã Luiza, por me entender como ninguém e por me orgulhar a cada dia com o seu esforço e determinação. Ao Dave pelo carinho, companheirismo e apoio em todos os momentos. À família do intercâmbio: Bruninho, Felipe, Greg, Ludi e Magrão, e às amizades que mesmo longe se fazem presentes: Júlia, Laura, Flora e Mari. Obrigada por me mostrarem que fronteiras não afetam laços verdadeiros. Aos amigos Carol, Fê, Gi, Leandro e Sara por não me deixarem esquecer de ser criança. Ao grupo PET, por tantos ensinamentos e às amizades nele encontradas que levarei para a vida toda. À equipe do IPUF por me mostrar a realidade do urbanismo na prática. Aos colegas e professores do Laboratório de Urbanismo por me permitirem ser utópica. A todos os amigos que o curso de Arquitetura e Urbanismo me proporcionou, em especial Maykon, Gabi e Amanda por compartilharem momentos importantes deste processo e ao longo de todos estes anos.
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