CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL
Laura Silva de Carvalho Universidade de Araraquara – UNIARA Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Araraquara 2022
UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA – UNIARA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO LAURA SILVA DE CARVALHO 06418-019
CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL Trabalho
Final
apresentada Arquitetura Universidade
de ao
e
Graduação curso
Urbanismo de
Araraquara
de da –
UNIARA, como parte dos requisitos para avaliação do PRÉ-TFG
ARARAQUARA 2022
Primeiramente agradeço a Deus, que me proporcionou ter conseguido chegar até aqui e nunca ter me desamparado. A minha família, em especial aos meus pais, Nelson e Marcia, obrigada por estarem sempre ao meu lado me apoiando, incentivando
AGRADECIMENTOS
e ajudando em todas as minhas dificuldades para que eu pudesse realizar meus sonhos. A minha gata, Lolla, que desperta em mim um amor incondicional aos animais, por ser fonte de inspiração e incentivo na realização do meu trabalho. Aos meus amigos que fiz durante a faculdade, obrigada por compartilharem comigo essa jornada, ao longo desses cinco anos, tornando-a mais leve. E aos meus professores, que compartilharam comigo todos os ensinamentos necessários, para a minha formação académica. Obrigada a todos vocês!
“A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem” Arthur Schopenhauer
The present work addresses matter of fundamental
importância para o entendimento da relação homem e animal,
importance for the understanding of the man and animal
como o processo da domesticação desde a pré-história até os
relationship, such as the process of domestication from
dias atuais, em que, para se ter um animal em casa, é
prehistory, to now a days, wherin to have an animal at home is
necessário proporcionar-lhe seu bem-estar; mas, para isso,
necessary provide the well-being of your pet, but for to do it
existem gastos que muitos tutores não estão preparados e
there are expenses, wherein many guardians are not prepared
acabam abandonando, ocasionando um aumento de animais
and end up abandoned, causing an increase in animals on the
nas ruas.
streets.
RESUMO
O presente trabalho aborda questões de fundamental
Assim, um dos objetivos da pesquisa é fazer uma análise
One of the purpose of the research is to do an analyze of
da relação dos animais com a cidade, a fim de entender quais
the relationship of animals with the city in order to understand
são os espaços destinados à saúde e ao bem-estar animal e
which are the destined spaces for animal health and animal
quais os bairros mais propícios ao abandono de animais em
welfare, which neighborhoods are most likely to abandon
Araraquara.
animals in Araraquara.
Por fim, elaborar o projeto do Centro de acolhimento e
Finally, elaborate the project of the animal welfare and
bem-estar animal em Araraquara, contando com uma
reception Center in Araraquara, with an adequate structure to
estrutura adequada para proporcionar o bem-estar, acolhendo
provide well-being, reception and providing a temporary home
e fornecendo um lar temporário até o momento de sua
until the moment of their adoption.
adoção. Key-words: reception center, domestic animal, shelter and abandonment Palavras-chaves:
Centro
doméstico, abandono e abrigo.
de
acolhimento,
animal
ABSTRACT
INTRODUÇÃO AO TEMA
PROGRAMA DE NECESSIDADES
1.1 Introdução .............................................................9
01
1.2 Justificativa .........................................................10 1.3 Objetivos .............................................................11
5.1 Público-alvo ........................................................ 63
05
5.2 Programa de necessidades ................................ 64 5.3 Fluxograma ........................................................ 69
Sumário
1.4 Metodologia de pesquisa ....................................11
LOCAL DE INTERVENÇÃO
RELAÇÃO HOMEM E ANIMAL 2.1 O que é animal doméstico? ................................ 13
6.1 Terreno 01 .......................................................... 72
2.2 A evolução da domesticação das espécies ........ 14
6.2 Terreno 02 .......................................................... 73
2.3 Bem-estar e direito dos animais ......................... 18 2.4 Abandono e as ONGs ........................................ 21
02
6.3 Terreno 03........................................................... 74 6.4 Local escolhido ................................................... 75
06
2.5 Animais e a pandemia do Covid-19 ................... 23
ANÁLISE URBANA
ESTUDO PRELIMINAR
3.1 Tema na região ...................................................27
03
3.2 Diagnóstico da cidade .........................................29 3.3 Analise temática .................................................31 3.4 ONGs e o abandono na cidade ...........................33
07
7.1 Prancha 1........................................................ 81 7.2 Prancha 2........................................................ 82 7.3 Prancha 3........................................................ 83 7.4 Prancha 4........................................................ 84
3.5 Indústria pet.........................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS PROJETUAIS 4.1 Palm Springs Animal Shelter .............................. 37 4.2 Dog Shelter......................................................... 47 4.3 Hospital Veterinário Santa Catarina .................... 53
04
8.1 Referências bibliográficas ..................................... 85
08
01
INTRODUÇÃO AO TEMA 9
INTRODUÇÃO AO TEMA
1.1. INTRODUÇÃO Os animais domésticos estão sempre presentes no dia a dia das pessoas e possuem um papel de fundamental importância no nosso cotidiano, como animais de companhia, o que acaba tornando a nossa relação com eles cada vez mais íntima e, em alguns casos, são até considerados membros da família. Essa relação gera grandes benefícios para a saúde e a mente, assim como ajuda pessoas em tratamentos de algumas doenças. No entanto, em contrapartida, existe a problemática com relação ao abandono de cães e gatos, fator que é recorrente na maioria das cidades brasileiras; embora existam organizações não governamentais (ONGs) que resgatam esses animais, não é possível acolher e dar suporte a todos pela grande proporção de animais abandonados que existem no Brasil. Sendo assim, essa pesquisa aborda o tema da saúde e do abandono de animais domésticos, com o intuito de mostrar o quão importante e abrangente é o assunto relacionado ao abandono de animais. Infelizmente esse é um problema que ocorre em várias cidades brasileiras, que leva os animais abandonados a passarem por desafios todos os dias, relacionados à fome, às doenças e aos maus tratos. Além do abandono ser prejudicial para o próprio animal, ele interfere diretamente na saúde pública, como o caso das zoonoses. Sendo assim, essa pesquisa tem como motivação direcionar um olhar aos animais menos favorecidos tornando o problema uma ação coletiva, que a sociedade atue como agente participante no controle de animais abandonados. Com a intenção de melhorar a realidade do município de Araraquara e região, o presente trabalho visa criar um Centro de Acolhimento e bem-estar animal, que será um equipamento público, com o intuito de atender, acolher e abrigar, todos os animais, principalmente os que se encontram em situação de vulnerabilidade ou abandono; além de também atender toda a população que queira conhecer o espaço, adotar um animal ou cuidar da saúde do seu pet, de uma maneira mais acessível economicamente, promovendo assim a saúde e bem-estar dos animais domésticos. Para isso, existe a pretensão de criar um espaço onde os tutores consigam fazer tudo em um só lugar, desde cuidados com a saúde, adotar um animal, ou comprar algo que o pet precise, como medicamentos ou ração.
10
INTRODUÇÃO AO TEMA
1.2. JUSTIFICATIVA A escolha de desenvolver um Centro de acolhimento e bem-estar
região, ao oferecer uma oportunidade de os animais serem bem
animal, se deu através de interesses pessoais com relação aos animais,
tratados e estarem em um local seguro, longe das ruas e da violência.
principalmente os domésticos, agregada à preocupante situação de
A arquitetura terá um papel de fundamental importância no local,
carência de atenção, quando estes se encontram em situação de
fazendo do abrigo um local acolhedor e seguro e com grande utilização
abandono, principalmente dos casos já nascem nas ruas passando
do paisagismo, tornando-se assim um lar para esses animais carentes de afeto e atenção.
fome e necessidades. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS (2021),
1
no Brasil existem 30 milhões de animais em situação de rua (abandonados), divididos entre: 20 milhões de cães e 10 milhões de
Gráfico 1.1: Quantidade de animais abandonados no Brasil
gatos. Já em Araraquara existem cerca de 600 animais abandonados ou vítimas de maus-tratos na Gerência de Zoonoses e no Canil Siciliano, segundo a vereadora de Araraquara, Luna Meyer (2022), em entrevista com a autora1, isso deixa claro o alto índice do abandono de animais no Brasil A cidade de Araraquara foi escolhida por ser uma cidade consideravelmente grande e polo de cidades vizinhas menores; além da convivência direta na cidade possibilitando uma visão ampla dos casos de
abandono.
Araraquara
possui
algumas
organizações
não
governamentais – ONGs, porém, em sua grande maioria, não contam com um espaço adequado para acolhimento ou estão em seu limite máximo de animais abrigados.
Fonte: Organização Mundial da Saúde - OMS (2021) Adaptado pela autora (2022)
Portanto, a justificativa da criação de um Centro de acolhimento junto de uma clínica veterinária para atender as necessidades dos animais, surge para suprir e resolver os problemas da cidade e da
1
Entrevista concedida pela vereadora municipal de Araraquara, em 10 de março de 2022
11
INTRODUÇÃO AO TEMA
1.3. OBJETIVOS
1.4. METODOLOGIA DE PESQUISA
OBJETIVO GERAL
Para ser possível o desenvolvimento do trabalho, a metodologia
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um projeto de um espaço voltado para os animais, em específico os domésticos, em condição de abandono, vulnerabilidade ou com estado de saúde fragilizado, principalmente de famílias carentes. O Centro de acolhimento e bem-estar animal será em Araraquara-SP, tendo como o principal propósito acolher os animais, cuidar deles e atender as suas necessidades, para que possam ser adotados, mudando a expectativa de vida deles e assim, contribuir para a diminuição dos casos de abandono e problemas de zoonoses na cidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
de pesquisa e a busca por informações foram divididas em etapas, sendo a primeira a pesquisa de referenciais teóricos com base em monografias, leis, artigos acadêmicos, assim colaborando com o entendimento da situação do bem-estar animal, a questão do abandono e a relação do animal com o ser humano ao longo dos anos. A segunda etapa foi composta pelas referências projetuais; essas análises serviram como base para compor a proposta de projeto e entendimentos específicos sobre um centro de acolhimento animal. Por fim, a terceira etapa é referente ao levantamento da cidade e da área em que o projeto será feito com base em análise de mapas, análise das informações nos
Desenvolver uma linha de raciocínio com dados históricos que
sites, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e da
tracem a relação do homem com o animal, desde a antiguidade
Prefeitura de Araraquara.
até os dias atuais;
A análise feita de Araraquara foi de fundamental importância para
Apresentar dados sobre a realidade dos animais abandonados no
entender como é a situação da cidade com relação aos espaços
Brasil e a sua relação com a cidade;
voltados à saúde dos animais domésticos e como está o controle de
Apresentar estudos de caso de Centros de acolhimento animal,
animais abandonados, e, a partir desses estudos, será possível
para análise das referências e assim montar um programa de
desenvolver o programa de necessidades e um projeto, abordando o
necessidades adequado ao projeto;
máximo de conflitos em questão.
Elaborar um espaço onde os animais encontrem um ambiente estruturado e afetivo, que atenda suas necessidades, tanto com relação ao seu acolhimento quanto em questões de tratamento, desde consultas até complexas cirurgias.
[Capture a atenção do leitor com uma ótima citação do documento ou use este espaço para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta arrastá-la.]
12
02
RELAÇÃO HOMEM E ANIMAL 13
2.1. O QUE É ANIMAL DOMÉSTICO?
De acordo com a Portaria Ibama n. 93, do art. 2º, capítulo III, de 07 de julho de 1998, animais domésticos são: “Art. 2º, III - Todos aqueles animais que através de processos tradicionais e sistematizados de manejo e/ou melhoramento zootécnico tornaram-se domésticas, apresentando características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem, podendo apresentar fenótipo variável, diferente da espécie silvestre que os originou.”
Ainda segundo a Portaria Ibama n. 93/1998, os animais domésticos não precisam de autorização de órgãos ambientais para a sua comercialização. São exemplos de animais domésticos: Cachorro, Coelho, Gato, Calopsita, Cavalo, Galinha, Ovelha, Porco, Hamster, entre outros, ou seja, animais domésticos, são aqueles que apresentam uma certa dificuldade em viver sozinhos, sendo animais habituados ao convívio humano Como vimos anteriormente, existe uma grande variedade de animais domésticos, porém, no Centro de acolhimento e bem-estar animal, será trabalhado apenas com: cães, gatos, coelhos e hamster, que são animais mais comuns de se encontrar nos lares brasileiros, dentro do perímetro urbano.
Figura 2.1 a 2.6: Exemplos de animais domésticos Fonte: 2.1 arquivo pessoal (2022) Fonte: 2.2 UOL (2020) Fonte: 2.3 Agroset (2020)
Fonte: 2.4 Pet love (?) Fonte: 2.5 Efecadepatos (2015) Fonte: 2.6 Catraca livre (2019)
14
2.2. A EVOLUÇÃO DA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES PALEOLÍTICO
Figura 2.07: Pintura nas cavernas Fonte: Minuto ligado (2013)
A história da relação entre os humanos e os animais é super antiga, surgindo na pré-história. A domesticação dos primeiros animais ocorreu há cerca de 12.000 anos, quando ambos perceberam que podiam se beneficiar desta relação. Os primeiros relatos dessa interação foram feitos nas pinturas das cavernas e a data se fundamenta na descoberta de um esqueleto humano junto a de um cão em um sítio arqueológico. (MAGNOBOSCO, 2006) O início dessa relação foi com o homem caçador e os animais como caça, usadas para o homem se aquecer e se alimentar. Essa convivência entre ambos iniciou o processo da domesticação, partindo dos lobos, que se aproximaram em busca de abrigo e restos de comidas, segundo Magnobosco (2006). Essa aproximação também foi vantajosa para os homens, já que, com os lobos, eles estavam mais seguros com relação aos ataques de outros animais.
NEOLÍTICO
Figura 2.08: Representação do período neolítico Fonte: Prepara Enem (?)
EGITO ANTIGO
Figura 2.09: gato no Egito antigo Fonte: Super interessante (2011)
Com o passar dos anos o homem
De acordo com Lima, (1998 apud Magnobosco
deixa de viver da caça e começa a tornar-
2006, p.17) a domesticação dos gatos ocorreu no Antigo
se fixo nos locais, a partir da descoberta
Egito há aproximadamente 2.500 anos. Durante essa
do fogo, passando então a explorar a
época, os gatos eram tratados como objetos valiosos,
agricultura e criar animais; os cães
divindades que aproximavam os egípcios dos deuses.
começam a trabalhar como pastores;
Toda essa admiração aos felinos ocorreu quando
mas, para que realmente desse certo, foi
descobriram o instinto natural de caça aos roedores (ratos
feito uma seleção genética dos animais
e camundongos) e assim conseguiam proteger os silos de
que eram considerados bons para tal
grãos e cereais das infestações de roedores que estavam
atividade.
acontecendo. “O apogeu dos gatos ocorreu na cultura egípcia: os gatos eram tão importantes para a população egípcia, a ponto de serem encontradas diversas estatuetas e múmias de gatos, junto às de humanos, nas câmaras mortuárias e sendo guardado luto pelos donos de animais que morriam. Com a invasão romana no Egito, os gatos foram levados para a Europa, sendo um símbolo da vitória e havia leis que os protegiam”. (MAGNABOSCO. 2006. p.7)
15
2.2. A EVOLUÇÃO DA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES MODERNIDADE
IDADE MÉDIA
Figura 2.10: Representação de animais na idade média Fonte: G1 (2008).
Figura 2.11: Representação dos animais nas ruas Fonte: Jornal destaque regional (2018).
Na idade média, entre os séculos V e XV, o relacionamento dos
Sabemos que o homem se adaptou e evoluiu com os animais
homens com os animais é um pouco diferente do conhecido atualmente;
domésticos, cada um de acordo com suas necessidades. Durante os
porém, a ideia de animais de estimação já existia. Ter um macaco,
primeiros séculos da modernidade (XVI a XVII), o número de animais
ovelha ou porco era considerado normal, pois, além da função de
domésticos, de companhia, cresceu muito: cães e gatos passaram a
companhia, eles também serviam como alimentação e fonte de dinheiro
ser cada vez mais comum nas casas, principalmente da classe média,
de acordo com Hanawalt (2008).
segundo THOMAS, (1988 apud Magnobosco 2006, p.3).
"Entre os camponeses, eles significavam um instrumento de trabalho, e entre as classes altas, um artigo de luxo". (HANAWALT. 2008. Portal G1)
A relação dos gatos muda drasticamente durante a Europa Medieval, de acordo com Magnobosco (2006): de divindades, os gatos passam a ser relacionados a bruxarias e perseguidos. Presume-se que a morte dos gatos nessa época tenha forte ligação com o surgimento da peste negra (século XIV) devido a grande proliferação de ratos que teve no período.
Com o crescimento desenfreado dos animais, de acordo com Oliveira; Souza; Carletto (2016) que circulavam livres pelas ruas, essa superpopulação de cães e gatos foram associadas a seres perigosos, agressivos e transmissores doenças. Com receio das zoonoses, (doenças transmitidas ao homem através dos animais) que ganharam força na era moderna, as pessoas foram motivadas a afastar os animais para fora de casa e do convívio familiar, assim eles foram condenados a viver apenas nos quintais das residências. (LIMA, 2016) 16
2.2. A EVOLUÇÃO DA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES CONTEMPORÂNEO
Figura 2.12: Raças “femininas” e raças “masculinas” Fonte: Go pets (2021).
ATUALMENTE
Figura 2.13: Relação homem animal atualmente Fonte: Ciência e cultura (2020).
O afastamento dos animais do convívio familiar entre os séculos XVII e
Por fim, já no século XXI, a relação homem-animal no
XVIII acabou ocasionando, durante o período contemporâneo no século XIX,
Brasil se intensificou ainda mais, principalmente da forma
a seleção de raças, para suprir as necessidades da alta sociedade,
afetiva, tanto que podemos perceber na relação homem-
adaptando-as à convivência familiar.
animal os mesmos graus de afeto e cuidado das relações pais
“Entre os cães “inúteis”, as raças “femininas” eram as que se adequavam à vida reclusa, como a das mulheres da época, enquanto as raças “masculinas” eram aquelas adequadas a atividades externas de lazer realizadas pelos fidalgos”. (LIMA. 2016. p.56)
Segundo Lima (2016), para melhor compreendermos a evolução do homem com o animal doméstico, é necessário analisar o modo como cada parte do mundo adotou o convívio com os animais dentro de casa: enquanto na Europa os animais considerados especiais puderam se reaproximar ao convívio familiar, no Brasil, somente no final do século XX que fomos ter o
e filhos e, comparado com os períodos anteriores aqui retratados, percebe-se que atualmente a nossa relação com os animais é muito mais do que a relação de homem-animais domésticos, hoje eles são realmente parte integrante da família. “Se a casa brasileira é imaginada como um ambiente de amor e os animais de estimação fazem parte dessa casa simbólica, então é compreensível que sejam tratados como se fossem pessoas e membros da família.” (OSÓRIO, 2013. p.164)
costume de animais de companhia, porque até a década de 1980 os gatos ficavam para fora de casa e os cães eram para trabalho, como na época dos colonizadores, com objetivo de proporcionar maior segurança para a residência. (OLIVEIRA; SOUZA; CARLETTO, 2016). 17
2.2. A EVOLUÇÃO DA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES Uma pesquisa que traça o perfil dos tutores de animais de estimação foi feita em 2018 pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas Empresas) em parceria com a Associação brasileira da indústria de produtos para animais de estimação (Abinpet), entrevistando 14.500 tutores pelo país, trazendo assim os seguintes números: Tablea 2.1: Perfil do dono de pet
PERFIL DO DONO DE PET
De acordo com a pesquisa, é possível notar que os números relacionados ao segmento pet no Brasil são impressionantes, pois, cada vez mais, os animais estão presentes nos lares, independente de sexo, classe ou idade dos tutores. Dois fatores que chamam atenção nessa pesquisa são: o número de pessoas que tem se conscientizado em adotar ao invés de comprar está crescendo ano após ano, e o gasto médio com o pet, que era de R$189,71 em 2016, ou seja, 21% do salário do tutor iam para os gastos com o pet, isso supondo que o tutor ganhava um salário mínimo por mês (R$ 880,00 em 2016 de acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência (2020)). Além desses números apresentados do perfil dos tutores de pet, a Abinpet também apresentou o valor gasto anualmente no Brasil com os pets, sendo:
Fonte: SEBRAE (2016). Adaptado pela autora (2022)
Figura 2.14: Gastos com pets ao ano no Brasil Fonte: SEBRAE (2016). Adaptado pela autora (2022)
18
2.3. BEM-ESTAR E DIREITO DOS ANIMAIS O bem-estar animal é um termo amplo, mas que, em linhas
O Comitê de Brambell constituiu em 1965 um documento
gerais, trata sobre a qualidade de vida dos animais, para que eles
chamado “Relatório de Brambell”, defendendo que os animais
estejam em harmonia com o ambiente em que vivem. A discussão
devem ter liberdade de: “levantarem-se, deitarem-se, virarem-se
sobre esse tema começou em 1964 com a publicação do livro
para os lados, limparem-se e esticarem seus membros", esses
“Máquinas-Animais”, da autora Ruth Harrison; o livro retrata como
princípios, tempos depois, de acordo com Mcculloch (2013 apud
os animais da época eram tratados pela indústria: eles não eram
Henzel, 2014, p.10), tornaram-se conhecidas como as cinco
tratados como seres vivos, mas sim como máquinas inanimadas
liberdades, as quais defendem que o animal deve ser:
de acordo com BROOM (2011 apud Henzel, 2014, p.10) Um dos documentos mais importantes com relação à defesa e ao bem-estar animal é a Declaração Universal dos Direitos dos Animais proclamado pela UNESCO em 1978. Essa carta reconhece o direito à vida dos seres vivos, defende o respeito para todos, dentre outros. As atribuições dessa carta são de grande importância para a defesa e proteção dos animais, inclusive em território brasileiro. Os animais, assim como os homens, se sentem ameaçados em determinadas situações, como fome, medo e frio. Embora eles não tenham a capacidade da fala, como os humanos, para se expressarem, eles conseguem demonstrar seus sentimentos através da linguagem corporal. A seguir, serão apresentados os direitos dos animais, a começar pelo básico que são as cinco liberdades; logo em seguida serão apresentados os principais artigos da Declaração Universal dos Direitos dos Animais e, por fim, serão apresentadas as principais leis com relação à proteção dos animais na cidade de Araraquara.
Figura 2.15: As 5 liberdades Fonte: Mia carne suína (?). Adaptado pela autora (2022)
19
2.3. BEM-ESTAR E DIREITO DOS ANIMAIS DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS Art. 1º
Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os
1. Todo o animal pertencente a uma espécie que viva
mesmos direitos à existência
tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o
Art. 5º
direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
1. Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 2. O homem, como espécie animal, não pode exterminar
Art. 2º
os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem
2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.
o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais. 3. Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e
Art. 11º
à proteção do homem.
Art. 3º
Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.
1. Nenhum animal será submetido nem a maus-tratos nem
1. Os organismos de proteção e de salvaguarda dos
a atos cruéis.
animais
2. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser
Art. 14º
devem
estar
presentados
a
nível
governamental.
morto instantaneamente, sem dor e de modo a não
2. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei
provocar-lhe angústia.
como os direitos do homem.
A Declaração Universal dos Direitos dos Animais conta com quatorze artigos que atuam em defesa dos animais, tanto domésticos, quanto os selvagens. No presente trabalho, foram apresentados alguns desses direitos, relacionados principalmente aos animais domésticos ou que pontuem em âmbito geral os direitos dos animais. A partir da análise desses artigos é possível perceber que a vida dos animais também importa e não é só porque são considerados animais irracionais que não possuem seus direitos perante a sociedade.
20
2.3. BEM-ESTAR E DIREITO DOS ANIMAIS LEI MUNICIPAL nº 4564 de 24 de outubro
LEI COMPLEMENTAR nº 827
de 1995
de 10 de julho de 2012
Dispõe sobre o controle do número de
Dispõe de políticas públicas de proteção ao animal, incluindo a guarda responsável
animais e a prevenção das zoonoses no
e a identificação do animal com microchip. No Art.4º é declarado que é de
município. Em seu Art. 2º é declarado que o
responsabilidade
Centro Municipal de Controle de Zoonoses é
acompanhamento e o controle da proteção dos animais.
responsável pelo controle da população de animais
e
controle
de
zoonoses
em
da
Coordenadoria
Executiva
de
Bem-Estar
Animal
Em seu Art. 16º, no parágrafo III, são declarados tipos de maus-tratos:
o
“Criá-los,
mantê-los ou expô-los em recintos exíguos, insalubres ou impróprios, bem como transportá-los em veículos ou gaiolas inadequados ao seu bem-estar ou à segurança deles e de terceiros”.
Araraquara.
LEI MUNICIPAL nº 9282
DECRETO MUNICIPAL nº 12.309 de 1 de
de 4 de junho de 2018
julho de 2020
Dispõe sobre o Plano Municipal de Políticas Públicas para os Animais,
Ele estabelece os custos de despesas
englobando o controle populacional dos animais, guarda responsável, animais em
públicas em relação ao abrigo, à alimentação
situação de abandono e maus-tratos.
e
Em seu Cap. 1 º sobre controle populacional, é incentivada a castração dos animais com mutirões, viabilizando parcerias entre o poder público com instituições
à
saúde
dos
animais
resgatados
e
apreendidos pela Coordenadoria Executiva de Bem-Estar Animal.
privadas, ONGs e universidades, assim como torna obrigatório doar e comercializar animais já castrados.
Ter essas leis na cidade de Araraquara é de fundamental importância na proteção dos animais; porém, mais do que tê-las, o poder público tem a obrigação de colocá-las em prática e atuar em defesa dos animais, não somente deixá-las no papel. Já a população também tem que ter conhecimento de tais leis e reconhecer que ter um animal em casa é trabalhoso, mas é obrigatório promover o seu bem-estar; caso contrário, estão cometendo crimes de maus-tratos. 21
2.4. ABANDONO E AS ONGs Em 2018, de acordo com o Instituto Pet Brasil (2019), foi feita uma estimativa de que há 139,3 milhões de animais no país. Dentre todos esses animais domésticos o gato vem ganhando destaque. O número de felinos apresentou um crescimento preferencial com relação a compra/adoção de 8,1% nos lares brasileiros.
54,2 milhões de cães
39,8 milhões de aves
Brasil
19,1 milhões de peixes
2,3 milhões de repteis e pequenos mamíferos
23,9 milhões de gatos
Figura 2.16: Número de animais no Brasil Fonte: Instituto Pet Brasil (2019). Figura criada pela autora (2022)
Do total de cães e gatos apresentados, segundo o Instituto Pet
cães e 10 milhões de gatos abandonados. Apesar dos números
Brasil (2019), 5% deles estão em condição de vulnerabilidade,
serem uma estimativa, segundo Oliveira (2021), a população tem
correspondendo a 3,9 milhões de pets. Entende-se como condição
ciência de que o número de animais abandonados é grande e é um
de vulnerabilidade animais cujos tutores estão abaixo da linha da
fato cotidiano, principalmente nas grandes cidades.
pobreza ou animais que vivem nas ruas, mas tem o cuidado de
O abandono de animais pode-se dar por vários motivos: falta de
pessoas que não são tidas como seus tutores, além de não terem
dinheiro, falta de espaço, comportamento agressivo dos animais,
moradia fixa.
ficaram idosos, dentre outras. Cada pessoa que abandona sempre
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2021),
vai arranjar uma desculpa para tal ato.
somente no Brasil, estimasse que existem cerca de 20 milhões de 22
2.4. ABANDONO E AS ONGs Foi feita uma pesquisa pelo ANDA Jusbrasil (2015) revelando alguns motivos que levam as pessoas a abandonarem seus pets:
No Brasil existem cerca de 370 ONGs segundo o Instituto Pet Brasil (2019); dentre elas, 169 estão na região sudeste, o que equivale
Gráfico 2.1: Motivos do abandono
a 46% do total, ou seja, quase metade das ONGs do Brasil estão localizadas nessa região; todas as 370 ONGs cuidam de aproximadamente 172 mil animais em situação de abandono. Não ter tempo para cuidar, comportamento inadequado, nacimento de um filho, gera muitos gastos
O Instituto Pet Brasil (2019) fez um estudo com todas as ONGs do país, com base em número de animais acolhidos e a capacidade de acolhimento máximo de cada uma e chegou à seguinte conclusão: as ONGs de pequeno porte conseguem acolher até 100 animais por vez; as de médio porte conseguem acolher de 101 a 500 animais por vez; já as de grande porte conseguem acolher mais de 501 animais. A União Internacional Protetora dos Animais - UIPA, localizada em São Paulo, é a mais antiga ONG do país. Fundada em 1895, ela foi responsável pela criação do Movimento de Proteção Animal no
Fonte: ANDA Jusbrasil (2015). Gráfico criado pela autora (2022)
Brasil no século XIX (UIPA, 2016).
“As pessoas são motivadas pela paixão na hora de adquirir os animais, mas qualquer alteração na estrutura da família faz com que eles sejam abandonados. Afinal, para a maioria das pessoas, eles não são prioridade. O certo é: não pense mil vezes antes de ter um animal, pense dez mil vezes” (DIAS, 2015. ANDA Jusbrasil) Figura 2.17: Logo da ONG UIPA
Normalmente quem abandona leva para longe de casa, para o
Fonte: Facebook oficial da ONG (2021).
animal não ter chance de voltar, seja pelo olfato ou por reconhecimento do caminho visualmente. De acordo com Augé (2008 apud Osório, 2013, p.159), locais mais propícios para as pessoas abandonarem os animais são aqueles não habitados por humanos, como espaços ao ar livre (parques e praças arborizadas), terreno baldio, estacionamento ou prédio abandonado.
Com relação à proteção dos animais, Araraquara conta com o trabalho de 4 ONGs, protetores independentes e a Coordenadoria do Bem-estar Animal, que veremos de uma maneira mais aprofundada no capítulo de análise urbana. 23
2.5. ANIMAIS E A PANDEMIA DO COVID-19 Em 2020 o mundo começou a enfrentar uma crise mundial, a pandemia, causada pelo vírus da SARS-CoV-2, popularmente
Perfil de quem mais adotou
conhecido como Covid-19. Em março desse mesmo ano, a pandemia chegou ao Brasil, modificando a vida e a rotina de todos os brasileiros, que tiveram que se adaptar para proteger a si mesmos e ao próximo desse vírus até então desconhecido. Diversos cuidados como o isolamento social, uso de máscara e álcool em gel passaram a fazer parte da rotina da população. Como se não bastassem todas essas mudanças por conta do surgimento desse vírus desconhecido, outros problemas de caráter social e econômico começaram a surgir, como o desemprego e problemas psicológicos, como a ansiedade e depressão. A relação do homem com o animal doméstico também mudou nesse período, tanto para o lado positivo, já que o número de adoções cresceu muito, quanto
Figura 2.18: Perfil de quem mais adotou Fonte: Radar Pet (2021). Figura criada pela autora (2022)
para o lado negativo, do abandono. O número de animais domésticos adotados pelos brasileiros com o
Preferência de adoção
intuito de ter uma companhia em casa em tempos de isolamento cresceu em 30% de acordo com a pesquisa feita pelo Radar Pet (2021) publicada pela Comissão de Animais de Companhia (Comac). Essa mesma pesquisa também divulgou que os gatos foram os mais procurados para adoção, com 37% de preferência, do que os cachorros, com 22% de preferência. Junto desses dados dos animais, a pesquisa apresentou o perfil das pessoas que mais procuraram um animal para adoção, destacando casais sem filhos e pessoas que moram sozinhas.
Figura 2.19: Preferência de adoção Fonte: Radar Pet (2021). Figura criada pela autora (2022)
24
2.5. ANIMAIS E A PANDEMIA DO COVID-19 E os pets têm sido a companhia ideal para as pessoas em isolamento social, diminuindo assim o sentimento de solidão. Segundo o Portal Vet (2020, apoud Scheffer; Munari, 2021, p. 156) uma pesquisa feita em 2020 pelo Banfield Pet Hospital®, uma rede de hospitais veterinários norte americano, provou que ter um pet em casa ajudou 39% dos tutores que foram entrevistados a diminuir os sintomas de ansiedade que a pandemia causou, justamente por conviver, em casa, com um animal, que traz alegria, fazendo esquecer, nem que por um curto espaço de tempo, as coisas ruins que estavam acontecendo no mundo.
Figura 2.20: cão abandonado Fonte: Petiko (2020).
Figura 2.21: Gato abandonado Fonte: Petz (2020).
Quando uma família perde a sua fonte de renda e se vê obrigada a cortar os gastos domésticos, um dos primeiros a ser cortado é com os animais que, ou são doados, ou, como na maioria dos casos, são abandonados à própria sorte. Durante o período mais crítico da pandemia do Covid-19, muitas pessoas perderam o emprego, perderam sua fonte de renda, por conta disso os casos de abandono cresceram de uma maneira descontrolada O abandono de animais domésticos cresceu em 70%, de acordo com dados da AMPARA Animal (2020). Essa alta percentagem está associada também ao medo infundado que os pets possam ser transmissores do Covid-19. Porém, segundo Albuquerque, et al. (2020 apoud Scheffer; Munari, 2021, p. 155), não existem comprovações científicas de que os animais possam ser agente transmissor do vírus da Covid-19; mesmo assim, de acordo com Scheffer; Munari (2021), existem casos de animais que contraíram o vírus, mas, em sua grande maioria, ele foi passado de uma pessoa doente para o animal.
25
2.5. ANIMAIS E A PANDEMIA DO COVID-19 A vida dos cães e gatos também mudou dentro de casa: a
Com a pandemia mais controlada, a criação das vacinas
pandemia obrigou as famílias a ficarem em isolamento social,
contra a Covid-19, a flexibilidade do isolamento social e a retomada
assim a convivência entre os as pessoas e os pets dentro de casa
das atividades e da nova “vida normal”, as pessoas começam a
aumentou; com isso, segundo Wolf, et al. (2020 apud Scheffer;
voltar a trabalhar fora de casa, começam a voltar a sair para se
Munari, 2021, p. 158), o isolamento social trouxe uma grande
divertir com os amigos, e a vida dos animais com esse “novo
complicação para algumas famílias, como o aumento da violência
normal” também é afetada.
doméstica, principalmente para mulheres, crianças e animais, já que esses estavam passando o dia inteiro ao lado do agressor. Em consequência do confinamento, cresceu em 10% a violência contra os animais nos lares brasileiros durante o período da Covid-19, de acordo com os dados do Conselho Regional e Medicina Veterinária de São Paulo -CRMVSP (2020).
“O animal não é um objeto, ele precisa de cuidados e atenção e, quando isso se tornou um peso, a solução foi devolver ao abrigo de animais ou soltar nas ruas. Os animais necessitam de cuidados diários e atenção, devem receber alimentação adequada, serem levados ao veterinário, receberem vacinação anual e castração. O planejamento deve incluir tempo para socializar com o animal, brincar, passear e ensinar. Os custos podem ser adaptados à situação financeira do tutor.” (DELLOVA, Jornal USP, 2021)
Aquele entusiasmo em adotar um animal para companhia no início da pandemia não fez as pessoas pensarem a longo prazo, que o animal gera despesa e precisa de cuidados com a alimentação e a higiene, os quais pesam nos gastos familiar. Assim aquele aumento no número de adoções teve o movimento inverso segundo Gebara (2021), gerente de projetos da AMPARA Animal; houve um aumento em 61% no abandono quando a flexibilização do isolamento aumentou.
Figura 2.22: Violência contra os animais Fonte: Experto animal (2019)
26
03
ANÁLISE URBANA 27
3.1. TEMA NA REGIÃO A cidade de Araraquara está localizada na Região
Mapa 3.1: Mapa de análise regional
Administrativa Central no estado de São Paulo, região essa que conta com vários municípios, principalmente os de pequeno porte, com até 40.000 habitantes, como analisado no mapa 3.1. Os municípios da região, principalmente os de pequeno porte, em sua maioria, não contam com abrigos ou clínicas veterinárias com estrutura adequada para atender os animais, ou, caso tenham, estão em situação precária. Como pode se perceber no mapa, somente 5 cidades da região contam com abrigo municipal, e a grande maioria das cidades, com até 20.000 habitantes conta somente com o serviço de vigilância sanitária, que não cuida dos animais, mas sim das zoonoses. Por conta disso, a maioria dos casos vão para as grandes cidades da região, como Araraquara, São Carlos e Matão, com mais de 80.000 habitantes, que dispõem de pelo menos uma ONG ou um abrigo e algumas clínicas veterinárias. Essas grandes cidades da região já tem de lidar com vários problemas de abandono e maus-tratos do próprio município, que,
Fonte: SPBR PDF (2019) Adaptado pela autora (2022)
infelizmente, não são poucos. Juntando esses problemas com os animais das cidades vizinhas menores que são transferidos em busca de abrigo ou tratamento, acaba por sobrecarregar os abrigos e instituições que cuidam dos animais de Araraquara, Matão e São Carlos. Embora o Centro não negue atendimento medico veterinário a nenhum animal da macrorregião de Araraquara, com relação ao abrigo, será priorizado acolher animais principalmente Araraquara, e da microrregião, como de Américo Brasiliense, Santa Lúcia, Rincão, Gavião Peixoto, Nova Europa, Boa Esperança do Sul e Trabiju. Relacionando essas informações da região de Araraquara, a proposta de criar um Centro de Acolhimento e bem-estar animal, para atender a cidade e região se torna válida e pertinente. 28 Embora o Centro não negue atendimento medico veterinário a nenhum animal da macrorregião de Araraquara, com relação ao abrigo, será priorizado acolher animais principalmente Araraquara, e da microrregião, como de Américo Brasiliense, Santa Lúcia, Rincão, Gavião Peixoto, Nova Europa, Boa Esperança do Sul e Trabiju.
3.1. TEMA NA REGIÃO Agora, trabalhando mais especificamente com algumas cidades que englobam a macrorregião de Araraquara, a fim de mostrar seus equipamentos e suas carências com relação ao bem-estar animal, temos: A primeira é São Carlos, uma importante cidade da macrorregião, assim como Araraquara,
que segue
os
mesmos
parâmetros
de
equipamentos destinados a saúde animal, ela conta com um abrigo municipal que, de acordo com a Prefeitura Municipal, tem aproximadamente 200 cães e 150 gatos abrigados. Além desse serviço municipal, São Carlos também conta com o apoio de algumas ONGs que atuam na proteção dos animais, tais como: a ONG Grupo Proanimal, que atua desde 2017 na cidade resgatando e acolhendo animais vulneráveis para depois realizar a adoção
Figura 3.2: Logo da ONG Grupo Proanimal Fonte: Facebook oficial da ONG (2019)
Figura 3.3: Logo da ONG A.S.A Fonte: Site oficial da ONG (?)
responsável, além de trabalharem em projetos de conscientização da população a respeito do bem-estar animal. Outras ONGs, como a A.S.A
Por fim, trabalhando com Américo Brasiliense, município vizinho de
(Amigos Salvando Amigos) e a ASF (Amigos de São Francisco), também
Araraquara à 11,2 Km de distância, que será uma das cidades da região
atuam na causa animal em São Carlos, acolhendo e tratando dos animais
com prioridade a ser atendida pelo Centro. Ela conta com um canil da
com ajuda de campanhas e doações.
Associação Ameriliense de Proteção aos Animais (Aapa), que acolhe 163
Já a segunda cidade é Matão, uma cidade pouco menor que
animais segundo o Olhar Animal (2017); porém o abrigo se encontra em
Araraquara, mas também tem sua importância na macrorregião. Ela está
situação precária e sem uma infraestrutura adequada para acolhimento
localizada a 37Km de Araraquara, e conta com alguns serviços voltados para
desses animais; além do mais, a cidade conta com apenas uma clínica
os animais, como um canil e gatil público que, em 2020, segundo a Prefeitura
veterinária.
Municipal, contava com 150 cães e 60 gatos. Junto do serviço público, Matão também conta com algumas ONGs relacionadas à causa animal, como a Amor sem raça e a Amigos da Mulekada que cuidam e acolhem animais abandonados.
Figura 3.1: Logo da ONG Amor sem raça Fonte: Facebook oficial da ONG (2018)
Figura 3.4: Situação dos animais no canil municipal de Américo Brasiliense Fonte: Portal G1 São Carlos e Araraquara (2017)
29
3.2. DIAGNÓSTICO DA CIDADE Figura 3. 5: Vista de Araraquara Fonte: G1 São Carlos e Araraquara. (2021)
A cidade escolhida para o Centro de Acolhimento e bem-estar animal é Araraquara, município localizado no interior de São Paulo, a uma distância de 275Km da capital, e perto de importantes cidades da região como Ribeirão Preto, a 91Km, e São Carlos, a 44Km. Com uma população estimada de 240.542 habitantes e uma densidade demográfica de 207,90 hab./Km², segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2021), a cidade está localizada entre os biomas cerrado e mata atlântica e, em âmbito territorial, a cidade apresenta uma área de 1.003,625Km² de acordo com dados do IBGE (2020). Ademais, Araraquara é considerada a sede da Região Administrativa Central. O agronegócio é a principal base econômica da cidade, segundo a Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto – ABAGRP (2002), pincipalmente na produção de cana-de-açúcar e laranja. Um outro potencial econômico provém do setor industrial, levando em conta a sua localização estratégica no estado, o que proporciona um deslocamento de mercadoria mais fácil; dentre as principais industriais instaladas em Araraquara, podemos destacar a Cutrale, como uma grande produtora e exportadora de sucos cítricos, e a Usina Raízen do setor sucroalcooleiro, produtora de etanol e açúcar. Com esses dados, a cidade apresenta o terceiro maior PIB da região de acordo com os dados do IBGE (2019). Figura 3.6: Localização de Araraquara no estado de São Paulo. Fonte: IBGE – Araraquara. (2021) Adaptado pela autora (2022)
Figura 3.7: Cidade de Araraquara. Fonte: Ache tudo e região, (2019). Adaptado pela autora (2022)
30
3.2. DIAGNÓSTICO DE CIDADE Considerada como uma das melhores cidades do estado, Araraquara tinha em Figura 3.8: Representação de uma mão segurando dinheiro. Fonte: PNGWing (?)
2019, de acordo com pesquisas realizadas pelo IBGE (2019), 85.793 pessoas trabalhando nesse ano, ou seja, 36,3% da população araraquarense. Além da questão econômica, Araraquara também se destaca em termos de qualidade de vida da população, como por exemplo, de acordo com o IBGE (2010), em 2010, a cidade estava entre as 150 primeiras cidades do estado com melhor Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade.
Gráfico 3.1: Gráfico da média salarial do araraquarense
Media salárial dos araraquarenses
A partir dos dados do gráfico 3.1, retirados do
70.000
61212
IBGE
62273
(2010),
que
mostra
a
situação
dos
araraquarenses quanto a sua classe social, pode-se
60.000
concluir que a maior parte dos cidadãos se encaixam na classe E – pessoas cuja fonte de renda é de até
50.000
dois salários mínimos; portanto, a criação do Centro 40.000
de acolhimento e bem-estar animal como um espaço público, com consultas gratuitas, é justamente para
30.000
priorizar essa grande faixa da população que, em
23958
sua grande maioria, tem animais domésticos,
18404
20.000
e,
caso o pet precise ir ao médico veterinário, o tutor 10413
precisa desembolsar uma boa quantia de dinheiro, já
10.000 3525
3.167 0 Sem rendimento
Até 1 salário mínimo
De 1 a 2 salários mínimos
De 2 a 3 salários mínimos
De 3 a 5 salários mínimos
De 5 a 10 salários Mais de 10 salários mínimos mínimos
que as clínicas veterinárias da cidade são, em sua maioria, particulares e caras.
Media salária dos araraquarenses
Fonte: IGBE (2010), gráfico criado pela Autor (2022)
31
3.3. ANÁLISE TEMÁTICA Bichos e Caprichos
Mapa 3.2: Mapa de análise temática de Araraquara
1
AAPA – Pinheirinho
2
Abraça Vidas REGIÕES: • • • • • •
Região 1: Valle Verde; Região 2: São Rafael; Região 3: Parque São Paulo; Região 4: Hortências; Região 5: Cruzeiro do Sul; Região 6: CECAP.
3
4 5
6
Fonte: Prefeitura de Araraquara – Mapa 13 PDF (2019) Adaptado pela autora (2022)
32
3.3. ANÁLISE TEMÁTICA
O mapa 3.2, tem o intuito de analisar e
percebe-se a grande ausência de clínicas
apresentar os equipamentos destinados aos
veterinárias, tanto para atender esses casos de
animais domésticos, já existentes na cidade,
abandono, quanto para os tutores com pets,
correlacionando com os bairros mais propícios
principalmente na região norte da cidade, onde
de se abandonar os pets junto das regiões com
a propensão de ter animais abandonados é
maior taxa de vulnerabilidade, chegando às
maior. Um único ponto positivo que podemos
conclusões
próximos
destacar nessa região é a presença de uma
parágrafos, importantes para direcionar alguns
ONG na Chácara Flora, que pode ajudar na
caminhos do projeto.
questão do resgate de animais
apresentadas
nos
Iniciando com a análise de mapa das
Na região sul da cidade, o problema se
clínicas veterinárias e petshops em Araraquara,
assemelha em partes com a região norte,
a grande maioria delas estão localizadas nos
porém a propensão de abandonar animais
principais
nessa região é menor e existem algumas
bairros
da
cidade,
como:
Vila
Harmonia, Centro, Carmo e Vila Xavier. Além
Correlacionando essas informações com
cidade, percebe-se que elas estão inseridas
as regiões com maior taxa de vulnerabilidade,
também perto das principais vias de fluxo rápido
temos que, a grande maioria não conta com
como a Av. Francisco Vaz Filho, Av. Bento de
equipamentos destinados a saúde dos animais,
Abreu, Av. Maria Antônia Camargo De Oliveira,
somente na região 3 que tem um equipamento.
Av. Sete De Setembro. Juntando essas duas
Porém, é justamente nessas regiões que existe
informações é possível chegar à conclusão que
maior número de animais em condições de
a maioria dos petshops e clínicas veterinárias
vulnerabilidade, precisando de cuidados com a
de Araraquara, são para classe média-alta.
alimentação e com a saúde.
Com relação aos casos de abandono, que
percebe-se
mais
em
bairros
periféricos,
acolhimento tem o intuito de ajudar a resolver esses problemas que se concentram principalmente entre a região norte e nordeste da cidade.
clínicas veterinária.
dessa localização em bairros importantes da
acontecem
suas carências, assim a escolha do local do Centro de
Figura 3.9: Clínica veterinária e petshop Pet Vida Fonte: Wendy ;ilisandra Zatti (2020)
Portanto, essa análise é de fundamental importância para entendimento da cidade e
Figura 3.10: fachada da AAPA – Pinheirinho Fonte: Câmara Municipal de Araraquara (2019)
suas 33
3.4. ONGs E O ABANDONO NA CIDADE
Abraça Vidas:
Segundo a vereadora de Araraquara, Luna Meyer, em entrevista
Essa ONG atua na causa dos gatos, recolhendo
com a autora1, em Araraquara existem quatro principais organizações não
gatinhos filhotes de todos os tipos, saudáveis ou com
governamentais – ONG – oficializadas com CNPJ, destinadas à proteção
algum tipo de doença, como a FeLV que é a leucemia
dos animais: SOS Melhor Amigo, Abraça Vidas, Bichos e Caprichos e a
felina, e que pode ser transmitida por meio de saliva,
Associação Araraquarense de Proteção aos Animais (AAPA – Pinheirinho)
fezes ou urina. Além de recolher os gatos, essa ONG
que praticam várias ações de acolhimento dos animais, castração, exames, consultas veterinárias, tudo custeado através de arrecadações financeiras, como doações e bazares. Em Araraquara também existem grupos de protetores independentes (trabalham de forma independente
2
conta com sede própria. Figura 3.11: Logo da ONG Abraça Vidas Fonte: Facebook oficial da ONG Abraça vidas (2021)
sem oficialização do CNPJ), que são: Gipama, Casa dos Gatos e o Grupo de Proteção dos Gatos de rua. A cidade também conta com a Clínica Siciliano, uma instituição privada que presta serviços à prefeitura de Araraquara, oferecendo serviço de castração a baixo custo; esse procedimento é feito na AAPA – Pinheirinho. Para tutores que comprovam
SOS Melhor Amigo: É
uma
ONG
pequena,
conta
com
poucos
baixa renda, essa cirurgia é gratuita, sendo cobrado a parte medicamentos
colaboradores; o estilo de trabalho dela é voltado mais para
que o animal precise durante ou após a castração.
as arrecadações monetárias e bazares; com relação ao
Em parceria com o trabalho das ONGs, Araraquara também conta
trabalho de ajuda dos animais são mais em causas
com a Coordenadoria do Bem-Estar Animal, que trabalha verificando as
pontuais, eles não possuem um trabalho muito abrangente
condições de criação dos animais, se o tutor está cuidado bem do animal
nem contam com sede própria.
ou não, isso de acordo com a questão tratada aqui anteriormente, no capitulo do Bem-Estar animal: as cinco liberdades do Relatório de Brambell. Porém, as ONGs da cidade estão sempre em seu limite máximo de animais abrigados. Com isso a escolha de um Centro de acolhimento e
Figura 3.12: Logo da ONG SOS Melhor Amigo Fonte: Site oficial da ONG SOS Melhor Amigo (?)
bem-estar animal se deu para complementar e dar suporte ao trabalho das ONGs e trazer um novo espaço público com uma infraestrutura mais adequada de acolhimento animal para a cidade. 1
Entrevista concedida pela vereadora municipal de Araraquara, em 10 de março de 2022
34
3.4. ONGs E O ABANDONO NA CIDADE Bichos e Caprichos: O
intuito
dessa
ONG
é
cuidar
de
Na cidade, segundo Meyer (2022), existem aproximadamente 600
aproximadamente 200 animais de uma protetora de
animais resgatados pela prefeitura por motivos de abandono ou maus-
animais que faleceu e eles estavam sem cuidados com
tratos; esses animais estão divididos entre a AAPA – Pinheirinho, onde
a alimentação e saúde e, assim como a Abraça Vidas,
ficam os animais mais velhos ou que não tem muitas possibilidades de
ela também conta com sede própria.
adoção, por serem agressivos ou que já foram muitas vezes recusados, e no canil da Clínica Siciliano, onde ficam os filhotes ou animais com maior probabilidade de adoção. Quem abandona normalmente leva para longe de casa, para o
Figura 3.13: Logo da ONG Bichos e Caprichos Fonte: Facebook oficial da ONG Bichos e Caprichos (2019)
animal não ter chance de conseguir voltar, por isso, de acordo com Meyer (2022), os locais com maior probabilidade de se abandonar animais são a periferia da cidade, como nos bairros do Vale Verde, Selmi Dey, Jardim Maria Luiza, Vale do Sol e Chácara Flora (situação apresentada no mapa 3.2: mapa de análise temática). Além da questão do abandono,
AAPA – Pinheirinho É a maior ONG da cidade. Está há 32 anos atuando na causa animal; além de acolher os animais, ela oferece serviços de castração a baixo custo e consultas gratuitas. Porém, um dos problemas dessa ONG, é a sua sede, localizada no Parque do Pinheirinho, o qual a maior parte da
Araraquara também sofre com as colônias felinas, que surgem quando os gatos se juntam em uma determinada região, a maioria não castrados, e vão se reproduzindo o que aumenta o número de gatos nas ruas. Não existe uma estimativa de número de animais abandonados e de colônias felinas na cidade, tornando-se um fator preocupante principalmente nos bairros periféricos, já que esses animais podem prejudicar a questão da saúde pública.
população conhece como Centro de Zoonoses; é um espaço
pequeno
e,
em
consequência
disso,
os
atendimentos diários feitos no ambulatório não atendem as expectativas; ademais, é um espaço que precisa ser reformado, pois o Ministério Público entrou com um termo de adequação para que fosse construído um novo espaço
Figura 3.14: Logo da ONG AAPA - Pinheirinho Fonte: Facebook oficial da ONG AAPA - Pinheirinho (2015)
para a ONG
35
3.5. INDÚSTRIA PET Mapa 3.03: Mapa de localização da Durapets
A indústria de produtos pets, Dura Pets, está localizada em Araraquara, local escolhido para a implantação do Centro de acolhimento. Inserida no mercado pet desde 2018, ela conta com um portfólio de produtos que vai desde brinquedos à caixa de transporte e fontes de água para cães e gatos. Sua localização em Araraquara é de extrema vantagem para a cidade, desempenhando um importante papel na geração de empregos, na economia e no comércio local, pois a venda dos produtos da fábrica na cidade, ajuda tanto no desenvolvimento da indústria, como a girar a economia da cidade. Pela questão de cuidados com a saúde e bem-estar animal em Araraquara, ser bem fortes, de acordo com a quantidade de petshops e
clínicas
veterinárias
espalhadas
na
cidade,
como
visto
anteriormente no mapa 3.2 A implantação da fábrica na cidade demonstra ainda mais o quão relevante é o assunto pet na cidade, colocando Araraquara como foco no segmento que cresce ano após ano no Brasil, o segmento pet. Para o Centro de acolhimento, principalmente no setor do abrigo, ter essa indústria é muito vantajoso, principalmente se for estabelecido uma parceria da indústria com o Centro.
Fonte: Prefeitura de Araraquara – Mapa 13 PDF (2019) Adaptado pela autora (2022)
3
Ou seja, ao mesmo tempo que ela fornece produtos como brinquedos, e caminhas para os pets lá abrigados, a fim de proporcionar maior conforto e diversão a esses animais, a Dura Pets também pode expor e vender seus produtos no petshop do Centro, dando uma maior visibilidade aos seus produtos e fazendo com que mais tutores os conheçam, aumentando assim a produção e o lucro
Figura 3.15: Logo da Durapets Fonte: Site oficial da indústria (?)
da empresa. 36 .
04
REFERÊNCIAS PROJETUAIS 37
PALM SPRINGS ANIMAL SHELTER Leitura de projeto
38
Ficha técnica: Nome do projeto: Palm Springs Animal Shelter Arquiteto: Swatt / Miers Architects Ano: 2012 Localização: Palm Springs, Califórnia, Estados Unidos Área: 21.000m2 Status: concluída
A escolha do Palm Springs Animal Shelter se deu primeiramente por ser um abrigo municipal que acolhe e cuida dos animais da cidade de Palm Springs e ser um espaço muito semelhante ao objeto de estudo do trabalho; além das soluções arquitetônicas adotadas no projeto, ele trabalha com cores e variações de inclinações de telhado, o que acaba chamando atenção pela sua forma, e a
Figura 4.1 (Folha esquerda) Fachada em perspectiva do abrigo. Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Figura 4.2 (Folha direita) Fachada frontal do abrigo. Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012). Adaptado pela autora (2022)
arquitetura deixou o espaço do abrigo um ambiente mais leve e alegre.
39
ENTORNO
A
B
A
Figura 4.3: Mapa de localização com uso do solo Fonte: Google Earth - Adaptado pela autora (2022)
Em um levantamento com o entorno do edifício, observase que ele está inserido em um local estratégico da cidade, perto do Demuth parque, em um espaço de uso misto do solo predominando tanto o uso residencial mais à esquerda do Palm Springs Animal Shelter, e o uso comercial mais à direita dele. Outro ponto importante no entorno é o vazio urbano ao lado do PS Animal Shelter, pois o fato de não ter construções ao lado
B Figura 4.4 e 4.5: Entorno do Palm Springs Animal Shelter Fonte: Google Earth - Palm Springs Animal Shelter (2022)
O abrigo mantém a mesma linguagem da paisagem local; por estar inserido em um lote grande, ele conta com grandes recuos e está construído em um pavimento só.
evita que os ruídos causados pelos animais perturbem os vizinhos.
40
EDIFÍCIO X ENTORNO
PAISAGISMO COM PLANTAS TÍPICAS DA REGIÃO
ESCULTURAS
ESPAÇO PÚBLICO
Figura 4.6: Espaço público com esculturas e paisagismo Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012).
PORTÃO DELIMITANDO VAGAS PARA FUNCIONÁRIOS NA PARTE INTERNA E VAGAS PARA VISITANTES, NA PARTE EXTERNA
A situação do edifício dentro da quadra é um lote de esquina, o que favorece a visibilidade de ambos os lados da rua, além de ter como vizinho um parque que se torna um ponto de referência para localização do abrigo; por não ter muro e estar implantado no centro do lote, toda a área em volta se caracteriza como um espaço público, com paisagismo e esculturas, que fazem do local um espaço mais alegre e convidativo para quem está passeando por perto. Figura 4.7: Delimitação do espaço público pelo portão Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012)
41
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Figura 4.8: Implantação e setorização do Palm Springs Animal Shelter Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Adaptado pela autora (2022)
42
PROGRAMA DE NECESSIDADES O abrigo organiza seu programa de necessidades dividindo o prédio em três áreas diferentes: a área dos cachorros, que engloba os canis e o espaço de quarentena; a área dos gatos, que engloba
o
gatil
e
o
espaço
de
quarentena; e, por último, a área de apoio, que engloba a administração, salas de aula e a parte de suporte aos animais, como a clínica veterinária, primeiros cuidados e o espaço de adoção.
Figura 4.9: Implantação do abrigo com acesso e fluxo Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012). Adaptado pela autora (2022)
Os acessos ao prédio pelo público se dão por quatro locais diferentes. Os fluxos internos foram pensados para que visitantes e tutores que levam seus animais para passar por consulta seja diferente do de funcionários, desde o acesso até a circulação interna, principalmente a área de cirurgia, por ser separada das demais.
43
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O Palm Springs Animal Shelter possui apenas um pavimento com uma planta totalmente assimétrica e os canis estão voltados para um jardim interno aberto que, segundo o Archidaily (2012), além de proporcionar iluminação e ventilação nas baias, o projeto é todo organizado em torno desse jardim dos canis.
Figura 4.10: Planta do abrigo com eixo de simetria Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012). Adaptado pela autora (2022)
Direção do sol
Sol nascente
Sol poente
Figura 4.11: Direção do sol com relação ao abrigo Fonte: Google Earth - Palm Springs Animal Shelter. Adaptado pela autora (2022)
44
FORMA E MATERIALIDADE A volumetria do abrigo conta com diferentes inclinações nos
telhados
dos
volumes,
trazendo um ar mais dinâmico na
composição;
a
fachada
frontal conta com uma grande laje em balanço projetada junto com
os
pilares
que
se
confundem com as palmeiras; o sistema
estrutural
Figura 4.12: Fachada externa com a parede do gatil Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012)
menos
robusto e a vegetação em volta trazem leveza para o partido
DIFERENTES INCLINAÇÕES DE TELHADOS NOS TRÊS BLOCOS DO ABRIGO
arquitetônico.
Figura 4.13: Detalhe das janelas e cores da parede externa do gatil Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012)
JANELAS DO GATIL QUE NÃO SEGUEM UM PADRÃO DE ABERTURA E A PAREDE É TODA COM FORMAS GEOMETRICAS COLORIDAS
Figura 4.14: Estudo da volumetria do Palm Springs Animal Shelter Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Adaptado pela autora (2022)
45
RELEVÂNCIA PROJETUAL De
acordo
com
o
Archdaily (2012), a escolha dos materiais para cada área PALMEIRAS QUE JÁ EXISTIAM NO LOCAL
se
deu
BRANCO NOS PLANOS INCLINADOS
espaço; portanto, em áreas
intensidade
públicas PILARES EM “V” SE ASSEMELHAM AO TRONCO DAS PALMEIRAS VERMELHO “TERRACOTA” PARA VEDAÇÕES EXTERNAS
usados concreto
através
da
do
do
uso
internas, tanto
foram
blocos
como
de
dry-wall
pintados.
Figura 4.15: Entrada principal e materialidade Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Adaptado pela autora (2022)
ESTRUTURA METÁLICA APARENTE E TETO PINTADO DE PRETO, DIMUINDO A SENSAÇÃO DO PÉ DIREITO ALTO DO AMBIENTE PAREDE EM DRY-WALL COM CORES VIBRANTES
PISO EM EPÓXI Figura 4.16: Recepção, gatil e materialidade Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Adaptado pela autora (2022)
46
CANIL E GATIL
SUSTENTABILIDADE
De acordo com o Archdaily (2012), nos canis o piso e a
O abrigo possui o certificado LEED Silver que foi
parede receberam revestimento em epóxi, pois essa área
concebido a ele, segundo o Archdaily (2012), por
recebe limpeza duas vezes ao dia, portanto tem de ser um
reutilizar água, que passa por um processo de
material resistente à água e aos cães.
“reciclagem” e limpeza para depois ser usada
Já o gatil está no espaço interno do abrigo; vários gatos
novamente na irrigação do jardim e principalmente na
compartilham o mesmo gatil e todos que passam, seja do
limpeza dos canis. O projeto também conta com um
lado externo ou interno do abrigo, conseguem ter contato
sistema fotovoltáico que ajuda na economia com os
com eles, um ponto interessante que desperta a curiosidade
gastos de energia do local.
Figura 4.17: certificado Leed Silver Fonte: GBC Brasil (?)
e o interesse das pessoas em conhecer o abrigo.
COBERTURA DAS BAIAS EM TECIDO
UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETOS NA DIVISÃO DAS BAIAS
BAIAS INDIVIDUAIS GRADES QUE PERMITEM A ENTRADA DE ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO Figura 4.18: Área do canil e circulação Fonte: ArchDaily - Palm Springs Animal Shelter (2012) Adaptado pela autora (2022)
47
DOG SHELTER Leitura de projeto
48
Ficha técnica: Nome do projeto: Dog Shelter Arquiteto: We Architeture Ano: 2018 Localização: Moscou, Russia Área interna: 1.430m2 Área externa: 1.550 m2 Status: Projeto para concurso
MOTIVOS DA ESCOLHA
CONCEITO DO PROJETO
A escolha desse projeto se deu pelo
O projeto do Dog Shelter é fruto de um
seu partido arquitetônico, que tem um
concurso de arquitetura. Seu conceito de
caráter de pavilhão. Diferente dos abrigos
projeto, de acordo com We architeture (2018
tradicionais e dos aqui analisados, o Dog
apud Comberg, 2018, Archdaily), é transmitir
Shelter tem uma arquitetura e uma
a sensação de estar em um “ambiente
implantação marcante pela sua conexão
saudável e inspirador”, tanto para as pessoas
com o entorno, a floresta ao redor. Outro
que ali frequentam quanto para os animais,
ponto marcante para a escolha desse
relacionando-se
projeto
de
tradicional de abrigo – um local impessoal,
necessidades é todo resolvido voltado
para ser um local mais agradável e
para o pátio interno, desde a recepção até
acolhedor.
é
que
o
programa
com
retirar
a
ideia
Figura 4.19 (Folha esquerda) Área externa do abrigo Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018) Figura 4.20 (Folha direita) Pátio interno do abrigo Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018) Adaptado pela autora (2022)
o canil, sendo a comunicação entre os setores do abrigo feita a partir desse pátio. 49
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Figura 4.21: Implantação e setorização do Dog Shelter Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018) Adaptado pela autora (2022)
50
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O abrigo conta com dois acessos públicos principais, um acesso de veículos e alguns acessos secundários para os funcionários. O eixo de circulação principal acontece pelos pátios, seguindo o conceito do projeto de conectar todas as atividades do abrigo de uma maneira fácil e rápida. Assim como o Palm Springs Animal Shelter, ele possui uma planta totalmente assimétrica.
. Figura 4.22: Acessos, circulação e eixo de simetria do Dog Shelter Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018) Adaptado pela autora (2022) O programa de necessidades oferece espaços e serviços
um café e se interessar em conhecer a abrigo.
fundamentais para um abrigo: canis, salas de quarentena,
Um ponto interessante na implantação do programa de
clínicas veterinárias, serviços administrativos e limpeza, além
necessidades é que os canis não estão concentrados em um
de um auditório para cursos e palestras e um café que tem o
único local, eles estão divididos em três grupos e cada “grupo”
intuito de servir tanto quem esta no Dog Shelter quanto ser um
de canis conta com um pátio central e pelo menos duas áreas
espaço que a população local possa frequentar, para tomar
técnicas
51
FORMA E MATERIALIDADE O início do estudo da volumetria começa com uma forma quadrada que conta com a parte interna livre; a ideia de pátio central já fazia parte do partido arquitetônico desde o início dos estudos; após modificações, como recuos e recortes da sua forma inicial, é apresentado como resultado final uma volumetria desconstruída, com a formação de vários pátios entre os recortes.
Volumetria estipulada
inicial para
o
abrigo era quadrada,
Figura 4.23: Recepção do Dog Shelter Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018)
já com o objetivo do pátio central.
A estrutura do abrigo é aparente, remetendo á ideia de estar dentro de um pavilhão; ela é trabalhada com
Volumetria
final
do
abrigo, com a evolução do quadrado inicial e os pátios servindo como fonte
de
iluminação
natural. Figura 4.24 e 4.25: Evolução da volumetria do Dog Shelter Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018) Adaptado pela autora (2022)
pilares e vigas em perfis de aço, de acordo com Comberg (2018). A estrutura usada para sustentar o telhado em madeira aparente permite que o telhado seja fino, dando uma sensação de leveza e, junto dos grandes planos de vidro de fechamento acaba rompendo de uma maneira sutil os limites entre interno e externo do abrigo. 52
RELEVÂNCIA PROJETUAL
O uso da madeira aparente no teto e em alguns pontos dos ambientes, como na placa de identificação dos cães nos canis e nos bancos, deixa o ambiente mais aconchegante. Assim como o vasto uso de plantas,
principalmente
as
trepadeiras, que rementem ao espaço externo do abrigo, mas, ao mesmo tempo, trazem a sensação de o abrigo ter a sua própria floresta, bastando-se por si só.
A relação dos animais com o espaço externo é feita através
de
material
transparente, vidro ou acrílico, seeguindo o conceito do projeto de ser livre de gradis, que rementem à prisão, de acordo com Comberg (2018). Figura 4.26: Canis individuais Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018)
É possível perceber claramente todo o conceito do projeto nessa imagem: todas as atividades do abrigo conectadas ao pátio central, sem isolar os animais de nada, além de ter um espaço seguro a prática de atividade física deles, sem ter a chance de um cão escapar ou fugir.
Figura 4.27: Espaço interno do Dog Shelter em conexão com o externo Fonte: ArchDaily - Dogchitecture: WE Architecture projeta um centro que desafia os tradicionais abrigos de animais (2018)
53
HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA CATARINA Leitura de projeto
54
Ficha técnica: Nome do projeto: Hospital veterinário Santa Catarina Arquiteto: Fantin & Siqueira arquitetura Ano: 2013 Localização: Blumenau, Santa Catarina, Brasil Área: 1.200m2 Status: concluída
A
escolha
do
Hospital
Veterinário Santa Catarina, se deu por ser uma obra brasileira de grande reconhecimento e também pelas soluções usadas pelos arquitetos para deixar o hospital
veterinário
mais
humanizado e assim tirar o ar frio e impessoal de um hospital.
O projeto apresenta grandes aberturas para a entrada de luz natural, conectando o espaço interno
com
o
que
está
acontecendo do lado de fora, além do uso de paisagismo praticamente dentro do hospital, proporcionando
um
Figura 4.28 (Folha esquerda) Fachada frontal do hospital veterinário Fonte: Galeria da Arquitetura – Hospital veterinário Santa Catarina (2013?) Figura 4.29 (Folha direita) Fachada em perspectiva do hospital veterinário Fonte: Viva Decora – Hospital veterinário (2013?)
ambiente
mais agradável.
55
ENTORNO
A
A Figura 4.31: Avenida principal com a indústria como ponto de referência Fonte: Google Earth - Hospital veterinário Santa Catarina (2022)
Figura 4.30: Mapa de localização com uso do solo Fonte: Google Earth - Hospital veterinário Santa Catarina. Adaptado pela autora (2022)
No levantamento com o entorno do edifício, observa-se que ele está inserido em uma área de uso misto do solo, assim como o Palm Springs Animal Shelte. Nesse caso existe uma predominância de comércio nas avenidas principais, à direita e à esquerda do hospital veterinário; nas vias secundarias há maior predominância de residências e prédios residenciais. Um destaque no entorno do hospital é a indústria situada em uma das avenidas principais, tornando-se um ponto de referência na localização dele. Por estar perto do centro da cidade, o acesso de veículos e pedestres é facilitado. 56
EDIFÍCIO X ENTORNO
Diferente do Palm Springs Animal Shelter, por não apresentar muitos recuos, somente um maior frontal, usado com estacionamento, o hospital veterinário não conta com áreas públicas onde os tutores podem ir passear com os seus animais, por exemplo. A situação do edifício dentro da quadra é um lote de meio de quadra, construído em 2 pavimentos seguindo o skyline da paisagem local. HOSPITAL VETERINÁRIO Figura 4.32: Fachada com estacionamento do Hospital Veterinário Fonte: Google Earth - Hospital veterinário Santa Catarina (2022)
Pelo hospital veterinário contar com um grande recuo na frente, por conta do estacionamento, existe uma sensação de que ele “some” na paisagem; além de os prédios próximos a ele serem de dois pavimentos também, e estarem mais próximos à calçada.
Figura 4.33: Skyline dos edifícios ao redor Fonte: Google Earth - Hospital veterinário Santa Catarina (2022)
57
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Figura 4.34 e 4.35: Plantas baixas do Hospital veterinário Santa Catarina Fonte: Fantin & Siqueira arquitetura. Adaptado pela autora (2022)
58
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa de necessidades está dividido entre setor de atendimento, diagnostico, internação, exames e recepção no térreo, já no segundo pavimento tem o espaço de apoio aos funcionários, como dormitório para os funcionários de plantão, copa e um espaço de descompressão além da parte administrativa do hospital. CIRCULAÇÃO VERTICAL DISPERSA
Para garantir a iluminação natural do corredor central, essa parte do jardim é toda
Figura 4.36: Acessos do Hospital veterinário Santa Catarina Fonte: Fantin & Siqueira arquitetura. Adaptado pela autora (2022)
em vidro. O acesso social ocorre pela recepção, para atendimentos mais cotidianos, consultas check-ups. O acesso para atendimento de
O programa de necessidades está dividido entre setor de atendimento,
emergência ocorre pela lateral do prédio; já o
diagnóstico, internação, exames e recepção no térreo. Já no segundo pavimento
acesso de serviço ocorre pelos fundos do
há o espaço de apoio aos funcionários, como dormitório para os funcionários de
prédio.
plantão, copa e um espaço de descompressão, além da parte administrativa do hospital.
Existem três circulações verticais no hospital, dispersas uma das outras, contando com duas escadas e um elevador bem ao centro do prédio. 59
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Observa-se que, ao contrário dos outros dois projetos analisados anteriormente, o hospital é um projeto simétrico; com relação a sua implantação, é possível traçar dois eixos de simetria nele. Embora o projeto esteja dividido em função de um corredor central, há uma clara delimitação entre o que é acesso público e de funcionários. Figura 4.37: Planta baixa do térreo do Hospital veterinário Santa Catarina com eixo de simetria Fonte: Fantin & Siqueira arquitetura. Adaptado pela autora (2022)
Direção do sol
Sol nascente
Sol poente
Figura 4.38: Direção do sol no Hospital veterinário Santa Catarina Fonte: Google Earth - Hospital veterinário Santa Catarina. Adaptado pela autora (2022)
60
4
FORMA E MATERIALIDADE A implantação do projeto é basicamente
em
um
prisma
retangular, com alguns destaques em pele de vidro, em uma face,
O hospital é todo revestido na cor branca na parte externa.
sendo a escada e o jardim interno, e nas duas faces menores, elas são
Duas peles de vidro na face
mais abauladas, quebrando um
leste, o que ajuda na entrada de
pouco o paredão reto que se
iluminação natural no interior do
formaria, principalmente para a
hospital, sendo uma da escada da
fachada principal.
secretaria e outra do jardim interno.
Figura 4.39: Detalhe da fachada do Hospital veterinário Santa Catarina Fonte: Viva Decora – Hospital veterinário (2013?)
Destaque na fachada frontal na cor verde, onde fica a entrada dos visitantes; nessa fachada também foi utilizado o paisagismo, para deixar a fachada do hospital mais humanizada Eixo de circulação interna todo de vidro, em contato com o paisagismo do jardim, projetado na parte interna da pele de vidro. Figura 4.40: Eixo de circulação interno do hospital Fonte: Galeria da Arquitetura – Hospital veterinário Santa Catarina (2013)
61
RELEVÂNCIA PROJETUAL
A
escolha
materiais
foi
maneira UTILIZAÇÃO DE GRANDES ABERTURAS PARA ENTRADA DE ILUMINAÇÃO NATURAL
dos
feita
de
estratégica;
enquanto
a
sala
de
fisioterapia foi trabalhada com cores claras, para o
CORES CLARAS TANTO NAS PAREDES COMO NO PISO, FACILITANDO A LIMPEZA
animal
relaxar,
o
consultório dos felinos, foi trabalhado com o verde,
VÁRIAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO PARA MELHOR ATENDER A NECESSIDADE DE CADA ANIMAL
que é uma cor vibrante e alguns
brinquedos
para
chamar atenção dos gatos.
Figura 4.41: Sala de atendimento da fisioterapia Fonte: Galeria da Arquitetura – Hospital veterinário Santa Catarina (2013)
PAREDE DE ESCALADA PARA OS GATOS SE SENTIREM MAIS À VONTADE
LAYOUT DA SALA DE CONSULTA COM SOFÁ, FUGINDO DO TRADICIONAL
MESA DE ATENDIMENTO COM ARRANHADOR
UTILIZAÇÃO DE CORES NAS PAREDES E NO PISO DEIXA O AMBIENTE MAIS HUMANIZADO E AGRADÁVEL Figura 4.42: Sala de consulta felina Fonte: Hovetsc – Hospital veterinário Santa Catarina (2013?)
62
05
PROGRAMA DE NECESSIDADES 63
5.1. PÚBLICO-ALVO
Público-alvo
Média de atendimentos semanais
Animais vítimas de abandono ou maus tratos serão abrigados até
Através de conversas informais com dois estabelecimentos
todos os cuidados com a saúde serem concluídos, para depois serem
médicos veterinários da cidade, mostrados na tabela 5.1, foi possível
encaminhados para a adoção.
traçar uma média da quantidade de atendimentos e cirurgias, que o
Animais domésticos que precisem de consulta ou tratamento
Centro de acolhimento e bem-estar animal realizará semanalmente.
médico, sendo inclusas todas as raças, portes e idades de cães e gatos,
Com relação ao número de cães e gatos abrigados, a relação surgiu a partir da entrevista com Meyer (2022)1 e a partir de pesquisas
além de pequenos animais domésticos, como coelhos e hamsters. No setor clínico, serão atendidos animais de tutores de todas as
feitas no capítulo 2.4 “Abandono e as ONGs” em que é apresentada a
classes sociais; o atendimento de famílias com até dois salários-
relação número de animais e o tamanho das ONGs, chegando assim
mínimos (classe E - maior parte dos araraquarenses, como visto
ao número médio de 270 animais abrigados.
anteriormente no capítulo de análise urbana) não será cobrado; para os
Portanto, espera-se que o Centro de acolhimento e bem-estar
demais, será cobrada uma taxa de consulta, a qual será revertida para
animal, trabalhe com uma média semanal de:
as despesas do Centro.
1.- Setor clínico: 120 animais (média de 24 animais por dia)
ONGs também serão bem-vindas e o atendimento delas também não será cobrado.
2.- Setor cirúrgico: 35 animais (média de 7 cirurgias por dia) 3.- Setor internação: 30 cachorros e 10 gatos (considerando
Tabela 5.1: tabela de atendimentos
Clínica
Atendimento cotidiano
Cirurgia geral
animais que fiquem internados por 24 horas para observação, pós
Internação Vacinação
cirurgia e casos mais graves de animais que precisem ficar em UTI por mais de dois dias)
A.M.A (Assistência médica aos animais)
12 animais ao dia
4 animais por semana
13 animais 64 animais ‘ por mês
Aravet
14 animais ao dia
9 animais por semana
56 animais 16 animais por mês
4.-Além de conseguir comportar 210 cães e 60 gatos abrigados.
4
Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
1
Entrevista concedida pela vereadora municipal de Araraquara, em 10 de março de 2022
64
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades foi estabelecido de modo a atender confortavelmente todos que frequentem o Centro de acolhimento e bem-estar animal, desde os animais aos funcionários e tutores. Para isso, os ambientes propostos apresentam condições ideais para todos os usuários realizarem suas devidas atividades confortavelmente. Para ajudar no desenvolvimento do programa de necessidades, foram feitas leituras de projeto de estabelecimentos com ideias próximas ao proposto no trabalho. Acrescentando as leituras de projeto, foram consultadas as seguintes premissas: CFMV resolução n. º 1015 de 09 de novembro de 2019 que impõe condições de funcionamento para estabelecimentos médico-veterinários; o decreto 40.400, de 24 de outubro de 1995, que são normas relativas à criação de estabelecimentos veterinários e a FUNASA, com a Portaria nº 52, de 27 de fevereiro de 2002, que concede normas para projetos de centros de zoonoses. Foram usadas também a CFMV resolução n. º 2455 de 28 de julho de 2015 e a resolução RDC50 de21 de fevereiro de 2002 para o cálculo de áreas. Tabela 5.2: Programa de necessidades setor administração
Tabela 5.3: Programa de necessidades setor atendimento
Acrescenta 25% no final de corredores em cada
Administração
Almoxarifado
Tesouraria
N.º DE AMBIENTES
1
1
Sala da diretoria com sanitário anexo
1
UNITÁRIA
TOTAL
5,25m2
5,25m2
11,36m2
8,50m2
11,36m2
8,50m2
Área total
25,11m2
Área de circulação e parede (30%)
7,53m2
Área total a ser construída 32,64m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
AMBIENTES
Atendimento
AMBIENTES
ÁREAS
N.º DE AMBIENTES
ÁREAS UNITÁRIA
TOTAL
Recepção
1
35,50m2
35,50m2
Sala de espera
2
12,80m2
25,60m2
1
36,00m2
36,00m2
2
11,20m2
22,40m2
1
3,00m2
3,00m2
2
8,34m2
16,69m2
Área de vendas (pet shop) Sala de adoção Sanitário PNE Sanitários masculino e feminino
Área total 139,19m2 Área de circulação e parede (30%)
41,75m2
Área total a ser construída 180,94m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
65
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES Tabela 5.4: Programa de necessidades setor centro médico
ÁREAS AMBIENTES UNITÁRIA
TOTAL
N.º DE AMBIENTES
ÁREAS UNITÁRIA
TOTAL
Consultório veterinário cães
2
12,37m2
24,75m2
Raio-X
1
18,70m2
18,70m2
Consultório veterinário gatos
1
10,05m2
10,05m2
Sala de vacina
1
16,00m2
16,00m2
Ambulatório canil e gatil
1
13,20m2
13,20m2
Ultrassonografia
1
10,30m2
10,30m2
Consultório emergencial
1
10,05m2
Laboratório
1
16,00m2
16,00m2
Fisioterapia
1
25,00m2
Eletrocardiograma
1
10,30m2
10,30m2
Área total 83,05m2
Área total
71,30m2
Área de circulação e parede (30%) 24,91m2
Área de circulação e parede (30%)
21,39m2
10,05m2
25,00m2
Área total a ser construída 107,96m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
Centro médico
Centro médico
AMBIENTES
N.º DE AMBIENTES
Tabela 5.4: Programa de necessidades setor centro médico
Área total a ser construída 92,69m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
66
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES Tabela 5.5: Programa de necessidades setor cirúrgico
Cirúrgico
Sala de cirurgia
2
ÁREAS
ÁREAS AMBIENTES UNITÁRIA
TOTAL
25,00m2
50,00m2
Antecâmara assepsia
2
5,00m2
10,00m2
Pré-operatório de cães
1
8,00m2
8,00m2
Pré-operatório de gatos
1
8,00m2
8,00m2
Pós-operatório de cães
1
10,00m2
10,00m2
Pós-operatório de gatos
1
10,00m
2
2
Expurgo
1
10,00m2
10,00m2
Central de material esterilizado
1
8,00m2
8,00m2
10,00m
Internação
AMBIENTES
N.º DE AMBIENTES
Tabela 5.6: Programa de necessidades setor internação
N.º DE AMBIENTES UNITÁRIA
TOTAL
Eutanásia
1
15,00m2
15,00m2
Internação cães
1
18,00m2
18,00m2
Internação gatos
1
12,00m2
12,00m2
Quarentena de cães
1
30,00m2
30,00m2
Quarentena de gatos
1
14,00m2
14,00m2
Área total
89,00m2
Área de circulação e parede (30%)
26,70m2
Área total 114,00m2 Área de circulação e parede (30%)
34,20m2
Área total a ser construída 148,20m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
Área total a ser construída 115,70m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
67
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES Tabela 5.8: Programa de necessidades setor apoio
Tabela 5.7: Programa de necessidades setor sustentação
ÁREAS AMBIENTES UNITÁRIA
TOTAL
Cozinha/ Refeitório
1
25,16m2
25,16m2
Vestiário feminino
1
18,00m2
18,00m2
Vestiário masculino
1
Descanso plantonista Banheiro plantonista
1 1
18,00m2 9,45m2 3,64m2
N.º DE AMBIENTES
ÁREAS UNITÁRIA
TOTAL
Depósito de ração
1
6,48m2
6,48m2
Depósito de jardinagem
1
4,40m2
4,40m2
Lavanderia/ DML
1
14,00m2
14,00m2
Sanitários
2
1,50m2
3,00m2
Depósito lixo hospitalar
1
3,00m2
3,00m2
18,00m2 9,45m2 3,64m2
Apoio
Sustentação
AMBIENTES
N.º DE AMBIENTES
Descompressão
1
18,90m
Farmácia
1
9,00m2
9,00m2
Depósito lixo comum
1
3,00m2
3,00m2
Preparo de alimentos
1
10,20m2
10,20m2
Necrotério
1
18,00m2
18,00m2
Área total 112,35m2
Área total
51,88m2
33,70m2
Área de circulação e parede (30%)
15,56m2
2
Área de circulação e parede (30%)
18,90m
2
Área total a ser construída 146,05m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
Área total a ser construída 67,44m2 Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
68
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES
Tabela 5.9: Programa de necessidades setor gatil
N.º DE AMBIENTES
UNITÁRIA
Gatil
Baia individual com solário
10
Baia coletiva (10 gatos) com solário
5
Pátio de soltura
1
5,00m
2
23,00m2
50,00m2
TOTAL 50,00m
AMBIENTES
N.º DE AMBIENTES
ÁREAS UNITÁRIA
TOTAL
2
115,00m2
50,00m2
Área total 215,00m2
Canil
AMBIENTES
Tabela 5.10: Programa de necessidades setor canil
ÁREAS
Baia individual com solário
22
9,00m2
198,00m2
Baia coletiva (4 cães) com solário
47
13,00m2
611,00m2
Pátio de soltura
1
100,00m2
100,00m2
Área total 942,00m2 Área de circulação e parede (30%)
64,50m2 Área de circulação e parede (30%) 262,00m2
Área total a ser construída 279,50m2 Área total a ser construída 1.171,00m2
Fonte: Tabela produzida pela autora (2022) Tabela 5.11 Programa de necessidades setor área externa
Área externa
Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
AMBIENTES
N.º DE AMBIENTES
ÁREAS UNITÁRIA
TOTAL
ÁREA TOTAL A SER
Estacionamento
43
28,00m2
1.204,00m2
Carga e descarga
1
12,15m2
12,15m2
ÁREA TOTAL DE TODOS
Praça
-
-
200,00m2
OS SETORES: 3.758,27m2
Área total
1.416,15m2
Fonte: Tabela produzida pela autora (2022)
CONSTRUÍDA: 2.342,12m2
69
5.3. FLUXOGRAMA FISIOTERAPIA
ESTACIONAMENTO PÚBLICO
PET-SHOP
SALA DE ADOÇÃO
RECEPÇÃO
EXAMES
SANITÁRIOS SALA DE ESPERA DE CÃES
FARMÁCIA
SALA DE ESPERA DE GATOS
LABORATÓRIO EUTANASIA
DEPÓSITO DE RAÇÃO GATIL
AMBULATÓRIO
ÁREA DE LAZER
CONSULTÓRIO EMERGENCIAL
TESOURARIA
ÁREA DE LAZER
DEPÓSITO DE RAÇÃO QUARENTENA COMUM DEPÓSITO DE LIXO HOSPITALAR
ULTRASSONOGRAFIA ELETROCARDIOGRAMA
NECROTÉRIO
CONSULTÓRIO VETERINÁRIO
ALMOXARIFADO
SALA DA DIRETORIA
CANIL
RAIO-X
ANTECÂMARA ASSEPSIA PRÉOPERATÓRIO
PREPARO DE ALIMENTOS
SALA DE CIRURGIA
EXPURGO CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO
COZINHA/REFEITÓRIO DESCOMPRESSÃO DORMIT. PLANTÃO
PÓSOPERATÓRIO INTERNAÇÃO
VESTIÁRIOS SANITÁRIOS LAVANDERIA/ DML
ESTACIONAMENTO FUNCIONÁRIOS 70
06
LOCAL DE INTERVENÇÃO 71
LOCAL DE INTERVENÇÃO Mapa 6.1: Mapa da localização dos lotes em Araraquara
TERRENO 01
TERRENO 02
TERRENO 03
Fonte: Prefeitura de Araraquara – Mapa 13 PDF (2019). Adaptado pela autora (2022)
72
6.1. TERRENO 01
TERRENO 01 Mapa 6.2: Mapa de análise de uso do solo do terreno 01
-Bairro: Águas do Paiol -Endereço: Estrada Municipal São Paulo -Zoneamento: ZOEMI- AIU - ACOP(Zona mista) Área do terreno: 14.029,48m² Legislação - Lei complementar n°858 Índice de ocupação: 60% Índice de aproveitamento: 1,5 Índice de cobertura vegetal: 10% Índice Permeabilidade: 20% A primeira opção de terreno está localizada na Estrada Municipal São Paulo, na Zona Norte da cidade, local com maior incidência de abandono de animais, principalmente, por ser uma área sem muita fiscalização. O amplo local se situa afastado do meio urbano, o que oferece a vantagem de os ruídos causados pelo Centro de acolhimento não atrapalharem a população ao redor. O terreno conta com fácil acesso tanto pela Av. Orlando Schitini, do bairro Maria Luiza, quanto pela Av. Dep. Federal Mario Eugênio, de quem vem pelo bairro do Vale do Sol e dos Condomínios Damha. O seu entorno imediato não possui construções permitindo que a iluminação e ventilação tenham maior incidência no abrigo Dois pontos negativos que se pode citar são: uma parte do acesso ao terreno tanto pela Av. Orlando Schitini quanto pela
Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
Av. Dep. Federal Mario Eugênio são feitas por estrada de terra e o outro é que o terreno é de propriedade particular. 73
6.2. TERRENO 02
TERRENO 02 -Bairro: Jardim São Rafael II
Mapa 6.3: Mapa de análise de uso do solo do terreno 02
-Endereço: Rua Lazaro Mendes Ferreira -Zoneamento: ZOPRE - AEIS Área do terreno: 12.538,50m² Legislação - Lei complementar n°858 Índice de ocupação: 60% Índice de aproveitamento: 1 Índice de cobertura vegetal: 20% Índice Permeabilidade: 10% A segunda opção de terreno também está inserida na Zona Norte da cidade. A sua principal testada está voltada para uma via de fluxo rápido, a Rua Lazaro Mendes Ferreira, que liga Araraquara a Américo Brasiliense; porém ele está situado mais próximo à área residencial que o terreno anterior, assim os ruídos causados pelos animais podem acabar incomodando os vizinhos. Analisando pela expansão urbana, o local é propício para atender a população de Araraquara e região, principalmente de Américo Brasiliense, que já se encontra conurbado a Araraquara. Dentre os pontos negativos desse terreno, assim como o anterior, é que o terreno é de propriedade particular, o que dificulta a possível construção do Centro de acolhimento e bemestar animal; e o outro é que, ao lado do terreno, existe um prédio
Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
residencial e, nos vazios urbanos ao seu redor, existe a probabilidade de serem construídos mais prédios residenciais. 74
6.3. TERRENO 03
TERRENO 03 -Bairro: Jardim Zavanella -Endereço: Av. Dr. Mario Ferreira Setubal
Mapa 6.4: Mapa de análise de uso do solo do terreno 03
-Zoneamento: ZOEMI- AIU - ACOP(Zona mista) Área do terreno: 12.511,20 m² Legislação - Lei complementar n°858 Índice de ocupação: 60% Índice de aproveitamento: 1,5 Índice de cobertura vegetal: 10% Índice Permeabilidade: 20% O terceiro terreno analisado tem sua localização com relação á cidade muito boa; está na Zona Nordeste, perto de onde é mais propício abandonar animais na cidade, facilitando o deslocamento em busca deles. O terreno está localizado perto de uma via de fluxo rápido, a Av. Manoel de Abreu, que liga Araraquara a Américo Brasiliense, ou seja, é de fácil acesso para quem é de Araraquara assim como para quem é da região. Esse terreno é da prefeitura, o que facilitaria na possível construção do Centro de acolhimento e bem-estar animal; além do mais, por ser a última quadra da rua e na parte de trás dele ser a linha de trem e a Av. Estrada de ferro Araraquara, a quantidade de vizinhos é bem baixa, principalmente os residenciais, fazendo com que os ruídos do Centro não atrapalhem quem mora ao redor. Pode-se dizer, com relação a parte negativa do terreno, é que uma parte do acesso ao terreno é feita por rua de terra e na sua esquina há um poço artesiano do DAAE Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
75
6.4. LOCAL ESCOLHIDO A ESCOLHA DO TERRENO A partir da análise feita nos três terrenos anteriores, chegou-se à conclusão de que o melhor espaço para implantar o Centro de acolhimento e bem-estar animal é o terreno de número três. Ele está situado na Zona Nordeste da cidade, em uma área de fácil acesso com a Zona Norte e com a Zona Central, através de vias de fluxo rápido, como a Av. Manoel de Abreu. A área escolhida está no bairro Jardim Zavanella, atendendo todas as premissas da autora, de 6.4
ser um terreno da prefeitura, o que facilitaria na possível construção do Centro de acolhimento e bem-estar animal, estar ligado à zona norte, local com maior carência de equipamentos voltados à saúde animal e
6.2
com grande taxa de animais abandonados nas ruas, além de, estar 6.5
próximo a uma via de fluxo rápido, garantindo o fácil acesso e uma boa
6.3
visibilidade, pois de nada adianta a implantação do Centro em um local afastado com pouca visibilidade, não garantindo a participação ativa da população neste abrigo.
SOBRE O TERRENO
Figura 6.1: Curvas de níveis do terreno 3 Fonte: Prefeitura de Araraquara – Mapa 13 PDF (2019) Adaptado pela autora (2022)
Com uma área total de 12.511,20m2, que foi estipulada a partir de um recorte feito no terreno total, para acomodar a implantação do Centro, ele está localizado entre a Av. Dr. Mario Ferreira Setubal e a Av. Angelina Ferrari Zavanella. Com relação a sua topografia, o terreno apresenta cinco curvas de níveis, com um metro de desnível cada, com seu ponto mais alto na Av. Dr. Clodomiro Lemos e uma declividade acentuada em direção a Av. Angelina Ferrari Zavanella. Ele possuiu uma grande massa verde na sua parte de trás, que segundo a Prefeitura de Araraquara no Mapa 8 do Plano Diretor, essa área é considerada um maciço vegetal, ou seja, é proibido construir ali, assim o Centro de acolhimento sempre vai ter esse maciço vegetal, ajudando na formação de uma barreira acústica, evitando que os ruídos do Centro atrapalhem os vizinhos. Além de haver uma ferrovia inativa, e a Av. Estrada de ferro Araraquara, passando na parte esquerda do lote, ou seja, a quantidade de vizinhos é bem baixa, principalmente os residenciais, fazendo com que os ruídos do Centro não atrapalhem quem mora ao redor. Por não ter tantas construções no seu entorno, favorece a entrada de iluminação e ventilação natural no Centro com maior abundância e facilidade. 76
6.4. LOCAL ESCOLHIDO
O TERRENO
Figura 6.2: Foto 1 do terreno Fonte: Foto tirada pela autora (2022)
Figura 6.3: Foto 2 do terreno Fonte: Foto tirada pela autora (2022)
Figura 6.4: Foto 3 do terreno Fonte: Foto tirada pela autora (2022)
Figura 6.5: Foto 4 do terreno Fonte: Foto tirada pela autora (2022)
77
6.4. LOCAL ESCOLHIDO Mapa 6.5: Mapa de análise de uso do solo
Mapa de uso do solo Como analisado anteriormente, o terreno está dentro do zoneamento ZOEMI- AIU - ACOP, ou seja, está em uma área de uso misto do solo, portanto é válida a implantação do Centro de acolhimento no local. Analisando o mapa ao lado, é possível perceber que a maior parte dos usos do solo se dá para uso residencial, mais voltadas para chácaras, tanto de cunho residencial como para lazer (mais usadas em finais de semana). O local também apresenta vários vazios urbanos que se concentram nas quadras posteriores à Av. Manoel de Abreu. Já lotes institucionais, de serviço e espaços de eventos se concentram na Av. Manoel de Abreu, com a intenção de ter maior visibilidade do público. Em seu entorno mais geral, pode-se notar que não existe um padrão de uso de solo nessa região, variando entre comércio e serviços, além do Parque do Pinheirinho, perto de uma avenida de fluxo rápido.
Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
Terreno
Vazios
Institucional
Residências
Condomínio
Comércios
Maciço vegetal
Serviços
Parque 78
6.4. LOCAL ESCOLHIDO Mapa 6.6: Mapa de gabarito
Mapa de gabarito O mapa ao lado refere-se ao gabarito de altura dos edifícios ao redor. Contando com predomínio de edificações térreas, poucos lotes dessa região contam com edificações de dois pavimentos e não existe nenhuma construção com três ou mais pavimentos, tanto de caráter residencial como de comércio ou serviços. A partir da análise do mapa, é possível perceber que os poucos lotes com construções de dois pavimentos se concentram mais na Av. Manoel de Abreu, sendo a maioria de uso comercial ou de serviço e o condomínio de classe média-alta, com casas que seguem o padrão de dois andares. Já a maioria das casas ou chácaras da região são de um pavimento só. O bairro não conta com barreiras visuais, resultando em uma homogeneidade visual, com um skyline baixo.
Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
Um pavimento
Dois pavimento s
Três ou mais pavimentos pavimento
Terreno
79
6.4. LOCAL ESCOLHIDO
Mapa 6.7: Mapa de análise de vias e indicação solar
Mapa de vias e indicação solar De acordo com o mapa ao lado é possível notar que podemos classificar as vias da região como vias locais e vias de fluxo rápido, sendo a Av. Manoel de Abreu e a Av. Estrada de ferro Araraquara as vias de fluxo rápido. Responsáveis por ligar Araraquara, a partir da sua zona central a Américo Brasiliense, essas vias contam com fluxo intenso, principalmente em horário de pico das 6:00 às 8:00 e das 17:30 às 19:00. Já as vias locais são mais direcionantes e mais usadas
Leste
pelos moradores do próprio bairro, a fim de escapar do trânsito das vias de fluxo rápido. Existem três pontos de ónibus na via de fluxo rápido, Av. Manoel de Abreu, sendo dois deles localizados próximos a via local do terreno, facilitando assim o transporte de quem trabalha no Centro de acolhimento ou tutores tanto da cidade quanto regional, que precisem trazer seus pets ao Centro. Com relação ao sol, as duas principais testadas do terreno estão voltadas a oeste e a Noroeste, ou seja, a incidência do sol no terreno, principalmente na parte da tarde, é bem alta, o que provavelmente vai obrigar a trabalhar com o brises nessas fachadas, para deixar o ambiente interno mais confortável
Oeste
termicamente. Já a face leste do terreno conta com um maciço vegetal, o qual, dependendo da hora do dia ou da estação do ano, pode causar sombra no período da manhã no Centro de
Fonte: Google Earth (2021). Adaptado pela autora (2022)
Acolhimento. Vias de fluxo rápido
Linha do trem
Vias locais
Terreno
Ponto de ónibus
80
07
ESTUDO PRELIMINAR 81
82
83
84
85
08
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